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ANO VII VOL.

37 BIMESTRAL - JANEIRO 2013 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

• CARÊNCIA CÍVICA • FIEL • LUZES E CORES

EDUCANDÁRIO ANÁLIA FRANCO

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EDITORIAL Sumário
Olá, leitores: Edição 37- Ano 7 - Janeiro de 2013

Iniciamos mais um ano juntos com a


esperança de poder continuar a publi-
4 TROVAS
car conteúdo literário ímpar.
5 CARÊNCIA CÍVICA
Nossa capa é uma homenagem ao Carolina Ramos
trabalho incansável e de valor incalcu-
6 OS FURÚNCULOS DE KARL MARX
lável da entidade Anália Franco, que Fernando Jorge
em 2012 completou 90 anos de servi- 7 FICA COMIGO, FICA
ços prestados à comunidade santista, Sebas Sundfeld
educando e abrigando crianças e ado- 8 LUZES E CORES

lescentes menos favorecidos e, dessa Maria Zilda da Cruz

forma, garantindo-lhes o direito a um 9 O BRASIL NA ENCRUZILHADA


Ives Gandra da Silva Martins
futuro mais digno.
Coincidentemente, o número 90 repete-
10 VIAGEM FANTÁSTICA
Eliana Villela
-se em outras homenagens que faze-
11 PREOCUPANTE REALIDADE
mos aqui: ao nosso querido articulista Myria Machado Botelho
Hernâni Donato, que nos deixou em 12 HERNÂNI DONATO
novembro, aos 90 anos, e também a
13 PROFISSIONAIS DA ESCRITA
um dos maiores intelectuais portugue- Claúdio de Cápua
ses, Guerra Junqueiro, que partiu há 90 14 FIEL - GUERRA JUNQUEIRO
anos e cuja obra relata, com atualidade 15 ISABEL, ALBERTO E FRANCISCO
ainda, o caráter humano. Lauret Godoy
Esperamos que seja um ano muito cria- 16 UMA CONJUNÇÃO INÉDITA
tivo, produtivo e que possamos conti- Alba Christina
nuar juntos a promover e disseminar 17 NOTAS CULTURAIS
cultura. 18 ESPAÇO DO LIVRO
Boa leitura.

O Editor

Expediente
Editor - Cláudio de Cápua. MTB 80
Jornalista Responsável - Liane Uechi. MTB 18.190.
Editoração Gráfica - Liane Uechi
Revisão: Antonio Colavite Filho
Designer Gráfico - Mariana Ramos Gadig
Fotos: Gervásio Rodrigues
Capa: Educandário Anália Franco, de Uechi.
End.: Rua Euclides da Cunha, 11 sala 211. Santos/SP. E-mail: revistaartecultura@yahoo.com.br
Participaram desta edição: Alba Christina; Carolina Ramos; Cláudio de Cápua; Eliana Villela;
Fernando Jorge; Ives Gandra da Silva Martins; Lauret Godoy; Maria Zilda da Cruz; Myria Macha-
do Botelho e Sebas Sundfeld. Os autores têm responsabilidade integral pelo conteúdo dos
artigos aqui publicados. Distribuição Gratuita. 5.000 exemplares.

PARA ANUNCIAR ENTRE EM CONTATO:


revistaartecultura@yahoo.com.br

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TROVAS
TROVAS

Nos meus versos amparada, O primeiro grande amor,


caminho léguas, sem vê-las pouco importa sua história
e a poeira de minha estrada é o último a se dispor
é toda feita de estrelas!... a deixar nossa memória.
Carolina Ramos Lannoy Dorin

Nada melhor nesta vida, Meu coração machucado


que um amor no coração: foi o pior professor,
Uma paixão bem curtida... ao me deixar reprovado
Um afago... Mão na mão. nas tantas provas de amor!
Lourdes Lago Felício Renata Pacoola

São desencontros tamanhos Você chegou de mansinho


e tanta falta de afeto, sem avisos, sem alarde,
que nós somos dois estranhos trazendo um sol de carinho
debaixo do mesmo teto! no final da minha tarde.
Antonio Colavite Filho Edna Gallo

Deus escreve em linhas tortas,


sem que alguém possa supor...
Que a vida tem suas portas,
no livre arbítrio do amor!!!
Ana Maria Guerrize Gouveia

Vou plantar, da frente ao fundo,


um belo quintal em flor,
o maior jardim do mundo,
pra perfumar nosso amor.
Cláudio de Cápua

Gosta de Trovas? A “União Brasileira de Trovadores”, seção


de Santos, reúne-se na última terça-feira de cada mês, no
IHGS, av. Conselheiro Nébias, 689, às 16h. Compareça!

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CARÊNCIA CÍVICA
CAROLINA RAMOS

