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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS


CURSO DE DIREITO

EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR

GRAZIELE FERNANDA DA VEIGA

DECLARAÇÃO

“DECLARO QUE A MONOGRAFIA ESTÁ APTA PARA DEFESA EM BANCA


PUBLICA EXAMINADORA”.

ITAJAÍ (SC), Novembro de 2010.

___________________________________________
Professor Orientador: Roberto Epifanio Tomaz

UNIVALI – Campus Itajaí-SC


UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS
CURSO DE DIREITO

EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR

GRAZIELE FERNANDA DA VEIGA

Monografia submetida à Universidade do


Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito
parcial à obtenção do grau de Bacharel
em Direito.

Orientador: Professor MSc. Roberto Epifanio Tomaz

Itajaí (SC), novembro de 2010.


AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus por sempre me mostrar o caminho


certo a seguir. Por oportunizar mais essa vitória em
minha vida.
Aos meus pais Jadir e Rosilene, por não medirem
esforços para que este sonho se tornasse a mais
pura realidade.
A minha filha Thayane, o meu anjo, por
compreender minha ausência nesta fase, por
sempre estar ao meu lado, e com apenas um sorriso
me demonstra o quanto é importante em minha vida.
Ao meu amor Thiago por está junto e superar
comigo os obstáculos que tive nesta caminhada. Por
sua alegria, sua força e dedicação.
Ao meu cunhado Edvilson, minha irmã Tatiane e aos
meus sobrinhos Maria Fernanda, João Vitor e
Edvilson Guilherme por sempre me apoiarem e
estarem ao meu lado.
A minha eterna amiga Patrícia Müller, pelo seu
companheirismo, por toda a sua ajuda nesta fase de
nossas vidas.
Agradeço ao professor Roberto Epifanio, por tudo,
pela amizade, por sua ajuda, por todos os momentos
que me foram dedicados, por sua compreensão e
preocupação comigo. Juntos conseguimos essa
vitória, com a graça de Deus. Obrigada.
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha filha Thayane, por tudo


que ela proporciona e significa em minha vida. Por
tudo que ela me ensina. Por sempre trazer alegria
ao meu viver. Quando acordo e vejo você com esse
jeitinho doce de ser, tenho a absoluta certeza que a
minha vida sem você não tem significado algum,
agradeço a Deus todos os dias por saber que você
existe e que faz parte da minha vida. Como não
amar alguém assim que só traz alegria ao meu viver,
alguém que simplesmente se alojou dentro do meu
coração, um amor simplesmente incondicional, sem
limites, meu pensamento é em volta desse amor que
veio ao mundo para me mostrar o quando tenho que
aprender, o quando tenho que lutar pelos meus
objetivos, e que os obstáculos que surgiram deverão
ser vencidos. Dedico a você minha filha esta
conquista.
Minha filha, minha vida, amo-te.
4

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do
Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o Orientador de
toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Itajaí(SC), novembro de 2010.

Graziele Fernanda da Veiga


Graduanda
PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do


Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Graziele Fernanda da Veiga, sob o título
Execução da Obrigação Alimentar, foi submetida em 11 de novembro de 2010 à
banca examinadora composta pelos seguintes professores: Roberto Epifanio Tomaz
(orientador e presidente da banca) e Maria Fernanda do Amaral Pereira Gugelmin
Girardi (membro da banca), e aprovada com a nota ______________(_____).

Itajaí (SC), novembro de 2010.

Prof. MSc. Roberto Epifanio Tomaz


Orientador e Presidente da Banca

Prof. Msc. Antônio Augusto Lapa


Coordenação da Monografia
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Art. Artigo
CPC Código de Processo Civil
CF Constituição Federal
Cód. Código
Dec. Decreto
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
EI Estatuto do Idoso
Incs. Incisos
TJSC Tribunal de justiça de Santa Catarina
ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias que a Autora considera estratégicas à


compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos operacionais.

Ação de alimentos

Denomina se ação de alimentos aquela que compete a uma pessoa para exigir de
outra, geralmente, em razão de parentesco ou de casamento.1

Ação de execução de alimentos

Nesse tipo de ação judicial, os sujeitos da relação jurídica são respectivamente,


credor e devedor. O credor que tem o direito aos alimentos é o sujeito ativo da
relação processual, e o devedor é o sujeito passivo.2

Alimentando

Aquele que tem direito a receber alimentos.3

Alimentante

Quem, por obrigação, presta alimentos a outrem.4

Alimentos

Alimentos são prestações para a satisfação das necessidades vitais do ser humano.
Tal expressão designa medidas diversas. Ora significa o que é estritamente
necessário á vida do ser humano, compreendendo tão somente, a alimentação, a
cura, o vestuário e a habitação, ora abrange outras necessidades, compreendidas
como as intelectuais e morais, variando conforme a posição social da pessoa
necessitada.5

1
MUJALLI, Walter Brasil. Ação de alimentos: doutrina e prática. 2. ed. Leme. São Paulo: 2009.
p.61.
2
Op. cite.p.106.
3
GUIMARÃES, Deocliciano Torrieri. Dicionários técnico jurídico. 8. Ed. São Paulo: Rideel, 2006,
p.70.
4
Op. cite. p.70.
5
GOMES, Orlando. Direito de Família. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p.455
8

Alimentos definitivos

Alimentos definitivos são os fixados por sentença de mérito, que fixa os alimentos
definitivos, e faz coisa julgada material que, se sujeita à cláusula rebus sic
stantibus.6

Alimentos gravídicos

“(...) compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do


período da gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive
referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições
preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo médico, além de outras que o juiz
considere pertinentes”.7

Alimentos provisionais

Os alimentos provisionais não são definitivos e guardam natureza antecipatória,


porém cautelar. Esse tipo de alimentos tem como finalidade manter a subsistência
do alimentado, durante o período em que transcorre a ação principal.8

Execução

A fase do processo judicial na qual se promove a efetivação das sanções, civis ou


criminais, constantes de sentenças condenatórias; ajuizamento de dívida líquida e
certa representada por documentos públicos ou particulares a que a lei atribui força
executória.9

Obrigação

Ato de obrigar; fato de estar obrigado. Dever. Preceito de lei.10

6
NERY JUNIOR, Nelson. . Novo Código Civil e Legislação extravagante anotados. São Paulo:
RT, 2002, p. 574.
7
BRASIL. Lei nº. 11.804 de 05 de novembro de 2008. Disciplina o direito a alimentos gravídicos e
a forma como ele será exercido e dá outras providências. Disponível em:
HTTP://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007_2010/2008/lei/l11804.htm. Acessado em
12/outubro/2010.
8
NERY JUNIOR, Nelson. . Novo Código Civil e Legislação extravagante anotados. p. 574.
9
Dicionário jurídico. Disponível em: HTTP://www.
Centraljuridica.com/dicionário/g/1/l/e/dicionariojuridico/dicionário_juridico.html. Acessado em
12.Outubro.2010.
10
Dicionário. HTTP://www.dicio.com.br/obrigação/.Acessado em 30/outubro/2010.
9

Obrigação alimentar

Vínculo sangüíneo entre alimentante e alimentado. Neste aspecto, deve ser


salientado que nem todos os parentes são obrigados a prestar alimentos, uma vez
que, de acordo com a lei, somente os ascendentes, descendentes e colaterais de 2º,
irmãos, portanto, sejam estes unilaterais ou germanos11.

Pensão Alimentícia

Direito Civil. Prestação de alimentos para manutenção de descendentes,


ascendente, colateral de 2º grau, ex-cônjuge ou ex-companheiro, assegurando-lhe
meio de subsistência, por não poder produzir recursos materiais com o próprio
esforço. Deve proporcionalidade, na sua fixação, entre as necessidades do
alimentário e os recursos econômico-financeiros do alimentante, sendo que a
equação dois fatores deve ser feita em cada caso, levando-se em consideração que
os alimentos são concedidos “ad necessitatem”.12

Prisão Civil

Do latim prehensione, pré(n)sione. Meio judicial coercitivo, restritivo da liberdade de


locomoção, destinado a compelir o devedor ao cumprimento de uma obrigação civil.
medida judicial ou administrativa, de caráter punitivo, restritiva da liberdade de
locomoção.13

11
Dicionário. HTTP://www.dicio.com.br/obrigaçãoalimentar/.Acessado em 30/outubro/2010.
12
DINIZ, Maria Helena, Dicionário jurídico. São Paulo: saraiva, 1998,p. 563.
13
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: Direito de família. São Paulo: Saraiva,
2002. p. 463.
SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................... XII

INTRODUÇÃO ................................................................................... 13

CAPÍTULO 1 ...................................................................................... 16

EXECUÇÃO ....................................................................................... 16
1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA E CONCEITO ....................................................... 16
1.2 REQUISITOS PARA PROPOR QUALQUER TIPO DE EXECUÇÃO ............ 19
1.3 TÍTULOS EXECUTIVOS ................................................................................ 21
1.3.1 TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL .......................................................................... 23
1.3.2 TITULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL ................................................................ 24
1.4 DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO .............................................. 26
1.4.1 EXECUÇÃO PARA A ENTREGA DE COISA .......................................................... 26
1.4.1.1 Execução Para a Entrega de Coisa Certa.......................................................... 27
1.4.1.2 Execução Para a Entrega de Coisa Incerta ....................................................... 28
1.4.2 EXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E DE NÃO FAZER ............................... 29
1.4.2.1 Execução das Obrigações de Fazer .................................................................. 31
1.4.2.2 Execução das Obrigações de Não Fazer........................................................... 31
1.4.3 DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE................. 32
1.4.4 DA EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA .................................................. 33
1.4.5 DA EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR ..................................................... 34
1.5 PROCESSO DE EXECUÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA .............. 35
1.5.1 PROCESSO DE EXECUÇÃO .............................................................................. 36
1.5.2 CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ......................................................................... 37

CAPÍTULO 2 ...................................................................................... 39

OBRIGAÇÃO ALIMENTAR ............................................................... 39


xi

2.1 OBRIGAÇÃO ALIMENTAR – EVOLUÇÃO HISTÓRICA E CONCEITUAL .. 39


2.2 DO DEVER DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR ................................................. 42
2.3 ALIMENTOS – PROVISIONAIS, DEFINITIVOS, INDENIZATÓRIOS E
GRAVÍDICOS....................................................................................................... 47
2.3.1 ALIMENTOS PROVISIONAIS.............................................................................. 49
2.3.2 ALIMENTOS DEFINITIVOS ................................................................................ 50
2.3.3 ALIMENTOS INDENIZATÓRIOS .......................................................................... 51
2.3.4 ALIMENTOS GRAVÍDICOS ................................................................................ 51
2.4 AÇÃO DE ALIMENTOS ................................................................................. 52
2.5 REVISÃO, EXONERAÇÃO E EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR. 56

CAPÍTULO 3 ...................................................................................... 60

EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR .................................... 60


3.1 TÍTULO EXECUTIVO NA EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO ALIMENTAR ...... 60
3.2 OS MODOS/PROCEDIMENTOS DA EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO
ALIMENTÍCIA ...................................................................................................... 63
3.2.1 DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO E SEU PROCEDIMENTO .......................... 65
3.2.2 COBRANÇA EM ALUGUÉIS OU OUTROS RENDIMENTOS DO DEVEDOR E SEU
PROCEDIMENTO...................................................................................................... 66
3.2.3 EXPROPRIAÇÃO DE BENS DO DEVEDOR E SEU PROCEDIMENTO ......................... 68
3.2.4 DA COERÇÃO (PRISÃO CIVIL) E SEU PROCEDIMENTO ....................................... 69
3.3 MEDIDAS ASSECURATÓRIAS DO PAGAMENTO DA OBRIGAÇÃO
ALIMENTAR ........................................................................................................ 71
3.4 DA PRISÃO CIVIL NA EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA ........ 74
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................... 80

REFERÊNCIA DAS FONTES CITADAS ........................................... 83


RESUMO

O dever de suprir as necessidades de um indivíduo tem origem


no poder familiar, pois até determinado momento de sua vida o indivíduo não tem
condições de manter se, sendo este um dever dos pais, o de suprir as necessidades
físicas, intelectuais e morais, esta obrigação é designada como dever de alimentos.
O instituto da execução de alimentos vincula-se ao descumprimento das obrigações
advindas do devedor em satisfazer um crédito no modo e tempo determinado pelo
título executivo, constituindo assim, uma prestação relacionada à sobrevivência do
alimentando. Com base nesta linha o presente estudo apresenta uma investigação
geral da execução da obrigação alimentar no ordenamento jurídico brasileiro,
identifica suas características e, com isto, verifica a responsabilidade civil no âmbito
do direito material e processual.
INTRODUÇÃO

A presente monografia tem como objeto central de estudo as


formas de execução da obrigação alimentar.

A pesquisa, neste contexto, tem como objetivos: a)


institucional, produzir monografia para obtenção do grau de bacharel em Direito,
pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI; b) geral, analisar a eficácia da
execução da obrigação alimentar no ordenamento jurídico brasileiro c) específicos,
apresentar regras gerais que norteiam a execução; avaliar a modalidade da
obrigação alimentar; descrever o procedimento das modalidades de execuções da
obrigação alimentar.

Para tanto o estudo inicia no Capítulo 1 tratando da Execução


no atual processo civil brasileiro, seu histórico, requisitos para propor a execução,
títulos executivos, bem como das diversas espécies de execução, por fim apresenta
as modalidades da execução através do processo de execução e o cumprimento da
sentença.

O Capítulo 2, trata diretamente da Obrigação Alimentar, sua


evolução histórica, do dever de prestar alimentos, apresenta a distinção entre
alimentos provisionais, definitivos indenizatórios e gravídicos, trata ainda da ação de
alimentos, e das modalidades de revisão, exoneração e extinção da obrigação
alimentar.

Destarte, após lançar as bases teóricas fundamentais, o


Capítulo 3, volta-se ao estudo específico da Execução da Obrigação Alimentar como
titulo executivo, dos modos da execução de alimentos, as medidas assecuratórias
com relação ao pagamento, e a possibilidade da prisão civil do devedor.

Por fim, o presente Relatório de Pesquisa se encerra com as


Considerações Finais, nas quais são apresentadas as considerações acerca dos
problemas e hipóteses levantadas para a pesquisa, seguidos da estimulação à
continuidade dos estudos e das reflexões sobre o tema escolhido – a execução da
obrigação alimentar.
14

Para o desenvolvimento temático da presente pesquisa foram


elaborados os seguintes questionamentos:

1. Como a atual legislação processual brasileira prevê a


regência da execução forçada em caso de inadimplência das obrigações
estabelecidas?

2. O que o ordenamento jurídico nacional entende como


obrigação alimentícia, suas possíveis modalidades e quem estará obrigado a prestar
este tipo de obrigação?

3. Em caso de inadimplência da obrigação de alimentos, quais


as medidas que poderão ser tomadas pelo credor/alimentado para assegurar seu
cumprimento e efetiva prestação do bem da vida?

A partir dos problemas formulados, foram levantadas as


seguintes hipóteses para o trabalho de pesquisa:

1. Entende-se que a atual legislação processual civil brasileira


prevê claramente procedimentos distintos para execução forçada das obrigações
baseados nos tipos de títulos portados pelo credor.

2. Supõe-se que o ordenamento jurídico rege a obrigação de


alimentos como sendo o direito que alguém tem de receber de outrem tudo o que é
necessário aos reclames da vida, respeitando os pressupostos desta obrigação.

3. Entende-se que o para assegurar o cumprimento da


obrigação pelo devedor, pode o credor optar desde logo pela execução por quantia
certa quando o devedor não efetuar o pagamento da dívida, sendo a execução de
alimentos, mediante coerção pessoal alicerçada no artigo 733 do CPC, eficaz na
busca do adimplemento do devedor.

Quanto à Metodologia empregada, registra-se que tanto na


Fase de Investigação quanto na Fase de Tratamento dos Dados e no Relatório dos
Resultados foi utilizado o método com base lógica Indutiva14.

14
O método indutivo consiste em pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las
15

Nas diversas fases da Pesquisa, acionaram-se as técnicas do


referente , da categoria16, dos conceitos operacionais17, da pesquisa bibliográfica18
15

e do fichamento19, em conjunto com as técnicas propostas por Colzani20.

de modo a ter uma percepção ou conclusão geral. (PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa
jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito. 9.ed. Florianópolis:
OAB/SC Editora, 2005. p. 87).
15
"Explicitação prévia do motivo, objetivo e produto desejado, delimitado o alcance temático e de
abordagem para uma atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa". (PASOLD, César
Luiz. Prática da pesquisa jurídica: ideias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito.
p.241).
16
“Palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou expressão de uma idéia". (PASOLD, César
Luiz. Prática da pesquisa jurídica: ideias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito.
p.229).
17
“Definição estabelecida ou proposta para uma palavra ou expressão, com o propósito de que tal
definição seja aceita para os efeitos das idéias expostas”. (PASOLD, César Luiz. Prática da
pesquisa jurídica: ideias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito, p.229).
18
“Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais”. (PASOLD,
César Luiz. Prática da pesquisa jurídica: ideias e ferramentas úteis para o pesquisador do
direito, p.240).
19
“Técnica que tem como principal utilidade otimizar a leitura na Pesquisa Científica, mediante a
reunião de elementos selecionados pelo Pesquisador que registra e/ou resume e/ou reflete e/ou
analisa de maneira sucinta, uma Obra, um Ensaio, uma Tese ou Dissertação, um Artigo ou uma
aula, segundo Referente previamente estabelecido”. (PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa
jurídica: ideias e ferramentas úteis para o pesquisador do direito, p.233).
20
COLZANI, Valdir Francisco. Guia para redação do trabalho científico. 2.ed. Curitiba: Juruá,
2005. p.95.
CAPÍTULO 1

EXECUÇÃO

A fim de estudar a execução da obrigação alimentícia, mister


se faz, inicialmente, temos uma clara noção do que a legislação processual civil
brasileira entende acerca da execução.

Destarte, o presente capítulo volta-se à análise da execução,


partindo de seu contexto histórico e conceitual, apresentando, posteriormente os
requisitos básicos para se promover qualquer espécie de execução para por fim
estudar as modalidades de execução baseada na diferenciação dos títulos
considerados como executivos judiciais e extrajudiciais.

1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA E CONCEITO

Para melhor entender o conceito de execução, se faz mister


uma breve incursão na evolução histórica deste instituto.

Parafraseando Santos21, a execução, no direito romano antigo,


sempre devia preceder sentença condenatória do devedor. No período das legis
actionis, sem que o devedor satisfizesse a condenação, o credor podia conduzir o
devedor ate o magistrado, que autorizaria sua apregoação em três feiras de nové
em nove dias com o objetivo de obter o valor que correspondesse à condenação.
Mesmo com o princípio de que a execução devia preceder a condenação do
devedor se acentuando na época clássica, a pessoa do devedor continuou sendo
ate na época clássica a ser a garantia do direito do credor, onde quando o devedor
não fosse resgatado o mesmo pagaria com sua mão-de-obra sua divida ao credor.

