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Heteredoxia DR Milton Torres
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ISBN:978-55-99421-15-4
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de Teoi ogia-Bah
"Fraca e defeituosa corno possa parecer, a igreja é o
único objeto sobre que Deus concede em sentido
especial Sua suprema atenção.
Ellen G. White
Apresentação
H
eterodoxia significa um posicionamento que não é
defendido pelo establishment. Ou seja, uma teologia
heterodoxa é aquela que não é oficialmente professada
por uma denominação religiosa. Isso não significa, porém, que tal
posicionamento seja intrinsecamente falho ou destituído de valor.
Os historiadores da religião têm percebido que as posições
heterodoxas servem para fazer com que a ortodoxia seja refinada,
polida e aperfeiçoada. Alguns pensam que isso ocorreu, por
exemplo, com os debates teológicos, no contexto adventista, em
relação à relevância da doutrina do santuário, como resultado dos
posicionamentos heterodoxos de Desmond Ford: a compreensão
iki ventista tradicional dessa doutrina teria saído fortalecida do
debate. Às vezes, porém, mudanças profundas ocorrem na orto-
doxia e, em casos mais raros, a heterodoxia pode até mesmo
vonslituir-se numa nova ortodoxia. Por essa razão, um exame
cuidadoso dos posicionamentos heterodoxos é vital para o
( tese i mento na fé e na sistematização teológica.
• 1 )el. iLli incluir autores ex-acl ventistas porque alguns deles escreveram suas
1 1 I rd eng uaná) ainda em plena comunhão com a Igreja ou, erga°, porqUe SeUS
i'a th 1S lograra rn notoriedade na IASD.
14 1
”- HaCrOdOXil
E
ste livro heterodoxo, mas lançado por uma publicadora
denominacional, afirma, em sua introdução (p. 7-10) que
seu tema central é a relação de Deus com o mundo e a
liberdade humana. Sendo urna obra de teologia sistemática,
procura atingir um público geral, pois parte do pressuposto de
que todos somos, em certo sentido, teólogos. Sua tese central é a
de que Deus experimenta a realidade de forma aberta (p. 8). Por
isso, seu objetivo e revisar a doutrina de Deus, com dois propo-
silos: torná-la mais consistente e, ao mesmo tempo, mantê-la o
mais próximo possível da tradição cristã (p. 9). Ao fazer isso, o
autor se propõe a evitar dois perigos: o de exagerar nossa
■ opacidade de compreender a Deus (presunção) e o de exagerar
itt >sso incapacidade de compreendê-lo (preguiça espiritual).
O capítulo 1, "The conventional view of God" ("A
loinpreensão convencional de Deus", p. 11-20), trata da relação
Hete-a4oxia
WINN, Dick. His healing love, Washington, D. CL: Review & Herald,
I i)frÇ í 74 p.
H
is healing love é uma meditação matinal para jovens,
pertencente à série "Morning Watch" e publicada por
uma editora oficial da IASD. Na época da publicação da
obra, o autor era o diretor do Instituto Weimar, uma instituição
sql ucacional adventista na Califórnia.
it)s tra nd o-lhes quão totahnente ele aceitou a Jesus, e, então, dizendo: -
t .tios aceitarei da mesma forma (p. 55). Dessa forma, "Deus não quebra a
li quando age de modo redentivo e amoroso, pois o amor é, de fato, o
nu perativo da lei; alei defende o amor, ela não o faz prisioneiro" (p.139).
) autor alega, inclusive, ter dificuldades com a idéia de que Deus aceita
t ui) relacionamento substituto, pois, segundo ele (p. 183), a principal
purocupação de Deus é a restauração de seu relacionamento com o ser
III imano (e não o saldo no livro dos méritos). A idéia de que a expiação é
Ii ti iHr isecamente forense é, portanto, ofensiva a Deus e, ao mesmo
len tpo, ofensiva ao homem, pois o que interessa ao ser humano não é ter
a permissão legal de entrar no céu, mas ser capaz de desfrutar da
iIH pa nhia de Deus naquele ambiente espetacular (p. 194).
BRYANT, Wanda. Love and the color blind. Speclrum, v. 18, n. 2, p. 20-
1988.
