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a) Introdução
1
DUGUIT, Leon. Fundamentos do Direito. Revisão e Tradução: Márcio Pugliesi, São Paulo: Ícone, 1996.
p.25-26.
2
WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva; tradução de Regis
Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. Brasília, DF: Editora Universidade de Brasília, 1999. p.188.
2
Assim, a imposição de vontades entre os sujeitos - visando à satisfação de
suas necessidades e interesses, levam à insegurança social, caso o conflito
não seja resolvido.
No Brasil, por exemplo, podemos apontar a questão das terras indígenas como
uma convergência de interesses. Desde a chegada dos portugueses às terras
“descobertas”, litígios nascem e renascem:
Visando impedir que a lei do mais forte impere sobre a do mais fraco, o
direito surge, como regulador das relações sociais (“ubi societas ubi
jus”).
3
“Lide” para Carnelluti é o conflito de interesses, qualificado por uma pretensão resistida ou insatisfeita.
3
b) Direito Processual
É o ramo do Direito Público que consiste na reunião dos institutos, das regras e
dos princípios que definem a atividade jurisdicional estatal e o modo de solução
dos conflitos surgidos no meio social, abrangendo o exercício do direito de
ação e o processo, como instrumentos para se obter a paz na sociedade.
c) Processo
O fim a ser alcançado é a paz social e, sobretudo, a justiça4. Mas, como obter
a proteção judicial? Como efetivar um direito, ou ainda, como conseguir a
aplicação do que é justo em cada caso?
4
Para Justiniano é dar a cada um o que é seu.
4
Ocorre que existe uma forma, um meio para se receber esta tutela do Estado
Juiz. Aí entramos no que se denomina de “processo”.
Hoje, devemos lembrar que os interesses em jogo não são apenas individuais
(de um sujeito ou indivíduo, isoladamente). Os interesses podem ser coletivos
(de um grupo de pessoas) ou ainda, difusos (interesses difundidos,
espalhados pela sociedade e que a afetam indiscriminadamente, ultrapassando
a pessoa do indivíduo e alcançando indeterminados sujeitos). Para cada
interesse em conflito o órgão jurisdicional deverá entregar a proteção que é
buscada, através do processo.
5
Ada Pellegrini Grinover, Cândido Rangel Dinamarco e Antonio Carlos Araújo Cintra.
6
FERNANDES, Antonio Scarance. Processo penal constitucional – 5ed. Ver., atual. E ampl. –São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2007. p. 35.
5
Para a atual corrente INSTRUMENTALISTA: o processo é o instrumento
para que seja alcançada a paz social, observado o ordenamento jurídico. É,
portanto, o meio de exercício do poder jurisdicional. Processo é o um
procedimento apontado a fim de cumprir a função jurisdicional, que se
apresenta como relação jurídica, vínculo que a norma de direito estabelece
entre o sujeito do direito e o sujeito do dever. É o instrumento para solução da
lide (COUTURE)7.
7
COUTURE, Eduardo J. Fundamentos Del derecho processual civil.3 ed Buenos Aires: Depalma, 1993.
8
GONÇALVES, Aroldo Plínio. Técnica processual e teoria do processo. Rio de Janeiro: AIDE, 1992, p.
60.
6
Elio Fazzalari9 apresenta a estrutura do PROCEDIMENTO detalhada a seguir,
com grande aceitação por muitos doutrinadores brasileiros:
9
GONÇALVES, Aroldo Plínio. Op. Cit. p. 77 e 78.
10
O procedimento pode ser encarado, portanto, como um conjunto de atos ligados entre si em
razão de um efeito final.
11
FERNANDES. Antonio Scarance. Op. Cit. p. 46.
7
Podemos, com base nas
discussões existentes, apontar que
o processo é “o instrumento por
meio do qual se provoca a
jurisdição a fim de que esta,
através de um provimento
jurisdicional, proporcione ao
jurisdicionado o bem da vida por
ele pretendido ou a tutela do direito
que afirma possuir”12.
d) Jurisdição
12
COLNAGO, Rodrigo. SOUZA, Josyanne Nazareth. Processo civil 3:processo cautelar. São Paulo:
Saraiva, 2008 – Coleção estudos direcionados. Fernando Capez, coordenador. P.7.
13
A diferenciação entre poderes / funções do Estado foi concebida primeiramente por Aristóteles e então
formulada como um princípio por Montesquieu.
8
Portanto, para a doutrina tradicional, a função jurisdicional é a aplicação, pelo
Estado Juiz, da lei ao caso concreto, visando, precipuamente a resolução de
lides sociais trazidas a seu conhecimento (Chiovenda).