O processo germânico barbárico se diferia do romano. No


sistema romano o devedor era protegido e somente executado mediante ao

21
SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. 23 ed. rev.e atual. São
Paulo: Saraiva, 2009, p. 244 a 248.
17

convencimento de sua obrigação com fundamento na sentença condenatória. Já o


sistema germânico autorizava o credor a penhorar mesmo com suas próprias forças
os bens do devedor a fim de pagar-se o forçá-lo ao pagamento. Com o renascimento
do direito romano (século XI), defrontaram-se os dois sistemas, o romano, nos
moldes de processo justinianeu, e o germânico, os quais foram combinados pelos
juristas da Idade Média, dando lugar a um terceiro procedimento – executio per
officium iudicis.

O velho direito português, no regime das Ordenações


disciplinava os três procedimentos: a) a actio iudicati, admissível quando “se quer
pedir coisa em que ainda não há condenação”; b) a execução forçada, ou execução
per officium iudicis, ou execução da sentença, que era o procedimento normal de
execução; c) a ação executiva, fundada em créditos do fisco, foros enfitêuticos e
mais alguns poucos créditos privilegiados. Entretanto, a maior parte dos créditos,
que em outros países europeus autorizavam ação executiva, dava lugar à chamada
ação decendiária, ou ação de assinação de dez dias, de procedimento sumário, mas
não executivo.

Esses procedimentos perduraram no direito brasileiro, no


regime das Ordenações, do regulamento. nº 737, de 1850, e dos Códigos Estaduais,
salvo o da actio iudicati, já nos primeiros tempos do Império posta em desuso. O
Código de Processo Civil em vigor vem sofrendo sucessivas reformas, e, mais
particularmente, as provocadas pelas Leis nº 11.232 de 22 de dezembro de 2005, e
nº 11.382, de 6 de dezembro de 2006, levaram a um novo rumo o processo de
execução.

Quando as partes ingressam com uma ação, e qualquer delas


opta pela solução jurisdicional, propõe ação de conhecimento e, através de pedido
específico, formula a sua pretensão, entendido como fato, ou seja, ato da parte que
revela o que pretende na demanda. Na ação de execução ocorre o inverso, porque
não há pretensão resistida, isto é, o autor ao formular seu pedido, não afirma que o
réu não quer sujeitar-se ao que pretende ser seu direito, mas sim que, já estando o
18

mesmo acertado ou judicialmente reconhecido, não quer o executado satisfazer a


obrigação22·.

A execução tem por base sempre um título, isto é, determinada


causa que fundamenta o direito. Referido título adquire sua característica de
executividade se portador de requisitos substanciais e formais, reconhecidos em
lei23.

Cabe destacar o posicionamento de Montenegro24:

A execução é o instrumento processual posto à disposição do credor


para exigir o adimplemento forçado da obrigação através da retirada
de bens do patrimônio do devedor ou do responsável ( no modelo da
execução por quantia certa contra devedor solvente), suficientes para
a plena satisfação do exeqüente, operando se no beneficio deste
independentemente da vontade do executado, e mesmo contra a sua
vontade, conforme entendimento doutrinário unânime.

Theodoro Junior25 nos afirmar que o processo de execução


contém disciplina da ação executiva própria para a satisfação dos direitos
representados por títulos executivos extrajudiciais. Serve também de fonte normativa
subsidiária para o procedimento do cumprimento de sentença.

Originariamente a execução foi concebida a partir de valores


nitidamente patrimonialistas, com a nítida preocupação de viabilizar a transferência
de riquezas de um patrimônio ao outro considerando, de forma especial, a relação
jurídica que se dá entre credor e o devedor26.

Todavia, é freqüente na doutrina ouvir falar de execução como


transferência de valores jurídicos do patrimônio do réu para o autor. Isto é correto
quando se pensa na execução que objetiva ao pagamento de dinheiro ou de

22
ERNANE, Fidélis dos Santos. Manual de Direito Processual Civil. São Paulo, Saraiva. 2006,
p.06.
23
Op cite, p.06.
24
MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de Direito Processual Civil. Teoria Geral dos recursos
em espécies e processo de execução. 5 ed.São Paulo. Atlas, 2009. p. 222.
25
THEODORO JUNIOR, Humberto. Processo de Execução e Cumprimento de sentença. 40 ed.
Rio de Janeiro: Forense , 2004.p.120.
26
MARINONI, Luiz Guilherme.ARENHART,Sérgio Cruz.Curso de Processo Civil:Execução. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.p.69.
19

qualquer outra prestação que envolva a transferência de patrimônio, podendo ser


coisas móveis e imóveis, seja em virtude de direito real ou obrigacional27.

A ação de execução leva a formação do processo de


execução, que se instaura para a concretização de um direito reconhecido no titulo
judicial28.

1.2 REQUISITOS PARA PROPOR QUALQUER TIPO DE EXECUÇÃO

De acordo com Wambier29 os pressupostos para ingressar com


qualquer espécie de execução estão expressamente dispostos no Código de
Processo Civil, ressaltando:

Os pressupostos básicos para realizar a execução estão


estabelecidos precipuamente no art. 580 e seguintes. Nos termos do
art. 580: “A execução pode ser instaurada caso o devedor não
satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível, consubstanciada em
título executivo” (redação dada pela Lei 11.382/2006). E o art. 586
prevê que “a execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre
em titulo de obrigação certa, líquida e exigível” (redação determinada
pela Lei 11.232/2005), também alude à certeza e a liquidez da
“quantia” objeto da condenação. Ainda, o art. 618 determina ser nula
a execução não fundada em titulo que retrate obrigação liquida, certa
e exigível (incs.I e III). O art. 581, por sua vez, tal como já o
mencionado art.580, vincula a viabilidade da execução ao
inadimplemento total ou parcial do devedor.

Santos30 complementa esta posição lecionando que para que o


credor possa ingressar com uma ação de execução, o mesmo anteriormente terá
que possuir uma obrigação certa, líquida e exigível, a qual foi descumprida, assim
lecionando:

Descumprida a obrigação certa, líquida e exigível, consubstanciada


no titulo executivo, o credor pode ajuizar a execução (Cód. Cit., art.
580). Requerendo–a, está o credor a reclamar do Estado, ao seu
órgão jurisdicional, o emprego de medidas coativas que efetivem e
realizem a sanção inerente ao titulo executivo. Significa isso que o

27
MARINONI, Luiz Guilherme.ARENHART,Sérgio Cruz.Curso de Processo Civil:Execução. p.69.
28
DESTEFENNI, Marcos. Curso de processo Civil: Execução dos Títulos Extrajudiciais e
execuções especiais. São Paulo; Saraiva, 2009. p.13.
29
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. 10 ed. rev., ampl., e atual. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p.61.
30
SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. p. 248 a 249.
20

credor, para satisfação do seu direito, provoca o órgão jurisdicional a


realizar atos tendentes a assegurar a eficácia do titulo executivo.

Esse direito de promover a execução, de provocar a jurisdição a


efetivar a sanção, é direito de agir, é a ação. Promovendo-a o credor
exercita a ação que o titulo executivo lhe atribui, é a ação de
execução, que, baseada nesse titulo, nasce do inadimplemento do
devedor.

Assis31 relata que os requisitos são dois, organizados em


ordem invertida:

Trata se do inadimplemento (arts. 580 a 582) e do titulo (arts. 583 a


586). Impõe-se, todavia, além de prantear a rendição da lei a idéias
passageiras, talvez equivocadas, localizar tais requisitos na teoria do
processo.

O título funciona como “condição necessária e suficiente da


execução”, observado o tradicional princípio nulla executio sine titulo.
O inadimplemento corresponde à “situação de fato” que pode dar
lugar à execução.

Dentro do rígido sistema criado em torno do processo de


execução, bem ou mal a falta de apresentação do titulo gera a nulidade do
procedimento in executis (art. 618, I do CPC) Assim, o atendimento ao disposto no
art. 614, I do CPC, consiste em pressuposto de validez do processo.

Destarte, pelo que se observam os requisitos para promover


qualquer espécie de execução baseiam-se, principalmente no inadimplemento de
uma obrigação líquida, certa e exigível, representada através de um título executivo
judicial ou extrajudicial, conforme também podemos identificar nos próprios
dispositivos do Código de Processo Civil Brasileiro32, verbis:

Art. 580- A execução pode ser instaurada caso o devedor não


satisfaça a obrigação certa, liquida e exigível, consubstanciada em
titulo executivo.

Art. 581- O credor não poderá iniciar a execução, ou nela prosseguir,


se o devedor cumprir a obrigação; mas poderá recusar o
recebimento da prestação, estabelecida no titulo executivo, se ela
não corresponder ao direito ou à obrigação; caso em que requererá

31
ASSIS, Araken. Manual de Execução. p. 174 a 175.
32
Vade Mecum RT. 5 ed.rev. ampl. e atual. São Paulo:Revista dos Tribunais, 2010,p. 414.
21

ao juiz a execução, ressalvando ao devedor o direito de embargar -


lá.

Parágrafo único. (Revogado pela lei 11.382/2006-Dou 07.12.2006,


em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após a data de sua publicação,
de acordo com o art. 1º do Dec.-lei 4.657/1942-LICC.)

Art.582-Em todos os casos em que é defeso a um contraente, antes


de cumprida a sua obrigação, exigir o implemento da do outro, não
se procederá a execução, se o devedor se propõe satisfazer a
prestação, com meios considerados idôneos pelo juiz, mediante a
execução da contraprestação pelo credor, e este, sem justo motivo,
recusar a oferta.

Parágrafo único. O devedor poderá, entretanto, exonerar-se da


obrigação, depositando em juízo a prestação ou a coisa; caso em
que o juiz suspenderá a execução, não permitindo que o credor a
receba, sem cumprir a contraprestação, que lhe tocar.

Verificados os requisitos necessários para propor qualquer


espécie de execução, observa-se que a presença dos títulos executivos são
fundamentais, mister, portanto, nesta etapa da pesquisa estudar a distinção legal
dos títulos executivos, alvo do próximo item.

1.3 TÍTULOS EXECUTIVOS

De acordo com Santos33:

Titulo executivo consiste no documento que, ao mesmo tempo em


que qualifica a pessoa do credor, o legitima a promover a execução.
Nele está a representação de um ato jurídico, em que, figuram credor
e devedor bem como a eficácia, que a lei lhe confere, de atribuir
àquele o direito de promover a execução contra este.

No titulo estão compreendidos o objeto, os limites e a extensão da


execução.

Outrossim, segundo Assis34:

O titulo executivo constitui a prova pré-constituida da ação


executória. Esta consiste na alegação, realizada pelo credor na
inicial, de que o devedor não cumpriu, espontaneamente, o direito
reconhecido na sentença ou a obrigação. Deverá acompanhar a

33
SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. p.252.
34
ASSIS, Araken. Manual de Execução. p. 138, 139.
22

petição inicial. Efeitos deste documento se espraiam em tríplice


direção.

Focado no seu conteúdo, o titulo delimita, subjetivamente, a ação


executória; determina o bem objeto das aspirações do demandante;
e, às vezes, demarca os lindes da responsabilidade patrimonial.

A figura do titulo executivo está extremamente ligada à idéia de


35
criação legal, isto em conformidade com Wambier o qual nos faz jus a corrente
que nos diz que, o titulo executivo é necessário e suficiente para que o credor possa
ingressar com a execução, assim lecionando:

Título executivo é cada um dos atos jurídicos que a lei reconhece


como necessários e suficientes para legitimar a realização da
execução, sem qualquer nova ou prévia indagação acerca da
existência do crédito, em outros termos, sem qualquer nova ou prévia
cognição quanto a legitimidade da sanção cuja determinação está
veiculada no título.

Só será título executivo – só autorizará a ocorrência de execução -


aquele ato jurídico que a lei qualificar como tal. Há enumeração
exaustiva dos títulos executivos no ordenamento.

Não é demais ressaltar, assim como leciona Santos36 que o


titulo executivo, a necessidade de ser certo, liquido e exigível, caso não obter tais
requisitos, a execução será nula, acrescentando o mesmo autor:

Baseia-se a execução de título liquido certo e exigível, do qual consta


a obrigação líquida, certa e exigível. Da necessidade de coexistência
de tais requisitos para que o titulo tenha eficácia executiva, preceitua
o Código de Processo Civil, artigo 586 “A execução para cobrança de
crédito fundar-se-á sempre em título liquido, certo e exigível”. Vale
dizer, o titulo deve necessariamente expressar certeza, liquidez e
exigibilidade da obrigação a que visa executa: certeza diz respeito à
existência da obrigação, liquidez corresponde à determinação do
valor ou da individualização do objeto da obrigação, conforme se
trate de obrigação de pagar em dinheiro, de entrega de coisa, de
fazer ou não fazer, exigibilidade tem o sentido de que a obrigação,
que se executa, não depende de termo ou condição, nem esta sujeita
a outras limitações. Título que não reúna tais requisitos não goza de
eficácia executiva. “É nula a execução: se o titulo O crédito,
documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel,
bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesa de
condomínios”.

35
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de processo Civil. p.61.
36
SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. p.254.
23

Wambier37 relata que há duas correntes jurídicas, com


entendimentos diferenciados no que tange a títulos executivos:

Para uma corrente, o titulo executivo seria prova do crédito. Tratar-


se-ia de prova: (I) legal, porque estabelecia em lei; (II) integral,
porque abrangeria não só fatos como também o próprio direito de
crédito; (III) absoluta, uma vez que não admitiria, dentro do
procedimento executivo, nenhum outro elemento probatório em
sentido contrário.

Os adversários desse entendimento teceram-lhe a seguinte censura:


não há que se falar em prova, porque na execução não se investiga
a existência do crédito; não há julgamento acerca disso. Portanto,
não se tem, nessa hipótese, prova, no sentido correto do termo (de
elemento destinado a influenciar a convicção do juiz acerca dos fatos
pertinentes a direitos que ele tem que declarar). A teoria do titulo
executivo como prova desvirtuaria completamente a noção de prova.
Afinal, a prova propriamente dita jamais abrangeria fato e direito,
jamais seria absoluta, e assim por diante.

Nota-se, entretanto, que a Lei é clara ao definir que os títulos


executivos encontram-se em duas categorias ou classes, aqueles considerados
como títulos executivos judiciais, definidos no artigo 475-N do Código de Processo
Civil e aqueles considerados como títulos executivos extrajudiciais, definidos no
artigo 585 do CPC, melhor estudados nos itens a seguir.

1.3.1 Título Executivo Judicial

Os títulos executivos já eram existentes desde o direito romano


antigo, porém só foram divididos em judiciais e extrajudiciais a partir da idade média,
conforme leciona Assis38:

Foi na idade média, em decorrência inevitável do florescimento das


modernas relações mercantis, que a “necessidade de oferecer a
determinadas categorias de créditos uma tutela rápida e mais fácil”
estimulou a equiparação dos títulos criados pelos particulares, na
feição primitiva de instrumentos guarentigiata (ou confessionata), ao
titulo originado da sentença. Então, ambos passaram a render
executio parata.

Em conformidade com Wambier39 os títulos executivos judiciais


consistem em provimentos jurisdicionais, ou equivalentes, que contêm a
37
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. p.62.
38
ASSIS, Araken. Manual de Execução. p. 146.
24

determinação a uma das partes de prestar algo á outra. O ordenamento confere a


esses provimentos a eficácia de, inexistindo prestação espontânea, autorizar o
emprego dos atos executórios, acrescentando:

Conforme visto alhures, os títulos executivos judiciais são aqueles


que se encontram exclusivamente os arrolados nos incisos do art.
475-N co Código de Processo Civil, a saber:

I- a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência


de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;

II- a sentença penal condenatória transitada em julgado;

III- a sentença homologatória de conciliação ou de transição, ainda


que inclua matéria não posta em juízo;

IV- a sentença arbitral;

V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado


judicialmente;

VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Supremo Tribunal de


Justiça;

VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao


inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a titulo singular ou
universal.

1.3.2 Titulo Executivo Extrajudicial

40
Conforme leciona Assis os títulos executivos extrajudiciais
nada mais é que:

O titulo executivo extrajudicial prescinde de prévia ação


condenatória. Ele “não tem antecedência, mas antecipa-se à
sentença e cognição.” Conseguintemente, postergando a função de
conhecimento, o grau de estabilidade deste tipo de titulo diminui de
modo dramático. O principal sintoma da fragilidade se encontra no
regime heterogêneo da oposição do executado, que, contra
execução fundada em titulo extrajudicial, possui horizontes largos.

39
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. p.64.
40
ASSIS, Araken. Manual de Execução. p. 157
25

Santos 41 utiliza-se do artigo 585 do Código de Processo Civil,


para demonstrar todas as classes existentes no ordenamento jurídico brasileiro de
títulos executivos extrajudiciais:

São títulos executivos extrajudiciais os arrolados no art. 585 do


Código de Processo Civil, a saber:

A letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o


cheque;

A escritura pública ou outro documento público assinado pelo


devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas
testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério
Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos
transatores;

Os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução,


bem como os de seguro de vida;

O crédito decorrente de foro e laudêmio;

O crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de


tradutor, quando à custa, emolumentos ou honorários forem
aprovados por decisão judicial;

A certidão de divida ativa da fazenda Pública da União, dos Estados,


do Distrito Federal, dos Territórios, e dos Municípios, correspondente
aos créditos inscritos na forma da lei;

Todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir


força executiva.

Executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, liquida e


exigível. “

Tratada a diferenciação e identificados os títulos executivos,


mister se faz estudarmos as diversas espécies de execução que poderão ser
propostas a partir da obtenção prevista nos referidos títulos, alvo de estudo do nosso
próximo item.

41
SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. p. 254.
26

1.4 DAS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO

Santos42 alega que a execução é fundada em duas espécies,


os títulos executivos judiciais e os extrajudiciais, conforme já mencionamos:

Conforme a natureza do titulo em que se baseia, apresenta-se a


execução sob duas espécies: fundada em titulo executivo judicial e
titulo executivo extrajudicial.

Conforme a eficácia do titulo executivo, a execução será definitiva ou


provisória: Será definitiva quando baseada em sentença transitada
em julgado, ou em titulo extrajudicial; será provisória quando
baseada em sentença sujeita a recurso recebido apenas no efeito
devolutivo, ou na hipótese de titulo extrajudicial, enquanto pendente
apelação da sentença de improcedência dos embargos executados,
quando recebidos com efeito suspensivo. Há, portanto, a execução
provisória fundada em titulo judicial quando a sentença é provisória,
ao passo que a execução provisória baseada em titulo extrajudicial
quando forem recebidos com efeito suspensivo os embargos do
devedor, bem como quando a improcedência dos embargos for
interposta apelação.

