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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium


Curso de Administração

ALINE CRISTINA LEAL


LUCILÉIA MARY SANTOS DE MATOS
MÁRCIA CRISTINA CARVALHO
TALITA MÁIRA BIROQUI

MERCADO FUTURO E DE OPÇÕES


Mercantil Industrial e Exportadora Junqueira LTDA
Lins – SP

LINS – SP
2008
ALINE CRISTINA LEAL
LUCILÉIA MARY SANTOS DE MATOS
MÁRCIA CRISTINA CARVALHO
TALITA MÁIRA BIROQUI

MERCADO FUTURO E DE OPÇÕES

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Banca Examinadora do
Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium, curso de Administração, sob a
orientação do Prof° M. Sc Ricardo Yoshio
Horita e orientação técnica da Profª M. Sc.
Heloisa Helena Rovery da Silva.

LINS – SP
2008
Leal, Aline Cristina; Matos, Luciléia Mary Santos de; Carvalho, Márcia
Cristina; Biroqui, Talita Máira
L47m Mercado futuro e de opções / Aline Cristina Leal; Márcia Cristina
Carvalho, Luciléia Mary Santos de Matos; Talita Máira Biroqui. --
Lins, 2008.
119p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico


Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em
Administração, 2008.
Orientadores: Ricardo Yoshio Horita; Heloisa Helena Rovery da
Silva

1. Agronegócio. 2. Hedge. 3. Mercados derivativos. I Título.

CDU 658
ALINE CRISTINA LEAL
LUCILÉIA MARY SANTOS DE MATOS
MÁRCIA CRISTINA CARVALHO
TALITA MÁIRA BIROQUI

MERCADO FUTURO E DE OPÇÕES

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,


para obtenção do titulo de Bacharel em Administração.

Aprovada em: ____/____/____

Banca Examinadora:
Prof. Orientador: Ricardo Yoshio Horita
Titulação: Mestre em Ciências da Computação pela Universidade Federal de
São Carlos

Assinatura: ____________________________________

1° Prof(a): ______________________________________________________
Titulação: _______________________________________________________
_______________________________________________________________

Assinatura: ____________________________________

2° Prof(a): ______________________________________________________
Titulação: _______________________________________________________
_______________________________________________________________

Assinatura: ____________________________________
DEDICATÓRIA

Dedico primeiramente este trabalho a DEUS, que me deu forças para


a concretização deste sonho. A minha mãe Anita e ao meu pai Ronaldo, que
são as principais razões da minha existência e os principais responsáveis
pelas minhas vitorias e conquistas, meus exemplos de vida onde busco
sempre a orientação nos momentos difíceis e alegres, vocês são e sempre
serão o meu porto seguro. Amo vocês imensamente.... Dedico também ao meu
irmão Júnior que por tantas vezes me apoiou, me ajudou, Te amo viu
maninho...... Aos meus eternos amigos Sérgio e Márcia que também foram
fundamentais para a realização deste sonho, obrigada por tudo o que
fizeram por mim, amo vocês... As minhas companheiras de monografia Léia,
Márcia e Talita que dividiram comigo um sonho em comum, jamais me
esquecerei de vocês meninas, ficarão sempre em minha memória e em meu
coração.... A todos os meus familiares,avôs e avós, tios e tias, primos e
primas, a minha madrinha, que de alguma maneira me apoiaram e me deram
forças pra continuar, consegui gente..... E a todos os meus amigos e amigas,
que dividiram comigo vários momentos de minha vida...

A todos vocês o meu muitíssimo obrigado... Pois sem vocês eu nada seria!!!!!!

Amo muito vocês........... Um grande beijo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Aline Cristina Leal


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família, meus amigos e a todas as


pessoas que mesmo indiretamente torciam por mim, contribuindo para sua
conclusão.
A minha mãe Celina, minha maior incentivadora. Nunca mediu esforços
para que eu pudesse realizar meus sonhos. Hoje, dedico este trabalho a
você mãe como forma de agradecimento, por ter me dado a vida e
permanecido ao meu lado em todos os momentos. Te amo!
Ao meu pai Luiz, um exemplo vivo da força de Deus. Um homem que
apesar de todas as dificuldades e barreiras que a vida lhe pôs, nunca
abaixou a cabeça e jamais pensou em desistir. Brigou com a morte e venceu
bravamente! Hoje a sua alegria de viver contagia a todos os que estão ao seu
redor e isso me deixa extremamente feliz. “Paizinho” você foi, é e sempre
será o meu “Super Herói”. Te amo!
A minha maninha Lú, pois é com ela que eu brigo, brinco, aprendo e
ensino! Foi dividindo tudo com você, que aprendi o valor da generosidade!
Tenho muito orgulho de você, por sua inteligência, esforço, responsabilidade
e meiguice! Obrigada por estar ao meu lado. Te amo!
A minhas avós, madrinhas, tias, tios, primas e primos! O meu muito
obrigada! Amo vocês do fundo do meu coração!
Ao nosso orientador professor Horita, que desde a idealização deste
trabalho abraçou a idéia e esteve nos apoiando em todos os nossos planos.
As minhas amigas Aline, Marcinha e Talita companheiras de grupo, por
estarem ao meu lado durante todo esse tempo, tornando minha vida mais
feliz e fazendo com que essa caminhada fosse muito mais agradável.
Tenham certeza que já fazem parte da minha vida.
A todos os meus amigos e amigas verdadeiros que estiveram comigo
acompanhando meus passos e muitas vezes me trazendo de volta, quando por
algum motivo pensei em desistir. O meu carinho por vocês é imenso!
E aos professores que contribuíram para minha formação!
Enfim, agradeço a Deus por ter pessoas tão especiais fazendo parte
de minha vida e acima de tudo dedico a “Ele” essa conquista!

Com carinho,
Léia
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles que de alguma forma doaram um pouco
de si para que ele fosse concluído.
A Deus, pois sem Ele em minha vida eu nada seria.
A minha mãe querida que doa boa parte de sua vida por mim e pelos meus
filhos, sem sua força, sem seu incentivo e principalmente sem seu exemplo eu não
estaria aqui. Se hoje eu estou realizando este sonho é graças a você, guerreira, que
não me deixou desistir, e por tantas vezes me tirou do fundo do poço. Agradeço a
Deus todos os dias por tê-la em minha vida, pois, você é uma pessoa muito especial.
Perdoe as decepções, todas porque me desviei do caminho que você tentava me
guiar. Obrigada por tudo. Nunca se esqueça que eu sempre estarei ao seu lado. Te
amo muito.
Ao meu pai (in memorian), pois sua presença em meu coração me ajudou, a
continuar apesar de tudo. Saudades.
Ao meu marido, por ficar ao meu lado por esses cinco anos, cuidando de
nossos filhos, e me apoiando para que eu pudesse estar aqui. Pela paciência, pelo
carinho, pela compreensão mas principalmente pela verdadeira demonstração de
amor, adiando o seu sonho para que eu pudesse realizar o meu. Obrigada por tudo.
Te amo muito.
Aos meus filhos, por serem tão lindos e fofos! Espero que possam perdoar
minhas ausências. É por vocês e pra vocês que abro os olhos todos os dias e tento
ser uma pessoa melhor. Amo muito vocês.
Ao meu irmão, um exemplo de vida e superação. Tenho muito orgulho de
você. Obrigada por tudo. Te amo.
A minha irmãzinha querida, obrigada. Pelas ajudas e pelos sorrisos e
lágrimas compartilhados. Te amo.
A minha Avó Luiza, que sempre me apoiou. Te amo Lulu.
As amigas Aline, Léia, Marcela, Mariela e Talita. “Os amigos são a família
que Deus nos permitiu escolher”. Obrigada, pela oportunidade de compartilhar um
pouco de suas vidas, pela paciência e compreensão. Que Deus abençoe vocês para
que suas vidas lhe sejam leves. Perdoem-me pelos percalços que causei e Obrigada
pelas vezes que fizeram meu coração sorrir, por estar junto comigo, até mesmo
quando eu não estava disposta, por serem as primeiras a me ajudar a levantar
quando caí, enfim por fazerem a diferença em minha vida, e me ajudarem a
entender que o que importa não é O QUE eu tenho na vida, mas QUEM eu tenho na
vida, por tudo isso vocês vão estar sempre no meu coração. Amo vocês.
A família Matos, que abriu as portas de sua casa e de seus corações para
mim e minha família. Muito obrigada.
Por fim a todas as pessoas, familiares e amigos que me ajudaram e
possivelmente eu esqueci.

Marcinha
DEDICATÓRIA

Eu dedico esse trabalho primeiramente a Deus, pois graças


a ele consegui alcançar meus objetivos com saúde e tudo aquilo
de que foi necessário para a minha vida. Dedico à minha amada
mãe Sueli, que sempre está ao meu lado dando seu apoio
incondicional para que eu possa seguir em frente e lutar por
aquilo que quero, pessoa responsável por tudo que sou hoje. E,
dedico também ao meu avô Bradino, aos familiares e amigos que
me apoiaram nesses quatro anos.

Talita
Agradecimentos

Chegamos ao final dessa caminhada e como diria a música: “Você não

sabe o quanto eu caminhei, pra chegar até aqui...”.

Não foi fácil!

Durante quatro anos enfrentamos o cansaço, as dores e as

dificuldades de estar em busca de um sonho. Um sonho comum a quatro

vidas... Caminhos que se cruzaram por força do destino e para nós esse

“destino” tem nome...e o nome “dele” é DEUS!

Dizem que amigos são anjos que Deus coloca em nossas vidas para nos

proteger e estar ao nosso lado a cada momento. São eles que brincam

conosco, que riem, que choram, que brigam, que nos dizem sim ou não, são

eles que têm o dom de nos dizer: “Pare!” ou “Vá em frente!”.

Depois de termos dividido tantos risos e prantos, agradecemos a

“Ele” por tudo...tudo mesmo! As alegrias, que tornaram melhor nossas vidas

e as tristezas, pois foi através delas que crescemos e nos tornamos fortes.

E agora que vemos nossos sonhos realizados e que nossos esforços

não foram em vão, não temos nada melhor para oferecer a não ser nossas

orações pedindo para que o Papai do Céu abençoe nossas famílias, nosso

orientador, a todos os professores e funcionários da faculdade, aos nossos

amigos, colegas de turma e a todos aqueles que de alguma forma

contribuíram com o nosso sucesso!

O nosso muito...muito...muito obrigado!!!

Com Amor,

Aline, Léia, Márcia e Talita


LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Empresa Mercantil Industrial e Exportadora Ltda .......................... 19


Figura 02: Cana – de – açúcar ........................................................................ 29
Figura 03: Comercialização na propriedade.................................................... 31
Figura 04: Agentes intervenientes no mercado futuro ..................................... 70
Figura 05: Mapa do pregão ............................................................................. 71
Figura 06: Visualização dos pits...................................................................... 71
Figura 07: Fluxo das operações ...................................................................... 74
LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Principais commodities utilizadas ................................................ 39


Quadro 02: Contratos Agropecuários .............................................................. 65
Quadro 03: Taxa operacional básica (TOB) .................................................... 75
Quadro 04: Taxa de Emolumentos (TE).......................................................... 75
Quadro 05: Taxa de registro (TR) ................................................................... 76
Quadro 06: Taxa de permanência................................................................... 77
Quadro 07: Ajustes diários .............................................................................. 79
Quadro 08: Comparativo dos diferentes derivativos negociados no mercado
financeiro......................................................................................................... 84
Quadro 09: Especificações do contrato futuro de soja .................................... 85
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APAE: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais


ATR: Açúcar Total Recuperável
BBF: Bolsa Brasileira de Futuros
BM&F: Bolsa de Mercadorias & Futuros
BM&FBOVESPA: Bolsa de Mercadorias & Futuros e Bovespa
BMSP: Bolsa de Mercadorias de São Paulo
BVRJ: Bolsa de Valores do Rio de Janeiro
CBLC: Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia
CDB: Certificado de Depósito Bancário
CDI: Certificado de Depósito Interbancário
CME: Chicago Mercantile Exchange
CONAB: Companhia Nacional de Abastecimento
CPR: Cédula de Produtor Rural
ESALQ: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
FB: Fórmula Base
FEBRABAN: Federação Brasileira das Associações de Bancos
GTS: Global Trading System
MEFF: Mercado Oficial de Futuros y Opiciones Financeiros
PIB: Produto Interno Bruto
RH: Recursos Humanos
SISBEX: Sistema de Negociação e de Registro de Títulos e outros Ativos
TE: Taxa de Emolumentos
TOB: Taxa Operacional Básica
TP: Taxa de Permanência
TR: Taxa de Registro
WTr: Web Trading
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................ 16

CAPÍTULO I – A EMPRESA........................................................................... 19
1 EMPRESA...................................................................................... 19
1.1 Histórico ......................................................................................... 20
1.2 Estrutura organizacional ................................................................. 21
1.2.1 Política de recursos humanos ........................................................ 22
1.3 Serviço social e responsabilidade sócio-ambiental ........................ 22
1.4 Áreas de atuação ........................................................................... 23
1.5 Processos de comercialização ....................................................... 25
1.5.1 Demanda de produtos agropecuários ............................................ 26
1.5.2 Processo de comercialização de cana-de-açúcar .......................... 27
1.5.3 Processo de comercialização de boi gordo .................................... 29
1.6 A utilização do mercado futuro na empresa ................................... 32

CAPÍTULO II – O AGRONEGÓCIO E O MERCADO DERIVATIVOS ............ 36


2 PRINCÍPIOS DO AGRONEGÓCIO................................................ 36
2.1 A Agropecuária no Brasil ................................................................ 37
2.1.1 Características da produção agropecuária ..................................... 38
2.2 Commodities .................................................................................. 38
2.3 Derivativos...................................................................................... 39
2.3.1 Origem ........................................................................................... 40
2.3.2 Evolução......................................................................................... 42
2.3.3 Função econômica ......................................................................... 43
2.4 Tipos de mercados derivativos ....................................................... 44
2.4.1 A Termo.......................................................................................... 45
2.4.2 Futuro ............................................................................................. 45
2.4.2.1 O mercado futuro e o agronegócio ................................................. 46
2.4.2.2 Negociação de contratos futuros .................................................... 47
2.4.3 Opções ........................................................................................... 48
2.4.3.1 Tipos de opções ............................................................................. 49
2.4.4 Swap .............................................................................................. 50
2.5 Classificação dos derivativos ......................................................... 51
2.6 Hedge ............................................................................................. 52
2.7 Especulação ................................................................................... 54
2.8 Arbitragem ...................................................................................... 54
2.9 Participantes do mercado derivativos ............................................. 55
2.9.1 Hedger ........................................................................................... 55
2.9.2 Arbitrador........................................................................................ 56
2.9.3 Especulador ................................................................................... 57
2.9.4 Market maker ................................................................................. 58
2.10 Margens de garantias e ajustes diários .......................................... 58
2.11 A clearing da BM&F: estrutura da câmara de compensação ......... 59
2.11.1 Os membros da compensação....................................................... 60
2.12 Cédula de Produto Rural (CPR).. ................................................... 61
2.13 Bolsas de mercadorias no mundo .................................................. 62
2.13.1 Bolsas de mercadorias e futuros no Brasil ..................................... 63
2.13.2 Objetivos da BM&F ........................................................................ 64
2.13.3 Tipos de contratos negociados na BM&F ....................................... 65
2.13.3.1 Contratos Agropecuários ................................................................ 65
2.13.3.2 Contratos financeiros ..................................................................... 66
2.13.3.3 Contratos de balcão ....................................................................... 67

CAPÍTULO III – A EMPRESA E O MERCADO FUTURO .............................. 68


3 INTRODUÇÃO DA PESQUISA ..................................................... 68
3.1 Como entrar no mercado futuro ..................................................... 68
3.1.1 Especificações dos contratos ......................................................... 69
3.1.2 Negociação de contratos futuros .................................................... 69
3.1.3 Agentes intervenientes no mercado futuro ..................................... 69
3.1.4 Corretoras e pregões ..................................................................... 70
3.1.5 Mapa do pregão ............................................................................. 71
3.1.6 Funcionamento da Bolsa ................................................................ 72
3.1.7 Etapas para operar no mercado ..................................................... 72
3.1.8 Ciclo operacional de um contrato ................................................... 73
3.1.9 Custos ............................................................................................ 74
3.1.9.1 Outros custos ................................................................................. 78
3.2 Liquidação ...................................................................................... 79
3.3 Vantagens ...................................................................................... 80
3.4 Desvantagens ................................................................................ 81
3.5 Escolha dos mercados ................................................................... 82
3.5.1 Características e comparações entre os diferentes derivativos ..... 83
3.6 Riscos ............................................................................................ 84
3.7 Exemplos........................................................................................ 85
3.7.1 Mercado futuro ............................................................................... 85
3.7.2 Comparação entre mercado futuro e de opções ............................ 87
3.8 A atual crise econômica mundial e o mercado de derivativos. ...... 89

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ................................................................... 92


CONCLUSÃO ................................................................................................. 94
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 96
APÊNDICES ................................................................................................... 99
ANEXOS ....................................................................................................... 106
INTRODUÇÃO

O agronegócio bem como os mercados de futuro e de opções, estão em


constante desenvolvimento, por isso os contratos negociados nas bolsas de
mercadorias e futuros passaram a ser alvo de interesse dos produtores rurais
que desejam se proteger das oscilações freqüentes dos preços dos produtos
agropecuários. Assim, nos últimos tempos essas transações de proteção
utilizando derivativos, vêm impulsionando as bolsas que conseqüentemente
estão crescendo em operações com diferentes tipos de contratos, alcançando
assim, inúmeros recordes e atraindo novos investidores. Esses contratos
podem ser financeiros e não financeiros sendo padronizados de acordo com as
características intrínsecas dos ativos negociados, quantidades, procedimentos
de entrega, meses de vencimento, cotações dos preços, limites de oscilações
diárias de preços e limites de posições diárias. É importante ressaltar que
alguns desses limites foram estabelecidos para garantir a liquidez do mercado
contra as especulações.
O objetivo central deste trabalho é mostrar os diversos tipos de contratos
derivativos existentes, ressaltando o de futuro e o de opções sobre
commodities agropecuárias, bem como suas particularidades e seus
participantes, fazer um breve histórico do cenário do agronegócio e mostrar o
funcionamento das bolsas de mercadorias e futuros e sua evolução ao longo
dos anos.
Diante do exposto, pergunta-se: A utilização dos mercados futuros e de
opções é uma boa alternativa para a proteção contra a variabilidade dos preços
na comercialização das produções agropecuárias?
Os integrantes das cadeias do agronegócio enfrentam riscos de
produção e de preços os quais, além de causar instabilidade à própria
atividade, também podem provocar instabilidade em todos os demais membros
da cadeia de produção do qual participam. Os mercados de futuros possibilitam
a administração e redução dos riscos de preços, permitindo melhor
planejamento, diminuição dos custos de transação e aumento na
competitividade das cadeias. Do ponto de vista do setor agropecuário, um
sistema de comercialização será eficiente se a venda da produção obtiver o
melhor resultado financeiro após deduzirem-se todos os custos de produção e
comercialização. As operações no mercado futuro e de opções evitam perdas
ocasionadas pelas oscilações de preços transferindo o risco a outro
participante do mercado. Esse é o papel intrínseco do mercado de derivativos,
permitindo que produtor, exportador, administrador, industrial, armazenador,
comerciante ou outro agente de mercado transfira os riscos de preços das
mercadorias com as quais trabalham.
Para reforçar a análise, foi feita uma pesquisa de campo realizada na
empresa Mercantil Industrial e Exportadora Junqueira Ltda, que atua em duas
áreas distintas, a criação e comercialização de boi gordo para abate e plantio
de cana-de-açúcar, demonstrando que essa é uma ferramenta alternativa de
gerenciamento dos riscos de sua atividade, assegurando assim, um patamar
mínimo de retorno para o produto negociado, garantindo preço e margem de
lucro.
Foram utilizados os seguintes métodos:
Estudo de caso: foi realizado estudo de caso na empresa Mercantil
Industrial e Exportadora Junqueira Ltda, fazendo um levantamento de
operacionalização através de sua corretora, utilizando a coleta de informações
disponibilizadas pela empresa, analisando juntamente com o cenário mundial
do mercado futuro e de opções voltados para o agronegócio.
Método de observação sistemática: foram observados, analisados e
acompanhados os procedimentos aplicados na proteção dos preços de seu
ativo objeto negociado nos contratos futuros através da BM&F.
Método histórico: foi realizada uma pesquisa histórica sobre a origem do
mercado futuro e de opções e sua evolução até os dias atuais, como suporte
para o desenvolvimento do estudo de caso.
Para eficácia dos métodos utilizou-se das seguintes técnicas:
Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A)
Roteiro de Observação Sistemática (Apêndice B)
Roteiro de entrevista para o proprietário da empresa Mercantil Industrial e
Exportadora Junqueira LTDA. (Apêndice C)
Roteiro de entrevista para pessoas que possuem conhecimento de
mercados futuros e de opções (Apêndice D)
Outros registros: foram utilizados materiais das corretoras e da BM&F
(Anexos A, B, C, D e E)
O trabalho está assim estruturado:
O capítulo I apresenta a empresa onde foi realizada a pesquisa, incluindo
seu histórico, área de atuação, processo de comercialização, entre outros.
O capítulo II descreve o agronegócio e o mercado de derivativos, os tipos
de contratos negociados nas bolsas, os diversos agentes de mercado, a
classificação dos derivativos, um breve resumo das bolsas de valores e da
BM&F.
O capítulo III mostra o relato dos acontecimentos atuais do mercado
futuro, como entrar neste mercado, qual a posição a tomar na hora da escolha
de mercado no qual investir e a importância de o mercado mundial.
O trabalho finaliza-se com a apresentação da proposta de intervenção e a
conclusão.
CAPÍTULO I

MERCANTIL INDUSTRIAL E EXPORTADORA JUNQUEIRA LTDA

1 A EMPRESA

A Mercantil Industrial e Exportadora Junqueira Ltda é uma empresa


familiar sediada na cidade de Lins – SP, região noroeste do estado. Suas
operações em mercado futuro são feitas diretamente por um dos proprietários,
que se utiliza de uma corretora para intermediar suas transações com a BM&F,
acompanhando diariamente as movimentações da bolsa e negociando
contratos conforme sua necessidade de proteção do preço de seu rebanho
bovino, em determinado período futuro.
A empresa está situada à Via de Acesso à Rodovia Marechal Rondon,
bairro do Labate, na cidade de Lins, inscrita sob o CNPJ 51.660.652/0001-93 e
Inscrição Estadual 419.004.798.113.
Atua em duas áreas distintas, a criação e comercialização de boi gordo
para abate e plantio de cana-de-açúcar, por isso apesar de ser uma empresa
limitada, caracteriza-se também por formar um condomínio agrícola.
Por se tratar de empresa familiar, o confinamento e comercialização do
boi gordo não estão caracterizados na pessoa jurídica, nela encontra-se
apenas a atividade com cana-de-açúcar.

