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SUPERFÍCIE DO CONCRETO
SILVIA TREIN HEIMFARTH DAPPER (1); ANGELA BORGES MASUERO (2); WILSON
KINDLEIN JÚNIOR (3)
RESUMO
Uma das características superficiais dos substratos que auxilia na adesão e aderência das
argamassas é a sua capacidade de molhamento da superfície. A molhabilidade dos
substratos irá depender tanto da sua composição química quanto da sua rugosidade, a
qual altera o ângulo de contato verificado para medir as tensões superficiais dos
substratos. Para substratos que receberão argamassa como revestimento, as tensões
superficiais devem ser as menores possíveis. Desta forma, este estudo teve como objetivo
verificar o ângulo de contato da gota de água com a superfície de concreto dosado para a
resistência à compressão de 35 MPa, quando moldado sobre diferentes materiais de
fôrmas, sendo estes: compensado, mdf, compensado naval, laminado melamínico,
polipropileno e aço. Foi utilizado o goniômetro para a verificação do ângulo de contato,
que se mostraram com diferenças significativas quanto ä capacidade de molhabilidade das
superfícies. Sendo assim, esse trabalho demonstra que a correta escolha do material da
fôrma pode influenciar na aderência das argamassas de revestimento.
ABSTRACT
One of the characteristics of the substrate surface which aids in the adhesion and
adherence of mortars is the wetting ability of the surface. The wettability of the
substrates will depend both on its chemical composition and its roughness, which
changes the contact angle, and the interactions between the mortar and the substrate
should have the smallest possible surface tensions. Thus, this study aimed to verify the
contact angle of the concrete surface dosed to the compressive strength of 35 MPa,
when framed formwork on different materials, namely: plywood, MDF, plywood with
phenolic resin, melamine laminate, polypropylene and steel. The goniometer
equipment for checking the contact angle, which showed significant differences in the
ability of wettability of the surfaces, was used. Thus, this work demonstrates that the
correct choice of formwork material can influence the adhesion of the mortar coating.
Além dos materiais tradicionais, também podem ser usados compensados com
revestimento em resina fenólica, conhecido como compensado naval. O compensado
naval tem sido utilizado devido à facilidade de desforma, sem a necessidade de se
utilizar desmoldante. Outra opção para a confecção das fôrmas é o MDF (Medium-
Density Fiberboard) que, quando comparado ao compensado e a madeira, tende a
apresentar uma superfície mais lisa ao concreto e também pode receber revestimento
como o laminado melamínico, tornando-o impermeável.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Foram cortadas três placas de cada tipo de material para forrar o fundo das fôrmas,
sendo estes: compensado, mdf, compensado naval, laminado melamínico,
polipropileno e aço. Cada placa dessas possuía a dimensão de 100 x 100 mm. Foram
moldados dezoito blocos no tamanho de 100 x 100 x 50 mm, ou seja, três corpos-de-
prova para cada tipo de material de fundo da fôrma.
Para o concreto foi utilizado um cimento do tipo CPII-Z, agregado graúdo com módulo
de finura de 7,11, dimensões variando entre 9,5 – 25 mm, massa específica de
2,98g/cm³ e massa unitária de 1,38g/cm³ e agregado miúdo com módulo de finura de
2,26, com diâmetro máximo de 2,4mm, massa específica de 2,64g/cm³, massa unitária
de 1,5g/cm³ e absorção de água de 1,05%. O proporcionamento cimento/agregados
correspondente à 1:3,5 conforme tabela 1.
O concreto foi misturado numa betoneira de eixo horizontal, depositado nos moldes
mencionados e compactados utilizando-se de mesa vibratória durante 15 segundos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 3.
Percebe-se que, num contexto geral, as superfícies dos concretos apresentaram baixo
ângulo de contato, mostrando a capacidade de alta molhabilidade da superfície. É
válido destacar os valores médios de ângulos obtidos para a superfície moldada sobre
a madeira compensada, que dentre todas as amostras formaram os maiores ângulos
de contato e pode vir a diminuir a capacidade de molhabilidade da superfície. Na
Figura 4 é mostrada a análise da variância com os resultados médios e os respectivos
desvios padrões dos ângulos de contato formados sobre as superfícies dos concretos
moldados sobre diferentes materiais de fôrmas.
