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UM BREVE OLHAR PARA A SUPERVISÃO PEDAGÓGICA: O SUPERVISOR NA


CONTEMPORANEIDADE

Terezinha Severino da SILVA1


Eline Nunes de ARAUJO2

RESUMO

O presente trabalho tem como finalidade analisar a função da Supervisão Pedagógica,


identificando a importância do papel do supervisor pedagógico para a eficiência do trabalho
do professor e melhoria do ensino-aprendizagem. Faz-se também uma reflexão sobre o papel
da Supervisão Pedagógica no acompanhamento das práticas pedagógicas do professor e dos
desafios do supervisor na contemporaneidade. Dentre os autores que fundamentam este
trabalho se encontram: Alarcão (2001), Anjos (1988), Cambi (1999), Cardoso (2011), Ferreira
(1999, 2003), Nérici (1986), Villas Boas (2011) e Ronca e Gonçalves (2011) e outros. Na
elaboração deste trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica que, segundo Marconi e
Lakatos (1992), é o levantamento de toda bibliografia já publicada, tendo como finalidade
colocar o pesquisador em contato direto com o material escrito sobre determinado assunto. A
mesma pode ser considerada também como o primeiro passo das pesquisas científicas. As
questões abordadas neste trabalho buscam contribuir, de modo significativo, para rever e
repensar a ação supervisora realizada no cotidiano escolar, analisando os desafios do
supervisor pedagógico na contemporaneidade, em busca de uma Supervisão Pedagógica
participativa que valoriza o trabalho docente e prioriza a qualidade do ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Supervisão Pedagógica. Ensino-aprendizagem. Prática Pedagógica.

A BRIEF LOOK FOR THE EDUCATIONAL SUPERVISION: THE SUPERVISOR IN


THE CONTEMPORANEITY

ABSTRACT

This study aims to analyze the function of Supervision, identifying the important role of the
Pedagogical Advisor to the teacher's work efficiency and improve teaching learning. It is also
a reflection on the role of Supervision in monitoring the educational activities of the teacher
and the challenges of supervisor nowadays. Among the authors who founded this work is:
Alarcão (2001), Angels (1988), Cambi (1999), Cardoso (2011), Ferreira (1999, 2003), Nérici
(1986), Villas Boas (2011) and Ronca and Goncalves (2011) and others. In preparing this
report we used the bibliographical research, which according to Marconi and Lakatos (1992),
the literature is the collection of all literature ever published, and aims to put the researcher in
direct contact with all the stuff written about a certain subject. The same can be considered the
first step of scientific research. The scope of this work will contribute significantly to review
and rethink the supervisory action taken in everyday school life, analyzing the challenges of
educational supervisor in the contemporaneity world in search of a participatory Supervision
that values teaching and prioritizes the quality of teaching learning.

Keywords: Supervision. Education Learning. Teaching Practice.

1
Mestre em Educação pela Universidade de Uberaba-MG - Especialista em Docência na Educação Superior -
Licenciada em Pedagogia. terezinha@iturama.uftm.edu.br
2
Graduanda em Pedagogia, Faculdade Aldete Maria Alves - FAMA, Iturama/MG. elinenunnes@gmail.com