É de se louvar e aplaudir toda


e qualquer iniciativa que tenha por obje-
tivo criar ou incrementar o sentimento
cívico, há muito adormecido no peito
dos brasileiros!
“Amar a Deus, à Pátria e aos
seus símbolos – eis o indispensável,
para erguer com brio e sinceridade a
consciência cívica de qualquer cidadão.
Pouco mais seria necessário para atiçar
e manter viva a chama da brasilidade
fonte de luz capaz de motivar e energi-
zar os passos de um povo que quer
crescer e orgulhar-se do solo em que
nasceu. Não faz mal a ninguém amar a
Deus com sinceridade. Ele é oceano
inesgotável de amor e de perdão, Pai,
mas também Juiz, que em suas deci-
sões jamais claudica, porque as assu-
me de frente e de olhos nunca venda-
dos! A Humanidade precisa de ter fé.
E os caminhos da fé foram re-
movidos das escolas. Bons exemplos
também são preciosos para erguer o ci- deles não foi esquecida durante esses rança em alguma coisa palpável! Nas-
vismo! Mas, onde encontrá-los? Neste reiterados treinos. E, na verdade, isto cemos com essa necessidade de crer
chorrilho de corrupção, vindo de cima e raramente acontece e é o que pode ser latente em nosso íntimo e também no
que nos afronta a cada dia, roubando- observado não só pelos que lotam as íntimo naqueles seres nossos irmãos,
-nos até a esperança... esperança do arquibancadas, mas, também pelos mi- que vivem mais afastados da civiliza-
que?! lhares que, à frente dos vídeos, assis- ção, ainda em estado selvagem. Preci-
Honrar a cruz, símbolo da fé e tem àquele primeiro ato que antecede samos crer em algo superior para que
de redenção! Honrar a Bandeira, símbo- uma disputa. Cantado com o amor e a também possamos crer no próximo e,
lo da nacionalidade! Bandeira que abre dignidade que merece, o Hino Pátrio quem sabe, até em nós mesmos.
espaço às manifestações cívicas. Sím- leva à conscientização de que não só as E são os rudimentos da fé e do
bolo presente nas solenidades, mas, in- cores de dois times estão em jogo, mas amor à Pátria que estabilizam a família,
felizmente, em muitos casos, nada mais também as cores nacionais de cada um fornecendo os valores necessários à
representando que um mero e indispen- deles. sua integração. E é através dessa inte-
sável elemento decorativo a quem al- Nosso povo, indiscutivelmen- gração que chegaremos a uma Pátria
guns dão as costas quando cantado o te, é carente de civismo. Faltam-lhe mo- sadia, respeitada, capaz de ombrear-se
Hino Pátrio. E por falar nele: como cau- delos. às maiores potências.
sa constrangimento ver e ouvir o Hino Faltam-lhe exemplos e motiva-
Nacional cantado por poucos, tão pou- ção. Cantávamos o
cos, no início dos eventos! Chega a cau- Hino Nacional nas es-
sar consternação a visão dos nossos Carolina Ramos é poetisa e escritora, vice-presidente do
colas à abertura das Conselho Nacional da União Brasileira dos Trovadores -
desportistas (que, diga-se de passa- aulas. O Hino Nacional UBT e presidente da UBT/Santos; Secretária Geral do
gem, carregam consigo o crédito do ca- mais bonito e vibrante Instituto Histórico e Geográfico de Santos. Pertence à
lor cívico que ainda pode ser visto por de todos! Só empatan- Academia Santista de Letras - ASL, à Academia Feminina
aí) a ouvir o Hino Nacional de boca fe- do com a Marselhesa, de Ciências, Letras e Artes de Santos - AFCLAS e à
chada, ou a mastigar a letra, fingindo talvez. E como nos or- Academia Cristã de Letras de São Paulo - ACL
que cantam, para não fazer feio. São gulhávamos disto! E
culpados? por que isto não pode
Absolutamente! A culpa vem ser repetido na atualidade?! Que prá-
de cima! Treinar passes, fazer suar nos tica saudável abrir as atividades esco-
exercícios físicos, desenvolver múscu- lares com as classes reunidas cantan-
los, remanejar atitudes, forjando atletas do o Hino que é nosso e que temos
disciplinados, para que cheguem à boca obrigação de saber cantar!
do gol com chances de resolver a con- Ao menos uma vez por semana, em
tento, é o que de melhor se pode espe- aulas de Orfeão, que esperamos ain-
rar, porém, não fecha o assunto. Deve- da existam. O mesmo pode ser dito
ria haver, também, um compromisso com relação ao culto a Deus! Com
técnico para que esses queridos des- base no atual e sadio ecumenismo,
portistas demonstrassem que não ape- não falemos de uma religião determi-
nas a disciplina corporal é exigida no nada (temos a nossa) mas, sim, do
seu dia-a-dia, mas que também a cons- culto e do respeito a um ser supremo,
cientização da cidadania de cada um que nos dá segurança, retidão e espe-

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OS FURÚNCULOS DE KARL MARX
FERNANDO JORGE

Pergunto se Dilma Rousseff, a primeira mulher


eleita presidenta do Brasil, ainda é marxista, deixou de ser
adepta do filósofo alemão Karl Marx, autor do revolucioná-
rio O Capital. No transcorrer de uma entrevista de Dil-
ma, concedida ao semanário ISTO É (edição de
12-5-2010), um jornalista indagou:
- A senhora é católica?
Ela respondeu:
- Sou. Quer dizer, sou antes
de tudo cristã. Num segundo mo-
mento sou católica. Tive minha
formação no Colégio Sion
(colégio de freiras, em
Belo Horizonte).
No dia 13 de
novembro de 2008, co-
berta com um véu negro
e junto de Lula e da ex-
-primeira-dama, Maria
Letícia, a filha do marxista
Pedro Rousseff visitou o
papa Bento XVI. E também,
durante a campanha eleito-
ral, ela foi ao Santuário de
Nossa Senhora Aparecida,
o maior centro de peregri-
nação católica do Brasil, onde rezou cheia de humildade. Mas depois apareceu um novo furúnculo de modo que até
O demônio da dúvida me perturba. Dilma já deu agora não avancei... é preciso que eu possa pelo menos
provas suficientes de que tem fé, de que acredita em Je- estar sentado”
sus, em Deus? Ou ela fez tudo isto apenas com o único Em 23 de agosto de 1867, numa outra carta para
objetivo de impressionar o eleitorado católico? Friedrich Engels, o sofrido Karl Marx declara:
Apresentei estes fatos porque há uma oposição “...seja como for, espero que a burguesia pense durante
entre o Marxismo e o Cristianismo. Geralmente, quem é toda a vida em meus furúnculos. Quão porcos e cães eles
cristão não consegue ser marxista, ou vice-versa. As duas são, eis agora mais uma prova”.
doutrinas se repelem, não se misturam. Teólogo e sociólo- Não sei se Dilma Rousseff tomou conhecimento
go, o padre Fernando Bastos de Ávila asseverou na sua dos persistentes furúnculos de Karl Marx, se chegou a pen-
obra Solidarismo, publicada em 1965: sar que esses antipáticos nódulos doloridos talvez tenham
“Por várias razões, um cristão não pode aceitar a contribuído para aumentar a ira do autor de O Capital contra
filosofia comunista. Primeiro, porque o Marxismo é ateu, os industriais da Inglaterra, “sórdidos exploradores da marti-
nega a existência de Deus. Para o Comunismo, a origem rizada classe operária”.
de tudo é a matéria e tudo se explica pela evolução dialéti- Encerro dizendo que Dilma, na primeira semana
ca da matéria. Para ele, Deus é uma criação da alienação como presidenta, fez esta mudança no seu gabinete: man-
religiosa... A segunda razão da incompatibilidade do Cris- dou retirar a Bíblia da sua mesa e um crucifixo da parede,
tianismo com o Marxismo reside no fato de que o materia- colocado por Lula. Após saber disso, formulei duas pergun-
lismo comunista é um relativismo moral. Não existe para tas a mim mesmo. Dilma, no fundo, bem no fundo, é ateia?
ele uma moral absoluta, isto é, princípios morais válidos Ou é cristã, mas não quer que as coisas sagradas se emba-
para todos os tempos”. ralhem com as profanas?
A conclusão a que chegamos nos leva a estabele- Última hipótese: ela é agnóstica, só aceita os co-
cer três hipóteses. Primeira hipótese: Dilma era marxista e nhecimentos obtidos pela razão, julgando inviável, por não
deixou de ser por causa da sua fé em Cristo. Segunda hi- ter um sólido ponto de apoio, qualquer tese teológica e me-
pótese: Dilma continua marxista, porém se mostra cristã a tafísica que sustente a existência de Deus.
fim de receber o apoio do eleitorado católico. Terceira hipó-
tese: Dilma é ao mesmo tempo cristã e marxista, colocou Fernando Jorge é jornalista, membro do Conselho de Ética do
num altar, lado a lado, Jesus Cristo e Karl Marx, “o Alto Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São
Pastor do universal rebanho” e o barbudo filósofo alemão Paulo. O petropolitano Fernando Jorge é autor do livro “A
atormentado por furúnculos nas nádegas, tão atormentado Academia do Fardão e da Confusão”, lançado pela Geração
que escreveu estas palavras numa carta enviada a Engels, Editorial, onde mostra numerosos erros de português
cometidos pelos membros da Academia Brasileira de Letras.
no dia 13 de fevereiro de 1866:
“Ontem, eu estava novamente por terra porque re-
bentou um velhaquíssimo furúnculo do lado esquerdo...

