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Abaixo você encontra a pirâmide alimentar que baseia a recomendação de alimentos para a

Dieta Cetogênica.

Dieta padrão - Carboidratos 50-60%, proteínas 15-20%, lipídeos 25-30%

Nas questões 1 a 3 destaquei textos retirados da internet.

1- "A dieta cetogênica tem se popularizado para emagrecimento rápido, não resta dúvidas
de que funciona incrivelmente, mas o que mais me surpreendeu foram os sonhos lúcidos, a
clareza mental, o foco e a disposição que senti durante o período de cetose".
a) Explique, com base nos conhecimentos de bioquímica, o princípio da dieta cetogênica

A estratégia da dieta cetogênica consiste na utilização de gorduras como a principal fonte de energia, reduzindo,
dessa maneira, quase que totalmente a ingestão de carboidratos na dieta. O objetivo é a produção, seguida da utilização dos
corpos cetônicos gerados pelo metabolismo destas gorduras ingeridas na dieta. Estes corpos cetônicos residuais apresentam
algumas propriedades positivas em relação a sua capacidade neuroprotetora, além de proporcionar melhora na função
mitocondrial.
Em sua função neuroprotetora, a dieta cetogênica é uma estratégia de tratamento para pacientes com epilepsia desde 1920,
mais recentemente, vem sendo aderida para tratamentos de outras doenças neuronais como até mesmo o Alzheimer. Nessa
doença, há redução no fluxo de glicose e uma hiperexcitabilidade neuronal, caracterizado pelo desequilíbrio dos
neurotransmissores glutamato (excitatório) e GABA (inibitório) associado a produção e deposição da proteína beta-amiloide
(tóxica). Os corpos cetônicos inibem a hiperexcitabilidade devido aumento na produção de GABA, além disso reduzem o
impacto da beta-amiloide sobre os neurônios e mitocôndrias.
O aspecto positivo em relação às funções mitocondriais se dá na redução do estresse oxidativo, aumento na
biogênese mitocondrial, além de reduzir os riscos de mutações no DNA mitocondrial. Essa característica se faz relevante no
tratamento de doenças e sintomas de doenças relacionadas às problemas na atividade mitocondrial.
Trazendo para a discussão os aspectos bioquímicos e as rotas metabólicas que caracterizam essa dieta, podemos
iniciar observando que os principais mecanismos ocorrem no fígado, o qual é responsável pela produção dos corpos cetônicos.
Destes, podemos destacar o beta hidroxibutirato, o qual possui grande capacidade energética. Para formação deste corpo
cetônico, vamos expor alguns aspectos de sua rota metabólica: Inicialmente, O ácido graxo ingerido na dieta sofre o processo
de betaoxidação, a qual é divida em 4 principais etapas (1- Oxidação, na qual o acil-CoA é oxidado a enoil-CoA, com redução
de FAD a FADH2; 2- Hidratação, na qual uma dupla ligação é hidratada e ocorre a formação de 3-hidroxiacil-CoA; 3- Oxidação
de um grupo hidroxila a carbonila, tendo como resultado uma beta-cetoacil-CoA e NADH; 4 - Cisão, em que o β-cetoacil-CoA
reage com uma molécula de CoA formando um acetil-CoA e um acil-CoA que continua no ciclo até ser convertido a acetil-
CoA). Dessa forma, podemos observar o principal produto da betaoxidação, o acetil-CoA. Após a formação deste produto,
surgem as rotas específicas para a cetogênese: Sob a ação da enzima Acetil-CoA Tiolase, os produtos da betaoxidação,
juntamente com a HMG-CoA sintase e o fator transcricional FOX A2 presente nos hepatócitos, formam a molécula 3- hidróxi-3-
metilglutaril-Coenzima A (HMG-CoA) a qual é precursora na síntese de colesterol e na síntese dos corpos cetônicos. Essa
molécula, posteriormente, sobre lise sob a ação da enzima HMG-CoA liase, a convertendo em acetoacetato, o qual forma uma
molécula de acetona que evapora (caracterizando o odor “cetônico” exalado por quem está em dieta cetogênica); além da
acetona, sob a ação da enzima betahidroxibutirato desidrogenase, forma-se o beta-hidroxibutirato, o principal corpo cetônico já
mencionado acima. Uma vez que este principal corpo cetônico é formado, o mesmo é transportado do fígado para a corrente
sanguínea sob o auxílio do transportador de soluto SLC16A6; logo após, a molécula passa a ser absorvida pelos tecidos
muscular esquelético e pelo cérebro, principalmente. Neste último, vale ressaltar o papel dos transportadores MCT1 e MCT2
(transportadores de monocarboxilato) os quais transportam o corpo cetônico beta-hidroxibutirato para o tecido neuronal. Por
fim, nos tecidos, o betahidroxibutirato sobre desidrogenase, por uma enzima ativada, principalmente pela Sirtuina-3, formando
o Acetoacetato; este, pela ação da enzima EXCT1 juntamente com o “CoA”provindo da Sucinil-CoA, transforma se em
Acetoacetil-CoA que sofre outra reação, sob a enzima Tiolase, formando 2 Acetil-Coa, este último segue para rota final da
formação de energia.
Por fim, é necessário lembrar do papel importantíssimo exercido pelo Glucagon, enzima liberada durante o estado
de jejum e com baixos nível de carboidratos, que atua como um efetor alostérico positivo de grande parte do processo da
cetogênese, além da sua função como ativador do fator transcricional FOX A2, presente nos hepatócitos e citado na rota
metabólica mencionada acima.