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1 INTRODUÇÃO

A velocidade da informação, o avanço tecnológico e a mundialização dos mercados,


promovem mudanças significativas no espaço escolar. Nessa perspectiva, é de fundamental
importância destacar o papel da Supervisão Pedagógica frente às demandas de natureza
sociais, culturais, econômicas, tecnológicas e políticas de uma sociedade em constante
transformação.
Sabe-se que a educação é um processo contínuo, isso mostra a necessidade do
supervisor pedagógico adotar uma postura inovadora e uma gestão participativa, que envolva
a colaboração de todos os pares na dimensão do contexto escolar, promovendo ações eficazes
para melhoria do ensino e aprendizagem, assegurando os objetivos propostos pela educação.
O objeto de análise da Supervisão Pedagógica é a qualidade do ensino, este por sua
vez ocorre no ambiente escolar, sendo assim, o supervisor não pode ficar alheio ao que
acontece no contexto escolar.
De acordo com o site de etimologia “Origem da Palavra” (2015), a palavra
supervisão vem do latim e é formada por dois vocábulos super (sobre) e visão (ação de ver).
Sugere-se então, ver uma determinada ação com mais clareza, fazer uma análise global de
determinado assunto ou situação.
Para Nérici (1986), a ideia de supervisão surgiu na indústria, visando à melhoria da
qualidade e da quantidade da produção. Com o passar dos tempos, a educação se apropriou
desse conceito buscando um maior e melhor desempenho da escola na sua ação educativa,
tendo em vista atender às reais necessidades do ensino-aprendizagem.
Segundo este mesmo autor (1986, p. 27), a Supervisão Escolar “pode ser sintetizada
como assistência às atividades docentes, de maneira a lhes dar coordenação, unidade e
continuidade”. Nessa perspectiva, pode-se dizer que a referida supervisão presta orientação às
atividades docentes, estimulando e coordenando o trabalho do professor, a fim de torná-lo
mais eficiente e produtivo na sua função.
A Supervisão Pedagógica deve interessar-se pelo bom desenvolvimento do ensino-
aprendizagem e atuar o mais próximo possível do corpo docente, pois quanto mais se
qualifica a atuação do professor, mais eficiente será o ensino-aprendizagem.
No Brasil, o primeiro registro legal sobre a atuação do supervisor pedagógico é de
1931. Nesse período, estes profissionais eram chamados de orientadores pedagógicos ou
orientadores de escola, tendo como função a inspeção (ANJOS, 1988).

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Nérici (1986) aponta que o conceito de supervisão sofreu uma grande evolução com
o passar dos tempos, sendo assim, o autor propôs três fases distintas para a mesma.
A primeira fase foi a Fiscalizadora: fase em que a supervisão era entendida como
Inspeção Escolar e estava voltada para o cumprimento das leis de ensino. Nessa modalidade
de supervisão tinha a presença do inspetor que controlava e fiscalizava não só o
estabelecimento de ensino, como também as práticas educativas, de forma rígida e autoritária.
Nesta fase, o inspetor não levava em consideração as diferenças individuais de cada
educando, sua função estava centrada para as questões de ordem burocráticas.
A segunda fase foi a Construtiva: fase esta em que a supervisão era compreendida
como Supervisão Orientadora e reconhecia a necessidade de melhorar a atuação dos docentes.
Dessa maneira, os inspetores passaram a promover para os professores cursos de atualização e
aperfeiçoamento.
A terceira fase é a Criativa: a atual, onde a supervisão se desliga do conceito de
Inspeção Escolar e passa a ser uma atividade de assistência ao trabalho do professor,
preocupada com o pleno desenvolvimento do ensino-aprendizagem do educando. Este tipo de
supervisão estimula e orienta as ações educativas de forma democrática e participativa. É uma
atividade cooperativa, ou seja, envolve a participação de todos implicados no processo
educativo, em especial os professores.
Diante do que foi exposto, podemos perceber uma grande transformação a respeito
do que se entendia por supervisão. Antes, a mesma estava voltada para o controle e inspeção e
atualmente, a Supervisão Pedagógica é mais abrangente, pois se refere à orientação e
acompanhamento do trabalho pedagógico dos professores.
Na elaboração deste trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica e as questões
abordadas buscam contribuir, de modo significativo, para rever e repensar a ação supervisora
realizada no cotidiano escolar, analisando os desafios do supervisor pedagógico na
contemporaneidade, em busca de uma Supervisão Pedagógica participativa que valoriza o
trabalho docente e prioriza a qualidade do ensino-aprendizagem.

2 IMPORTÂNCIA DO ATO DE SUPERVISIONAR

No que diz respeito ao ato de supervisionar, no atual contexto educativo, o papel


atribuído ao supervisor se dá por meio do assessoramento das práticas pedagógicas do
professor e não mais da fiscalização. Atualmente, o supervisor sugere, apoia, auxilia e
reconhece o trabalho da sua equipe pedagógica.