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“FICA COMIGO, FICA”
SEBAS SUNDFELD
A governanta aqui de casa pa- sempre faz, vem
rou à porta da minha sala de trabalho. mostrar-me sua
Trazia no colo um cãozinho de pela- peraltice. Se ame-
gem preta com mancha branca no pei- aço tomá-la, aper-
to, orelhas caídas e peludinhas. Seu ta a mordida e
olhar parecia pedir “Fica comigo, fica”. puxa a presa ren-
Uma vez em meus braços, dada. Suas pupi-
aconchegou-se. Houvera encontrado o las, profundamen-
seu lugarzinho na vida. te escuras,
Sem luxo, mas espaçosa e fitam-me num de-
zelada a capricho, minha casa virou safio brincalhão,
um parque de diversões do meu Gas- que se desfaz à
parzinho. Nada mais permanece no lu- vista de um biscoi-
gar, principalmente as almofadas, para to apetitoso.
desespero da faxineira. Meu Poverelo Há mo-
de Assis, refletido no espelho grande mentos em que,
da sala, parece sorrir das peraltices do quieto e sentadi-
cãozinho definitivamente adotado, com nho, olha-me lon-
todas as regalias que minha tolerância gamente, para de
sentimental permite. Retribui, por sua súbito saltar, al-
vez, com irrequieta alegria, quando me cançando-me o
vê. Certa vez, ainda pequeno, traqui- rosto com suas
nava na área da frente, quando o alar- lambidinhas ma-
me do carro disparou. Assustado, cor- cias. Se estou a
reu pela casa adentro, procurando-me. acariciá-lo, às ve-
Aninhou-se aos meus pés. Dei-lhe zes, abocanha-me
agasalho. Ganhei lambidinhas de agra- uma das mãos,
decimento. sem morder, pren-
Acompanho o crescimento do dendo-a entre
meu cão taludinho. Em forma de culo- seus dentes. Sol-
te, pelos cobrem-lhe as pernas longas, tando-a, passa a
abrem-se na cauda em forma de leque, lambê-la de leve, agradando.
nas orelhas caídas emolduram-lhe a Pela manhã, habituou-se “to-
fisionomia canina de focinho comprido. mar café” em minha companhia. Com
Cresce sem perder a proporção estéti- as patas apoiadas em minha perna,
ca da sua aparência. ergue o corpo, estica o focinho, espe-
De semana a semana apre- rando a sua parte do desjejum. Bola-
senta mudanças de comportamento. chas são a sua preferência. Depois se
De travessuras, também. Certa vez, ajeita sob a minha cadeira, espregui-
acompanhando-me pela casa, saltou çando-se. Sai, de repente, à procura
sobre o sofá, alcançou e derrubou o te- do que fazer no quintal e latir na vizi-
lefone. Ficou depois admirando a tra- nhança.
quinagem. Quietinho, pareceu enten- É elegante o seu porte ereto,
der minha reprimenda. Sim, porque rabo erguido, focinho empinado. Há
pela inflexão da voz os cães entendem mesmo um certo quê aristocrático na
o sentido do que dizemos. sua postura. Daí porque, quando me
Quando volta da veterinária, perguntam sobre a sua raça, explico
do seu banho semanal, entra e de cau- tratar-se de um vira-lata deserdado da
da abanando e saracoteando pela sala, linhagem dos Cooker Spaniel, de pedi-
como se dissesse: “estou em casa”. E gree britânico.
realmente está, trazendo momentos de A propósito, ei-lo chegando à
distração pelas travessuras e afetuo- minha sala de trabalho. Vem me fazer
sos pelo companheirismo. companhia.
No seu fuça-fuça, às vezes al- A hora preguiçosa da tarde
cança uma toalha de enfeite. Como convida para um cochilo.

Sebas Sundfeld é articulista, poeta, escritor, musicista, acadêmico, detentor de


láureas oficiais e consideráveis premiações literárias.

7 Julho 2012
Janeiro 2013--Santos
SantosArte
ArteeeCultura
Cultura

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LUZES E CORES
MARIA ZILDA DA CRUZ

Sem luz não há colorido. -se prédios impedindo a entrada da claridade natural, para pon-
A vida é uma vela que aos poucos apaga sua luz. tificar a lâmpada acesa.
Na metáfora dessa temporalidade humana coloca-se Assim, para satisfazer o desejo de espantar o escuro,
a claridade da luz. A escuridão não conduz, porque nega a ma- o Natal é luz. Momento de vida afetiva especial, em cada lar, em
téria-prima para a visão captar a total beleza ao seu redor. Nem cada lugar público, procura-se demonstrar a alegria de viver o
as plantas crescem se lhes falta a luz. Na natureza existem pe- tempo da confraternização coletiva, aumentando o usufruto da
quenos peixes que vivem em gelados rios subterrâneos e não luz. A escuridão precisa ser banida. Árvores natalinas, símbolos
conseguem suportar à exposição da claridade. São raras exce- da festa, enfeitam os lares, as ruas e os corações com a luz e as
ções vivas dentro da imensidão de necessitados da luz. cores de muitas lâmpadas. A maioria da humanidade, senão
O cego nos comove porque lhe falta o colorido total toda ela, comove-se com o mundo claro, criado de luzinhas
das cores em seu mundo danificado. Triste descolorido! Exis- branca, verde, vermelha e de tantas outras nuances enfeitando,
tem anormalidades visuais em algumas pessoas, que só enxer- artisticamente, o ambiente. Não importa qual a cor em sua varie-
gam o cinza; para outras, tudo é marrom ou amarelo. São pe- dade de tons. O sentimento de unir-se ao outro, num bailado de
quenos icebergs de cores riscando o zero das cores em suas troca de luz afetiva, acende a alegria do viver social.
vidas. Não há idade para se gostar de luz. Sem ela não se realiza o
Na pintura o elemento técnico, que dá a existência vi- milagre do colorido.
sual da forma, é o claro-escuro permitindo uma viagem milagro- O pequeno Pedro, menino esperto de três anos, na
sa da treva à luz e da luz para a treva. A luz floresce o objeto época natalina só aceitava ir dormir depois de ver as luzinhas-
modelado externo para uma vivência de modelado interno. O -enfeites nas casas, nos jardins da orla da praia. Alguém da fa-
detalhe, as expressões tornam-se uma interação ativa entre a mília, no geral os avós, sentiam um prazer tão infantil, quanto o
matéria e o espírito, no jogo da claridade das cores. A pintura é da criança, em vivenciar o espetáculo do pisca-pisca, espantan-
uma arte de alta intenção moral e espiritual. A luz e a cor jogam do o escuro da noite. Algumas vezes, até a Lua respeita essa
com a brincadeira da emoção sobre a tela pintada. Os senti- passagem momentânea de tantas lâmpadas coloridas. Ela se
mentos se superpõem em drama ou sensação de paz, na ale- esconde no céu e adormece seu luar.
luia de claro-escuro do quadro observado, diante do surpreso Talvez, o medo do escuro levou à ação, um tanto dife-
amante da pintura. rente, uma menina peralta. Reunidos numa praça, alguns ho-
A harmonia da luz, como um conjunto musical, permi- mens conversavam sobre variados assuntos.
te-nos usufruir da cor em sua grandeza: no colorido tátil, macio De repente escureceu. Nuvens densas esconderam o
de uma flor ou na mudança descolorida do olhar triste de quem azul-celeste e o Sol não podia atravessar a cortina negra esten-
sofre. A cor pode ser delicada, frágil, profunda, invisível sob o dida sobre casas e árvores. O dia claro fora vencido. O grupo de
olhar de aparências fugitivas. Ela nasce de sentimentos pesso- homens, não se sabe o porquê, começou a falar baixo. Medo do
ais de quem se apodera das cores das coisas. Como sentir a escuro ameaçador? Possivelmente. E do murmúrio passaram a
beleza tridimensional da escultura sem a luz? Há em nós uma olhar um ponto fixo, num dos postes do jardim. Subindo, subindo
necessidade de nos alimentarmos da luz do Sol ou da artificial, devagar, com cautela ia uma menina agarrada ao poste. Seus
criada pelo homem. Por vezes, ocorre até o abuso: constroem- cinco anos não previam o perigo que passava. Da porta da pa-
daria, um senhor, curioso, dirigiu as vistas para o foco de aten-
ção daquele momento. Pálido, soltou um grito de susto e de
alerta: “É a minha filha Denise!” O que fazer para retirar a peque-
na aventureira de situação tão delicada? Não podia assustá-la.
A descida devia ser bem suave. Qualquer deslize...nem era bom
pensar no final.
Aos poucos, a danadinha alcançou o chão, salva e um
pouco aborrecida. Não alcançara o desejado.
Abraçada pelo pai, explicou: “Não sei porque, mas a
terra ficou escura e triste. Eu só quis acender a
luz do poste para ver a alegria das plantas e
das crianças brincando de pega-pega no
jardim, sem se perderem do pai e da
mãe.”
A luz... ah! luz.