Fonte: Empresa Mercantil Industrial e Exportadora Ltda, 2008.


Figura 01: Empresa Mercantil Industrial e Exportadora Ltda
1.1 Histórico

A história da empresa Mercantil Industrial e Exportadora Junqueira Ltda


mistura-se com a da família Junqueira, pois a atividade de cultivo de terras e
criação de bovinos são práticas, que foram sendo transmitidas e aperfeiçoadas
através das gerações.
O nascimento da pessoa jurídica se deu por volta de 1964, pelos irmãos
Francisco da Cunha Diniz Junqueira e Antonieta de Aguiar Junqueira, que
vendo o crescimento na demanda dos produtos agropecuários que
comercializavam, identificaram a necessidade de ampliar sua produção. Assim,
constituíram um Condomínio Agrícola, com personalidade jurídica.
Com a ampliação das atividades, os sócios viram a necessidade de
centralizar o comando da empresa, pois até então a administração das
fazendas eram feitas individualmente por funcionários designados, dificultando
o controle geral dos proprietários. Assim sendo, criou-se uma divisão entre o
setor administrativo e de produção, construindo um escritório em território
urbano onde se centralizou a administração de todas as fazendas pertencentes
à família e suas atividades, local este, que se tornou sede da empresa,
mantendo-se desta forma até os dias de hoje. Ali aconteciam as negociações
de venda das produções, compra de matéria prima, estabelecimento de metas
e objetivos, controle financeiro, controle de pessoal, entre outros.
Nessa época além da empresa cultivar e comercializar milho e café,
manter a criação de gado de corte, atuavam também como beneficiadora de
algodão, atividade que praticaram durante aproximadamente vinte e cinco
anos.
Em meados da década de 90, a Mercantil Industrial e Exportadora
Junqueira Ltda cessou o plantio de algodão, milho e café e passou atuar no
mercado de cana-de-açúcar.
Mantendo o foco da empresa no cultivo de cana, os sócios
administradores não se desfizeram da criação de bovinos. Na condição de
pessoas físicas, tornaram-se produtores rurais e continuam a comercializar
gado de corte sem interferência na pessoa jurídica que atualmente é uma
Sociedade Limitada na qual se cultiva e comercializa exclusivamente cana-de-
açúcar.

1.2 Estrutura Organizacional

A Mercantil Industrial e Exportadora Junqueira Ltda, possui uma


estrutura organizacional centralizadora, isto é, por se tratar de uma empresa
familiar as tomadas de decisões e o acompanhamento das produções são
feitos diretamente por seus proprietários.
Para facilitar o acompanhamento das atividades da pessoa jurídica e
também dos negócios realizados com gado de corte na pessoa física, a
empresa conta com uma sede onde fica o escritório que gerencia as demais
áreas.
A sede localizada na Via de Acesso à Rodovia Marechal Rondon, é
constituída de aproximadamente seis setores:
a) contábil;
b) recursos humanos;
c) financeiro;
d) compras;
e) faturamento;
f) controladoria; e
g) diretoria.
Todos os departamentos são acompanhados por um gerente geral,
responsável pelo serviço realizado no escritório, que conta com
aproximadamente doze funcionários que colaboram com a administração e
organização dos negócios, bem como ajudam no suporte aos administradores
das fazendas de cultivo da cana-de-açúcar e a criação de bovinos.
Os proprietários possuem vinte e seis fazendas espalhadas por diversos
estados do país. Cada uma delas conta com um administrador direto, que
reside dentro da propriedade. São eles que possuem a responsabilidade de
organizar o serviço dos demais funcionários, delegando funções específicas a
cada um, para que se mantenha a ordem do trabalho.
O trabalho realizado no campo é acompanhado pelos proprietários que,
percorrem as fazendas verificando o andamento da produção e resolvendo
eventuais pendências que possam fugir das atribuições do administrador.

1.2.1 Política de Recursos Humanos

A empresa conta com um quadro de aproximadamente cento e trinta


funcionários sendo apenas doze da área administrativa e o restante estão
alocados nas fazendas, trabalhando diretamente no cultivo de cana-de-açúcar
e na criação do gado de corte.
Por possuir formação familiar, na Mercantil Industrial e Exportadora
Junqueira Ltda não há política de recursos humanos bem definida. Em sua
maioria os funcionários contratados são trazidos por indicação de alguém que
já trabalha na empresa, ou que seja indicado diretamente aos sócios por
conhecidos.
A definição de cargos e salários também não é padronizada, pois as
contratações acontecem de acordo com as necessidades observadas pela
administração para um determinado setor. O processo de contratação nas
fazendas é feito pelo administrador daquela sede e na parte administrativa pelo
gerente.
A rotatividade de funcionários é muito pequena, pois em sua maioria os
colaboradores vêm acompanhando a família antes mesmo de criarem
personalidade jurídica para seu negócio. Um dos motivos principais da
permanência dos funcionários é o ambiente agradável que procura se manter,
para que se sintam valorizados e motivados ao serviço que prestam.

1.3 Serviço social e responsabilidade sócio-ambiental

Os proprietários da Mercantil Industrial e Exportadora Junqueira Ltda,


procuram manter apoio às entidades filantrópicas que necessitam de ajuda
para manter-se em funcionamento de toda a região da cidade de Lins-SP, pois
acreditam que independente de receberem algum benefício fiscal é importante
apoiar as obras de caridade existentes na cidade. Mesmo porque, antes de ser
empresários, colocam-se como cidadãos comprometidos com o
desenvolvimento da região onde atuam.
Não há por parte da empresa uma distinção entre os locais de apoio. Por
manter sua sede em uma cidade pequena, as entidades sabendo da pré-
disposição em ajudar, procuram pela empresa solicitando o que precisam por
escrito. É feita uma análise da solicitação bem como do órgão solicitante e
assim é decidido diretamente pelos proprietários quanto a aceitação ou não do
pedido.
Muitas entidades em Lins, recebem freqüentemente o apoio da Mercantil
Industrial e Exportadora Junqueira Ltda como a Associação dos Pais e Amigos
dos Excepcionais de Lins (APAE), o Clube Atlético Linense, a Casa dos Cegos
e o Asilo São Vicente de Paula, sem contar as contribuições esporádicas como
a construção da unidade do Corpo de Bombeiros.
Na questão sócio-ambiental a empresa possui medidas de preservação
do meio ambiente como manter o cuidado necessário com os agrotóxicos
utilizados na preservação de pragas nos canaviais e na criação de gado de
corte, e cumprindo a Lei, não praticam a queimada da cana.

1.4 Áreas de atuação

A empresa está inserida no agronegócio, atuando na plantação, cultivo,


colheita e venda de cana-de-açúcar e de maneira informal, atua através de
seus proprietários no setor da pecuária.
Desde sua fundação, a cana-de-açúcar está entre as commodities que
os proprietários comercializam, por ser um produto que tem grande demanda
no mercado em todas as regiões do país e por ser matéria-prima principal de
um mix muito grande de produtos essenciais aos seres humanos como, por
exemplo: açúcares, o álcool e combustível.
O agronegócio está em constante competição pelos recursos escassos
da sociedade. Nessa situação, é fundamental que se tenha uma clara visão do
quadro conjuntural dos acontecimentos e das variáveis macroeconômicas a
seu redor. Precisa-se saber a influência de políticas econômicas sobre taxas de
juros, renda, demanda e produção. Além disso, é necessário também conhecer
os princípios econômicos básicos que regem a demanda e a oferta pelos
produtos agrícolas, os quais também regem a alocação de recursos dentro da
empresa. (MARQUES; MELLO; MARTINES FILHO, 2008)
De acordo com BM&F (2007d), objetivo de lucro de toda atividade
produtiva pressupõe a canalização de esforços para obter a maior
produtividade dos fatores de produção, ao menor custo possível e o maior
preço de venda da mercadoria produzida. Desta forma, procura-se maximizar a
receita obtida na comercialização e minimizar o custo de produção.
Na agropecuária, à semelhança de outros processos produtivos, estes
resultados são influenciados por diversos riscos, dentre os quais destacam:
a) risco de produção: refere-se à possibilidade do volume de produção
esperada não se concretizar devido a eventos relacionados ao clima;
seca, excesso de chuva, geada e etc.; ou a outros, como pragas. Os
riscos de produção podem ser cobertos com apólices de seguros
agrícolas e utilização de tecnologia;
b) risco de crédito: surge sempre na contratação entre partes, sendo
expresso pela possibilidade de uma delas não honrar o compromisso
assumido como o pagamento em dinheiro ou entrega do
produto/serviço. As garantias exigidas por ocasião da contratação de
uma operação visam, fundamentalmente, a cobertura deste risco;
c) risco operacional: decorre de falhas com equipamentos e/ou
humanas administração cadastral. Costuma ser associado com a
gestão empresarial inadequada; e
d) risco de preço: representa a possibilidade dos preços oscilarem em
sentido contrário ao interesse do agente no momento da
comercialização do produto.
Para os produtores rurais o risco de preço é preocupante, pois trazem a
incerteza de continuidade do negócio, principalmente porque esse risco é
influenciado com facilidade por qualquer mudança no mercado. Para a
proteção dos riscos de preços, existem os mecanismos vinculados aos
mercados futuros e de opções.

1.5 Processo de comercialização

Segundo Marques, Mello e Martines Filho (2008), o problema da


agropecuária geralmente está associado a preços baixos e relativamente
instáveis. Do ponto de vista da comercialização, o problema torna-se
particularmente importante porque é difícil para quem produz ajustar
rapidamente sua produção às alterações de mercado. Para complicar ainda
mais esse cenário, mudanças climáticas, pragas, doenças e outros fatores
impedem que se façam estimativas precisas de produção e preços.
O setor agropecuário, os consumidores e todos aqueles envolvidos na
atividade têm muito a ganhar caso a comercialização se dê de forma técnica e
economicamente eficiente, sem sobressaltos e interrupções.
Para Marques, Mello e Martines Filho (2008), do ponto de vista do setor
agropecuário, um sistema de comercialização será eficiente se a venda da
produção obtiver o melhor resultado financeiro após deduzirem-se todos os
custos de produção e comercialização. Existem algumas questões importantes
que merecem ser discutidas para que a comercialização acompanhe os
movimentos de mercado e ocorra de forma eficiente como:
a) o que produzir e quais os cuidados que se deve tomar para obter o
máximo de receita na venda;
b) quando e onde comprar e vender, pois diferentes insumos e produtos
possuem diferentes curvas de distribuição de preços durante o ano e
conhecer a curva de sazonalidade e os custos de armazenamento e
transporte pode elevar os ganhos;
c) o que pode ser feito para diferenciar o produto e expandir e
diversificar o mercado;
d) que tipo de contrato de mercados derivativos deve-se fazer;
e) como financiar a comercialização e reduzir os riscos de mercado; e
f) que outras políticas podem ser implementadas para aumentar a
eficiência da comercialização.

1.5.1 Demanda de produtos agropecuários

Um alqueire ou hectare de terra na fazenda não apresenta nenhuma


utilidade para o consumidor típico da cidade. Quando o agricultor junta terra,
semente, adubo, aração, gradeação, colheita e secagem e os intermediários
transformam o produto em algo capaz de proporcionar satisfação é que os
consumidores sentem-se dispostos a pagar algo em troca do prazer de usufruir
o produto agrícola. Diz-se, então, que existe uma demanda pelo produto
agrícola, a qual é definida como uma relação que descreve quanto será
adquirido a cada nível de preços com renda, preços de outros produtos e
condições socioeconômicas constantes. (MARQUES; MELLO; MARTINES
FILHO, 2008)
A função de demanda, tem suas origens nos anseios psicológicos que
caracterizam os seres humanos e é algo abstrato, difícil de medir e, por isso
mesmo, apenas de interesse teórico. O importante para todos que lidam com a
comercialização é reconhecer a relação entre a curva de demanda do
consumidor e sua origem nos anseios e necessidades dos consumidores.
Segundo Marques, Mello e Martines Filho (2008), o produto
agropecuário é o insumo que será utilizado pela indústria transformadora na
fabricação de seus produtos. Em função de quanto imagina que conseguirá ao
vender seu produto, o intermediário em qualquer nível decide quanto poderá
pagar a seu fornecedor, originando, dessa forma, uma curva de demanda ao
nível de fornecedor de insumos. Essa curva de demanda, chamada de
demanda derivativa, é a demanda normalmente defrontada pelo produtor rural.
O ponto de partida na análise da demanda é admitir que o consumidor
tem necessidades ilimitadas, as quais ele gostaria de satisfazer, porém é
impossibilitado devido à limitação de renda. Admite-se também que os
consumidores são racionais, isto é, que utilizam a renda disponível de forma a
obter a mesma satisfação por unidade monetária gasta para todos os produtos
consumidos.

1.5.2 Processo de comercialização de cana-de-açúcar

Severo (2004), afirma que após a desregulamentação do setor


sucroalcooleiro, em maio de 1998, os produtores de cana e industriais do
açúcar e álcool tiveram que conviver com a nova realidade do livre mercado na
hora de comercializar os seus produtos. A indefinição do governo quanto às
políticas públicas para o setor impôs a necessidade de se estabelecer nova
forma de relacionamento do produtor com o industrial da cana. Nesta
conjuntura, nasceu o Consecana - Conselho de Produtores de Cana, Açúcar e
Álcool do Estado de São Paulo. O modelo transformou-se no principal
instrumento de comercialização de um setor que possui 60 mil fornecedores de
cana e emprega cerca de dois milhões de pessoas.
A credibilidade do modelo Consecana está fundamentada na
transparência nos mecanismos que determinam o valor final do Açúcar Total
Recuperável (ATR). Os preços de mercado interno e externo e outras variáveis
que compõem a fórmula paramétrica de cálculo do ATR são realizados pela
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) para o Consecana de
São Paulo, e pela Universidade Federal do Paraná para o Consecana do
Paraná. Os valores coletados pelos professores da ESALQ são analisados
pelos técnicos do Conatec e aprovados em reunião plenária. Outra vertente do
modelo é a dinâmica em que são tomadas as decisões: representantes dos
produtores de cana-de-açúcar e dos industriais se reúnem e aprovam os
valores a serem pagos pelo quilo do ATR.
Neste modelo de gestão, o produtor não é apenas fornecedor de
matéria-prima para indústrias, mas participa dos lucros do produto
industrializado e enfrenta as oscilações dos preços do mercado de açúcar e
álcool. A formação dos preços do ATR é resultado dos preços de mercado do
açúcar e do álcool, conferindo ao produtor de cana a tarefa de entender o
sistema de comercialização interna e externa do açúcar e do álcool, cujos
fatores influenciarão os preços a serem recebidos pela tonelada do produto.
Esta nova percepção levou o setor a optar pela forma de pagamento em ATR,
na safra de 98/99, pois cerca de 85% dos produtores já comercializavam seu
produto pelo modelo do Consecana, mesmo com o tabelamento do Governo.
(SEVERO, 2004)
Segundo Jank (2008), nas últimas três décadas, a indústria da cana-de-
açúcar recebeu fortes investimentos em ciência e tecnologia, tanto do setor
público quanto do privado. Hoje, a cana-de-açúcar é o insumo básico não
apenas para o açúcar, como para uma variedade incrível de produtos com
valor agregado, particularmente o etanol que abastece os automóveis e ajuda a
romper o domínio dos combustíveis fósseis sobre nossa sociedade.
Agora, a cana-de-açúcar está prestes a dar mais um salto, desta vez
para oferecer ao mundo uma fonte dupla de energia limpa e renovável. Além
do açúcar e do etanol, a cana já está fornecendo eletricidade, em um momento
em que essa eletricidade é urgentemente necessária para impulsionar o
crescimento econômico do Brasil.
O etanol brasileiro produzido da cana não é apenas economicamente
rentável como também ambientalmente consistente. Devido a ganhos de
eficiência, o preço atual do etanol no Brasil é de apenas 30% do que era há
três décadas, quando País tomou a decisão de utilizar o etanol em grande
escala. Hoje, o etanol brasileiro é competitivo com a gasolina devido ao preço
do barril de petróleo. Isso torna o etanol viável mesmo sem subsídios
governamentais.
Além do etanol, a bioeletricidade também está sendo produzida a partir
da cana-de-açúcar, solução que pode muito bem deflagrar outra revolução, na
mesma escala do etanol. A bioeletricidade é produzida a partir da queima de
subprodutos da cana – o bagaço e a palha – em caldeiras. A energia gerada
nesse processo não só faz com que nossas usinas sejam 100% auto-
suficientes, como também permite que elas forneçam excedentes de
eletricidade para as redes nacionais de distribuição.

Até recentemente, cerca de dois-terços do potencial energético da


cana contido no bagaço e na palha, não eram utilizados. Com a
intensificação do uso da biomassa que vem da cana, e a utilização de
caldeiras de alta eficiência, estima-se que a capacidade de geração do
setor pode atingir até 15.000 megawatts médios até 2020. Isso seria
suficiente para fornecer até 15% das necessidades do País, ou o
equivalente ao consumo de países inteiros, como Suécia ou Holanda.
(JANK, 2008)

Portanto acredita-se que o etanol da cana-de-açúcar está nitidamente à


frente dos produzidos a partir de outros insumos, seja em termos de balanço
energético, eficiência ambiental, produtividade e custo-benefício. É por isso que
a sua produção e o uso devem ser ampliados e seu comércio internacional
estimulado.

Fonte: Empresa Mercantil Industrial e Exportadora Ltda, 2008.


Figura 02: Cana – de – açúcar

A Mercantil Industrial e Exportadora Junqueira Ltda atua na plantação e


cultivo da cana, fornecendo o produto in natura às usinas Lins, Equipav Açúcar
e Álcool, São Martinho e São José da Estiva.
Focada na venda do produto diretamente dos campos aos clientes, a
empresa mantém parceria com as usinas para divisão dos custos de transporte
e de tributação.
O preço físico é determinado de acordo com a média da região na qual
está inserida. Para acompanhar o preço da cana-de-açúcar utilizam-se da
referência fornecida pela Consecana na data de formalização dos contratos de
venda.

1.5.3 Processo de comercialização de boi gordo


O processo de comercialização do boi gordo, praticado pelos
proprietários da Mercantil Junqueira, segue as práticas de criação existentes no
Brasil, considerando as características da região atuante e procurando focar
sempre em atributos que o diferenciem dos demais produtores. Como na
pecuária é difícil agregar valor ao produto, visto que as características são
intrínsecas a todos os animais, buscam diferenciá-los utilizando-se de tudo o
que há de mais moderno neste mercado.
De acordo com Haddad e Queiroz (2008), o sistema de produção de
bovinos de corte no Brasil é realizado em três fases independentes ou
integradas, designadas de cria, recria e terminação para a produção de animais
com mais de 450 kg também denominados por boi gordo.
O período de cria é a fase que compreende a reprodução para produção
de bezerros que são desmamados com 180 kg e comercializados de 7 meses a
um ano ou de sobreano com mais de 210 kg.
A recria é conhecida por produzir boi magro que geralmente são animais
de três anos com aproximadamente 330-390 kg que ganharam em torno de
130-190 kg em dois anos.
A engorda ou terminação conhecida por produzir boi gordo, sendo o
período que o animal ganha mais peso por unidade de tempo, 120 a 140 kg em
um ano. Aproximadamente, 90% dos animais no Brasil são criados, recriados e
engordados de forma extensiva, ou seja, apenas com a pastagem, sendo a
duração da produção média de 3,5 anos.
Por outro lado, a comercialização na pecuária de corte de animais vivos
envolve duas principais categorias. A categoria dos animais que vão para o
abate como boi gordo, vaca gorda, novilha de descarte, toruno e vitelos
negociados com frigoríficos ou matadouros, e a categoria que não vai para o
abate que compreende boi magro, bezerro, garrote, vaca matriz e touro
comercializados na própria fazenda ou em leilões. Aproximadamente 80% dos
animais são comercializados nas propriedades e 20% em leilões. O comércio
de bovinos na propriedade é realizado sob uma seqüência básica que
compreende o recolhimento dos animais, a apartação por categoria e
desenvolvimento corporal, a apresentação do lote, a oferta, contra-oferta e a
conclusão.
Fonte: Empresa Mercantil Industrial e Exportadora Ltda, 2008.
Figura 03: Comercialização na propriedade (apartação dos animais).
Comercialização em leilões

Geralmente, o pecuarista interessado em vender um lote de animais


procura na região um indivíduo intermediário como um corretor informando ao
mesmo qual a idade dos animais e o tipo, mestiço ou cruzamento industrial,
para divulgação. A todo indivíduo que está vendendo cabe o ônus de fixar o
preço dos animais. Esse preço é a média ponderada dos animais em
consonância com o preço médio praticado na região. Da mesma forma, quem
vai a uma propriedade para realizar a compra pode solicitar uma apartação
prévia dos animais para facilitar a visão dos animais disponíveis.
Após esses passos a comercialização torna-se uma arte de negociação
concretizada após a satisfação de expectativas de ambos os lados.
A alternativa de comercializar os animais em leilões também apresenta
algumas características. O primeiro passo é conhecer as condições de trabalho
da leiloeira, fixação de responsabilidades, e preço mínimo se houver comissão
e possibilidade de defesa. Defesa nada mais é que uma venda ou lance fictício
realizado pelo leiloeiro. Não é uma prática ilegal, mas imoral.
Por outro lado, quando o pecuarista é o comprador, este realiza algumas
práticas básicas que compreende fazer uma vistoria prévia dos animais ainda
nos currais a luz do dia antes da entrada do recinto de venda, avaliação dos
custos de transporte como frete e comissões, além das normas que regem o
leilão. Na fixação dos custos do frete, segue-se o princípio da gaiola cheia, ou
seja, o número de animais transportados deve ser igual ou múltiplo da
capacidade de carga do veículo transportador. O cálculo envolve a distância de
ida e volta ao destino e o preço por quilômetros rodados.
As principais diferenças na comercialização em leilão ou na propriedade
é o caráter especulativo de preços, como também a margem de lucro por
animal negociado. A maior profissionalização dos principais agentes envolvidos
na cadeia de corte através das tecnologias como deferimentos de pastagens,
adoção de misturas múltiplas, cuidados ao transporte, medidas preventivas
para a sanidade podem ser o diferencial na qualidade dos animais
comercializados. Porém, a maior parte dos pecuaristas ainda apresenta
fragilidades no momento mais importante na conclusão de todos os seus
esforços na cadeia produtiva, que é a comercialização em si. (HADDAD,
QUEIROZ, 2008)
Os produtores mantêm a criação em diversos estados do país,
caracterizando sua criação em extensiva e semi-extensiva, principalmente nos
estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O sistema extensivo de
criação é mais usado com gado misto, sem padrão racial definido, e consiste
em criar os animais soltos no pasto, pois a pastagem é a base da alimentação
e as instalações são simples.
Os rebanhos dos proprietários da empresa são apenas de 25% a 30%
de animais próprios, isto é, nascem e são criados nas propriedades. Em sua
maioria são adquiridos de outros produtores já na fase de entrar no período de
engorda.
O produto final é comercializado ainda vivo. Na verdade, eles servem
como intermediadores do mercado pecuário, adquirindo, criando e repassando
o gado aos frigoríficos. No estado de São Paulo, atende basicamente a três
grandes nomes do mercado de carnes que são: Marfrig, Bertin Ltda e Minerva.

