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ASSISTêNCIA PRIMÁRIA EM SAÚDE - ATUAÇÃO DO

ENFERMEIRO FRENTE AS NECESSIDADES DO PORTADOR


DE MALFORMAÇÃO CONGÊN ITA DE LÁBIO E/OU PALATO

Ana Márcia Crisci Bertone1


Sandra Thomé2
Maria Irene Bachega3

RESUMO: Neste relato, destacamos a experiência e a evolução da assistência de


enfermagem no serviço ambulatorial do Hospital de Pesqu isa e Realibilitação de Le­
sões Lábio Palatais da U n iversidade de São Paulo, em Bauru-SP, que visa obter os
resu ltados mais adequados possíveis a n íveis estético, funcional e psico-social na rea­
bilitação do portador de fissura de lábio e/ou palato. Ressaltamos também a importân­
cia da participação ativa do cliente e familia no conhecimento de seus problemas de
saúde para u ma completa reabilitação.

UNITERMOS : Fissura Lábio-Palatal - Assistência Primária - Reabilitação

I - INTRODUÇÃO e deve ser permitida e incentivada pelo enfer­


meiro inserido no contexto geral dos problemas
o presente trabalho foi elaborado levando­ a n íveis estéticos funcionais, psicológicos e so­
se em consideração a experiência vivenciada ciais que as fissuras podem acarretar.
pelas enfermeiras do Hospital de Pesq u isa e
Reabilitação de Lesões Lábio Palatais (H PRLLP) 11 - CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE FIS­
da U n iversidade de São Pau lo-Bau ru e tem SURA LÁBIO PALATAL
como objetivo descrever a evolução da atuação
de enfermagem no q u e d iz respeito à assistên­ As malformações congênitas de lábio e pa­
cia primária aos portadores de má formação lato são conhecidas popularmente com " lábio
congênita de lábio e/ou palato (fissuras de lábio leporino e "goela de lobo" .
e/ou palato), associadas ou não a outras altera­ O con hecimento da fase embriológica dos
ções crânio-faciais. processos faciais é fu ndamental para o enten­
O HPRLLP foi fu ndado em j u n ho de 1 967 e dimento das malformações congênitas aí locali­
tem como finalidade prestar assistência g lobal zadas. Segundo S I LVA F I L H O ( 1 986), a face
aos portadores de más-formações congênitas humana se forma entre a 48 e 98 semana após a
crânio-faciais, dentro dos pad rões técnicos e ci­ concepção, envolvendo um mecanismo comple­
entíficos necessários a cada caso, visando a re­ xo de proliferação cel ular, diferenciação e mi­
abilitação de seus clientes através da atuação g ração, que resu ltam na junção e coalescência
da equ ipe interdisciplinar. Cabe aq u i lembrar a dos processos faciais embrionários.
importância da participação ativa do cliente na Segundo SPINA ( 1 984), fissura labial é aque­
definição e entendimento de seus problemas de la onde o desenvolvimento do lábio ocorre de
saúde para sua completa reabilitação. Tal parti­ forma anormal e os processos que dão origem
cipação, incluindo fam ília e comun idade, pode ao lábio su perior não se fundem completamen-
Enfermeira responsável pela Central de Saúde Pública do Hospital de Pesq u isa e Reabilitação de Lesões Lábio Pala­
tais (HPRLLP) - USP, Bauru-SP. COREN/SP 30747.
2 Diretora Técn ica do Serviço de E nfermagem do H PRLLP - USP, Bauru-SP. COREN/SP 1 54 1 3 .
3 Diretora Técn ica de Serviços Complemenetares e Tratamento Hospitalar do HPRLLP-USP, Bauru-SP. COREN/SP
1 4665.

