Você está na página 1de 40

Transtornos de

Aprendizagem
A pandemia nos mostrou
essa realidade, e agora como
trabalhar no ensino remoto?
Introdução..........................................................................03

O que são transtornos de aprendizagem?..................04

Como o Método ABA pode auxiliar nos Transtornos


de Aprendizagem..............................................................10

Impactos da pandemia nos alunos com dificuldades


de aprendizagem................................................................18

Diversificação de práticas pedagógicas no ensino


remoto favorece a inclusão............................................25
Introdução
Com a nova realidade proposta pela Covid-19, a aprendizagem que ocorria nas escolas teve que migrar para as plataformas
digitais de forma acelerada, muitas instituições de ensino e profissionais da educação não estavam preparados para isso.

Em meio às muitas mudanças sofridas no ensino, os problemas relacionados ao transtorno de aprendizagem acabaram vindo à
tona, devido ao ensino remoto “on-line” e a mudança brusca na rotina escolar. A dificuldade dos alunos de lidarem com o
ambiente virtual e com as ferramentas tecnológicas gerou uma necessidade maior proximidade e observação dos pais e
responsáveis. Contudo, os transtornos de aprendizagem se intensificaram pais e responsáveis ainda não sabem identifica-los e
muitos professores não sabem analisar comportamentos e dar o apoio psicopedagógico, até pela necessidade de uma
especialização mais completa.

Alguns transtornos são sutis, mas, se não tratados, podem trazer grandes prejuízos no decorrer da vida adulta. De acordo com
psicóloga e psicopedagoga Dra. Cristina Ferreira, é importante compreender todos os aspectos da história da criança,
adolescente e adultos, pois só assim será possível identificar qual a dificuldade de aprendizado que ela possui ou desenvolveu
após a pandemia Covid-19.

Sabe-se que as pessoas não aprendem todas da mesma forma. Essa questão, que já se manifestava durante o ensino presencial,
foi escancarada na pandemia, quando as escolas migraram para o ensino à distância e precisaram experimentar novas formas de
ensinar. Ao contrário do que possa parecer, esse laboratório tem potencial para beneficiar alunos com transtornos de
aprendizagem, diz Dra. Cristina. Para promover uma educação com resultados positivos no ensino remoto, é preciso manter a
mente aberta, observar e aproveitar as oportunidades que o meio oferece, como o docente atuar em meios psicoterapêuticos com
intervenções usando ferramentas da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e a Psicopedagogia.
03
O que são transtornos de aprendizagem?
Transtornos de aprendizagem são inabilidades específicas em determinadas áreas,

como leitura, escrita, matemática, comunicação, concentração, entre outras, que

?
provocam uma grande discrepância entre o potencial do aluno e o desempenho real
dele nos estudos. É importante destacar que alunos com transtornos de

aprendizagem costumam abandonar os estudos e evitar o relacionamento escolar.


Assim, é comum que estudantes com determinados transtornos tenham suas
capacidades ocultadas por essas inabilidades, passando a impressão de que o nível
intelectual deles é inferior ao que é de fato.

São classificados como Transtornos de Aprendizagem Verbal (Dislexia, Disortografia,


Disgrafia e Discalculia) e Não-Verbal (Percepção, Espacial e Executivo) são exemplos

destas descrições e são frequentemente utilizados para descrever como se dá o

processo cerebral da leitura e da escrita.

04
É normal que um mesmo aluno tenha mais de um transtorno de aprendizagem,

pois existem comorbidades comuns entre alguns deles. Muitas vezes os alunos

com tais dificuldades não têm um diagnóstico, porque os pais e responsáveis não
sabiam que havia motivos para levá-los em profissionais como psicopedagogos,

neurologistas, psicólogos, entre outros. Geralmente, o professor é o primeiro a


perceber que o aluno tenha alguma limitação.

Geralmente é a partir da percepção do professor que normalmente os pais são

alertados e procuram por um profissional, e então o diagnóstico vem.

Mas como notar se o seu aluno possui transtornos de aprendizagem?

