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Centro de Preservação e Estudos do Movimento Pentecostal

DOUTRINA PENTECOSTAL: PREVENÇÃO E AÇÃO OU REAÇÃO?

A.F.1/F.G.2

Temos observado nos últimos dias uma grande movimentação, ou podemos chamar de
motivação, por parte da liderança das Assembleias de Deus (CGADB) em torno da temática
da Doutrina Pentecostal.
Louvamos à Deus pela atitude visionária da CGADB, que através da Casa Publicadora
das Assembleias de Deus, têm dedicado especial atenção e análise aprofundada de doutrinas
bíblicas distintivas da Assembleia de Deus, nas edições da revista Obreiro Aprovado,
iniciando a série no 3° trimestre de 2020, com um tema escatológico (pré-tribulacionismo),
passando para temas ligados ao pentecostalismo: Glossolalia (4º trimestre de 2020), edição
especial totalmente dedicada a uma exposição bíblica e teológica sobre o fenômeno das
línguas para a vida cristã e, mais recentemente, Hermenêutica Pentecostal (1° trimestre de
2021), edição totalmente dedicada a análise do labor pentecostal na interpretação do texto
bíblico e sua contribuição para a hermenêutica evangélica. Além disto, a revista de escola
dominical proposta para estudo no 1º trimestre de 2021, “O Verdadeiro Pentecostalismo” vem
em hora adequada, bem como a campanha lançada pela Convenção: “A Promessa: é para vós
e vossos filhos”, a qual traçou metas que precisam ser alcançadas. Além disso, nos ultimos
meses diversos livros de autores pentecostais renomados vêm sendo publicados e re-editados,
trazendo abordagens diversas em torno da temática pentecostal.
Mesmo que parabenizada, tais atitudes foram vistas com cautela. Seria esse um sinal
de preocupação com os rumos tomados pelo pentecostalismo dentro das Assembleias de
Deus? Ou então uma reação ao proselitismo reformado que tem se alastrado pelos corredores
assembleianos arrastando muitos, em sua maioria jovens, para o rol de membros das Igrejas
Tradicionais, fazendo-os acreditar na cessação dos dons espirituais? Ou, em última análise,
seria apenas uma abordagem rotineira e cíclica de um assunto importante para os crentes
assembleianos?
Uma breve análise histórica dos últimos 30 anos, nos mostra, que eventualmente -
bem eventualmente aliás - as verdades da doutrina pentecostal são elencadas como tema, o
que descarta a narrativa de abordagem cíclica e curricular da temática. Senão vejamos, das

1
André Filipe Araújo Morais Barreira
2
Felipe Douglas Godoy
120 revistas publicadas dentro deste período analisado, apenas essas 7 foram escritas
abordando de forma direta o assunto:
1994 - Espírito Santo – A Chama Pentecostal (Elienai Cabral);
1998 - Verdades Pentecostais – O Evangelho de Cristo anunciado com poder (Valdir
Nunes Bícego);
2004 - A Pessoa e a Obra do Espírito Santo (Eurico Bergstén);
2006 - As Doutrinas Bíblicas Pentecostais (Antonio Gilberto);
1/2011 - Atos dos Apóstolos: Até os confins da terra (Claudionor de Andrade);
2/2011 - Movimento Pentecostal - As doutrinas da nossa fé (Elienai Cabral);
2021 - O Verdadeiro Pentecostalismo - A Atualidade da Doutrina Bíblica sobre a
Atuação do Espírito Santo (Esequias Soares).
É um tanto preocupante, que tenhamos espaços tão distantes de publicação sobre o
tema. Claramente, não fechamos os olhos para o fato de que em uma ou outra revista a
temática é abordada em menor escala - uma ou duas lições -, no entanto o que se busca, não é
uma crítica gratuita, mas uma espécie de alerta. Os assembleianos precisam ler e ouvir mais
sobre a teologia pentecostal. Não são de hoje as recomendações e muito menos os ataques.
Já na década de 80, os ataques ao pentecostalismo eram evidentes e devotados mestres
como o Pastor Raimundo de Oliveira iniciaram o movimento de defesa da nossa fé, observe:
“Tem sido considerável o número de livros escritos nestes últimos anos por autores
antipentecostais, com o propósito de denegrir a nossa fé. Pelo que me consta, nunca um
escritor de confissão pentecostal, no Brasil, assumiu a responsabilidade de escrever uma
refutação a esses livros. Em geral, os nossos líderes têm deixado que o progresso do
Movimento Pentecostal e a fé dinâmica das igrejas que o compõe silenciem a pena dos seus
oponentes gratuitos; mas isso tem sido inútil, pois os tais não se convencem nem diante de
fatos. Para eles, mais importa uma boa pitada de confusão teológica, do que as provas
documentadas por vidas transformadas; esquecendo-se eles que teologia sem uma genuína
experiência de vida é semelhante à fé sem as obras - é morta.3”.
Uma realidade começa a se impor. Mas que realidade é esta? O pentecostalismo, caso
não seja reafirmado, estudado à luz da Palavra, novamente pregado e ensinado nos púlpitos, e
muito mais importante do que isso, vivido na prática, na experiência sobrenatural, aquela
descrita ao longo de todo o livro de Atos, experimentado por muitos irmãos desde a Igreja

3
OLIVEIRA, Raimundo F. de. A Doutrina Pentecostal Hoje: CPAD. Rio de Janeiro, 1982
Primitiva até os dias dos nossos pioneiros e fundadores, perderá toda a sua identidade e
pasmem, entrará em extinção.
É isso mesmo, o Pentecostalismo Clássico, o verdadeiro - inclusive, tema da revista do
1º trimestre de 2021 - corre o risco de acabar. Nossas igrejas tem se neopentecostalizado, ou
seja, tem aceitado uma mistura sem fim de diversos elementos que a descaracterizam e a
despentecostalizam. Já não se crê no batismo com o Espírito Santo e suas manifestações
gloriosas, já não ouvimos falar sobre o assunto em nossos púlpitos, e quando ouvimos é com
toques de saudosismo, são as histórias do passado. Ora, pentecostalismo não é apenas história,
o poder do Espírito está disponível, “as histórias em Atos são minhas histórias - histórias que
foram escritas para servir de modelo para moldar a minha vida e experiência”4. Ou seja,
precisamos agir. O que faremos diante disso? Adotaremos a postura prevencionista e
agiremos enquanto é tempo, ou seja, agora? Ou apenas reagiremos quando for tarde demais,
ou seja, em breve?
Tudo isso tem ecoado como toque de trombeta para as lideranças assembleianas, que
finalmente parecem ter despertado para uma realidade sobre a qual muitos já vínhamos
alertando.
Uma coisa é certa: o fogo ainda não cessou! Precisamos jogar pequenos gravetos na
fogueira, aqueles que a alimentam e não deixam que ela se apague.

Soli Deo Gloria

4
MENZIES, Robert P. Pentecostes - Essa história é nossa história. Rio de Janeiro: CPAD,
2016

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