1.6 A utilização do mercado derivativo na empresa

Desde a época que a BM&F passou a fazer operações de derivativos


sem a obrigação da entrega física do produto, apenas a liquidação financeira
dos contratos. Os produtores em questão utilizam-se desse instrumento para
fazer a proteção do preço de aproximadamente 80% de seu rebanho, através
das operações de hedge.
De acordo com BM&F (2007d), o gerenciamento do risco de preço pode
ser realizado por um produtor rural através da utilização de contratos futuros e
de opções disponíveis na BM&F. Produtores, exportadores e/ou indústrias
realizam operações de hedge nos mercados da BM&F para fixar o preço de
venda ou de compra da commodity, garantindo uma rentabilidade, considerada
razoável , antes da comercialização.
Além disso, estes mercados permitem que os agentes:
a) planejem suas atividades de forma mais eficiente, já que é possível
ter uma idéia do cenário dos preços de seu produto em um momento
futuro;
b) utilizem a posição em futuros como colateral de garantia de
empréstimos: os agentes financeiros, ao observarem que o cliente
não está exposto ao risco de preço, fornecem crédito a custo inferior
em relação à situação de não existir esta cobertura;
c) amenizem problemas quanto à captação de recursos: ao combinar
operações nos mercados futuros com Cédulas de Produto Rural
(CPR), o agente pode captar recursos a taxas atrativas. Além disso,
os mercados futuros viabilizam operações de financiamento ao
servirem como base para o apreçamento na negociação de títulos
como a CPR.
No intuito de proteger-se das oscilações dos preços da arroba do boi
gordo, os produtores da Mercantil Junqueira entraram no mercado futuro.
Utilizando-se de seus custos de produção e comercialização, procuram
através da Corretora Terra Futuros, acompanhar as estimativas de preços que
estarão vigorando em determinada data futura.
A decisão de comprar ou vender uma posição no mercado é feito
particularmente por um dos proprietários que vê na prática de negociar o preço
do boi agora para uma data futura, uma opção de planejamento financeiro e
escudo para as oscilações, já que o setor agropecuário é tão vulnerável a
desvalorização do produto, por inúmeras razões como mercados externos,
crises internacionais, clima, doenças, entre outros, que independem de seu
controle pessoal.
Para Urso (2008), o pecuarista, como os demais produtores
agropecuários, associa o processo de produção ao momento da venda da
mercadoria. E o que se encontra no dia-a-dia, é que o pecuarista produz os
bois, e quando os animais estão prontos para o abate, inicia-se o processo de
venda. Se os preços não estiverem remunerando adequadamente a sua
produção, o produtor, dependendo da situação de mercado, ficará aguardando
uma melhora dos preços, que pode não ocorrer. Se o animal estiver em
confinamento, esta espera normalmente não existirá, pois significará um
aumento dos custos.
A pecuária vivenciou nos últimos anos a redução das margens de
rentabilidade, face à desvalorização real dos preços do boi e o aumento dos
custos de produção, especialmente da reposição. Como em qualquer atividade
produtiva está sujeita a alguns riscos, como o de produção, de crédito e o de
preço.
O risco de preço interfere na atividade produtiva, na medida em que
pode determinar a redução da margem de rentabilidade. A pecuária moderna
não pode ficar refém das variações indesejadas dos preços e requer
instrumentos de gerenciamento do risco de preço. E isto requer que o
pecuarista, ao tomar a decisão de produção, deve neste momento, garantir o
seu preço de venda através dos instrumentos dos mercados futuros e de
opções, para evitar a deterioração da sua rentabilidade.

Ao antecipar o processo de venda, o pecuarista poderá garantir a


rentabilidade da sua atividade, e não ficará exposto ao preço de
mercado quando for entregar os bois para o frigorífico. É preciso
modificar a estrutura de venda, e não mais vender os bois “olhando
para o retrovisor”. (URSO, 2008)

Por isso para garantir, antecipadamente, o preço de venda, alguns


pecuaristas utilizam os mercados futuros e de opções disponíveis na Bolsa de
Mercadorias & Futuros (BM&F). Mas para operar nestes mercados, é desejável
que o pecuarista conheça o seu custo de produção. Com esta informação,
poderá avaliar se os preços remuneram ou não a sua atividade. Além disso,
deve trabalhar com a idéia de formar um preço médio, ou seja, vender aos
poucos, sempre que o preço remunerar a sua atividade.
Com o uso do mercado futuro o pecuarista pode planejar melhor sua
atividade. Ao fixar seu preço de venda, ele determina o quanto irá produzir de
acordo com o retorno que poderá obter. No dia-a-dia dos negócios, os
pecuaristas continuarão vendendo seus bois para os frigoríficos com os quais
mantém relações comerciais, mas o preço de venda não será conhecido
apenas quando entregar os bois para o abate e sim quando tiver fixado o preço
anteriormente na BM&F.
Apesar de não ser utilizado na Mercantil Industrial e Exportadora
Junqueira Ltda, o mercado de opções da BM&F é outra alternativa de fixação
do preço de venda ou de compra para uma data futura. As opções possibilitam
negociação de contratos através da compra de uma opção de venda
denominada put, no jargão do mercado ou de compra denominada call,
pagando por elas um prêmio ao vendedor que é chamado lançador da opção.
O comprador, ao pagar o prêmio ao vendedor da operação, detém o direito de
exercê-la em uma data futura. Vale destacar que a opção de boi gordo é
americana, ou seja, pode ser exercida a qualquer momento.
O uso dos mercados futuros e de opções pelos pecuaristas tem
aumentado significantemente, revelando o maior interesse pela garantia
antecipada do preço de venda por parte dos agentes da cadeia produtiva da
carne bovina. Em 2006, a BM&F negociou o equivalente a 7,8 milhões de
cabeças, através de 393 mil contratos de boi gordo. No primeiro semestre de
2007, foram negociados 279 mil contratos o que corresponde a cerca de 5,6
milhões de cabeças, com um crescimento de 151% sobre os 111 mil contratos
negociados no mesmo período de 2006. (URSO, 2008).
Para os sócios da Mercantil Industrial e Exportadora Junqueira Ltda, o
uso do mercado futuro há aproximadamente 10 anos, só tem trazido
benefícios, uma vez que é utilizado como ferramenta de planejamento
estratégico essencial para proporcionar segurança em seus negócios na
comercialização física e garantir liquidez futura.
CAPÍTULO II

O AGRONEGÓCIO E OS MERCADOS DERIVATIVOS

2 PRINCÍPIOS DO AGRONEGÓCIO

O agronegócio é atualmente o setor mais importante da economia


brasileira, respondendo por um terço do Produto Interno Bruto. Ocupa posição
de destaque no âmbito global e tendo importância crescente tanto no processo
de desenvolvimento econômico por ser um setor dinâmico, quanto pela
capacidade de impulsionar outras áreas.
Devido à dinâmica desse mercado, o acesso a informações confiáveis e
serviços de qualidade para auxílio na tomada de decisão torna-se cada vez
mais necessário para a realização de bons negócios. (QUE É O..., 2008)
O conceito de agribusiness foi proposto pela primeira vez em 1957, por
Davis e Goldberg como a soma das operações de produção e distribuição de
suprimentos agrícolas, processamentos e distribuição dos produtos agrícolas e
itens produzidos à partir deles.
Assim de acordo com o conceito de agronegócio a agricultura passa
a ser abordada de maneira associada dos outros agentes responsáveis por
todas as atividades que garantam a produção, transformação, distribuição e
consumo de alimentos, considerando assim, a agricultura como fazendo parte
de uma extensa rede de agentes econômicos. Com este conceito formalizado
por tais autores a visão sistêmica passa a ganhar importância, abrangendo
todos os envolvidos, desde a pesquisa até o consumidor final, desde o que
comumente se chama: antes da porteira até pós-porteira.
As exportações do agronegócio em 2007 segundo dados do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento totalizaram US$ 58,415 bilhões, um
recorde histórico para o setor. Em relação a 2006, as exportações
apresentaram um aumento de US$ 8,992 bilhões, o que significou uma taxa de
crescimento de 18,2%. Com isso, as exportações do agronegócio
corresponderam a 36,4% das exportações totais brasileiras no período, que
foram de US$ 160 bilhões. As importações apresentaram variação anual de
30,2%, totalizando US$ 8,719 bilhões. Como conseqüência, registrou-se um
superávit da balança comercial do agronegócio de US$ 49,696 bilhões,
também um recorde histórico, que automaticamente repercute no saldo
brasileiro como um todo, já que em 2006 o agronegócio teve a participação de
35,9%, subindo para 36,4% em 2007, apresentando queda de participação nas
importações totais de 7,3 para 7,2%.
O agronegócio brasileiro tem potencial de crescer, dentre os fatores
principais destacam o aumento da renda que elevará a demanda por alimentos,
dentre os principais países destacam a demanda criada com aumento da renda
pela China e Índia, sendo ainda a disponibilidade de recursos naturais do Brasil
permitem que o Brasil cresça de forma significativa no Agronegócio Mundial.

2.1 A agropecuária no Brasil

De acordo com Ribeiro (2004) a exemplo da agricultura, a pecuária


registra um crescimento espetacular. De 1990 à 2003, a produção de carne
bovina aumentou 85,2% ou 6,1% a.a, passando de 4,1 milhões para 7,6
milhões de toneladas. O complexo carne, que inclui outros tipos do produto,
também investe em pesquisa, por intermédio do melhoramento genético, e na
certificação de origem do produto. Tudo para oferecer aos consumidores
alimentos seguros e de alta qualidade, como o chamado boi verde, um animal
alimentado apenas com pastagem, muito diferente dos sistemas mantidos em
outros países produtores.
Dono do maior rebanho bovino comercial do mundo, o Brasil tem mais
de 83% das suas 183 milhões de cabeças em áreas livres da febre aftosa, uma
doença altamente contagiosa e economicamente devastadora. O país também
é considerado pelo Comitê Veterinário da União Européia como área de risco
desprezível para a ocorrência do chamado mal da vaca louca, a doença que
dizimou rebanhos inteiros na Europa e chegou recentemente ao continente
americano.
2.1.1 Características da produção agropecuária

De acordo com Marques, Mello e Martines Filho (2008), na atividade


agropecuária observam-se basicamente dois tipos de riscos:
a) de produção: que compreendem perdas por estiagem, geadas,
doenças e pragas e podem ser minimizada pelo uso adequado de
tecnologia, utilização do zoneamento agrícola e por seguro rural;
b) de preços: são os decorrentes das oscilações nos preços das
mercadorias e ocorrem influenciados por motivos externos. Quando
as oscilações de preços são bruscas ocorre o risco do produtor não
ter capital para cobrir seus custos de produção.

2.2 Commodities

Segundo Pinheiro (2002), por muito tempo os referenciais para


mercados futuros foram os produtos agrícolas. Apenas a partir da década de
70, devido à grande volatilidade das taxas de juros e de câmbio, as bolsas
começaram a introduzir contratos referenciados em ativos financeiros. A
história tem mostrado que alguns contratos permanecem outros não.
Essas commodities necessitam de alguns requisitos para sua apuração
como: disponibilidade do produto, facilidade de armazenagem, oferta e
demanda suficiente, padronização, volatilidade de seus preços, habilitação de
lugares para entrega física, informações fáceis de obter, concorrência com os
contratos similares e mercado técnico.
Os fatores padronizadores nas commodities são:
a) qualidade;
b) quantidade;
c) meses de vencimento;
d) datas e termos de entrega física;
e) flutuações máximas e mínimas diárias dos preços;
f) horários e dias de operações.
No quadro abaixo pode-se verificar algumas das principais commodities
utilizadas como ativos-objetos nos mercados futuros.
Arroz
Grão Milho
Aveia
Trigo
Bovinos
Animais Suínos
Aves
Gênero alimentícios Óleos e farelos Soja
Girassol
Café
Cacau
Outros gêneros Laranja
Ativos não Batata
financeiros Açúcar
Ouro
Prata
Metais Platina
Alumínio
Cobre
Chumbo
Petróleo cru
Óleo combustível
Energia Gasolina
Gás liquefeito (GLP)
CDBs
Taxas de juros CDI
TR
Índices de ações Ibovespa
Ativos financeiros Dólar americano
Marco alemão
Moedas Iene japonês
Irano suíço
Real
Fonte: Pinheiro 2002, p. 160
Quadro 01: Principais commodities utilizadas.

2.3 Derivativos
De acordo com BM&F (2007c), derivativos é o nome dado à família de
mercados em que operações com liquidação futura são implementadas,
tornando possível a gestão do risco de preço de diversos ativos. Quatro
modalidades de contratos são negociadas nesses mercados: termo, futuro,
opções e swaps.
A origem do termo derivativo está associada à idéia de que os preços
desses contratos possuem estreita ligação, ou seja, derivam dos preços do
ativo subjacente ao contrato. As negociações com derivativos podem ocorrer
no mercado de balcão ou em bolsas organizadas.
O mercado de balcão é, em boa parte dos casos, espontâneo e informal.
Surge, geralmente, entre grandes instituições, sem local fixo de encontro, com
baixa transparência na divulgação de preços e não segue regras específicas.
É, basicamente, um mercado em que as partes negociam diretamente entre si.
Por essa razão, nada impede que à mesma hora e até no mesmo lugar se
pratiquem preços diferentes na compra-venda de produtos semelhantes, como
por exemplo, as commodities.
Segundo Corrêa e Raíces (2005), o estudo dos mercados derivativos
ganhou impulso nos últimos tempos com o avanço das negociações de
commodities no mundo e a evolução da engenharia financeira e dos fundos de
investimentos. Por isso, são importantes instrumentos de proteção e
investimento para pessoas físicas ou jurídicas, financeiras e não-financeiras.
Podem lançar mão desse caminho produtores, bancos, empresas, cooperativas
e investidores. Como os movimentos econômicos têm repercussão direta e
imediata nas bolsas, no valor das moedas, nas commodities e nas taxas de
juros, as operações com derivativos ganham espaço e sofisticam-se a cada
dia.
Na base dos negócios com derivativos está a lei de oferta e demanda.
As mudanças na quantidade produzida e/ou na demanda têm reflexo natural no
volume e no preço. E esses movimentos merecem a atenção dos operadores,
que buscam identificar o ponto de equilíbrio entre as forças de oferta e
demanda.

2.3.1 Origem
Segundo Pinheiro (2005), embora o termo derivativo seja bastante
recente, muitos dos instrumentos financeiros já estavam disponíveis no
mercado há muito tempo. O primeiro dos derivativos a surgir foi o contrato
futuro criado no comércio e baseado em mercadorias de feira, no fim da Idade
Média. Exemplo disso foi o Oriente, onde os primeiros contratos para entrega
futura foram os recibos de arroz, que eram aceitos como moeda corrente e
foram legalizados em 1730, no Japão.
Todavia, o mercado de derivativos, como é conhecido atualmente, teve
início em 1972, quando a Chicago Mercantile Exchange (CME), uma bolsa de
mercadorias que já negociava há muitos anos com contratos futuros, lançou
um contrato de moedas. Em 1975, a Chicago Board of Trade, outra grande
bolsa de futuros de Chicago, lançou o primeiro contrato futuro de taxa de juros.
Entretanto, foi nas décadas de oitenta e noventa que os derivativos financeiros
ganharam relevância e passaram a ser negociados em diversas bolsas
especializadas nesse contrato.
Os derivativos de ações, negociados desde o início dos anos setenta,
começaram a ser regulamentados em 1979 nas bolsas de valores brasileiras.
Em 1982, iniciaram-se as negociações com opções na Bolsa de Valores do Rio
de Janeiro (BVRJ) e, em 1979, foram regulamentadas as operações a termo e
a futuro. O contrato futuro de Índice Bovespa começou a ser negociado em
1986 e está atualmente entre os contratos mais negociados do mercado
brasileiro. Os mercados de derivativos de taxas de juros e câmbio, embora
mais recentes, representam a maior parte dos negócios com derivativos no
país. O sucesso de tais contratos colocou o Brasil entre os maiores mercados
de derivativos do mundo. A combinação de uma base institucional sólida,
capaz de garantir confiabilidade no cumprimento de contratos e, no passado
recente, um ambiente econômico de alta volatilidade, especialmente nas taxas
de juros e câmbio, tornou tais contratos especialmente atraentes para o público
investidor. Os derivativos relacionados a mercadorias apresentam pouca
relevância em termos de volumes negociados, especialmente se for
considerada a participação do setor de agribusiness no total do PIB brasileiro.
Tal fato é justificado pelo modelo de política agrícola brasileiro, no qual o
governo exerce a função de principal agente financiador, mantenedor de
estoques reguladores e garantidor de preços mínimos para compra de safras.
A presença governamental na maior parte das atividades agrícolas contribui de
forma decisiva para reduzir, e às vezes eliminar, os riscos inerentes à
atividade, inibindo a criação de produtos derivativos.

2.3.2 Evolução

Em função da globalização dos mercados financeiros internacionais e da


evolução tecnológica na última década, percebeu-se grande expansão no
mercado de derivativos. É de especial importância a mudança vista na função
de tesouraria que, devido às necessidades, tem-se tornado cada vez mais
responsável pela administração do risco financeiro. À medida que as empresas
vão se expandindo, primeiramente em bases nacionais para se tornarem
verdadeiras corporações internacionais, os riscos financeiros aumentam de
tamanho e de complexidade.
Muitas empresas têm-se voltado para os derivativos para proteger seu
risco financeiro, fazendo este segmento do mercado financeiro crescer
rapidamente. Enquanto boa parte desses hedges tenha sido feita por meio de
transações de futuros de câmbio ou por intermédio de simples transações de
câmbio, uma parcela significativa tem sido feita mediante produtos
relativamente novos, feitos sob medida para cada empresa.
Esses novos produtos têm sido promovidos vigorosamente por um
grande número de distribuidores de títulos e valores mobiliários, bancos de
investimentos e bancos comerciais que atuam no mercado internacional, pois
são considerados por esses agentes como a mais nova e melhor geração de
lucros.
Três fatores contribuem para o nascimento de mercados futuros
financeiros, aumento do risco de preços macroeconômicos; crescimento da
demanda por proteção contra riscos de preços; e disposição dos
especuladores para assumirem riscos de preços. Esses fatores estiveram
presentes na criação dos mercados futuros de índices de ações, cuja
implantação deu-se em 1982, nos EUA, e em 1986, no Brasil.
De acordo com Pinheiro (2005), o desenvolvimento do mercado
financeiro brasileiro tem acompanhado de perto a evolução dos sistemas
financeiros de países mais avançados. Essa semelhança evolutiva pode ser
vista em instituições, instrumentos e técnicas operacionais da área financeira.
Nos anos recentes, tem-se assistido à implantação no país de mecanismos
financeiros de grande importância econômica, que são os contratos futuros de
ativos financeiros. Introduzidos nos EUA na década passada, os contratos
futuros de taxas de juros, taxas de câmbio e índices de ações apresentaram
crescimento explosivo de volumes negociados e de posições em aberto. Esse
crescimento deveu-se ao aumento da eficiência dos mercados futuros como
instrumentos modernos de transferência de riscos.