Maria Zilda da Cruz é Mestra e Doutora


em Psicologia pela Universidade de São
Paulo, membro titular da Academia
Feminina de Ciências, Letras e Artes de
Santos e Membro da Diretoria da
Academia Santista de Letras.

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O BRASIL NA ENCRUZILHADA
IVES GANDRA DA SILVA MARTINS

A economia não é uma ciência ideológica, como quer ideológico inexiste nesses paí-
certa corrente política, nem uma ciência matemática, como pre- ses.
tendem os econometristas. É evidente que a Matemática é um A consequência é
bom instrumental auxiliar, não mais que isto, enquanto a ideolo- que, no governo Dilma, jamais
gia é um excelente complicador. A economia é, fundamental- os prognósticos deram certo.
mente, uma ciência psicossocial, que evolui de acordo com os Têm seus ministros econômi-
impulsos dos interesses da sociedade, cabendo ao Estado ga- cos a notável especialidade de
rantir o desenvolvimento e o equilíbrio social, e não conduzi-la, sempre errarem seus prognósti-
pois, quando o faz, atrapalha. cos, o que dá insegurança aos
Por outro lado, o interesse público, em todos os tempos agentes econômicos e desfigura o
históricos e períodos geográficos, se confunde, principalmente, governo. Os 4,5% de crescimento do
com o interesse dos detentores do poder, políticos e burocratas, PIB para 2011 ficaram torno de 2,5%. Os
que, enquistados no aparato do Estado, querem estabilidade e 4% prometidos para 2012 ficarão ainda pior, ou seja, pouco aci-
bons proventos, sendo o serviço à sociedade um mero efeito ma de 1%.
colateral (vide meu “Uma breve teoria do poder”, Ed. RT). A política energética - em que o governo pretende seja
Por esta razão, o tributo é o maior instrumento de do- reduzido o preço da energia pelo sacrifício das empresas, e não
mínio, sendo uma norma de rejeição social, porque todos sabem pela redução de sua esclerosadíssima máquina pública - poderá
que o pagam mais para manter os privilégios dos governantes, levar à má qualidade de serviços e desistências de algumas
do que para que o Estado preste serviços públicos. A carga tribu- concessionárias de continuarem a prestar serviços. A Petrobrás,
tária é, pois, sempre desmedida, para atender os dois objetivos. por exemplo, para combater a inflação, provocada, principal-
Na super-elite nacional, representada pelos governan- mente pela máquina pública, tem seus preços comprimidos.
tes, o déficit previdenciário gerado para atender menos de 1 mi- Nem mesmo a baixa de juros está permitindo combater a infla-
lhão de servidores aposentados foi superior a 50 bilhões de re- ção, com o que terminaremos o ano com baixo PIB e inflação
ais, em 2011; enquanto para os cidadãos de 2ª. Categoria - o acima da meta.
povo -, foi de pouco mais de 40 bilhões, para atender 24 milhões Finalmente, a opção ideológica pelo alinhamento com
de brasileiros!!! governos como os da Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina
Numa arrecadação de quase 1 trilhão e quinhentos bi- tem feito o Brasil tornar-se o alvo preferencial dos descumpri-
lhões de reais (35% do PIB brasileiro), foram destinados à de- mentos de acordos e tratados por parte desses países, saindo
cantada bolsa família menos de 20 bilhões de reais! Em torno de sempre na posição de perdedor.
1% de toda a arrecadação!!! O grande eleitor do Presidente Lula Muitas vezes tenho sido questionado, em palestras,
e da Presidente Dilma não custou praticamente nada aos Erários porque o Brasil, com a dimensão continental que tem, em vez de
da República. relacionar-se, em pé de igualdade, com as nações desenvolvi-
O poder fascina! No Brasil, há 29 partidos políticos. das, prefere relacionar-se com os países de menor desenvolvi-
Mesmo consultando os grandes filósofos políticos desde a anti- mento, tornando-se presa fácil de políticas estreitas, nas quais
guidade até o presente, não consegui encontrar 29 ideologias raramente leva a melhor. Tenho sugerido que perguntem à pre-
políticas diferentes, capazes de criar 29 sistemas políticos autên- sidente Dilma.
ticos e diversos. Desde Sun Tzu, passando por indianos, pré- Como a crise europeia não será solucionada em 2013,
-socráticos, a trindade áurea da filosofia grega (Sócrates, Platão como os investidores estão se desinteressando pelo País, por
e Aristóteles), pelos árabes Alfarabi, Avicena e Averróis e os pa- força desta aversão dos governantes brasileiros ao lucro, e com
trísticos e autores medievais, entre eles Agostinho e São Tomás, os investimentos em consumo, beneficiando, inclusive, a impor-
e entrando por Hobbes, Locke, Montesquieu, Hegel até Prou- tação, e não a produção e o desenvolvimento de tecnologias
dhon, Marx, Hannah Arendt, Rawls, Lijphart, Schmitt e muitos próprias, chegamos a uma encruzilhada.
outros, não encontrei 29 sistemas políticos distintos. Bom seria se os Ministros da área econômica deixas-
Ora, 29 partidos políticos exigem de qualquer governo sem de fazer previsões sempre equivocadas e que a Presidente
a acomodação de aliados e tal acomodação implica criação de Dilma procurasse saber por que os outros países estão receben-
Ministérios e encargos burocráticos e tributários para o contri- do investimentos e o Brasil não. Como dizia Roberto Campos,
buinte. O Brasil tem muito mais Ministérios que os Estados Uni- no prefácio de meu livro “Desenvolvimento Econômico e Segu-
dos. rança Nacional – Teoria do limite crítico”, “a melhor forma de
Por esta razão, suporta uma carga tributária indecente evitar a fatalidade é conhecer os fatos”.
e uma carga burocrática caótica para tentar sustentar um Esta-
do, em que a Presidente Dilma não conseguiu reduzir o peso da
Dr. Ives Gandra da Silva Martins é Professor Emérito das
Administração sobre o sofrido cidadão. Universidades Mackenzie, UNIP, UNIFIEO, UNIFMU, do CIEE/O
E os detentores do poder, num festival permanente de ESTADO DE SÃO PAULO, das Escolas de Comando e Estado-
auto-outorga de benesses, insistem em aumentar seus privilé- -Maior do Exército - ECEME e Superior de Guerra - ESG; Professor
gios, como ocorre neste fim de ano, com a pretendida contrata- Honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de
ção de mais 10.000 servidores e aumentos em cascata de seus Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia); Doutor Honoris Causa da
Universidade de Craiova (Romênia) e Catedrático da Universidade
vencimentos. do Minho (Portugal); Presidente do Conselho Superior de Direito da
Acresce-se a este quadro a ideológica postura de que FECOMERCIO - SP; Fundador e Presidente Honorário do Centro
os investidores no Brasil não devem ter lucro, ou devem tê-lo em de Extensão Universitária.
níveis bem reduzidos. Resultado: México e Colômbia têm rece-
bido investidores que viriam para o Brasil, pois tal preconceito
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VIAGEM FANTÁSTICA
ELIANA VILLELA

