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Penedo – Alagoas
Fevereiro 2019
GABRIELA CAVALCANTI DE AMORIM
Penedo-Alagoas
Fevereiro 2019
Dedico a minha família que sempre foi meu
Norte.
AGRADECIMENTOS
Mojubá exu e Pomba gira, por abrir todos os caminhos em minha vida, só
tenho de agradecer a vocês e todos meus Orixás.
Optchá, cigana, que nunca me deixou nem nos piores momentos durante
esses anos, sempre esteve presente através do seu cheiro, salve o povo da rua!
Quero agradecer a todos que me ajudaram a concluir esse trabalho,
praticamente foi formado uma força tarefa, pra me incentivar e conseguir a concluir o
curso. De coração só tenho gratidão por todos.
Graças ao meu bom Pai Oxalá, o orientador que ele me enviou, possui uma
empatia e paciência fora do normal (e coloque fora do normal!!) comigo. Sempre foi
muito atencioso comigo, se preocupando como estava, mandando coisas dos cursos e
entre várias coisas. Muitas as vezes/quase sempre, eu sumia, ficava um tempo isolada,
mas ele não desistia sempre estava lá. Obrigada, Prof. Buia (vulgo Dr.Prof, Claudio
Sampaio), o senhor foi mais do que um orientando, tornou-se literalmente meu “Pai
acadêmico” e se hoje estou concluído o curso devo muito ao senhor. Gratidão e te desejo
toda luz do universo!
Apesar de toda rejeição e dificuldade em continua em Penedo e no curso, hoje
consigo enxergar que se não fosse pela minha ida à Penedo, eu não teria conhecidos e
compartilhado muita coisa de minha vida com pessoa que se tornaram amigos/irmãos.
Obrigada Didigo, por toda ajuda em sala de aula e por me proporcionar a
melhor caranguejada, que de acordo com a Anamaria: “foi o melhor pirão que comi”, mal
sabe ela que quem cozinhou foi tu. hahhahahaah.
Agradeço ao terreiro em que sou filha de santo, por permitir a realização de
tal trabalho e por me ensinar a amar e respeitar as religiões afro-brasileiras.
Sendo assim tenho muito a agradecer a todas as pessoas que participaram de
uma forma ou de outra contribuindo com essa dissertação. Apesar de todas as dificuldades
sempre teve alguém falando “vai dar certo” ou “Gabriela não tranque a faculdade, falta
pouco”, grande parte do tempo foi a Lays, obrigada amiga por todo apoio que você e sua
família me deu/dar.
exótica possível.
LISTA DE FIGURAS
Tabela 1 - Valor de uso (VU) das espécies utilizadas de acordo com os entrevistados no
terreiro da cidade de Maceió/AL. ...................................................................................... 8
Tabela 2 - Lista das espécies de peixes, com sua utilização, em Maceió, Alagoas. ....... 12
Tabela 3 - Espécies de moluscos e sua utilização........................................................... 13
Tabela 4 - Correlação entre os gêneros/espécies e sua distribuição geográfica. ............ 15
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ........................................................................1
2. MATERIAL E METODOS .......................................................................................3
2.1 Área de estudo .................................................................................................... 3
3.2. Organismos aquáticos utilizados nos ritos ......... Erro! Indicador não definido.
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
O planeta Terra apresenta cerca de ¾ de sua superfície coberta por água. O bioma
aquático é constituído por um conjunto de ecossistemas marinhos, costeiros, continentais e por
seres vivos que passam o ciclo inteiro da sua vida ou parte dela em águas doces ou salgadas
(Oliveira, et al, 2007). Os ambientes aquáticos são amplamente distribuídos em todos os biomas
brasileiros (Ré, 2000). Sendo assim, contém uma vasta biodiversidade, que varia desde de
anelídeos como poliquetas, até os mamíferos. Durante o processo evolutivo, o homem tem
utilizado a natureza de diversas formas, como a caça, pesca, uso medicinal, religioso e as outras
atividades subsistência (Barros e Figueiredo, 2015). Logo esses ecossistemas possuem uma
grande importância, tanto para humanos, quanto para os demais organismos.