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te, originando u ma fenda que pode ser u n i ou ocorrem mais freqüentemente no sexo femini­
bilateral, e a fiss u ra de palato é falta de u n ião no.
dos processos palatinos, de maneira a deixar A etiologia da malformação lábio palatal é
u ma fenda de extensão e larg u ra variáveis des­ desconhecida. Admite-se, porém , que fatores
de a úvula até o forame i ncisivo, sendo comu m ambientais, genéticos ou ambos podem levar à
a associação desses dois tipos d e fissura. sua ocorrência. SOUZA FREITAS et aI, ( 1 974)
Existem vários critérios de classificação das destacam que os fatores ambientais ou n utrici­
fissuras sendo que o H PRLLP baseia-se no de onais, tóxicos, endócrinos, anatômicos, infecci­
SPINA et al. ( 1 972) que toma como referência o osos, psiquicos, idade de concepção, podem ser
forame incisivo - ponto de junção na formação causadores das deformidades congên itas.
de toda a região lábio palatina. Ressaltam ainda que familiares com h istóri­
O autor referido classifica as fissuras em as de fissu ras lábio-palatais apresentam a se­
quatro g ru pos: g u i nte probalidade de ocorrência:

Gru po I - fi ss u ras pré forame incisivo (fissuras •pais normais: 0 , 1 % de possi bilidade de um
labiais) filho "fissu rado" .
A - U n ilaterais •u m dos pais "fissurados": 2% de possibili­
Completa : d i reita ou esquerda dade de u m filho "fissu rado" .
I n completa: d i reita ou esquerda •pais normais e u m fi lho "fissurado": 4, 55%
B - B ilaterais de possibilidade de ter outro fi lho "fissurado" .
Completa ou completa de ambos •u m dos pais e u m filho "fissu rados" : 1 5%
os lados ou incompleta de um lado de possibilidade de ter outro filho "fissu rado" .
e completa do outro.
C - Medianas No B rasil estima-se cerca de 220 . 000 porta­
dores de fissu ra. As fissu ras congên itas de lá­
Gru po 11 - fissu ras pós forame incisivo (fissu ras bio e/ou palato são, das malformações faciais,
palatais) as mais freq üentes e constituem u ma gama de
Completa problemas que exigem a atuação seg u ra e efi­
I n completa caz do enfermeiro.
As impl icações estéticas, fu ncionais e psico­
Grupo 1 1 1 - fissu ras transforame incisivo (fissuras sociais decorrentes da fissura exigem trata men­
lábio palatais) tos complexos e integrados, de acordo com cada
U n ilaterais: d i reita ou esq uerda fase do desenvolvimento.
Bilaterais Dentre ta is impl icações evidencia m-se in ici­
almente, com o nascimento da criança portado­
Gru po IV - fissu ras raras da face ra de fissu ra , o i mpacto e a reação dos pais,
que abalam a integ ração da fa mília e os proble­
A incidência de indivíduos q u e nascem com mas alimentares aos q uais essa criança está
malformações lábio palatais no B rasil é eleva­ sujeita .
da, ou seja, cerca de 1 : 650 nascimentos ( NA­ A aceitação da família em relação ao proble­
G E M F I L H O et aI, 1 968; FONSECA, R EZEN­ ma, parece variar de acordo com a classe só­
D E , 1 97 1 ; SOUZA F R E I TAS et aI, 1 977). Além cio-cultu ral. Seg u ndo G RAC IANO ( 1 988) q uan­
disso , a maior incidência ocorre entre os japo­ to menor for a classificação sócio-econômica ,
neses e a menor entre os neg ros, de acordo com maior é a "aceitação" do problema.
G R E E N E et aI, ( 1 964) e G R E E N E ( 1 968). Observa':se q u e nas classes sociais mais
Ainda seg undo os autores referidos aci ma, baixas, os pad rões cu lturais estão mais volta­
as fissuras lábio-palatais são mais freq üentes dos às crendices populares, superstições, além
no sexo mascu lino, enquanto que as do palato dos valores teológ icos, levando a fam ília a atri-

