Você está na página 1de 20

Tópico 7 – Bandas de

Energia
Prof. Romis Attux – DCA/FEEC/UNICAMP
Primeiro Semestre / 2017

Obs.: O conteúdo dos slides se baseia


fortemente no livro texto [Callister, 2011]. As
figuras são do material de apoio.

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Prelúdio
• Adentraremos agora o universo das propriedades elétricas dos materiais.
Porém, vamos fazê-lo de forma parcial por enquanto, estudando neste
tópico o conceito-chave de bandas de energia. Posteriormente, visitaremos
diversos assuntos ligados à condução de eletricidade em sólidos.
• Primeiramente, recordemos a lei de Ohm, que relaciona corrente e tensão
que fluem através de um material, visto como um resistor.

V = RI
onde R é a resistência (em ohms) do material, V é a tensão aplicada (em
volts) e I é a corrente elétrica (em ampères).

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Motivação – Visão Microscópica – Circuito
Integrado
(a)

0.5 mm
• A dot map showing location of Si (a semiconductor):
-- Si shows up as light regions. (b)

• A dot map showing location of Al (a conductor):


-- Al shows up as light regions. (c)

Figs. (a), (b), (c) from Fig. 18.27, Callister


EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux
& Rethwisch 9e.
Resistividade e Condutividades
• A resistividade de um material é independente de sua área de seção reta e
comprimento, e é dada por:

𝑅𝐴
𝜌=
𝐿
onde L é o comprimento da amostra, A é a área de sua seção transversal e R
é a sua resistência.
• Podemos definir a condutividade elétrica de um material como o inverso
de sua resistividade, isto é:

1
𝜎=
𝜌

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Condutores, Isolantes, Semicondutores
• Os sólidos possuem uma vastíssima faixa de valores de condutividade,
faixa esta que abrange quase 30 ordens de grandeza. Talvez nenhuma
outra propriedade física dos sólidos seja comparável nesse sentido.
• Uma maneira usual de classificar os materiais é de acordo com a
facilidade com que conduzem corrente elétrica. Isso gera três classes:
condutores, semicondutores e isolantes.
• Os metais são bons condutores de eletricidade – a condutividade é da
ordem de 107 (-m)-1. No outro extremo estão os materiais isolantes, que
possuem condutividade muito baixa – entre 10-10 e 10-20 (-m)-1. Por fim,
os semicondutores possuem condutividade intermediária – 10-6 a 104 (-
m)-1.
• Trataremos neste curso apenas do processo de condução eletrônica, sem
levar em conta a possibilidade de condução iônica.

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Mecanismos de Condução
• Ao se aplicar um campo elétrico a um material, nem todos os elétrons
reagem gerando uma corrente elétrica. O número de elétrons disponíveis
para condução depende do arranjo de níveis eletrônicos com respeito à
energia, bem como à maneira pela qual os estados são ocupados pelos
elétrons.
• A física subjacente a esses fatos é bastante complexa, e procuraremos
simplificá-la para nossos fins didáticos.

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Recordar é Viver...
• Estudamos anteriormente o processo de determinação da estrutura
eletrônica dos átomos. As camadas são definidas pelo número quântico
principal (n), enquanto o número l definia as subcamadas.
• Para cada uma das subcamadas s, p, d, f há respectivamente um, três,
cinco e sete estados. Há ainda o spin, que duplica esses números em
termos de ocupação eletrônica. O processo de preenchimento dos orbitais
obedece à noção de mínima energia e ao princípio da exclusão de Pauli.

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


O Que Ocorre Nos Sólidos?
• Os sólidos podem ser visualizados como sendo N átomos que,
originalmente separados, passam a se ligar para formar o arranjo
ordenado que se encontra num arranjo cristalino, por exemplo.
• A distâncias de separação relativamente grandes, cada átomo pode ser
estudado como uma “ilha”, como um ente isolado, mas, quando os átomos
se agrupam, ocorrem perturbações causadas pelos elétrons e núcleos
adjacentes.
• Pela força do princípio da exclusão de Pauli, cada estado atômico isolado
se divide então numa série de estados eletrônicos distintos e próximos,
dando origem às bandas de energia.
• A extensão dessa divisão depende da proximidade interatômica e se
manifesta inicialmente com as camadas eletrônicas mais externas.

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Bandas de Energia – Ilustração para 12
Átomos

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Adapted from Fig. 18.2, Callister & Rethwisch 9e.
Bandas de Energia
• Em cada banda de energia, os estados eletrônicos continua a ser discreto,
mas a diferença entre estados adjacentes é demasiado pequena.
• No espaçamento em condições de equilíbrio, a formação de bandas pode
não ocorrer para as subcamadas mais próximas ao núcleo.
• Podem, ademais, surgir espaçamentos (gaps) de energia entre bandas
adjacentes – tais estados energéticos não estão, em geral, disponíveis
para ocupação eletrônica.
• O número total de estados em cada banda é sempre igual aos estados
contribuídos pelos N átomos que interagem. Por exemplo, uma banda s
terá N estados, e uma p terá 3N estados (sem falar no spin).