No âmbito religioso, os organismos aquáticos são comumente utilizados em
culturas de matriz africana, trazidos para o Brasil por meio dos escravos durante o período
Colonial (D'Osogiyan, 2016). Os sudaneses provenientes da África Ocidental, Sudão e da Costa
da Guiné, contribuíram culturalmente para a formação de uma identidade afro-brasileira, visto
que muito de suas práticas culturais imperam atualmente como, por exemplo, o candomblé
(Ferreira, 2013; Vainfas, 2016).
O culto de caráter religioso africano tem registros históricos de três mil anos, sendo
mantidas suas ideologias ao longo dos tempos (Prisco, 2013). A cultura Candomblé, é
caracterizada por seus ritos de oferendas aos Orixás e divindades, dentre as oferendas consta
flores, frutos, velas, incensos e a utilização de animais. Esta última, serve de oferendas, como
alimentos aos Orixás e entidades, assim, são ofertadas partes dos animais, in natura e/ou
cozidas. (Silva., 2016)
Dentre os animais utilizados nas oferendas se destacam os caprinos, suínos, aves,
peixes e moluscos, que variam conforme o Orixá ao qual se dirige a oferenda (Lima., 2011).
De acordo com D'Osogiyan (2016) os peixes e/ou EJÁ representam a fertilidade e fraternidade
no Candomblé, apresentando ligação com vários Orixás conectando a água e a pesca. O mesmo
autor diz que:
“O peixe é o próprio espírito das águas, sendo que esta representa o fluído vital, o
fluxo de informações e conhecimento espiritual e material, por isso também representa a
sabedoria repassada pela descendência. O peixe representa as potencialidades individuais de
cada um, pois a imensidão do oceano é a sua casa e a liberdade o seu próprio caminho, por
isso usamos no Borí, para que tenhamos nossa liberdade das nossas escolhas e caminhos. O
peixe é a comida em vários pratos e oferendas de Orixás, entra no Borí e na iniciação, é um
2
poderoso atin. Normalmente utilizam-se o pargo ou cioba, pois o peixe equilibra e acalma o
Orí proporcionando calma e paz. Determinados peixes servem também de inibidor de energias
negativas, como o bagre, por exemplo, que acompanha e protege a mesa de Borí e vai no
carrego. Segundo as tradições antigas, é proibido o uso e alimentação dos peixes de couro,
pois estes vivem enterrados na lama e no lodo, assim como todo animal proveniente desse
habitat.”
Várias espécies de peixes são utilizadas em função da finalidade ritual e da própria
divindade a ser oferendada. Basicamente todas as entidades e Orixás, de Exu a Oxalá, recebem
oferendas a base de peixe. Mas não são apenas os Orixás que os apreciam, Babá Egungun e Iyá
Mi também aceitam oferendas de peixes (Marinho, 2015).
De acordo com Marinho (2015), algumas espécies de peixes de acordo com os
Orixás e entidades podem ser classificadas da seguinte forma:
EXU: Peixes salgados e secos, como o bacalhau;
OGUM: Espada, robalo, agulha e vermelho-olho-de-cão;
OXUM: Namorado, dourado e a garoupa;
IEMANJÁ: Corvina, cioba e a tainha;
YEWÁ: Enguia.
O mesmo autor ainda relata:
“Um grande peixe, ritualisticamente preparado, aparece em destaque na Dança
dos Pratos, cerimônia religiosa em louvor ao Orixá Nanã. Entre os diversos amalás oferecidos
ao Orixá Xangô, existe um que é preparado a base de peixe. Ao Orixá Logum Edé, o pescador
por excelência, o peixe envolto na folha de bananeira e assado na brasa consta como uma das
suas principais oferendas. Uma das oferendas destinadas ao Orixá Oxalá é feita com cabeças
de peixes cozidas. Contudo, devemos esclarecer que muitos peixes são tidos como negativos,
sendo alguns kizila para determinados Orixás. Entre esses peixes encontraremos aqueles que
são destinados a práticas da feitiçaria. Como exemplo podemos citar o baiacu, a sardinha, a
cavalinha, a arraia, o cação, o mussum, a piranha e alguns bagres, entre outros.”