Conforme a natureza da prestação devida a lei distingue três


espécies de execuções: execução para entrega de coisa certa ou
incerta; execução de obrigações de fazer ou de não fazer; execução
por quantia certa, com procedimentos distintos segundo se trate de
devedor solvente ou insolvente.

Desta forma, observa-se que dependendo do tipo de obrigação


veiculada no título a lei cria diversas e possíveis espécies de execução forçada,
conforme vemos a seguir.

1.4.1 Execução Para a Entrega de Coisa

Theodoro Júnior43 leciona que:

A execução para entrega de coisa corresponde às obrigações de dar


em geral, sendo indiferente a natureza do direito a efetivar, que tanto
pode ser real como pessoal.

No feito – contra o alienante (possuidor direto) – baseado numa


escritura pública de aquisição de imóvel, com constituo possessório,
devidamente assentado no Registro Imobiliário, o adquirente

42
SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras Linhas de Direito Processual Civil. p.. 256.
43
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 41 ed. Rio de Janeiro:
Forense , 2007, p.252.
27

(possuidor indireto) que reclama a posse direta do bem retido


injustamente pelo primeiro ter-se-á uma execução lastreada em
direito real. Já no caso de o comprador da coisa móvel que o
vendedor não lhe entregou, a execução do contrato se referirá a um
direito pessoal, já que o domínio só será adquirido pelo credor após a
tradição. Ambas as hipóteses, no entanto, ensejarão oportunidade ao
exercício da execução para a entrega de coisa.

Observa-se, portanto, que a execução para entrega de coisa


baseia-se nas obrigações de dar em geral, regidas pela legislação nos artigos 461-
A, para título executivos judiciais, e, nos artigos 621 a 631 para títulos executivos
extrajudiciais, todos do Código de Processo Civil.

1.4.1.1 Execução Para a Entrega de Coisa Certa

Theodoro Junior44 leciona que a entrega de coisa certa é uma


modalidade de execução forçada, uma vez que, se acaso o devedor não entregar o
que lhe foi determinado pelo juiz, o mesmo poderá lhe atribuir uma multa por cada
dia de atraso, e diferentemente de outros doutrinadores, o mesmo alega que,
execução de entrega coisa certa, cabe aos títulos executivos extrajudiciais, bem
como aos judiciais.

A área de abrangência da execução forçada para entrega de coisa


certa passou, nos últimos tempos, por marcantes modificações
legais, sucessivamente adotadas, ao mesmo tempo em o respectivo
procedimento, antes único, se adaptou ao propósito da busca da
maior utilidade e eficácia, graças ao recurso de opções modernas
recomendadas pela técnica das tutelas diferenciadas.

Tal como a definia o art. 621, em sua redação primitiva, a execução


para entrega de coisa certa tinha cabimento contra “quem for
condenado a entregar coisa certa”. Assim, para o Código só era
admissível essa modalidade de execução forçada nos casos de
títulos executivos judiciais.

A Lei nº. 8953, de 13.12.94, no entanto, modificou o texto do art. 621,


eliminando a referência que outrora limitava esse tipo de execução
as sentenças condenatórias. De tal sorte, passou a ser cabível a
execução de obrigação de dar coisa certa ou incerta tanto com base
em título judicial como extrajudicial.

44
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. p.252.
28

Assevera Wambier 45 que a entrega de coisa certa se utilizara


os requisitos expostos no Código Processual Civil, ensinando:

(...) No regime jurídico atual, a ação de conhecimento para obtenção


de cumprimento de qualquer dever de entrega de coisa – tenha ele
fundamento obrigacional ou real – será uma ação executiva lato
sensu e, secundariamente, mandamental. O processo do art. 621 e
seguintes, por sua vez, é reservado a casos em que aquele que
pretende o recebimento da coisa já detém título executivo,
independentemente do fundamento obrigacional ou real da
pretensão.

A execução para a entrega de coisa certa se dará a inicial executiva


atenderá aos requisitos dos arts. 614 e 615 e, no que couber 282 e
seguintes. Reputando-a regular, o juiz citará o devedor para entregar
a coisa ou depositá-la em juízo, no prazo de dez dias (art. 621,
caput). O juiz, ao despachar a inicial, poderá fixar multa por dia de
atraso no cumprimento do mandado executivo (art. 621, parágrafo
único - sobre multa).

1.4.1.2 Execução Para a Entrega de Coisa Incerta

46
Para Wambier a entrega de coisa incerta se dá através de
um tratamento diferenciado, uma vez que, a entrega a ser realizada, se dará em
algo/coisa já determinada, lecionando:

Recebe tratamento parcialmente especifico a execução para a


entrega de coisa incerta. Esta forma executiva tem por objeto a
apreensão de “coisas determinadas pelo gênero e quantidade”
(art.629). A mesma noção é repetida no art. 243 do Código Civil de
2002. A coisa incerta exige prévia individualização (escolha), que
normalmente compete ao devedor, o qual “não poderá dar a coisa
pior, nem será obrigado a prestar a melhor” (art. 244 do CC/2002).

Por muito se discutiu se coisa incerta e coisa fungível seriam a


mesma categoria. Os que afirmavam que sim se amparavam na
circunstância de que a coisa incerta é determinada por seu gênero e
quantidade – o que também se põe para os bens fungíveis.Os que
negavam tal identificação iam além e argumentavam que, sendo a
fungibilidade a característica das coisas que são iguais entre si e, por
isso, se equivalem, não haveria sentido em cogitar de escolha entre
elas: a necessidade de individualização só se poria para coisas
infungíveis, que são diferentes umas das outras.

45
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de processo Civil. p.373.
46
Op cite, p.377 e 378.
29

Afirma Theodoro Junior47 que a entrega de coisa incerta se dá


pela escolha de seu gênero e quantidade, uma vez que coisa incerta, já é
previamente determinada, pelo credor e/ou devedor, dependendo do titulo que o
mesmo possuir, acrescentando:

A execução para entrega de coisa incerta está prevista no art.629.


Tem cabimento nos casos de títulos que prevejam a entrega de coisa
determinadas pelo gênero e quantidade. Excluem-se da execução
das obrigações de dar coisa incerta, naturalmente, as de dinheiro,
que, embora sendo fungíveis, são objetos de execução própria, a de
quantia certa.

Nas obrigações de entrega de coisa incerta, a escolha, segundo o


titulo, pode ser do credor ou do devedor. Se é do credor, deverá ele
individualizar as coisas devidas na petição inicial da execução. Se for
do devedor, será este citado para entregá-las individualizadas a seu
critério (art. 629).

Tanto a escolha do credor como a do devedor podem ser


impugnadas pela parte contrária nas 48horas seguintes à
manifestação de vontade (art.630).

Os critérios para a escolha são os do art. 244 do Código Civil atual,


isto é, o devedor “não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a
prestar a melhor”.

Assis 48 ressalta ainda que:

As coisas “determinadas pelo gênero e quantidade”, a que aludem o


art. 629, princípio, e o art. 461 – A, § 1º, do CPC, de modo algum se
confundem com algo indeterminado e duvidoso. Sempre haverá meio
de individualizar coisas determináveis pelo gênero e quantidade, ou,
então, a procedimento executivo se tornaria infrutífero.

Por outro lado, coisa “incerta” tampouco equivale à coisa fungível.


Fungibilidade é característica que permite substituir a coisa por outra
“da mesma espécie, qualidade e quantidade”, dispõe o art. 85 do CC-
02.

1.4.2 Execução das Obrigações de Fazer e de Não Fazer

Assis49 assim define execução de fazer ou deixar de fazer


algo:

47
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. p.259.
48
ASSIS, Araken. Manual de Execução. p. 471.
30

Repleto de exigências de comportamento, o tráfico jurídico do mundo


moderno prestigia o facere, seja decorrente de dever imposto pela
lei, seja de vínculo obrigacional. À ação executória nascente do efeito
executivo da condenação civil interessa este último caso; à eficácia
mandamental, o primeiro.

O obrigado presta, se positiva a obrigação de fazer, um fato ou uma


atividade; se negativa a obrigação, o comportamento é omissivo.
Ademais, o facere pode ser fungível ou infungível. Neste, a conduta
pessoal do obrigado é indispensável, enquanto aquele tolera que
terceiro, com satisfação cabal da divida, reproduza o comportamento
objeto de fazer. Portanto, as obrigações infungíveis “somente podem
ser satisfeitas pelo obrigado em razão de suas aptidões ou
qualidades pessoais”.

No direito Romano Clássico as obrigações de fazer ou não


fazer resolvia se através de indenização, nos dias atuais resolve se através da
execução. Relata Theodoro Junior 50 que:

Obrigação de fazer é a que tem por objeto a realização de ato do


devedor. A de não fazer é a que importa no dever de abstenção do
obrigado, isto é, em não praticar determinado. Uma é positiva e outra
negativa.

Há, no caso, razões de ordem prática e ordem jurídica criando


obstáculos à execução forçada especifica. Subordinando o
cumprimento da obrigação a uma atividade ou abstenção do
devedor, na ordem prática fica a prestação na dependência de sua
vontade, contra a qual o Estado nem sempre dispõe de meio
adequado para exigir o implemento específico.

Daí o motivo pelo qual o Direito Romano proclamava que o


inadimplemento das obrigações de fazer ou não fazer resolver-se-ia
sempre na indenização, principio conservado, em toda pureza, pelo
direito medieval e que foi contemplado pelo Código de Napoleão.

Segundo Wambier 51:


(...) com a instituição do art. 461 (Lei 8.952/94), a sentença que no
processo de conhecimento impõe o cumprimento de dever de fazer
ou de não fazer deixou de ter força meramente condenatória,
passando a ser efetivada no próprio processo em que proferida. Tal
mudança foi expressamente confirmada pela Lei 10.444/2002. Desse
modo, no que tange às obrigações de fazer e de não fazer, deixou de
existir a principal hipótese de titulo executivo judicial.

49
ASSIS, Araken. Manual de Execução. p. 471.
50
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. p.264.
51
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. p.330.
31

A execução das obrigações de fazer e de não fazer para títulos


executivos judiciais encontra se elencada no artigo 461 do CPC, e para títulos
executivos extrajudiciais nos artigos 632 a 643, do Código de Processo Civil.

1.4.2.1 Execução das Obrigações de Fazer

Em conformidade com Theodoro Junior 52:

Em matéria de obrigação de fazer, entende-se por prestações


fungíveis “as que, por sua natureza, ou disposição convencional,
podem ser satisfeitas por terceiro, quando o obrigado não as
satisfaça”.

A grande importância da distinção que ora se faz está em que, sendo


fungível a prestação, poderá o credor executá-la especificamente,
ainda que contrariamente à vontade do devedor. Utilizar-se-ão, para
tanto, os serviços de terceiros e o devedor ficará responsável pelos
gastos respectivos (arts.633 e 634). Enquadra-se,também, no
conceito de prestação fungível a que na forma original não se pode
alcançar, mas permite substituição por medida capaz de produzir
“resultado prático equivalente”, segundo decisão judicial (art. 264 e
265).

Reconhece Assis53 que a obrigação de fazer se dará ao


comportamento do devedor:

Excelentemente redigido do ponto de vista técnico, o art. 632


subordina a execução do capítulo à “obrigação de fazer”. Assim, o
que importa, considerando a origem do titulo, é que o devedor
prestará um comportamento. Por definição, o dever de prestar toca
ao “condenado”, apesar de originariamente o facere constar de
direito absoluto, transformado, graças à disposição da parte, em
pedido condenatório, ou ao “obrigado” (no titulo extrajudicial).

1.4.2.2 Execução das Obrigações de Não Fazer

O devedor será obrigado a deixar de fazer uma conduta que


anteriormente lhe foi atribuída, conforme Wambier 54 nos relata:

Normalmente, já terá ocorrido a violação à obrigação de não fazer. É


bastante remota, em termos práticos, a chance de se possuir o titulo
executivo e se ajuizar a execução ainda na mera iminência da prática
do ato indevido – caso em que o único instrumento de tutela idôneo,

52
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. p.265.
53
ASSIS, Araken. Manual de Execução. p. 478.
54
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. p.330.
32

no âmbito do processo de que ora se trata, será a prévia fixação de


multa única em valor significativamente elevado, com vistas a
demover o obrigado de vir a praticar a conduta que lhe está vedada.

Tanto a determinação do desfazimento quanto a da cessação da


conduta continuada serão acompanhadas da cominação de multa
diária, a ser fixada independentemente de previsão no titulo e de
pedido do autor (art.645).

Assevera Theodoro Junior 55:

Não há mora nas obrigações negativas. Se o dever do obrigado é de


abstenção, a prática do ato interdito por si só importa inexecução
total da obrigação. Surge para o credor o direito a desfazer o fato ou
de ser indenizado quando os seus efeitos forem irremediáveis.

Não há, propriamente, como se vê uma execução da obrigação de


não fazer. Com a transgressão do dever de abstenção, o obrigado
criou para si uma obrigação positiva, qual seja, a de desfazer o fato
indébito.

1.4.3 Da Execução Por Quantia Certa Contra Devedor Solvente

Theodoro Junior 56 entende que:

Devedor solvente é aquele cujo patrimônio apresenta ativo maior do


que o passivo. Mas, para efeito da adoção do rito processual em
questão só é insolvente aquele que já teve sua condição de
insolvência declarada por sentença, de maneira que, na prática, um
devedor pode ser acionado sob rito de execução solvente, quando na
realidade não é.

A execução por quantia certa contra o devedor dito solvente consiste


em expropriar-lhe tantos bens quantos necessários para a satisfação
do credor (art. 591 do Código de Processo Civil).

A sanção a ser realizada in casu é o pagamento coativo da dívida


documentada no titulo executivo extrajudicial.

Após a provocação do credor (petição inicial) e a convocação do


devedor (citação para pagar), os atos que integram o procedimento
em causa “consistem, especialmente, na apreensão de bens do
devedor (penhora), sua transformação em dinheiro mediante
desapropriação (arrematação) e entrega do produto ao exeqüente
(pagamento).

55
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. p.273.
56
Op.cite. p.284.
33

Destarte, segundo Wambier57 este é um tipo de obrigação


monetária, sendo este um tipo de procedimento comum, lecionando:

(...) procedimento comum pelo qual se processa a execução de


obrigação de pagar valor em dinheiro (obrigação monetária), quando
solvente o devedor e o titulo extrajudicial. Trata-se de processo de
execução por quantia certa contra devedor solvente.

A execução por quantia certa exige em virtude de conter


parcialmente a disciplina das demais, seja por sua maior incidência
prática, seja porque lhe foi dedicado maior número de dispositivos
legais.

Verifica se que a execução por quantia certa contra devedor


solvente, é regida pelos artigos 646 e seguintes dispostos no Código de Processo
Civil, para títulos extrajudiciais e a partir do 475-I ao 475-R para os judiciais.

1.4.4 Da Execução Contra a Fazenda Pública

Wambier58 ensina que a execução de débitos da Fazenda


Pública deverá seguir o que determina os artigos do Capitulo IV, Seção III do Código
de Processo Civil Brasileiro, acrescentando:

A fazenda Pública, conceito esse relativo às entidades de direito


público interno( União, Estados, Municípios, Distrito Federal,
Territórios, além das autarquias e fundações cujos bens estejam
sujeitos ao regime de direito público) , tanto pode ser credora como
devedora. Na primeira hipótese, a cobrança de seus créditos segue o
lineamento da execução fiscal, traçado pela Lei 6.830/80. Quando,
todavia, se tratar de débito da Fazenda Pública, a execução se dará
pelas regras dos arts. 730 e 731.

Destarte, o Código de Processo Civil59 dispõe sobre a


execução contra a fazenda pública nos artigos 730 e 731, verbis:

Art. 730 – Na execução por quantia certa contra a fazenda pública,


citar-se-á a devedora para opor embargos em 10 (dez) dias; se esta
não os opuser, no prazo legal, observar-se-ão as seguintes regras:

I – o juiz requisitará o pagamento por intermédio do presidente do


tribunal competente;

57
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. p.181
58
Op. cite. p.427.
59
Vade Mecum RT.p. 428
34

II – far-se-á o pagamento na ordem de apresentação do precatório e


à conta do respectivo crédito;

Art. 731 – Se o credor for preterido no seu direito de preferência, o


presidente do tribunal, que expediu a ordem, poderá, depois de
ouvido o chefe do Ministério Público, ordenar o seqüestro da quantia
necessária para satisfazer o débito.

Marinoni e Arenhart 60 relatam que a Fazenda Pública tem seus


bens regidos por disciplina distinta daquela que trata dos bens particulares. Seu
patrimônio, porque em principio afetado a uma finalidade pública, não pode ser
livremente alienado ou onerado.

Quanto a competência do juízo na execução contra a Fazenda


Pública, segundo Assis61 processar-se-á nos moldes da regra geral do ordenamento
jurídico brasileiro:

A execução contra a fazenda Pública processar-se-á no juízo


competente consoante as regras gerais.

Tratando-se de título judicial, como sói ocorrer, competente é o juízo


que, no primeiro grau, formou ou teria formado o título caso não
houvesse recurso, a teor do art. 575, II, do CPC. É de exclusiva
competência do juízo competente para processar a execução, julgar
os embargos porventura opostos e, a fortiori, requisitar o pagamento
a resolução de quaisquer questões incidentes após a expedição do
precatório.

1.4.5 Da Execução da Obrigação Alimentar

Marinoni e Arenhart 62 ensinam que:

A execução de alimentos usualmente é fundada na sentença que


condena ao pagamento de alimentos, embora também possa se
basear em sentença que homologa transação em que alguém se
obriga a prestar alimentos, em sentença que determina o
cumprimento de testamento (os alimentos podem ser fixados em
legado – art. 1.920 do CC), em sentença estrangeira homologada
pelo Superior Tribunal de Justiça ou até mesmo em título
extrajudicial.

60
MARINONI, Luiz Guilherme.ARENHART,Sérgio Cruz.Curso de Processo Civil:Execução. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2007,p.391.
61
ASSIS, Araken. Manual de Execução. p. 959 e 960.
62
Luiz Guilherme.ARENHART,Sérgio Cruz.Curso de Processo Civil:Execução.p 385.
35

Wambier63 leciona que em regra, o título que aparelha a


execução de alimentos é o judicial, seja em sentença condenatória ou homologatória
de transação efetuada em juízo, seja a decisão interlocutória que concede alimentos
provisórios ou provisionais, ou seja, a liminar.