2.3.3 Função econômica

Segundo Pinheiro (2005), o mercado de derivativos, por utilizar os


mercados futuros, possui várias funções econômicas importantes, que podem
ser traduzidas em termos de sua conseqüência comum, a redução dos custos
de transação da economia. Devido a baixos custos de transação que são
gerados por baixa corretagem, maior liquidez, margem reduzida do objeto
negociado, o mercado de derivativos acaba por compensar deficiências dos
mercados à vista. Os benefícios do mercado de derivativos não se restringem
apenas a seus participantes diretos, mas na verdade, a economia como um
todo é beneficiada por sua existência. Tais benefícios estão materializados no
desempenho eficiente dos mercados futuros, particularmente no que tange às
funções básicas de formação de preços e de transferência de seus riscos.
Várias são as funções gerais dos mercados futuros, consideradas
relevantes pelos especialistas. Algumas são confundidas com o objetivo básico
de um mercado futuro e outras, muitas vezes, são desconsideradas. Os
mercados futuros têm como maior função econômica oferecer mecanismos
simples, eficientes e baratos para que seja feita a transferência de risco de
produtores para aqueles que queiram assumir esse risco, como os
especuladores. (PINHEIRO, 2005).
Além desta, pode-se citar as seguintes funções básicas do mercado de
derivativos:
a) os mercados futuros constituem o instrumento mais eficaz para
eliminar o risco da variação de preços dos bens econômicos, pela
forma de permuta de riscos, possibilitando a transferência de risco de
uma atividade para outra e com regras claras de negociação, como
são as bolsas de futuros de todo o mundo;
b) negociação em bolsa, mediante um mecanismo aberto e competitivo,
traz grande estabilidade e continuidade na formação de preços;
c) operações de hedge, operação que visa à proteção do investimento,
menor risco e permite garantir a rentabilidade desejada;
d) nos países onde são fortes o mercados futuros, as empresas que
fazem hedge de seus estoques ou de sua produção conseguem
empréstimos bancários para financiá-los a taxas mais baixas. Há
inclusive bancos que exigem o hedge em bolsa como requisito para a
concessão de crédito;
e) proporcionam condições de visibilidade de preços futuros, que pode
determinar ajustes necessários dentro do próprio mercado, evitando,
assim, possíveis desequilíbrios prejudiciais em qualquer economia.

2.4 Tipos de mercados derivativos

Os derivativos negociados em balcão possuem grande flexibilidade na


negociação dos itens do contrato, tais como a qualidade e a quantidade do
ativo, as garantias do negócio, a forma de liquidação etc. Os riscos devem ser
totalmente assumidos pelas partes, cabendo a elas a requisição de garantias à
contraparte para assegurar a boa liquidação do negócio. Isto é, garantia que
assegurem que o pagamento será feito e a mercadoria entregue respeitando os
padrões de qualidade previstos na negociação. Exemplo desses derivativos
são os contratos a termo, os swaps e as opções.
Já as bolsas oferecem locais e sistemas apropriados para negociação,
registro, compensação e liquidação das operações de compra e venda de
contratos e para divulgação das transações ali realizadas. Além disso,
estabelecem mecanismos e normas para o acompanhamento e a regulação
dos mercados, garantindo a autenticidade das operações e sua boa liquidação.
Os contratos ali negociados são padronizados, tais como os contratos futuros e
de opções.

2.4.1 A termo

Um contrato a termo representa um acordo entre duas partes para


comprar ou vender uma mercadoria, numa data futura, por um preço
preestabelecido. O produtor negocia um preço e efetua a venda da safra em
qualquer fase da lavoura, que compreende desde o preparo da terra até a
colheita, podendo receber ou não adiantamento de recursos. O acerto de
contas, no caso do não recebimento antecipado, fica para o vencimento do
contrato, quando o vendedor entrega o produto negociado ao comprador e este
paga o preço combinado anteriormente, quando o contrato foi assinado. Esse
mercado resolve o problema básico da comercialização, que é achar um
comprador para um vendedor ou vice-versa.

2.4.2 Futuro

De acordo com Pinheiro (2005), mercado futuro é aquele no qual se


negociam lotes-padrões de ações com datas de liquidação futura, escolhidas
entre aquelas fixadas periodicamente pela bolsa. Ele representa um
aperfeiçoamento do mercado a termo, permitindo a ambos os participantes de
uma transação reverter sua posição, antes da data de vencimento.
Nesse mercado, cada investidor relaciona-se com a caixa de liquidação
da bolsa e não com seu parceiro original. Isto permite que ambos tenham o
direito de liquidar sua posição antecipadamente. Por sua vez, a reversão da
posição só é viável se houver liquidez no mercado.
A fim de proporcionar liquidez no mercado futuro, as datas de
vencimento são padronizadas pela bolsa. As operações são fechadas para
aqueles vencimentos que estão em aberto.
Para assegurar o cumprimento dos compromissos, são depositadas
margens pelos detentores de posições de compra ou venda, as quais oscilam
com a variação dos preços no mercado a vista. O que caracteriza uma
operação no mercado futuro é a padronização dos contratos e a forma de
acerto dos preços realizada diariamente (ajuste diário), e não no vencimento do
contrato.

O mercado futuro caracteriza-se pela compra ou venda de um


ativo (mercadoria, no caso agrícola) padronizado para entrega
e pagamento futuros, com ajustes diários de acordo com a
movimentação dos preços no mercado. (RAÍCES, 2003, p.76).

2.4.2.1 O mercado futuro e o agronegócio

Segundo Marques, Mello e Martines Filho (2008), a competitividade no


agronegócio mundial, especialmente nos últimos anos, vem indicando a
necessidade de os agentes do agronegócio, por exemplo: produtores rurais,
cooperativas, agroindústrias, indústrias de insumos, trading, buscarem maior
eficiência na comercialização agropecuária. Bom desempenho na
comercialização relaciona-se diretamente ao desempenho de rentabilidade no
sistema de produção. Conhecer o mercado e saber utilizar adequadamente as
ferramentas disponíveis são excelentes receitas para os produtores rurais
obterem boa performance em sua comercialização.
O sistema produtivo agropecuário, no período entre plantio, colheita e
comercialização, apresenta basicamente dois tipos de risco: de produção e de
preços. Com relação aos riscos inerentes à preço, os agentes atuantes
poderão se valer das operações atinentes aos mercados de derivativos
agropecuários que compreende entre outros os mercados de futuros e de
opções, fixando seus preços a qualquer momento e, principalmente,
procurando aproveitar as melhores oportunidades ocorridas no mercado.
O mercado futuro mantém a característica da proteção de
preço. Com isso, produtores, agroindústrias e exportadores
(hedgers) encontram uma eficiente solução de proteção de
preço (hedging). (CORRÊA, RAÍCES, 2005, p.12).

O mercado futuro funciona como uma garantia tanto para o produtor


rural quanto para a indústria processadora em operações de hedge de preço,
eliminando incertezas de preços na época da comercialização da safra.
Entretanto, para que esses mercados funcionem efetivamente como um
instrumento de garantia de preços, é necessário que haja liquidez no mercado,
ou seja, facilidade de entrar e sair das operações, o que implica um volume
considerável de contratos negociados diariamente.
O preço futuro desses contratos é a cotação para uma data futura. Esse
preço reflete as expectativas que os participantes do mercado têm sobre as
condições de oferta e demanda futuras do produto. Os preços futuros são
negociados em pregão eletrônico e de viva-voz e mudam constantemente a
cada dia de negociação. Os preços futuros referem-se ao local de formação de
preço, ou seja, uma região geográfica representativa daquele mercado que a
bolsa considera como local de referência do preço do produto.
Na BM&F, atualmente são negociados contratos futuros de café Arábico
e Conillon, boi gordo e bezerro, açúcar, álcool e etanol, soja e milho, e algodão.
Apesar de o Brasil colocar-se como um dos grandes produtores mundiais de
commodities agrícolas, esse tipo de contrato representa um volume em torno
de apenas 1% do total de contratos negociados na bolsa.

2.4.2.2 Negociação de contratos futuros

De acordo com Marques, Mello e Martines Filho (2008), mercados


futuros são mercados nos quais são negociados, comprados e vendidos
contratos futuros. Estes contratos são negociados a viva-voz num pregão, que
é um local organizado e sujeito às regras da bolsa, ou pelo mercado eletrônico.
O pregão viva-voz ocorre na sala de negociações, sendo realizado entre os
operadores de pregão que recebem – dos operadores de mesa das corretoras
– ordens de venda e/ou de compra transmitidas por clientes. A bolsa apenas
organiza e fornece o local de negociação e suas regras, não influenciando, de
forma alguma, o preço ou os acordos entre compradores e vendedores.
Nos pregões ocorrem operações de compra e venda de uma
determinada quantidade de um ativo padronizado, por um preço combinado
entre as partes, para liquidação numa data futura, existindo basicamente duas
funções, a de administração de risco de preços, também chamadas de
operações de hedge e especulação.
Ao contrário dos mercados físicos, nos mercados futuros negociam-se
contratos que são compromissos de entrega e recebimento numa data futura a
um determinado preço.

2.4.3 Opções

O mercado de opções é uma modalidade operacional em que não se


negocia ativo-objeto, mas direitos sobre eles. São, assim, direitos de uma parte
comprar ou vender a outra, até determinada data, certa quantidade de ativos-
objetos a um preço preestabelecido. Desta forma, no mercado de opções não
ocorre à negociação do produto, mas dos direitos sobre ele.
Os contratos de opções podem ser considerados como uma evolução
dos contratos futuros das commodities mais negociadas e são operados e
regulados igualmente pelas bolsas de futuros e, no caso de opções de ações,
pelas bolsas de valores. A diferença fundamental entre eles é que no contrato
futuro existe a obrigação de comprar ou vender, enquanto no de opções tem-se
o direito a comprar ou vender o ativo-objeto, mas não a obrigação.
Uma opção é um contrato que concede o direito e não a obrigação de
vender ou comprar um ativo a um preço estipulado durante determinado
período de tempo.
Diz-se que o vendedor de uma opção está, na verdade, vendendo um
direito para que alguém, o comprador da opção, faça algo em data futura a
suas custas. O comprador da opção paga em data presente o prêmio, ou preço
da opção, sendo essa a remuneração do vendedor do título, por ter assumido a
responsabilidade de tomar uma posição no mercado em data futura se assim o
solicitar o comprador da opção.
O conceito de opções evoluiu sempre relacionado, no início, à
necessidade de controlar as flutuações de preço nos mercados de agricultura e
por se tratar de um instrumento derivativo, o valor e as características de
negociação estão ligados ao ativo adjacente às opções, isto é, será o direito de
comprar o ativo, denominado opção de compra, ou o direito de vender o ativo,
denominado opção de venda, a determinado preço e dentro de determinado
período de tempo no futuro. O ativo ao qual a opção está sendo negociada
pode ser uma ação, um índice, um contrato futuro entre outros.
Um contrato de seguro é um bom exemplo de uma opção, pois o
segurado tem o direito de ser ressarcido caso haja um sinistro, mas não tem
nenhuma obrigação futura. O vendedor da opção, ou seguradora, tem a
obrigação de pagar ao comprador, se o sinistro ocorrer e assim lhe for
solicitado. Por adquirir esta obrigação, o vendedor da opção recebe um
pagamento. Dessa forma, defini-se uma opção como sendo todo contrato que
define direitos futuros ao comprador e obrigações também futuras ao vendedor,
ou seja, o comprador de uma opção paga hoje para ter um direito em data
futura, mesmo que esse pagamento não esteja explícito, como no caso das
debêntures conversíveis.
Apesar de relativamente recentes, as opções assumiram um importante
papel na administração dos riscos e na formação de derivativos agropecuários,
que são aqueles que possuem como ativo objeto commodities agrícola, tais
como café, boi, milho e soja.

2.4.3.1 Tipos de opções

O mercado de bolsa, com base nas práticas e idéias desses papéis,


criou dois tipos básicos de opções, as de compra ou call e as de venda ou put,
ambas padronizadas, nos mesmos moldes e motivos dos contratos futuros
bolsados, a fim de possibilitar a formação de um preço único.
Nas opções de call, o titular tem o direito de comprar algo que é objeto
da negociação por determinado preço, ou preço de exercício. As pessoas que
querem possuir um bem no futuro irão comprar esta opção, garantindo assim o
preço máximo de compra do bem. Quem possui o bem hoje, poderá dispor do
mesmo em data futura, é o vendedor dessa opção, que adquire a obrigação
futura de entregar o bem, ao valor acordado, mediante o recebimento presente
do prêmio.
Nas opções de put, o comprador da opção tem o direito de vender algo
por terminado preço. As pessoas que possuem o bem e o negociarão em data
futura irão comprar a opção de venda sobre esse bem, garantindo desta forma
o preço mínimo de venda da mercadoria. O vendedor da opção irá adquirir a
obrigação de comprar o ativo, se assim solicitado pelo titular da put.

2.4.4 Swap

Segundo Pinto (2000?), a força de uma economia competitiva é capaz


de revelar riscos inerentes a vários setores e atividades, bem como criar, por
meio de segmentos especializados do mercado financeiro, mecanismos cada
vez mais apurados e flexíveis para sua gestão. Por esse motivo, os derivativos
passaram por grandes mudanças.
A palavra swap significa troca e é uma estratégica financeira em que
dois agentes concordam em trocar fluxos futuros de fundos de uma maneira
preestabelecida. Esse tipo de contrato surgiu da necessidade de proteção ao
risco que muitas empresas possuíam em meados da década de 70, devido às
suas atividades comerciais internacionais, muito afetadas pelas enormes
variações das taxas de câmbio no período. Neste mercado, negocia-se a troca
de rentabilidade entre dois bens que são mercadorias ou ativos financeiros, a
partir da aplicação da rentabilidade de ambos a um valor em reais.
Um dos swaps mais utilizados nesse período era o de taxa de câmbio
onde as partes trocavam o principal mais os juros em uma moeda pelo principal
mais juros em outra moeda. Esse tipo de contrato trava o custo dos recursos
pela eliminação dos riscos tanto para o principal como para os juros, sem
importar qual seja a flutuação do câmbio nos mercados futuros. Na prática,
ocorre quase que uma conversão de ativos e passivos de moeda para outra
moeda. A partir dessas trocas iniciais de moedas, o swap passou a ser
utilizado para trocas de taxas de juros e até de mercadorias, sem que haja
entrega efetiva, zerando-se as diferenças de valor.
Um dos tipos mais comuns de swap é aquele originado da necessidade
que algumas empresas possuem de trocar seus empréstimos de taxas fixas
para taxas flutuantes e vice-versa, por causa de vantagens que essas
empresas possuem nesses mercados. Dessa forma, uma empresa X concorda
em pagar a Y fluxos de caixa indexados a juros prefixados sobre um principal
por certo período; em troca Y concorda em pagar a X uma taxa flutuante sobre
o mesmo principal pelo mesmo período de tempo.
No swap, o principal não é pago, pois constitui somente um valor-base
para cálculo dos juros, notional value, sendo a liquidação financeira feita por
diferença mediante verificação de quem tem mais a pagar do que a receber.
Pode ser visualizado como um contrato a termo, sendo que a BM&F denomina
seus contratos de swap como contratos a termo de CDI e de dólar. Isso ocorre
porque se pode decompor o relacionamento dos agentes envolvidos em dois
contratos a termo com as características especificadas. Os swaps não são
negociados nos pregões da Bolsa, sendo apenas registrados em seu sistema
eletrônico.

2.5 Classificação dos derivativos

Os derivativos podem ser classificados em:


a) derivativos agropecuários: têm como ativo objeto commodities
agrícola, como café, boi, milho, soja e outros;
b) derivativos financeiros: têm seu valor de mercado referenciado em
alguma taxa ou índice financeiro, como taxa de juros, taxa de
inflação, taxa de câmbio, índice de ações e outros;
c) derivativos de energia e climáticos: têm como objetivo de negociação
energia elétrica, gás natural, créditos de carbono e outros.
2.6 Hedge

O hedge é uma operação que reduz o risco de uma posição, que pode
ser interpretada como uma diminuição ou mesmo eliminação da probabilidade
de perda de dinheiro, causada por alterações em taxas de câmbio, taxas de
juros, índices e preços. Por meio do hedge as empresas se vêem livres de
riscos inerentes a sua atividade econômica principal, abrindo mão de possíveis
ganhos futuros para não incorrer em perdas futuras.
Segundo Silva Neto (2006), o hedge pode ser definido como uma
operação que tem por objetivo diminuir o risco de determinada posição de
caixa, estoque ou até mesmo outra operação. Portanto, fazer hedge é realizar
operações que auxiliem na administração dos riscos inerentes às atividades,
geralmente essas operações indicam uma posição, ou uma combinação de
posições, que acabam reduzindo determinados tipos de riscos.
Se hedge é a defesa, hedging é o ato de fazer o hedge e hedger é quem
pratica a ação. O hedger pode variar em pessoa física ou jurídica, sendo quem
compra ou vende commodity ou qualquer outro tipo de contrato na bolsa.

Com as operações de hedge evitam-se perdas pela oscilação de


preços transferindo o risco a outro participante do mercado de
derivativos. O hedge permite que produtor, exportador, administrador,
industrial, armazenador, comerciante ou outro agente de mercado
transfira os riscos de preços das mercadorias com as quais trabalham.
(CORRÊA; RAÍCES, 2005, p.64).

Apesar de o hedge visar proteção, um desvio do seu inicial objetivo foi


realizado por ação de especuladores. Eles apostam que um determinado
investimento terá maior rendimento que outro, fazem uma troca e, assumindo
os riscos, almejam auferir apenas o retorno financeiro ou lucro.
Outra vantagem do hedge é que ele pode melhorar a liquidez e reduzir
os custos de transação, porque reúne em um mesmo mercado compradores e
vendedores de diversas praças, onde a qualquer momento um participante
poderá vender ou comprar mercadorias na bolsa. São operações mais
democráticas, pois permitem criar um parâmetro de preço a partir da opinião de
vários participantes, trazendo mais segurança e menores custos operacionais.
Segundo Corrêa e Raíces (2005), no caso da agricultura brasileira, a
internacionalização cada vez maior dos negócios, tem levado o setor a olhar
com mais atenção o mercado de derivativos. Com a ampliação do
conhecimento sobre o mercado, vários produtores, cooperativas, indústrias e
bancos também estão enxergando nesse mercado uma forma de garantir
rentabilidade, já que contam cada vez menos com o Estado, que tende a
canalizar recursos para outro tipo de ação.
No entanto, no mundo real, as operações não são simples ou perfeitas
no casamento preço e proteção. Nas bolsas de mercadorias nem sempre
existe a opção de vender ou comprar um contrato para o mês exato de sua
necessidade. Por exemplo, se o ideal para determinado produtor seria vender
um contrato de algodão em junho, logo após a colheita e preparo da pluma,
terá de optar por maio ou julho, meses de negociação de contrato. Além disso,
existem impostos, taxas, fretes, seguros problemas climáticos que podem por
sua vez tornar o hedge imperfeito, porém esses elementos precisam ser
levados em conta.
Com a estabilização econômica no Brasil a partir dos anos 90, mais
agentes de mercado passaram a lançar mão das operações de derivativos para
proteger seus negócios. As margens de lucro mais apertadas e a maior
previsibilidade da economia levaram a isso. No período de inflação elevada,
era mais difícil fixar preços futuros, bem como estabelecer margem de lucro
operacional, por isso as bolsas lançavam operações de contratos utilizando o
dólar como base de negociação. Como as operações em dólar foram proibidas
pelo governo, um atalho encontrado pelo mercado foi cotar os contratos em
pontos, sendo que cada ponto era equivalente a um dólar.
A depender da posição do participante do mercado, ele estará à mercê
da ação de mais de uma força de mercado. É o caso de algumas indústrias de
soja. Elas compram grão, mas vendem também outras commodities: farelo
e/ou óleo. É preciso se proteger em dois ou mais mercados, fazer o
cruzamento entre eles e ainda observar o câmbio. Um hedger pode realizar
operações de compra de um tipo de contrato e venda de outros contratos a
futuro para criar um melhor arcabouço de proteção contra riscos.

Ao hedgear, tomando uma posição contraria à natural em sua origem,


estará neutralizando as mudanças de preços da mercadoria de seu
interesse no mercado à vista. Ao comprar contratos de soja na bolsa, a
indústria de esmagamento se protege contra altas nos preços de grãos.
Se o custo da soja subir no mercado físico no momento da aquisição,
ela terá de desembolsar mais do que previa, por sua vez, receberá
mais pelo contrato colocado em bolsa. (CORRÊA; RAÍCES, 2005, p.
67)

O hedge de venda é normalmente buscado por pessoas físicas ou


jurídicas que temem uma possível queda nos preços da mercadoria que
pretende vender no futuro, pois vende agora um contrato do produto que tem
ou terá nas mãos para garantir antecipadamente um valor de venda adequado.
Já o hedge de compra é aquele que espera que o preço do ativo-objeto da
opção aumente. Ao comprar uma opção de compra, o comprador fixa o valor
máximo pelo qual vai adquirir a mercadoria, sendo também utilizado por quem
quer comprar uma proteção contra aumento nos preços da opção.

2.7 Especulação

Tecnicamente, especulação é muito mais do que apenas comprar e


vender tentando antecipar movimentos de preços. Uma vez que todos os
especuladores ganham e perdem, é importante estabelecer um plano de
trabalho e ter disciplina para cumpri-lo. Assim, antes de supor uma posição
especulativa, é preciso ter um capital de risco, o qual pode ser operado sem
comprometer a saúde financeira do especulador.
Uma definição simples é estar vendido quando se espera que os preços
cairão e estar comprado quando se espera que eles subirão. É um processo
que envolve informação, análise de mercado e autocontrole. Diz-se que é um
jogo de soma zero, porque para todos os ganhadores sempre haverá
perdedores. Seu objetivo é operar a tendência do mercado.

2.8 Arbitragem
Arbitragem é a operação na qual se busca tirar proveito das variações
na diferença de preços entre dois ativos ou entre dois mercados, ou então,
procura-se tirar proveito das expectativas futuras de mudanças nas diferenças
entre dois mercados. Geralmente surgem oportunidades para arbitragem
quando os preços estão fora do que seria, teoricamente, o esperado.
Segundo Marques, Mello e Martines Filho (2008), existem vários tipos de
operações de arbitragem: entre mercados do mesmo produto em diferentes
bolsas; entre mercados de diferentes produtos, como arbitragem entre
contratos de soja e farelo de soja, milho e boi gordo, entre outros. Essas
diferentes operações recebem o nome de spread, reservando-se o termo
arbitragem para a compra e venda simultânea da mesma commodity em bolsa
diferentes. Defini-se, então, spread como a operação de compra/venda e
venda/compra simultânea de outro contrato. Sendo utilizada quando a
diferença de preços entre contratos comprados e vendidos é considerada fora
de sintonia e, basicamente, busca-se ganhar com as diferenças nos preços.

2.9 Participantes do mercado de derivativos

De acordo com Silva Neto (2006), o desenvolvimento do mercado levou


à especialização de seus participantes, que passaram a ser classificados
conforme seu relacionamento com o produto objeto do contrato. As funções de
uns completam as de outros, em uma relação ativa e permanente, garantindo
então um mercado de derivativos forte e líquido.
O mercado de derivativos apresenta os tipos principais de participantes,
que são: o Hedger, o Arbitrador, o Especulador e uma outra categoria de
participante, que é o Market Markers.