É importante que os profissionais de educação em todos os níveis conheçam os


transtornos e saibam quais são os sintomas. Dessa forma, eles poderão alertar os

pais e também buscar maneiras de auxiliar o desenvolvimento dos alunos com tais

condições, seja identificada após diagnóstico por especialista ou não. É


fundamental que o potencial dos alunos não fique mascarado por uma limitação

específica.
05
Principais transtornos de aprendizagem e os sintomas mais comuns:

Dislexia
A dislexia é um transtorno de aprendizagem bastante comum. Caracteriza-se
principalmente pela dificuldade de associar os símbolos gráficos com a
correspondência fonética deles.

Devido a isso, o disléxico tem dificuldade de entender o que está escrito, de


oralizar os textos e de transformar seus pensamentos em palavras escritas. É
normal que o faça com lentidão e até com uma interpretação equivocada dos
textos. Para o disléxico, é mais fácil se expressar por voz do que por texto.

06
Disgrafia: Déficit de Atenção:
A disgrafia é um transtorno que também permeia o campo Déficit de Atenção (DDA) é um transtorno que tem como
textual, mas a dificuldade está na capacidade de caligrafia. principal característica a dificuldade em manter a concentração
em qualquer atividade, seja ela algo agradável ou não.

A pessoa que sofre do transtorno costuma apresentar uma


escrita ilegível, escrever com força no papel, confundir Manter o foco em alguma coisa exige um esforço muito maior
maiúsculas com minúsculas, espaçar muito ou pouco as letras e para quem possui o transtorno do que para as pessoas em geral.
palavras e até confundir letras com aparência semelhante. Para Crianças com DDA têm mais facilidade em aprender fazendo do
quem possui disgrafia, é mais fácil digitar o texto do que escrevê- que assistindo a uma explanação.
lo à mão.

07
Hiperatividade: Autismo:
A hiperatividade é um transtorno que se manifesta O Transtorno do Espectro Autista (TEA), ou simplesmente
principalmente por uma agitação incontrolável, pela tagarelice Autismo, é uma condição neurológica que pode apresentar
e pela impulsividade. muitas variações e intensidades. Algumas características
bastante visíveis são o comportamento repetitivo, a dificuldade
de relacionamento interpessoal, de comunicação social verbal e
não verbal, e de identificação e expressão de sentimentos e
Como apresenta relação de comorbidade com o DDA (tornando- emoções.
se então TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade), a falta de concentração também aparece entre
os principais sintomas. Alunos com TDAH também têm mais
facilidade de aprender fazendo do que assistindo. Os autistas têm mais facilidade de aprender de forma visual do
que verbal. Quando as informações são verbais, o ideal é que
venham de forma gradual, e não muitas de uma vez só.

08
É importante que os pais fiquem atentos, mas para o diagnóstico correto é necessário a
consulta com um especialista em neuropsiquiatria infantil e depois acompanhamento com
psicopedagogo ou psicoterapeuta especialista em análise do comportamento aplicada
(ABA). Dessa forma, será possível avaliar o caso e, se necessário, aplicar o tratamento certo
e as intervenções necessárias.

Neste período de isolamento social, na qual a aprendizagem se voltou para dentro de


casa, é o momento ideal para os pais e responsáveis acompanharem os estudos dos filhos,
buscarem um feedback dos professores e coordenação, analisando se é ou não necessário
procurar por um profissional especialista em Transtornos de Aprendizagem.

09
Como o Método O Método ABA envolve o ensino intensivo e individualizado das
habilidades necessárias para que o indivíduo possa adquirir
ABA pode auxiliar independência e a melhor qualidade de vida possível. Dentre as

nos Transtornos habilidades ensinadas incluem-se comportamentos sociais, tais como


contato visual e comunicação funcional; comportamentos acadêmicos,
de Aprendizagem tais como pré-requisitos para leitura, escrita e matemática; além de
atividades da vida diária como higiene pessoal.

A redução de comportamentos tais como agressões, estereotipias,


autolesões, agressões verbais, e fugas também fazem parte do
tratamento comportamental, já que tais comportamentos interferem
no desenvolvimento e integração do indivíduo diagnosticado com
autismo.