Assis64 relata por sua vez que não houve alterações na


execução de alimentos após a reforma da execução do titulo judicial:

A reforma da execução do titulo judicial, promovida pela Lei


11.232/2005, não alterou, curiosamente, a disciplina da execução de
alimentos, objeto do Capitulo V do Titulo ii do Livro II ( Do Processo
de Execução ). Por conseguinte, não se realizará consoante o
modelo do art.475-J e seguintes. Continua em vigor a remissão dos
arts. 732 e 735 ao Capitulo IV do Titulo II do Livro II do CPC, em que
pese tais disposições mencionarem, explicitamente, a execução de
“sentença”.

Marinoni e Arenhart65 lecionam ainda que o direito brasileiro


prevê quatro formas distintas para a execução de prestação alimentar e um
mecanismo assegurador da sua realização, tema este que será alvo de nosso
estudo no terceiro capítulo da presente pesquisa.

De momento, resta ainda tratar sobre as


modalidades/procedimentos distintos da execução baseadas nos tipos de títulos que
denotam a obrigação, já estudados anteriormente, matéria de estudo do próximo
item.

1.5 PROCESSO DE EXECUÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

Para Theodoro Junior66 o processo de execução contém a


disciplina da ação executiva própria para a satisfação dos direitos representados por
títulos executivos extrajudiciais. Serve também de fonte subsidiária para o
procedimento do cumprimento da sentença.

63
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de processo Civil. p.443.
64
ASSIS, Araken. Manual de Execução. p. 903.
65
MARINONI, Luiz Guilherme.ARENHART,Sérgio Cruz.Curso de Processo Civil:Execução.p 376.
66
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. p.122.
36

O artigo 475-R67 do Código de Processo Civil, dispõe que


“aplicam se subsidiariamente, ao cumprimento de sentença, no que couber, as
normas que regem o processo de execução de título extrajudicial”. Segundo
Theodoro Junior68.

Atualmente, no direito processual brasileiro, cumprimento de


sentença e processo de execução são realidades distintas e
inconfundíveis. Embora, o juiz utilize atos de procedimentos do
processo de execução para fazer cumprir a sentença condenatória,
isto se passa sem a instauração de uma relação processual, ou seja
sem a relação própria do processo de execução. Em lugar de
receber uma citação para responder por um novo processo, o
devedor recebe mandado para realizar a prestação constante da
condenação, sujeitando-se imediatamente à inovação em sua esfera
patrimonial, caso não efetive o cumprimento do mandamento
sentencial.

Por esta razão, mister se faz, ainda que de forma sumária,


estudarmos cada uma destas modalidades.

1.5.1 Processo de Execução

A autonomia do processo de execução, conforme leciona


69
Gonçalves , baseia-se aos títulos extrajudiciais, e, excepcionalmente, por titulo
judicial, nos casos de sentença penal condenatória, arbitral ou estrangeira, em que
não há prévia fase cognitiva no juízo cível.

70
Theodoro Junior demonstra em sua obra quais os elementos
que a relação jurídica estabelece dentro dos processos, que seriam os objetivos e os
subjetivos, sendo que para o processo de execução, não é diferenciado.

No processo, os elementos subjetivos compreendem as partes e


órgão judicial, que se apresentam como os seus sujeitos principais.
Mas há outros sujeitos secundários que atuam como auxiliares no
curso da marcha processual, tais como escrivães, oficiais de justiça,
depositários, avaliadores, peritos, etc.

67
Vade Mecum RT. p. 405..
68
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. p.129.
69
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil. 3 ed.São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 24.
70
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. p.164
37

Quanto aos elementos objetivos compreendem ora as provas, ora os


bens, que se revelam como objetos sobre os quais incide a atividade
processual.

Podemos, diante do exposto, apontar como elementos necessários


do processo de execução:

I - subjetivos: as partes: credor e devedor; o juiz, ou órgão judicial, e


seus auxiliares

II - objetivos: a prova do direito liquido, certo e exigível do credor,


representada, obrigatoriamente, pelo titulo executivo; os bens do
devedor, passiveis de execução.

Ainda quanto a possível oposição da parte devedora no


processo de execução, não se ouvirá, apenas, no caso de uma ação incidental de
embargos, neste sentido são os ensinamentos de Wambier71:

No processo de execução não haverá discussão acerca da efetiva


existência do direito; não se ouvirão-senão pela propositura
incidental de embargos – os argumentos do réu, no que tange ao
mérito. (...). Para concretizar a sanção, o Estado intromete-se no
patrimônio do devedor, independentemente de sua concordância, ou
impõe-lhe meios coercitivos, de pressão psicológica. Em suma, a
execução é bastante rigorosa para quem nela figura como
executado. Bem por isso, impõem-se à execução requisitos
especiais.

1.5.2 Cumprimento de Sentença

Conforme Destefenni72 o cumprimento de sentença deverá


ocorrer “junto a relação processual em que ela foi proferida, sem que seja
necessária à instauração de outro processo para a realização da atividade
executiva”.

Corroborando Dias73 nos relata em sua obra que o


cumprimento de sentença não mais depende de processo autônomo e transformou-
se em um incidente processual. Basta o credor peticionar nos autos do processo de

71
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de processo Civil. p.57.
72
DESTEFENNI, Marcos. Curso de Processo Civil. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 458.
73
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 5 ed.rev.atual. e ampl.São Paulo: Revista
dos Tribunais,2009, p.516 e 517.
38

conhecimento. Trata se de mera fase do processo de conhecimento,e não de nova


demanda angularizar-se pelo ato citatório.

De acordo com o artigo 475-I74 do Código de processo Civil “O


cumprimento de sentença far-se-á conforme os artigos 461 e 461-A desta Lei, ou se
tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais
artigos deste Capítulo”. Reporta-se aos dispositivos da lei mencionados para melhor
entendimento, verbis:

Art.461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação


de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da
obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

Art.461-A. Na ação que tenha por objeto à entrega da coisa, o juiz,


ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento
da obrigação.

Segundo Theodoro Junior75 o atraso no cumprimento da


sentença no caso de obrigações de fazer e não fazer acarretará em multas.

A multa por atraso no cumprimento da obrigação de fazer ou não


fazer cabe tanto na sentença como em decisão interlocutória de
antecipação de tutela. Cabe, também, em decisão incidental na fase
de cumprimento de sentença, se esta não a houver estipulado. É
assim que se explica a dupla menção da astreinte nos § 4º e 5º do
art.461. (...)

76
No mesmo sentido verifica se na obra de Dias que;

A multa tem aplicação automática, não havendo necessidade de ser


imposta pelo juiz. Persiste a divergência sobre a necessidade de dar
ciência ao devedor para que cumpra a sentença. Enquanto uns
entendem que o devedor não precisa ser intimado, outros sustentam
que é indispensável sua intimação pessoal. Já outra corrente diz que
basta a intimação do procurador do devedor pela imprensa oficial.

Tratados os requisitos básicos acerca da execução, suas


modalidades e procedimentos, faz-se necessário estudar as obrigações alimentares,
tema do próximo capítulo.

74
Vade Mecum RT. p. 401 e 403.
75
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. p.34.
76
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. p. 517.
39

CAPÍTULO 2

OBRIGAÇÃO ALIMENTAR

Tratada ainda que de forma sumária as regras gerais que


norteiam a execução no atual processo civil brasileiro no primeiro capítulo, para que
se possa estudar a execução da obrigação alimentar, ainda se faz necessário
estudar a obrigação alimentar. Desta forma, o presente capítulo volta-se à análise
histórica e conceitual da obrigação, do dever de prestar alimentos, da diferenciação
entre alimentos provisionais, definitivos, indenizatórios e gravídicos, por fim trata da
ação de alimentos e as possibilidades de revisão, exoneração e extinção da
obrigação alimentar.

2.1 OBRIGAÇÃO ALIMENTAR – EVOLUÇÃO HISTÓRICA E CONCEITUAL

Assis77 ensina que o direito pátrio ignora conceito claro e


explícito da obrigação alimentar, apesar de melhoras com a vigência do atual Código
Civil, ressaltando que:

Discrepantemente da linha traçada no art. 142 do CC espanhol, que


primeiro define o núcleo desta obrigação, e, em seguida, caracteriza
a relação jurídica alimentaria; o CC brasileiro de 1916 optou por via
oblíqua. Tratando do legado de alimentos, o art. 1.687 do antigo
diploma civil enumerou diversas notas que compõem o conteúdo da
obrigação – o sustento, a cura, o vestuário e a casa do receber de
alimentos -, e acresceu a elas a educação, se menor o legatário;
dificultava o transporte e a generalização de tal comando legislativo
dois motivos tormentosos: primeiro, a educação refoge ao conteúdo
mínimo da obrigação, porque ao menos uma das espécies de
alimentos não a contempla, ademais, maiores de idade também
merecem ser educados. Em parte, o panorama se alterou com o
vigente CC, que prevê com maior clareza, em algumas regras, o
conteúdo da obrigação alimentar.

77
ASSIS, Araken. Da Execução de Alimentos e Prisão do Devedor. 6 ed.rev.atual. e ampl.São
Paulo: Revista dos Tribunais,2004, p. 110.
40

Cahali78 expõe que o direito romano antigo conhecia a


obrigação alimentícia fundada em várias causas: a) na convenção; b) no testamento;
c) na relação familiar; d) na relação patronato; e) na tutela, lecionando:

(...) no direito romano, a obrigação alimentícia foi estatuída


inicialmente nas relações de clientela e patronato, vindo a ter
aplicação muito tardia (na época imperial) nas relações de família,
por obra de vários Rescritos mediante a cognitio dos Cônsules extra
ordinem.

Segundo se ressalta essa omissão seria reflexo da própria


constituição da família romana, que substitui durante todo o período
arcaico e republicano; um direito a alimentos resultante de uma
relação de parentesco seria até mesmo sem sentido, tendo em vista
que o único vínculo existente entre os integrantes do grupo familiar
seria o vínculo derivado do pátrio poder;a teor daquela estrutura,m o
paterfamilias concentrava em suas mãos todos os direitos, sem que
qualquer obrigação o vinculasse aos seus dependente, sobre os
quais, aliás, tinha o ius vitae et necis.

Terá sido a partir do principado, em concomitância com a progressiva


afirmação de um conceito de família em que o vínculo de sangue
adquire uma importância maior, quando então se assiste a uma
paulatina transformação do dever moral de socorro, embora
largamente sentido, em obrigação jurídica própria, a que
corresponderia o direito alimentar, tutelável através da cognitio extra
ordinem; a controvérsia então se desloca para a extensão das
pessoas vinculadas à obrigação alimentar.

Verifica-se que nos primeiros tempos do direito canônico, o


âmbito das obrigações alimentares, expandiu se, inclusive na esfera de relações
extrafamiliares.

Ciccaglione e Orestano citados por Cahali79 ensinam que:

Extraem se os seguintes aspectos fundamentais: no plano das


relações determinadas pelo vínculo de sangue, um texto, que em
realidade se referia aos liberis naturales do direito justinianeu,
inexatamente interpretado, terá sido o ponto de partida para o
reconhecimento do direito de alimentos também aos filhos espúrios
em relação ao companheiro da mãe durante o período da gravidez,
sem que se pudesse invocar, para, excluí-lo, a exceptio plurium
concumbentium; a obrigação alimentar poderia originar-se, para além
do vínculo de sangue, de outras relações “quase religiosas”, como o
clericato, o monastério e o patrono; a igreja teria obrigação de dar

78
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p. 41.
79
Op. Cite. p. 41.
41

alimentos ao asilado;questionava-se entre os canonistas se haveria


uma obrigação alimentar entre tio e sobrinho, ou entre o padrinho e o
afilhado, em razão do vínculo espiritual.

Cahali80 faz comparações com países chamados por ele


civilizados que segundo o autor “cuidam da obrigação por alimentos em extensões
variáveis, seja quanto à sua natureza (côngruos ou necessários), seja quanto às
pessoas que elas estariam vinculadas”, mencionando ainda que:

Disciplinando, cada sistema jurídico, o instituo alimentar, segundo


regras mais condizentes com as suas tradições e costumes, e em
razão de valores próprios que entende por bem tutelar, não há
interesse aqui na reprodução do direito alienígena, seja em sua fase
atual, seja em seus precedentes históricos; a colação é de ser feia
apenas na medida do necessário à análise ou melhor compreensão
do direito pátrio.

O Código Civil de 1916 cuidou da obrigação alimentar familiar como


efeito jurídico do casamento, inserindo-a entre os deveres dos
cônjuges sob a forma de “mútua assistência” (art. 231, III), ou de “
sustento, guarda e educação dos filhos” (art. 231, IV); ou fazendo
competir ao marido, como chefe da sociedade conjugal, “prover a
manutenção da família” (art.233, IV); ou como decorrência das
relações de parentesco (arts. 396 a 405).

O mesmo autor81, ainda menciona que diante desse quadro


extremamente complexo, esperava-se que o Código Civil de 2002 viesse a
proporcionar um instituto atualizado e sistematizado, pelo menos para tornar menos
dificultosa a sua utilização pelos operadores do direito, isso acabou não
acontecendo, mesmo tendo decorrido um largo período de estagnação do
anteprojeto e projeto, intercalado com a tramitação de profundas inovações no plano
da legislação da família; seja, igualmente, pela falta de uma visão de conjunto do
nosso sistema jurídico por aqueles que assumiram a responsabilidade pela nova
codificação.

Destarte, lecionaCahali82, que da miscelânea de princípios que


se procurou compor na redação definitiva do Projeto convertido em lei, tem-se que

80
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p. 42 à 44.
81
Op. cite. p. 42 à 44.
82
Op. cite p. 42 à 44.
42

algumas inovações se apresentam polêmicas, a merecer a análise em local próprio,


complementando:

Define-se o legislador pelo caráter patrimonial da obrigação


alimentícia; equipara o cônjuge e o companheiro aos parentes, no
direito de pedir alimentos, para fazê-los irrenunciáveis m qualquer
caso, e remanescendo a obrigação alimentícia mesmo que dissolvida
a sociedade conjugal pela separação judicial, até a benefício do
cônjuge que foi responsável por esta separação;

Provê-se a respeito dos alimentos côngruos (“os indispensáveis á


subsistência”), quando a situação de necessidade resulta culpa de
quem pleiteia, ou tratando-se de ex-cônjuge, foi responsável pela
separação judicial.

2.2 DO DEVER DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR

Villela citado por Dias83 ensina que com relação ao filho menor
o “pai” não deve alimentos, e sim, sustento ao alimentado, complementando:

O pai não deve alimentos ao filho menor – deve sustento, no dizer de


João Baptista Villela. Essa expressão é correta e justa que tem
assento constitucional (CF 229): os pais têm o dever de assistir, criar
e educar os filhos menores. Esses são os deveres inerentes ao
poder familiar (CC 1634 e ECA 22): sustento, guarda e educação.
Entre sustento e alimentos há considerável diferença. A obrigação de
sustento é obrigação de fazer. Deixando pai e filho de conviverem
sob o mesmo teto e não sendo o genitor o seu guardião, passa a
dever-lhe alimentos, obrigação de dar, representada pela prestação
de certo valor em dinheiro. Os alimentos estão submetidos a
controles de extensão, conteúdo de forma de prestação.
Fundamentalmente acham-se condicionados pelas necessidades de
quem os recebe e pelas possibilidades de quem os presta (CC 1694
§ 1º).

Atualmente ouve-se muito em filiação socioafetiva, onde caso o


menor tenho sido registrado em nome de terceiros, poderá, mesmo nestes casos
reivindicar alimentos ao pai biológico. Neste diapasão Dias84 ensina que:

Quando se fala em obrigação alimentar dos pais sempre se pensa no


pai registral, que, no entanto, nem sempre se identifica com o pai
biológico. Como vem, cada vez mais, sendo prestigiada a filiação
socioafetiva – que, inclusive, prevalece sobre o vínculo jurídico e o
genético -, essa mudança também se reflete no dever de prestar

83
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. p.477.
84
Op cite, p. 477 e 478.
43

alimentos. Assim, deve alimentos quem desempenha as funções


parentais. No entanto, sob o fundamento de que a responsabilidade
alimentar antecede o reconhecimento civil ou judicial da paternidade,
moderna corrente doutrinária – sob o regime de paternidade
alimentar – sustenta que a concepção gera dever de prestar
alimentos, inda que o pai biológico não saiba da existência do filho
nem de seu nascimento e mesmo que a paternidade tenha sido
assumida por terceiros. Daí ser de todo defensável a possibilidade de
serem reivindicados alimentos do genitor biológico, diante da
impossibilidade econômico-financeira, ou seja, diante da menor
capacidade alimentar do genitor socioafetivo, que não está em
condições de cumprir satisfatoriamente com a real necessidade
alimentar do filho que acolheu por afeição, em que o pai socioafetivo
tem amor, mas não tem dinheiro.

Cahali85 ensina ainda que:

Como dever inarredável dos genitores, o direito natural dos filhos de


serem por estes sustentados prescinde dos pressupostos do art.
1695 do CC; e só tem por inteiramente cumprido diante da prestação
do necessário a manutenção e criação da prole, não se esgotando,
portanto, na simples prestação de um quantum periódico ministrado
a titulo de pensão.

O dever de sustento compreende um elemento que, normalmente, é


estranho á obrigação alimentar, representado pelo dever de
educação.

A obrigação alimentar não se vincula ao pátrio poder, mas à relação


de parentesco, representando uma obrigação mais ampla que tem
seu fundamento no art. 1696 do novo código Civil; tem como causa
jurídica o vinculo ascendente-descendente.

Verifica-se assim que na opinião de Dias86 o dever da


obrigação alimentar surge antes do nascimento. O nascituro pode buscar alimentos,
pois a Lei resguarda seus direitos desde a concepção. Este entendimento foi
recentemente assegurado por Lei que o chama de “alimentos gravídicos”, ou seja,
alimentos à gestante, que se transformam em alimentos ao filho quando do seu
nascimento.

Ainda em relação a obrigação alimentar, relata Cahali87 que


esta é recíproca entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a

85
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p.454 e 455.
86
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. p.480.
87
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p. 469.
44

obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros. E, o art. 1697 do
Código Civil (repetindo o art. 398 do Código anterior), dispõe: “Na falta dos
ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e,
faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais”.

Clóvis citado por Cahali88 faz uma síntese onde divide a


obrigação alimentar em quatro classes de pessoas obrigadas à pretensão de
alimentos: 1) Os pais e os filhos; 2) na falta destes, os ascendentes, na ordem de
proximidade; 3) Os descendentes, na ordem da sucessão; 4) Os irmãos, assim
germanos como unilaterais.