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Bandas de Energia

Fig. 18.3, Callister &


Rethwisch 9e.

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Bandas e Energia de Fermi
• A energia de Fermi EF é a mais alta energia de um estado preenchido à
temperatura de zero kelvin.
• Há quatro estruturas principais encontradas em sólidos a 0 K. A figura a
seguir ilustra cada uma delas.

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Tipos de Estruturas de Bandas
Partially filled band Overlapping bands
Energy Energy Energy empty Energy empty
empty conduction conduction
band band band
empty GAP ?
GAP GAP
band
partly filled filled
filled

filled states
filled valence

filled states
filled states band valence
band
filled states

band band

filled filled filled


filled
band band band
band
EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux
Tipos de Estrutura de Bandas
• No primeiro tipo, a banda mais externa está apenas parcialmente
preenchida com elétrons (até EF). Essa estrutura é característica de alguns
metais, como o cobre, que possuem um único elétron de valência s. Cada
átomo possui um elétron em 4s, mas um sólido de N átomos comportaria
na banda correspondente 2N elétrons. Portanto, apenas metade das
posições estaria preenchida.
• Na segunda estrutura, há uma superposição entre uma banda vazia e uma
preenchida. O magnésio possui uma estrutura desse tipo. Cada átomo de
magnésio possui dois elétrons em 3s. No entanto, na formação do sólido, a
banda associada a 3s se sobrepõe à banda 3p. Nesse caso, a zero kelvin, o
nível de Fermi é dado por aquele abaixo do qual, para N átomos, N estados
estão preenchidos (dois elétrons por estado).

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Tipos de Estruturas de Bandas
• O terceiro tipo de estrutura corresponde à de um isolante. Há uma banda
de valência preenchida separada de uma banda de condução vazia e um
espaçamento (gap) entre elas. O espaçamento é considerado alto, o que
explica a dificuldade de os elétrons atingirem condições de condução.
• O quarto tipo de estrutura corresponde à de um semicondutor. Há também
uma banda de valência e uma de condução, mas o gap entre ambas é
menor, o que explica um aumento na condutividade.

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Elétrons Livres e Lacunas
• Apenas elétrons com energia maior que EF podem participar do processo
de condução, ou seja, reagir portando carga na presença de um campo
elétrico. Esses elétrons “de condução” são chamados de elétrons livres.
• Outra entidade, com carga elétrica positiva, que ocorre em semicondutores
e isolantes, é chamada de lacuna. As lacunas possuem energia menor que
EF e também podem conduzir.
• A condutividade elétrica é função direta do número de elétrons livres e
lacunas. Além disso, em última análise, tal característica é o que distingue
os condutores dos semicondutores e isolantes.

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Mecanismo de Condução - Metais
• Para que um elétron possa conduzir, ele precisa ser excitado para um
estado previamente vazio acima de EF. Para os metais, seja no caso da
primeira estrutura, seja no caso da segunda estrutura, há estados de
energia adjacentes ao estado preenchido mais próximo de EF.
• Portanto, muito pouca energia é necessária para “promover” esses elétrons
– tipicamente, a energia fornecida por um campo elétrico é capaz de
realizar várias dessas “promoções”.
• Ao falarmos da ligação metálica, mencionamos que os elétrons de valência
formam um gás eletrônico relativamente livre. No entanto, é preciso ainda
fornecer certa energia para haja condução efetiva.

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Mecanismos de Condução - Isolantes e
Semicondutores
• No caso de isolantes e semicondutores, os estados imediatamente acima
da banda de valência preenchida não estão disponíveis. Portanto, para
gerar elétrons e lacunas livres, é preciso fornecer energia suficiente para
vencer o gap que existe entre a banda de valência e a banda de condução.
• Esse processo de excitação, se bem-sucedido, gera um elétron livre na
banda de condução e uma lacuna na camada de valência.
• O gap é, muitas vezes, da ordem de vários eV. Frequentemente, a energia
vem de uma fonte não elétrica como o calor ou a luz. Quanto menor for o
gap, maior será a probabilidade de encontrar elétrons na banda de
condução. É por isso que os semicondutores tem maior condutividade que
os isolantes.

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Mecanismo – Isolantes e Semicondutores
Fig. 18.6 (b), Callister &
Rethwisch 9e.

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux


Isolantes e Semicondutores – Alguns
Comentários
• Pelo mesmo motivo apontado, um aumento de temperatura tende a um
aumento de condutividade, com maior chance de “promoção” por parte
dos elétrons.
• Do ponto de vista das ligações estudadas, podemos refletir um pouco da
seguinte maneira: a maioria dos materiais isolantes contém ligações
iônicas ou fortemente covalentes (fortes, portanto). Isso dificulta a geração
de elétrons livres.
• As ligações predominantemente covalentes dos materiais semicondutores
são menos intensas, justificando o menor gap.

EE410 - Turma A - Prof. Romis Attux

Você também pode gostar