Uma das viagens mais pitorescas e fascinantes que Uma das hipóteses é de que os antigos e estranhos
fiz foi à Ilha de Páscoa, também chamada Rapa Nui (Ilha habitantes dessa ilha tinham um poder mental muito desen-
Grande) pelos nativos. Situa-se ao Sul do Pacífico, perten- volvido e que, através de concentração, anulavam a gravida-
cendo ao grupo de ilhas dos mares do sul, sendo possessão de, podendo dessa maneira transportar os imensos blocos de
do Chile. pedra para qualquer parte.
Na tarde do dia de Páscoa, no ano de 1722, o holan- A escrita desse povo, semelhante à chinesa, deno-
dês Roggeeven e seus companheiros foram os primeiros eu- mina-se PETRÓGLIFOS e é a única do mundo indecifrável.
ropeus a navegar por aquelas águas. Foi visitada mais tarde Os nativos são calmos e simpáticos, preocupando-
por espanhóis, ingleses, americanos, russos e pelo francês -se, apenas, em ter muitos filhos (às vezes, 12), em pescar,
La Pérouse em 1876. O valor histórico e arqueológico da ilha fazer colares de conchas e sementes para vendê-los aos tu-
é enorme, sendo fonte de pesquisa de cientistas e estudiosos ristas e esculpir estátuas em madeira para o mesmo fim. Fa-
de todo o mundo. lam o castelhano e quando resolvem conversar na língua
Fomos levados lá por um avião da Lan Chile e de- nativa, esta é rica em consoantes.
pois de, aproximadamente, 4h40min de viagem, aterrissa- A base da alimentação é o peixe. Encontrei muitas
mos num aeroporto bem pobre sob os olhares curiosos dos goiabeiras na ilha e batata, semelhante à que comemos, mas
nativos. ela é maior, mais amarela e tem um gosto bem adocicado.
Ficamos hospedados no hotel da ilha, o Hanga Roa, Visitamos o museu arqueológico, o hospital e a es-
desfrutando de uma beleza ímpar, rodeados de mistérios e colinha da ilha, bem rústicos. Lá não há neuroses, nem polui-
lendas que a ciência, ainda, não conseguiu elucidar. ção e tudo nos convida à paz interior, pois paira no ar alguma
As crateras pacíficas dos extintos vulcões, o mar de coisa diferente,
águas cristalinas, de um azul-cobalto magnífico, formam um misteriosa, medi-
contraste perfeito com as rochas vulcânicas negras e a areia tativa e complexa
branca fininha com grãos cor-de-rosa. nesta ilhota de
Há em toda parte estátuas gigantescas, de forma hu- pedra vulcânica.
mana, dispostas em grupos, medindo de 11 a 12 metros de Va m o s
altura e pesando até 70 toneladas. encontrar nossa
Percorremos a ilha de ponta a ponta acompanhados ilha interior?
por um guia que nos mostrou uma estátua deitada no sopé da
montanha, apenas esboçada e não concluída e que mede 22
metros de comprimento. Estes gigantes de pedra são chama- Eliana Villela é
dos MOAIS. artista plástica,
Como podiam esculpir essas estátuas com ferra- musicista,
mentas tão rudimentares e como faziam para transportá-las escritora e
de um lado para outro? poetisa

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PREOCUPANTE REALIDADE
MYRIA MACHADO BOTELHO

Não sem razão, apoderou-se da Brasil, no Rio de Janeiro, arriscando a


dos brasileiros um sentimento de despre- vida no meio do intenso tráfego, bem
zo pelos políticos que passaram a signifi- como as cenas de horror vividas pelas
car corrupção, embora haja exceções crianças e parentes dos policiais, assassi-
louváveis. Nesta última eleição, o número nados em série e sumariamente pelos
de abstenções foi grande, por conta des- chefões do crime organizado em São
sa desconfiança. Paulo.
O desvio do dinheiro público, fei- O Brasil precisa mudar, urgente-
to por esses vilões da Pátria, somando mente, seus rumos e adotar medidas
bilhões de reais, foi estarrecedor e as con- mais simples e eficazes, sem muitas teo-
sequências ai estão: somente os desavi- rias e burocracias no papel, aprovando
sados e mal informados não enxergam a leis urgentes de prevenção, em primeiro
que situação fomos reduzidos nos setores lugar, de punição exemplar aos malfeito-
mais fundamentais de uma nação, aque- res, adotando a tolerância zero; de trata-
les que comandam seu bom andamento: mento e internação condignos aos vicia-
educação, segurança e saúde. Toda esta dos; de projetos educacionais mais
fortuna desviada seria suficiente para sa- amplos e inteligentes, sob a tutela de pro-
nar grande parte de nossas misérias. E a fissionais idealistas e competentes, bem
sensação não poderia ser outra, a do des- remunerados e com tempo necessário
governo. Professores sem formação e para oferecerem às novas gerações o es-
competência, ao lado de muita carência, tímulo e o conhecimento que lhes abrirão
pois são poucos os que buscam a profis- as portas às suas aspirações.
são; policiais venais; profissionais de saú- A medida mais urgente, porém,
de desestimulados, tudo porque a remu- é o saneamento de base na política, cujo
neração não é condizente com a modelo e o mau exemplo contaminaram
importãncia das funções que exercem. as instituições. O julgamento do Mensa-
Em todo país civilizado e humano, estas lão trouxe-nos um alento e uma esperan-
classes, altamente conceituadas e remu- ça. Embora seja um saneamento de lon-
neradas, não precisam de suborno. go prazo, os juízes de toga vêm
Nessa última década, os brasi- demonstrando com vigor o que se pode e
leiros primaram pela passividade como se deve fazer, com determinação e coragem.
estivéssemos num mar de rosas, iludidos Além disso, este exemplo deve-
pelos benefícios naturais da Economia rá também interferir na maneira de se efe-
aparentemente estável que estimulou o tuar uma eleição, em que os elementos
consumo ao ponto da inadimplência de sejam reconhecidos e eleitos, por eleito-
muitos. Um descuido imperdoável da par- res mais conscientes e informados no
te do governo que depositou na economia quesito moralidade, diversamente do que
todos os trunfos, negligenciando o bem ocorreu nas últimas eleições.
comum, mais importante que tudo. O índi-
ce de violência e de dependência das dro-
gas tornou-se assustador e incontrolável, Myria Machado Botelho é jornalista,
como o que vivemos agora. As imagens poetisa, cronista e escritora
apontadas pela Mídia, nestes últimos
dias, são assustadoras. Os viciados em
crack, fugindo em debandada pela Aveni-