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No Minidicionário da Língua Portuguesa, o ato de supervisionar significa coordenar


ou dirigir alguma função (BUENO, 2007). Assim sendo, o supervisor age para planejar,
acompanhar, avaliar e aperfeiçoar as ações pedagógicas, garantindo a eficiência e eficácia do
processo educativo.
De acordo com Nóvoa (2002, p. 59):

Supervisionar e administrar as atividades desenvolvidas na formação continuada é


um dos focos de fundamental importância no trabalho do gestor. Para tanto, faz-se
necessário à criação de rotinas de supervisão que permita acompanhar o que ocorre
em todos os grupos e espaços da instituição, como por exemplo: organização do
espaço, acompanhamento do planejamento do professor.

Deste ponto de vista, é de suma importância que os supervisores acompanhem os


trabalhos pedagógicos de seus professores, visitem as salas de aulas, reflitam juntos sobre os
problemas observados, busquem a solução para estes problemas e, acima de tudo, ambos
façam tudo isso, em função daquilo que entendem por educação.
Segundo Cambi (1999), foi na Grécia, em especial no século V, a.C., que a
instituição escolar começou a afirmar-se nos aspectos administrativos, culturais e sociais.
Surge, então, a figura do supervisor escolar, com função de acompanhar o funcionamento das
instituições de ensino. O ideal educativo grego era construir o homem como um ser obediente
à cultura do seu povo, por meio de padrões rígidos, por isso, o ato de supervisionar começou a
existir naquela cultura, para que esse ideal fosse alcançado.
O ato de supervisionar é complexo e exige do supervisor, organização,
responsabilidade e competência técnica. Partindo disso, Nérice (1986) apresenta três etapas
para que o ato de supervisionar seja realmente eficaz.
A primeira etapa é o planejamento, que diz respeito ao que fazer e como fazer. O
planejamento representa o roteiro do que se pretende fazer a curto, médio e longo prazo. Deve
ser objetivo e flexível. Objetivo no sentido de alcançar aquilo que foi planejado, e flexível de
modo a ajustar as novas necessidades que surgem no contexto escolar, deste modo, o mesmo
se dá através de um processo de ação-reflexão-ação.
A segunda etapa é o acompanhamento – trabalho que se desenvolve durante todo o
período letivo. O acompanhamento propicia a garantia da continuidade das atividades
escolares, em que o supervisor observa o desempenho dos professores, sugerindo, orientando
e coordenando os trabalhos dos mesmos. Portanto, o acompanhamento faz com que os
planejamentos sejam executados com eficiência.
A terceira etapa é o controle – que atua sobre os resultados e está relacionado com a
avaliação; o mesmo fornece dados que agirão sobre os próximos planejamentos.

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Conforme o que foi apresentado, faz-se necessário que ao supervisionar o supervisor


tenha consciência da importância do planejamento, do acompanhamento e do controle no
desenvolvimento das suas ações. É através do entendimento dessas etapas que o supervisor
desenvolverá um trabalho mais efetivo, promovendo mudanças significativas nas práticas
pedagógicas.

3 CARACTERIZANDO O SUPERVISOR NA CONTEMPORANEIDADE

O supervisor é uma referência frente a sua equipe pedagógica. Assume, então, uma
posição de liderança, que articula os saberes dos professores com a proposta de trabalho da
escola. Antes, o supervisor exercia uma função tecnicista e burocrática; na atualidade, seu
trabalho está direcionado para a orientação e coordenação do trabalho pedagógico do
professor.
De acordo Ferreira (1999), o supervisor exerce uma influência significativa sobre
determinado contexto, com a finalidade de coordenar, manter e desenvolver uma programação
planejada e projetada coletivamente. O supervisor de hoje é inovador, criativo, um facilitador
das ações pedagógicas, que articula as teorias de aprendizagem com as práticas necessárias
para a melhoria do ensino-aprendizagem. Temos agora um supervisor que prioriza um
trabalho coletivo, comprometido com o senso de justiça e assegurando os objetivos da
educação.
Um supervisor, para bem exercer a sua função, tem uma visão ampla dos fins e dos
meios da educação. A partir disso, Ferreira (2003) vem nos esclarecer que o supervisor
pedagógico precisa conhecer a Legislação, preocupando-se com a renovação da escola e das
práticas pedagógicas, bem como se atentando para as dificuldades dos professores.
Diante das colocações apresentadas, é de fundamental importância ressaltar ainda
algumas características indispensáveis a um bom supervisor. São elas: Visão compartilhada
(ALARCÃO, 2001), Liderança (VILLAS BOAS, 2011) e Comunicação (CARDOSO, 2011).
- Visão Compartilhada: Em uma organização escolar, não basta apenas ter objetivos e
metas a serem cumpridos, os mesmos precisam ser compartilhados por todos. O envolvimento
da comunidade escolar é fator fundamental para a concretização dos objetivos pretendidos por
todos. A visão compartilhada promove a inspiração de ações.
Para Alarcão (2001), uma organização só se constrói através de uma visão partilhada,
ou seja, uma organização só se constrói, verdadeiramente, com um trabalho coletivo, com o
compartilhamento de ideias.

