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Conteúdo(s) Assunto(s)
a. Espécies de penas e de medidas de segurança
no Direito Penal Militar.
b. Circunstâncias judiciais, agravantes,
3. Penas atenuantes e especiais da fixação da pena.
c. Suspensão condicional da pena e livramento
condicional.
d. Extinção da punibilidade.
4. Tipos penais militares a. Elementos constitutivos do tipo penal.
b. Crimes militares em tempo de paz.
a. Organização e funcionamento da Justiça
5. Justiçã Militar da União Militar da União.
b. Funções essenciais à Justiça Militar.
a. Peculiaridades, formalidades, imitações
constitucionais e processuais nos casos de
realização de um inquérito policial militar
6. Polícia Judiciária Militar da União (IPM).
b. Peculiaridades, formalidades, imitações
constitucionais e processuais nos casos de
lavratura de um auto de prisão em flagrante
delito (APFD).
Obs: Forma de se escrever o amparo legal: Artigo, parágrafo, inciso, alínea, lei. Ex: Homicídio
qualificado, previsto no Art 205, §2o, I, CPM.
ESPÉCIES DE PENAS
PRINCIPAIS – Art 55, CPM: Morte, reclusão e detenção (Art 58 e 59, CPM), prisão (Art 59, CPM),
impedimento (Art 63 e 183, CPM), suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função ( Art
64, CPM. Ex: Art 198, 201 e 304, CPM), reforma (Art 65, CPM. Ex: Art 266, "in fine", CPM). Art 15 e 25,
CPM – Tempo de guerra. Art 709, CPPM – Forças em guerra.
ACESSÓRIAS – Art 98 e 107, CPM: Perda do posto e de patente (Art 99, CPM e Art 142, §3o, VI e VII
da CF, 88), indignidade para o oficialato (Art 100, CPM), incompatibilidade com o oficialato (Art 101,
CPM), exclusão das FFAA (Art 102, CPM. Ver Art 125, I, E-1 e Art 32, §1o, III, RDE. Somente para
praças com estabilidade), perda da função pública, ainda que eletiva (Art 103, CPM), inabilitação para
o exercício de função pública (Art 104, CPM. Ver Art 167 a 176 e 183 a 204, CPM), suspensão do poder
familiar, tutela ou curatela (Art 105, CPM), suspensão dos direitos políticos (Art 106, CPM).
MEDIDAS DE SEGURANÇA
Substitui a pena para os inimputáveis que trazem risco para o convívio social. Podem ser
medidas de segurança PESSOAIS e PATRIMONIAIS.
PESSOAIS
Não detentivas: Cassação de licença para direção de veículos, exílio local e
proibição de frequência a certos lugares.
FIXAÇÃO DA PENA
Art 69 ao 77, CPM
Circunstâncias JUDICIAIS – Art 69, CPM. Tipo de crime, dolo, grau de culpa, pessoa do réu.
Poder discricionário do juiz.
A PB e a PA devem estar situadas entre o máximo e mínimo previsto para o crime sob análise.
Na PF, o juiz pode extrapolar o mínimo e máximo previsto para o crime, estando limitado
apenas pelo que consta no Art 58, CPM (Art 76, CPM).
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES
Art 70 e 71, CPM
Reincidência – Art 70, I e Art 71, §1 o, CPM: É considerada sempre que não tenham decorridos 5
anos do cumprimento ou extinção da pena da condenação anterior.
CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES
Art 72, CPM
Quantum da agravação ou atenuação – Art 73, CPM: Quando a lei determina a agravação ou
atenuação da pena sem mencionar o quantum, deve o juiz fixá-la entre 1, 5 e 1, 3, guardados os
limites da pena cominada ao crime.
Importante: Art 187, 189, 190, §3o, 207, §1o, CPM – São causas especiais de aumento ou diminuição
de pena.
Art 76, CPM: Quando a lei prevê causas especiais de aumento ou diminuição da pena, não fica o
juiz adstrito aos limites da pena cominada ao crime, senão apenas aos da espécie de pena aplicável
(Art 58, CPM. Parágrafo único: No concurso dessas causas especiais, pode o juiz limitar-se a um só
aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou
diminua.
Qualificadoras – Art 205, §2o, CPM;
Exceções: Imprecisões técnicas da Lei Penal Militar – Art 242, §2o, 157, §2o, 158,§1o, CPM
(Majorantes) e Art 242, §3o, CPM (Qualificadora).
Conceito: “É o ato pelo qual o juiz, condenando o delinquente à pena privativa de liberdade de
curta duração, suspende a execução da mesma, a fim de impedir seus conhecidos e inevitáveis
males, ficando o sentenciado em liberdade, mediante certos pressupostos e condições.”
Requisitos:
Casos especiais – Art 97, CPM (segurança externa, motim, revolta, aliciação, incitamento, violência
contra superior ou militar de serviço) e 642, CPPM.
d. Extinção da punibilidade.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Art 123, CPM
• Morte do agente;
• Anistia (Congresso Nacional + Presidente da República): Perdão total pelo crime.
Indulto (Presidente da República): Comutação da pena após o cumprimento de parte da mesma,
nas datas festivas e religiosas; (Comutação = substituir uma pena por uma pena mais leve).
• Prescrição: Perda do poder de punir do Estado pelo seu não exercício em determinado lapso
de tempo:
◦ Pretensão punitiva: Referência é a pena máxima prevista para o crime cometido ( Art
125, CPM), é contada a partir da consumação do crime;
◦ Pretensão executória: Referência é o tempo da pena fixado na sentença (Art 126, CPM);
◦ Prescrição nas penas de reforma, suspensão do exercício funcional e hierárquico é de 4
anos (Art 127, CPM);
◦ É diferente para menores de 21 anos e maiores de 70 anos (Art 129, CPM);
◦ É diferente para a insubmissão e a deserção (Art 131 e 132, CPM);
◦ As penas acessórias são imprescritíveis (Art 130, CPM).
• Reabilitação: 5 anos após a extinção da pena principal.
CASOS ESQUEMÁTICOS – 3
Créditos: Cad Melgs
g)Prescrição.
R: Prescrição em 20 anos pois o máximo da pena é superior a doze anos; Para o menor de 21 anos
segundo o Art 129, o prazos de prescrição são reduzidos a metade, ou seja, 10 anos.
2. Uma sentinela foi surpreendida pelo Of Dia dormindo no seu posto de serviço (Art. 203/CPM)
g)Prescrição.
R: Prescrição da ação penal em quatro anos, pois o máximo da pena é igual a um ano.
3. Em operações de guerra no estrangeiro, o Sd Lombroso, quando a posição de seu pelotão era atacada
por forças inimigas, concitou seus companheiros a não cumprirem as ordens do Cmt Pel. (Art.
371/CPM)
g)Prescrição
R: 30 anos pois a pena é de morte
4. Suponha que o Sd Lombroso tenha sido condenado à morte. O Presidente da República foi informado
da decisão na data de hoje e não pretende comutar a pena nos termos do Art. 84, XII da CF/88. Em que
dia a sentença poderá ser executada?
R: Segundo o Art 707, paragrafo 3 do CPPM a pena de morte só será executada sete dias após a
comunicação ao Presidente da República
5. O Ten Anquilósquio foi condenado a 8 meses de detenção por ter praticado o crime previsto no Art.
235 do CPM. Comente sobre o tipo, a pena, sursis e penas acessórias possíveis.
R: Cabe o Sursis pois é em tempo inferior a 2 anos e pode ser enquandrado como Indignidade ao
Oficialato no Art 100 CPM.
6. Um Cap e um Sub Ten de determinada Comissão de Seleção exigiram de um dos convocados certas
vantagens, de ordem pecuniária, para dispensá-lo da prestação do serviço militar inicial. O oficial foi
condenado a 3 anos de reclusão e a praça a 2 anos e 4 meses de reclusão. Crime de Concussão em
concurso de agentes. (Art. 305, c.c. Art. 53). Comente.
R: Crime de concussão é quando o agente público exige vantagem indevida.
Em concurso de agentes é quando mais de um agente comete o crime junto.
7. Supondo que um militar tenha sido condenado a 3 anos de reclusão. O último dia de cumprimento da
pena é hoje. A partir de que data não será mais considerado reincidente?