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buir a ocorrência da fissura aos fatores citados g rande valia. Para P EACOK, STARR ( 1 980) a
acima. Já nas classes sociais mais elevadas, a tarefa do enfermeiro é encorajar e instruir os pais
aceitação é menor, pelo fato de as famílias se­ tornando vii!yel o sucesso de todas as medidas.
rem mais conscientes dos vários problemas e
dificu ldades que deverão ser enfrentados. Su r­ 111 - ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA
gem dúvidas quanto à alimentação, tratamento, CENTRAL DE SAÚDE PÚBLICA
cirurgia, enfim, tudo o que d iz respeito ao de­
senvolvimento da criança. ° H PRLLP possu i uma central de saúde pú­
Com relação à alimentação, as crianças por­ blica criada em 1 98 1 tendo como responsável
tadoras de fissu rns, em especial aquelas com uma enfermeira de saúde pública, a qual, se­
fissuras de lábio e palato, encontram-se em des­ g u ndo BACH EGA et ai ( 1 985-a) tem como obje­
vantagem em relação às outras, sem deformi­ tivo orientar, instruir e encorajar a educação em
dades orais. saúde, proporcionando mudanças e i nterferin­
De acordo com PARADISE, MC WI LLlAMS do na situação saúde, permitindo assim a parti­
( 1 974), as crianças com fissura de lábio e pala­ cipação do individuo, família e comun idade na
to não possuem ca pacidade de sucção adequa­ reábilitação do fissu rado lábio palatal.
da in icialmente , correm o risco d e bronco-aspi­ A assistência aos pacientes . internados no
ração e estão mais s ujeitas à ocorrência de oti­ H PRLLP desde a criação da Central de Saúde
tes médias e p'rocessos infecciosos de vias aé­ Pública, ainda segu ndo os autores referidos aci­
reas superiores devido à comunicação entre as ma, obedecia um determinado cronograma no
cavidades oral e nasal. qual a contribuição do enfermeiro se dava atra­
Além dessas d ificuldades, outros distúrbios vés da pré e pós consulta de enfermagem. Fa­
estão associados, como o problema fonoaudi­ ziam parte do atendimento de enfermagem, ori­
ológico e odontológico, ressaltando-se a ansie­ entações especificas relacionadas ao tipo de fis­
dade dos familiares em relação aos cuidados ade­ sura , e gerais quanto aos cuidados básicos de
quados que devem ser prestados às criancas. saúde, de acordo com a faixa etária do cliente,
Sabemos que o processo de crescimento e ou seja: de 1 a 30 dias; de 31 d ias a 1 ano; de 1
desenvolvimento da criança é contínuo e i n i n­ a 4 anos; de 4 a 1 2 anos e a partir de 1 2 anos.
terrupto mas pode sofrer interferências na sua Além das orientações já citadas, outras eram
evolução na ocorrência de fatores negativos se feitas ou reforçadas. Eram elas: condições cli­
não forem prevenidos. n icas e laboratoriais exigidas para cirurgia, pre­
Dentro deste contexto é necessário a atua­ paro para a internação e controle e encaminha­
ção do enfermeiro j u nto a criança portadora de mentoo para especialistas.
fissura e a fam ília, de maneira que todas as suas Embora através das pré e pós consultas pu­
necessidades sej a m ate n d idas ( S HAP I R O , déssemos obter uma série de informações ne­
1 973). cessárias a u ma boa assistência de enferma­
Nossa experiência tem mostrado que mes­ gem (individualizada) , havia u ma certa limitação
mo os profissionais da á rea de saúde, muito para a execução de todas as atividades do en­
pouco tem contribu ído no sentido de prestar uma fermeiro uma vez que, além estarmos coletan­
assistência adeq uada à criança com esse tipo do dados para facilitar o atendimento médico,
de problema, levando as mães mu itas vezes a havia necessidade de atender o paciente duas
atitudes inadequadas e, interferindo consequen­ vezes no mesmo período.
temente, no desenvolvimento adequado da cri­ Além disso, houve o au mento da demanda
ança. Talvez isso se deva ao fato da escassa de pacientes, ori undo da maior d ivu lgação do
literatu ra que possu í mos a esse respeito. Hospital. Dessa forma, embora o q uadro de pes­
A partici pação do enfermeiro, j u ntamente soal tenha sido au mentado, passamos a repen­
com outros profissionais da equipe, devidamente sar na eficácia e qualidade do atendimento que
conhecedor e voltado para esse problema é de vinha sendo prestado.