Conforme os adeptos desta religião, a utilização de animais principalmente nos
abates e/ou oferenda é importante, pois os orixás, assim como os humanos precisam se
alimentar e se isso não acontecer, eles desaparecem (Silva, 2016)
Segundo o Censo Demográfico do IBGE (2010), havia 407.331 de adeptos na
Umbanda e 167.363 do Candomblé. Entre o ano de 2000 e 2010 houve um aumento de adeptos
do Candomblé, sendo de 31,3% no período. Com relação a distribuição geográfica dessas
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religiões, destaca-se a região Sudeste contendo os maiores números de adeptos das duas
religiões afro-brasileira e a região Nordeste, de onde se originou o Candomblé, possui o
segundo maior número de adeptos dessa religião (IBGE 2010).
A ligação entre as religiões afrodescendentes e a natureza é importante pois os
adeptos se sentem pertencente ao meio, já que os Orixás são as transfigurações dos elementos
naturais, assim, tornando a divindade algo próximo e continuo no seu dia a dia. De acordo com
o Candomblé, todos somos descendentes dos Orixás, por tanto devemos cultuar, amar e proteger
nossos antepassados (Martins, 2015).
Essa relação homem e natureza encontrada nas religiões afrodescendentes, é
importante para os estudos Etnoecológico, já que o mesmo possui como base a relação do
conhecimento tradicional com o científico, o que fornece dados essenciais para o conhecimento
da fauna, sua importância pra comunidade e elaboração de possíveis medidas de conservação
junto à comunidade, levando em consideração os costumes daquela comunidade (Neto e Fita,
2007).
Essas preocupações com a manutenção dos ecossistemas, a conservação dos
animais utilizados nos rituais e a continuidade dos rituais religiosos da cultura afrodescendente,
são fatores que influenciam na busca de conhecimento local, visto que, são limitadas as
informações dos censos oficiais que caracterizam os segmentos religiosos no país.
O presente estudo tem como objetivo principal conhecer a fauna aquática utilizada
em rituais, seus simbolismos, conhecimento ecológico local e status de conservação em um
terreiro de Candomblé na capital de Alagoas, Nordeste do Brasil.
2. MATERIAL E METODOS
uma casa de culto afro-brasileiro (chamadas de terreiro), na cidade de Maceió, no Bairro Bom
Parto, no mês de fevereiro de 2019.
Com base nas informações coletadas, foi calculado o Índice de Valor de Uso (VU)
das espécies utilizadas nos rituais do terreiro, determinado por Rossato et al, (1999). O valor de
uso estimado para cada espécie citada pelos informantes-chave e pela comunidade em geral foi
estimado pela fórmula (1), adaptada de Phillips & Gentry (1993a), entrevistando-se uma única
pessoa de cada vez para obter melhor as informações e pra que não gerasse qualquer tipo de
influência nas respostas dos entrevistados.
Fórmula 1 Índice de valor de uso (VU)
VU = Σ U/n, onde
VU = valor de uso de etnoespécies (espécie baseada em nomes populares),
U = número de citações por etnoespécies
n = número de informantes.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre as entrevistas, observou-se a relação homem e natureza e como ela
influência na percepção ambiental dos praticantes de candomblé, sendo assim possível analisar
de forma geral e particular suas ações com a natureza.
Figura 2- Babalorixá, batendo cabeça em respeito aos Orixás e pedindo a benção pra iniciar
as oferendas a Iemanjá, na praia de Maceió.
Alguns Orixás possuem lugar específico para as oferendas, definidos como locais
de pontos de força. Os Orixás como Oxum e Iemanjá recebem suas oferendas em praias ou
cachoeiras (Figura 2). De acordo com uma entrevistada hà uma preocupação em manter o
ambiente inalterado, a mesma ainda diz: “O Rio é a casa de um Orixá que se chama "Oxum",
os peixes são seu axé e se poluirmos o rio não temos seu axé e não podemos beber da água que
pra nós é uma água sagrada . (L. de Oxum)”.