R: Reincidência (Art. 70, I e Art. 71 e seu §1º, CPM) – considerada sempre que não tenham decorridos
cinco anos do cumprimento ou extinção da pena da condenação anterior.
8. Supondo-se que tenha sido concedida a um criminoso a suspensão condicional da pena. O período de
prova de dois anos se encerrará daqui a um mês. Hoje o boletim interno publicou punição de 8 dias de
prisão disciplinar por ter o mesmo militar se ausentado do quartel e faltado ao expediente por 4 dias sem
motivo justificado. Comente.
R: Não haverá revogação do SURSIS, pois não se trata de um crime cuja pena tenha sido privação da
liberdade
9. O Cap Bisonho, Cmt SU, foi condenado por ter tratado um seu subordinado com rigor excessivo
quando, ao admoestá-lo por falta de pequena gravidade, proferiu ofensas verbais exacerbadas (Art.
174/CPM). Comente sobre limites da pena, suspensão da pena e prescrição.
R: Máximo de seis meses, o capitão tem direito a suspensão condicional da pena. A prescrição da ação
penal é de 2 anos.
10. O Sgt Tainha, após o rancho do café, em atitude descontrolada e insana, desatou a correr pelo quartel
e ao se encontrar com o Cmt OM deu-lhe um tiro a queima-roupa, que o matou. No julgamento, a defesa
teve sua tese de doença mental acatada pelo Conselho de Justiça, que entendeu ser o Sgt Tainha portador
de doença mental grave e que o mesmo oferece perigo à incolumidade alheia. (Art. 205, §2º, IV).
Comente a respeito de eventual condenação ou medida de segurança.
R: O Sgt Tainha pode ser enquadrado no Art 48 CPM imputabilidade, pois não possui capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, em virtude de
doença mental. Segundo o Art 11 IV, os enquadrados no Art 48 do CPM estão sujeitos as medidas de
segurança previstas no Art 112 CPM o qual o juiz determina sua internação em manicômio judiciário.
11. O Cb Traquínio tem velha desavença com o Sd Bolota. Estando no estande de tiro e com sua arma
carregada, atirou no militar com intenção de matá-lo. O tiro disparado atingiu o Sd Bolota, ferindo-o
sem gravidade. Porém, o projetil transpassou o militar, ricocheteou e, em trajetória descontrolada,
atingiu mortalmente o Sd Padiola, que se encontrava ao lado do Cb Traquínio (Art. 205, §2º, I e IV; c.c
Art. 206, caput e Art. 30, parágrafo único, todos do CPM). Comente.
R: Houve um Concurso Formal de crimes, o agente com uma só ação comete dois crimes.
As penas previstas para cada crime são de natureza diversa. Portanto a pena final = reclusão + 1/2
detenção.
Tipo Penal: É o conjunto de elementos descritivos do crime, contidos na lei penal. O NÚCLEO
DO TIPO é sempre um VERBO, que constitui a conduta (ação ou omissão) proibida.
O resultado é a consumação do fato típico descrito na norma penal.
A causalidade ocorre quando determinado resultado é consequência direta da conduta humana.
A tipicidade é o ajuste de uma dada conduta humana a um modelo típico, contido na lei penal.
Crimes contra a segurança externa: São crimes contra a segurança externa do país, à sua
soberania e independência. A tentativa de cometer alguns crimes já configura sua consumação ( Art
140 e 142, CPM).
Crimes contra a autoridade ou disciplina militar: Art 149, 152, 154 ao 160, 163, 164, 171, 172, 174,
213, 175 e 176, CPM. NÃO CONFUNDIR Desrespeito a superior (Art 160, CPM) com desacato (Art
298 ao 300, CPM) ou com resposta desatenciosa ao superior (Nr 98, An I do RDE).
Desrespeito a superior fere a autoridade militar na figura do superior. É mais leve. O desacato
atinge a instituição militar, atingindo a hierarquia e a disciplina. É mais grave.
NÃO CONFUNDIR recusa de obediência (Art 163, CPM) com descumprimento de missão (Art 196,
CPM), com desobediência (Art 301, CPM) ou com transgressão disciplinar do Nr 17 do An I do
RDE.
A recusa de obediência é caracterizada pela ação positiva do infrator, que se nega a cumprir
uma ordem. O descumprimento de missão é simplesmente um não fazer, ou seja, não há a
recusa da ordem, e está previsto no capítulo referente a crimes em serviço. A desobediência é
um não cumprimento de ordem legal mais ligada a atos administrativos. A transgressão do Nr
17 do An I do RDE é o não cumprimento de uma ordem em sua totalidade.
Não confundir rigor excessivo (Art 174, CPM) com maus tratos (Art 213, CPM).
Crimes contra o serviço e o dever militar: Insubmissão (Art 183 ao 186, CPM), deserção (Art 187
ao 194, 391 e 392, CPM e Art 451 ao 457, CPPM ), abandono de posto (Art 195 e 390, CPM e Nr 28, An I
do RDE), descumprimento de missão (Art 196, CPM e Nr 17, An I do RDE ), embriaguez em serviço
(Art 202, CPM e Nr 110, An I do RDE), dormir em serviço (Art 203, CPM) e exercício de comércio (Art
204, CPM).
No caso da deserção, pode haver a minorante da apresentação voluntária 8 dias após a consumação
(pena diminuída de 1, 2) ou após 8 dias até 60 dias (pena diminuída de 1, 3). Também pode haver a
majorante se a unidade for de fronteira ou em país estrangeiro (pena agravada de 1, 3).
O período necessário para deserção é calculado da seguinte forma:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Crimes contra a pessoa: Homicídio (Art 205 e 206, CPM), provocação ou auxílio ao suicídio (Art 207,
CPM), lesão corporal (Art 209 e 210, CPM), participação em rixa (Art 211, CPM), abandono de pessoa
(Art 212, CPM) e maus tratos (Art 213, CPM).
Crimes contra a honra: Art 214 ao 221, CPM. HONRA SUBJETIVA é referente aos atributos da
pessoa. É aquilo que ela pensa de si. É ferida pela INJÚRIA. HONRA OBJETIVA é referente ao
que pensam da pessoa, ou sobre sua reputação. É ferida pela CALÚNIA e pela DIFAMAÇÃO.
A diferença entre os três crimes é simples. Tanto a CALÚNIA quanto a DIFAMAÇÃO referem-se
a um ato praticado pela pessoa. Na calúnia, tal ato é PREVISTO COMO CRIME. Na difamação,
NÃO É PREVISTO COMO CRIME. No caso da INJÚRIA, não se fala em ato praticado pela
pessoa, e sim em um adjetivo para ela (corno, viado, vagabunda).
Crimes contra a liberdade: Art 222 ao 231, CPM. Constrangimento ilegal (Art 222, CPM) e ameaça
(Art 223, CPM). O CONSTRANGIMENTO ILEGAL é obrigar alguém por meio de violência
ou grave ameaça a fazer, tolerar que se faça ou a não fazer o que a lei permite. Na AMEAÇA,
não há essa obrigação, ou seja, é simplesmente uma ameaça.
Crimes contra a inviolabilidade de domicílio: Art 226, CPM. Ver Art 5o, XI, CF, 88.
Pode-se entrar em um domicílio com um mandado de busca e apreensão.
Crimes sexuais: Art 232 ao 237, CPM. O ESTUPRO (Art 232, CPM) é mediante violência ou
grande ameaça e há a conjunção carnal, ou seja, o sexo propriamente dito. O ATENTADO
VIOLENTO AO PUDOR (Art 233, CPM) é semelhante ao estupro, porém não há a conjunção
carnal. É obrigar a pessoa a presenciar, praticar ou que pratique nela mesma ato libidinoso diverso
da conjunção carnal. A CORRUPÇÃO DE MENORES (Art 234, CPM) é sem violência ou
ameaça, com pessoa menor de 18 e maior de 14 anos, caracterizado por qualquer ato libidinoso.
O Art 235, CPM trata de PEDERASTIA OU OUTRO ATO DE LIBIDINAGEM (detalhe: pena
acessória prevista no Art 100, CPM). O Art 236, CPM trata de quando há a presunção de violência.