32
30
28
26
Ângulo de contato
24
22
20
18
16
14
12
10
Aço PP Comp. Naval
MDF Compensado Lam. Melamínico
Material da fôrma
Conforme pode ser visto na Tabela 4, com a análise de médias de Fisher, e comparado
com a Figura 4, o compensado utilizado como material para fôrma se mostrou
significativamente diferente de todos os outros materiais utilizados, com mais de 5%
de confiabilidade, apresentando o maior ângulo de contato e menor hidrofilicidade. O
laminado melamínico, que apresentou melhor hidrofilicidade apresentou diferença
significativa quando comparado com o MDF e PP, demonstrando ser um material
interessante para ser utilizado como material para fôrma de concreto quando se visa a
capacidade de molhamento da superfície. Ainda, mesmo que o laminado melamínico
tenha se destacado dos demais materiais, quando comparado com o aço e
compensado naval, sua diferença estatística quando a hidrofilicidade não foi
significativa, podendo-se afirmar que a capacidade de molhabilidade da superfície dos
substratos moldados sobre estes materiais pode ser considerada de grande
similaridade.
Tabela 4: análise múltipla de médias de Fisher dos diferentes materiais de fôrmas para
o concreto e os ângulos de contato formados em suas superfícies.
Material 1 2 3 4 5 6
4. CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos no presente estudo e as análises realizadas, percebe-
se que a escolha apropriada do material da fôrma para a moldagem do concreto pode
influenciar no desempenho da superfície do substrato quanto à capacidade de
molhabilidade, que auxiliará na aderência de argamassas de revestimento. Apesar de
todos os resultados obtidos com o ensaio, utilizando-se do equipamento goniômetro,
terem se demonstrado hidrofílicos, algumas amostras do concreto, como aqueles
moldados sobre o compensado naval, aço e o laminado melamínico, apresentaram
maior potencial quanto à capacidade de molhabilidade da superfície. Percebe-se
também que a escolha do material da fôrma também dará características superficiais
visíveis diferenciadas para o concreto, exigindo acabamento posterior ou não. Dessa
forma, esse estudo comprova que é de extrema importância a escolha do material
mais adequado da fôrma para a moldagem do concreto e que mais estudos nessa área
precisam ser realizados.
5. AGRADECIMENTOS
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. KINDLEIN JUNIOR, W., HUBNER, A. B., STOLZ, C. M., & ALVES, A. K. Biônica e Design
de Superfície: Influência da textura na molhabilidade de superfícies naturais e
artificiais. São Luiz: P&D Design, 2012.
2. DAPPER, Silvia Trein Heimfarth. Desenvolvimento de textura bioinspirada no
líquen Parmotrema praesorediosum visando a adesão da argamassa de
revestimento em painéis de concreto. Dissertação de Mestrado. Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, 2013.
3. ROMERO, J. V. Adherencia al hormigón de morteros de diferentes bases químicas.
367p. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Universidade Politécnica de Madrid,
Madrid, 2010.
4. PRETTO, M.E.J. Influência da rugosidade gerada pelo tratamento superficial do
substrato de concreto na aderência do revestimento em argamassa. 180 p.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2007.
5. LIU, J. et al. Effect and mechanism of controlled permeable formwork on concrete
water adsorption. Construction and Building Materials, Volume 39, pp. 129-133,
2013.
6. HANNA, A. S.. Concrete formwork systems. Madison(Wisconsin): Marcel Dekker,
1998.
7. BAXI, C. K. Formwork – A Concrete Quality Tool. Singapore, CI-Premier PTE Ltda,
2011.
8. ABNT. NBR 5739: Concreto - Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos.
Rio de Janeiro: ABNT, 2007.
9. Asociación Mercosur de Normalización. NBR NM 67:96 - Concreto - Determinação
da consistência pelo abatimento do tronco de cone. Mercosul, 2006.