P
e acordo com Provonsha, a teologia de urna igreja
remanescente nasceu, entre os adventistas, como uma
conseqüência direta do grande desapontamento pelo qual
ori mileritas passaram em 1844 quando, contrariamente a suas
rx pectativas, Jesus não retornou. Para os adventistas, 15C anos mais
I a rcle, um segundo grande desapontamento pode ser a irrelevância
teológica dessa doutrina de uma igreja remanescente, especial-
'write no que esta diz respeito a questões como a propiciação e o
ministério do santuário celestial. O autor adverte que esse segundo
desapontamento pode forçar inúmeros adventistas educados e
comprometidos a deixara igreja.
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Ninimescente", preferindo, em vez disso, a denominação de
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o escrever este artigo para a revista Spectrum, Scri-ven era
diretor do Columbia Union Colleg, faculdade mantida
pela IASD. O autor inclui, em epígrafe, a declaração de
kouschenbusch (1978, p. 279) de que "o evangelho social é a voz da
profecia". Segundo o autor (F). 31), a forma mais desastrosa de
interpretar a Deus é aquela que toma os cristãos introspectivos e
distanciados das questões de sua comunidade e da justiça social,
P411 alo esse um mal que assola principalmente as denominações mais
I 1liservadoras e f undamentalis tas. O autor atribui essa obsessão com
culpa e com a dimensão introspectiva da religião ao individualismo
(I X werbado que afeta as pessoas de nossa época.
5
teve Daily era o capelão da Universidade Adventista de La
Sien-a já havia quinze anos, quando escreveu este livro. Seu
trabalho pastoral tem sido voltado principalmente para o
11111blto e aconselhamento de jovens, o que o levou a fazer um PhD
Fm psicologia. Sua tese nesse doutorado teve como objeto de
aril tido o projeto Valuegenesis, uma pesquisa de amplo alcance
rtmlizada com jovens adventistas sobre os mais diversos temas e
tjglit custou à IASD um investimento de cinco milhões de dólares.
O Prefácio (p. xi-xv) da obra foi escrito por Tony Campolo,
UM professor evangélico do Eastern College, na Pensilvânia.
%mundo Campolo, a religião adventista é, hoje em dia, quase que
inteiramente reconciliável com a comunidade evangélica de modo
"tal. Para ele, as recentes descobertas da teoria da relatividade
aproximaram, consideravelmente, a idéia adventista de que uma
moina repousa na tumba até a volta de Jesus e a tradicional
rtincepção evangélica de que urna pessoa vai para a presença de
Itimim imediatamente após a morte. Com um conceito relativo de
FieterOCHX!
(11i) até que os sinais se cumpram. Para ele, essas idéias são defi-
cit91(es pelas seguintes razões: (i) a justiça humana não é suficiente
jlti ia operar a salvação (Is 64:6; Cl 5:16, etc); (ii) no passado, o
rvangelho já foi pregado a todo o mundo e Jesus não retornou (Rui
I O: IS); (iii) Jesus declarou que é uma geração ímpia e adúltera aque-
la que fundamenta sua fé em sinais (Mt 16:4; Jo 20:27-29). Por isso,
I )iiily afirma que a fé verdadeira reconhece que Jesus pode retornar
n qualquer momento e constantemente aguarda a concretização
(lesma esperança.
tese de. Niebuhr (1957), Daily (p. 255) afirma que o denomina
cionalismo nada mais é do que um reflexo do capitalismo: as pesso
as se convertem às igrejas populares (pentecostais e batistas), mi
gram para as igrejas de classe média depois de certo tempo
(metodistas e luteranos) e, quando obtêm sucesso financeiro, pa,-;
sarn para as igrejas de classe alta (presbiterianos e episcopais).
Segundo essa teoria, católicos e adventistas não percorrem essa
trajetória porque têm a característica comum, nos Estados Unidos,
de conseguirem acomodar bem as pessoas pertencentes a todos e:
níveis sociais. Daily conclama os líderes da EASD a redefinirem a
teologia adventista de mordomia diante do fracasso motivacional
que esta tem experimentado nos Estados Unidos. Uma nova
teologia adventista de mordomia deveria incluir: (i) ecologia; (ii)
ativismo anti-bélico; e (iii) justiça social, afinal de contas, Deus no,.;
colocou neste mundo para zelar por este planeta. Segundo Daily (p.