Ex: Ato com pessoa de 13 anos sem violência e com o seu consentimento é considerado estupro,
pois há presunção de violência, previsto no Art 236, I, CPM.
Furto: Art 240 e 241, CPM. Sem violência. O Art 241, CPM trata do FURTO DE USO, quando algo
é furtado para uso temporário e devolvido posteriormente.
Roubo: Art 242, CPM. Com violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que reduza a
possibilidade de resistência da vítima. No simples ou próprio ( Art 242, caput, CPM), o ato violento
ocorre antes do roubo. No impróprio ( Art 242, §1o, CPM) ocorre depois. O latrocínio (Art 242, §3o,
CPM) é o roubo no qual o ato violento resulta na morte da vítima.
Extorsão: Art 243, CPM. Trata-se de obrigar alguém a dar ao ativo uma vantagem econômica
mediante violência ou ameaça. Semelhante ao roubo, porém não há roubo de coisa, mas sim de
vantagem econômica. No Art 244, CPM é tratada a extorsão mediante sequestro. Se há a extorsão
mediante ameaça de divulgação de fato que possa lesar a reputação da vítima, fica caracterizada
a chantagem.(Art 245, caput, CPM).
Apropriação indébita: (Art 248 e 249, CPM). Ocorre quando o ativo apropria-se de coisa que tem
posse ou detenção. Ou seja, quando o proprietário de um bem confia a uma pessoa aquele bem,
e essa pessoa apropria-se dele como se fosse sua. O Art 248, caput, CPM é referente a apropriação
indébita SIMPLES, quando a pessoa age como se fosse dono de uma coisa, ou não a restitui a
seu legítimo dono ou passa essa coisa a terceiro. O Art 249, caput, CPM trata da apropriação
indébita ACIDENTAL, quando a coisa vem ao poder da pessoa por erro (Ex: Pagamento a mais
no soldo), caso fortuito (Ex: Gado que passa pela cerca para a fazenda vizinha sem o proprietário
querer) ou força da natureza (Ex: Enchente). Se a pessoa não devolver o bem ao seu dono, fica
caracterizado o crime. O Parágrafo único desse artigo trata de apropriação de coisa achada.
Estelionato: (Art 251, CPM). Ocorre quando o agente obtém vantagem ilícita por meio de fraude
em prejuízo a terceiro. Ex: Militar é transferido falsamente e declara levar sua empregada
doméstica para obter o benefício de seu transporte. Nesse caso, o terceiro que é prejudicado é o
próprio Estado. Existem os ESTELIONATOS ASSEMELHADOS, portanto verifique todo o
conteúdo do Art 251, CPM.
Receptação: Art 254 e 255, CPM. É adquirir, receber ou ocultar coisa proveniente de crime. O
Art 255, caput, CPM trata da receptação culposa.
Dano: Art 259 ao 266, CPM. É destruir, inutilizar, deteriorar ou fazer desaparecer coisa alheia.
Atentar para o Art 262, caput, CPM, que trata de dano em material ou aparelhamento de guerra
(acredito que uma viatura militar esteja enquadrada nessa situação).
Tráfico, posse ou uso de entorpecente ou substância de efeito similar: Art 290, CPM. Receber,
preparar, produzir, vender ou fornecer. Não há o princípio da insignificância para o militar, ou
seja, não importa a quantidade, sempre será configurado o crime.
Desacato a superior (Art 298, CPM) e desobediência (Art 301, CPM) já abordados anteriormente.
Desacato a militar: Art 299, CPM. É semelhante ao desacato a superior, porém pode ser cometido
também por civil.
Peculato e peculato-furto: Ocorre o peculato quando ocorre o furto de um bem móvel (pode ser
dinheiro também) por pessoa que tem sua posse ou sua detenção em RAZÃO DO CARGO
OU COMISSÃO. O PECULATO é quando a pessoa é diretamente responsável pelo bem
subtraído. O PECULATO-FURTO é quando a pessoa tem facilidade de acesso ao bem
subtraído, mas não é a principal responsável por ele, ou seja, não tem sua posse ou sua
detenção. Ex: Peculato: Sgt Enc Mat subtrai artigos da cadeia para revender. Peculato-furto: Cb
auxiliar do Enc Mat subtrai artigos da cadeia para revender. A diferença para a apropriação indébita
é de que o agente recebe a coisa em confiança em razão de suas funções (é sua função ter a
guarda de tais bens). Na apropriação indébita, o agente recebe a coisa para poder
desempenhar suas funções ou deveres militares. Ex: O oficial de munições de uma OM que
desvia munição comete peculato; Se o mesmo oficial vender o computador de sua seção, estará
cometendo o crime de apropriação indébita.
Concussão: Art 305, CPM. Ocorre quando o agente, em razão da função que desempenha ou
desempenhará, exige para si ou para terceiro uma vantagem econômica indevida. Ex:
Sargenteante que exige dinheiro para retirar militar que está na escala de serviço. Membro da
comissão de seleção que exige dinheiro de conscrito para considerá-lo inapto.
Corrupção: Art 308 e 309, CPM: Ocorre quando o agente oferece dinheiro ou vantagem indevida
para a prática, omissão ou retardamento de ato funcional. A tentativa já configura o crime.
Corrupção ativa é cometida pelo agente ativo, e a passiva é cometida pelo agente passivo (quem
aceita a proposta). Ex: Soldado oferece dinheiro para o sargenteante retirá-lo da escala de
serviço. O soldado comete corrupção ativa. Se o sargenteante aceitar, cometerá corrupção passiva.
Atentar para os crimes referentes a falsidade, previstos do Art 311 ao 318, CPM.
Prevaricação: Art 319, CPM. Ocorre quando o agente que, tendo o dever de praticar ato inerente
ao seu cargo ou função, retarda o ato ou deixa de praticá-lo, contra disposição de lei, com a
FINALIDADE DE SATISFAZER INTERESSE OU SENTIMENTO PESSOAL. Ex: Cap Cmt
SU deixa de punir um soldado porque quer sair com sua irmã.
Violação do dever funcional com o fim de lucro: Art 320, CPM. Ocorre quando o agente viola seu
dever como encarregado de negócio em proveito da administração militar, com o fim de obter
vantagem pessoal, econômica ou não, para si ou para terceiro. Ex: Cad Adj AMAN que recebe os
pães pela manhã, acusa receber uma quantia X mas recebe X+20, com o intuito de tomar café da
manhã na ala com seus companheiros.
Condescendência criminosa: Art 322, CPM. Ocorre quando o superior hierárquico deixa de
punir subordinado por infração ou, faltando-lhe competência funcional para isso, deixa de
cominucar o fato a quem de direito. Pode configurar o crime a INDULGÊNCIA (dolosa), ou
seja, o “bom-mocismo”, a tolerância, a benevolência; ou configurada pela NEGLIGÊNCIA
(culposa), ou seja, pela inação do agente (omissão), preguiça, desleixo, desatenção. Ex: Superior
hierárquico que sabe de desvio de gêneros do rancho e não toma nenhuma providência por
indulgência (crime doloso), ou seja, toma atitude mas não a correspondente com a gravidade do ato,
ou por preguiça (negligência - crime culposo).
Inobservância de lei, regulamento ou instrução: Art 324, CPM. Ocorre quando o agente não
observa a lei, regulamento ou instrução, levando diretamente à prática de ato PREJUDICIAL À
ADMINISTRAÇÃO MILITAR. Também prevê a modalidade culposa e dolosa.
Atentar para os crimes de denunciação caluniosa (Art 343, CPM), que ocorre quando alguém dá
causa à instauração de IPM ou processo judicial militar ao imputar a outrem crime militar de
que o sabe inocente; e de perjúrio (falso testemunho ou falsa perícia – Art 346, CPM), quando há a
afirmação falsa, a negação ou a omissão da verdade na condição de testemunha.
