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RESUMO
O presente artigo pretende analisar a relação semântica entre a imagem fotográfica e o
conceitos do duplo e do fantasma, identificados em diversas tendências culturais do século
XIX, da literatura romântica até o gênero das farsas fotográficas espirituais, e colocados em
paralelo com o cinema de George Méliès, em uma maneira de repensar o conceito de
realidade.
PALAVRAS-CHAVE
Fantasma; Doppleganger; Fotografia; George Méliès
ABSTRACT
The preset article intends to analyze de semantic parallel between the photographic
image and the concepts of doppleganger and the phantom, identified in several
cultural tendencies of the 19th century, from the gothic romantic literature until the
spiritualist photo hoaxes, putting them in the light of George Méliès' cinema, in a way
to rethink the concept of reality.
KEYWORDS
Ghosts; Doppleganger; Photography; George Méliès
1
Reação semelhante percebemos no caipira no curta The Countryman and the Cinematograph,
realizado por R. W. Paul em 1901, apenas seis anos após a sessão dos Lumiére. assusta-se e corre ao
deparar-se com a projeção de um trem vindo em sua direção.
indício da relevância simbólica das dualidades. As religiões tradicionais
concebem geralmente a alma como um duplo do homem, que pode separar-
se do corpo com a força da morte dele, ou no sonho, ou por força de uma
operação mágica, e reencarnar-se no mesmo corpo ou em outro. A
representação, portanto, que o homem faz de si mesmo é desdobrada. O
romantismo alemão deu ao Duplo (doppelgänger) uma ressonância trágica e
fatal. O encontro com o duplo é visto como acontecimento preocupante ou
mesmo nefasto, e não apenas na tradição literária germânica, mas ao longo
da História da Cultura, do reflexo no mito de Narciso à repercussão midiática
da clonagem da ovelha Dolly no final do século XX.
Frontispício do volume 1
de Mémoires récréatifs,
scientifiques et anecdotiques du
physicien-aéronaute E.G.
Robertson (1831). Na legenda, lê-se
"Fantasmagorie de Robertson dans
la Cour des Capucines en 1797"
BIBLIOGRAFIA:
CHEVALIER, Jean & GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. Rio de Janeiro: José
Olympio. 1999.
JUNG, Carl Gustav. O Homem e Seus Símbolos. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998.
KITTLER, Firedrich. Mídias Ópticas: Curso em Berlim, 1999. Rio de Janeiro: Contraponto,
2016.