259-260), enquanto o lucro é incompatível com o evangelho (LE
16:13), a IASD acumulou um patrimônio tão extenso que seus
líderes se comportam mais como executivos de multinacionais do
que humildes servos de Deus. Lamentavelmente, segundo Batl
(1991, p.35-40), a maioria dos cristãos dos Estados Unidos adora seu
trabalho, trabalha em sua diversão e diverte-se em sua adoração.
prática: (i) versos bíblicos que indicam que Deus valoriza a vida a
partir da concepção 06 31:15; Is 49:1,5; Jr 1:5; etc); (ii) citações que
mostram que a igreja primitiva condenava o aborto; (iii) citações
mostrando que Ellen White também condenava a prática; e (iv)
estudos que apontam que o abuso infantil cresceu, nos Estados
Unidos, nos estados favoráveis ao aborto. Depois de falar
brevemente da opressão contemporânea aos pobres e idosos, Daily
gr demora na situação das mulheres, procurando mostrar
evidências de que elas ainda são vítimas de opressão mesmo nos
IP:siados Unidos: (i) legislação prejudicial às viúvas; (ii) penalidades
resultantes dos divórcios; (iii) discriminação generalizada contra o
1 feminismo; (iv) desigualdades salariais; e (v) violações de seus
direitos humanos. O capítulo termina com sugestões sobre as
formas como os adventistas podem se engajar socialmente em
defesa dos oprimidos: (i) agindo como grupo; (ti) fazendo oposição
consistente; (iii) boicotando produtos que apóiam filmes
pornográficos e/ou violentos; (iv) associando-se a entidades de
defesa dos oprimidos; e (v) participando politicamente.
I 300)
6
do que dieta. Para justificar essas conclusões, Daily menciona (p.
a entrevista que fez com Walter Stack, um homem que bebe em
todas as refeições, mas que pratica exercícios físicos de forma
consistente, o que lhe tem proporcionado uma vida longeva e
I Nd u dável. Em seguida, Daily procura mostrar evidências de como a
LASD tem sido incompetente para lidar com o assunto do divórcio:
(1) a realidade de 25% dos casamentos adventistas terminarem em
d ivórcio nos Estados Unidos; (ii) a sua falta de estrutura para ajudar
os divorciados e seus filhos; (iii) o legalismo; e (iv) a hipocrisia. Para
demonstrar a que ponto se chega em relação a esse último tema,
Daily (p. 301) menciona o caso de um médico adventista que era
impotente e, por isso, abandonou a esposa. Como não havia ocor-
rido adultério, a esposa não estava livre para casar-se novamente e
Ao viu forçada a convencer o esposo a forjar mn adultério a fim de
liberá-la. Neste capítulo dedicado aos temas sociais mais polêmicos,
Daily critica também a apatia política dos adventistas. Segundo ele
(p. 302), a IASD só se envolve politicamente em assuntos pertinen-
, les a sua auto-preservação„ o que considera indesculpável e egoísta.
km seguida, o autor aborda o assunto dos vícios, adotando a
posição de que a IASD deveria continuar exigindo abstinência total
r de álcool e tabaco para seus membros regulares, mas não deveria
i et e E. 01.1 O X R
5. Como exemplo de "rutbustern o autor menciona Max Loeb que, sendo filho
de um cardiologista de renome internacional, abandonou a oportunidade dr
trabalhar numa das mais sofisticadas clinicas do mundo para se dedicar
trabalho voluntário junto á Madre Teresa de Calcutá (1„A PIERRIL, 185).
A Recietinfrrfão do Afiem Cismo .441
Por isso, Daily (p. 321) reclama que a Igreja tem sido sempre
assombrada por uma mentalidade administrativa que avalia o
va lar de cada programa desenvolvido pela Igreja com base em seu
potencial evangelístico. Nesse contexto, o serviço se torna um meio
para um fim e não um fim em si mesmo. Isso está em contraste com a
prática de Jesus que ajudava as pessoas não por que ele esperava
que elas se tornassem discípulos, mas por-que as amava! O autor
rncerra o capitulo salientando o bom exemplo dado pela ADRA
(presente em 185 países), que consegue, com um limitado corpo
ndministratisro, realizar uma obra de valor tão amplo. A conclusão
do autor é que a IASD precisa se comprometer com o serviço, com a
Intimidade com Deus e com a intimidade com Deus por meio do
Nerviço desinteressado ao próximo.