7
Figura 3. Utilização dos búzios, para iniciar as oferendas para Iemanjá na praia.
Para os praticantes, tudo é um ciclo de vida, o qual deve ser respeitado, juntamente
com a natureza, visto que essa é uma forma de assegurar a circulação do axé (Gonçalves e
Santos, 2011). Citado por um entrevistado: “Nas festividades, os Orixás tanto da praia como
de rio, encruza, até mesmo das matas, não se alimentam de nenhum animal e sim, do esum que
é o cheiro ou o odor, essa é a alimentação dos espíritos, a carne desses animais é servido para
matar a fome de outras pessoas. (Pai D. de Iemanjá)”.
Pode-se observar que os membros que compõem as comunidades de Candomblé
acreditam que o universo dos deuses e dos homens não são/ou estão distantes um do outro
(Melo, 2007). Segundo Lima (2011), entre as instituição sociais que possui como objetivo
desenvolver crenças, valores e, consequentemente formas de comportamentos, se destaca a
religião. Em resumo, o Candomblé e a natureza tornam-se grandes aliados no contexto
8
ecológico para a conservação dos ambientes, bem como foi afirmado pelos participantes
durante as entrevistas, que a religião influencia positivamente na sua relação com a natureza,
os mesmos citaram a importância de conservar o meio ambiente para que se mantenham vivos
seus Orixás e seu axé.
Peixes 75% 9
Molusco 58% 7
Dentre os animais mais utilizados para a realização dessas oferendas aos Orixás frios,
se destacou o peixe (75%), quando comparado aos moluscos (58%) (Tabela 1). Este resultado
corrobora com Neto et al. (2012) que destacaram que os peixes foram uma das oferendas de
mais despachado, associadas ao oborí em outros terreiros do Nordeste. Nos Estados de Paraíba
9
Os peixes além de serem oferendas para diversos orixás, alguns deles contém
finalidades distintas, por exemplo: o bagre, Familia Ariidae, Cathorops sp. (Figura 5), é
utilizado para inibir energias negativas, já o pargo, Família Lutjanidae, Lutjanus sp. é utilizado
para proporcionar calma e paz (D'Osogiyan, 2016).
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Uma das falas dos entrevistados abordou o intuito da oferenda, que depende da
intenção, ou seja, se é boa ou ruim. Quando questionado sobre a utilização do cavalo marinho,
o Babalorixá foi enfático: “Esse tipo coisa não faço aqui no terreiro, é usado, mas não aqui
dentro. Porque é pra trabalho ruim”, assim, explicando que apesar de não utilizar no seu
terreiro, possui conhecimento da utilização de cavalo marinho em algumas casas de axé em
Maceió.
Entre os peixes abordados nas entrevistas tivemos (Tabela 2): Bagres, Cavalos
marinhos e Pargos. Tais espécies também foram encontradas em casas de axé nos estados da
Paraíba e Pernambuco (Neto et. al, 2012). Exposto isto, inferimos que os peixes são os
organismos aquáticos mais utilizados nos rituais do Candomblé, devido a sua
representatividade, onde os mesmos são símbolo de fecundidade e sabedoria. Apesar de cada
orixá ter sua oferenda específica, os peixes podem ser ofertados a todos, sem precisar distinção
de qual espécies o orixá vai receber. Por isso que tal animal é tão citada entre os praticantes do
candomblé.
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Tabela 2 - Lista das espécies de peixes, com sua utilização, em Maceió, Alagoas.
Família/Espécie Nome citado Utilização
Entre os entrevistados, sete citaram os moluscos, dando ênfase nos búzios, com
destaque a presença da Família Cypraeidae, utilizada principalmente no oráculo (Figura 6).
Cypraeide
Monetaria moneta (Linnaeus, 1758) É utilizado no
Búzios assentamento, guias,
adereços e jogo de
búzios.
Monetaria caputserpentis
(Linnaeus, 1758). Búzios Jogo de búzios
Figura 10 - M. caputserpentis
Gênero/Espécie Distribuição
Peixes .
Lutjanus sp Oceano Atlântico, em recifes de coral
Hippocampus sp. Brasil (Sergipe, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio Grande
do Norte, Rio de Janeiro, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Amapá, Bahia,
Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Paraná), recife e estuários.
