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A Formação do Superego

Demorou-se muito tempo para a psicanálise entender o desenvolvimento do


superego, mas foram com os pioneiros Sigmund Freud e Karl Abraham em entender a
depressão (chamada na época de melancolia) que se iniciou esse estudo. O principal
sintoma desse estado era a autocrítica “fulminante” de que sofriam os seus pacientes,
acusando-se de não valerem nada, de maldade, de indelicadeza, de não se
importarem com ninguém, chegando muitas vezes ao ódio a si mesmo.
Abraham notou que este a depressão era muito semelhante ao luto, pois os
dois estados eram uma resposta a uma perda de um objeto 1, mas diferentemente, na
melancolia havia uma grande hostilidade e raiva inconsciente, junto a uma auto-
acusação, grande perda de auto-estima e necessidade de auto-punição. Além de no
luto ocorrer um afastamento pouco a pouco do objeto perdido, até o enlutado ficar livre
para prosseguir sua vida, enquanto que na depressão isso não ocorre, devido ao
relacionamento do objeto se voltar ao paciente de forma narcisistica, ou seja, a perda
do objeto esta ligado intrinsecamente ao sujeito e devido a isso há uma perda também
para seu ego.
Ao formular essa teoria da internalizarão e identificação de figuras externas,
Freud criou um modelo de internalizarão das figuras parentais que se transformam no
superego. Em certas pessoas a perda não é sentida como perda, mas como mudança
no eu.
Essa formação ocorre ainda quando o paciente é criança, na criação ego
infantil com a autoridade paterna. Mas mais complicado que isso é a imagem que a
criança faz dos pais, com suas ordens e proibições, que afetaram profundamente seus
sentimentos, projetando assim a relação que a criança sente em relação aos pais para
a relação que ela sente com os outros. E é a partir desse momento que a criança
carregará dentro de si uma “voz” critica própria, projetada no paternal 2, chamada de
superego.
Portanto, como se dará essa relação de superego e indivíduo dependera de
como o sujeito lidará com suas complexas e intensas ligações emocionais no período
da sua infância, mesmo na vida adulta. Está formado o superego.

Referências Bibliográficas:
ROTH, Priscila. O Superego. Tradução TELLAROLI, Sergio. Ideas in
Psychoanalysis: the Superego. Ed. Segmento-Duetto, Rio de Janeiro, 2005.
YOUNG, Robert M. Complexo de Édipo. Tradução MENDES, Carlos. Ideas in
Psychoanalysis: Oedipus Complex. Ed. Segmento-Duetto, Rio de Janeiro, 2005.

1
Entende-se aqui “objeto” como algo ou coisa que nos inspira sentimento.
2
Não necessariamente que seja o pai biológico, mas uma figura paterna que impõe sua
autoridade, julgando as ações do indivíduo.

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