A Redução da Propiciação
a urna meu- fora
MAXWELL, Graham. Servants or friends?: another look at God.
II Listrado por Susan Kelley. Reellancts, CA: Pineknoll, 1992. 205 p.
O
autor, de origem inglesa, aproveita o "Prólogo" (p. 1-2)
de sua obra para enfatizar sua experiência como pro-
fessor de religião no nível secundário e superior (espe-
cialmente na Universidade de Loma Linda), tendo ministrado 135
cursos exploratórios das Escrituras ao longo de 50 anos de atividade
profissional.
O capitulo 1, "Would you be afraid to meet God?" ("Você
teria medo de se encontrar com Deus?", p. 5-13), levanta a inda-
gação acerca da razão por que as igrejas estão vazias, enquanto
que os "pubs" ou bares estão cheios na Inglaterra. Sua resposta é
que os bares dão um melhor atendimento a seus fregueses do que
fis igrejas. Além disso, segundo o autor (p. 7), as pessoas ainda
querem crer, mas não são mais capazes de fazê-lo, pois chegaram
A compreensão de que o inferno é, de fato, a convivência com as
outras pessoas. Outra razão por ele apresentada para o esvazia-
mento das igrejas é o distanciamento ora existente entre estas e a
.'' Heteocjoxi.i
realidade das pessoas (p_ 9). Dessa forma, a Bíblia perdeu sus'
autoridade por sua falta de significáncia e pela crescente valoriza
ção do povo inglês de sua liberdade e individualidade. Ele
termina o capítulo com a citação de um antigo bibliotecário dr
Universidade de Oxford: "uma boa coisa observada no declínio
da religião na Inglaterra é que agora os ingleses são mais tole
rantes uns com os outros" (p. 12).
I aceitar esse convite uma vez que (i) é melhor ser amigos do que
nervos; (ii) é melhor ser amigos do que filhos (pois há filhos que
odeiam seus pais); e (iii) podemos ser, ao mesmo tempo, servos,
filhos e amigos. .
que a glória de Deus vista por pecadores (Êx 24:17; 33:20; Is 33:14-15;
hz 1:28). Deus não dá a ordem: - Queimem a estes e salvem os
demais! A diferença está em nós (p. 134).
17. Além disso, o autor postula que ate os anjos serão beneficiados
com a reconciliação proposta por Deus (Mt 20:28; Jo 12:32-33; Ef
1:10; Cl 1:20). Sendo assim, o plano da salvação foi necessário
porque o pecado causou uma quebra de confiança (Rm 14:23). O
plano da salvação não pode funcionar, adequadamente,
enquanto houver temor, pois seu objetivo principal é a recon-
ciliação (2 Co 5:17-20). A parábola do filho pródigo é uma grave
advertência quanto ao modo como encaramos o plano da salva-
çao: o filho mais velho preferia se comportar como servo e, por
isso, se recusou a participar da festa. A parábola não nos informa
se ele jamais mudou de idéia.
O capítulo '13, "We've around this mountain long enough"
("Estamos acampados ao redor dessa montanha faz tempo
demais", p. 171479), apresenta razões por que precisamos nos
afastar do Sinai: (i) porque é a ordem de Deus (Dt 1:6-7); (ii) porque
precisamos nos aproximar da terra prometida; e (ãi) porque a
guarda dos mandamentos só faz sentido se nos aproximar de Deus.
Então, por que algumas pessoas preferem se demorar no Sinai? Em
primeiro lugar, por causa da segurança que o status quo lhes ofere-
ce. Em segundo lugar, por causa da sensação de reverência e
mistério. Em terceiro lugar, porque isso lhes dá mais influência e
poder (pensem em todos aqueles trovões e relâmpagos!). Em
quarto lugar, porque não se pode forçar outras pessoas a amar a
Deus, mas é possível obrigá-las a seguir regras e obedecer a leis.