1. Em novembro de 1935, militares nas guarnições de Natal, Recife e Rio de Janeiro, simpatizantes
da ideologia marxista-leninista, tomaram de armas e atacaram companheiros que dormiam e, ou
estavam de serviço. Na ação, patrocinada pelo Movimento Comunista Internacional e financiada e
controlada pela extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, muitos morreram ou ficaram
feridos. Os militares da ativa foram cooptados por Luiz Carlos Prestes e sua companheira e espiã
Olga Benário. Também o então Cap Agildo Barata Ribeiro, doutrinou, incentivou e participou das
ações ilegais. O então 3º RI, aquartelado nas instalações da antiga Escola Militar da Praia Vermelha,
foi palco de parte de tais ações na cidade do Rio de Janeiro. Os prédios da instalação ficaram tão
destruídos pela ação da artilharia legalista, que, ao final, acabaram demolidos. Só no 3º RI
morreram 30 pessoas entre oficiais e praças. Supondo que o atual CPM (1969) já estivesse em vigor
à época, qual(is) seria(m) o(s) crime(s) praticados por Luiz Carlos Prestes, Olga Benário, pelo Cap
Agildo Barata e demais militares insurretos?
R: Partindo do ponto dos mortos e feridos, todos eles praticaram o crime de homicídio qualificado
(Art 205, §2o, IV, CPM) e os crimes previstos no capítulo III, CPM referentes a lesão corporal.
Contra os militares de serviço, praticaram o crime de violência contra militar de serviço em sua
forma qualificada (Art 158, §1o, 2o e 3o, CPM). Os três terão suas penas agravadas de acordo com o
Art 53, §2o, I, II e III, CPM, por serem os cabeças da organização dos crimes (Art 53, §4 o, CPM).
Olga Benário será enquadrada também no Art 143, §1o, II, CPM, por espionagem. No caso do Cap
Agildo, por ter doutrinado e incentivado a participação de outros membros, será enquadrado no Art
155, caput, CPM, por incitamento. Todos cometeram, também, o crime de organização de grupo
para a prática de violência, de acordo com o Art 150, caput, CPM.
2. O Cad Narcisoletti sempre teve muito orgulho de fardar-se. Apesar de ainda ser cadete do 1º ano
e do Curso Básico, em dezembro, durante as férias escolares, participou de uma solenidade militar
em sua cidade natal, uniformizado com as insígnias do 2º ano e com o distintivo da Arma de
Infantaria. Tendo sido identificado por um seu antigo instrutor na AMAN, foi preso em flagrante
delito. Qual foi o crime cometido pelo Cad Narcisoletti?
R: Cometeu o crime de uso indevido por militar de uniforme, distintivo ou insígnia, previsto no Art
171, caput, CPM.
3. O Cap Justino Bravo, Cmt 66ª Cia Eng, SU independente e com autonomia administrativa,
agastado com as inúmeras e repetidas transgressões que o Sd Bisonho vem cometendo
repetidamente, ao puni-lo pela última alteração dada, mera apresentação individual ruim (barba
grande), além de aplicar uma punição de 20 dias de prisão disciplinar, durante a leitura da punição,
e na presença da tropa, se dirigiu ao punido com palavras ofensivas à sua dignidade e honra. Qual
foi o crime cometido pelo Cap Justino Bravo?
R: Praticou o crime de rigor excessivo, previsto no Art 174, caput, CPM.
4. O Ten Escovinha convocou à sua sala os Sd Mévio, Tício, Quindim e o Sgt Tainha. Deu as
seguintes ordens aos militares: ao Sgt Tainha determinou que cumprisse o contido no BI no sentido
de desocupar o PNR onde morava, tendo em vista que não possuía mais direito de ocupá-lo, pois
havia se divorciado e não tinha dependentes sob sua guarda. Ao Sd Quindim determinou que fosse
ao Estande de Tiro da Unidade e preparasse 15 alvos para a instrução de tiro do dia seguinte. Ao Sd
Tício mandou que fizesse a poda da grama na Pista de Treinamento em Circuito da Cia. E ao Sd
Mévio mandou que realizasse uma limpeza adequada da Vtr da qual era motorista, tendo em vista
que a mesma estava suja e mal-cuidada.
Todos os militares, à exceção de Mévio aquieceram às ordens e se retiraram da presença do oficial.
Mévio, ao contrário, de plano e prontamente se manifestou taxativamente, informando ao tenente
que não iria cumprir a ordem dada, visto que estava muito cansado e já estava próximo do final do
expediente. Apesar de instado a respeito, manteve-se firme em não cumprir o que lhe fora
determinado.
Em relação aos demais militares ocorreu o seguinte no prosseguimento: o Ten Escovinha
compareceu à Pista de Circuito e encontrou o Sd Tício dormindo debaixo de uma árvore sem que
nada tivesse sido feito em relação à ordem dada. No dia seguinte, ao comparecer ao Estande para a
instrução de tiro, o Ten Escovinha constatou que o Sd Quindim só tinha preparado 13 alvos por
completo, os outros dois estavam ainda com várias perfurações das instruções anteriores. O Sgt
Tainha deixou esgotar o prazo que lhe fora concedido e, mesmo depois de admoestado a respeito,
ainda sim não desocupou o PNR.
Identifique nas condutas omissivas ou comissivas dos citados militares os crimes militares ou
transgressões cometidas.
R: Em relação ao Sgt Tainha, como não cumpriu o que estava previsto no BI em questão,
caracterizou recusa de obediência, prevista no Art 163, caput, CPM. O Sd Tício será enquadrado no
Art 301, caput, CPM, por desobediência. O Sd Quindim será enquadrado no Nr 17 do Anexo I do
RDE. O Sd Mévio será enquadrado no Art 298, caput, CPM, por desacato a superior.
5. Joaquim, Manoel e José, que moram na mesma cidade, completaram 18 anos no ano passado,
quando se alistaram na Junta do Serviço Militar (JSM) local e, na data determinada, somente
Joaquim e Manoel compareceram perante a Comissão de Seleção (CS) para os exames e testes que
são feitos na Seleção Inicial, tendo sido considerados Aptos “A”. Em novembro do ano passado,
Joaquim e Manoel retornaram à CS, quando foram informados da convocação para a Seleção
Complementar e incorporação no 444º BIMtz para Joaquim e para a matrícula de Manoel no NPOR
daquela mesma Unidade.
A designação de Joaquim, bem como local e data da apresentação (03 Mar do ano seguinte), foi
anotada no verso de seu CAM e este assinou lista de ciência; porém, no CAM de Manoel não foi
feito nenhum lançamento e este não assinou nenhum documento que atestava formalmente sua
designação para matrícula no NPOR.
Em 03, 03 Joaquim compareceu ao quartel, fez os testes previstos, foi entrevistado, recebeu seu
fardamento, armário e foi dispensado até o dia 10 Mar, quando deveria retornar para o ato formal de
incorporação. Já Manoel não se apresentou em 03, 03, mas no dia 10 do mesmo mês, sabendo por
amigos que seria a data da incorporação, apresentou-se no NPOR do 444º BIMtz.
Joaquim saiu no dia 09, 03 com amigos para despedir-se da vida de civil, pois, no dia seguinte,
ingressaria na vida militar como recruta. Embebedou-se de tal forma que baixou ao Hospital local,
só tendo alta no dia 12, 03. No dia 17, 03 compareceu ao quartel do 444º BIMtz.
José, conhecido de Joaquim, vendo que seu amigo não conseguiria se apresentar para a
incorporação, compareceu ao 444º BIMtz em 10, 03, com os documentos de Joaquim,
apresentando-se em seu lugar.
Comente sobre a situação destas três pessoas, citando os tipos penais, agravantes, atenuantes e
situação perante o serviço militar.
R: No caso de Joaquim, ficará caracterizada a deserção, pois levou mais de 8 dias para ele voltar a
se apresentar, porém sua pena será atenuada, pois se apresentou em até 8 dias depois de ter
caracterizado o crime, como previsto no Art 187 e 189, CPM. Começou a contar o prazo à meia-
noite do dia 05, sendo consumado o crime no dia 13. No caso de Manoel, ficou caracterizada a
insubmissão, conforme o Art 183, caput, CPM, com sua pena também atenuada pela ignorância,
previsto no §2o do mesmo artigo. No caso de José, fica caracterizado o crime de uso de documento
pessoal alheio, previsto no Art 317, caput, CPM.