10
Durante o tratamento comportamental (ABA), habilidades geralmente são ensinadas em uma situação de um aluno
com um professor através da apresentação de uma instrução ou uma dica, com o professor auxiliando a criança
através de uma hierarquia de ajuda (chamada de aprendizagem sem erro). As oportunidades de aprendizagem são
repetidas muitas vezes, até que a criança demonstre a habilidade sem erro em diversos ambientes e situações.

A principal característica do Método ABA é o uso de consequências favoráveis ou


positivas (reforçadoras). Inicialmente, essas consequências são extrínsecas (ex.
uma guloseima, um brinquedo ou uma atividade preferida). Entretanto o
objetivo é que, com o tempo, consequências naturais (intrínsecas) produzidas
pelo próprio comportamento sejam suficientemente poderosas para manter a
criança aprendendo. Durante o ensino, cada comportamento apresentado pela
criança é registrado de forma precisa para que se possa avaliar seu progresso.

11
Para ensinar crianças com autismo, ABA é usado como base para instruções
intensivas e estruturadas em situação de um-para-um. Embora ABA seja um termo
“guarda-chuva” que englobe muitas aplicações, as pessoas usam o termo “ABA”
como abreviação, para referir-se apenas à metodologia de ensino para crianças
com autismo.

Um programa com o Método ABA frequentemente começa em casa, quando a


criança é muito pequena. A intervenção precoce é importante, mas esse tipo de
técnica também pode beneficiar crianças maiores e também adultos. A
metodologia, técnicas e currículo do programa também podem ser aplicados na
escola. A sessão de ABA normalmente é individual, em situação de um-para-um, e a
maioria das intervenções precoces seguem uma agenda de ensino em período
integral – algo entre 30 a 40 horas semanais. O programa é não-aversivo – rejeita
punições, concentrando-se na premiação do comportamento desejado.

12
O currículo a ser efetivamente seguido depende de cada criança em particular, mas geralmente é amplo; cobrindo
as habilidades acadêmicas, de linguagem, sociais, de cuidados pessoais, motoras e de brincar. O intenso
envolvimento da família no programa é uma grande contribuição para o seu sucesso.

O primeiro passo do tratamento ABA é a realização de uma avaliação abrangente das


habilidades já demonstradas pelo cliente, dos seus comportamentos inadequados e de
sua capacidade de aprender. A ênfase da avaliação é na descrição de como elementos
do ambiente estão relacionados aos comportamentos exibidos pelo cliente, o que é
chamado de análise funcional.

O passo seguinte é a criação de um plano de trabalho em que se definem objetivos e


prazos para seus cumprimentos. A partir do plano, ocorre o tratamento propriamente
dito. Todo o processo terapêutico é minuciosamente registrado, permitindo que seja
constantemente avaliado e que o rearranjo de situações problemáticas em tempo
hábil.

13
O desenvolvimento de novas habilidades ocorre por meio de procedimentos graduais de ensino, em que
comportamentos complexos são divididos em suas partes componentes. Cada parte é ensinada
individualmente e, após o estudante dominar todos os passos de ensino, o comportamento como um
todo é sintetizado e generalizado.

Há quatro tipos mais comuns de procedimento de ensino. A começar pela tentativa


discreta que é constituída pelo que é chamado de unidade de ensino ou, na literatura
conceitual analítico-comportamental, contingência de três termos: O terapeuta
arranja os estímulos e faz um pedido (Sd), o estudante responde com ou sem ajuda
(R) e é reforçado por seu sucesso (Sr). Geralmente, a tentativa discreta é realizada em
contexto planejado.

14
No Ensino em Ambiente Natural, o estudante é ensinado a se comportar adequadamente em situações naturais. O
ensino é planejado, assim como na tentativa discreta, mas necessariamente mais flexível e contextualizado. Na
Aprendizagem Incidental, o ensino não é planejado. Aproveita-se o interesse imediato da criança para lhe ensinar
habilidades adequadas, garantindo alto nível de motivação.