Finalmente, por causa de sua teologia baseada em textos selecio-
nados: "um pouco aqui e uni pouco ali". O autor enfatiza a neces-
P». Heterodoxia
0
livro The welcome table é uma publicação indepen-
dente de uma organização adventista conhecida como
T.E.A.M.. (Tempo para a Igualdade no Ministério Ad-
ventista) que defende a ordenação de mulheres para o ministério
adventista. As editoras solicitaram que Carole L. Kilcher, uma
professora de comunicação da Universidade Andrews, escrevesse
a introdução à obra. A ironia é que a professora Kilcher não acredita
na necessidade de ordenação para homens ou mulheres. Segundo
ela, Jesus não ordenou seus doze discípulos nem tampouco foram
ordenados os setenta. Ela aceitou, no entanto, o convite como resul-
tado de sua participação em duas pesquisas promovidas pela
Associação Geral da IAS). A pesquisa de 1988, dirigida a todos os
pastores e anciãos de igrejas da Divisão Norte-americana (DNA),
recebeu a participação de 3.036 informantes, 960 dos quais eram
mulheres que serviam na capacidade de anciãs ordenadas. As igre-
jas que tinham anciãs ordenadas disseram apoiar a ordenação de
1■ 1 1,-• HI e S:d- C.: kkj, \ 1,1
humano". Para ela, isso indica que o sexo no relato de Gênesis é uilt
dado apenas incidental. Ao descrever a criação da mulher, a autor.1
esclarece que a palavra selah não significa costela e que o termo L c
("ajudadora") não tem nenhuma conotação de subordinação. 11. ■
alega que o fato de a mulher ter sido tirada do homem não sugeor
que ela lhe seja subordinada da mesma forma que o fato de i
homem ter sido tirado da terra não o subordina a ela. Pelo contrári
ao ser humano foi dado o domínio sobre a terra. Além disso, Gn 22)
não afirma que a mulher foi criada para o "varão" (ish), mas pa r.t
que o "ser humano" (ladani) se tornasse completo. O fato de a desi
nação de "mulher" (ishshah) ter sido tirada da designação du
"homem" (ish) tampouco prova coisa alguma, já que a expressai
"ser humano" ( 1 atiarn) também foi tirada de uma outra palavra
"terra" (aduma). Finalmente, a autora contende que o homem só de(
à mulher o nome de Eva ("vida") após a queda (Gn 3:20).
O capítulo 5, "Man and woman as equal partners: the
biblical rnandate for inclusive ordination" ("Homem e mulliiii
como parceiros em igualdades de condições: a ordem bíblica ai
ordenação inclusiva", p. 113-135), escrito por David Larson, profe,-,
sor de ética da Universidade Adventista de Loma Linda, propor
urna interpretação) coerente para a expressão "auxiliadora idônea"
de Gn 2:18 e a questão da subordinação da mulher ao homeiu.
Segundo ele, a expressão não pode significar que a mulher er.,
inferior e subordinada ao homem, urna posição comum nos relato
extra-bíblicos da criação. Dizer que a mulher é a imagem do homem
assim como este é a imagem de Deus ignora alguns aspectos fun
damentais do relato de Génesis: (1) o caráter relacional, mútuo e
A Orden4ção cie N .luihert25 444.
recíproco entre homem e mulher, (2) o fato de ézer (" ajn dadora") sei
também empregado em relação a Deus (Ex 18:4; S133:20; 70:5; 146:5,
Os 13:9, etc), e (3) as declarações de Ellen White, segundo as quais
Deus criou Eva em igualdade com Adão (Patriarcas e profetas, R
58). A expressão tampouco pode significar que a mulher foi criada
subordinada, mas não inferior ao homem porque essa idéia tem al-
gumas deficiências básicas: (1) é muito difícil separar valor e função,
(2) não tem fundamentação bíblica (1 Co 11:12; Cl 3:28), (3) não
encontra apoio nos escritos de Ellen White que afirmam que mulher
e homem foram criados em completa igualdade (Testimonies for
the church, v. 3, p. 484), (4) não leva em consideração que Eva não
foi tentada a se tornar como Adão, mas como Deus, e (5) não leva em
consideração o fluxo do relato bíblico que mostra que a mulher nem
sempre foi submissa ao homem (Gn 1-3), que a mulher não será
submissa ao homem (Joel 2) e que a mulher não precisa ser sub-
missa ao homem (Cl 3). A posição do autor é que, em conformidade
com o que afirma Ellen White (Testirnonies for the church, v. 3, p.