6. No dia 04 ocorreram os seguintes fatos em uma OM do sul do país, localizada junto à fronteira
com a Argentina, envolvendo alguns de seus integrantes:
a. O Ten Bisonho se apresentou 10 dias após o término de seu trânsito alegando que tinha emendado
o trânsito com a instalação a que teria direito por ser casado.
R: Caso assimilado a deserção (Art 188, I, CPM), sendo agravado por ser oficial.
c. O Cap Durandina passou o comando de sua SU ao seu substituto, não lhe entregando o exemplar
do Plano de Defesa do Aquartelamento, distribuído à SU.
R: Houve o crime de retenção indevida, previsto no Art 197, CPM.
d. O Sgt Tainha, rondante do 1º quarto de ronda, tendo verificado todos os postos de guarda e
plantão de seu roteiro, estando cansado e com dores no joelho, deixou o roteiro da ronda, já
preenchido, com o permanência do Corpo da Guarda e recolheu-se para dormir antes do término do
quarto de ronda. Foi surpreendido pelo Oficial de Dia já adormecido, no alojamento do Adj, Of Dia.
R: Fica caracterizado o crime de dormir em serviço, pois o Sgt ainda estava no seu quarto de ronda,
previsto no Art 203, caput, CPM.
f. O Ten Negociolino e o Sgt Wende Dorde Coelho abriram, em sociedade, uma quitanda de
produtos granjeiros e vêm praticando o comércio após o expediente e nos fins de semana.
R: Crime de exercício de comércio por oficial, no caso do tenente, previsto no Art 204, caput, CPM.
Para o Sgt fica caracterizado somente transgressão disciplinar (Nr 112, Anexo I, RDE), pois o
referido crime é somente previsto para oficiais.
Comente sobre a prática de possíveis crimes, data de configuração dos mesmos, possíveis penas,
agravantes e atenuantes, genéricas ou específicas, majorantes ou minorantes das penas.
7. O Asp Of Saudoso de Melo vinha apresentando estado depressivo porque foi classificado em Gu
afastada de sua família e noiva. Dividia seu estado de ânimo com o Asp Espertalino, o qual lhe diz,
todos os dias, que a situação não teria remédio e só tenderia a piorar, visto que o tempo mínimo de
permanência na OM é de três anos; tem até aconselhado que a solução seria por a vida a termo de
uma vez, pois só assim teria, enfim, algum sossego de espírito. Saudoso, diminuído e fragilizado
por grave perturbação psíquica, acaba tomando um veneno que quase o mata, tendo ficado baixado
no HGu por 45 dias. Comente.
R: O Asp Espertalino cometeu o crime de provocação direta ou auxílio a suicídio, por instigar seu
parceiro a se matar, previsto no art 207, caput, CPM.
8. Alguns soldados estavam bebendo já há algumas horas no bar “Último Gole”. Repentinamente,
sem ninguém saber o motivo, instalou-se uma confusão generalizada, onde todos se engalfinharam
com agressões mútuas e indefinidas. Do entrevero resultou lesão grave em um dos soldados, a qual
lhe provocou perda da visão do olho direito; os demais nada sofreram. Apurou-se que o causador foi
o Sd Filisbino, mas ainda não se sabe se a lesão foi culposa ou dolosa.
R: Consultar os parágrafos 2o e 3o do Art 209, CPM.
9. O Ten João Boa Morte, durante uma instrução de sobrevivência na selva, no período de instrução
individual, expôs ao sol inclemente de 40ºC, de forma exagerada, um seu soldado instruendo,
proibindo, inclusive, que se lhe pagasse água ou alimentos. Dizia o tenente que militar é superior ao
tempo e que o soldado precisava aprender a ter rusticidade acima da média; além do que precisava
pagar pela falta de não ter se apresentado para o café da manhã com o seu fuzil perfeitamente
manutenido. O indigitado militar, prestador do serviço militar inicial como auxiliar de rancho do
quartel, passou mal, teve insolação e desidratação e, apesar de socorrido, veio a falecer pelo
desequilíbrio que a alta temperatura, associada à falta de alimentação e água provocaram em seu
organismo. Comente.
R: O tenente cometeu o crime de maus tratos qualificado pelo resultado, previsto no Art 213, §2 o,
CPM.
2. Em recente exercício no terreno, um soldado após sofrer trancos e safanões, foi obrigado por seu
Cmt Pel a dar voltas em torno do acampamento, totalmente nu, vestido apenas com o capacete e
portando o fuzil, como penalização por ter se apresentado para o rancho do café com a barba por
fazer, sendo alvo de chacota por seus companheiros. Inconformado, o Sgt Cmt GC do soldado,
apresentou-se ao Cmt Pel, informando-o de que iria participar o fato ao Cmt SU.
O Ten Cmt Pel, sacando de sua pistola e apontando-a para o rosto do sargento, respondeu que se
assim o fizesse seria morto, pois já não teria nada a perder. O Sgt Cmt GC terminou por não
participar a ocorrência.
R: O Ten cometeu o crime de constrangimento ilegal em sua forma qualificada, previsto no Art 222,
§1o, CPM.
3. O Cmt de uma determinada subunidade ficou sabendo que um Sd de sua SU, ausente do quartel
já há cinco dias, estaria homiziado na residência onde moravam seus genitores. Chamou um de seus
tenentes e determinou a captura do infrator.
O Ten compareceu ao local, cercou a casa, esperou anoitecer e, pessoalmente, saltou o muro e
meteu os pés na porta da residência, arrebentando-a. Dentro da residência, além dos moradores,
encontrou o soldado e deu-lhe voz de prisão.
R: R: O Cmt da subunidade está cometendo o crime de violação de domicílio em sua forma
qualificada, previsto no Art 226, §1 o, CPM pois o referido Sd ainda não cometeu o crime de
deserção e o Cmt não tem autorização para entrar em sua casa (não tem um mandado de busca e
apreensão). Além disso, será agravado pelo parágrafo 2o do mesmo artigo.
4. No último mês de junho foi realizada uma festa junina no Clube Militar da Gu, o qual funciona
no interior do aquartelamento de uma OM, EB. Um jovem militar se fez acompanhar por sua
namorada, moça de distinta família local e com apenas 16 anos. Aproveitando-se da pouca
iluminação e de local ermo próximo, começou a acariciar a moça com um pouco mais de
intimidade, tendo sido surpreendido pelo pessoal de serviço quando a adolescente lhe praticava uma
felação.
R: O militar cometeu o crime de corrupção de menores, previsto no Art 234, caput, CPM.
6. No último Dia do Soldado, civis acorreram maciçamente ao quartel para assistir a formatura. Em
determinado momento, um civil posicionou-se em frente ao grupamento feminino e,
ostensivamente, expôs sua genitália às militares em forma, causando constrangimento generalizado.
R: Ato obsceno, Art 238, caput, CPM.
7. Um cadete, aproveitando que um seu companheiro se encontrava de serviço nos Parques, pegou o
carro do militar, sem sua autorização, e foi dar algumas voltas em Resende. Após recompletar o
tanque do veículo, devolveu-o ao seu lugar no estacionamento de cadetes.
R: Crime de furto de uso, previsto no Art 241, caput, CPM, agravado por seu parágrafo único, por
se tratar de veículo motorizado.
8. O Cb Filoustáquio, encarregado do museu da OM, estando mal das finanças, vendeu a um civil
seu cinto de guarnição e o poncho que recebeu do Enc Mat, SU, quando de sua incorporação e
vendeu a um outro militar uma pistola pertencente ao acervo do museu.
R: Ao vender os equipamento que recebeu da cadeira, o Cb cometeu o crime de apropriação
indébita, previsto no Art 248, caput, CPM, com a pena agravada pelo segundo inciso do parágrafo
único do mesmo artigo. Na venda da pistola do museu, por ele ser o encarregado do museu da OM,
cometeu o crime de peculato, previsto no Art 303, caput, CPM.
9. Um oficial, que trafegava com seu carro pelo interior do quartel, perdeu a direção do veículo e
abalroou uma viatura de 1, 4 Ton, a qual trafegava em sentido contrário, provocando lesões
corporais no motorista militar e danos consideráveis à viatura.