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A reg u l a m e n tação do exercício da enfer­ A partir dos 1 8 anos de idade, os ret� rnos
magem, através d a L E I nO 7 . 4 9 8 de 2 5 de j u ­ são solicitados de acordo com a necessidade.
n h o d e 1 986 , q u e no seu a rtigo 1 1 designa Salientamos que nos retornos programados,
p rivativamente ao enfermei ro , a con s u lta de a consulta de enfermagem é real izada de forma
enfermag e m, a m p l i o u o espaço para que as mais simplificada eliminando os dados não pos­
ativ idades do enferme i ro p u dessem ser exe­ s íveis de modificação.
cutadas de forma mais a b ra n g e nte (conside­ Além das cond utas tomadas pelo enfermei­
rando o i n d ivíduo como u m todo) e com me­ ro, frente aos problemas levantados, seg uimos
l hor q u a l idade. para a assistência g lobal um plano de orienta­
Dessa forma, algu mas reformu lações foram ções básico sobre:
feitas a n ível das atividades do enfe rmeiro da •i mportância do controle médico periód ico
Central de Saúde Pública do H PRLLP com rela­ •higiene oral e corporal
ção à assistência primária ao portador de fissu­ •avaliação do desenvolvimento neuro-psico-
ra lábio palatal tendo sido substituída, então, as motor e pOndero-estrutura i
pré e pós consultas, pela consulta de enferma­ •moléstias infecto-contagiosas
gem (anexo) . •verminose
A consulta de enfermagem é real izada a n í­ •técnica de alimenetação
vel ambu latorial a todas os pacientes em in ício •condições exigidas para cirurgia
de tratamento (casos novos) independentemen­ •esclarecimentos sobre internação
te da faixa etária. •vida social e afetiva
Além da realização da consulta de enferma­ •desenvolvimento escolar
gem onde prestamos um atendimento individu­ •atividades profissionais
alizado ao paciente, existem os agendamentos •atividade sexual
para controles ambu latoriais de enfermagem. •planejamento familiar
Em consonãncia às etapas terapêuticas es­ •profi laxia med icamentosa
tipu ladas pela eq u i pe multidisciplinar, o Serviço •saneamento básico
de Enfermagem estabeleceu cond utas de aten­ •encaminhamento ao Centro de Saúde da
di mento ambu latorial de acordo com o tipo de cidade de origem q uando necessário.
fissu ra e faixa etária do paciente desde que não
haja necessidade de atendimentos intermed iá­ A enfermeira também participa na defin ição
rios dependentes de intercorrências não previs­ do diagnóstico do cliente e no tratamento a ser
tas. realizado, registrando os dados no prontuário.
Assim, os enfermeiros, tanto quanto os ou­ Tendo em vista a d ificuldade de locomoção
tros profissionais, têm autonomia para solicitar da mãe e criança nos primeiros d ias de vida,
os retornos que forem necessários. até o H PRLLP, uma vez que a maioria delas são
Segue a baixo o esq uema elaborado para procedentes de outras cidades, torna-se de ex­
atendimento de enfermagem de acordo com o trema importância, o contato enfermeira x família
tipo de fissu ra: através do telefone para as orientações iniciais.
Existe "na Central de Saúde Pública a u n ida­
1 ) Fissura Pré Forame I ncisivo: de denominada " pediatria externa" com 8 leitos,
Após o atendimento como caso novo reali­ áreas de higienização e de lactário anexas, onde
zamos avaliação e orientações aos 06 e 1 8 permanecem as crianças com até um ano de
meses e aos 3 , 7, 1 3 e 1 8 anos de idade. idade em companhia da mãe. I sso tem contri­
bu ído para u ma melhor defi nição de condutas
2) Fissu ras Pós e Transforame I ncisivo por parte do enfermeiro uma vez que se pode
Após o atendimento como caso novo reali­ adicionar às informações verbal izadas pelas
zamos avaliação e orientações aos 03, 06, 1 2 e mães, a observação da interação mãe x filho e
1 8 meses e aos 3, 7, 1 3 e 1 8 anos de idade. os cu idados prestados às crianças.

