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PROCESSOS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Curso Normal em Nível Médio

2ª Série - 2° Bimestre

Eixo temático: HISTÓRIA DA LEITURA

O eixo temático do 2º bimestre está relacionado à discussão da importância da leitura e da urgência de formação de leitores dentro da escola fundamental nos
anos iniciais nas escolas de nosso país. Todo o trabalho desenvolvido nesse bimestre pretende explorar os aspectos históricos que evidenciam essa
importância na formação de nossa cultura, como também, as estratégias implícitas no ato de ler, e o mesmo em sua dimensão sócio-política.

• Conhecer a História das modalidades de leitura, estabelecendo relações entre oralidade e leitura.
• Conceituar a leitura na sua dimensão de produção de sentido.
Habilidades e competências a
serem desenvolvidas • Analisar criticamente, em materiais variados, a recepção e interação na leitura, compreendendo as estratégias
envolvidas na leitura.

• Refletir sobre as implicações das diferentes concepções de leitura estudadas para a prática pedagógica.

• A literatura infantil é uma referência fundamental na formação de professores. Ela incentiva o gosto pela leitura a
partir de uma perspectiva mais prazerosa, leve e enriquecedora. Por isso, recomendamos que este eixo inicie
pela leitura do livro “O Menino que Aprendeu a Ver”.
Sugestões de atividades
• Discutir a relação entre oralidade e escrita a partir da leitura do 1º capítulo do livro “Alfabetização na sociedade e
na história” de Antonio V. Frago, problematizando o conceito do que é “saber ler”. Para tanto, pedir aos
estudantes que façam uma lista com os tipos de textos com os quais tem familiaridade. A ideia aqui é relativizar o
próprio conceito de proficiência de leitura, tendo em vista que sabemos ler os textos com os quais costumamos
lidar, bem como valorizar a oralidade.
• Propor a retomada do filme O Leitor, em fragmentos ou por completo, como forma de recuperar a importância
da leitura na vida dos sujeitos.
• Um artigo virtual da Revista Nova Escola com o teórico Roger Chartier, disponível em:
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/especialista-historia-leitura-427323.shtml é um
movimento relevantes de reflexão sobre o papel da leitura e do trabalho com textos nas sociedades.
• Discutir os diversos conceitos de leitura (sugestão de atividade extraída do livro de José Juvêncio Barbosa,
Alfabetização e Leitura) ;
 “A leitura como processo é constituída pelo reconhecimento de símbolos gráficos - escritos ou impressos
- que servem para estimular significados da experiência passada do leitor”. D. Danserau
 “Ler é ser um pouco clandestino, é abolir o mundo exterior, deportar-se para uma ficção, abrir o
parêntese do imaginário”. Lionel Bellenger
 “Ler é, antes de tudo, compreender”. Ezequiel T. da Silva
 “Ler é obter sentido do texto”. Kenneth Goodman
 Ler significa, estando-se diante de um signo escrito, encontrar a sua sonorização”. Borel-Masonnny
 “Ler é ser capaz de transformar uma mensagem escrita numa mensagem sonora segundo certas leis
precisas. É compreender o conteúdo da mensagem escrita, é ser capaz de julgá-lo e de apreciar seu valor
estético”. Gaston Mialaret
• Trabalhar as diversas funções que teve a leitura no decorrer da história da humanidade através da construção de
uma linha do tempo, onde figurem não só a função da leitura, como também imagens, pinturas e/ou inscrições
que sugiram a prática dessa atividade e suas implicações sociais.
• Analisar produções textuais infantis observando o processo de construção de sentido das mesmas em suas
escritas.
• Mapear com os estudantes as estratégias que realizamos no ato de leitura, listando-as. Em seguida, trabalhar com
os conceitos de Isabel Soléou, a respeito das estratégias de leitura.
• Dialogar também com o filme “O Nome da Rosa” ou Lutero”, para compreender o processos de interdição da
leitura no mundo medieval é também uma boa dica.
• Trabalho de pesquisa direcionado para a observação da evolução da leitura ao longo da história até os dias de
hoje.

Alfabetização e Leitura (José Juvêncio Barbosa). São Paulo: Cortez, 1997. Esse livro integra a coleção Magistério – 2º
Grau que se compõe de 25 livros didáticos para o curso de 2º grau abrangendo as disciplinas do Núcleo Comum e da
Habilitação Magistério. Em sua segunda parte, nos capítulos 8 e 9, vão estar sendo desenvolvidos os assuntos relativos a
história das modalidades da leitura até a contemporaneidade. Bastante didático, o livro dá suporte ao tema trabalhado
no eixo temático.

Alfabetização & Linguística (Luiz Carlos Cagliari). São Paulo: Scipione, 1990. Um trabalho muito rico de estudo da
Livros
língua portuguesa, indicado para a disciplina de Processos de Alfabetização e para os estudantes do Curso Normal. Em
seu capítulo 4 aprofunda a discussão sobre a leitura abordando os tipos de leitura, sua relação com a escola e com a
cultura e as produções textuais. Leitura adequada a temática proposta para o bimestre em questão.