R: O oficial cometeu o crime de dano em material ou aparelhamento de guerra, previsto no Art 262,
caput, CPM, porém em sua modalidade culposa de acordo com o Art 266, caput, CPM. Por ser
oficial e ter resultado em lesão corporal, poderá também ser reformado de acordo com o referido
artigo.
A Justiça Militar da União é composta pelos seguintes órgãos (Art 1o, LOJM):
A Justiça Militar da União processa e julga os crimes militares previstos em lei (Art 9o, CPM) –
Art 124, caput, CF/88
A Justiça Militar Estadual e do DF julga os militares dos estados nos crimes militares previstos
no CPM – Art 125 §§4o e 5o, CF/88
1) Superior Tribunal Militar (STM): Instância máxima. Jurisdição em todo o território nacional.
Composto por 15 ministros vitalícios (Art 123, CF/88 e Art 3o, LOJM), sendo:
• 3 oficiais-generais da Marinha;
• 4 oficiais-generais do Exército;
• 3 oficiais-generais da Aeronáutica; e
• 5 civis.
São nomeados pelo Presidente da República, mediante sabatina pelo Senado Federal. São todos
da ativa e do último posto. Dos 5 civis, 3 são advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada,
com mais de 10 anos de atividade profissional efetiva e 2 são definidos de forma paritária entre
juízes-auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar.
São competências do STM: Processar e julgar oficiais-generais das FFAA, nos crimes definidos
em lei. (Exceção: Os Cmt FA – Art 102, I, “c”, CF/88); os pedidos de habeas corpus; a
representação para decretação de indignidade de oficial ou sua incompatibilidade para o
oficialato; julgar os feitos originários dos Conselhos de Justificação e os recursos e apelações
oriundos das instâncias de 1o grau (Conselhos de Justiça) – Art 6o, LOJM.
3) Circunscrições Judiciárias Militares: Art 2o e 102, LOJM. É a forma na qual a Justiça Militar é
dividida administrativamente ao longo do território nacional. Cada CJM possui uma auditoria,
que é o órgão de 1a instância da JM com jurisdição mista, cabendo-lhes conhecer os feitos quer seja
da Marinha, Exército ou Aeronáutica. Algumas CJM possuem mais de uma auditoria (Art 11, LOJM).
• 1 juiz-auditor;
• 1 juiz-auditor substituto;
• 1 diretor de secretaria;
• 2 oficiais de justiça avaliadores; e
• demais auxiliares.
5) Conselhos de Justiça: Funcionam dentro das auditorias, e são de dois tipos (Art 16, LOJM):
• 1 juiz-auditor; e
• 4 juízes militares (Todos oficiais. 1 presidente (oficial-general ou oficial superior, mais
antigo que os demais juízes militares (Art 16, “a”, LOJM) e 3 membros. Todos os juízes
militares DEVEM SER MAIS ANTIGOS QUE O RÉU (Art 23, caput, LOJM).
• 1 juiz-auditor; e
• 4 juízes militares (Todos militares. 1 oficial superior presidente e 3 oficiais até o posto de
capitão ou capitão-tenente como membros).
Obs: Se em um mesmo processo são acusados oficiais, praças e/ou civis, a competência será
deslocada para os Conselhos Especiais de Justiça, mesmo que no decorrer do processo o
oficial seja excluído (Art 23, §§2o e 3o, LOJM).
POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR: É quem apura os crimes militares, por meio dos IPM, ou
através de PRISÕES EM FLAGRANTE DELITO. Cumpre as determinações ou requisições
do juízo militar ou do ministério público militar, quanto às diligências e informações
necessárias à instrução e julgamento dos processos. Cumpre mandados de prisão e demais
atribuições descritas no Art 8o, CPPM.
Sua atividade é exercida pelos oficiais em função de comando independente, nos termos do Art 7 o,
CPPM.
O foro militar é especial e a ele estão sujeitos os militares da ativa ou da reserva convocados, bem
como os policiais e bombeiros militares quando incorporados às FFAA ( Art 82, I e II, CPM).
Também, por extensão do foro, os militares da reserva e reformados e os civis, nas hipóteses do Art
9o, III, CPM (Art 82, §1o, CPPM).
Quando não se puder determinar o lugar da infração por militar da ativa, será considerada a
sede do lugar de serviço (Art 85 e 96, CPPM). Nos casos de tentativa, o lugar da infração será onde
foi praticado o último ato de execução (Art 88 ao 93, CPPM).
Diz-se que um juízo está prevento (prevenção) quando ocorre um conflito aparente de juízos,
como uma infração cometida nos limites geográficos de duas circunscrições e um dos possíveis
juízos competentes conheceu primeiro os fatos; este estará prevento (Art 94 e 95, CPPM).
Em uma mesma CJM que tenha mais de uma auditoria, a competência se definirá pela
distribuição (Art 86, CPPM); exceto na 3a CJM, onde as auditorias se localizam em cidades
distintas.
A conexão ou continência, a prerrogativa do posto ou função e o desaforamento prevalecem sobre
os critérios dos Art 86 e 86, CPPM (Art 87, CPPM).
Conexão: Art 99, CPPM. Ocorre quando dois ou mais crimes, apesar de cometidos em momentos
distintos e por motivação vária, ou ainda por agentes distintos, estão ligados de alguma forma e é
recomendável que sejam julgados por um só juízo.
Continência: Art 100, CPPM. Ocorre quando há o concurso de agentes ou concurso de crimes.
Para os dois itens anteriores, deve-se observar o Art 101, CPPM).
Competência por prerrogativa do posto ou função: Art 108, CPPM. O Art 6o, I, LOJM
(competência por prerrogativa de posto), estabelece prerrogativa de foro para os oficiais-generais,
para que sejam julgados originariamente pelo STM. O Art 95, parágrafo único, LOJM (prerrogativa
de função), aplica-se apenas aos Cmt TO.
Desaforamento: É a subtração do processo, de uma determinada auditoria para outra, pelas causas
listadas no Art 109, CPPM.
• Positivo – Quando mais de uma autoridade judiciária entender, ao mesmo tempo, ser
competente para conhecer do processo;
• Negativo – Quando cada uma de duas ou mais autoridades judiciárias entender, ao mesmo
tempo, que cabe à outra conhecer do processo;
• Quando, em razão da unidade de juízo, junção ou separação de processos, por conexão ou
continência, houver controvérsia entre duas ou mais autoridades judiciárias.
• Competente para dirimir (abolir, anular, obstruir) o conflito o STF quando suscitante ou
suscitado for o STM (Art 102, I, “o”, CF/88);
• Competente o STJ se o conflito se der entre juízo militar de 1 a instância e tribunal ou juízos
vinculados a outro tribunal (Art 105, I, “d”, CF/88);
• Competente o STM quando o conflito ocorrer entre autoridades judiciárias subordinadas a
esse Tribunal (Art 6o, II, “g”, LOJM).
CASOS ESQUEMÁTICOS – 5
2. Que órgão da justiça decidirá sobre qual Auditoria será competente para julgar o fato
supostamente criminoso, já que há um conflito positivo de competência?
R: O STM, de acordo com o Art 6o, II, “g”, LOJM.
3. Por que um Delegado de Polícia Civil não pode, também, instaurar inquérito policial e remetê–lo
à Justiça Criminal Comum?
R: Porque de acordo com o Art 10, “a”, CPPM, o inquérito deve ter iniciado por ofício pela
autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou comando haja ocorrido a infração penal.
4. Qual ou quais Conselho(s) de Justiça julgará(ão) o Major e o Sargento? Qual será a composição
do(s) mesmo(s)?
R: O major será julgado pelo Conselho Especial de Justiça, por ser oficial. O Sargente, por sua vez,
será julgado pelo Conselho Permanente de Justiça, por ser praça. A composição dos dois conselhos
está previsto no Art 16, “a” e “b”, LOJM.
6. Você, conhecedor das normas e princípios gerais que regem o Direito Penal Militar, informe e
explique suas razões para definir onde teria sido o local do crime, citando os dispositivos legais que
autorizam sua resposta?
R: O local do crime, para o Direito Penal Militar, é tanto onde se dá o ato de execução quanto onde
se dá o resultado, de acordo com o Art 6 o, caput, CPM. Nesse caso, o crime ocorreu tanto no MS
quanto no PR.