484) a subordinação da mulher é uma conseqüência da queda.
Sendo assim, do mesmo modo que o homem procura, por meio de
avanços tecnológicos e progresso nas técnicas de agricultura, se
libertar das limitações a ele impostas pela queda, a mulher deve
buscar se libertar de suas limitações. Para isso, o autor sugere
mudanças: a igreja deve enfatizar (1) organicidade e não hierarquia
(1 Co 12), (2) submissão mútua (Ef 5:20-22) e não submissão
unilateral, (3) princípios e não conjunturas sociais e (4) destemor
diante da perspectiva de mudanças. De acordo com Ellen White
(Life sketches, p. 196) "nada temos a temer em relação ao futuro..."
■■■■ H ete rodox:i
O capítulo 10, "Spiritual gi.fts and the good news" ("Os dons
espirituais e as boas novas", p. 223-236), escrito por Joyce H. Lorntz,
PhD em serviço social e pastora auxiliar de uma igreja adventista na
Carolina do Norte, apresenta evidências de que Deus concedeu os
dons de ministério também às mulheres. Segundo ela, isso se
percebe pela metáfora do corpo articulado (em Rm 12:4-5) e pelo
precedente do ministério das mulheres na Bíblia (as filhas de Filipe,
Minam, Débora, Fluida, a esposa de Isaías, Ana, Febe, Priscila, etc).
Além disso, Deus não é limitado por preconceitos culturais. Por
essa razão, ninguém proporia, hoje, deixar fora do ministério os
castrados, os bastardos e os moabi tas (embora esses fossem banidos
da assembléia em Dt 23:1-3). Segundo a autora, os principais textos
bíblicos sobre os dons espirituais (Rm12:3-8; 1 Co 12; Ef 4:1143) não
fazem restrições às mulheres. As mulheres também são chamadas a
pregar o evangelho sob a premissa do sacerdócio de todos os
crentes (1 Pe 2:440). Para resolver o dilema entre hierarquia e mutu-
alidade, é necessário procurar uma solução que se fundamente na
vontade de Deus, que ajude a Igreja a cumprir a missão que lhe foi
confiada e que permita que os membros façam pleno uso de seus
dons (1 Pe 4:10). Uma teologia que reflita uma cadeia de comando
nada mais seria do que a repetição do desejo de Satanás de se tornar
como Deus ou o pedido dos discípulos de terem posições privilegia-
das no reino de Deus. Ordenar mulheres enviaria ao mundo a
■■■ • f--1 ete rOCIOX Ia
PHILLIPS, Max Gordon. The chorei]: leave it and love it? Adventist
Today, v. 4, n. 2,p. 12-13, Mar.-Apr, .1996. Disponível em:
ittlps://www.atoday.com/ magazine/ 1996/03/ehurch-leave-it-and-iove-it-0.
AlTSSO em 25 OU t 2007.
artigo The church: leave it and love li? ("A igreja: deixe-a
e ame-a?") constitui talvez um dos mais atípicos entre
aqueles que são analisados neste livro. Trata-se, de fato,
hie uma carta endereçada a Walter Rea, ex-pastor adventista e autor
lie A mentira branca, a propósito de sua remoção do rol de
Intim bros da IASD. O artigo é escrito por Max Gordon Phillips, um
¡taro ministro adventista que, à época, se mostrava incerto quanto
Mia condição de membro da IASD. Phillips diz, logo no prólogo,
mirar a coragem e a franqueza de Rea. Segundo Phillips, Rea
ti
. xou a IASD pela porta da frente, ao pedir para ser eliminado do
de membros. Saiu, mas não como vítima.
também ecc lesia e, por isso, ela se torna capaz de prover certo es I
ço para que mesmo os detractores possam se beneficiar de .c.cci
ministério. Quanto à questão da autoridade eclesiástica, decl.
ções como aquela feita por Kenneth Wood e publicada na Rev
Adventista, em inglês, tem, esssencialmente, um grave tom papa l.