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Na referida u nidade são prestadas orienta­ terno é constante independentemente da idade
ções básicas de cuidados e em especial com com a q ual a criança seja submetida à cirurg ia.
relação às "técnicas"de alimentação objetivan­ As cirurg ias de lábio e palato estão indica­
do o mais adequado processo de crescimento das em faixas etárias precoces e constituem uma
e desenvolvimento da criança portadora de fis­ das etapas importantes no contexto geral da
sura. assistência ao portador de fissura pois delas
A forma de alimentar a criança portadora de dependem outras etapas como por exemplo, a
fissu ra, tem sido descrita por profissio� ais do terapia fonoaudiológica, além de amenizarem
H PRLLP como pode se observar, através dos problemas como as otites médias repetidas, a
trabalhqs de BUENO et aI ( 1 980) , BACH EGA et alimentação e outros peculiares aos portadores
aI ( 1 985a) , BAC H EGA et aI ( 1 985b), THOMÉ et de fissu ra. Porém, tais ciru rg ias são considera­
ai ( 1 990). das eletivas exigindo condições clinicas e labo­
Com o decorrer do tempo e de acordo com ratoriais adequadas para sua realização visan­
as experiências vivenciadas na prestação da do diminuir os riscos anestésico-cirúrg icos.
assistência ao portador de fissura, no que d iz Cientes da complexidade do tratamento e da
respeito à alimentação, sentimos a necessida­ necessidade de que o portador de fissura pos­
de de obter mais subsidios para a orientação do sa estar em condições de submeter-se a todas
aleitamento materno tendo em vista todos os as etapas do tratamento nas faixas etárias apro­
seus beneficios e em especial os efeitos benéfi­ priadas, cabe ao enfermeiro que atende a n lvel
cos que a sucção no peito produz com relação ambularorial prestar assistência que facilite ao
ao desenvolvimento normal da face e, conse­ cliente a manutenção de um estado de saúde
quentemente, da fala por estimulação de todo o adequado. Assim, a assistência de enfermagem
sistema motor oral. integrada à de outros profissionais da equipe,
Nesse sentido', THOM É ( 1 990) realizou um tendem a propiciar o estabelecimento da reabi­
estudo, baseada nas informações verbalizadas l itação do portador de fissu ra da forma m ais
pelas mães, sobre a prática do aleitamento ma­ adequada posslvel.
terno em crianças portadoras de fissu ra. Mostra
no referido estudo as posições preferidas pelas IV CONCLUsAo
-

crianças para o aleitamento materno as quais


variaram de acordo com o tipo, extensão e late­ A assistência primária em saúde, ao porta­
ralidade da fissu ra. dor de malformações congênitas de lábio elou
É importante ressaltar q ue foram alteradas palato é de fundamental importãncia para a
as orientações que eram realizadas anteriormen­ manutenção de condições adequadas do clien­
te para que as mães de crianças portadoras de te em seu processo de crescimento e desenvol­
fissuras que optaram pelo aleitamento materno, vimento.
desmamassem seus filhos, g radativamente, a A integração equipe de saúde x cliente x fa­
partir de seis meses de idade para que fossem mflia e comunidade proporciona meios para uma
submetidos à cirurgia de lábio. participação ativa do cliente e famflia no proces­
Atualmente o incentivo ao aleitamento ma- so de reabilitação.

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ABSTRACT: I n this report, we detach the experience a'1d the evolution of the n u rsery
assistence i n the ambulatorial service i n the H PRLLP-USP-Bauru-SP , which aims to
reach the most eficcient results in the aesthetic, functional and pshicosocial rehabilita­
tion of those who have cleft lip or palate. We stand out the importance of active partici­
pation of the pacient and his family on the knowledgement of h is health problems in
order to improve a complete rehabilitation.
KEYWORDS: C left Lip and Palate - Primary Assistence - Rehabilitation