Molusco
Cypraeide Moneta/ Oceano Indo – Pacifico e recifes de corais
Monetaria Moneta (Linnaeus,
1758)
Monetaria caputserpentis Oceano Indo - Pacífico e em recifes de corais
(Linnaeus, 1758).
Já os peixes do gênero Cathorop, não possuem nenhuma espécie listada na red list
da IUCN, quase todas estão com dados insuficiente (DD) ou menor preocupação (LC), sem
ocorrência de declínio.
Entre as espécies de gastrópodes encontradas neste estudo, constatou-se
similaridade com Silva. (2006), que em Recife e Olinda – PE, destacou a importância dos
moluscos no Candomblé, principalmente os 4 mais sagrados, Cauri (Cypraea sp.), Ibi (Psiloicus
sp. ou Megabulinus sp. ou Achatina fulica), Aruá (Pomacea lineata) e o Ikoto (Achatina sp).
Recentemente, Neto, et al. (2012), em um levantamento realizado nas cidades de
Caruaru - PE e Campina Grande - PB, encontraram 19 espécies de moluscos para fins litúrgicos
e simbólicos, em uso nos rituais em terreiros. Entre as espécies mais citadas destacamos:
Monetaria anel (n = 10 citações), M.moneta (n =10), Erosaria caputserpentis (n = 9) e Achatina
fulica (n = 6).
A presença das espécies M. moneta e M. caputserpentis, citadas por 58% dos
entrevistados, onde todos os entrevistados que responderam moluscos para animais utilizados
no Candomblé faziam associação aos gastrópodes da família Cypraeidae, assim mostrando
semelhança com estudos realizados por Neto et, al. (2012).
Alguns textos destacam a abundância de certas espécies como C. moneta, em
naufrágios de embarcações portuguesas do século XVII, que volta “Naquela época passou-se
a vender búzios em vários pontos de Salvador: Pelourinho, no Mercado Modelo, nos terreiros
de Candomblé, aos hippies... O Negócio virou uma febre – era a Febre do Búzio. A nossa
catagem cresceu tanto que passei a estoca-los em toneis plásticos, comprados para este fim”.
(Andrade, 2011).
Mesmo com a ampla utilização da família Cypraeidae, para fins ornamentais e
religiosos, nenhuma das citadas no terreiro se encontrada na red list da IUCN (2018), quando
perguntados se eles tinham dificuldades em achar os animais utilizados, 42% respondeu que
não.
Quando perguntado se poderia haver substituição de alguns búzios por outras
espécies, o Babalorixá respondeu de forma direta e objetiva “Não, os búzios não podem ser
substituídos por nenhum outro, tenho esses búzios por toda minha vida e nunca substituir”.
Com isto a visão de um praticante da religião sempre é de preservar e cuidar, pois,
ali moram os Orixás e devemos respeitá-los. Devido essa concepção os praticantes das religiões
afro em Maceió tendem a ter um olhar além do uso material de tais organismo. Principalmente
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aos organismos aquáticos que estão presentes desde de ritos de iniciação até seu uso em roupas
e adereços.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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6. ANEXOS
3. Existe alguma preocupação em sujar ou poluir a natureza próximo ao local onde é feito?
4. Para o candomblé é importante preservar a natureza, mesmo sendo outros lugares além
do terreiro?
Bairro:
Escolaridade:
Religião:
Nação:
Entidade Regente do Responsável:
5. Vocês utilizam algum animal aquático para rituais ou demais atividades aqui no
terreiro?
6. Você notou se ao decorrer do tempo ficou mais difícil adquirir tais animais?
7. Você tem algum conhecimento sobre esses animais, ondem vivem, do que se alimentam
ou onde e como são pescados?
8. Há alguma relação entre o tipo de oferenda com o tipo de ambiente natural onde é
depositado?
pesquisa pretendemos conhecer a fauna aquática utilizada em rituais, seus diversos simbolismo e status de
conservação em um terreiro de Candomblé.