7. Considerando a especificidade do processo penal militar, a quem caberá oferecer a denúncia dos
fatos supostamente criminosos à Justiça Militar?
R: O Ministério Público Militar, de acordo com o Art 29, caput, CPPM.
8. O Sgt acusado não tem condições de arcar com as despesas de um advogado. Como se resolverá
esta questão a fim de garantir-lhe o que prescreve a Constituição Federal quanto ao direito da ampla
defesa e do contraditório?
R: De acordo com o Art 5 o, LXXIV, o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos.
9. Suponha que após o julgamento o Major tenha sido condenado a uma pena de 5 anos de reclusão.
O que poderá acontecer a este oficial tendo em vista a condenação superior a 2 anos? Que órgão
será competente para processar e julgar a situação deste oficial condenado?
R: Poderá ser imputada ao major a pena acessória de perda de posto e patente. De acordo com o Art
142, §3o, VI, CF/88, o órgão competente para processar e julgar sua situação é um tribunal militar
permanente, ou seja, o STM.
10. Cite qual é a norma legal onde se encontram as disposições gerais sobre o inquérito policial
militar, procedimentos dos encarregados de IPM e Juízes, bem como sobre colhimento de provas
técnicas e testemunhais e, ainda, informe se tal norma é de direito substantivo ou material, ou , ao
contrário, é norma de direito adjetivo ou formal.
R: Está previsto no Título III, Capítulo único, do Art 9 o ao 28, CPPM. O CPPM é uma norma de
direito adjetivo ou formal.
11. Cite qual é a norma legal onde encontramos disposições sobre composição e competência dos
diversos órgãos da Justiça Militar da União e suas especificidades.
R: Lei nr 8.457, de 4 de setembro de 1992 (Lei de Organização Judiciária Militar – LOJM).
12. Cite quais são as normas que tratam, especificamente, dos membros do Ministério Público
Militar, da Defensoria Pública e da Advocacia.
R: LOJM.
Competência: O CPPM adota a competência “ratione loci”. O Art 10, “a”, CPPM, determina que o
IPM será iniciado mediante portaria, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou
comando haja ocorrido a infração penas, atendida a hierarquia do infrator. Vide Art 85, I, “a”
e Art 88, CPPM.
Jurisdição é um termo que refere-se à área que compreende a responsabilidade de determinada
CJM. Por isso, qualquer OM localizada na área de uma CJM terá competência, em tese, para
instauração de IPM a respeito de fatos ali ocorridos.
Autoridades competentes para instauração de IPM: Art 7o, CPPM. Ver também Art 15, CPPM.
Valor probatório: Como o IPM tem caráter inquisitivo, tem pouco valor probatório, pois as
provas, em regra, devem ser produzidas em juízo perante a autoridade judiciária. Algumas provas
periciais produzidas durante o IPM possuem o mesmo valor das provas produzidas ou
colhidas durante a ação penal. Vide Título XIII, Cap I, seções I e II e Cap III; e todo o Título XV, em
particular seu Cap V, CPPM.
Vícios: Por conta do IPM não ser uma ação penal e sim peça informativa à sua propositura, os
vícios ocorridos durante essa fase não acarretam a sua nulidade. Caracterizam mera
irregularidade e a diminuição de seu valor probatório, diminuindo sua credibilidade.
PROCEDIMENTO
Art 10 e 11, CPPM
Instauração: Art 7o, §§1o ao 4o e Art 10, CPM. O IPM sempre se inicia por meio de uma portaria,
expedida pelo seu encarregado, seja autoridade de PJM ou oficial a quem for delegada tal
atribuição e em função da “notitia criminis”.
Escrivão: Art 11, CPPM. A autoridade de PJM pode, também, designar um escrivão para o IPM. Se
não o fizer, a designação caberá ao encarregado do IPM, devendo recair em um 1 o ou 2o tenente, se
o indiciado por oficial; nos demais casos, poderá ser um Sgt ou STen.
Em resumo, os atos iniciais, previstos no Art 10, §2o, Art 12 e 339, CPPM são:
Ver Título XV, Cap V, CPM e Art 328, 339 e 345, CPPM.
Instrução: Art 13, CPPM. Ver Art 11 e 301, CPPM. Depois dos atos iniciais deve-se:
INDICIAMENTO
Art 382, CPPM
Interrogar o indiciado:
• Direito de permanecer calado – Art 305, CPPM. A parte final do Art 305, caput, CPPM, não foi
recepcionada pela CF/88;
• Não presta o compromisso de dizer a verdade;
• Direito de constituir advogado;
• Testemunhas “instrumentárias” - duas pessoas que assistem ao interrogatório, sem
conhecimento dos fatos, para atestar se o indiciado realmente disse o que ali foi registrado.
Art 245, §3o, CPPM.
• O Art 5o, LVIII, CF/88, impede a identificação criminal do civilmente identificado, salvo as
hipóteses previstas na Lei nr 12.037, de 1o de outubro de 2009;
• Caso o indiciado já tenha sido identificado civilmente, o encarregado do inquérito deve
obter (Art 391, CPPM):
• Cópia da identidade;
• Cópia das individuais datiloscópicas;
• Folha de antecedentes penais; e
• Cópia dos assentamentos, se o indiciado for militar e servidor civil.
Incomunicabilidade: Art 5o, LXIII, CF/88 (direitos do preso). O preso não pode ficar
incomunicável de acordo com tal artigo. O Art 17, CPPM, não foi recepcionado pela Lei Maior (é
inconstitucional). Ver Art 136, §3o, IV, CF/88.
Prisão preventiva no curso do inquérito: Art 254, CPPM. O encarregado poderá solicitar mediante
os seguintes requisitos:
Deverá estar demonstrado também um dos requisitos constantes do Art 255, CPPM.
Detenção nos crimes propriamente militares: Independe de ordem judicial. SOMENTE para
CRIME PROPRIAMENTE MILITAR, nos termos no Art 18, CPPM e com respaldo no Art 5o,
LXI, CF/88. Deve ser comunicado imediatamente à autoridade judiciária competente.
Nos demais crimes, deverá solicitar a prisão preventiva, se for o caso, conforme o Art 254 e 255,
CPPM.
Na contagem do prazo, não se conta o primeiro dia, mas se conta o último (Art 16, CPM e Art 798,
CPP Comum);
Estando o indiciado preso, considera-se como primeiro dia aquele em que o indivíduo foi
recolhido à prisão (Art 20, CPM);
Conta-se os dias corridos, não se interrompendo nos fins de semana, feriados legais ou dias sem
expediente. A contagem se inicia no dia seguinte à data da portaria de instauração do encarregado
do IPM e se o seu final coincidir com dia sem expediente, nesta data os trabalhos serão encerrados,
e os autos do IPM entregues no início do primeiro dia útil seguinte;
No caso de preso em flagrante, se o APFD for transformado em IPM, o prazo de 20 dias é
contado a partir do dia em que o indiciado foi recolhido à prisão (Art 20, CPPM).
Encerramento: Art 22, CPPM. O IPM deverá ser encerrado com um minucioso relatório, no qual
deverão constar:
• Diligências realizadas;
• Indicação das pessoas ouvidas;
• Resultados obtidos, com indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso;
• Concluindo, informará se houve infração disciplinar a punir e/ou indício de crime;
• Poderá, ainda, pronunciar-se, justificadamente, sobre a necessidade da decretação da prisão
preventiva do indiciado, desde que presentes os pressupostos dos Art 254 e 255, CPPM.
Arquivamento: Art 24, CPPM. Instaurado o IPM, não poderá a autoridade militar arquivá-lo,
mesmo que se chegue à conclusão de que não houve crime militar.
Instauração de novo inquérito: Art 25, CPPM. Não havendo coisa julgada ou a extinção da
punibilidade e surgindo novas provas em relação aos fatos, caberá à autoridade militar
instaurar novo inquérito para apurar os fatos, mesmo que o anterior tenha sido arquivado por
ordem judicial. Poderá ser realizado por meio de ofício ou requerimento do MPM.