2- "A dieta cetogênica incentiva o alto consumo de gorduras boas, chegando a 70% da
alimentação diária. A questão é que no dia a dia é muito mais fácil ingerir gorduras ruins,
como manteiga e carnes gordas. O resultado é o aumento do LDL que não é saudável para
ninguém e preocupa ainda mais para quem apresenta algum problema cardiovascular. Se
você é adepto da dieta keto, o ideal é fazer exames de colesterol periódicos".
A) que se refere "boas e ruins" neste texto.

Ao citar gorduras boas e ruins, o texto faz alusão as diferenças entre as gorduras saturadas e trans em contraste
com as insaturadas. As gorduras ditas “ruins” seriam as saturadas e trans. A primeira está presente, em geral, em gorduras
animais. Sua cadeia carbonada possui todas as ligações entre carbonos do tipo simples ligado ao grupamento ácido
carboxílico (COOH), caracterizando a molécula como um ácido graxo. Já a segunda, é encontrada em óleos vegetais
hidrogenados (margarinas) e produtos industrialmente processados, também tem sua cadeia carbonada composta apenas por
ligações simples entre carbonos e o grupamento (COOH). Sua maior diferença está na ligação dupla entre as cadeias de
carbono do ácido graxo, conferindo uma disposição espacial do tipo Trans.
Por outro lado, as gorduras ditas “boas” seriam as insaturadas. Estas podem ser dividas em dois grupos,
monoinsaturadas ou poli-insaturadas. Em características moleculares gerais, além do grupamento ácido carboxílico, as
gorduras insaturadas possuem em sua cadeia carbonada uma insaturação, ou seja, uma ligação do tipo dupla entre dois
carbonos, sendo a maior diferença entre as gorduras saturadas e insaturadas. Essas gorduras podem ser encontradas
principalmente em alimentos vegetais e peixes (salmão, atum, sardinha) os quais são ricos em ômega 3.
b) Qual a explicação para o aumento dos níveis de LDL em adeptos desta dieta ao longo
prazo?
Para entender o aumento do LDL, precisamos relembrar que o colesterol é sintetizado em uma das etapas da cetogênese. No
hepatócito, mais precisamente nas mitocôndrias, a HMG-CoA sintase forma a 3-hidroxi-3-metilglutaril-CoA. Esta molécula,
quando na mitocôndria, é precursora de corpos cetônicos, mas também é importante ressaltar o fato de que ela também é
transportada para o citosol e lá é precursora do colesterol. O que ocorre, é que em muitos casos, pessoas que aderem a dieta
cetogênica acabam que ingerindo gorduras ditas “ruins” ou saturadas e trans. Isso faz com que durante a síntese do colesterol,
na rota cetogênica, o colesterol formado seja do tipo LDL, acumulando, dessas maneiras, os níveis deste composto. Podemos
pontuar também que o colesterol do tipo LDL apresenta dois tipos, A e B, que diferem em relação ao tamanho da molécula. O
chamado padrão A ou “grande e flutuante“ – tem partículas maiores deste LDL, leve que flutua pela corrente sanguínea, sem
ter possibilidade de se infiltrar entre as células endoteliais dos vasos sanguíneos para sequer iniciar o processo de formação
de placa ateromatosa. Já o LDL tipo B é denso, não flutua e é pequeno o suficiente para se infiltrar sob a superfície das células
endoteliais e iniciar a formação da placa. O problema, no entanto, é que a longo prazo, durante a dieta cetogênica, ocorre o
aumento do padrão LDL-B.

3- https://clinicadelongevidade.com.br/dieta-cetogenica - Medir a cetose na urina vai guiar a


sua dieta cetogênica da maneira certa.
a) Como a cetonúria pode indicar se a sua dieta está "funcionando"?

Em linhas gerias, cetonúnia indica o nível de corpos cetônicos na urina. Durante a cetogênese, o acetoacetato tem

dois caminhos de transformação, em um ele converte-se, por meio da enzima betahidroxibutirato desidrogenase, em

betahidroxibutirato (corpo cetônico); no outro ele o acetoacetato é convertido em acetona, o qual evapora, fazendo o paciente

exalar um cheiro cetônico, característico da dieta.

Caso os corpos cetônicos estejam sendo encontrados na urina, isso indica que o corpo está seguindo o processo de

cetose e “fabricando”os devidos corpos cetônicos. É importante ressaltar que caso haja um acúmulo excessivo de corpos

cetônicos no sangue, isso poderia levar a redução do PH sanguíneo. A cetoacidose ou acidose metabólica é perigosa e pode

ocasionar efeitos colaterais como vômitos, hipotonia, hipotensão. Nesse caso, seria necessário intervir com uma solução

tampão, como o bicarbonato de sódio.

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