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SAUDADE

HERNÂNI DONATO

O Brasil perdeu em novembro o das"). Um destaque de sua carreira ocor-


escritor, historiador, jornalista, tradutor e reu em 1965, com a tradução oficial para
roteirista, Hernâni Donato. Nós, da Revis- o Português do clássico "A Divina Comé-
ta Santos Arte e Cultura, perdemos um dia", de Dante Alighieri.
amigo, colaborador e um dos maiores in- Donato foi ainda presidente do
telectuais brasileiros. Instituto Histórico e Geográfico de São
Logo cedo, Hernâni Donato deu Paulo, colaborou com jornais e revistas,
mostras de seu marcante talento. Aos 11 inclusive a Santos Arte e Cultura, onde
anos de idade, lançou em Botucatu (SP), publicou artigos, contos e crônicas, e
sua terra natal, o livro infantil "O Tesouro", atuou na TV.
publicado em capítulos no suplemento li- Desde 1972, o escritor ocupa-
terário do jornal "Diários Associados". va a cadeira 20 na Academia Paulista de
Passou a vida escrevendo e en- Letras.
cantando em prosa e verso, com total do- Donato lutava contra um câncer
mínio sobre todos os gêneros literários. de próstata havia 20 anos. Partiu em 22
Escreveu infantis ("Apuros do Macaco de novembro, após falência múltipla dos
Pium"), juvenis ("História do Calendário"), órgãos, aos 90 anos. Deixou viúva, três
históricos ("Dicionário das Batalhas Brasi- filhos, quatro netos e um séquito de admi-
leiras"), biografias ("Vital Brasil") e roteiros radores e amigos.
para cinema ("O Caçador de Esmeral-

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PROFISSIONAIS DA ESCRITA
CLÁUDIO DE CÁPUA
Após 46 anos de lides jornalís- nal, indague a si mesmo se tem tendên-
ticas e literárias, com onze anos em pro- cia ao faquirismo, se gosta de jejuar, se
dução de TV e alguns livros publicados, quer fazer penitência pelo resto de sua -
cheguei à conclusão de que gerações de vida. Se a resposta for sim, então tem
jornalistas e literatos ao correr do tempo, vocação para ser escritor ou jornalista.
sentindo-se o máximo, passam a rasgar Vá em frente, vale a pena e seja o que
elogios entre si. Deus quiser.
Aqui cabe uma observação: se
você não pretende tornar-se um profis- Cláudio de Cápua é aviador, jornalista e
sional da bela arte de escrever e uma escritor. Pertence ao Instituto Histórico e
Geográfico de Santos, à Academia
vez ou outra só quer publicar como cola-
Paulistana de História. É sócio-fundador
borador , uma crônica ou um conto, tudo da União Brasileira de Trovadores - Se-
bem; basta ter cultura média, ler bastan- ção de São Paulo. www.de-capua.com
te e escrever correta-
mente.
Nunca se es-
queça que a nação
brasileira precisa mui-
to de técnicos alta-
mente especializados
e cientistas, não ape-
nas de mestres da es-
crita.
Mas se, mes-
mo depois deste co-
mentário, você ainda
achar que tem voca-
ção para ser jornalista
ou escritor profissio-

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FIEL (GUERRA JUNQUEIRO)
Há 90 anos, deixou-nos um dos maiores intelectuais portugueses,
Guerra Junqueiro. Bacharel formado em Direito pela Universidade de Coim-
bra, alto funcionário administrativo, político, deputado, jornalista e escritor. Foi
o poeta mais popular da sua época. Sua poesia ajudou criar o ambiente revo-
lucionário que conduziu à implantação da República.
Sua sensibilidade imprimiu marcas profundas em sua obra. Para
homenageá-lo, publicamos um trecho do poema Fiel, onde relata a ingratidão
de um homem que, ao enriquecer, abandona valores dentre os quais a amiza-
de de seu cão e companheiro de horas dificeis. Em contrapartida, Fiel, fazen-
do juz ao nome, demonstra até o fim seu amor e lealdade.