Além disso, há o encadeamento de Trás para Frente, utilizado para o ensino de habilidades de
autocuidado, como tomar banho, trocar de roupa, escovar os dentes, etc. Consiste em quebrar
comportamentos complexos em pequenos passos e ensiná-los de trás para frente, de modo que
os passos iniciais sirvam de dicas para o último.

15
Durante a Terapia, o estudante segue seu próprio ritmo de trabalho e jamais avança para tarefas mais
complexas antes de apresentar domínio nas mais simples; tem pouca probabilidade de cometer erros
devido aos procedimentos de modelagem e de fading out de dicas dadas pelo terapeuta (o terapeuta
inicia ajudando intensamente e retira as dicas conforme o avanço da criança); é constantemente
motivado; e jamais é criticado por seus erros.

Para lidar com comportamentos inadequados são utilizados os procedimentos de


Extinção que servem para reduzir a frequência de comportamentos inadequados,
como birras ou respostas violentas. Nesses procedimentos, o reforço da resposta
inapropriada é suspenso para que ela seja enfraquecida e, finalmente, desapareça.

16
Os Esquemas de Reforçamento de Respostas Incompatíveis são complementares à extinção. Além da suspensão
do reforçador para respostas inadequadas, nos esquemas de reforçamento de respostas incompatíveis, são
programados reforçadores para comportamentos adequados que substituam as respostas indesejadas ou que
as tornem impossíveis de serem emitidas.

Os Quadros de Rotina servem ao propósito de ajudar o estudante a compreender o que fará no dia e iniciar a
compreensão de encadeamento e sequenciamento das tarefas e rotina. O Redirecionamento é utilizado
principalmente com as estereotipias. Consiste em redirecionar o comportamento repetitivo inadequado por
outros semelhantes, mas considerados adequados.

De acordo com Mello (2001) ABA é um tratamento comportamental indutivo,


tem por objetivo ensinar a criança habilidades, por etapas, que ela não
possui. Cada habilidade é ensinada, em geral, em plano individual, de
maneira associada a uma indicação ou instrução, levando a criança autista a
trabalhar deforma positiva.

17
Impactos da pandemia nos alunos com
dificuldades de aprendizagem

Conforme o artigo científico Pandemia do Covid-19 e o Processo de Aprendizagem: Um Olhar


Psicopedagógico, (Luciene César de Lima; Léa Barbosa de Sousa), no início do ano de 2020, o
mundo todo foi surpreendido pela pandemia do Covid-19 e o Sistema Educacional como um
todo, sofreu e sofre impactos dos agravantes desta pandemia, o que resulta em mudanças e
adaptações que se fazem necessárias para reduzir perdas advindas desse novo cenário social
e garantir o direito à educação, conforme previsto no art. 205 da Constituição Federal:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada

com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu


preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988).

18
Para que esse direito fosse assegurado, de forma emergente os espaços de aprendizagem sofreram alterações
bruscas, bem como os horários de estudo e os métodos pedagógicos utilizados até então. O espaço da sala de
aula passou a ser a casa dos alunos, junto com toda a cultura e rotina familiar e social contrária àquela na qual
se estavam habituados à longa década.

Sendo a tecnologia a possibilidade exequível para atenuar o impacto da pandemia na


área educacional, a utilização das ferramentas digitais passou a ser imprescindível.
Para isso, os multiprofissionais da educação necessitaram de, em tempos de
confinamento, reinventar a posição e os métodos de trabalho para que fosse possível
a proximidade com os alunos, através destas ferramentas.

19
Dentre muitos desafios vividos por esses profissionais, cabe destacar a dificuldade em
lidar com as novas tecnologias que não faziam parte do seu cotidiano e desenvolver as
habilidades relacionadas à ela em um curto espaço de tempo, com a dificuldade em aliar
as tecnologias digitais às novas práticas pedagógicas virtuais, a escassez de recursos
digitais de uma parcela significativa dos estudantes, além da dificuldade em manter uma
comunicação ativa entre escola e família, entre professores e estudantes, sendo essa uma
realidade já vivenciada antes da crise. Tudo isso, aliado ao controle das emoções e do
estresse próprios do momento de Pandemia.