E
sta obra editada por Steve Case inclui a contribuição de
vinte pensadores adventistas e é o resultado da análise dos
dados coletados por meio do projeto Valuegenesis. O livro
foi patrocinado conjuntamente pelo Departamento de Educação da
Divisão Norte-americana da IASD, o Cento John Hanock de
Ministério Jovem e a Universidade Adventista de La Sierra. Apesar
desse maciço apoio de instituições adventistas, os autores reconhe-
cem que sua obra não é o pronunciamento oficia! da IASD, mas
apenas um convite à discussão de temas relevantes para a juven-
tude adventista .
contentamento.
Uma declaração controversa do livro é a afirmação (p.
do próprio editor, em um capítulo intitulado "Thinking abolir
jewelry: what the Bible (really) says" ("Refletindo sobre as joix„ is
que a Bíblia realmente diz"), de que não é a opinião da Bíblia (
determina a posição de uma pessoa sobre o uso de jóias, iniu,
A hwa, o Amo! e is )0115 4444
N
a época em que foi publicado, o livro de George
Knight, professor da Universidade Andrews, prova-
velmente não seria categorizado como defendendo
uma posição heterodoxa e, talvez, ele ainda não o seja nos Estados
Unidos. Contudo, diante da opinião agora popular no Brasil de
que a IASD não deveria preocupar-se em promover uma
reestruturação de seu sistema administrativo, parece que a obra
de Knight passou a defender, pelo menos em um sentido restrito,
um posicionamento heterodoxo.
uma postura cautelosa, o autor advoga que o que deve ser feito
seguir precisamente a mesma linha de reforma ocorrido em 1901
1903, quando houve pequenas reformulações do modelo ante
riorm ente adotado em 1861-1863.
Knight propõe que três princípios básicos devem sei
seguidos, para a implantação de uma nova estrutura: (i) seu
propósito deve ser facilitar as missões mundiais; (ii) deve trans
cender o localismo do congregacionalismo, mas evitar o peso
esmagador do hiperinstitucionalismo; e (iii) deve permitir
concentração de esforços, mas ser flexível a fim de permitir que
cada parte da Igreja mundial possa usar as melhores estratégias
que tenha a sua disposição.
O autor porpõe três níveis organizacionais: (i) a Asso
ciação Geral em uma versão muito mais enxuta que a atual (com
as tarefas de coordenar, aconselhar e facilitar a promoção de
unidade na diversidade); (ii) as divisões (que passariam a desern
penhar também as funções antes atribuídas às uniões); e (iii) as
associações locais, que deveriam ser inteiramente reformuladas a
fim de prover uma participação maior das assembléias consti
tuintes.
Esse tipo de organização teria, segundo o autor, os benc
tidos de liberar mais orçamento para a contratação de pastore,
distritais e liberar mais pastores (que hoje realizam trabalho de
escritório) para a obra pastoral. Alguns membros pensam, hoje,
que ajudaram a subsidiar, por um período longo demais, unia
A Reorganiz.jção Estrutuhli IASP 14440
O
artigo de Noel, publicado originalmente em inglês,
lamenta que a concepção tradicional de evangelismo
na 1ASD é simplesmente a de reuniões públicas com
pregadores dinâmicos falando a respeito de profecias com base
em diagramas temporais. Ele adverte que, cada vez que uma
pessoa se torna membro da IASD nos Estados Unidos ou Canadá,
esses países ganham um acréscimo de quarenta e seis novos
habitantes. NoeI lamenta também que, embora no passado os
adventistas fossem nacionalmente conhecidos por causa de seus
hábitos alimentares vegetarianos, hoje em dia as pesquisas
mostram que a IASD se tornou praticamente desconhecida, nos
Estados Unidos, chegando à beira da irrelevância. Para ele, dizer
que nossos métodos de evangelismo são efetivos equivale a dar
um novo significado à palavra "absurdo".
! etc )-(:).:1 0xL4
C
orno se percebe, nenhuma das posições defendidas pelas
obras aqui resenhadas reflete, de forma incontestável, o
pensamento oficial da IASD. Trata-se da contribuição de
pensadores adventistas e ex-adventistas na discussão de temas de
considerável importância para a Igreja hoje. Era preferível que,
em vez de discussão, tivéssemos diálogo. E, historicamente, foi
exatamente isso o que aconteceu em alguns casos. Em outros,
porém, o que ainda há, de fato, são apaixonadas discussões.
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