É preciso acabar com tanta impertinência,


Que esta besta está podre, e vai cheirando mal !"
E, pousando-lhe a mão cariciosamente,
Disse-lhe com um ar de muito bom amigo :
"Ó meu pobre Fiel, tão velho e tão doente,
Ainda que te custe anda daí comigo."
E partiram os dois. Tudo estava deserto.
A noite era sombria ; o cais ficava perto ;
...E disse-lhe : - "Fiel, partamos para casa : E o velho condenado, o pobre lazarento,
Tu és o meu amigo, e eu sou o teu irmão. -" Cheio de imensas mágoas
E viveram depois assim por longos anos, Sentiu junto de si um pressentimento
Companheiros leais, heroicos puritanos, O fundo soluçar monótono das águas.
Dividindo igualmente as privações e as dores. Compreendeu enfim! Tinha chegado à beira
... Da corrente. E o pintor,
Mas um dia a Fortuna, a deusa milionária, Agarrando uma pedra atou-lh’a na coleira,
Entrou-lhe pelo quarto, e disse alegremente : Friamente cantando uma canção d’amor.
"Um génio como tu, vivendo como um pária, E o rafeiro sublime, impassível, sereno,
Agrilhoado da fome à lúgubre corrente ! Lançava o grande olhar às negras trevas mudas
Eu devia fazer-te há muito esta surpresa, Com aquela amargura ideal do Nazareno
Eu devia ter vindo aqui p’ra te buscar ; Recebendo na face o ósculo de Judas.
Mas moravas tão alto ! E digo-o com franqueza Dizia para si : "É o mesmo, pouco importa.
Custava-me subir até ao sexto andar. Cumprir o seu desejo é esse o meu dever :
Acompanha-me ; a glória há de ajoelhar-te aos pés !..." Foi ele que me abriu um dia a sua porta :
E foi ; Morrerei, se lhe dou com isso algum prazer.
Depois, subitamente
... O artista arremessou o cão na água fria.
E ao dar-lhe o pontapé caiu-lhe na corrente
Mas aí ! O dono ingrato, o ingrato companheiro, O gorro que trazia
Mergulhado em paixões, em gozos, em delícias, Era uma saudosa, adorada lembrança
Já pouco tolerava as festivas carícias Outrora concedida
Do seu leal rafeiro. Pela mais caprichosa e mais gentil criança,
Passou-se mais um tempo ; o cão, o desgraçado, Que amara, como se ama uma só vez na vida.
Já velho e no abandono, E ao recolher à casa ele exclamava irado :
Muitas vezes se viu batido e castigado "E por causa do cão perdi o meu tesouro !
Pela simples razão de acompanhar seu dono. Andava bem melhor se o tinha envenenado !
Como andava nojento e lhe caíra o pelo, Maldito seja o cão! Dava montanhas d’oiro,
Por fim o dono até sentia nojo ao vê-lo, Dava a riqueza, a glória, a existência, o futuro,
E mandava fechar-lhe a porta do salão. Para tornar a ver o precioso objecto,
Meteram-no depois num frio quarto escuro, Doce recordação daquele amor tão puro."
... E deitou-se nervoso, alucinado, inquieto.
Não podia dormir.
Até que um dia, enfim, sentindo-se morrer, Até nascer da manhã o vívido clarão,
Disse "Não morrerei ainda sem o ver ; Sentiu bater à porta ! Ergueu-se e foi abrir.
A seus pés quero dar meu último gemido..." Recuou cheio de espanto : era o Fiel, o cão,
Meteu-se-lhe no quarto, assim como um bandido. Que voltava arquejante, exânime, encharcado,
E o artista ao entrar viu o rafeiro imundo, A tremer e a uivar no último estertor,
E bradou com violência : Caindo-lhe da boca, ao tombar fulminado,
"Ainda por aqui o sórdido animal ! O gorro do pintor!

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ISABEL, ALBERTO E
FRANCISCO
OS MAIORES BRASILEIROS
DE TODOS OS TEMPOS
LAURET GODOY

Isabel nasceu no Rio de Ja- deu dirigibilidade aos balões, inventou


neiro, no Palácio de São Cristóvão, no o avião, e, como herói de dois países -
dia 29 de julho de 1846. Primeira filha França e Brasil - recebeu diversas hon-
de D. Pedro II, imperador do Brasil, rarias e ganhou prêmios. Com seu in-
tornou-se herdeira do trono. A princesa vento aperfeiçoado, gerando outros
deliciava-se nas férias que passava em aparelhos mais potentes, o pequeno
Petrópolis, ou “Cidade de Pedro”, onde Alberto permitiu que o mundo material
estava localizada a residência de verão fosse descortinado. Ele desfraldou,
do imperador. Isabel casou com o fran- com galhardia, a bandeira do Amor à
cês Gastão de Orleans, Conde D’Eu, Ciência.
também de família real. Como regente Enquanto Alberto brilhava em
do Império do Brasil, em maio de 1888, Paris, nascia Francisco no Brasil, na
foi da linda Petrópolis que ela desceu cidade mineira de Pedro de Toledo.
para o Rio de Janeiro a fim de sancio- Era dia 02 de abril de 1910. De família
nar a Lei Áurea, que aboliu a escravi- numerosa, pais muito pobres, Francis-
dão no Brasil. Mulher de pensamento co não recebeu a educação primorosa
arrojado, defendeu o voto feminino, a de Isabel, nem pilotou balões como Al-
reforma agrária, foi a primeira senado- berto. Sua estrada, desde os primeiros
ra do Brasil e grande figura feminina da trechos, foi marcada por orfandade,
vida política brasileira. Com a Procla- lágrimas, humilhação, castigos, sofri-
mação da República, passou a residir mento e resignação.
na França. Porém, o coração da prin- Como era judiado o pequeno
cesa esteve sempre voltado para o Francisco! Francisco possuia o dom de
Brasil, Pátria querida, onde ela desfral- ver cenas que os outros não viam. Aos
dou com alegria e coragem a bandeira dezessete anos de idade foi apresen-
do AMOR À LIBERDADE para, debaixo tado ao Espiritismo, doutrina codifica-
dela, abrigar milhares de escravos afri- da por Allan Kardec, e transformou-se
canos. em um dos maiores e mais incansáveis
Em Paris, muitas vezes, a médiuns que o mundo conheceu.
Princesa Isabel olhou para o céu e viu Nesse confronto de heróis da
lá em cima, presa à barquinha de um história brasileira, o AMOR de Francis-
balão, uma flâmula nas cores verde e co venceu a LIBERDADE de Isabel e a
amarela a informar que ali estava um CIÊNCIA de Alberto.
brasileiro. Esse homem, considerado A bela vitória do Amor visto
na época o maior esportista da América por três prismas.
do Sul, era Alberto Santos Dumont. Ele Isabel, Alberto e Francisco...
nasceu em Minas Gerais, no sítio de
Cabangu, distrito de João Gomes, no Lauret Godoy é professora, pesquisa-
dia 20 de julho de 1873. A genialidade dora e renomada escritora. Embaixa-
de Alberto aflorou no Brasil, mas foi em dora de Santos Dumont, no programa
Paris que frutificou. Na França, Alberto do SBT, em 2011.

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UMA CONJUNÇÃO INÉDITA
ALBA CHRISTINA

Eles eram terapeutas, trabalhavam com m a g i a céu, fugiram com ele para bem longe... e ele só foi en-
natural e se guiavam pelos astros, isto há alguns séculos contrado pelos nossos guias. E abençoado, protegido, ele
atrás, num mundo onde hoje estão localizados países dife- seguiu seu destino.
rentes, mas provavelmente advindos das mesmas raças. Nossos guias, vindos de longe, estavam com a mis-
Estudando o céu, sabiam que, quando acontecia certa con- são cumprida. Os astros haviam-nos guiado ao seu destino.
junção de astros, estava para vir ao mundo um ser muito Depois, ninguém mais soube deles. Astros? Boba-
especial. E naquela época o mundo esperava o Messias, o gem, dizem muitos. Terapeutas? Isso é crendice, supersti-
Salvador e Redentor do mundo. Estudando, prepararam-se ção. Os presentes que levaram ao pequeno ser? Talvez, al-
para ir ao encontro do divino Ser. Prepararam presentes, guma coisa interessante permaneça, pois que, alguns
um representando a parte material da vida que ele iria ter, deles, até hoje são muito usados por todo mundo.
outro, a parte espiritual, a mais importante, e um terceiro, Ficaram no esquecimento? Jamais. São lembrados
representando as provações pelas quais ele iria passar nes- e celebrados, eternamente, na figura de três reis, que, su-
te plano. postamente seguindo uma estrela brilhante, encontraram
Assim, seguiram viagem até o ponto onde poderia uma manjedoura, onde estava deitado o prometido Messias,
estar o esperado Ser. Demoraram, custaram a chegar, mas envolto em panos, junto aos pais e aos animais que tam-
finalmente chegaram ao ponto. A procura não foi assim tão bém o adoravam, e guardado por um anjo. Depositaram aos
fácil, como poderia parecer. Houve até um rei malvado que, seus pés os presentes, representando a matéria, o espírito,
sabendo que eles estavam à procura de um ser muito espe- e as provações deste mundo: ouro, incenso e mirra.
cial, e pela idade que este deveria ter, mandou matar todos
os meninos daquela idade.... Alba Christina é jornalista, trovadora, poetisa e escritora.
Mas os pais do nosso escolhido, avisados pelo
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NOTAS CULTURAIS
NOTAS CULTURAIS
50 ANOS DO MOVIMENTO DE ARREGIMENTAÇÃO FEMININA
Homenagem aconteceu no IHGS e em jantar festivo no Tênis Clube