Caso você concorde em participar, vamos fazer as seguintes atividades com você entrevistas
semiestruturada, através de questionários acerca dos animais utilizados de forma geral e entrevistas
informais para completar as informações anteriores.
Para participar deste estudo você não vai ter nenhum custo e nem receberá qualquer vantagem
financeira. Apesar disso, se você tiver algum dano por causadas atividades que fizermos com você nesta pesquisa,
você tem direito a indenização. Você terá todas as informações que quiser sobre esta pesquisa e estará livre para
participar ou recusar-se a participar. Mesmo que você queira participar agora, você pode voltar atrás ou parar de
participar a qualquer momento. A sua participação é voluntária e o fato de não querer participar não vai trazer
qualquer penalidade ou mudança na forma em que você é atendido (a). Os resultados da pesquisa estarão à sua
disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que indique sua participação não será liberado sem a sua
permissão. Você não será identificado (a) em nenhuma publicação que possa resultar.
Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias originais, sendo que uma será
arquivada pelo pesquisador responsável e a outra será fornecida a você. Os dados coletados na pesquisa ficarão
arquivados com o pesquisador responsável por um período de 5 (cinco) anos, e após esse tempo serão destruídos.
Os pesquisadores tratarão a sua identidade com padrões profissionais de sigilo, atendendo a legislação brasileira
(Resolução Nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde), utilizando as informações somente para os fins
acadêmicos e científicos.
Declaro que concordo em participar da pesquisa e que me foi dada à oportunidade de ler e
esclarecer as minhas dúvidas.
Impressão do dedo
polegar caso não saiba assinar
_______________________________ _____________________________________
Assinatura do Participante Assinatura do (a) Pesquisador
7. GLOSSÁRIO
AXÉ - Força vital que dá vida a todas as coisas, presente especialmente em objetos
ou seres sagrados, também nome de objeto sagrado. Expressão utilizada para passar força
espiritual, podendo ser ainda, o mesmo que amém, assim seja.
AXEXÊ - Cerimônia fúnebre iorubana. Semelhança com a missa de 7º dia católica.
BABALORIXÁ = Sacerdote líder. Só pode chegar a essa posição depois de sete
anos de ter sido feito no santo. O mesmo que pai de santo.
BORÍ/OBORÍ - Sacrifício animal, cerimônia, primeiro estágio da iniciação
CANDOMBLÉ – Nome que define os cultos afro-brasileiros de origem Jeje,
Yorubá ou Bantu.
DESPACHO – Algum ebó que se oferece aos Orixás em troca de conseguir o que
se quer. O despacho é feito fora do terreiro e geralmente envolve queima de pólvoras e
holocaustos.
EJÁ – Peixe.
EXÚ – Orixá da comunicação, senhor dos caminhos. É o primeiro a ser
reverenciado nos rituais e trabalha tanto para o bem como para o mal.
FÁ – Divindade correspondente a Ifá, Orixá da sabedoria e da adivinhação.
FAZER A CABEÇA – Ritual de iniciação que tem por objetivo tornar a pessoa
apta a incorporar o Orixá.
ILÉ – Casa de Candomblé
IYÁ - Mãe.
LOGUN EDÉ – Orixá filho de Oxum e de Oxóssi, que herdou as características de
pai e da mãe. Dessa forma, tanto pode ter seu culto no rio, quanto na terra.
OBALAUYÉ - Omolú ou Xapanã são alguns dos termos que nomeiam um dos
principais deuses do Candomblé, da Umbanda e do Batuque: o Orixá das doenças e dos
espíritos.
OLÓKUN – Mãe de Yemanjá.
OLORUM – Deusa das Águas.
ORIXÁ – A palavra Orixá significa Ori=cabeça, Xá=Rei, senhor. Senhor da
Cabeça
ORUNMILÁ - também é às vezes chamado Ifá que é de fato a incorporação do
conhecimento e sabedoria, a forma mais alta da prática de adivinhação. Embora Orunmilá não
seja de fato Ifá, a associação íntima existe, porque ele é o que conduz o sacerdócio de Ifá.
OXUM – Deusa das águas doces e frias. É o orixá da fertilidade e maternidade.
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