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O supervisor, consciente disso, precisa propiciar momentos para que a sua equipe
compartilhe os conhecimentos e as experiências, efetivando assim um trabalho de esforço
coletivo, onde todos contribuem para uma educação de qualidade.
- Liderança: Um bom líder é aquele que torna uma atividade significativa para seus
liderados, possibilitando estratégias para que os mesmos possam compreender o que estão
fazendo. Um líder só será bem aceito se for capaz de facilitar a compreensão dos objetivos de
determinada atividade a ser realizada. Ser líder é orientar as pessoas a realizarem algum tipo
de ação.
Hunter (2004, p. 25) refere-se à liderança como sendo “a habilidade de influenciar
pessoas para trabalharem entusiasticamente, visando atingir aos objetivos identificados como
sendo para o bem comum”. O supervisor, nessa perspectiva, precisa ter motivação,
conhecimento e competência para conduzir sua equipe pedagógica. Ele deve valorizar o
trabalho do professor e oferecer suporte nos momentos necessários.
Em se tratando de liderança do supervisor pedagógico, Villas Boas (2011) considera
que esta característica oportuniza um ambiente de trabalho agradável e equilibrado, superando
os conflitos.
Um supervisor, que é um bom líder, estabelece um bom relacionamento com seus
supervisionados, é bem aceito, respeitado e admirado por todos.
- Comunicação: Comunicar é essencial para a interação entre as pessoas. O
supervisor tem que dialogar com os professores que formam a sua equipe de trabalho,
transmitindo informações e partilhando conhecimentos. Para tanto, é necessário que o mesmo,
além de sua formação pedagógica, adquira conhecimentos mínimos a respeito das disciplinas
que compõem o currículo da escola em que atua, possibilitando aos professores maiores
esclarecimentos sobre como trabalhar, da melhor forma possível, o conteúdo de cada
disciplina.
Cardoso (2011, p. 121) esclarece que:

Antes de ser um expert em leis, decretos, portarias, pareceres, deliberações,


resoluções etc., o que se deseja de um supervisor que utilize uma estratégia
democrática de trabalho é a habilidade e a sensibilidade políticas, que emergirão de
sua capacidade de liderança e comunicação.

Isso nos revela que, tanto a comunicação como a liderança, exercem papel
fundamental na forma como o supervisor planeja, organiza, lidera e controla suas ações, com
vista a atingir aos objetivos previstos da instituição de ensino.

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A comunicação entre o supervisor e o professor precisa ser clara, oportuna, adequada


e coerente, para que assim o processo de supervisão seja útil e produtivo.
Ao se comunicar de forma eficaz, o supervisor contribui para um clima favorável e
harmonioso, fazendo com que se fortaleça a credibilidade e empatia entre supervisor e
professor.
O supervisor deve regular o seu agir pela relação comunicativa, conhecendo a si
primeiro, depois ao outro, e por fim, o meio em que trabalha. A comunicação, na Supervisão
Pedagógica, funciona como facilitadora na tomada de decisões, pois propicia informações que
identificam e avaliam alternativas na solução de problemas.
Para Tavares (1998, p. 24), “[...] conhecer, aprender, comunicar, são realidades que
se implicam mutuamente e que, embora possam ser analisadas nos seus componentes, não são
compreensíveis isoladamente”. Compete, então, ao supervisor se comunicar de forma
coerente e justa, para aprender a conhecer as aspirações da sua equipe pedagógica,
capacitando o professor a atuar de forma reflexiva, criativa e ativa.