Em junho de 2012, o Movi-


mento de Arregimentação Feminina,
núcleo de Santos, entidade cívico-so-
cial, presidida na atualidade por Diná
de Oliveira, comemorou 50 anos de
fundação valorizada pelo relevante tra-
balho de suas associadas, em prol da
democracia e da Pátria brasileira.
Ao encerrar-se o ano, através
do Presidente Paulo Monteiro Gonza-
lez, o Instituto Histórico e Geográfico
de Santos, associando-se às comemo-
rações alusivas à data, promoveu noi-
te festiva no dia 27 de novembro, inicia-
da com palestra da ex-Presidente, Presidente do MAF, Diná Ferreira Oliveira e Maria Lúcia, conselheira e coordenadora do
Bem Estar Social da entidade, ladeando a palestrante.
Carolina Ramos, também mafista, que
exaltou a atuação da entidade, sempre
dirigida por mulheres que, no decorrer
destes 50 anos, enalteceram com seu
trabalho as lides da nossa Santos.
Antes do coquetel que encer-
rou a cerimônia, o Coral Franceschini
fez- se ouvir, sob a regência da Profa.
Sandra Regina Henriques. À presiden-
te do MAF foi entregue Diploma do Ins-
tituto que oficializou a homenagem.
Carolina recebendo flores da musicista Paulo Monteiro, presidente do IHGS, entre
JANTAR FESTIVO Marlene Akel Diná e Maria Lúcia.
Foi realizado pelo Movimento
de Arregimentação Feminina - MAF, no O evento contou com a pre- O Jantar, como todos os even-
dia 05 de dezembro, no Tênis Clube de sença de mafistas e convidados, com tos do MAF, transcorreu num clima de
Santos, Jantar de Confraternização e lindíssima decoração da Gardênia Flo- muita alegria e confraternização e mar-
Homenagem às Mafistas que completa- res e Buffet com serviço de atendimen- cou o encerramento das comemora-
ram 25 anos de associadas. to e qualidade impecáveis. ções dos 50 anos de sua fundação.

A POESIA ESTÁ DE LUTO


VERÃO EM SANTOS •­ Faleceu em Portugal, em dezembro/12,
aos 88 anos, o poeta alagoano Lêdo Ivo,
As tradicionais tendas de verão, instaladas deixando amplo legado poético. Suas cin-
pela Prefeitura ao longo da orla, já estão em pleno zas trasladadas para o Brasil recebem
funcionamento para a alegria dos santistas e turis- as devidas homenagens da ABL. Lêdo Ivo
tas. deixa vaga a Cadeira que ocupava, desde
PROGRAMAÇÃO 1986, como sucessor de Origenes Lessa.
Tendas 1 e 2: das 10h às 11h30 e das 14h30 às 16h com atividades lite- Uma perda bastante significativa para
rárias; nossas Letras.
Tenda 3: das 10h às 11h30 e das 14h30 às 16h, com oficinas culturais
diversas (escultura em areia, teatro, artes plásticas, etc); • Neste 15 de janeiro, novamente a poe-
Tenda 4: das 10h às 11h30 e das 14h30 às 16h com dança; sia é ferida, em particular a trovadoresca,
Tenda 5 - das 9h às 16 h, com esportes. com o adeus do poeta Ademar Macedo,
No período noturno, todas as tendas funcionarão de terça a sex- Natal-RN. Sua coluna virtual, Mensagens
ta, das 19h às 22h, com o tradicional happy hour, onde grupos locais to- Poéticas, chegada aos primeiros albores
cam diversos gêneros musicais. Já aos sábados e domingos ocorrerão do dia às telas dos computadores, fize-
os Bailes nas Tendas, com bandas da região executando repertório va- ram-no ser conhecido como "O Poeta do
riado, das 19h às 23h. Amanhecer". A lembrança do seu talento,
Localização das tendas: da sua simpatia e a ausência do seu in-
Tenda 1 - Pompéia, próxima ao Posto 2; tenso trabalho de divulgação da poesia
Tenda 2 - Gonzaga, imediações da Rua Carlos Afonseca; abrem uma lacuna difícil de ser preenchi-
Tenda 3 - Boqueirão, proximidades da Avenida Conselheiro Nébias; da. A partida de Ademar deixa tristeza e
Tenda 4 - Embaré, em frente à Rua Oswaldo Cochrane; muita saudade!
Tenda 5 - Aparecida, em frente ao Colégio Escolástica Rosa.
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F

Espaço do Livro
CLÁUDIO DE CÁPUA

VEREDAS DA CAMINHADA
de CAIO PORFÍRIO CARNEIRO

Li e reli o livro e gostei muito dele. O autor deixa sua


marca em cada linha, caracterizando cada conto.
Das primeiras páginas até o fim da agradável leitura,
há um desfile colorido de personagens, sons e imagens. Caio
Porfírio Carneiro, nascido em Sobral, é um orgulho do estado
do Ceará, nas letras pátrias.
Parabéns, Caio Porfírio Carneiro.

FLORES, CORES E AMORES A FORÇA DA PALAVRA


MARLY BARDUCO PALMA JOÃO COSTA

A Força da Palavra é
Flores, Cores e Amores é obra do jornalista e tro-
uma coletânea de poemas vador João Costa e
haicai, técnica de poetar ja- traz de modo acessível
ponesa, que consiste em ex- orientações e técnicas
pressar emoção em até três de como utilizar as pa-
linhas e dezessete sílabas. lavras e o desejo sin-
Marly, depois de participar cero para reprogramar
de diversas antologias, lan- sua vida de forma po-
ça seu primeiro voo solo sitiva e vencedora.
nesse gênero que tanto
aprecia.

BRANQUINHA - BÁRBARA LEITE

Branquinha conta a história de uma conhecida


casa em Santos, o casarão branco da praia,
hoje Pinacoteca Benedito Calixto, de uma for-
ma mais lúdica e voltada ao público infanto-ju-
venil. A escritora Bárbara Leite trabalha na Pi-
nacoteca e a ideia nasceu do contato com o
público escolar que frequenta o local. Desse
modo, pretende que compreendam e preser-
vem a história da casa que hoje é uma patrimô-
nio cultural da cidade de Santos.

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