Neste mesmo diapasão Dias89 ensina que:

A obrigação alimentar não é somente dos pais em decorrência o


poder familiar. Existe a reciprocidade de obrigação alimentar entre os
pais e filhos (CC 1696 e CF 229), ônus que se estende a todos os
ascendentes, recaindo sempre nos mais próximos. Se o parente que
deve alimentos em primeiro lugar não estiver em condições de
suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os
parentes de grau imediato (CC 1698). Assim, a obrigação alimentar,
primeiramente, é dos pais, e, na ausência de condições de um ou
ambos os genitores, transmite se o encargo aos ascendentes, isto é,
aos avós, parentes em grau imediato mais próximo.

A possibilidade de pleitear alimentos complementares a parentes de


outra classe – se o mais próximo não estiver em condições se
suportar totalmente o encargo – vem se consolidando em sede
jurisprudencial, que passou a admitir a propositura de ação de
alimentos contra avós.

Dias90 ainda explica que:

Com relação aos parentes, a obrigação alimentar acompanha a


ordem de vocação hereditária (CC 1829). Assim, quem tem direito a
herança tem dever alimentar. Quanto aos parentes em linha reta,
como o vinculo sucessório não tem limites (CC1829, I e II), é infinita
a reciprocidade da obrigação alimentar entre ascendentes e
descendentes (CC 1696). Tanto pais e avós devem alimentos a filhos
e netos, quanto netos e filhos têm obrigação com os ascendentes.
Entre os ascendentes, o ônus recai sobre os mais próximos. Os
primeiros obrigados a prestar pensão são os pais, que devem ser
acionados antes dos avós.

88
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p. 469.
89
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. p. 482.
90
Op. Cite. p. 482.
45

Na ausência dos parentes em linha reta, busca-se a solidariedade


dos colaterais (CC 1592). Entre estes a obrigação alimentar também
acompanha a ordem de vocação hereditária (CC 1829 IV). Ou seja,
tem dever de prestar alimentos que tem o direito de receber herança.
Especifica a Lei (CC 1697) que os irmãos, parentes em segundo
grau, tem obrigação alimentar independentemente de serem irmãos
germanos ( ou bilaterais, isto é, filhos de mesmo pai e mãe) ou
unilaterais ( identidade somente com relação a um dos pais). O
encargo alimentar, no entanto, estende se a todos os parentes, ou
seja, até os colaterais de quarto grau, mas essa não é a posição nem
da doutrina nem da jurisprudência.

Washington de Barros Monteiro citado por Cahali91 alega que o


encargo alimentar, em linha colateral, não vai além do segundo grau, o que colide
com o direito sucessório, que, em nossa legislação, vai até o quarto grau.

Seguindo a mesma linha, Dias92 demonstra que o silêncio do


legislador não significa a exclusão dos parentes acima do segundo grau da
obrigação alimentar, lecionando:

Ainda que, reconhecendo ser mais ampla a ordem de vocação


hereditária, de forma maciça a doutrina não admite que a
responsabilidade alimentar ultrapasse o parentesco de segundo
grau. No entanto, não se pode emprestar tal sentido ao fato de não
ter o legislador reconhecido a necessidade de detalhamento sobre a
obrigação dos parentes de terceiro e quarto graus. Trazer a lei
algumas explicações quanto à obrigação entre ascendentes e
descendentes, bem como explicitar o dever dos irmãos, não exclui os
demais parentes do encargo alimentar. O silêncio não significa que
tenham os demais sido excluídos dão dever de pensionar. Os
encargos alimentares seguem os preceitos gerais: na falta dos
parentes mais próximos são chamados os mais remotos, começando
pelos ascendentes, seguidos dos descendentes. Portanto, na falta de
pais, avós e irmãos, a obrigação passa aos tios, tios-avós, depois
aos sobrinhos-netos e, finalmente, aos primos.

Verifica se também no entendimento de Dias93 a obrigação


existente dos parentes adquiridos por afinidade, seja por casamento, ou por união
estável, reiterando:

A lei impõe a obrigação alimentar aos parentes sem qualquer


distinção ou especificidade (CC 1694). Parentes são quem a lei
assim identifica. A obrigação alimentar decorre não só do parentesco

91
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p. 489.
92
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. p. 485.
93
Op cite, p. 486 e 487.
46

natural ou consangüíneo, mas também do parentesco por afinidade.


O casamento e a união estável geram parentesco por afinidade entre
o cônjuge ou companheiro e os seus ascendentes, descendentes ou
irmãos (CC 1595 § 1º). Com s dissolução do vinculo dissolve se a
relação parental por afinidade na linha colateral, mas não na linha
reta.

De modo expresso, ressalva a lei a permanência do vinculo de


afinidade mesmo após a dissolução do casamento e da união estável
(CC 1595 § 2). Remanescendo o vinculo jurídico, mantém-se a
solidariedade familiar.

Ainda, pode-se observar nas lições de Dias94, acerca da


obrigação alimentar com relação aos idosos, ensinando que:

O Estatuto do Idoso veio atender ao comando constitucional que


veda discriminação em razão da idade (CF art. 3º) e atribui à família,
à sociedade e ao Estado o dever de ampara às pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua
dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida (CF230). Ao
operacionalizar esse direito, acaba o Estado assumindo, ainda que
em caráter subsidiário e complementar, a obrigação alimentar em
favor do idoso.

Parece que ninguém percebeu que, com o advento do Estatuto do


Idoso, passou a existir, modo explicito, a obrigação alimentar do
Estado. A constituição consagra como fundamento do Estado
Democrático de Direito a dignidade da pessoa humana (CF 1º, III), o
que às claras tem por pressuposto o direito à vida e à sobrevivência.
Reafirma o Estatuto o direito a alimentos do idoso (EI 11), obrigação
que tem por fundamento a solidariedade familiar (CC 1694). Mas
essas não são as únicas formas pelas quais a lei civil assegura
direito alimentar aos idosos. O Estatuto vai além. A partir de agora,
na ausência de parentes sem condições econômicas de prover o
sustento de quem tiver mais de 60 anos, a obrigação passa a ser do
Poder Público, no âmbito da assistência social (EI 14). Quem chega
aos 65 anos de idade sem meios de prover sua subsistência, nem
tendo sua família como lhe assegurar o sustento, faz jus a um
beneficio mensal no valor de um salário mínimo (EI 34). Claramente
tal encargo tem caráter alimentar, ou seja, o Estado possui o dever
de amparo para com o idoso que não tenha como se sustentar nem
tenha parente de quem possa se socorrer.

Dias95 acrescenta ainda que se o Estado deve alimentos aos


Idosos, deve também perante a criança e ao adolescente, asseverando o seguinte:

94
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. p. 487.
95
Op. Cite. p. 488.
47

Ora, se o Estado deve alimentos ao idoso, com muito mais razão é


de se reconhecer que tem a mesma obrigação com relação a quem
assegura, com absoluta prioridade, proteção integral: criança e
adolescente. Para se chegar a essa conclusão, basta invocar o
principio constitucional da igualdade.

Define o ECA. Como criança, a pessoa de até 12 anos incompletos,


e como adolescente, quem tem menos que 18 anos (ECA 2º). Como
a Constituição (CF 7, XXXIII e 227 § 3º, I) veda trabalho até aos 16
anos de idade, só admitindo o trabalho como aprendiz depois dos 14
anos, claramente não dispõem crianças e adolescentes, ao menos
até essa idade, de condições de prover a própria subsistência. Não
possuindo os pais meios de atender ao dever imposto pelo poder
familiar (CC 1568 e ECA 22), nem os demais parentes que, em
decorrência dos vínculos de consangüinidade, têm obrigação
alimentar (C 1591, 1592 e 1694), mister reconhecer a obrigação do
estado de assegurar a manutenção dos jovens carentes no âmbito
da assistência social.

O ser humano desde sua existência é carente, assim sendo, foi


imposto ao seu destino a dependência constante de alimentos para manter-se, no
nosso ordenamento jurídico os alimentos se dividem em provisionais, definitivos,
indenizatórios e gravídicos, conceitos estes apresentados no próximo item.

2.3 ALIMENTOS – PROVISIONAIS, DEFINITIVOS, INDENIZATÓRIOS E


GRAVÍDICOS

Wambier96 afirma que os alimentos podem classificar se em


função de diversos critérios, mas fundamentalmente de dois: sua origem e sua
finalidade. A origem dependerá do vinculo parental ou conjugal, já a finalidade esta
interligada aos tipos de alimentos.

A palavra alimento, empregada de modo comum, recorda ou


indica aquilo que é necessário ao ser humano consumir, de modo que possa
manter-se vivo e, portanto, subsistir.

Dias97 ensina que:

O modo como a Lei regula as relações familiares acaba refletindo no


tema alimentos. Em um primeiro momento, o poder familiar – com o
nome pátrio poder – era exercido pelo homem. Era o cabeça do
96
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de processo Civil. p.442 e 443.
97
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. p. 455 e 456.
48

casal, o chefe da sociedade conjugal. Assim, era dele a obrigação de


prover o sustento da família, o que se convertia em obrigação
alimentar quando do rompimento do casamento. Com o nítido intuito
de proteger a família, o Código Civil de 1916,quando de sua edição,
acabou perpetrando uma das maiores atrocidades contra as crianças
e adolescentes: simplesmente não permitia o reconhecimento dos
filhos ilegítimos, ou seja, filhos havidos fora do casamento. Com isso,
não podiam eles buscar a própria identidade nem os meios para
prover a sua subsistência. Somente 30 anos após foi permitido ao
filho de homem casado promover, em segredo de justiça, ação de
investigação de paternidade, apenas para buscar alimentos. Embora
reconhecida a paternidade, a elação de parentesco não era
declarada, o que só podia ocorrer depois de dissolvido o casamento
do genitor. Somente em 1989 é que foi admitido o reconhecimento
dos filhos “espúrios”, em face do principio da igualdade entre os
filhos, consagrado pela Constituição Federal.

Integram, necessariamente, esta definição, as figuras do


alimentante – que é aquele que provê os meios de subsistência – e do alimentado –
que é aquele que recebe provimento.

O posicionamento de Pontes de Miranda a respeito do


significado de alimentos é citado por Assis98 que menciona:

(...) a palavra alimentos, conforme a melhor acepção técnica, e,


conseguintemente, podada de conotações vulgares, possui o sentido
amplo de compreender tudo quanto for imprescindível ao sustento, à
habitação, ao vestuário, ao tratamento das enfermidades e às
despesas de criação e de educação. Ensinamento análogo se
encontra nas fontes do direito luso-brasileiro. Hoje em dia, ao
catálogo mencionado se acrescenta o lazer, fator essencial ao
desenvolvimento equilibrado, sadio, e à sobrevivência sadia da
pessoa humana.

Oportuno frisar que Beviláquia99 que admite que esteja


compreendido na definição e conceito que:

Alimentos não apenas o indispensável ao atendimento das


necessidades básicas ou exclusivamente restritas à nutrição do
alimentado, mas também o propiciar do indispensável a que o credor
dependente, levando em conta as possibilidades do devedor, receba
mais do que os recursos suficientes à sua subsistência, consideradas
as suas condições sociais, de modo que seja preservada a dignidade
da pessoa.

98
ASSIS, Araken. Da Execução de Alimentos e Prisão do Devedor. p. 110.
99
BEVILÁQUIA, Clóvis. Direito de família. 2 ed.Recife: Ramiro M. Costa, 1905.p.535.
49

Venosa100 relata com um termo mais vulgar, que alimentos é


tudo aquilo necessário para a subsistência de um ser humano o ser humano desde
seu nascimento até sua morte, necessita de amparo de seus semelhantes e de bens
essenciais ou necessários para a sobrevivência.No entanto, no Direito, além de
abranger os alimentos propriamente ditos, deve referir-se também à satisfação de
outras necessidades essenciais da vida em sociedade.

2.3.1 Alimentos Provisionais

Também denominados provisórios, são fixados preliminar ou


concomitantemente à ação principal e, via de regra, nas hipóteses de ação de
separação, divórcio, anulação de casamento, ou mesmo, no caso da própria Ação
de Alimentos. São fixados provisoriamente, destinando-se à manutenção do
requerente, bem como para fazer frente aos gastos com a própria ação que visa
estabelecer a obrigação alimentar.

Cahali101 registra que alimentos provisionais são aqueles que:

(...) Concedidos provisoriamente ao alimentário, antes ou no curso da


lide principal. No pressuposto de que concedidos também para
atender às despesas do processo, são chamadas alimenta in litem,
provisão ad litem ou expensa litis.

A medida é provisional, no sentido de regulação provisória de uma


situação processual vinculada ao objeto da própria demanda, de
cognição sumária e incompleta, visando a preservação de um estado
momentâneo de assistência.

Mas a concessão provisional de alimentos não participa desse


gênero de medida processual, ocupando um lugar à parte entre as
chamadas medidas cautelares – embora os alimentos provisionais
desempenhem função afim,não se identificam com os demais
provimentos cautelares.

Para Maria Berenice Dias102, alimentos provisórios e


provisionais não devem ser confundidos, ensinando que:

100
VENOSA, Sílvio de Salvo.Direito Civil. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2003. p.371.
101
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p.613.
102
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. p. 500.
50

Alimentos provisórios ou provisionais não se confundem possuem


propósitos e finalidades diferentes e, inclusive, são previstos em
distintos estatutos legais. É certo que ambos pertencem à categoria
de alimentos antecipados, tendo em conta a fase procedimental em
que ocorre seu deferimento pelo juiz; desde a postulação, sob forma
liminar e, freqüentemente, sem audiência da parte contraria. Os
alimentos provisórios são estabelecidos quando da propositura da
ação de alimentos, ou em momento posterior, mas antes da
sentença. Já os alimentos provisionais são deferidos em ação
cautelar ou quando da propositura da ação de separação, divorcio,
anulação de casamento, bem como na ação de reconhecimento de
união estável, e se destinam a garantir a manutenção da parte ou a
custear a demanda.

Provisórios ou provisionais não necessitam de audiência,


conforme já citado, diferentemente dos definitivos, os quais são frutos de uma
decisão do magistrado.

2.3.2 Alimentos Definitivos

Chamados também de regulares, os alimentos definitivos,


segundo Assis103, decorrem de acordo ou de ato decisório “final” do juiz, e ostentam
“caráter permanente, ainda que sujeitos a eventual revisão”.

Os alimentos fixados pela vontade dos interessados, ou das


partes, mediante ato unilateral ou através de acordo, bem como por decisão judicial,
com prestações periódicas, de caráter permanente, porém podendo ser revisado a
qualquer tempo. São definitivos ao final de uma ação judicial, com ânimo, portanto,
definitivo.

Segundo Dias104 tornam se definitivos a partir do transito em


julgado da sentença que os fixa. O valor encoberto pela coisa julgada dispõe de
efeito retroativo à data da citação somente quando foram estipulados em montante
menor, não existe essa retroação em face do principio da irrepetibilidade da
obrigação alimentar.

103
ASSIS, Araken. Da Execução de Alimentos e Prisão do Devedor. p.909.
104
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. p. 501.
51

2.3.3 Alimentos Indenizatórios

Os alimentos indenizatórios, ou devidos em razão do


cometimento de algum delito ou infração legal, podem ser estabelecidos
voluntariamente, frente a acordo ou disposição de vontade unilateral, ou em virtude
de imposição judicial, e assim, determinados em sentença, quando via de regra, é
ordenada a constituição de um capital, por parte do devedor, de modo que garanta,
quando possível pagamento futuro da prestação, caso o alimentante venha a cair
em estado de insolvência.

2.3.4 Alimentos Gravídicos

Para Maria Berenice Dias105 a expressão é feia, mas o seu


significado é dos mais salutares. A Lei 11.804/2008 concede à gestante o direito de
buscar alimentos durante a gravidez – daí “alimentos gravídicos”.

Entrou em vigor no dia 06 de novembro de 2008, uma nova lei


de alimentos, a Lei 11.804/08106, que busca disciplinar o direito a alimentos
gravídicos e a forma como ele será exercido, objetivando preencher uma triste
lacuna ora existente no Direito de Família, verbis:

Art. 2º Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores


suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez
e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as
referentes à alimentação especial, assistência médica e psicológica,
exames complementares, internações, parto, medicamentos e
demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo
do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes.

Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à


parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai,
considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela
mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos.

Os alimentos são classificados em provisionais, definitivos,


indenizatórios e gravídicos, quanto ao pagamento destes, deverá uma pessoa com

105
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. p. 481.
106
http://www.jusbrasil.com.br/noticias/165482/lei-11804-08-a-regulamentacao-dos-alimentos-
gravidicos (acessado em 25/07/2010 ).
52

relação de parentesco reclamar através de meio processual especifico, denominado


como ação de alimentos, tema este melhor explanado no tema a seguir.

2.4 AÇÃO DE ALIMENTOS

Este tipo de ação é o meio processual especifico posto à


disposição daquele que, por vinculo de parentesco ou pelo matrimônio (também por
união estável), tem o direito de reclamar de outrem o pagamento de pensão,
segundo relata Cahali107.

Para Dias108 este tipo de ato processual, se dá como uma


tutela de segurança ao credor, lecionando:

Deixando o obrigado de alcançar espontaneamente os alimentos,


mister que o credor busque o cumprimento da obrigação na justiça. A
urgência em garantir a subsistência do credor impõe que ação tenha
rito diferenciado e mais célere. Essa é a proposta da Lei de
Alimentos. Havendo prova de vínculo de parentesco ou da obrigação
alimentar, possível o uso da via especial para buscar o adimplemento
do encargo alimentar.

Dispõe de legitimidade para a ação o credor de alimentos. Enquanto


menor ou incapaz, cabe ser representado ou assistido por quem
detém a guarda do alimentando. Não é a representação legal que
confere a legitimidade, mas a guarda de fato. Assim, o credor vive na
companhia de uma pessoa com quem não tem vínculo de
parentesco, esta pode representá-lo em juízo.

Ainda segundo Venosa109 a ação de alimentos é regulada pela


Lei 5.478/68, ensinando ainda que:

Tem rito procedimental sumário especial, mais célere que o sumário,


uma espécie de sumaríssimo, como o dos Juizados Especiais, e
destina-se à aqueles casos em que não há necessidade de provar a
legitimação ativa do alimentando. Quando a paternidade ou
maternidade, o parentesco, em geral não está definido, o rito deve
ser ordinário, cumulando com o pedido de investigação com o pedido
de alimentos.

107
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p.540.
108
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. p. 495.
109
VENOSA, Sílvio de Salvo.Direito Civil. p.394 e 395.
53

De qualquer modo, a ação para pleitear o beneficio é a ação de


alimentos. No sistema do CPC de 1939, admitia - se medida cautelar
de prestação de alimentos provisionais, após a instrução sumária.