Sobre a relação família escola, Reis (2007) discorre que é preciso diálogo entre escola, pais
e filhos, pois a escola nunca educará sozinha, de modo que a responsabilidade
educacional da família jamais cessará. Consolidando a ideia da comunicação família
escola, Paro (2007), afirma que “o diálogo é um fator importante na relação
família/escola”. Para ele, o entendimento entre família e escola se dá pela comunicação
eficaz, se a comunicação for truncada, não acontece o entendimento pretendido.

20
Em contrapartida à dificuldade dos professores em adaptar-se às novas tecnologias, os alunos que já nasceram inseridos na
era digital, sendo chamados de “nativos digitais” e possuem maior desenvoltura no uso das tecnologias, encontram outros
fatores que contribuem para a dificuldade do ensino remoto, a desmotivação. A desmotivação para estarem tanto tempo em
frente à telas de computadores, celulares ou tablet’s para a adesão às aulas não presenciais e realização das atividades
propostas pelos professores.

Partindo do pressuposto de que a desmotivação dos alunos já era um fator


presente entre os desafios da escola, nota-se que frente ao contexto de pandemia,
essa realidade, dentre outras, passa a ser apresentada ao mundo com maior
percepção junto aos desafios sociais e educativos expostos pela pandemia do
Covid-19.

21
As pesquisadoras observaram que o contato presencial com o aluno em sala de aula de maneira
afetiva, possibilita ao professor identificar as dificuldades apresentadas pelos alunos e a abertura de
um leque de possibilidades e mecanismos capaz de amenizá-las e\ou solucioná-las.

Entretanto, com o distanciamento social, a Educação Remota negligência a


inclusão real dos alunos que apresentam dificuldades educativas específicas,
como crianças autistas, crianças com TDAH e diversas outras necessidades
educativas, no qual o professor precisa dispor de maior observação e
acompanhamento para que, juntamente com a equipe multidisciplinar, realize
sistematicamente a intervenção específica necessária, respeitando tanto as
peculiaridades do aluno quanto da escola.

22
É bastante comum que, uma grande parcela de alunos que apresentam Dificuldades ou Transtornos de aprendizagem,
tenham baixo rendimento escolar, baixa autoestima, e como consequência ansiedade, depressão, dificuldades para se
relacionar. Neste período de confinamento causado pela Pandemia, faz-se ainda mais necessário que estes sujeitos sejam
notados e seus anseios considerados, visto que alguns acompanhamentos específicos, por hora, precisaram ser reduzidos
ou temporariamente interrompidos.

Daí, a importância de o professor exercer uma prática reflexiva, pautada na


individualidade do aluno e estabelecer um trabalho em parcerias com os recursos e
profissionais que fazem parte de uma equipe multidisciplinar.

23
O psicopedagogo, profissional habilitado para identificar e intervir sobre Dificuldades de Aprendizagem e
Transtornos Específicos de Aprendizagem, desempenha um papel fundamental na Instituição Escolar, trabalhando
em conjunto com a equipe de professores e orientadores, buscando as melhores estratégias para readaptação e
inclusão do aluno em sala de aula, possibilitando o desenvolvimento de suas potencialidades, respeitando as
limitações e ritmos próprios da individualidade de cada ser.

Sem dúvida, dentro do contexto de crise, causada pela Pandemia do Covid-19,


são lançados novos desafios para os educadores, para os psicopedagogos e
demais profissionais envolvidos no âmbito educacional, sobretudo, quanto ao
amparo e subsídio das crianças que possuem algum Transtorno de
Aprendizagem.

24
Diversificação de práticas
pedagógicas no ensino remoto
favorece a inclusão
No artigo do Instituto Unibanco, publicado em 08/07/2020, destaca-se pesquisa
feita na rede de ensino do Piauí, onde a secretaria de educação passa
orientações sobre proporcionar estratégias variadas, capazes de atingir todas as
crianças e todos os adolescentes, independentemente da deficiência.