2.9.1 Hedger
O hedger é um agente econômico que participa do mercado com intuito
de desenvolver proteção diante dos riscos de flutuações nos preços derivativos
ativos como moedas, ações, commodities etc. e nas taxas de juros, tomando
nos mercados futuros uma posição contraria àquela assumida no mercado à
vista, minimizando o risco de perda financeira diante de uma eventual variação
nos preços do mercado, garantindo-se assim, de quaisquer oscilações no
preço do ativo objeto do contrato. Sua função é administrar o risco, que se
elimina pelo emprego de um derivativo e que deve ser parte natural e inerente
à sua atividade.
Uma forma possível bastante conhecida de proteger-se contra a
desvalorização da moeda nacional é atuar de forma inversa, adquirindo títulos
indexados à variação cambial.
Sua principal preocupação não é obter lucros em derivativos, mas
garantir o preço de compra ou venda de determinada mercadoria em data
futura e eliminar o risco de variações adversas de preço.

Os hedgers constituem-se em usuários dos mercados futuros que, por


meio de operações de compra e venda, procuram eliminar o risco de
perda determinado por variações adversas nos preços. (ASSAF NETO,
2003, p. 362)

Hedgers são pessoas ou empresas que enfrentam o risco relacionado


ao preço de um ativo, e que usam mercados derivativos para reduzir ou
eliminar esse mesmo risco. São clientes que buscam eliminar os riscos
provenientes de perdas com as oscilações de preços.

2.9.2 Arbitrador

O arbitrador é o participante que tem como meta o lucro, mas não


assume nenhum risco. Sua atividade consiste em buscar distorções dos preços
entre mercados e tirar proveito dessas diferenças ou da expectativa futura
delas. São eles os responsáveis pelo estabelecimento de preços futuros e pela
manutenção de uma relação entre preços futuros e à vista.
O arbitrador de mercado procura tirar proveito dos diferenciais de
preços dos ativos negociados nos mercados a vista e a futuro. Ao
perceber, por exemplo, que a taxa de juros de aplicações de renda fixa
está abaixo dos juros praticados nas negociações a futuro, assume a
decisão de compra a vista e venda simultânea no futuro. (ASSAF
NETO, 2003, p.369)

O valor do contrato futuro de um bem tem relação direta com o preço


atual da mercadoria. Quando essas relações são quebradas, os arbitradores
operam ao mesmo tempo no mercado à vista e no mercado de liquidação
futura, para ganhar dinheiro quando a relação entre os preços à vista e a futuro
for restabelecida.
Normalmente, os arbitradores são grandes bancos que possuem uma
fonte de financiamento barata, ou grandes empresas que trabalham com o
produto objeto do derivativo e que possuem a facilidade de negociá-lo no
mercado à vista. Portanto, fazer arbitragem é travar um lucro sem correr risco,
realizando transações simultâneas em dois ou mais mercados.

2.9.3 Especulador

O especulador pode ser definido como uma empresa ou pessoa cuja


atividade principal não está relacionada com o bem objeto do contrato de
derivativos, este assume posições no mercado para obter a exposição ao risco
de oscilações de preço, assumindo hoje o risco de perdas futuras, na
esperança de auferir ganhos futuros. Sem ele o hedger não teria para quem
repassar o seu risco.
Desse fato deriva uma importante função dos contratos derivativos, pois
qualquer atividade econômica gera risco, e esse risco está diretamente ligado
ao mercado, podendo ter um grande custo econômico e social. O hedger lança
mão desses instrumentos e repassa o risco indesejado para quem quiser tê-lo.
Portanto o mercado de derivativos não gera riscos, ele distribui um risco gerado
pela atividade econômica.
O especulador é responsável também pela formação futura dos preços
dos bens. Como está assumindo riscos que não tinha anteriormente, irá buscar
o maior número de informações possível sobre o bem que está negociando,
compondo, assim, suas expectativas futuras sobre o comportamento dos
preços. Quanto maior for o número de especuladores que operam em
determinado segmento, maior será a transparência de preços para aquele
produto.
De acordo com Silva Neto (2007), o especulador não é nocivo ao
mercado, pelo contrário, ele é muito necessário. Quando um produtor planta
uma semente, planta também um risco, o de seu produto não dar preço na
hora da venda e colocar toda a sua safra a perder. A atividade econômica gera
o risco, o que é inevitável. Quando o hedger não quer correr o risco, deve-se
encontrar outra pessoa para assumi-lo, aí então entra o especulador.

2.9.4 Market maker

Segundo Silva Neto (2007), os market markers são normalmente,


bancos ou corretoras que operam sempre em determinado mercado,
carregando posições próprias que é investir seu próprio capital, e que se
especializaram em determinados produtos e papéis. Esses participantes
possuem uma vantagem grande sobre os demais, pois gozam de redução de
custos operacionais e possuem a preferência em qualquer negócio.
Em contra partida, são sempre obrigados a oferecer preços de compra e
venda para o produto em que se especializaram. Esses preços seguem,
obrigatoriamente, regras estabelecidas pela bolsa, e devem atender a um
spread máximo.
Sua atuação no mercado garante boa liquidez ao produto operado e
auxilia muito na formação de seus preços. Quando o especialista atuar em uma
ação, negociada em bolsa de valores, nunca poderá ter vínculos com a
empresa que opera. Entretanto, torna-se um especialista naquele papel.

2.10 Margem de garantia e ajustes diários


Margem de garantia é um depósito em dinheiro ou em ativos aceitos
pela bolsa exigido de todos os clientes para cobrir o risco de suas posições,
dentro de cenários preestabelecidos pelo Comitê de Risco da Bolsa. Esta
margem fica depositada na Bolsa até o término da operação. A BM&F divulga
diariamente no site oficial da instituição, os valores exigidos para margem de
garantia dos contratos.
Segundo Figueiredo (2005), ao abrir uma posição no mercado futuro,
seja comprando ou vendendo contratos, o investidor deve depositar a garantia
no dia útil subseqüente (D + 1). O cálculo dessa margem de garantia é
relativamente complexo. Quanto maior a volatilidade do ativo-objeto, maior o
valor da margem de garantia exigida pela BM&F. Esse valor pode mudar a
qualquer momento, em função das condições do mercado.
Todas as posições em aberto no mercado futuro são ajustadas
diariamente. Ou seja, os ganhos e perdas obtidos pelos investidores em
determinado pregão são recebidos ou pagos em dinheiro em D + 1, por meio
de crédito ou débito em conta corrente na corretora pela qual foi feito o
negócio. O valor em que a Bolsa se baseia para calcular esses ganhos e
perdas, nos diversos contratos, é obtido através de uma média ponderada dos
negócios que acontecem com esses contratos nos últimos 15 ou 30 minutos do
pregão ou qualquer outro tempo especificado no contrato.
O objetivo principal desses acertos diários de ganhos e perdas é o de
reduzir o risco de mercado. Na medida em que as perdas têm que ser pagas
em D + 1, o risco de o investidor não ter como pagá-las fica bastante reduzido.
Caso o pagamento não seja efetuado, a Bolsa lança mão de margens de
garantias depositadas e encerra a posição do investidor.
É importante não confundir margem de garantia com a necessidade de
recursos para fazer frente aos ajustes diários. A margem é uma garantia do
sistema e só será utilizada caso o cliente se torne inadimplente, enquanto os
recursos para ajustes diários são necessários para pagar eventuais ajustes
negativos.

2.11 A Clearing da BM&F: Estrutura da Câmara de Compensação


A clearing house da BM&F é o sistema pelo qual a bolsa garante o
cumprimento dos compromissos de compra/venda assumido em negociações.
A estrutura é responsável pelo registro das operações realizadas, pelo
acompanhamento e controle da evolução das posições mantidas, pela
compensação financeira, por diferença de preços, dos contratos e pela
administração das garantias financeiras exigidas dos participantes.
Ainda segundo Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), é comum confundir
as atribuições de um sistema de compensação de cheque, isto é a
compensação bancária, com as câmaras de registro, liquidação e
compensação que operam a função financeira que conclui as negociações de
uma bolsa de negócios.
As câmaras de compensação bancária organizam a transferência de
fundos entre sacados e sacadores, mas não são parte legal na transação, não
atuam como garantidoras da liquidação, nem operam com instituto auto-
regulador do mercado bancário.
Já as câmaras de compensação que organizam o registro, a liquidação e
a compensação das operações financeiras de uma bolsa ou mercado de títulos
têm atribuições específicas, elas são parte integrante daquilo que um contrato
de futuros representa, e realizam duas funções primordiais:
a) tentam assegurar a integridade financeira das transações a futuro,
garantindo diretamente alguns contratos, ou estabelecendo
mecanismos de auto-regulação que mantenham a saúde financeira
de seus associados, que são os agentes de compensação;
b) proporcionam um meio simples e conveniente às partes para o ajuste
e liquidação dos contratos.

2.11.1 Os membros da compensação

De acordo com Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), as câmaras de


compensação de futuros podem existir como uma divisão de bolsas
capitalizadas e fortes, ou como empresa independente, especialmente
constituída para registrar, compensar e liquidar contratos futuros.
Quase sempre, seus sócios majoritários têm alta expressão patrimonial
e financeira. As sociedades corretoras são empresas especialmente
interessadas em formar empresas de compensação com forte expressão
patrimonial, normas rígidas para o cumprimento efetivo dos contratos e
integridade financeira e operacional do mercado de futuros.
A câmara é operada por:
a) clientes individuais;
b) clientes corporativos;
c) corretores de mercadorias;
d) operadores especiais.
Os responsáveis por registrar, compensar e liquidar na câmara de
compensação são os membros ou agentes de compensação, que respondem
pela qualidade do intermediário e de seus clientes.
Por essa razão, os membros da compensação adotam sistemas
controlados de cadastramento e limites operacionais para os intermediários
que representam e para seus clientes. Essa situação impõe mecanismos
sofisticados de auto-regulação, para suportar o risco elevado que operações
alavancadas invariavelmente acarretam.

2.12 Cédula de Produto Rural (CPR)

Segundo Corrêa e Raíces (2005), a Cédula de Produto Rural é um dos


instrumentos de comercialização agrícolas nascidos com missão de auxiliar na
obtenção de crédito para plantio e comercialização, seja por parte de
produtores, associação de produtores ou cooperativas. É um caminho para se
obter recursos antecipados para o plantio ou estocagem de produtos. São
títulos (letras de câmbio) que representam produto físico (CPR Física) ou
compromisso de liquidação financeira (CPR Financeira) de um contrato
equivalente a um volume de produto agropecuário. O título representa a
promessa de entrega futura de uma determinada mercadoria agrícola, com ou
sem garantia. A vantagem da CPR, em relação a um contrato a termo ou um
simples contrato de compra e venda, é que a CPR é um título liquido e certo,
endossável, sempre valendo a quantidade de produto nele previsto, podendo
ser emitido em qualquer etapa da produção.
Os caminhos para se operar são os mais diversos. Podem ser montadas
estratégias diferentes para cada tipo de atividade com commodities
agropecuárias, prazos e custos. Vai desde a simples emissão de papel por um
agricultor, pecuarista ou cooperativa com compromisso de venda desse
produto mediante adiantamento de receita para o plantio ou engorda, até
operações mais sofisticadas envolvendo vendas internacionais atreladas a
operações de hedge em bolsas de futuro, envolvendo produtores, indústrias e
exportadores. As CPRs muitas vezes são lançadas em leilão nas bolsas de
futuros ou mercadorias.

2.13 Bolsas de Mercadorias no Mundo

Segundo Pinheiro (2005), as Bolsas de Mercadorias foram, de modo


geral, criadas com o intuito de regular o preço futuro e garantir o ganho dos
produtores e consumidores de algumas commodities, porém não há uma
definição histórica clara sobre este fato.
Sabe-se somente que surgiram em épocas distantes, com atribuições
que não a vinculavam especificamente a valores mobiliários, onde o
comportamento dos mercados sintetizava o comportamento comercial que
daria vida às bolsas.
À partir do século XIX as bolsas restringiram sua atuação aos mercados
de capitais, títulos e valores mobiliários e, à medida que surgiam os mercados
de títulos representativos de mercadorias, os commodities, foram criados locais
específicos para sua negociação, às bolsas de mercadorias.
De acordo com Pinheiro (2005), esse mercado vem crescendo muito nos
dias de hoje e cada vez mais é possível ver, uma tendência de integração entre
algumas dessas bolsas. Com essas fusões de algumas bolsas e o fato de
alguns produtos nelas negociados terem ganhado muita importância hoje,
algumas dessas bolsas ganharam muita importância no cenário mundial. Em
diversas partes do mundo, as movimentações nos índices das bolsas
passaram a integrar o ritmo do dia-a-dia, sendo apresentadas em tempo real
em diversos canais de comunicação.
O papel central desempenhado pelas bolsas na criação de riqueza social
está claro pela utilização que vários segmentos da economia vêm
demonstrados tanto no setor privado como no público.

2.13.1 Bolsa de mercadorias e futuros no Brasil

De acordo com Pinheiro (2005), no Brasil devido à necessidade dos


empresários paulistas, ligados à exportação, ao comércio e à agricultura, em
26 de outubro de 1917 foi criada a Bolsa de Mercadorias de São Paulo
(BMSP). Primeira no Brasil a introduzir operações a termo, alcançou, ao longo
dos anos, rica tradição na negociação de contratos agropecuários,
particularmente café, boi gordo e algodão.
Em julho de 1985, surge a Bolsa Mercantil & de Futuros (BM&F). Seus
pregões começam a funcionar em 31 de janeiro de 1986. Em pouco tempo,
conquista posição invejável entre suas congêneres, ao oferecer à negociação
produtos financeiros em diversas modalidades operacionais.
Já em maio de 1991, BM&F e BMSP, resolvem fundir suas atividades,
aliando a tradição de uma ao dinamismo da outra, é então que surge a Bolsa
de Mercadorias & Futuros, continuando então com a sigla BM&F em junho de
1997, ocorre uma nova fusão com a Bolsa Brasileira de Futuros (BBF), tendo
como objetivo fortalecer o mercado nacional de commodities, consolidando a
BM&F como o principal centro de negociação de derivativos do Mercosul.
Ao completar quatorze anos de atividade e inaugurar novas e modernas
instalações, a BM&F ingressa na aliança Globex, formada pelas de Chicago
(Chicago Mercantile Exchange), Paris (Euronext NV), Cingapura (Singapore
Exchange-Derivatives Trading), Madri (MEFF – Mercado Oficial de Futuros y
Opiciones Financeiros) e Montreal (Montreal Exchange), adquirindo então o
sistema Francês NSC, para viabilizar a integração das bolsas aliadas, que por
meio dele os participantes de um mercado podem negociar os produtos
oferecidos em outro.
Em 22 de abril de 2002, deu-se inicio às atividades da clearing de
Câmbio BM&F. No dia 25 do mesmo mês, a BM&F adquiriu da Companhia
Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) os direitos de gestão e
operacionalização das atividades da câmara de compensação e liquidação de
operações com títulos públicos, títulos de renda fixa e ativos emitidos por
instituições financeiras e os títulos patrimoniais da Bolsa de Valores do Rio de
Janeiro (BVRJ) de seus titulares, bem como os diretores de administração e
operacionalização do sistema de negociação de títulos públicos e outros ativos,
conhecido como Sisbex.
Passado sete meses a BM&F negociou acordo com a Federação
Brasileira das Associações de Bancos (FEBRABAN) e com a Central de
Compensação e Liquidação S.A, visando à cessação das atividades de
registro, compensação e liquidação de operações com títulos públicos e
privados de renda fixa desenvolvida por esta última e a sua conseqüente
centralização na BM&F.
Com isso a BM&F ampliou a abrangência de sua atuação para se
transformar na principal clearing da América Latina, proporcionando um
conjunto integrado de serviços de compensação e ativos e derivativos, ao
mesmo tempo em que oferece economia de escala, custos competitivos e
segurança operacional. (PINHEIRO, 2005)
Em 2004 a BM&F lança o Web Trading, sistema de negociação de
minicontratos via internet. Passados três anos ocorre a desmutualização da
Bovespa que passa a se chamar Bovespa Holding, e da BM&F, que passa a
ser a BM&F S.A., realizando então ofertas públicas no Novo Mercado.
Em 2008, a Bovespa Holding e BM&F S.A. se integram e criam a Bolsa
de Valores, Mercadorias e Futuros – BM&FBOVESPA S.A., sendo a terceira
maior bolsa do mundo em valor de mercado.

2.13.2 Objetivos da BM&F

Conforme Pinheiro (2005), o principal objetivo da BM&F é desenvolver,


organizar e operacionalizar mercados livres e transparentes para negociação
de títulos e/ou contratos que possuam como referência ativos financeiros,
índices, indicadores, taxas, mercadorias e moedas, nas modalidades a vista e
liquidação futura. Para tanto, deve efetuar o registro, a compensação e a
liquidação, física e financeira, das operações com tais títulos e/ou contratos
realizadas em seus ambientes de negociação.
Além disso, possui mecanismo para acompanhar e regular seus
mercados e normas que asseguram aos participantes o adimplemento das
obrigações assumidas, em face das operações efetuadas em seus pregões
e/ou registradas em quaisquer de seus sistemas de negociação, registro,
compensação e liquidação.
Segundo Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), no âmbito do seu poder
de auto-regularização, a bolsa estabelece normas visando a preservação de
princípios eqüitativos de negociação e comércio e de elevados padrões éticos
para as pessoas que nelas atuam, direta ou indiretamente; regulamenta e
fiscaliza as negociações e as atividades de seus associados; resolve questões
operacionais; concede crédito operacional a seus associados, de acordo com
seus programas e objetivos; defende seus interesses, bem como de seus
associados junto com às autoridades constituídas; e dissemina a cultura de
mercado de derivativos no país, por meio de eventos educacionais,
treinamento e publicações.

2.13.3 Tipos de contratos negociados na BM&F

2.13.3.1 Contratos agropecuários

(Continua)
Tipos de Contratos Mercados
Contrato de açúcar cristal especial Futuro
Opção de Venda
(Conclusão)
Contrato de álcool anidro carburante Futuro
Opção de compra sobre futuro
Opção de venda sobre futuro
Contrato de algodão Futuro
Opção de compra sobre futuro
Opção de venda sobre futuro
Contrato de Bezerro Futuro
Opção de compra sobre futuro
Opção de venda sobre futuro
Contrato de boi gordo denominado em reais Futuro
Opção de compra sobre futuro
Opção de venda sobre futuro
Contrato de café arábica Disponível
Futuro
Opção de compra sobre futuro
Opção de venda sobre futuro
Contrato de café robusta conillon Futuro
Opção de compra sobre futuro
Opção de venda sobre futuro
Contrato de milho em grão denominado em Futuro
reais
Contrato de soja Futuro
Opção de compra sobre futuro
Opção de venda sobre futuro
Fonte: Cavalcante, 2005, p. 119
Quadro 02: Contratos Agropecuários

2.13.3.2 Contratos Financeiros

Os contratos financeiros são classificados como:


a) contrato de ouro;
b) índices;
c) taxas de câmbio;
d) taxas de juros;
e) títulos da dívida externa.
2.13.3.3 Contratos de Balcão

Segundo Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), são contratos de swap


negociados em balcão e registrados na BM&F via sistema eletrônico. Nesse
caso, as partes trocam um índice de rentabilidade por outro, com o intuito de
fazer hedge, casar posições ativas com posições passivas, eqüalizar preços,
arbitrar mercados ou até alavancar posições. Para tanto, devem escolher a
combinação de variáveis apropriada a sua operação e definir preço, prazo e
tamanho, optando igualmente pela garantia ou não da bolsa.
CAPÍTULO III

A EMPRESA E O MERCADO FUTURO VERSUS MERCADO DE OPÇÕES

3 INTRODUÇÃO DA PESQUISA

Para demonstrar que o Mercado Futuro é uma alternativa para gerenciar


os riscos de sua atividade, de seu produto ou ativo, assegurando um patamar
mínimo de retorno para o produto ou título negociado, garantindo preço e
margens de lucro, foi realizado um estudo de caso na empresa Mercantil
Junqueira, no período de 05/02/2008 a 28/09/2008 demonstrando a
possibilidade de gerenciamento através da utilização de Mercado Futuro na
BM&F.
a) Foi observado, analisado e acompanhado, como são gerenciados os
riscos da atividade da empresa e seus atuais resultados.

3.1 Como entrar no mercado futuro

Segundo BM&F (2007b), a negociação no mercado de futuros é


realizada por meio de contratos, onde um contrato futuro é um acordo para
comprar ou vender uma commodity ou um instrumento financeiro em uma
determinada data futura. Tudo no contrato é padronizado, com exceção do
preço. Todos os termos sob os quais o ativo será transferido são estabelecidos
pela bolsa antes de começar a negociação. É importante que não haja
ambigüidade e que todas as cláusulas estejam bem claras para os
participantes.

A negociação de contratos futuros, à diferença de outros mercados


derivativos, é sempre realizada em Bolsa para melhor aproveitar as
vantagens da padronização dos contratos e devido ao procedimento de
liquidação das obrigações. (BM&F, 2007b)

3.1.1 Especificações dos contratos

De acordo com BM&F (2007b), os termos de negociação são resumidos


nas chamadas especificações dos contratos, que, dentre outros, incluem os
seguintes itens:
a) ativo objeto, é a commodity física ou financeira;
b) tamanho do contrato 100 sacas de café;
c) apregoação, R$/60 Kg;
d) vencimento, meses pares;
e) último dia de negociação;
f) data de entrega;
g) local de entrega ou mecanismo de liquidação.

3.1.2 Negociação de Contratos Futuros

A negociação em Bolsa está sujeita a um conjunto de normas, princípios


e regras operacionais próprias, caracterizando-se pela existência de diversas
categorias de membros, com funções e responsabilidades específicas.
Quando um cliente; hedgers, arbitradores e especuladores; dá uma
ordem de compra ou de venda, ela é canalizada para um membro negociador,
a corretora, o qual tentará fechar o negócio na Bolsa. Estabelece-se assim uma
relação entre o cliente e a corretora que vai executar a ordem. O cliente
deposita diversas garantias que, caso sejam superiores aos mínimos
estabelecidos, são livremente negociadas entre ele e a corretora.