No mesmo sentido Cahali110 ensina que:

No sistema do CPC de 1939, a ação de alimentos era ordinário,


sujeita assim ao rito estabelecido nos arts. 291 a 297 daquele
Código; admitia-se, ante ou no curso da ação de desquite, de
nulidade ou anulação do casamento, medida cautelar de prestação
de alimentos provisionais (art. 676, VII), concedendo-os o juiz, ao
autor ou ao réu, após instrução sumária (art. 685), ou, em casos
excepcionais, sem a audiência da outra parte (art. 683).

Venosa111 ensina que:

A Lei 883/49, dispondo sobre o reconhecimento de filho ilegítimo,


disciplinou que o autor teria direito a alimentos provisionais desde
que lhe fosse favorável a sentença de primeira instância, embora
submetida a recurso (art.5º.).

Cahali112 vai um pouco além ao que tange a Lei 883/49,


defendendo o seguinte posicionamento:

Dispondo sobre o reconhecimento de filho ilegítimo, estatuiu, em seu


art. 4º., que “para efeito da prestação de alimentos, o filho ilegítimo
poderá acionar o pai em segredo de justiça”, acrescentando o art. 5º.
Que, “na hipótese de ação investigatória da paternidade, terá direito
o autor a alimentos provisionais desde que lhe seja favorável a
sentença de primeira instância, embora se haja, desta, interposto
recurso”.

Ainda segundo Venosa113:

Foi, no entanto, a Lei 5.478/68 que ordenou de forma sistemática a


pretensão a alimentos, almejando maior celeridade e eficiência.
Permanece possível a ação de procedimento ordinário, como vimos,
e o CPC de 1973 introduziu algumas modificações à lei anterior. A
Lei do Divórcio também trouxe algumas disposições processuais
sobre alimentos e a Lei nº. 8.560/92, já por nós examinada, atinente
à investigação de paternidade, também determina que, quando a
sentença de primeiro grau reconhecer a paternidade, nela se fixarão
os alimentos provisionais ou definitivos do reconhecido que deles
necessite (art. 7º.). A fixação na sentença de primeiro grau, nesses
110
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p.540.
111
VENOSA, Sílvio de Salvo.Direito Civil. p.395.
112
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p.541.
113
VENOSA, Sílvio de Salvo.Direito Civil. p.395.
54

casos, procura atender à premência da necessidade do filho, com


certo grau de verossimilhança.

Carlos Roberto Gonçalves114 ressalta em sua obra que:

Malgrado a ambigüidade do texto, o juiz não deve fixar de oficio os


alimentos provisórios, mas somente se o interessado o requerer
(CPC art.2º.). Cabe pedido de revisão de alimentos provisórios
fixados na inicial que será sempre processado em apartado.
Processar-se-á em apartado também a execução dos alimentos
provisórios. Os provisionais serão fixados pelo juiz nos termos da lei
processual (CC art. 1706).

Na sentença, o juiz fixa alimentos segundo seu convencimento, não


estando adstrito, necessariamente, ao quantum pleiteado na inicial.
Não constitui, assim, julgamento ultra petita a fixação da pensão
acima do postulado na inicial, pois o critério é a necessidade do
alimentando e a possibilidade o alimentante.

Em regra, a pensão é estipulada com base nos rendimentos do


alimentante, sendo atualizada automaticamente, na mesma
proporção dos reajustes salariais.

A ação revisional dos alimentos definitivos segue o mesmo rito da Lei


n. 5-478/68 (art. 13, caput). Inexiste prevenção para a ação revisional
ou exoneratória, sujeitando-se à regra especial de competência ou
foro do domicilio ou residência do alimentando (CPC, art. 100, II0, se
houve mudança de domicilio. Não tendo havido, sendo o pedido
formulado no mesmo foro, a competência será do juízo por onde
tramitou o processo de separação ou de alimentos em que a pensão
havia sido fixada.

Como o dever alimentar geralmente decorre de vínculo familiar,


deve ser trazida a inicial a prova de parentesco ou da obrigação por documento
público (certidão de nascimento ou casamento) ou de união estável.

Acerca do valor da causa Cahali115 discorre que no CPC de


1939, tinha-se que o valor da causa não constituía requisito indispensável da ação
de alimentos – no pressuposto de tratar-se de ação de estado, considerava se
irrelevante a omissão, pois o valor da causa não alteraria a competência recursal.

114
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil. p.172 e 173.
115
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p.547.
55

Washington de Barros Monteiro, citado por Cahali116, relata que


“a ação de alimentos assume tal caráter (ação de estado) se na causa é posto em
dúvida o parentesco ou o estado conjugal, alegado pelo autor; inexistindo
controvérsia a respeito, a obrigação é exclusivamente patrimonial”.

A questão se resolveu quando o atual Código de Processo Civil


estabeleceu em seu art. 259 que o valor da causa constará sempre da petição inicial
e será: “(...) VI – na ação de alimentos, a soma de doze prestações mensais,
pedidas pelo autor”.

Dias117 ressalta ainda que:

A ação inicia com a designação da audiência de conciliação e


julgamento, na qual as partes devem comparecer acompanhadas
das testemunhas. A ausência do autor implica o arquivamento da
ação. Assim, oportunamente pode o credor pedir prosseguimento da
ação. A solução afasta-se do procedimento do estatuto processual,
que preconiza nesses casos a extinção do processo sem resolução
de mérito, o que é salutar, em face da natureza do direito tutelado.
Descabido exigir que a parte promova nova ação. O não
comparecimento do réu leva á aplicação da revelia: reputam se
verdadeiros os fatos afirmados pelo autor. Porém, os efeitos da
revelia são relativos, eis que se trata de litígio que versa sobre
direitos indisponíveis. A doutrina é contrária a aplicação dos efeitos
da revelia em face da possibilidade de o julgador fixar os alimentos
abaixo ou acima do pedido. De qualquer forma, citado o réu,
deixando ele de comparecer â audiência e de contestar a ação,
impositivo que os alimentos sejam fixados no valor pleiteado pelo
autor. Como recebeu cópia da inicial, sabe qual é a pretensão do
credor. Manter se silencioso significa que concorda com o valor
pleiteado.

Desse modo, a ação especial de alimentos, aquela fundada em


prova pré-constituída da obrigação, vem sendo aplicada com aceitação desde sua
promulgação, há mais de três décadas. Trata-se, portanto, de uma ação que
compete a uma pessoa para exigir da outra, em razão de parentesco, casamento ou
união estável, os recursos de que necessita para a subsistência, na impossibilidade
de prover por si o próprio sustento, como defendido por Venosa118.

116
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p.543.
117
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. p. 496 e 497.
118
VENOSA, Sílvio de Salvo.Direito Civil. p.395.
56

A ação ainda pode ser ajuizada pelo interessado, por seu


representante legal e pelo Ministério Público quando intentar a ação em favor de
menores de 18 anos, sempre que se fizer necessário, nos termos do art. 201, III, do
Estatuto da Criança e do Adolescente.

Tratados os tipos de alimentos, bem como a ação alimentar,


ainda devemos conhecer as modalidades previstas na Lei que podem levar a
revisão, exoneração e extinção da obrigação alimentar, estudas no próximo item.

2.5 REVISÃO, EXONERAÇÃO E EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR

A pretensão revisional, modificativa ou de exoneração do


encargo alimentar, em conformidade com ensinamentos de Cahali119, encontra
suporte no art. 471, I, do CPC; nenhum juiz decidirá novamente as questões já
decididas, relativamente á mesma lide, salvo se, tratando-se de relação jurídica
continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito; caso em que
poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença.

Destarte, quando a divida alimentar poderá ser modificada a


qualquer momento desde que as necessidades do alimentado condigam com as
possibilidades do alimentante, estamos tratando então de uma ação de revisão de
alimentos.

Pelissier citado por Cahali120 ressalta alguns pontos da


jurisprudência francesa:

A jurisprudência francesa, qualificando a revisão como medida de


execução, decide que as ações de revisão seriam de competência do
juiz que havia estabelecido, pela primeira vez, o principal e o
montante do crédito alimentar; uma parte da doutrina aprova esta
solução, argumentando que a execução da pensão supõe
necessariamente a fixação de seu montante em uma quantia
determinada, não sendo, porém, definitiva essa fixação; ela supõe
novas intervenções do juiz, para adaptação à nova situação do
credor e do devedor; o caráter provisório e revogável da pensão
alimentícia implica nesta constante intervenção do juiz, uma atividade
que diz respeito à execução da decisão originária.

119
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p. 662.
120
Op. Cite.p. 662.
57

Segundo Dias121 a obrigação de prestar alimentos se perpetua


por vários longos anos, eis ai a possibilidade de sua revisão, ensinando que:

Como o dever alimentar se prolonga no tempo, são comuns as ações


revisionais, por ter havido ou aumento ou redução, quer das
possibilidades do alimentante, quer das necessidades do alimentado.
Tais alterações, como provocam afronta ao principio da
proporcionalidade, autorizam a busca de nova equalização do valor
dos alimentos. Também a alegação do fim da necessidade do
alimentando dá ensejo à pretensão exoneratória. Porém, o só
implemento da maioridade não serve de justificativa para buscar a
cessação da obrigação alimentar, muito menos a exoneração liminar
do encargo. O STJ não admite a exoneração automática do encargo
alimentar, quando da maioridade do credor.

Ainda que na ação de alimentos a revelia do réu enseje os efeitos da


confissão quanto á matéria de fato, dita não se aplica em se tratando
de ação revisional que busca a redução ou a exoneração do encargo
alimentar. O pressuposto para essas demandas é a alteração de um
dos vértices do binômio alimentar: a impossibilidade do alimentante
de pagar ou a redução ou a inexistência da necessidade do credor.

Cahali122, ao citar Tornaghi, Brandão Lima e Nelson Carneiro,


relata seus pensamentos com relação a competência da ação revisional ou
exoneratória:

No direito brasileiro, Tornaghi pretende que, pelo teor do art. 100, II,
do CPC “ verifica-se que ele se refere à ação em que os alimentos
são solicitados; as posteriores, que não visam à concessão mas à
mudança do que já foi concedido, têm de ser propostas no foro ou no
juízo prevento.”

Brandão Lima também considera que, “para quaisquer alterações


posteriores da pensão alimentícia, pleiteadas através de ações
revisórias, face às modificações da situação financeira dos
interessados ou da própria desvalorização de nossa moeda, não
mais haverá escolha, o juízo está prevento”.

Ainda citando Cahali123 o mesmo relata que:

E, tratando se de extinção automática, pelo simples implemento do


termo extintivo da obrigação, não teria que exigir se do genitor o
ajuizamento a ação de exoneração para, só com a procedência dela,
ficar liberado da prestação alimentícia ao filho que atingiu a

121
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. p. 527 e 528.
122
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p. 663.
123
Op. Cite. p. 457.
58

maioridade; a este é que competiria agora a iniciativa da reclamação


de alimentos, sujeita a pensão a pressupostos diversos; assim, que
“a maioridade civil represente extinção do pátrio poder, ou na
linguagem do novo CC, poder familiar do pátrio poder, ou na
linguagem do novo CC, poder familiar, a trazer como conseqüência,
para o alimentante, o afastamento de sua obrigação de continuar
prestando alimentos aos filhos, salvo exceções, devidamente
comprovadas”.

Como visto ao se tratar sobre a revisão, para Dias124 as ações


de exoneração também são freqüentes, ensinando:

Freqüentemente são as ações de exoneração pela alegação da


impossibilidade do alimentante de continuar ao dever alimentar.
Nessa hipótese se faz mister uma robusta prova da incapacidade
absoluta do devedor, principalmente quando ausente prova de que
não subsiste a necessidade do alimentando. Os argumentos são a
constituição de nova família, ou o nascimento de outros filhos, porém
esses acontecimentos não justificam o pedido de redução do
encargo alimentar, sob pena de se estar transferindo a obrigação
alimentar de uns filhos para os outros. Esses fatos, inclusive, mais
servem a evidenciar a capacidade econômica do alimentante, pois só
se constituiu família ou tem filhos quem tem condições para tal.

Conforme correlaciona Wambier125 o crédito de natureza


alimentar não deixa de ser uma divida pecuniária, ou seja, que se satisfaz, em regra,
com a entrega do dinheiro. Perfeitamente aceitável, e não raro ocorre, a satisfação
dessa espécie de crédito in natura. Mas, basicamente, trata-se de obrigação que se
cumpre mediante pecúnia.

Ainda, segundo Cahali126, a obrigação alimentar representa o


ponto de partida da sucessiva e ampla reelaboração do instituto, compilada pelos
glosadores e comentadores, de que resulta claramente a determinação do círculo da
obrigação no âmbito familiar, compreendendo os cônjuges, ascendentes e
descendentes, irmãos e irmãs.

Para Dias127 o fundamento desta obrigação de prestar


alimentos é o principio da preservação da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º,
III) e o da solidariedade social e familiar (CF ,art. 3º), pois vem a ser um dever
124
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias.p.528.
125
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de processo Civil. p. 374.
126
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p. 41.
127
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias.p.530.
59

personalíssimo, devido pelo alimentante, em razão de parentesco, vinculo conjugal


ou convivencial que o liga ao alimentando.

Verificado o dever da obrigação alimentar, os tipos de


alimentos existentes no ordenamento jurídico brasileiro, bem como a ação de
alimentos, a presente pesquisa pode passar ao estudo da execução da obrigação
alimentar tema do terceiro e derradeiro capítulo.
60

CAPÍTULO 3

EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR

Tratadas as questões teóricas fundamentais para o


desenvolvimento da presente pesquisa nos capítulos anteriores, finalmente a
pesquisa pode voltar-se ao estudo do problema norteador do trabalho neste capítulo
que trata, inicialmente, sobre o título executivo que corresponde a obrigação
alimentar, posteriormente, os modos a execução alimentar, medidas assecuratória
da execução alimentar, e, por fim, a possibilidade da prisão civil.

3.1 REQUISITOS PARA PROPOR A EXECUÇÃO DE OBRIGAÇÃO ALIMENTAR

Os requisitos para propor a execução de alimentos se


confundem, como visto alhures, com os requisitos necessários para propor qualquer
espécie de execução, ou seja a detenção de título executivo que represente uma
obrigação liquida, certa e exigível, não satisfeita voluntariamente pelo devedor
obrigado. Acrescenta-se, apenas, que se trata de um tipo específico de obrigação, a
de alimentos, conforme estudado no capítulo anterior.

Destarte, mister se faz apenas dissertar acerca dos requisitos


elencados iniciando-se pela presença do título executivo. Para Assis128.o CPC
(1973), não estabelece execução diferenciada em relação à obrigação alimentar,
baseada na espécie de título executivo, ou seja, não é necessário definir a espécie
de titulo que estará sendo utilizado na ação de execução, pois existem vários meios
executórios, e o titulo poderá ser judicial ou extrajudicial, principalmente no âmbito
do meio de coerção.

Neste mesmo diapasão, Alfredo Buzaid, citado por Assis129


leciona que “o legislador brasileiro de 1973, a respeito dos títulos executórios,

128
ASSIS, Araken. Da execução de alimentos e prisão do devedor. p. 134.
129
ASSIS, Araken. Cumprimento de Sentença. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 192.
61

manteve o regime vigente, adotando a política de unificação das vias executivas,


decidindo-se pelo conteúdo do art. 583 do CPC, o qual enuncia que toda execução
se fundará em titulo executivo judicial ou extrajudicial”.

Para melhor compreensão, segue os artigo 732 e 733 do CPC:

Art. 732 - A execução de sentença, que condena ao pagamento de


prestação alimentícia, far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV
deste Título.

Parágrafo único - Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento


de embargos não obsta a que o exeqüente levante mensalmente a
importância da prestação.

Art. 733 - Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os


alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3
(três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a
impossibilidade de efetuá-lo.

§ 1º - Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á


a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.

§ 2º - O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento


das prestações vencidas e vincendas.

§ 3º - Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento


da ordem de prisão.

Assis130 leciona ainda que:

O artigo 735 do CPC também passa a idéia de que o credor pode


executar o devedor, através de titulo judicial, que foi estabelecido no
processo de conhecimento, se este não realizar o pagamento dos
alimentos estabelecidos na condenação/sentença determinada pelo
juiz.

Art. 735 - Se o devedor não pagar os alimentos provisionais a que foi


condenado, pode o credor promover a execução da sentença,
observando-se o procedimento estabelecido no Capítulo IV deste
Título.

Salienta Assis131 que o crédito alimentar a princípio pode se


mostrar compatível com o titulo extrajudicial e deve receber tratamento igual a

130
ASSIS, Araken. Da execução de alimentos e prisão do devedor. p. 135.
131
Op. Cite. p. 135.
62

qualquer crédito, pois não possui nenhuma peculiaridade em relação aos demais
créditos, fazendo a seguinte menção no tocante aos títulos executivos extrajudicial:

Titulo extrajudicial poderá ser gerado quando a pessoa obrigada a


prestar alimentos, assume essa responsabilidade perante a um
acordo particular, confeccionando um documento nos moldes do
artigo 585, inciso II do CPC, realizando um negocio jurídico amigável,
isso geralmente ocorre nas uniões estáveis, que tem seu fim de
forma pacífica.

Prosseguindo Assis132, ainda defende que ao admitir o título


extrajudicial, o devedor poderá ser privado de sua liberdade eventualmente, a partir
de um documento obtido sem condenação judicial. A defesa do devedor também fica
desfavorecida, no rito da coerção pessoal, pois se revela pouco eficaz e adequada a
tais finalidades, pois não se pronunciará em torno do crédito.

Já Paulo Furtado citado por Assis133 defende que:

O reconhecimento desse direito se pleiteia por intermédio da ação de


alimentos (pressuposto da qual é a prova do parentesco, ou do
vínculo familiar). Mas, derivada a obrigação alimentar do testamento
(por força do legado); de sentença judicial que condene ao
pagamento de alimentos para cobrir danos decorrentes de ato ilícito;
ou de contrato, normalmente seguir-se-á a execução, se o titulo –
liquido certo exigível, de que se tirem a obrigação e o direito – é o
título judicial passado em julgado autorizando, portanto a execução.

Porém, para fins da presente pesquisa, adota-se o


posicionamento dos autores referidos acima que o título vai servir como formador do
requisito essencial a promover Ação de Execução de prestação alimentícia, pode ser
judicial ou extrajudicial.

Quanto a obrigação alimentar representada no título ainda


deve ser liquida certa e exigível, ou seja, não haja mais discussão quanto a sua
validade, quantidade e qualidade, bem como haja a inadimplência por parte do
devedor, assim sendo, tornando possível sua exigência de forma forcada/coercitiva
através do devido processo de execução que será processado de modos distintos
estudados no item a seguir.