O Menino que Aprendeu a Ver (Ruth Rocha). São Paulo, Melhoramento, 1996. Esta historia relata o movimento
desencadeado por um menino de seis anos que inicia um movimento de curiosidade sobre o nome das coisas e incentiva
a família a matriculá-lo na escola a fim de sistematizar suas questões. A história é bem interessante e termina com
Joãozinho, personagem da história, alfabetizado no sentido pleno da palavra. Trata-se de uma leitura provocativa,
prazerosa que nos desafia a pensar sobre os processos de construção de conhecimento sobre a leitura.
Minhas tardes com Margueritte, Filme francês, ano 2010, dirigido por Jean Becker. 2h 2min.

Descrição: Nessa bela e sensível história, Germanin (Gérard Depardieu) é um iletrado e solitário homem. Acaba por
conhecer, numa praça pública, a senhora Margueritte (Gisèle Casadeus) e, por meio de uma delicada relação, o universo da
literatura se apresenta a Germanin, afetando sua vida e sua forma de ser no mundo.

Escritores da Liberdade, filme americano, 2006 Filme dirigido por Richard. 2 h 3 min.

Descrição: LaGravenese conta a história de uma professora de uma violenta escola de periferia dos Estados Unidos que, por
meio de um projeto de leitura do Diário de Anne Frank, consegue reconstruir as relações conturbadas dos jovens de sua
Filmes: turma.

Lutero: Alemão, 2003, dirigido por Eric Till. 2h 1 min.

Descrição: O filme conta a História de Martin Lutero o precursor da reforma protestante. Lutero indignou-se ao ir numa
visita a Roma, com o comportamento tradicionalista da igreja católica e a exclusão social dos menos favorecidos. Como
seus argumentos de que a igreja deveria resgatar alguns valores perdidos e abrir mão de doutrinas que não eram bíblicas
não foram ouvidos ele redigiu um documento em sinal de protesto com 95 atos da igreja que eram contrários aos ensinos
bíblicos e pregou na porta de uma catedral (por isso o termo protestante). O que mais indignou Lutero foi a venda por
parte dos bispos católicos da indulgência (um documento que garantia o perdão dos pecados e consequentemente a
salvação). O filme é bem interessante recomendo que veja você vai gostar.

WEBLIOGRAFIA

BROD, Anelise. Refletindo sobre a leitura. Revista Filosofazer, Vol. 12, No 22 (2003) – disponível em:
http://201.86.212.89/seer/index.php/filosofazer/article/viewArticle/193
Artigos YUNES, Eliana. Pelo avesso, a leitura e o leitor em Revista Letras, Vol. 44 (1995) disponível em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs-
2.2.4/index.php/letras/article/viewArticle/19078
Titulo: O perigo da história única
A romancista Chimamanda Adichie conta a história de como descobriu a sua voz cultural - e adverte que se ouvirmos
apenas uma história sobre outra pessoa ou país, arriscamos um desentendimento crítico
Endereço eletrônico (URL): http://www.ted.com/talks/lang/pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html
Duração: 18 min

Título: Intervozes
O vídeo aborda o problema da linguagem sob a ótica do direito a comunicação. Na história, a personagem central
representa telespectadores que encontram barreiras para conseguir se fazerem ouvidas frente ao monopólio dos grandes
grupos empresariais de mídia. Assim, registra-se a dificuldade que existe no Brasil no cumprimento de normas

Vídeo constitucionais que garantem um cenário mais democrático. A linguagem escolhida para o vídeo foi a mesma do curta “A
Ilha de Flores”, devido à simplicidade com que o diretor Jorge Furtado tenta expor características de uma sociedade
capitalista.
Endereço eletrônico (URL): http://www.youtube.com/watch?v=gf3Votr52QQ parte 1
Duração: 17 min
http://www.youtube.com/watch?v=gr6qFODxkAA parte 2

Título: Vídeo do Mec, 2001 – O que acontece quando lemos


Descrição: Esse vídeo realizado pelo MEC em 2001 propõe a observação e reflexão sobre a forma como nossos olhos e
cérebro processam a leitura de textos, as estratégias utilizadas na leitura, as estratégias utilizadas leitura de diferentes
textos, e a importância da leitura no processo de aprendizagem.
Endereço Eletrônico (URL): http://www.youtube.com/watch?v=Et4B29WyW_s parte 1
Duração: 14 min

http://www.youtube.com/watch?v=TMORNt4tfo0&feature=relmfu parte 2

Título: Leitura também é coisa de criança: série Letra Viva, 6.


Descrição: A série propõe diferentes formas de introduzir a criança no mundo da leitura e da escrita. Os vídeos tratam de
alfabetização e letramento na Educação Infantil e no Ensino Fundamental e apresentam projetos e atividades para
professores que trabalham a linguagem com crianças de até 10 anos de idade.