3.1.3 Agentes intervenientes no Mercado Futuro


Clientes

Hedgeres Especulador Arbitradores

Bolsas

Câmara de
Compensação

Membro de
Compensação

Corretoras Operadores
especiais

Fonte: BM&F (2007b), p 45.


Figura 04: Agentes intervenientes no mercado futuro.

3.1.4 Corretoras e Pregões

Segundo BM&F (2007b), para negociar no mercado futuro, tanto o


vendedor como o comprador devem operacionalizar suas intenções através de
uma corretora de mercadorias que seja membro da Bolsa. Essas corretoras
são credenciadas a participar do pregão através de seus operadores de pregão
que ficam dentro dos pits de negociação. Os pits são estruturas metálicas em
forma hexagonais situadas dentro do ambiente da BM&F onde ocorrem as
negociações. Cada pit negocia um tipo de contrato. Nesses pits de negociação
são executadas as ordens de compra e venda que vêm das corretoras por
ordens dos seus clientes e, além de executar as ordens de seus clientes,
acompanham as suas contas e zelam pelo cumprimento das obrigações e
direitos dos seus clientes.

3.1.5 Mapa do pregão

Fonte: BM&F (2007b), p 46.


Figura 05: Mapa do pregão

Fonte: BM&F, 2008.


Figura 06: Visualização dos pits
3.1.6 Funcionamento da Bolsa

Conforme BM&F (2007b), todas as transações de futuros precisam ser


realizadas em pregão, obedecendo a regras rígidas de controle, transparência
e ajustes financeiros.
A BM&F não participa de forma alguma no processo de formação de
preços. Ela não compra ou vende e não tem nenhum interesse em que preços
fiquem altos ou baixos. A renda da Bolsa vem da venda de licenças para
operação, taxas operacionais e outras fontes menores de receita.
A BM&F, em um dia típico de funcionamento, reúne em seu pregão de
800 a 1000 pessoas, entre operadores de pregão representando corretoras,
operadores especiais trabalhando por conta própria e funcionários da Bolsa.
No mundo todo, no entanto, o pregão eletrônico, ganha terreno e, cada
vez mais, substitui os pregões tradicionais, permitindo inclusive, o acesso direto
do investidor por meio da Internet. Outra tendência, crescente e associada à
primeira, é a transformação, através de fusões de Bolsas e da criação de novos
mecanismos de negociação, das Bolsas já existentes, em mercados
globalizados, sem pregão viva voz e altamente automatizadas.
Na BM&F os três sistemas de negociação coexistem:
a) Pregão Viva Voz, onde se negociam, durante períodos determinados
do dia, os contratos com maior liquidez dos mercados futuros de
café, taxa de juros, dólar e índice de ações;
b) GTS ou Pregão eletrônico, por meio do qual se negociam
diariamente das 9h às 18h, todos os produtos da BM&F. Dentro
desse horário, a negociação no GTS é interrompida somente para os
vencimentos do pregão viva voz, quando este último está aberto; e;
c) WTr ou Web Trading, onde é possível negociar mini-contratos por
meio da Internet.

3.1.7 Etapas para operar no mercado


Para operar no mercado, sugere-se seguir as seguintes etapas:
Etapa 1: Conhecer o mercado, mensurar as vantagens e desvantagens
advindas das operações nos Mercados Futuros de acordo com interesses
individuais.
Etapa 2: Acompanhar as cotações, pois é necessário o
acompanhamento das oscilações e tendências de preço do produto que
pretende negociar ou receber tempestivas informações a esse respeito, para
que se possa decidir em quando e como entrar no mercado.
Etapa 3: Estabelecer número e valor dos contratos, uma vez que se
conheça o custo de produção e/ou o lucro desejado.
Etapa 4: Efetuar a ordem de venda ou compra mediante uma corretora.
Etapa 5: Acompanhar o mercado, verificando as variações do preço do
produto diariamente para decisão sobre o melhor momento para liquidação ou
continuidade do contrato.
Etapa 6: Liquidar o contrato, tomada a decisão sobre a tendência
favorável do preço. Emite-se, então, uma Ordem de Fechamento da operação,
invertendo a posição junto a Bolsa, comprando um contrato na mesma
quantidade do inicialmente vendido ou vice-versa.
Conforme BM&F (2007b), para decidir-se em entrar ou não neste tipo de
mercado é importante considerar alguns aspectos como por exemplo: O custo
direto de produção ou o custo direto médio da região, onde o custo direto
abrange as despesas variáveis mais os dispêndios com transporte interno,
colheita e preparo, o mês-alvo mais interessante, se o produto é cotado em
reais ou em dólares, qual o local de base que a Bolsa encerra a cotação do
produto em questão, qual o valor do encerramento do contrato do produto no
mês-alvo nas últimas duas safras, calcular o diferencial de base no mês-alvo e
definir qual a margem mínima necessária e o preço-alvo desejado.

3.1.8 Ciclo operacional de um contrato


Fonte: Marques, Mello, Martines Filho, 2008, p. 45
Figura 07: Fluxo das operações

3.1.9 Custos

De acordo com Marques, Mello e Martines Filho (2008), os custos são


pagos na entrada e na saída da operação, por compradores e vendedores.
Tais custos são tabelados.
Conforme BM&F (2007d), a metodologia em vigor desde 2004
contempla a definição do custo de corretagem pela Taxa Operacional Básica
(TOB) nos mercados agrícolas como uma porcentagem do preço do dia
anterior do derivativo negociado e dos emolumentos devidos à Bolsa por
parâmetros que incidem em quatro tipos de categorias de tarifas conforme
tabela:
a) Taxa Operacional Básica (TOB)
Futuro Normal (%) Day trade (%) Base de cálculo
Agropecuários 0,3 0,07 Ajuste (dia anterior) do 2º
vencimento
Opções sobre Normal Day Base de Exercício
futuro trade cálculo Normal Casado Base de
cálculo
Agropecuários 50% da TOB do Preço de Valor da Valor da Preço de
futuro-objeto ajuste (dia TOB do TOB do ajuste
anterior) do futuro- futuro- (dia
2º objeto objeto (p/ anterior)
vencimento day do 2º
trade) venciment
o
Fonte: BM&F, 2007d, p. 06
Quadro 03: Taxa operacional básica (TOB)

b) Taxa de Emolumentos (TE)

A Taxa de Emolumentos é cobrada por ocasião da negociação de


qualquer contrato, via negócios realizados em quaisquer ambientes autorizados
pela BM&F ou na entrega decorrente de exercício ou de vencimento. Há
incidência desta taxa também no encerramento do contrato por liquidação
financeira no vencimento; na liquidação do contrato por reversão de posições;
no exercício de direitos no mercado de opções; e nos procedimentos de cessão
de direitos.
(Continua)
Contratos agropecuários Futuro (1) Opções sobre futuro
Açúcar FB= US$0,61 por contrato 30% do valor da TE do futuro
TE por contrato = FB x Dólar
Álcool anidro FB = R$3,45 por contrato 30% do valor da TE do futuro
Algodão FB= US$0,76 por contrato 30% do valor da TE do futuro
TE por contrato = FB x Dólar
Bezerro FB= R$2,23 por contrato 30% do valor da TE do futuro

Boi gordo FB= R$3,34 por contrato 30% do valor da TE do futuro


(Conclusão)
Café arábica (2) FB= US$0,60 por contrato 30% do valor da TE do futuro
TE por contrato = FB x Dólar
Café conillon FB= US$1,50 por contrato 30% do valor da TE do futuro
TE por contrato = FB x Dólar
Milho FB= R$0,32 por contrato 30% do valor da TE do futuro

Soja FB= US$0,12 por contrato 30% do valor da TE do futuro


TE por contrato = FB x Dólar
(1) Day trade, 30% do valor da FB
(2) Café arábica disponível: FB= R$ 3,26 por contrato
Valor mínimo da TE: R$ 0,01 (quando valor final for inferior a R$ 0,01).
Obs.: FB= fórmula base
Fonte: BM&F, 2007d, p. 07
Quadro 04: Taxa de Emolumentos (TE)

c) Taxa de Registro (TR)

Conforme BM&F (2007d), a taxa de registro será cobrada sempre que


um contrato tiver registro pela Câmara de Derivativos. Eventos como:
negociação de qualquer contrato via negócios realizados nos ambientes
autorizados pela BM&F ou na entrega decorrente de exercício ou de
vencimento; na liquidação do contrato por reversão de posições; no exercício
de direitos no mercado de opções; e nos procedimentos de cessão de direitos.

(Continua)
Futuro Base de cálculo
Açúcar 5% do valor da taxa de emolumentos para operação normal
Álcool anidro 20% do valor da taxa de emolumentos para operação normal
Algodão 5% do valor da taxa de emolumentos para operação normal
Bezerro 20% do valor da taxa de emolumentos para operação normal
Boi gordo 20% do valor da taxa de emolumentos para operação normal
Café arábica 5% do valor da taxa de emolumentos para operação normal
Café conillon 20% do valor da taxa de emolumentos para operação normal
Milho 20% do valor da taxa de emolumentos para operação normal
Soja 5% do valor da taxa de emolumentos para operação normal
Opções sobre futuro Base de cálculo
Commodities agrícolas (cotadas em 5% do valor da taxa de emolumentos para
US$) operação normal
(Conclusão)
Commodities agropecuárias (cotadas em 20% do valor da taxa de emolumentos
R$) para operação normal
Fonte: BM&F, 2007d, p. 07
Quadro 05: Taxa de registro (TR)

d) Taxa de permanência (TB)

Ainda conforme BM&F (2007d), a taxa de permanência tem como base


de incidência o número de contratos mantidos em aberto no dia anterior e que
se aplica aos contratos futuros, posições no mercado de opções estão
excluídos desta tarifa.

Futuro Fator de redução TP diária


Na unidade Em R$
Açúcar (1) 0,90 0,0000000 0,000
Álcool anidro (1) 0,96 0,0000000 0,000
Algodão (1) 0,96 0,0000000 0,000
Bezerro (1) 0,95 0,0000000 0,000
Boi Gordo (1) 0,86 0,0000000 0,000
Café arábica (1) 0,57 0,0000000 0,000
Café conillon (1) 1,00 0,0000000 0,000
DI de um dia 0,73 0,0065486 0,006
Dólar comercial 0,46 0,0060846 0,012
Milho (1) 0,90 0,0000000 0,000
(1) O valor da taxa de permanência reduzido a zero até dia 31/12/2007, conforme ofício
Circular 150/2006-DG, de 22/12/2006.
Fonte: BM&F, 2007d, p. 08
Quadro 06: Taxa de permanência

e) Taxa de Liquidação

A taxa de liquidação é um valor fixo, devido quando ocorrer uma


liquidação por entrega. Essa taxa é de 0,45% sobre o valor de liquidação
financeira no vencimento em todos os contratos futuros agrícolas, aplicando-se
desconto de 25% sobre o valor devido por Sócio Efetivo da BM&F e/ou
investidor institucional.
3.1.9.1. Outros Custos

No Mercado Futuro, o contratante tem que arcar com os ajustes diários e


com a Margem de Garantia.
Segundo Pinto (2000?), o ajuste diário é o mecanismo de equalização
de todas as posições no mercado futuro, com base no preço de compensação
do dia, resultando na movimentação diária de débitos e créditos nas contas dos
clientes, de acordo com a variação negativa ou positiva no valor das posições
por eles mantidas. Assim, os participantes recebem seus lucros e pagam seus
prejuízos de modo que o risco assumido pela câmara de compensação das
bolsas se dilua diariamente até o vencimento do contrato.
Conforme Marques, Mello e Martines Filho (2008), a Margem de
Garantia é um depósito realizado em dinheiro ou em ativos aceitos pela Bolsa
exigido de todos os clientes para cobrir o risco de suas posições, dentro de
cenários preestabelecidos pelo Comitê de Risco da Bolsa. Ela fica depositada
na Bolsa até o término da operação e serve para cobrir uma eventual falha de
pagamento do ajuste diário. A Bolsa aceita depósito em dinheiro, Certificado de
Depósito Bancário (CDB), carta de fiança, ouro, ações ou títulos do governo.
Encerrada a operação e todos os compromissos saldados, a margem é
devolvida. As margens de garantia podem variar de acordo com a volatilidade
do mercado, isto é, quanto mais o mercado estiver oscilando, maiores podem
ser as margens necessárias para manter a segurança do sistema e garantir
todos os recebimentos. Diariamente, a BM&F divulga em seu site os valores
exigidos para a margem de garantia.
No Mercado de Opções não há ajustes diários, nem margem de
garantia. Há o Prêmio que de acordo com Pinto (2000?), é o valor pago pelo
titular ao lançador da opção para ter direito de comprar ou de vender o objeto
da opção, onde titular é o comprador da opção. Aquele que adquire os direitos
de comprar ou de vender a opção, e o lançador é o vendedor da opção, aquele
que cede os direitos ao titular, assumindo a obrigação de comprar ou de vender
o objeto da opção.
Exemplo de Ajuste diário:
De acordo com Marques, Mello e Martines Filho (2008), um produtor de
boi fez a seguinte operação de hedge de venda de 10 contratos de boi gordo
na BM&F.

Data Operaçã Preço Preço de Ajuste Ajuste Fluxo de Indicador


o Negociado Ajuste R$ Total R$ Caixa R$ Esalq/BM
R$/@ R$/@ &F R$/@
21/05 Vende 10 40,6 41 -0,4 -1.320 -1.320 40,57
contratos
22/05 41,3 -0,3 -990 -2.310 40,79
23/05 41,3 0 , -2.310 40,98
24/05 41,15 0,15 495 -1.815 41,14
25/05 41,15 0 0 -1.815 41,22
28/05 41 0,15 495 -1.320 41,23
29/05 41,13 -0,13 -429 -1.749 41,22
30/05 41,17 -0,04 -132 -1.881 41,21
31/05 C10 40,3 0,87 2.871 990 41,17
Fonte: Marques, Mello, Martines Filho, 2008, p. 93.
Quadro 07: Ajustes diários

Resultado
Obtêm-se o resultado da transação através da seguinte equação
matemática:
-(40,3 – 40,6) x 330 x 10 = 990,00
Conclui - se que, o valor de uma operação é a diferença entre o seu preço de
entrada e saída do mercado, multiplicado, no caso do boi gordo, por
330@(valor mínimo de contrato fixado pela BM&F) e ainda pela quantidade de
contratos negociados.

3.2 Liquidação

A liquidação pode ser financeira ou física, por entrega do produto. A


física é menos utilizada, menos de 2% dos contratos futuros negociados pelas
bolsas de futuro. A financeira é mais usual, pois dispensa classificação,
documentos que comprovem a propriedade e depósito da mercadoria em
armazém credenciado pela BM&F.
Conforme BM&F (2007b), a reversão pode ser feita a qualquer momento
entre o início da operação e o vencimento da mesma.
O interessado deve comunicar ao seu corretor a intenção de compra
para quem estiver vendido ou de venda para quem estiver comprado de
contratos para o mesmo vencimento. No caso de comprar ou vender todos os
contratos necessários, a posição é totalmente liquidada e cessam todas as
obrigações do interessado com a Bolsa.
Na entrega física o encerramento pode ser feito pela entrega no
vencimento. Nesse caso, deverá ser emitido um aviso de liquidação por
entrega pelo vendedor em um período definido pela Bolsa.
A liquidação financeira nada mais é do que uma forma de encerramento
da posição por reversão, sendo que a grande diferença é que o detentor da
posição não tem a alternativa de recomprar ou revender os contratos em
pregão, sendo a reversão compulsoriamente feita pelo indicador de preços. A
difícil implementação de entrega física de determinados ativos devido às
características dos produtos, ou a não permissão por restrições legais, exigiram
o desenho de contratos que permitissem a liquidação utilizando-se um
indicador de mercado.
O funcionamento dos mercados futuros torna-se possível na medida em
que uma Câmara de compensação realize o acompanhamento das operações
realizadas pelos agentes econômicos interessados em realizar alguma das
operações básicas: hedge, especulação ou arbitragem. A fixação de exigências
de garantias aos participantes e os ajustes diários configura uma situação
diferente de negociação, onde as partes compradora e vendedora devem
depositar pequenas margens de garantia para serem autorizados a operar e,
enquanto mantenham suas posições em aberto, devem pagar os ajustes
negativos e receber os positivos em uma base diária. Embora de aparência
complicada, o mecanismo é crucial para que qualquer um possa entrar ou sair
do mercado facilmente, a qualquer momento.

3.3 Vantagens
Segundo BM&F (2007b), o mercado futuro de commodities
agropecuárias funciona como uma garantia de preços tanto para o produtor
rural, quanto para a indústria agroprocessadora, pois propicia a ambos a
proteção contra eventuais quedas ou elevações de preços, sendo uma forma
eficaz de proteção contra oscilações de preços dos produtos agropecuários
diminuindo incertezas na época da comercialização da safra.
Há, portanto, a fixação antecipada da remuneração da produção,
possibilitando a melhor administração de recursos dos participantes desse
mercado o que proporciona maior segurança na comercialização da safra,
garantindo ganhos em competitividade no mercado globalizado.
Assim, para o produtor que efetua venda de contratos: fixa o preço na
Bolsa. Se o preço subir, vende o seu produto por um preço mais alto no
mercado físico e paga o diferencial de fechamento, ajuste, para a Bolsa. Se o
preço cair, venderá o produto por um valor menor, porém receberá o diferencial
da Bolsa, sendo creditado por sua perda no mercado físico.
Para as agroindústrias a idéia é proteger-se contra possível alta de
preços, o que oneraria seu custo de produção. Com a compra de contratos
futuros, se o preço subir, obterá sua matéria-prima por um preço mais elevado
no mercado físico, porém receberá o ajuste da Bolsa. Se o preço cair, pagará
um preço mais baixo pela matéria-prima e arcará com ajuste à Bolsa, nesse
caso, o valor repassado à Bolsa será o ajuste pago ao produtor, compensando-
o pela sua perda no mercado físico.
Segundo Marques, Mello e Martines Filho (2008), conclui-se que o
Mercado futuro apresenta como vantagens: a fixação de um preço futuro para a
mercadoria, não há pagamento antecipado pelo contrato, o risco de crédito é
menor do que o mercado a termo, há intercambialidade de posições e
transparência de preços.
Já o Mercado de Opções as vantagens são: limitação do valor do
prejuízo ao valor do prêmio pago, não há ajustes diários e não há exigências
de depósito de margem de garantia para o comprador.

3.4 Desvantagens
Segundo BM&F (2007b), é possível observar duas características que
limitam as estratégias nos mercados futuros: primeiramente o mercado futuro
proporciona uma estratégia para fixar um preço. O preço de abertura da
posição a futuro, como hedge de uma posição no mercado físico, será o preço
líquido alcançado com a estratégia. Isso significa que quem vende ou compra
contratos futuros a um preço X, no fim da operação recebe ou paga esse preço
pelo produto, independente das cotações do mercado físico terem subido ou
descido. Ao garantir um preço fixo, o hedger se cobre dos movimentos
desfavoráveis de preço, mas não aproveita as oscilações favoráveis.
Outra característica é que, quem decide entrar numa estratégia de
hedge deve depositar as garantias que são exigidas pelas bolsas e só são
devolvidas no final da operação, que não raro perdura bastante tempo; isto é,
alguns meses. Além disso, o participante deve disponibilizar certa soma de
dinheiro para estar pronto a atender eventuais ajustes diários negativos.
Portanto além de imobilizar garantias por um tempo prolongado, é necessário
administrar os ajustes diários, o que demanda tempo e dinheiro. Neste último
aspecto, é fundamental que os hedgers realizem um acompanhamento diário
de mercado.
No Mercado de Opções a desvantagem é que o valor pago como prêmio
pode ser muito alto.

3.5 Escolhas dos mercados

Segundo BM&F (2007b), a negociação a futuro apresenta consideráveis


vantagens sobre a negociação de contratos a termo. Pode-se dizer que, após a
introdução dos mercados futuros, as operações feitas com o objetivo de
proteção de preço ganharam maior flexibilidade, reduziram as exigências de
garantias contra o risco de crédito das partes e possibilitaram uma maneira
mais eficiente de difusão dos preços descobertos nos pregões das bolsas.
Cabe dizer que os Contratos futuros e as Opções são instrumentos
complementares que permitem moldar estratégias de comercialização, assim
como a arbitragem de preços entre mercados e de especulação. Tudo isso
contribui para um ambiente de negociação mais líquido, em que a qualquer
momento os participantes dispõem de derivativos para traçar, modificar ou
recriar suas estratégias.
As posições de hedge assumidas com opções podem ser entendidas
como operações de proteção que permitem aproveitar as variações favoráveis
dos preços, pois se negociam direitos de compra ou de venda do ativo objeto
do derivativo. Além disso, margens e ajustes diários são substituídos por um
único pagamento inicial.