132
ASSIS, Araken. Da execução de alimentos e prisão do devedor. p. 138.
133
Op. cite, p. 138.
63

3.2 OS MODOS/PROCEDIMENTOS DA EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO


ALIMENTÍCIA

Inicialmente, não é por demais relembrar, como visto no


capítulo 1, que para se realizar qualquer execução é preciso se verificar o
inadimplemento do devedor (art. 580). Destarte, considera-se inadimplente,
esclarece o Código Civil, o devedor que não se satisfaz espontaneamente o direito
reconhecido pela sentença ou a obrigação a que a lei atribuir à eficácia de titulo
executivo.

Desta forma, após verificado a presença dos requisitos básicos


exigidos pela Lei para promover qualquer espécie de execução, obrigação líquida
certa e exigível, consubstanciada em título ou títulos executivos (judiciais ou
extrajudiciais) e a presença da inadimplência do devedor, pode o credor/alimentado
promover a execução forçada da prestação alimentícia.

A disciplina processual, conforme leciona Assis134 não se


identificam quaisquer restrições a alguma classe de alimentos no emprego dos
meios executórios, o mesmo autor acrescenta ainda que:

No que tange à correlação dos meios executórios com as diversas


espécies de alimentos, impõe-se realizar importante distinção. Os
meios executórios guardam distância das garantias porventura
outorgadas ao crédito alimentar, ante a repercussão social desta
espécie de vínculo. O art. 911 do CPC de 1939 contemplava, no
capitulo destinado à liquidação de sentença, a conversão dos lucros
cessantes em prestação de renda ou pensão, mediante pagamento
de capital que, em juros legais e levada em conta a duração provável
da vida da vitima, assegurasse as prestações devidas nas ações de
indenização por ato ilícito. Contemplava tal disposição o art. 912 de
1939, prevendo a fixação deste capital “na ação principal”, dentre
outras estipulações. Por sua vez, o texto originário do CPC de 1973
possuía disposição similar (art. 622) no capitulo V (Das disposições
gerais) do Titulo I (Da execução em geral) do Livro II (Do processo
de Execução), tendo por objeto, especificamente, a indenização que
incluía “prestação de alimentos”. Finalmente, a Lei 11.232/2005
inseriu o novel art. 475-Q capitulo X (Do cumprimento da Sentença)
do titulo VIII (Do procedimento ordinário) do Livro I (Do processo de

134
ASSIS, Araken. Da execução de alimentos e prisão do devedor. p. 140.
64

conhecimento). Tal acréscimo em nada muda a estrutura e a função


do dispositivo: a garantia do crédito alimentar.

Wambier135 leciona que a execução de alimentos necessita de


meios mais eficazes, asseverando:

Todavia, o sistema processual dotou o credor de alimentos de outros


mecanismos destinados á satisfação do crédito, mais ágeis do que
os disponíveis para os créditos de outra natureza, porque os
alimentos não se equiparam ás dívidas comuns. O inadimplemento
da prestação alimentar não ocasiona meramente diminuição
patrimonial, mas risco à própria sobrevivência do alimentando. Daí a
necessidade de meios mais eficazes para essa modalidade de
execução.

De acordo com Assis136:

Os meios executórios constituem a reunião de atos executivos


endereçada, dentro do processo, à obtenção do bem pretendido pelo
exeqüente. Eles veiculam a força executiva presente em todas as
ações classificadas de executivas, e não só aquelas que se originam
do efeito executivo da sentença condenatória.

Assim, Wambier137 defende que a execução de prestação


alimentícia pode ocorrer de quatro modos/procedimentos distintos, seguindo uma
gradação, ou seja, certa ordem hierárquica de preferência, a saber:

a) o desconto em folha de pagamento;

b) cobrança de aluguéis ou outros rendimentos do devedor;

c) expropriação de bens do devedor; e,

d) coerção (prisão civil).

Essa gradação na preferência entre os meios de execução


atende tanto ao interesse do credor (que tem, em primeiro lugar, o modo mais
simples e ágil de cobrança) como ao do devedor (que apenas terá sua prisão
decretada em última hipótese). Estudamos cada uma destas modalidades nos itens
a seguir.
135
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de processo Civil. p. 374.
136
ASSIS, Araken. Da execução de alimentos e prisão do devedor. p. 90.
137
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de processo Civil. p. 374.
65

3.2.1 Desconto em Folha de Pagamento e seu Procedimento

Segundo Wambier138 este modo de execução é de notável


eficácia, na medida em que evita o formalismo (e, mesmo, as despesas) do
procedimento de expropriação.

Leciona Cahali139 que:

Estabelece o art. 734 do CPC: ”Quando o devedor (de prestação


alimentícia) for funcionário público, militar, diretor ou gerente de
empresa, bem como empregado sujeito a legislação do trabalho, o
juiz mandará descontar em folha de pagamento a importância da
prestação alimentícia. Parágrafo único. A comunicação será feita a
autoridade, à empresa ou ao empregador por oficio, de que
constarão os nomes do credor, do devedor, a importância da
prestação e o tempo de sua duração”.

No mesmo sentido leciona Montenegro filho140:

De qualquer modo, observa se que a Lei de Ritos prevê o pagamento


da obrigação de alimentos pode ser realizado através do desconto de
valores na folha de pagamento de funcionário público, militar, diretor
ou gerente de empresa, bem como funcionário sujeito a legislação
trabalhista, matéria que se encontra prevista no art. 734 do CPC,
quebrando a regra geral do art. 649 da mesma Codificação, que
protege os salários do devedor na redoma da impenhorabilidade. A
efetivação da medida far-se-á á através de que proceda com o
desconto de importância de logo definida, fixando se o tempo de sua
duração.

Ainda segundo Assis141:

Esta clara a preferência do texto da lei se baseia nas usanças do


tráfico jurídico, em que o desconto – modalidade de expropriação
caracterizada pela ablação direta de dinheiro integrante do
patrimônio do executado na fonte pagadora – se revelou
prodigiosamente eficiente.Na experiência pretoriana, a implantação
do desconto, no comando da sentença condenatória ou no acordo da
separação consensual, previne execuções futuras. Assim, timbrou o
legislador por elegê-lo prioritário.

138
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de processo Civil. p. 375.
139
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p. 711.
140
MONTENEGRO FILHO, Misael. Curos de Direito Processual Civil. São Paulo: Atlas, 2007.
p.444.
141
ASSIS, Araken. Manual de Execução. p. 904.
66

Wambier142 relata que o desconto em folha de pagamento é


uma espécie de penhora sobre o dinheiro, que excepciona a regra da
impenhorabilidade de salários, ensinando ainda que:

O desconto é ordenado de oficio, que conterá os nomes do credor e


do devedor, a importância a ser descontada e o tempo de sua
duração (art. 734, parágrafo único), este último requisito na hipótese
de ter sido fixado tempo certo, ordinariamente, não ocorre, sendo
mais comum a determinação por desconto por prazo indeterminado.
Se, porventura, sobrevier alteração na obrigação alimentar, (por
exemplo, novo provimento em ação revisional), novo oficio será
emitido, com as alterações havidas.

Recebendo o oficio, o empregador (ou outro, a este equiparado para


fins dessa modalidade de execução) imediatamente passará a
deduzir o montante a ser pago ao devedor, o valor correspondente à
prestação alimentícia, para entrega ao credor.

Mister ainda ressaltar o ensinamento de Wambier143 quanto a


lei não explicitar o modo como o valor deve ser entregue ao alimentando. Por isso,
deve ocorrer de maneira que lhe seja mais cômoda, seja através de depósito
bancário, seja por pagamento no escritório, ou repartição, ou similar, ou mesmo por
outro meio que seja conveniente ao credor, não estando afastada a hipótese de
recebimento por procurador.

3.2.2 Cobrança em Aluguéis ou outros Rendimentos do Devedor e seu


Procedimento

Os alimentos podem ser descontados de outras fontes de


renda, como por exemplo, de aluguéis, e fornecidos diretamente ao credor, sendo
que qualquer tipo de rendimento pode vir a ser objeto de retenção para cumprimento
da obrigação alimentar.

Segundo Assis144:

Existindo “aluguéis de prédios” e “outros rendimentos”, o alimentário,


compulsoriamente, terá de utilizar a expropriação (art. 17 da Lei
5.478/1968). Nenhum relevo há na natureza ou na origem desses

142
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de processo Civil. p. 375.
143
Op. Cite. p. 376.
144
ASSIS, Araken. Manual de Execução. p. 913.
67

“rendimentos”. Por tal motivo, o emprego dessa via executiva não


fica condicionado à profissão do devedor, como ocorre, em regra, no
desconto. Importante rememorar que, na execução de alimentos
devidos pelo cônjuge, havendo casamento pelo regime da comunhão
universal, exclui-se a metade da renda liquida, a qual pertence ao
próprio credor, a teor do art. 4 parágrafo único, da Lei 5.478/1968.

Leciona Wambier145 sobre este tema que:

Previsto no art. 17 da Lei de Alimentos, esse modo de execução é


outra espécie de penhora sobre o dinheiro. Na eventualidade de não
ter o devedor recebimento de salários ou outra contraprestação por
trabalho, pode o credor buscar outros valores pecuniários,
pertencentes ao devedor.

O art.17 menciona “alugueres de prédios ou quaisquer outros


rendimentos do devedor. Disso resulta ser alcançável por essa
modalidade de penhora, qualquer espécie de renda: aplicações
financeiras, carteiras de ações, recebimento de arrendamento,
participações em lucros de empresas etc.

Com relação ao procedimento deste tipo de execução leciona


Wambier146 que embora a Lei de Alimentos não trace especificamente o
procedimento, tem-se que é similar ao desconto em folha de pagamento.

A cobrança será ordenada pelo juiz, através de oficio


endereçado àquele que tem a obrigação de pagar o rendimento ao alimentante
(locatário, estabelecimento, empresa, etc.), devendo conter os mesmos requisitos
previstos no art. 734, parágrafo único, ou seja, os nomes do credor e do devedor, a
importância a ser descontada e o tempo de sua duração.

Também nessa modalidade de execução deve o ofício conter a


assinatura do juiz, porque não está afastada a hipótese da prática do delito prevista
no art. 22 da Lei de Alimentos, uma vez, que além do empregador ou funcionário
público, “nas mesmas penas incide quem, de qualquer modo, ajuda o devedor a
eximir-se ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou
majorada” (parágrafo único art. 22). Assim, se, por exemplo, se o locatário se
recusar a entregar a parcela relativa aos alimentos, poderá esta incurso nas sanções
desse dispositivo legal.

145
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de processo Civil. p. 376/377.
146
Op. Cite. p. 377.
68

Por fim ressalta Wambier147 que a cobrança de aluguéis ou


outros tipos de rendimentos, também é uma forma de penhora. Por isto, também
enseja embargos, e o prazo deve fluir a partir do primeiro desconto.

3.2.3 Expropriação de Bens do Devedor e seu Procedimento

Não sendo possível a execução pelas modalidades


anteriormente estudadas, Wambier148 defende que poderá o credor de prestação
alimentícia requerer a execução através da constrição de bens do devedor, para
posterior arrematação.

A ordem de preferência da execução da pensão alimentícia,


segundo a Lei de Alimentos encontra se elencados nos seus artigos 16, 17 e 18149.

Art. 16. Na execução da sentença ou do acordo nas ações de


alimentos será observado o disposto no artigo 734 e seu parágrafo
único do Código de Processo Civil.

Art. 17. Quando não for possível a efetivação executiva da sentença


ou do acordo mediante desconto em folha, poderão ser as
prestações cobradas de alugueres de prédios ou de quaisquer outros
rendimentos do devedor, que serão recebidos diretamente pelo
alimentando ou por depositário nomeado pelo juiz.

Art. 18. Se, ainda assim, não for possível a satisfação do débito,
poderá o credor requerer a execução da sentença na forma dos
artigos 732, 733 e 735 do Código de Processo Civil.

Wambier150 leciona ainda que:

Por isso, a expropriação forçada não deve ocorrer sem antes a


tentativa do desconto em folha de pagamento e a cobrança de
aluguéis ou outras rendas. Isso porque é mais interessante sob a
ótica do credor. No entanto, dado o principio de que a execução deve
se dar pelo meio menos gravoso ao devedor, não há óbice a que o
alimentando opte, desde logo, pela expropriação.

Neste diapasão Assis151 observa que:

147
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. p. 377.
148
Op. Cite. p. 377.
149
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L5478.htm .Acessado em 30/outubro/2010.
150
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. p. 378.
69

Em síntese, o procedimento executivo se governará pelos trâmites


do rito comum, iniciando com petição inicial, guarnecida dos
requisitos legais, inclusive na hipótese de escolha compulsória da
expropriação. Deferindo a inicial, o juiz ordenará a citação do
executado (art. 652). A única particularidade reside no objeto da
penhora, que recairá em crédito do devedor, no caso de incidência
do art. 17 da Lei 5.478/1968.

Ainda relativo ao procedimento, por regra geral, a oposição de


embargos suspende a execução. O parágrafo único do art. 732 CPC, cria exceção,
dispondo que, se a penhora recair em dinheiro, o credor está autorizado a levantar
mensalmente a importância da prestação, independentemente da oposição de
embargos152.

Assim, ainda que embargada a execução, o credor pode desde


logo, receber a prestação alimentícia, do mesmo modo que receberia com o
desconto em folha de pagamento ou sobre outros rendimentos.

3.2.4 Da Coerção (Prisão Civil) e seu Procedimento

De acordo com ensinamento de Wambier153 a prisão civil não é


propriamente meio de execução, mas meio coercitivo sobre o devedor, para forçá-lo
ao adimplemento, porque, com a prisão em si mesma, não se obtém a satisfação do
crédito alimentar. O que se busca é que, ante a ameaça de prisão, ou mesmo a sua
concretização, o devedor pague a prestação alimentícia, como forma de evitar ou
suspender o cumprimento da prisão.

Importante ressaltar ainda que a prisão será sempre medida


excepcional, só admitida ante o permissivo constitucional (art. 5º, LXVII), visto que o
ordenamento jurídico repudia a prisão por dívida.

Destaca Assis154 que:

O art. 733 do CPC estatui procedimento específico, em que o meio


executório é a coação pessoal, aplicável, exclusivamente, a crédito
alimentar, cuja prestação seja pecuniária. Por conseguinte, há nele
151
ASSIS, Araken. Manual de Execução. p. 916.
152
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. p. 378.
153
Op cite, p. 378.
154
ASSIS, Araken. Da execução de alimentos e prisão do devedor. p. 168.
70

um sistema, alguns princípios e vários problemas próprios, em nada


equiparáveis àqueles verificados no rito comum da expropriação, que
solicitam redobrada atenção.

Wambier155 ressalta ainda que não é o simples inadimplemento


que autoriza a prisão. A norma constitucional é expressa: ”inadimplemento voluntário
e inescusável de obrigação alimentícia”. Assim, se o devedor demonstrar que
inadimpliu por fatores estranhos á sua vontade, está afastada a hipótese de prisão”.

Acerca desta modalidade de coerção ressalta-se que não será


admitida por inadimplemento de Alimentos Indenizativos, estes frutos de um ato
ilícito.

Wambier156 explica como deverá ser proposta este tipo de


execução:

A execução deve ser proposta por petição inicial, com os requisitos a


esta inerentes, nos próprios autos em que foi proferido o
pronunciamento (sentença, decisão ou acórdão). Se o titulo for
extrajudicial, a propositura segue as regras gerais de competência. A
petição inicial deve ir acompanhada da memória do cálculo, para
viabilizar o pronto pagamento.

Recebida a inicial (não afastada a hipótese de emenda), o juiz


ordenará a citação do devedor, abrindo-se-lhe o prazo de três dias
para uma das três hipóteses:

1. Efetuar o pagamento: É o objetivo primordial desse meio


coercitivo.

2. Provar que já pagou: Pode ocorrer de o devedor já ter efetuado o


pagamento, e a execução ser indevida.

3. Justificar a impossibilidade de pagamento: Como a prisão civil só


pode ser decretada ante o inadimplemento voluntário ou inescusável.

Sendo impossível o adimplemento, a execução não se


extingue, uma vez que o crédito persiste e a impossibilidade pode ser momentânea,
esta modalidade, no entanto, é estudada de forma mais detida no item 3.4 adiante.

155
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de processo Civil. p. 379.
156
Op. cite. p. 379.
71

Por fim, não obstante a legislação brasileira admitir, de acordo


com o entendimento dos autores mencionados acima procedimentos distintos para
execução da obrigação alimentar, mister se faz destacar que estes seguirão a forma
de processo de execução, não admitindo-se o simples cumprimento da sentença.

3.3 MEDIDAS ASSECURATÓRIAS DO PAGAMENTO DA OBRIGAÇÃO


ALIMENTAR

Outrossim, relevante a efetiva obtenção do bem da vida


almejado, o estudo dos meios assecuratórios em caso de inadimplência e de
execução forcada.

A obtenção de medidas assecuratórias pode vir através dos


conhecidos procedimentos cautelares previstos no CPC nos artigos 796 ao 889.
Referidos procedimentos podem ter caráter preventivo ou incidental. Preventivo
quando propostos com objetivo de garantirem execução futura e incidentais quando
propostos no decorrer do próprio processo de execução.

Para Bellantoni e Pontorieri, citados por Cahali157, o juiz deve


limitar se a condenar o devedor a prestação dos alimentos, no entanto, fazendo-se
necessário, poderá, em havendo pedido expresso do credor, determinar o seqüestro
de bens do devedor como medida assecuratória, lecionando:

Tratando se, porém, de garantias a serem determinadas a pedido do


cônjuge credor, no caso dos §§ 1º e 2º do art. 21 da Lei de Divórcio,
definindo se tais garantias como medidas cautelares tendentes a
assegurar o pagamento da pensão, o pedido será autuado em
separado, observando se o rito dos processos cautelares (Livro III do
CPC art. 796), aplicando se, por analogia, os dispositivos que cuidam
da caução real ou fiduciária (CPC arts. 826-838).

Destarte, através da obtenção, por exemplo, de uma garantia


real o beneficiário consegue o pagamento da pensão, com preferência e exclusão
dos demais credores pelo valor do imóvel destinado exclusivamente a satisfação.

157
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p.729.
72

Rizzardo observa que158:

Se visar a prestação da garantia por meio de caução, deve-se


ingressar em juízo pelo rito especial, na qual formaliza o pedido para
que o obrigado ofereça garantia. Para a execução por meio de
usufruto ou de constituição de capital, segue se o rito ordinário com
pedido de tutela antecipada.

Caso, a caução não seja interposta no prazo determinado, não


será deferia a medida cautelar, tendo como conseqüência a não restituição dos bens
ou valores, mas o depósito dos mesmos.