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VI - ANEXO - u rinária ) sem anormalidades
) com anormalidades quais:
Consu lta de Enferma g em - Caso Novo - in testinal ) normal para idade
) diarréias frequentes
I - H istórico de E nferma g em ) obstipação
Nome ) outros
RG Da� • já teve sua primeira menstruação?
Tipo de fissu ra ( ) sim em que idade?
( ) não
1 ) Antecedentes Gostaria de saber mais a respeito de mens-
Pré Natais truação?
• Tempo de gestação: ( ) sim ( ) não
a termo ( ) p ré termo ( ) pós termo ( ) Toma medicação?
• I ntercorrências: O seu ciclo menstrual é de quantos d ias?
Peri Natais Já iniciou atividade sexual?
• tipo de parto ( ) normal ( ) cirú rg ico ( ) sim ( ) não
( ) fórceps Está usando alg u m método anticoncepcio-
• peso ao nascer altura ao nascer nal"?
• intercorrência com a criança ( ) sim ( ) não
• como recebeu a criança? Gostaria de alg u ma informação?
Mórbidos ( ) sim ( ) não quais:
• doenças apresentadas (viroses gerais e • Alimentação
respiratórias, pneumonias, crises convulsivas, - tipo de alimentação ao nascer
alerg ias, acidentes, febre , moléstias infecto con­ ( ) natural ( ) artificial
tag iosas) - época do desmame por que?
• tratamento empregado inclusive cirurg ias - alimentação atual (tipo, freq üência e quan-
• periodicidade de controle de saúde tidade)
• já ficou hospitalizado: ( ) sim ( ) não - técnica alimentar empregada:
Por que? ( ) seio ( ) mamadeira ( ) S . N . G .
Familiares ( ) conta gotas ( ) colher
• história de doença (diabetes, h ipertensão, ( ) come sozinha
TB, neoplasias, doenças cárdio - vascu lares, outros
doenças mentais, fissu ra lábio-palatal, etc. ) - apetite: ( ) bom ( ) regu lar ( ) ruim
- restrições
2) Uso de Med icamentos (vitaminas, anti­ - alterações (vOmitos, pirose, etc. )
convulsivantes, anti alérg icos, antibióticos, etc. ) , - hidratação (oferta de l iq uidos, tipo e frequ-
quantidade, modo de uso e com q u e idade ini­ ência)
ciou? • Sono e repouso
( ) cal mo ( ) agitado ( ) chupa o dedo
3) Situação de Saúde ( ) usa chupeta ( ) usa fraldinha
• imunização em dia ( ) sim ( ) não ( ) outros
• higiene (corporal, bucal, vestuário, utenslli­ • Vida social e afetiva
os para alimentação, lavagem da rou pa do bebê) - o oq ue sabe sobre fissu ra lábio-palatal?
• saneamentoo básico: (qual sua expec�tiva para o tra�mento? Por
- condições de moradia (nO de cOmodos, pro­ que procurou o nosso serviço?)
cedência da água, destino do lixo e dejetos) - quais suas dúvidas?
• presença de a n i mais domésticos - Como é o relacionamento com os pais?
• eliminações ( ) bom ( ) muito bom

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( ) prejudicado - em q uais aspectos? ( pais • Pele e anexos (coloração, turgor, edema,
severos demais, antiq uados, não se importam, lesões, u nhas e hig iene)
favorecem seus i rmãos, são justos?) • Postura
- você estuda? ( ) sim ( ) não o q ue? • Desenvolvimento neuro-psico-motor
- faz amigos com facilidade? ( ) sim • Cabeça:
( ) não - Fontanela (depri mida, abaulada, consolida­
- sente-se muitos vezes sozinho? ( ) sim da)
( ) não - Couro cabeludo e cabelos (suj idades, le­
- condição do paciente: sões, pedicu lose, outros)
( ) t1mido ( ) nervoso - Olhos (secreção, simeetria, outros)
( ) expressivo ( ) tranqüilo - Deficiência visual (in icio, primeiros sinto-
( ) calmo ( ) alegria mas)
( ) ansioso ( ) tristeza - Nariz (higiene, secreção, lesões, outros)
- pratica algum esporte? ( ) sim ) não - Orelhas (sujidade, secreção, lesões, outros)
- qual sua relig ião? - Deficiência auditiva (i n icio, primeiros sinto-
é praticante? ) sim ) não mas)
tem alg u m vicio? ) sim ) não - Boca (lesões, higiene, outros)
( ) bebida alcoólica ) fumo - Pescoço (gânglios, outros)
( ) d rogas ( ) outros • Tórax (simetria, expansão, tipo de respira­
- gostaria de orienetações? ( ) sim ção)
( ) não • Abdomen (flácido, g loboso, timpân ico, ci-
- como é para você sua imagem corporal? catriz umbilical , outros)
- já iniciou atividade sexual? ( ) sim • Gen itais (higiene, lesões, outros)
( ) não • Nádegas e ânus (alterações)
- como satisfaz sua necessidade sexual? • Membros superiores (movimentação, sime­
- o que sabe sobre doença sexualmente tria, outros)
transmissivel? • Membros inferiores (movimentação, sime­
tria, outros)
11 - Exame Físico de Enferma g em
•Peso PC FC FR 111 - P roblemas Levantados
Altu ra P1 Temp. PA IV - Cond uta de Enferma g em

R. Bras. Enferm. Brasflia, v. 48, n . 3, p. 204-2 1 1 , j u l. lago.lset. 1 995 21 1

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