3.5.1 Características e comparações entre os diferentes derivativos

(continua)
Detalhes Contrato a termo Contrato Futuro Contrato de Contrato de
Opções Swaps
Natureza do Comprador e Comprador e Comprador As partes se
Contrato Vendedor acordam vendedor se paga para ter o obrigam a
a compra ou venda comprometem a direito de trocar o
de uma certa comprar e vender, comprar resultado
quantidade de respectivamente, (vender) e líquido das
commodity a um certa quantidade de vendedor fica diferenças
determinado preço uma commodity a obrigado a entre dois
e numa um determinado vender fluxos de
determinada data preço e numa (comprar) se a rendimentos
futura. determinada data contraparte (juros fixos x
futura. exercer seu pós-fixados
direito. etc.).
Tamanho do Negociável Padronizado Geralmente Negociável
contrato padronizado
Data e Local Negociável Padronizado Geralmente Negociável
de entrega padronizado
Método de Preços são Preços são Admite Preços são
negociação determinados determinados em negociação em negociados
privadamente entre pregão em um tipo pregão de privadamente
comprador e de mercado de bolsa ou no entre
vendedor. leilão em bolsa de mercado de comprador e
futuros balcão vendedor.
(Conclusão)
Depósito Dependente das Comprador e Somente o Dependente
de relações de crédito vendedor vendedor das relações
Segurança entre o comprador depositam margem (chamado de crédito
e o vendedor de garantia na lançador) é entre o
Bolsa. As variações obrigado a comprador e
diárias de preços depositar o vendedor.
são compensadas margem de
no dia seguinte. garantia. Não
há ajustes
diários
Freqüência Muito alta Muito Baixa Muito Baixa Muito Baixa
de entrega
física
Regulação Leis comerciais; Comissão de Comissão de Comissão de
Banco Central do Valores Mobiliários Valores Valores
Brasil e Comissão e Auto-regulação Mobiliários e Mobiliários e
de Valores das Bolsas Auto-regulação Auto-
Mobiliários das Bolsas. regulação
das Bolsas.
Emitente e Ninguém Departamento de Admite garantia Admite
Garantidor Clearing da Bolsa do garantia do
Departamento Departament
de Clearing da o de Clearing
Bolsa ou pode da Bolsa ou
ser definida pode ser
entre as partes. definida entre
as partes.
Fonte: BM&F, 2007b, p.64 e 65
Quadro 08: Comparativo dos diferentes derivativos negociados no mercado
financeiro

3.6 Riscos

De acordo com Pinto (2000?), o risco é proveniente de variações


imprevistas nos níveis de preços de mercado, devido a fatores políticos,
econômicos, geográficos, dentre outros. O risco de mercado é comum a todos
os ativos e existe para quaisquer períodos de tempo.
Assim como o valor dos ativos negociados é determinado pelas
expectativas dos agentes de mercado, a incerteza em relação ao valor futuro
desses ativos, cuja oscilação pode representar perdas ou ganhos, caracteriza o
que chamamos de risco de mercado.
O risco de base pode ser definido como a diferença de preço do local de
origem e a cotação do derivativo negociado na Bolsa. Tal diferença pode ser
atribuída a diversos fatores como a localização geográfica, condições sazonais,
oferta e demanda local, frete, dentre outros.
Devido ao fato de a diferença de cotação entre dois pontos de formação
de preço de uma determinada commodity não ser constante, pode-se dizer que
existe o risco quanto à expectativa de base.
A operação de hedge ou de proteção pode ser vista como forma de
preservar as atividades correntes dos negócios de variação inesperada nos
preços. Supondo que se tenha uma dívida em dólares o risco consistiria na
elevação da taxa de câmbio, pois a dívida está indexada à variação cambial,
portanto o risco é esta dívida crescer mais que o valor em reais disponível para
seu pagamento, por isso é necessário travar o risco de alta da taxa de câmbio,
de modo que a dívida fique estável.

3.7 Exemplos

3.7.1 Mercado Futuro

Hedge de exportação de soja com uso de contratos futuros de soja e de


dólar.
Especificações do contrato futuro de soja:
(Continua)
• Objeto: soja brasileira em grão, tipo exportação;
• Cotação: US$/saca
• Unidade de negociação: 450 sacas de 60 Kg.
• Liquidação: é permitida a entrega da mercadoria;
(Conclusão)
• Meses de vencimento: março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro e novembro.
• Formação de preço: Porto de Paranaguá – PR

Fonte: BM&F, 2007d, p. 26


Quadro 09: Especificações do contrato futuro de soja

Um exportador fecha um contrato de 3.300.000 sacas de soja a US$


18,20/saca para embarque em junho de 2007, ele pode se proteger efetuando
compra de 7.333 contratos de soja com vencimento Julho/2007. A cotação da
soja com vencimento para Julho/2007 é de US$ 17,80/saca, portanto ele
garante a margem operacional de US$ 0,40/saca. Em consonância com o
hedge de soja, o exportador fixa a cotação do câmbio para o vencimento
Maio/2007 a R$ 2,10/dólar, pois os riscos da operação são: alta no preço da
soja e redução na cotação do dólar.
Como o hedge de exportação travou a rentabilidade do exportador em
US$ 0,40/saca o volume travado em dólar é igual a: 3.3000.000 sacas x US$
0,40/saca = US$ 1.320.000,00.
Para a montagem do hedge cambial, como o contrato futuro de dólar
negociado na BM&F tem a unidade de negociação de US$ 50.000,00, o
exportador vende 27 contratos futuros, por exemplo, a R$ 2,10/US$ e então
fixa em reais o valor de: 27 x 2,10 x 50.000 = R$ 2.835.000,00.
Supondo que na data de liquidação da exportação o dólar esteja a R$
2,08/dólar, os valores recebidos na Bolsa e na exportação são:
Ajustes diários dólar = (2,10 - 2,08) x 27 x 50.000 = R$ 27.000,00
Exportação da soja = 3.3000.000 x 18,20 x 2,08 = R$ 124.924.800,00
A soma entre os ajustes diários do dólar e do recebimento da exportação
totaliza R$ 124.951.800,00, o que corresponde a um preço de venda de US$
18,20.
Supondo que a soja no mercado físico esteja US$ 18,00/saca no ato da
aquisição para a exportação, os valores dos ajustes diários em Bolsa e da
compra no mercado interno são:
Ajustes diários da soja = (-17,80 + 18,00) x 2,08 x 450 x 7.333 =
R$1.372.737,60.
Compra da soja no mercado interno = 3.3000.000 x 18,00 x 2,08 =
R$123.552.000,00.
A soma algébrica dos ajustes diários da soja e da aquisição totaliza
R$122.179.262,40, sendo, então o preço de compra igual a US$ 17,80/saca.
Subtraindo-se os valores da venda e da compra da soja obtêm-se em
reais: R$ 2.772.537,60, ou seja, uma margem de US$ 0,40/saca.
Há uma pequena diferença entre os valores do hedge e o apurado,
devido arredondamentos na quantidade dos contratos futuros comprados de
soja e vendidos em dólar.
Percebe-se que o hedge de exportação de soja acompanhado do dólar
futuro proporciona ao exportador uma fixação do preço em reais.

3.7.2 Comparação entre mercado futuro e de opções

Comparação entre compra de contratos futuros de boi gordo e compra


de opções de venda, put.
Especificações do contrato futuro do boi gordo:
a) objeto de negociação: Boi gordo acabado para abate;
b) cotação: Reais por arroba líquida, com duas casas decimais;
c) variação mínima de apregoação: R$0,01, um centavo de real, por
arroba líquida;
d) oscilação máxima diária: O limite de oscilação será fixado pela
BM&F, através de Ofício Circular. A BM&F poderá, a qualquer
momento, alterar os limites de oscilação, bem como sua aplicação
aos diversos vencimentos;
e) unidade de negociação: 330 arrobas líquidas;
f) meses de vencimento: Todos os meses;
g) número de vencimentos em aberto: No mínimo quinze, conforme
autorização da Bolsa.

Um comprador de boi, em agosto, decidiu comprar contratos futuros de


boi gordo a R$63,00/@ para o vencimento outubro/07. No vencimento, se o boi
gordo estiver cotado a R$66,00/@, o comprador receberá R$3,00/@
(R$66,00/@ – R$63,00/@) de ajustes diários e pagará R$66,00/@ pelos bois
no físico, retornando ao preço de compra fixado anteriormente na BM&F:
R$63,00/@ (R$66,00/@ – R$3,00/@). Porém, se os preços em outubro
estiverem desvalorizados, cotados a R$58,00/@, o comprador pagará
R$5,00/@ (R$63,00 – R$58,00/@) de ajustes na Bolsa e retornará ao mesmo
preço do exemplo anterior: R$63,00/@ (R$60,00/@ + R$5,00/@). O comprador
pode utilizar o mercado de opções para se beneficiar caso ocorra
desvalorização do mercado. Suponha que ele adquiriu uma opção de venda
(put) para o vencimento outubro/07 – mesmo vencimentos da compra no futuro
– pagando o prêmio de R$0,40/@ e preço de exercício de R$61,00/@.
Resultado
Em outubro, no vencimento do contrato, o comprador estará sujeito a
diferentes resultados. O vencimento outubro/07 pode ter se valorizado para
R$66,00/@. Nesse caso, a compra da opção de venda (put) não será exercida,
resultando na perda máxima de R$0,40/@ referente ao prêmio. Porém, a
operação de compra no mercado futuro a R$63,00/@ resultará em ganho de
R$3,00/@ (R$66,00@ – R$63,00/@) em ajustes diários. O comprador, mesmo
adquirindo os bois a R$66,00/@ no mercado físico, retornaria ao preço máximo
de compra de R$63,40/@: R$66,00/@ (físico) – R$3,00/@ (ajustes diários) +
R$0,40/@ (prêmio pago).
Se houver redução nos preços do boi gordo e o vencimento outubro/07
estiver cotado a R$58,00/@, o comprador arcará com R$5,00/@ (R$63,00/@ –
R$58,00/@) em ajustes diários, já que fixou seu preço de compra em
R$63,00/@ no mercado futuro. Porém, a compra da put a R$61,00/@
possibilitará exercício em função da desvalorização do mercado de boi gordo,
gerando ganho de R$3,00/@ que, descontado o prêmio de R$0,40 pago
anteriormente, geraria lucro de R$2,60/@, ou seja, R$61,00/@ (compra put) –
R$58,00/@ (físico) – R$0,40/@ (prêmio pago).
Observe que o preço máximo de compra foi fixado a R$63,40/@
independente de qualquer movimentação do mercado. Porém, o comprador
reduzirá seu preço de compra à medida que houver desvalorização nos preços
do boi gordo, pois exercerá a opção de venda (put) a R$61,00/@. O comprador
perderia R$5,00/@ em ajustes diários se tivesse apenas a operação de compra
no futuro. Entretanto, a compra da put melhorou seu preço de compra em
R$2,60/@. Ele adquiriu os bois por R$58,00/@ do pecuarista no mercado físico
que, somados aos R$5,00/@ pagos de ajustes na Bolsa, projetariam o preço
de compra para R$63,00/@. No entanto, como ganhou R$2,60/@ no mercado
de opções, o comprador obtém o preço final de compra de R$60,40/@:
R$58,00/@ (físico) + R$5,00 (ajustes diários) – R$3,00/@ (compra put) +
R$0,40 (prêmio pago). Note que o preço máximo que será pago pelos bois é
R$63,40/@. Portanto, o comprador fixa um limite para a compra dos bois,
porém ele observa melhora em seu preço de compra à medida que o mercado
de boi gordo se desvaloriza.
De acordo com BM&F (2007d), o objetivo de lucro de toda atividade
produtiva pressupõe a canalização de esforços para obter a maior
produtividade dos fatores de produção, ao menor custo possível e o maior
preço de venda da mercadoria produzida, procura-se maximizar a receita
obtida na comercialização e minimizar o custo de produção.
O gerenciamento do risco de preço pode ser realizado mediante a
utilização dos contratos futuros e de opções da BM&F conforme o exposto à
cima.
Vale também mencionar que, em muitos casos, as estratégias
implementadas nos mercados futuros da Bolsa complementam a negociação
realizada no mercado de balcão entre os agentes do agronegócio.
As opções sobre contratos futuros de produtos agropecuários fornecem
alternativas mais baratas e de fácil implementação para a gestão de riscos
pelos agentes do agronegócio. A flexibilidade deste instrumento torna possível,
inclusive, a realização de transações que visam explorar alguma característica
do mercado, como, por exemplo, a volatilidade do preço de um determinado
produto.

3.8 A atual crise econômica mundial e o mercado de derivativos

Como já exposto o especulador é o agente que compra o risco que os


outros não querem ou não podem assumir no mercado.
De acordo com Buainain (2008), toda vez que um agente fica livre do
risco inerente aos negócios na economia contemporânea, na outra ponta está
um especulador, que pode ganhar ou perder na transação. Nesse sentido, o
especulador é uma das figuras mais importantes da economia contemporânea.
Seu papel é absorver riscos e antecipar fluxos de renda para agentes que não
querem ou não podem esperar o futuro chegar. Quando um agricultor vende
hoje o seu produto para entregar em seis meses a um preço preestabelecido –
essencial para garantir o planejamento da safra e dar o mínimo de
tranqüilidade ao produtor, está transferindo os riscos de preço para um
especulador.
Tem-se lido muitas explicações sobre a crise financeira, a primeira mais
séria, a associa aos empréstimos para devedores duvidosos no setor
imobiliário americano e à falta de controle das operações no mercado
financeiro.
Uma versão nacionalista atribui a crise às operações de crédito em
cadernetas feitas pelo Sr. Biu, conhecido botequeiro do interior de
Pernambuco. Com a venda de cachaça em alta por causa da abertura de uma
obra do PAC nas redondezas, o Sr. Biu securitizou a caderneta e seu
banqueiro emitiu títulos que tiveram grande sucesso num mercado exuberante
e que absorvia qualquer título. Com a súbita paralisação da obra por falta de
licença ambiental e outras irregularidades, os clientes do boteco sumiram, o Sr.
Biu não teve como honrar os compromissos e acabou falindo, com
repercussões globais. A última versão, mais criativa e irrealista que a da
caderneta do Sr. Biu, explica que a crise só venceu as sólidas barreiras que o
Brasil tinha erguido contra problemas internacionais porque alguns empresários
gananciosos resolveram especular, entraram num tal mercado de derivativos,
perderam e internalizaram o problema que era dos outros.
A especulação é útil para capitalizar as empresas, valorizar seus ativos e
alavancar novos recursos para investimentos. Os agricultores são os maiores
especuladores deste país, beirando a loucura. Correm todos os riscos de uma
natureza cada vez mais imprevisível e inquieta com as agressões que vem
sofrendo, não têm a menor idéia, hoje, do preço a que venderão a safra no
futuro, compram insumos em alta quando os preços estão em queda, sofrem
corte de crédito e insistem em produzir. Só a especulação explica. (Buainain,
2008)
Diante do exposto, constata-se que a atual crise econômica mundial
desencadeou-se nos mercados derivativos, a partir das letras hipotecárias
emitidas pelos bancos aos chamados sub-prime. Os mercados derivativos de
futuros e opções, objetos centrais de estudo dessa pesquisa, foram atingidos
por conseqüência, pois com a economia de todos os países em alta
instabilidade, houve o chamado efeito dominó. As bolsas de valores sentiram o
impacto através de fortes quedas sucessivas e por isso o dólar, que é o
termômetro dos mercados financeiros, disparou, trazendo alta de juros e de
preços de diversos tipos de produtos, entre eles as commodities.
No mercado de comercialização de bovinos e derivados, observa-se
uma disparada nos preços. Segundo Thadeu Filho (2008), os consumidores
brasileiros já estão pagando caro pela forte arrancada dos preços do dólar que,
nos últimos dois meses, subiu mais de 40%. Os principais frigoríficos do país
(Marfrig, JBS, Bertin, Minerva e Independência) estão restringindo a oferta de
carne bovina no mercado interno e destinando a maior parte da produção —
que é menor, por causa do período da entressafra — para o exterior, com
objetivo de ampliar os lucros. Com isso, os preços da carne nos
supermercados aumentaram, na média, 21% em outubro, com picos de
reajuste de até 54%, e quase todas as promoções com esses produtos foram
suspensas.
Ainda não é possível identificar a proporção da crise pela qual o mundo
está passando e nem as conseqüências futuras que ela trará. Segundo
economistas a melhor alternativa agora são as empresas estarem atentas às
mudanças do mercado e proteger-se mantendo reservas e controlando suas
despesas.
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

De acordo com Marques, Mello e Martines Filho (2008), os integrantes


das cadeias do agronegócio enfrentam riscos de produção e de preços os
quais, além de causar instabilidade à própria atividade, também podem
provocar instabilidade em todos os demais membros da cadeia de produção do
qual participam. Os mercados futuros possibilitam a administração e redução
dos riscos de preços, permitindo melhor planejamento, diminuição dos custos
de transação e aumento na competitividade das cadeias.
Através da pesquisa de campo foram analisadas operações nos
mercados derivativos de futuro e opções. Observou-se que na verdade,
contratos futuros e opções são instrumentos complementares que permitem
moldar as estratégias de comercialização, assim como as de arbitragem de
preços entre mercados e de especulação. Tudo isso contribui para um
ambiente de negociação mais líquido, em que a qualquer momento os
participantes dispõem de derivativos para traçar, modificar ou recriar suas
estratégias.
De acordo com BM&F (2007b), as posições de hedge assumidas com
opções podem ser entendidas como operações de proteção que permitem
aproveitar as variações favoráveis dos preços, pois se negociam direitos de
compra ou de venda do ativo objeto do derivativo. Além disso, para essas
posições, margem e ajustes diários são substituídos por um único pagamento
inicial.
A empresa Mercantil Industrial e Exportadora Junqueira Ltda, analisada
nessa pesquisa, assume uma posição de hedge no mercado futuro para
proteger-se das possíveis oscilações de preço da arroba do boi gordo em uma
determinada data futura. Analisando o mercado de opções como uma
alternativa de redução de riscos na atividade agropecuária, propõe-se o
seguinte plano de intervenção:
Analisar a viabilidade de utilizar o mercado de opções, juntamente com o
mercado futuro para criar escudo de proteção contra as variações negativas de
preços na negociação de bovinos, pois as opções apresentam algumas
características que lhe conferem maior flexibilidade com relação às operações
a termo e futuro. Por meio de um único pagamento, uma das partes realiza o
hedge sem abrir mão dos movimentos que lhe favorecem. A outra parte da
operação recebe o pagamento como remuneração por sua exposição ao risco,
que pode chegar a ser ilimitado.
Apesar do prêmio pago na contratação da operação, há ainda a
possibilidade de participar da alta de preço no mercado físico, verificar
portanto, se na data de vencimento da opção é viável exercê-la ou não.
Para a obtenção de ótimos resultados no mercado de opções é
importante verificar se o valor pago como prêmio será menor do que o
possivelmente alcançado na venda da mercadoria no mercado físico, levando
em consideração a experiência de atuação já adquirida pelo proprietário da
empresa, visto que já atua a muitos anos no mercado futuro, além do
acompanhamento do mercado, principalmente agora com esta crise
desencadeada pela queda da bolsa nos EUA, o que afetou todas as bolsas no
mundo inclusive a BM&FBOVESPA S.A.
CONCLUSÃO

De acordo com o trabalho realizado, concluímos que a agropecuária é


uma atividade produtiva que apresenta características econômicas que a
diferenciam dos setores industrial e comercial. Tais diferenças dizem respeito,
principalmente, à dependência de fatores climáticos, ao elevado tempo em que
algumas culturas e/ou criações permanecem no campo sem apresentar retorno
ao investimento realizado, à dificuldade da comercialização devido ao elevado
perecimento dos produtos, bem como a volatilidade e dúvida a respeito dos
preços que serão recebidos.
O mercado de derivativos é uma forma de propiciar certo seguro em
meio a tanto risco para o produtor rural, para a indústria agroprocessadora e
para todos aqueles que detêm o produto ou contratos sobre o mesmo,
possibilitando uma garantia quanto aos efeitos negativos de uma queda ou
elevação dos preços.
É de fundamental importância que a empresa e os agropecuaristas,
situem-se no contexto do mercado financeiro, investindo em mecanismos de
proteção de preço para seus produtos finais de comercialização, obtendo
resultados otimizados principalmente por tratar-se de empresa de grande porte.
A partir das referências teóricas utilizadas na pesquisa, observa-se que
uma forma de alcançar um ótimo desempenho financeiro na agropecuária é
investir no mercado de futuros e opções.
Os compradores e vendedores de contratos futuros têm a vantagem de
proteger-se contra as oscilações de preços do produto agropecuário, uma vez
que este mercado funciona como uma garantia de preços tanto para o produtor
rural – que figura como vendedor – quanto para a indústria agroprocessadora –
compradora – pois propicia a ambos o hedge contra eventuais quedas ou
elevações de preços. Esse mecanismo constitui uma forma eficaz de seguro de
preços, pois diminui as incertezas na época de comercialização da safra, bem
como se beneficiam com a fixação antecipada da remuneração da produção,
pois ao fixar antecipadamente o preço de seu produto, calculado a partir do
custo de produção, assegura a sua rentabilidade e lucros pretendidos.
As opções, todavia, apresentam algumas características que lhe
conferem maior flexibilidade com relação às operações a termo e futuro. Por
meio de um único pagamento, uma das partes realiza o hedge sem abrir mão
dos movimentos que lhe favorecem. A outra parte da operação recebe esse
pagamento como remuneração por sua exposição ao risco, que pode chegar a
ser ilimitado.
A pesquisa realizada foi de extrema importância, pois tivemos a
oportunidade de conhecer a Bolsa de Mercadorias e Futuros bem como a
Bolsa de Valores de São Paulo, que agora já foi unificada como
BM&FBOVESPA S.A, presenciando seu funcionamento in loco. Podemos
observar a importância deste tipo de operação para o agronegócio e
conseqüentemente para um bom desempenho de uma empresa deste ramo,
bem como a contribuição que tem no desenvolvimento econômico do país, pois
conseguindo estabilidade em seus negócios a atividade agropecuária terá um
fortalecimento, proporcionando assim a geração de mais empregos, recursos e
oportunidades para toda a sociedade.
Diante do exposto concluímos que o objetivo da pesquisa, de entender o
funcionamento e a participação no Mercado futuro, a forma como uma empresa
pode participar desta alternativa de negociação, e que este mercado é uma
excelente oportunidade para um empresário do agronegócio obter melhores
resultados, foi alcançado.
Acreditamos que o tema abordado proporcionará a abertura de novos
horizontes de estudos e reflexões não somente neste assunto, mas também
em outros campos, contribuindo para as fundamentações e técnicas de
obtenção de melhores resultados, ou resultados menos oscilantes tornando
mais eficiente à busca por retornos financeiros.
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APÊNDICES
APÊNDICE A - Roteiro de Estudo de Caso

1 INTRODUÇÃO
Apresentação dos objetivos relacionados aos estudos de caso.
Descrevendo os métodos e técnicas utilizadas na pesquisa, caracterizando
os aspectos principais do mercado futuro e de opções voltados para
proteção de preço.