A Profª. Ada Pellegrini Grinover discorre que o processo tradicional vem sendo
marcado por profundas alterações metodológicas, passando (a) do plano
abstrato ao concreto, (b) do plano nacional ao internacional e (c) do plano
individual ao social.
14
COLNAGO, Rodrigo. Op. Cit. p.7.
9
O processo INDIVIDUAL, para a renomada processualista, “foi se
transformando em um processo destinado a atender também a grupos,
categorias e classes de pessoas, no que se refere, sinteticamente, à qualidade
de vida (direito ao ambiente sadio, a relações de consumo equilibradas, ao
respeito ao usuário de serviços públicos, à segurança dos investidores, etc.)15”.
São exemplos, o mandado de segurança coletivo, ação civil pública, juizados
especiais de pequenas causas, sistema de proteção processual do Código de
Defesa do Consumidor, entre outros.
15
Cintra, Antônio Carlos de Araújo; Grinover, Ada Pellegrini; Dinamarco, Cândido Rangel. Teoria Geral do
Processo. São Paulo: RT. 7ª. Ed ampl e atual, 1990.
16
THEODORO JÚNIOR, Humberto.Curso de direito processual civil. Rio de Janeiro:Forense, 2003, vol 1.
17
Cintra, Antônio Carlos de Araújo; Grinover, Ada Pellegrini; Dinamarco, Cândido Rangel. Op. Cit.
18
Na ação rescisória não há ofensa ao princípio constitucional mencionado porque o rol da rescisória é
taxativo e, portanto, quando a sentença padece de vício grave, obtém-se sua desconstituição pelo
controle de vícios (Nery, Nelson. Código de Processo Civil Comentado e legislação extravagante -7ª. ed.
rev. e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003.
10
A doutrina expõe ainda, os princípios da jurisdição:
Do juiz natural (art. 5ª, LIII CF, garantia constitucional: art. 5º.,
XXXVII)
Da indeclinabilidade da prestação jurisdicional (art. 5º.XXXV CF e
art. 126 CPC19)
Da imparcialidade
Da investidura (somente a autoridade investida no cargo de juiz
poderá exercer a jurisdição)
Da indelegabilidade (o órgão jurisdicional não pode delegar suas
funções)
Da inevitabilidade (quando provocada, a jurisdição impõe-se às
partes, independente de suas vontades);
Correlação (o julgamento deve estar atrelado ao pedido, não pode
ir além do que foi pedido no processo - “ultra petita”, nem
extravasá-lo - “extra petita”);
Da celeridade processual.
Convém destacar que não é só, através da jurisdição, que podem ser
resolvidos os conflitos. Existem outras formas para pacificar interesses que se
chocam:
AUTOTUTELA
19
O juiz em se deparando com uma lacuna na lei deve optar por utilizar normas escritas primeiramente
(analogia: aplicação de outra norma prevista para caso semelhante), depois os costumes (quando
integrados ao sistema normativo – praeter legem) e finalmente, os princípios gerais do direito (regras
existentes na ciência jurídica, como economia processual, não reformatio in pejus etc.)
11
Exemplos vigentes no nosso sistema jurídico:
12
AUTOCOMPOSIÇÃO
Pode ser extraprocessual, quando realizada, sem a atuação estatal. Pode ser
endoprocessual quando realizada dentro de um processo. São exemplos: a Lei
dos Juizados Especiais de Pequenas Causas; a transação, submissão, a
desistência, entre outros.
ARBITRAGEM
20
Nery, Nelson. Op. Cit. p. 137.
13
f) Direito de Ação
O art. 5o., inciso XXXV diz que “a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
21
MONTENEGRO FILHO, Misael. Código de processo civil comentado e interpretado – São Paulo: Atlas,
2008, p. 33.
14
a) Evolução da concepção de ação
15
Hoje, o direito de ação se aperfeiçoou. Não basta o
jurisdicionado invocar a tutela estatal:
b) Ação
22
. Cintra, Antônio Carlos de Araújo; Grinover, Ada Pellegrini; Dinamarco, Cândido Rangel. OP. Cit., p.
221
16
Princípios do Direito Processual
23
FERNANDES, Antonio Scarance. Processo penal constitucional. – 5.ed. rev atual e ampl. – São
Paulo:Editora Revista dos Tribunais, 2007, p. 13.
24
Carulli, il diritto di difesa dell’imputato. Napoli: Jovene, 1967, p. 7-8.
17
Princípio da Igualdade
25
FERNANDES, Antonio Sacarance. Op. Cit. P. 68.
18
Princípio do Devido Processo Legal
19
Princípio do Juiz Natural
20
Princípio da Livre Investigação e Apreciação das Provas
21
Princípio do Duplo Grau de Jurisdição
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