No caso dos estudantes surdos, a rede estadual conta com intérpretes da Língua
Brasileira de Sinais (Libras), que gravam vídeos com aulas em Libras. “Nossa
preocupação é que o aluno com deficiência, igualmente aos outros, não deixe de
ter o apoio necessário para aprender”, resume a gerente de Educação Especial
da Secretaria de Educação do Piauí, Eleonora Sá.

25
O ponto central, explica ela, é promover a articulação entre professores do ensino regular e profissionais do serviço de
Atendimento Educacional Especializado (AEE) − que, antes da pandemia, já faziam acompanhamento individualizado
de alunos com deficiência, no contraturno das aulas.

No caso dos vídeos para surdos, por exemplo, os intérpretes de Libras entram em
contato com os professores do ensino regular e pedem os conteúdos com
antecedência. O passo seguinte é adaptar e traduzir as aulas para a linguagem de
sinais. A estratégia conta com o apoio do Centro de Capacitação de Profissionais da
Educação e de Atendimento às Pessoas Surdas (CAS).

26
Após entender um pouco mais sobre os transtornos e sintomas, percebe-se que o
ensino remoto favorece educação inclusiva. O meio digital traz opções de
aprendizagem que geralmente eles não encontram em sala de aula. Muitas vezes o
Ensino a Distância é visto como uma coisa ruim ou de pior qualidade, quando de
fato não é.

Se bem gerido auxilia numa melhor organização e disciplina entre aluno e


professor, beneficiando-se dos sistemas de gestão acadêmica e ferramentas
tecnológicas educacionais.

27
Vamos entender melhor como as aulas remotas “ensino a distância” favorecem a educação
inclusiva, e como você pode trabalhá-la em:

Aulas
As aulas remotas são estruturadas sob bases tecnológicas. Por isso, há uma série de possibilidades
que podem favorecer muito o aprendizado de alunos com transtornos de aprendizagem, veja
algumas:

Aulas assíncronas ou aulas síncronas gravadas

O meio digital possibilita que as aulas sejam gravadas. Podem ser transmissões ao vivo gravadas ou
até aulas assíncronas enviadas aos estudantes. Algo tão simples como isso pode causar um enorme
impacto positivo no aprendizado, em especial de alunos com algum transtorno de aprendizagem.

O estudante pode pausar as aulas quantas vezes achar necessário, voltar em uma parte que ele não
entendeu e até assisti-las novamente quantas vezes quiser e nos horários em que quiser. Assim, tem a
possibilidade de aprender no ritmo dele, que não necessariamente é o mesmo ritmo da turma.

28
Uso de diferentes recursos para o aprendizado

Ensinar por vários caminhos, utilizando vídeo, áudio, texto, debate, atividades práticas, etc., favorece muito o
aprendizado. Primeiro, porque alguns alunos têm mais facilidade de aprender por um desses canais, e alguns
por outros. Então, se só um canal é trabalhado, o aprendizado não chegará a todos. Segundo, porque isso

permite a construção de momentos variados ao longo da aula, o que a torna mais interessante e capta mais a
atenção dos alunos, algo fundamental para quem tem transtornos ligados à concentração.

É claro que no ensino presencial é possível utilizar diferentes recursos, mas a facilidade
do meio digital para isso é incomparável. No EaD os professores estão explorando

mais recursos multimídia e diferentes possibilidades do que faziam em aula, e isso


favorece o aprendizado de uma forma geral, e em especial dos neurodiversos.

29
Sala de aula invertida

A sala de aula invertida – modelo em que o aluno estuda previamente em casa


o conteúdo indicado pelo professor, e depois pode tirar dúvidas e debatê-lo
em aula, está sendo redescoberta no ensino a distância. Muitos professores

perceberam que mesclar momentos síncronos e assíncronos é positivo, tanto


em um contexto geral quanto em um mais específico, de alunos com
transtornos de aprendizagem.