4 DESAFIOS DO SUPERVISOR

Um dos desafios que se apresenta ao supervisor, segundo Ronca e Gonçalves (2011),


é a luta contra o ativismo e o verbalismo.
Para estes autores (2011, p. 36), o ativismo “faz com que o educador não tenha
tempo e condições de refletir sobre sua ação”. Diante disso, é correto dizer que o ativismo é a
ação pela ação, prática sem teoria, uma prática sem rumo e sem objetivo. O mesmo faz da
prática pedagógica, uma prática mecânica e insignificativa para o educando. O professor que
adota esta postura não compartilha conhecimentos e não se atualiza, ele se acomoda e repete
suas velhas práticas.
O ativismo também pode vir por parte do próprio supervisor, que não oportuniza
momentos para os educadores refletirem sua prática e avaliarem o que está ou não dando
certo. O supervisor deve embasar sua prática supervisiva em teorias sólidas e eficientes.
Para Ronca e Gonçalves (2011), o ativismo, ao negar a reflexão, nega a prática
verdadeira e impossibilita o diálogo. Isso nos mostra a necessidade do educador refletir sobre
sua prática, pois, ao refletir sobre a prática, vive-a verdadeiramente.
Já para Gómez (1995, p. 112), “aprende-se fazendo e refletindo na e sobre a ação.
Através da prática, é possível apoiar e desenvolver o pensamento prático, graças a uma
reflexão conjunta (e recíproca) entre o aluno-mestre e o professor ou o tutor”. Partindo disso,

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o professor deve analisar sua ação pedagógica e, depois da mesma realizada, verificar se
realmente atingiu os objetivos propostos.
O supervisor tem que lutar contra o ativismo, aliando a ação da prática a uma revisão
teórica, pois o ativismo torna o fazer pedagógico ineficiente e sem sentido, sendo que o
verdadeiro fazer pedagógico é aquele que reflete cada situação de aprendizagem, atendendo às
reais necessidades dos educandos.
O contrário do ativismo é o verbalismo, que é a teoria sem a prática, o discurso das
palavras sem sentido, ou seja, falar por falar. O verbalismo deixa de lado a dimensão da ação
e a reflexão se torna um falar vazio, alienado e alienante, onde os professores mais falam do
que fazem.
O verbalismo é uma atitude mental ligada à ausência de criticidade, na qual os
problemas educacionais são tratados com superficialidade. Tem-se que diminuir a distância
entre o que se diz e o que se faz. Quanto mais sólida for a teoria, mais eficaz será a prática.
Freire (1981, p. 14) faz a seguinte assertiva: “não é possível identificar teoria com
verbalismo, tampouco o é identificar prática com ativismo. Ao verbalismo falta a ação; ao
ativismo, a reflexão crítica sobre a ação”. Nesse sentido, a reflexão sem a ação vira
verbalismo e a ação sem reflexão vira ativismo.
É preciso que o supervisor atue de forma concreta contra os efeitos do ativismo e
verbalismo, pois teoria e prática se relacionam continuamente, uma não se dá fora da outra.
Diante disso, faz-se necessário que o supervisor propicie aos seus professores momentos de
reflexão onde, juntos, os mesmos analisem as ações desenvolvidas e encontrem alternativas
para os problemas detectados. É necessário também que o supervisor promova capacitações
para qualificar o professor, bem como incentive os mesmos a fazer cursos de aprimoramentos,
porque somente o embasamento de sólidas teorias se concretizará uma prática eficiente e
eficaz, bem como um ensino-aprendizagem produtivo e de qualidade.

5 CONSIDERAÇÕES

Conclui-se que é de fundamental importância a ação supervisora realizada no


contexto escolar e que o supervisor é o agente facilitador das ações pedagógicas. O mesmo
deve ser criativo, inovador, líder, comunicativo, apresentar um espírito de visão compartilhada
e priorizar a participação de todos na tomada de decisões.
A Supervisão Pedagógica deve interessar-se pelo bom desenvolvimento do ensino-
aprendizagem, procurando estimular a criatividade e a responsabilidade do professor,

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reconhecendo, apoiando, sugerindo, valorizando e coordenando as práticas pedagógicas, pois


quanto mais se qualifica a atuação do professor, mais eficiente será o ensino-aprendizagem.

REFERÊNCIAS

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Recebido em: 09 de outubro de 2016


Aceito em: 08 de novembro de 2016

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