2 RELATO DO TRABALHO REALIZADO REFERENTE AO ASSUNTO


ESTUDADO
a) Descrição dos mercados futuros e de opções, com ênfase na
proteção de preço.
b) Depoimentos do gerente de atendimento da agência local do Banco
Santander S/A e do sócio-administrador da empresa Mercantil Industrial
e Exportadora Junqueira LTDA.

3 DISCUSSÃO
Confronto entre teoria e prática utilizada na empresa Mercantil Industrial
e Exportadora Junqueira Ltda.

4 PARECER FINAL SOBRE O CASO E SUGESTÕES SOBRE


MODIFICAÇÕES DE PROCEDIMENTOS
APÊNDICE B - Roteiro de Observação Sistemática

I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Empresa:..............................................................................................................
Localização:..........................................................................................................
Cidade:............................................................Estado:..........................................
Atividade Econômica:............................................................................................
Porte:.....................................................................................................................

II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS


1 Histórico da empresa
2 Importância do planejamento no mercado futuro
3 Descrição do mercado futuro
4 Conceito de mercado futuro e de opções
5 Descrição das fontes de mercado futuro de opções voltadas para
agropecuária
APÊNDICE C - Roteiro de entrevista para o proprietário da empresa Mercantil
Industrial e Exportadora Junqueira Ltda.

I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Tempo de empresa:...............................................................................................
Cargo/Função:.......................................................................................................
Escolaridade:.........................................................................................................
Especialidade:........................................................................................................
Experiências profissionais anteriores:...................................................................
Experiências profissionais atuais:..........................................................................
Residência:Cidade:................................................Estado:....................................

II PERGUNTAS ESPECÍFICAS

1 Qual a importância do investimento em mercado futuro e de opções para


a empresa Mercantil Industrial e Exportadora Junqueira LTDA,?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

2 De que forma a empresa escolhe qual o melhor momento de efetuar


compra de contratos futuros na BM&F?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

2.1 De que forma a empresa escolhe qual o melhor momento de efetuar


venda de contratos futuros na BM&F?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
3 Garantir o preço do boi gordo em uma data futura é garantir também
estabilidade financeira futura?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

4 Em qual posição a empresa atua na BM&F, e qual a corretora utilizada?


_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

4.1 Qual a corretora utilizada pela empresa para negociação de contratos na


BM&F?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

5 Até que ponto as operações de mercado futuro e de opções influenciam


na hora da sua tomada de decisão em uma venda e/ou compra de contrato
futuros?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

6 Qual a ferramenta a empresa utiliza para saber a tendência dos preços


em data futura?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

7 Qual a melhor forma de decisão?


_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
APÊNDICE D - Roteiro de entrevista para pessoas que possuem conhecimento
de mercados futuros e de opções

I DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Tempo de empresa:.............................................................................................
Cargo/Função:......................................................................................................
Escolaridade:........................................................................................................
Especialidade:.......................................................................................................
Experiências profissionais anteriores:...................................................................
Experiências profissionais atuais:..........................................................................
Residência:Cidade:................................................Estado:....................................

II PERGUNTAS ESPECÍFICAS

1 Em sua opinião, garantir os preços da produção em uma data futura é


garantir também estabilidade financeira ao agropecuarista?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

2 Você acha que negociar contratos futuros e de opções na posição de


especulador é um bom investimento para rentabilizar capital?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

3 Para você a unificação da BM&F com a Bovespa, fará com que a pratica
de negociar contratos nos mercados derivativos, se torne mais popular, de
modo que possa chegar aos pequenos e médios produtores?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
4 Em sua opinião uma pessoa que quer obter lucro, deve optar pelo
mercado futuro ou mercado de opções?
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
5 O que você entende por mercado futuro?
______________________________________________________________
______________________________________________________________

6 O que você entende por mercado de opções?


______________________________________________________________
______________________________________________________________

7 Você arriscaria fazer uma operação em um dos mercados citados


anteriormente?
______________________________________________________________
______________________________________________________________

8 Se não, justifique sua resposta.


______________________________________________________________
______________________________________________________________

9 Você conhece alguém que opera com a BM&F?


______________________________________________________________
______________________________________________________________

10 Você acha que as vantagens em relação ao mercado físico, compensam


o risco da operação?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
ANEXOS
ANEXO A – FOTOS DIVERSAS

Foto 1: Grupo com o orientador Ms. Ricardo Yoshio Horita na BM&F.

Foto 2: Fachada do prédio da BM&F


Foto 3: Pits de negociação da BM&F - 13/06/2008

Foto 4: BM&F - 13/06/2008


Foto 5: Fachada do prédio BM&FBovespa – São Paulo, 13/06/2008

Foto 6: Grupo no interior do prédio da BM&F – São Paulo, 13/06/2008


ANEXO B – QUADRO RESUMO

DESTAQUES: Volume Negociado


a) O mercado agropecuário negociou 308.863 contratos futuros e de opções no
mês de setembro, representando um crescimento de 22,9% em relação ao
mesmo mês de 2007.
b) O volume negociado de contratos de opções atingiu 27.829 em setembro,
um incremento de 88,9% quando comparado a agosto de 2008. O mercado de
opções de boi gordo negociou no mês 23.857 contratos, mais do triplo em
relação a agosto.
ANEXO C – QUADRO RESUMO

DESTAQUES: Volume Financeiro


a) O volume financeiro no mercado agropecuário totalizou US$4,22 bilhões em
setembro, representando um aumento de 46,7% em relação ao mesmo mês de
2007. O volume financeiro de contratos futuros e de opções de boi gordo
duplicou em relação ao mesmo período no ano anterior, atingindo US$2,52
bilhões.
b) O mercado de opções dos ativos agropecuários apresentou um total de
US$7,7 milhões neste mês, um incremento de 1,4% em relação a setembro de
2007.
ANEXO D – QUADRO RESUMO

DESTAQUES: Média Diária


a) A média diária de contratos negociados em setembro de 2008 foi de 14.039,
uma variação positiva de 6,1% em relação ao mesmo mês no ano passado.
b) No mês, a média diária de volume financeiro de futuros e de opções foi de
US$192,0 milhões, com destaque para o mercado de boi gordo, com um
volume diário de US$114,5 milhões.
ANEXO E - ESPECIFICAÇÕES DO CONTRATO FUTURO DE BOI GORDO
DENOMINADO EM REAIS

1. Objeto de negociação
Boi gordo acabado para abate.
Tipo: bovinos machos, castrados, bem acabados (carcaça convexa), em pasto
ou confinamento.
Peso: vivo individual entre o mínimo de 450 quilos e o máximo de 550 quilos,
verificado na balança do local de entrega.
Idade máxima: 42 meses.

2. Cotação
Reais por arroba líquida, com duas casas decimais.

3. Variação mínima de apregoação


R$0,01 (um centavo de real) por arroba líquida.

4. Oscilação máxima diária


O limite de oscilação será fixado pela BM&F, através de Ofício Circular.
A BM&F poderá, a qualquer momento, alterar os limites de oscilação, bem
como sua aplicação aos diversos vencimentos.

5. Unidade de negociação
330 arrobas líquidas.

6. Meses de vencimento
Todos os meses.

7. Número de vencimentos em aberto


No mínimo quinze, conforme autorização da Bolsa.

8. Data de vencimento e último dia de negociação


Último dia útil do mês de vencimento.

9. Dia útil
Considera-se dia útil, para efeito deste contrato, o dia em que há pregão na
BM&F. Entretanto, para efeito de liquidação financeira, a que se referem os
itens 10, 11, 12.1, 12.2(d) e 16.1, considerar-se-á dia útil o dia que, além de
haver pregão na BM&F, não for feriado bancário na praça de Nova Iorque,
EUA.

10. Day trade


São admitidas operações day trade (compra e venda, no mesmo dia, da
mesma quantidade de contratos para o mesmo vencimento), que se liquidarão
automaticamente, desde que realizadas em nome do mesmo cliente, por
intermédio da mesma Corretora de Mercadorias e sob a responsabilidade do
mesmo Membro de Compensação, ou realizadas pelo mesmo Operador
Especial, sob a responsabilidade do mesmo Membro de Compensação. A
liquidação financeira dessas operações se fará no dia útil subseqüente, sendo
os valores apurados de acordo com o item 11(a), observado, no que couber, o
disposto no item 17.

11. Ajuste diário


As posições em aberto ao final de cada pregão serão ajustadas com base no
preço de ajuste do dia, estabelecido no call de fechamento, conforme regras da
Bolsa, com liquidação financeira no dia útil subseqüente, observado, no que
couber, o disposto nos itens 12 e 17.
O ajuste diário será calculado de acordo com as seguintes fórmulas:
a) ajuste das operações realizadas no dia
AD = (PAt - PO) x 330 x n (1)

b) ajuste das posições em aberto no dia anterior


AD = (PAt – Pat-1) x 330 x n (2)

Onde:
AD = valor do ajuste diário;
PAt = preço de ajuste do dia;
PO = preço da operação;
n = número de contratos;
PAt–1 = preço de ajuste do dia anterior.
O valor do ajuste diário, se positivo, será creditado ao comprador e debitado ao
vendedor. Caso o valor seja negativo, será debitado ao comprador e creditado
ao vendedor.
O ajuste diário das posições em aberto será realizado até a data de
vencimento.

12. Liquidação no vencimento


As posições que não forem encerradas em pregão até o último dia de
negociação mediante a realização de operações de natureza (compra ou
venda) inversa, poderão ser liquidadas no vencimento, alternativamente, de
duas formas: liquidação por índice de preços ou liquidação por entrega.
Os clientes residentes poderão optar tanto pela liquidação por índice de preços
quanto pela liquidação por entrega. Os clientes não-residentes não poderão
optar pela liquidação por entrega.

12.1. Liquidação por índice de preços


As posições em aberto, após o encerramento do pregão do último dia de
negociação, que não atenderem às condições necessárias à liquidação por
entrega, descritas no item 12.2, serão liquidadas pela BM&F na data de
vencimento, mediante o registro de operação de natureza (compra ou venda)
inversa à da posição, na mesma quantidade de contratos, pelo preço calculado
de acordo com a seguinte fórmula:

(3)
Onde:
POi = preço da operação relativa à liquidação por índice de preços, expresso
em reais por arroba líquida;
IBGt = Indicador de Preço Disponível do Boi Gordo ESALQ/BM&F, relativo ao
último dia de negociação, expresso em reais por arroba líquida, apurado pela
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) e divulgado pela Bolsa
em seu Boletim Diário;
d–4 = quarto dia útil anterior à data de vencimento do contrato;
d = data de vencimento do contrato.
Os valores relativos à liquidação da posição por índice de preços serão
liquidados financeiramente no dia útil subseqüente ao último dia de
negociação, observado, no que couber, o disposto no item 17.

12.2. Liquidação por entrega

a) Aviso de Intenção de Liquidação por Entrega


A liquidação das posições mediante o procedimento de entrega só poderá ser
realizada caso o vendedor queira realizar a entrega e caso haja compradores
interessados por seu recebimento.
O cliente-vendedor que optar pela liquidação por entrega deverá, por
intermédio de sua Corretora de Mercadorias, apresentar o Aviso de Intenção de
Liquidação por Entrega (AILE) à BM&F no período compreendido entre o quinto
dia útil anterior à data de vencimento, inclusive, e o dia útil anterior à data de
vencimento, inclusive. O AILE poderá, nesse período, ser apresentado das
8:30 às 18:00, devendo ser protocolado pela Diretoria de Liquidação e Custódia
(DLC).
Os AILEs que forem apresentados até as 9:00 serão divulgados ao mercado no
mesmo dia, durante o pregão; os que forem apresentados após as 9:00 serão
divulgados no dia útil subseqüente. Os AILES ficarão disponíveis na sala de
negociações até a data de vencimento.
Os clientes-compradores interessados por seu recebimento deverão comunicar
essa intenção à BM&F no mesmo dia. Terão prioridade no recebimento os
compradores com posições mais antigas, ou seja, que tiverem sido abertas há
mais tempo.
Não havendo nenhum cliente-comprador interessado pelo recebimento dos
bois, a(s) posição(ões) será(ão) liquidada(s) pelo índice de preços, conforme o
item 12.1.
No caso de um cliente-vendedor apresentar o AILE após as 9:00 e decidir,
mediante operação de compra em pregão, encerrar sua posição de venda ou
reduzi-la a um número de contratos inferior ao constante do AILE, este deverá
comunicar tal fato, até as 18:00 do dia da operação, à BM&F, que cancelará o
AILE.
Havendo vendedores interessados pela entrega e compradores interessados
pelo recebimento, confirmados pela BM&F, estes acertarão entre si a data de
pesagem, que deverá ser realizada em qualquer dia do período compreendido
entre o segundo, inclusive, e o oitavo, inclusive, dias úteis posteriores à data de
vencimento. A Corretora de Mercadorias do cliente-vendedor deverá comunicar
esse acerto à BM&F, mediante apresentação do Aviso de Entrega até as 18:00
do sexto dia útil posterior à data de vencimento. Caso a BM&F não receba o
Aviso de Entrega no prazo estabelecido, esta determinará compulsoriamente a
data de pesagem.
O cliente-vendedor deverá anexar ao Aviso de Entrega a seguinte
documentação, para efeito de faturamento:
– declaração de propriedade da mercadoria e de que está livre de ônus de
qualquer natureza, de emissão do cliente-vendedor;
– declaração de estabelecimento da data de pesagem, emitida em conjunto
com o cliente-comprador.
É facultado aos clientes-vendedores e compradores indicar terceiros para
entrega e recebimento dos bois, mas somente por ocasião da apresentação do
Aviso de Entrega. Nesse caso, os terceiros indicados deverão igualmente
fornecer as informações para faturamento e assumirão todas as obrigações e
exigências deste contrato, até sua liquidação final. Adicionalmente, o
comprador e o vendedor originais assumirão total responsabilidade pelas
obrigações dos terceiros por eles indicados, até a liquidação final do contrato.

b) Ponto de entrega
Curral localizado no município de Araçatuba (SP), credenciado pela BM&F.

c) Procedimentos de entrega
A entrega dos animais deverá ser realizada, no curral determinado pela BM&F,
das 7:00 às 22:00 do dia anterior à data de pesagem, quando o recinto será
fechado, para reabertura no dia seguinte. A movimentação física dos animais,
do local de origem do cliente-vendedor, dentro do Estado de São Paulo, ao
curral credenciado pela BM&F em Araçatuba, SP, estará amparada por Regime
Especial de ICMS, concedido pela Secretaria de Fazenda do Estado de São
Paulo.
A pesagem e a classificação dos animais serão efetuadas pela BM&F no dia
posterior à entrada dos animais no curral, dentro do horário estabelecido pela
Bolsa, podendo os clientes-comprador e vendedor fiscalizar esses atos. Haverá
reidratação dos animais, desde o momento da chegada ao curral até o
momento da pesagem. Não será oferecida ração aos animais no curral
credenciado. A ordem de pesagem obedecerá à ordem de chegada de cada
caminhão ao curral.
Poderá haver a pesagem dos animais no mesmo dia em que derem entrada no
curral, caso os clientes-comprador e vendedor estejam de acordo, devendo as
duas partes assinar tal acordo em impresso apropriado e comunicar essa
decisão às respectivas Corretoras e estas, à BM&F.
Para a formação do lote de 330 arrobas líquidas, deverão ser observados os
seguintes critérios:
i. Os animais deverão ser pesados individualmente;
ii. O peso bruto de cada animal deverá estar em estrita observância ao disposto
no item 1;
iii. Considerar-se-á peso líquido de cada animal 54% (rendimento líquido) de
seu respectivo peso bruto;
iv. O peso líquido do lote, apurado com duas casas decimais, será o somatório
dos pesos líquidos dos animais;
v. O peso obtido no item iv acima deverá ser igual a 330 arrobas, com
tolerância, para mais ou para menos, de 5%.
No ato da entrega, o cliente-vendedor deverá comprovar o bom estado dos
animais, por meio de atestado sanitário exigido por lei.
Concluída a pesagem, os animais deverão ser retirados do curral, não havendo
nenhuma responsabilidade do curral, nem da BM&F, sobre os animais. Caso o
cliente-comprador não esteja presente para a retirada dos animais, estes serão
pesados e arbitrados, permanecendo no curral.
Durante o período em que os animais estiverem sob a responsabilidade do
curral, terão a cobertura de apólice de seguro.
A responsabilidade pelo transporte dos bois ao curral de entrega, bem como
pelos custos e despesas correspondentes, inclusive aqueles relativos ao
seguro, caberá ao cliente-vendedor. Após a pesagem, constatada sua
conformidade, todas as despesas e a responsabilidade pela retirada dos
animais caberão ao cliente-comprador.
O não cumprimento de qualquer das obrigações previstas nos procedimentos
descritos acarretará multa à parte faltosa, a ser fixada pela BM&F.

d) Liquidação financeira da entrega


A liquidação financeira, relativa à entrega e ao recebimento dos bois-objeto de
negociação, será realizada pelo cliente-comprador no dia útil anterior ao de
pesagem dos animais, observado, no que couber, o disposto no item 17.
O valor de liquidação por contrato será calculado de acordo com a seguinte
fórmula:

(4)

Onde:
VL = valor de liquidação por contrato;
IBGt , d–4 e d = variáveis definidas no item 12.1.

No dia de pesagem, será feito um ajuste no valor de liquidação, com base no


peso efetivo apurado no curral de entrega, que será creditado ou debitado no
dia útil seguinte, mais o ICMS, se devido, menos a Contribuição de Seguridade
Social.
A BM&F somente pagará à Corretora de Mercadorias, e esta ao cliente-
vendedor, um dia útil depois de o cliente-comprador comprovar o recebimento
dos bois, mediante documento próprio, disponibilizado pela BM&F. Caso o
cliente-comprador não esteja presente no dia de pesagem para comprovar o
recebimento, o representante da BM&F no curral de entrega assinará o
documento à revelia do mesmo, não cabendo, nesse caso, nenhum recurso.

e) Arbitramento
Todas as entregas serão arbitradas por árbitros escolhidos pela BM&F, que
acompanharão o processo de entrega. A arbitragem assim realizada será final,
não cabendo nenhum recurso contra ela.

13. Hedgers
Pecuaristas, frigoríficos, indústrias processadoras e comerciantes de carne.
14. Margem de garantia
Valor por contrato, com redução de 20% para hedgers, alterável a qualquer
momento, a critério da Bolsa.
A margem será devida no dia útil subseqüente ao de abertura da posição. No
caso de clientes não-residentes, se o dia útil subseqüente for feriado bancário
em Nova Iorque, a margem será devida no primeiro dia, após o de abertura da
posição, em que não for feriado bancário naquela praça.
No caso de clientes não-residentes, quando o atendimento da exigência de
margem for feito em dinheiro, deverá ser observado, no que couber, o disposto
no item 17.

15. Ativos aceitos como margem


Dinheiro, títulos públicos federais, ouro, cotas do Fundo dos Intermediários
Financeiros (FIF) e, mediante autorização prévia da Bolsa, títulos privados,
cartas de fiança, ações e cotas de fundos fechados de investimento em ações.
Para não-residentes, dólares dos Estados Unidos e, mediante autorização
prévia da BM&F, títulos do governo dos Estados Unidos (T-Bonds, T-Notes e T-
Bills).

16. Custos operacionais

• Taxa operacional básica


Operação normal: 0,30%; day trade: 0,07%.
A taxa operacional básica, sujeita a valor mínimo estabelecido pela Bolsa, será
calculada sobre o preço de ajuste do dia anterior do segundo vencimento em
aberto.

• Taxa de liquidação por entrega


0,45% sobre o valor de liquidação financeira no vencimento.

• Taxas da Bolsa (emolumentos e fundos)


6,32% da taxa operacional básica.

• Taxa de registro
Valor fixo divulgado pela BM&F.

• Taxa de arbitramento
Valor estabelecido pela BM&F e devido pelo comprador.
Os Sócios Efetivos pagarão no máximo 75% da taxa operacional básica e da
taxa de liquidação por entrega e 75% das taxas de registro e da Bolsa.

16.1. Data de pagamento


a) As taxas operacional básica, da Bolsa e de registro serão devidas no dia útil
seguinte ao da operação, observado, no que couber, o disposto no item 17.
b) A taxa de liquidação por entrega será devida na data de liquidação financeira
no vencimento, observado, no que couber, o disposto no item 17.
c) A taxa de arbitramento será devida no dia útil seguinte ao de sua realização.

17. Forma de pagamento e recebimento dos valores relativos à liquidação


financeira
A liquidação financeira das operações day trade, de ajustes diários, das
liquidações financeiras relativas à liquidação por índice de preços e à
liquidação por entrega, de depósitos de margem em dinheiro e dos custos
operacionais será realizada observando-se o seguinte:
i. Para os clientes não-residentes: em dólares dos Estados Unidos da América,
na praça de Nova Iorque, EUA, por meio do Banco Liquidante das operações
da BM&F no Exterior, por ela indicado. A conversão dos valores respectivos de
liquidação financeira, quando for o caso, se fará pela Taxa de Câmbio
Referencial BM&F, descrita no Anexo I deste contrato e relativa a uma data
específica, conforme a natureza do valor a ser liquidado, a saber:
a) na liquidação de operações day trade: a Taxa de Câmbio Referencial BM&F
do dia da operação;
b) na liquidação de ajuste diário: a Taxa de Câmbio Referencial BM&F do dia a
que o ajuste se refere;
c) na liquidação financeira relativa à liquidação por índice de preços: a Taxa de
Câmbio Referencial BM&F do último dia de negociação;
d) na liquidação dos custos operacionais: a Taxa de Câmbio Referencial BM&F
do dia da operação.
ii. Para os clientes residentes: em reais, de acordo com os procedimentos
normais dos demais contratos da BM&F não autorizados à negociação pelos
investidores estrangeiros, observado o disposto no item 9.

18. Normas complementares


Fazem parte integrante deste contrato o Anexo I e, no que couber, a legislação
em vigor, as normas e os procedimentos da BM&F, definidos em seus
Estatutos Sociais, Regulamento de Operações e Ofícios Circulares, bem como
normas específicas das autoridades governamentais que possam afetar os
termos do mesmo.

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