Devolução dos autos: Art 26, CPPM. O IPM solucionado pela autoridade militar só poderá ser
restituído nas seguintes hipóteses:
Em certa OM, em dia sem expediente, o Of Dia foi acionado por um dos Sgt Dia, que o informou de
ocorrência grave na SU.
Chegando ao local, Of Dia encontrou a reserva de armamento arrombada e o seu interior revirado. Na
entrada daquela dependência jazia inerte o corpo de um jovem soldado morto, o qual estava de Sv na
SU.
O Of Dia informou o fato ao seu Cmt e tomou as demais medidas cabíveis ao caso. Em apuração
sumária o Sgt Dia informou que estariam faltando 4 Pistolas 9mm IMBEL e 2 Fuzis 7,62mm IMBEL.
PERGUNTA-SE:
1. Qual será a providência que o Cmt OM deverá adotar? Dê o amparo legal. E em relação ao escalão
superior e ao MPM?
R: De acordo com o Art 10, “a”, CPPM, o Cmt OM deverá iniciar o IPM mediante portaria de ofício. De
acordo com o Art 7 o, §1o, O Cmt OM poderá delegar a função a outro oficial da ativa, informando em BI
à Unidade e informando aos escalões superiores, à Justiça Militar e ao MPM. De acordo com o Art 7 o,
“h”, o Cmt OM pode instaurar o IPM, pois pode exercer poder de PJM. Sendo assim, o Cmt OM pode
delegar a função de PJM a oficial da ativa, que iniciará o IPM mediante portaria de ofício, e o IPM será
instaurado pelo Cmt OM.
3. Havendo fundadas suspeitas de que um capitão esteja envolvido, qual deverá ser a providência do
Cmt OM?
R: Poderá prosseguir com seu indiciamento, de acordo com o Art 382, caput, CPPM.
4. Qual será uma das primeiras medidas a serem tomadas pelo encarregado do IPM em relação ao
inquérito e em relação ao escrivão?
R: Além de dar início ao inquérito (Art 10, “a”, CPPM), deverá dar início imediato às providências
cabíveis, previstas no Art 12, CPPM. Poderá designar um escrivão para o inquérito, de acordo com o Art
11, caput, CPPM.
5. No decorrer do IPM, após a oitiva de algumas testemunhas, o encarregado tem convicção de que as
armas subtraídas poderiam estar guardadas na residência de um civil e/ou na residência do capitão. Com
fulcro no Art. 176/CPPM, o encarregado pretende promover uma busca domiciliar em ambas as
residências. Para isto determinou a você, por mandado de busca que o encarregado expediu, a busca na
residência do civil. Comente.
R: De acordo com o Art 5o, XI, CF/88, o domicílio só pode ser violado mediante ordem judicial, e não
pelo previsto no Art 176, CPPM, que dá esse poder ao encarregado do IPM. Portanto, não poderá ser
realizada a busca e apreensão na residência.
6. Suponha que você tenha recebido o encargo de proceder à busca domiciliar na casa do civil e que
esteja cercado de todas as formalidades e ao amparo da lei. Chegando ao local a casa lhe é franqueada
pelos moradores. Dentro da residência você encontra o civil suspeito, junto com respectiva companheira
e um soldado da OM, o qual se encontrava, na data do crime, de serviço; tendo, naquele dia,
abandonado o quarto de hora de plantão à SU e que já passou à condição de desertor. Quais serão suas
providências tendo em vista a necessidade de se achar as armas e que você, na busca domiciliar, só
encontrou em um armário os fuzis e duas pistolas, estando faltando, ainda, duas pistolas? E em relação
ao desertor?
R: Poderá iniciar uma revista pessoal, de acordo com o Art 181, CPPM. No caso da mulher, a revista
será feita por outra mulher, de acordo com o Art 183, caput, CPPM. Sobre o desertor, como cometeu
crime propriamente militar, deverá determinar sua detenção, de acordo com o Art 18, CPPM.
7. Durante o transcorrer do inquérito o encarregado intimou um civil para depor como testemunha e
indiciou um soldado como co-autor do crime, tendo marcado seu interrogatório para hoje. O soldado
tem 20 anos. A testemunha não compareceu na data marcada. Enumere as providências necessárias para
cada uma das situações apresentadas.
R: A testemunha será multada de acordo com o Art 347, §2 o, CPPM, se sua falta não tiver sido cometido
por motivo de força maior. Como o soldado tem 20 anos, deve ser designado por ele um curador. Em
sua falta, pode o encarregado pelo IPM designar um oficial da OM para cumprir essa função. Também é
recomendável que sejam designadas duas testemunhas “instrumentárias” para assistir ao interrogatório.
8. Hoje compareceu à OM um advogado solicitando vistas aos autos do IPM em curso, manifestou o
interesse de extrair cópias de peças do mesmo, de tomar notas a respeito de outros dados e ainda
informou ao encarregado do IPM que pretende acompanhar a oitiva do capitão já indiciado como co-
autor do crime. Que procedimento deverá tomar o encarregado tendo em vista que o IPM é sigiloso e
que nesta fase não há que se falar em ampla defesa ou contraditório?
R: Segundo o Art 7o, XIV, Lei nr 8.906/94, o advogado pode ter acesso a essas informações.
9. O capitão indiciado, apesar de ter ficado calado durante seu interrogatório, confessou sua participação
no crime a alguns militares, quando se encontrava nos corredores do EM/OM. Qual será a conduta do
encarregado do IPM?
R: Poderá exigir o depoimento das testemunhas da confissão do capitão, enriquecendo o IPM de
informações a serem analisadas pelo juiz.
10. O advogado do capitão verificou de sua consulta aos autos do IPM que o encarregado encaminhará
quesitos ao médico legista que fez a autópsia no soldado morto e aos policiais civis que fizeram a
perícia no local do crime. Em vista disso, solicitou a oportunidade de apresentar quesitos da defesa. É
possível tal pretensão visto que o IPM é inquisitório e que não admite a contraditória ou mesmo atos
típicos de defesa, pois ainda não se iniciou o processo penal?
R: O encarregado pode pedir ao advogado que apresente as informações obtidas para fins de elucidação
do caso. Porém, como o IPM não é um processo, de nada adiantará o advogado defender o acusado.
11. A fim de materializar o dano patrimonial sofrido pela União, o encarregado designou um oficial com
curso do IME para proceder a tal avaliação. Comente a respeito.
R: O perito para realizar a avaliação deverá ser designado pelo juiz e não peo encarregado do IPM, de
acordo com o Art 47, caput, CPPM.
12. Tendo em vista o que preceitua o Art. 5º, LVIII, da CF/88, o capitão e o soldado, ambos já
indiciados, serão identificados criminalmente?
R: Não, pois já foram identificados civilmente.
13. Que documentos relativos aos dois militares indiciados o encarregado do IPM solicitará aos
respectivos comandantes, a fim de juntá-los aos autos?
R: Cópia dos assentamentos.
14. Ao encerrar o IPM, o encarregado julga que os indiciados são perigosos e que poderão se evadir com
vistas a se furtarem à ação penal e possível condenação. Que medida o encarregado poderá solicitar ao
Juiz-Auditor?
R: Poderá solicitar prisão preventiva, de acordo com o Art 254, CPPM.
15. Se a portaria de instauração do IPM foi baixada por seu encarregado em 20/07, em que data o IPM
deverá estar encerrado?
R: 20 dias após, contando-se a partir do dia seguinte, ou seja, dia 29/08.
16. Ao final, após a remessa do IPM concluso ao Cmt OM, aquela autoridade, em sua solução,
concordando com o relatório e conclusão do encarregado, decidiu pela ocorrência do crime militar de
latrocínio em co-autoria, conforme previsto no Art. 242, §3º c.c. Art. 53, ambos do CPM; como também
por cometimento de transgressões disciplinares do pessoal de serviço da SU onde ocorreu a ação
criminosa, capitulados nos Nr 19, 27 e 52 do An I ao RDE, determinando a imediata aplicação das
punições disciplinares. Agiu certo? Explique.
R: Não agiu certo. Se a transgressão disciplinar é diretamente ligada ao fato delituoso, a autoridade
de PJM deve abster-se de punir o transgressor (Art 14, §§ 1o e 3o ao 6o, RDE).