No sexto programa da série, professores debatem sobre o cuidado na recomendação de livros aos alunos. Além disso, o
programa apresenta ferramentas para estimular a criança a ler e fala da contribuição da leitura como forma de ampliar o
uso da linguagem em diversas situações sociais.
Duração: 29 min
Endereço Eletrônico: http://www.youtube.com/watch?v=FvczNDdU8ZY
Endereço Eletrônico (URL)
http://www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/busca.asp?cx=008343006456127368238%3Af2oescmxcbi&cof=FORID%3A10&
ie=iso-8859-1&q=leitura&sa.x=13&sa.y=15res.
Sítios (URLs)
Descrição: Salto para o futuro (TV Brasil): artigos, entrevistas, vídeos variados sobre o tema da Leitura e outros temas de
interesse para educador.

INTERDISCIPLINARIDADE

Caminhando pela história da alfabetização, retomar a história da leitura é um passo interessante para a compreensão de como os processos foram se constituindo
historicamente. Neste ponto, retomar as discussões da disciplina História da Educação sobre os processos históricos que se construíram ao longo da história da
educação e da humanidade são ações fundamentais.
Pensar como os adultos aprendem a ler representa um desafio instigador. Pessoas que trazem consigo uma leitura de mundo densa e voltam para a escola em
busca de legitimar tais saberes promove uma reflexão significativa.
É importante ressaltar que a disciplina Processo de Alfabetização e Letramento, por seu caráter também transversal, acaba por criar links de interlocução com
todo o currículo do Curso Normal, incluindo as disciplinas do núcleo comum, principalmente, quando nos eixos do 2º ano Normal. O protagonismo docente pode
transcender tais sugestões e aprofundar os aspectos interdisciplinares tão fundamentais à dinâmica do curso. Finalmente, a disciplina Pesquisa Pedagógica e
Iniciação à Pesquisa é uma parceira fundamental ao promover a aproximação dos estudantes do campo, onde poderão dialogar com escritas e leituras infantis
aproximando da realidade educação em loco.
OUTROS

AVALIAÇÃO: Concordamos com LUCKESI (1995) e ESTEBAN (2003) que a avaliação precisa assumir um caráter diagnóstico, dialético e interdisciplinar se desejamos
ressignificar o seu papel na escola. Nesse sentido, torna-se fundamental que escola assuma um papel mais democrático reflexivo e inovador diante das práticas
avaliativas, entendendo que avaliar não significa apenas medir, mas analisar o processo ensino-aprendizagem a partir das múltiplas possibilidades que guardam,
tais como: avaliação compartilhada entre disciplinas; combinação de instrumentos de aprendizagem-avaliação conjuntos e provas escritas com questões de
diferentes disciplinas de modo a favorecer a aprendizagem sem atormentar os alunos com muitas verificações escritas, e que pouco dizem das aprendizagens
construídas. Para favorecer este aspecto, recomendamos avaliações que sejam estudo de caso e não apenas questões desvinculadas do cotidiano da sala de aula.

CELIS, Glória Inostroza de. Aprender a formar crianças leitoras e escritoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
ESTEBA, Maria Teresa (org.) 4 ed.. Avaliação uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

FERRARI, Márcia. Roger Chatier, o especialista em história da leitura.Pesquisador francês estuda os


significados sociais dados aos textos pelo autor e pelo leitor. Disponível em:
http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/especialista-historia-leitura-427323.shtmlé

Acesso em 09/02/2013
Referências bibliográficas
FRAGO, Antonio Vinao. FRAGO, Antonio Viñao. Alfabetização na sociedade e na história: Vozes, palavras e textos. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1993.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler, em três artigos de completam. São Paulo: Cortez, 1997.
KLEIMAN, Angela. Oficina de leitura, teoria e prática. Campinas, SP: Pontes, 2004.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1994.
LUCKESI, Cipriano> Avaliação da Aprendizagem Escolar. 13 ed. São Paulo: Cortez, 2002.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 2005.
MORAIS, José. A arte de ler. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1996.
PETIT, Michèle. A arte de ler ou como resistir à adversidade. São Paulo: Ed. 34, 2009.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998.
SILVA, Ezequiel Theodor da. Unidades de leitura – Trilogia pedagógica. Campinas, SP: Autores Associados, 2003
Conferências sobre leitura – trilogia pedagógica. Campinas, SP: Autores Associados, 2003.
Leitura em curso – trilogia pedagógica. Campinas, SP: Autores Associados, 2003.
TEBEROSKY, Ana et alli. Compreensão de leitura, a língua como procedimento. Porto Alegre: Artmed, 2001.
Yunes, Eliana. Pensar a leitura: complexidade. Ed. PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2002.
Yunes, Eliana. A experiência da leitura. São Paulo: Loyola, 2003

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