30
Desenvolvimento

A impossibilidade de realizar os encontros presenciais entre professores e alunos, devido às


medidas de isolamento social, as aulas remotas surgem como alternativa para reduzir os
impactos negativos no processo de aprendizagem. Com as aulas suspensas, muitas escolas,

educadores, pais e alunos tiveram que passar do ensino presencial para o ensino a distância
(EaD) sem muito tempo de preparação, o que é um desafio bem grande para todos e
principalmente para o professor.

Na prática, o ensino remoto é feito por um professor que ministra aulas, sejam elas ao vivo
ou gravadas, por meio de videoconferência ou recurso similar. A carga horária é a mesma

das aulas presenciais, mantendo a frequência. Os educadores e estudantes têm enfrentado


grandes desafios com as aulas remotas, afinal, as mudanças foram abruptas. Adaptar toda a

dinâmica da sala de aula presencial para os ambientes virtuais demanda investimento de

tempo e em tecnologia.

31
Mesmo com os desafios, aulas expositivas e até avaliações têm ocorrido com o suporte de recursos
tecnológicos, em diferentes formatos de conteúdo e ambientes virtuais de aprendizagem (AVA). Tudo
para diversificar e personalizar a experiência dos alunos. Tanto as aulas remotas quanto a modalidade
de ensino a distância (EAD) são realizadas para proporcionar uma rotina de estudo e estabilidade diante
de tantas incertezas.

32
Enquanto a aula remota surge como resposta imediata ao momento atual, a modalidade de ensino a distância já é
conhecida por muitos brasileiros há várias décadas.

A diferença entre aulas remotas e a modalidade de ensino a


distância (EAD), aula remota as aulas são ao vivo e remotas
simulando o encontro presencial, o professor da disciplina
disponível diariamente, conteúdo e material didático mais
personalizados e ajustados pelo professor segundo a
necessidade, cronograma mais flexível e ajustado segundo o
contexto atual, avaliações mais centradas nas aulas, mais
atividades síncronas, carga horária concentrada nas aulas e
mais centrado no professor.

33
Nesse momento assíncrono, os professores enviem materiais em formatos bem variados aos alunos,
atingindo os canais visuais, auditivos e cinestésicos. Assim, os alunos poderão se preparar primeiro, no
tempo deles, e com uma gama de opções para os estudos. Nessa proposta, as aulas ao vivo não
serviriam para entregar conteúdo, mas sim para trabalhar a argumentação e as dúvidas que os alunos
possam ter sobre o assunto que estudaram previamente.

O uso da tecnologia favorece a interação entre alunos. Ao fazerem atividades em pares ou grupos, a
internet permite que todos expressem seus conhecimentos e deem opiniões, o que traz à tona a
experiência prévia dos alunos, o que os motiva ainda mais, pois se sentem parte ativa e importante do
processo de aprendizagem.

No ensino a distância as aulas são gravadas, tutor/monitor como suporte de maneira atemporal,
conteúdo e material didático mais padronizados, normalmente disponibilizados com antecedência,
cronograma padronizado, avaliações padronizadas, atividades síncronas e assíncronas, carga horária
distribuída entre diversos recursos midiáticos e mais autoinstrucional.

34
As ferramentas e plataformas para isso são abundantes. Apresentamos a seguir algumas
sugestões de comunicação remota com os alunos:

WhatsApp: Utilização para conversas individuais, em grupos ou através de listas de


transmissão;
Google Hangout Meets: Plataforma de webconferência para até 100 pessoas ao mesmo
tempo;
Skype: Plataforma de comunicação para uma quantidade reduzida de pessoas;
Google Forms: Criação de avaliação, simulados e provas para resolução no formato digital;
Microsoft Teams: Trabalhe em equipe usando chat, compartilhando arquivos e fazendo
chamadas com vídeo.

35
Tecnologia é um produto da ciência e da engenharia que envolve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que
visam a resolução de problemas. É uma aplicação prática do conhecimento científico em diversas áreas de pesquisa. O
termo tecnologia educacional remete ao emprego de recursos tecnológicos como ferramenta para aprimorar o ensino. É
usar a tecnologia a favor da educação, promovendo mais desenvolvimento socioeducativo e melhor acesso à informação.
O grande aparato que traz inúmeros benefícios sociais e educacionais é o computador.

O uso da tecnologia favorece a interação entre alunos. Ao fazerem atividades em


pares ou grupos, a internet permite que todos expressem seus conhecimentos e
deem opiniões, o que traz à tona a experiência prévia dos alunos, o que os motiva
ainda mais, pois se sentem parte ativa e importante do processo de
aprendizagem.

36
Avaliações
As provas tradicionais não costumam ser favoráveis aos alunos com transtornos de aprendizagem, e
frequentemente não refletem as reais capacidades que eles têm. No ensino a distância as escolas tiveram que
repensar a forma de avaliar o conhecimento, tendo em vista que as facilidades para “colar” são maiores se a
prova digital tiver as mesmas características da física.

Toda essa reflexão sobre uma nova maneira de medir o conhecimento pode ser
favorável aos neurodiversos, porque dá a eles a oportunidade de mostrar o que
sabem de outras maneiras. Muitos professores questionam sobre como avaliar no
ensino remoto, já que o estudante está em frente à tela e pode achar a resposta na
internet. A preocupação dos docentes nesse formato, em que o aluno pode copiar
abrindo uma nova janela no Google para pesquisar, é de não estar avaliando a
aprendizagem, mas avaliando o quanto ele memorizou, não a aprendizagem.

Mas, é colocar questões na prova em que seja possível entender o racional e


perceber se o aluno sabe usar o conceito que foi dado na aula.

37
O ensino remoto estimula os professores a buscarem formas de elaborar
as provas de uma outra maneira, lembrando que as avaliações não
precisam ser somente provas, podem também ser trabalhos de pesquisa,
oficinas pedagógicas, gameficações e até argumentações em momentos
de debate, lembrando que o aluno tem que ser avaliado quanto ao seu
desempenho.

38
Referências bibliográficas
ALVES, L. (2020). Educação Remota: Entre a Ilusão e a Realidade. Interfaces CRUZ, Dulce Márcia. Aprendizagem por videoconferência. In: LITTO, Frederic
Michael; FORMIGA, Marcos (Org.). Educação a distância: o estado da arte. v. 1. São
Científicas - Educação, 8(3), 348-365. https://doi.org/10.17564/2316-
Paulo: Pearson, 2009. p. 87-93.
3828.2020v8n3p348-365.
HUGO, Assmann. Curiosidade e Prazer de Aprender – O papel da curiosidade na
aprendizagem criativa. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2004.
AUSUBEL D. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva.
Lisboa (PT): Plátano Edições Técnicas; 2000. SANTOS, Julio César Furtado. Aprendizagem significativa: modalidades de
aprendizagem e o papel do professor. 1ª Ed. Porto Alegre: Mediação, 2008.

BRAGA-KENYON, P., Kenyon, S. E.,& Miguel, C. F. (2002) Análise do Comportamento SILVA, Ezequiel Theodoro da. O professor e o combate à alienação imposta. São
Paulo, Cortez & Autores Associados, 1991.
Aplicada: Um modelo para Educação Especial. In W. Camargos (Ed.), Transtornos
invasivos do desenvolvimento: 3o Milênio (p.148-154). Brasilia, DF: CORDE. ZABALLA, Vidiella Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto alegre: Artmed,
1998.

CAMPANUDO, M. (2009). Representações dos Professores sobre as Dificuldades de

Aprendizagem Específicas - Leitura, Escrita e Cálculo. Dissertação apresentada à

Universidade Fernando Pessoa com vista à obtenção do grau de Mestre em


Psicologia de Educação e Intervenção Comunitária.

https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/1424/1/dm_mariajosécampanudo.pdf
INFORMAÇÕES DE CONTATO

Endereço - Sede
Rua Maria Mininel Nubiato, 14 - Vila Cecap,
Fernandópolis - SP

Telefone
(17) 3462-4869 / (17) 3462-7724

WhatsApp
(17) 99125-3106 / (17) 99709-4030
(17) 99124-5525

E-mail
contato@unifaec.com.br

Você também pode gostar