Orlando Gomes, citado por Cahali159, destaca que:

O usufruto, pela sua natureza, teria finalidade mais propriamente


satisfativa, do que simples garantia de pagamento de pensão devida:
”Quanto à constituição de usufruto, não é propriamente uma garantia
para assegurar o pagamento da pensão alimentícia, mas um modo
de pagá-la. Em vez de entregar ao credor periodicamente certa
quantia em dinheiro ( pensão), concede-lhe o devedor o usufruto de
determinados bens,provocando, com onerosa constituição desse
direito real, o desvirtuamento da própria essência dos alimentos. a
substituição a pensão pecuniária pelo usufruto depende de
manifestação de vontade do devedor, no sentido de que prefere essa
forma de pagamento. No entanto, a verdadeira interpretação da lei
seria que só admite o usufruto como garantia, isso é, substituição de
uma garantia real, ou fidejussória, mas, assim sendo, os frutos que
percebesse o usufrutuário teriam de ser imputados na pensão ,
complicando muito o pagamento dos alimentos.

Cahali160 relata que a garantia real poderá ser obtida sem


participação voluntária do devedor, restando se o procedimento cautelar da caução,
que se refere o art. 826 do CPC, para a constituição do respectivo titulo e
especificação do bem que ficará sujeito ao vinculo; com a diferença de que aqui, “ a
sentença condenatória constitui titulo de hipoteca judiciária”, procedendo se então a
averbação, no Registro de Imóveis, da “caução judicial incidente sobre o imóvel.

Ainda Citando Cahali161 o mesmo ressalta que tratando se de


garantia que visa assegurar para o futuro o adimplemento da prestação alimentícia,

158
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Familia. Rio de Janeiro: Forense, 2006. P. 830.
159
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p.730.
160
Op. cite. p.731.
161
Op.cite. p.731.
73

esta só será eficaz, para o futuro, e enquanto permanece a obrigação do alimentante


de prestá-la.

Outrossim, o juiz no julgamento da ação poderá impor caução


de oficio, caso seja omitida a providencia na sentença, ao credor é licito pleitear
caução mediante a demanda do dispositivo 829162 do CPC, verbis:

Art. 829 - Aquele que for obrigado a dar caução requererá a citação
da pessoa a favor de quem tiver de ser prestada, indicando na
petição inicial:

I - o valor a caucionar;

II - o modo pelo qual a caução vai ser prestada;

III - a estimativa dos bens;

IV - a prova da suficiência da caução ou da idoneidade do fiador.

Cicu, citado por Cahali163, explica que com relação a hipoteca


judicial:

A hipoteca judicial sobre bens do obrigado não favorece o


alimentando em caso de conflito com outros credores do devedor
comum, no que esses poderão pretender que seus créditos sejam
satisfeitos com preferência sobre o crédito alimentar - apenas depois
de satisfeitos os credores hipotecários comuns, com o remanescente
é satisfeita a obrigação alimentar.

Azzaritti e Martinez, citados por Cahali164, lecionam que na


obrigação alimentar imprópria, que se perfaz mediante o fornecimento da prestação,
sob forma de pensão, dos meios para obtenção do necessário á vida, assegura se
ao alimentando um direito de crédito, que encontra garantia genérica ao patrimônio
do obrigado, e pode dar lugar em todo caso à ação de simulação ou à ação
pauliana.

162
Vade Mecum RT. p. 435.
163
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p.734.
164
Op. cite. p.734.
74

Destarte, conforme se viu, há divergência entre alguns


doutrinadores, no tocante a preferência do alimentando com relação aos outros
credores. Alguns alegam que na garantia real pode ser obtida sem a participação
voluntaria do devedor, onde o credor terá preferência com relação aos próximos
credores. Já na hipoteca judicial sobre bens, a relação é diferenciada, primeiro
satisfaz os credores hipotecários comuns, após a satisfação de crédito alimentar.

3.4 DA PRISÃO CIVIL NA EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO ALIMENTÍCIA

A possibilidade do pedido da medida de coerção da prisão civil


dentro da execução de prestação alimentícia, ganha aqui espaço próprio, por se
tratar, muitas vezes, de modalidade preferida pelo credor em decorrência de sua
eficácia, e da mais temida pelo devedor em decorrência da perda da sua liberdade.

A Constituição Federal expressamente consignou em seu


artigo 5º, inciso LXVII, a vedação da prisão civil, exceto nos casos de pensão
alimentícia e depositário infiel, o qual também não cabe mais, conforme Súmula
Vinculante 31165, restando tão somente nos casos de inadimplemento da obrigação
alimentar.

Conforme já relatado anteriormente, a prisão do alimentante


relapso, não é pena, mas meio e modo de constrangê-lo ao adimplemento da
obrigação alimentar, conforme relata Cahali166:

A prisão por divida foi banida de nossa legislação; a divida alimentar,


entretanto, constituiu exceção à regra e, por isso mesmo, há de ser
examinada com rigor que se exige na exegese das normas
excepcionais.

Nesta linha, tendo apenas compulsivo, a prisão “não pode ser


transmudada em coercitiva, a pretexto de advertência para não se
repetirem impontualidades ou como sanção de impontualidades
passadas”. Aliás, não sendo pena, não se sujeita aos prazos

165
A Proposta de Súmula Vinculante 31 foi ajuizada em 14 de abril de 2009. Na Sessão Plenária de
16 de dezembro de 2009, os ministros decidiram por editar súmula vinculante com o texto
proposto, confirmando, então, ser ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade do depósito. http://www.conjur.com.br/2010-jan-01/fim-prisao-civil-depositario-infiel-
sumula-vinculante .Acessado em 30/outubro/2010.
166
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p.742.
75

prescricionais do Código Penal, se não cumprido o mandado


respectivo.

Cahali167 assevera que:

(...) a prisão civil por dívida, como meio coercitivo para o


adimplemento da obrigação alimentar, é cabível apenas no caso dos
alimentos previstos nos arts. 1.566, III, e 1.694 do atual Código Civil,
que constituem relação de direito de família. Inadmissível, assim, a
sua cominação determinada por falta de pagamento de prestação
alimentícia decorrente de ação de responsabilidade ex delicto.

Para melhor esclarecimento, menciona os artigos 1566 e 1694


do Código Civil168:

Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:

(...)

III - mútua assistência;

(...)

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir


uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo
compatível com a sua condição social, inclusive para atender às
necessidades de sua educação.

§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades


do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.

§ 2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência,


quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os
pleiteia.

Segundo Maria Berenice Dias169:

Existe profundo e lamentável descompasso em relação ao prazo da


prisão em sede de execução de alimentos. O CPC alude a alimentos
provisionais e fixa o interregno de um a três meses (CPC 733 § 1º).
Por outro lado, a Lei de Alimentos (LA 19) limita o tempo de custodia
a sessenta dias, quando o objeto da pretensão constituir alimentos
definitivos.

167
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p.743.
168
Vade Mecum RT. p. 281 e 290.
169
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias.p.524.
76

Apesar do notável esforço da doutrina, no intuito de harmonizar as


discrepantes normas, a solução encontrada pelos juízes foi decretar
o aprisionamento por prazo não superior a sessenta dias. Como
prisão é providência executiva, deve ser promovida pelo meio menos
gravoso ao devedor (CPC 620).

No mesmo sentido relata Cahali170:

A disciplina legal recepcionada encontra se difusamente estatuída na


Lei de Alimentos, cujo art. 19 dispõe que o “juiz para instrução da
causa, ou na execução da sentença ou do acordo, poderá tomar
todas as providencias necessárias para seu esclarecimento ou para
o cumprimento do julgado ou do acordo, inclusive a decretação da
prisão do devedor até sessenta dias”, enquanto o art. 18 faz
remissão igualmente à execução da sentença de alimentos, “na
forma dos arts. 732, 733 e 735 do Código de Processo Civil”.

Berenice Dias171 leciona ainda que:

Decretada a prisão do devedor, sob fundamento de que se trata de


prisão civil, injustificadamente vem se consolidado o entendimento de
que a pena deve ser cumprida em regime aberto. Nas comarcas em
que não dispõem de prisão albergue, ou seja, estabelecimento
próprio para cumprimento da pena passou-se a se impor prisão
domiciliar.Rolf Madaleno sustenta ser válida essa alternativa por
exercer, ao seu tempo e ao seu modo, aquilo que mais carrega a
prisão civil: o peso do constrangimento pessoal e social.Porém, é
desastroso admitir tal possibilidade. Só irá perpetuar o verdadeiro
calvário que é a cobrança da divida alimentar. Ora, quem de forma
irresponsável e criminosa ( pois comete o crime de abandono),
mesmo tendo recursos financeiros, deixa de assegurar a
sobrevivência dos próprios filhos, muitas vezes menores de tenra
idade, claro que não tem muitos constrangimentos, nem pessoais
nem sociais, a serem preservados. A prisão domiciliar retiraria o
caráter intimativo da providencia.

Araken de Assis citado por Dias172 ensina que:

É preciso deixar bem claro ao alimentante relapso, a quem se


assegurou, previamente, oportunidade para defesa, que,
inadimplidos os alimentos, a pena concretizar-se-á da pior maneira
através de seu confinamento em presídio comum. De qualquer
modo, não faz jus o devedor à prisão em cela especial.

170
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p.743.
171
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. p.524/525.
172
Op. cite. p.525.
77

Cahali173 destaca no tocante a competência para decretação


da prisão civil do alimentante que:

A prisão do devedor deve ser ordenada pelo juiz da causa em que


os alimentos foram estipulados ou estão sendo exigidos. Assim,
“como mero cumpridor da precatória, é defeso ao juízo deprecado
determinar a prisão civil do devedor de pensão alimentícia e fixar o
respectivo prazo”, pois “a competência para essa grave providencia
não se coloca entre os poderes transferidos pelo juiz deprecante ao
deprecado quando expede a precatória de citação, execução e
penhora. A prisão sempre deve conter requisição de prática de atos
concretos já decididos pelo juízo deprecante à luz do contraditório
dos seus atos; não pode delegar a prática de atos jurisdicionais fora
dos estritos limites de cumprimento dos atos concretos já
mencionados.

Neste sentido leciona Assis174 que “baseada em título


executivo judicial, aplicava-se à demanda executiva, tradicionalmente, a regra
segundo a qual o juízo competente para processar a execução de alimentos e, na
seqüência dela, decretar a prisão do alimentante era aquele perante o qual se
formou o título”.

Cahali175 ainda ensina que;

Assinale-se, por fim, que a prisão civil por alimentos representa a


única restrição legal a que se encontra exposto o devedor
inadimplente em sua “liberdade de ir e vir”. Há, porém, uma ressalva
inserida no poder de cautela quanto à sua saída do seu território
nacional: o art. 5º;inc. XV da CF assegura a qualquer pessoa,
nacional ou estrangeira, a livre locomoção no território nacional em
tempo de paz, podendo no termos da lei, nele entrar, permanecer ou
dele sair com seus bens.É certo que a não satisfação da obrigação
alimentar torna o devedor passível da execução coativa, e
justamente para que não se frustre a utilização de tal vai é licito ao
juiz, no exercício do poder geral de cautela que lhe é conferido pelo
art. 798 do CPC, inviabilizar a saída nacional ou estrangeiro que
tenha tal propósito. Para tanto, porém, é preciso que a suspeita de
saída definitiva esteja cumpridamente demonstrada.

De acordo com Vechiato Junior176 a ordem de prisão suspende


de acordo com o art. 733,§3º, do Código de Processo Civil que quitando a dívida

173
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p.744.
174
ASSIS, Araken. Manual de Execução. p. 927.
175
CAHALI, Yussef Said. Dos Alimentos. p. 750.
176
VECHIATO JÚNIOR, Walter. Manual de execução civil: título executivo extrajudicial, título
executivo judicial, roteiros sinóticos. São Paulo: Juarez de oliveira, 2007. p.344.
78

será imediatamente expedido a soltura do devedor. Mas, a suspensão e a


revogação podem ser requeridas junto ao credor, se inclusive não tenha sido
efetuado o pagamento, muitas vezes por questões emocionais, em virtude do antigo
relacionamento existente entre as partes, sendo que este pedido deve de ser aceito
pelo juiz a pedido do credor.

Art. 733 – Na execução de sentença ou de decisão que fixa os


alimentos provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3
(três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a
impossibilidade de efetuá - lo.

§ 3º Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento


da ordem de prisão177.

Conforme o TJSC, caso o devedor tenha efetuado o


pagamento integral do seu débito, deverá ser reconhecida a revogação da decisão
que decretou a prisão.

Habeas Corpus n. 2010.050606-0, de Campos


Novos
Relator: Joel Figueira Júnior
Juiz Prolator: André Augusto Messias Fonseca
Órgão Julgador: Primeira Câmara de Direito Civil
Data: 26/10/2010

Ementa: HABEAS CORPUS. PRISÃO CIVIL POR


INADIMPLEMENTO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA.
CUMPRIMENTO INTEGRAL DA OBRIGAÇÃO.
REVOGAÇÃO DO DECRETO SEGREGATÓRIO.
PERDA DO OBJETO. EXTINÇÃO DO FEITO SEM
ANÁLISE DO MÉRITO.Tendo a autoridade apontada
como coatora informado o cumprimento integral da
obrigação alimentar e a REVOGAÇÃO da decisão
que decretou a PRISÃO CIVIL do alimentante, há de
ser reconhecida a superveniente falta de interesse

177
Vade Mecum RT. p. 429.
79

de agir no âmbito habeas corpus e, por conseguinte,


extinto o feito, sem análise do mérito178.
Segundo entendimento do TJSC, poderá a decretação da
prisão ser revogada quando houver acordo entre as partes.

Agravo de Instrumento n. 2010.032667-5, de


Criciúma
Relator: Marcus Tulio Sartorato
Juiz Prolator: Ana Lia Moura Lisboa Carneiro
Órgão Julgador: Terceira Câmara de Direito Civil
Data: 15/10/2010

Ementa:PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS.
ACORDO CELEBRADO ENTRE AS PARTES.
REVOGAÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA PELA
MAGISTRADA SINGULAR. PERDA DO OBJETO.
EXTINÇÃO DO PROCEDIMENTO RECURSAL.
Revogada a decisão interlocutória atacada por
agravo de instrumento, desaparece o interesse do
agravante no pronunciamento judicial179.

O juiz decretará a prisão civil do alimentante relapso, mesmo


que este já tenha cumprido pena da mesma natureza, no entanto, a prisão não pode
ser decretada mais de uma vez em relação aos mesmos débitos em atraso, sendo
assim poderá ser decretado constrangimento ilegal da prisão, ferindo assim os
princípios constitucionais.

178
BRASIL. TJ/SC. Habeas Corpus. n. 2010.050606-0, Relator: Joel Figueira Júnior
Disponível em: http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acpesquisa!pesquisar.action. Acessado em
04/novembro/2010.
179
BRASIL. TJ/SC. Agravo de Instrumento. n. 2010.032667-5, Relator: Marcus Tulio Sartorato
Disponível em: http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/acpesquisa!pesquisar.action. Acessado em
04/novembro/2010.
80

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho tem por delimitação temática o estudo da


Execução da Obrigação Alimentar. Para tratar as regras previstas no atual
ordenamento jurídico brasileiro acerca do tema foram elaborados questionamentos
que levaram a sua observação com base na lógica indutiva, a saber: 1) como a atual
legislação processual brasileira prevê a regência da execução forçada em caso de
inadimplência das obrigações estabelecidas? 2) O que o ordenamento jurídico
nacional entende como obrigação alimentícia, suas possíveis modalidades e quem
estará obrigado a prestar este tipo de obrigação? 3) Em caso de inadimplência da
obrigação de alimentos, quais as medidas que poderão ser tomadas pelo
credor/alimentado para assegurar seu cumprimento e efetiva prestação do bem da
vida?

Desta forma o trabalho de pesquisa iniciou tratando acerca da


categoria execução no primeiro capítulo que aborda, além do contexto histórico e
conceitual da execução, os requisitos exigidos pela legislação brasileira para
propositura de qualquer execução, os tipos de títulos executivos que darão início a
execução, bem como as diversas espécies de execução existentes com base no tipo
de obrigação que representam e nos procedimentos adotados pelo código de
processo civil brasileiro para execução de títulos judiciais, cumprimento da sentença,
bem como os títulos extrajudiciais, processo de execução.

O estudo do primeiro capítulo, por sua vez, confirma a hipótese


prevista para o primeiro problema que dispõe: que a atual legislação processual civil
brasileira prevê claramente procedimentos distintos para execução forçada das
obrigações baseados nos tipos de títulos portados pelo credor.

Dando-se seqüência ao estudo a pesquisa volta-se no segundo


capítulo a abordagem proposta no segundo questionamento, tratando acerca da
obrigação alimentar, sua evolução histórica e conceitual, do dever da obrigação
alimentícia, da definição de alimentos provisionais, definitivos, indenizatórios e
gravídicos, além da ação de alimentos e das modalidade de revisão, exoneração e
extinção da obrigação alimentar. Ainda relevante ressaltar sobre a fixação de
81

alimentos primeiramente deve se observar que de um lado a pessoa que está


pedindo os alimentos, o chamado alimentando, e do outro a pessoa que está sendo
cobrado denominado o alimentante, deve-se ser analisado o binômio da
necessidade daquele que pede com a possibilidade daquele que está sendo
cobrado. Além do já falado deve-se observar a legitimidade vinda do vinculo de
parentesco, sendo que o Código Civil estabelece que entre parentes reciprocidade,
assim primeiramente deve ser pedido alimentos aos que está na mesma linha reta
não importando o grau, mas há uma regra a ser seguida imposta também pelo
Código Civil que os mais próximos excluem os mais remotos, assim primeiro deve-
se pedir para os ascendentes, caso não tenha deve-se pedir para os descendentes,
há também a legitimidade vinda do vinculo colateral, que seria o pedido para os
parentes de 2º graus, sendo estes os irmãos.

Outrossim, demonstra que os alimentos são prestações que


tem por objetivo de satisfazer as necessidades vitais do indivíduo. Alimentos
abrangem não tão somente o estritamente necessário a subsistência do alimentando
como também compreende habitação, vestuário, saúde, alimentação, e as
necessidades intelectuais e morais, levando se em consideração a posição social do
necessitado.

Desta forma o desenvolvimento da pesquisa na abordagem


realizada do segundo capítulo, também confirma a segunda hipótese da pesquisa
que prevê: que o ordenamento jurídico rege a obrigação de alimentos como sendo o
direito que alguém tem de receber de outrem tudo o que é necessário aos
reclamados da vida, respeitando os pressupostos desta obrigação.

Por fim o terceiro capítulo volta-se ao estudo do principal


problema norteador da pesquisa e avalia as modalidades/procedimentos adotados
na execução da prestação alimentícia, além das possíveis medidas assecuratórias
desta obrigação e da modalidade de coerção da prisão civil. Ressalta-se que nos
artigos 732 a 735 do Código de Processo Civil e também nos artigos 16 a 19 da Lei
de Alimentos, as modalidades de execução de prestação alimentícia consistem no
desconto em folha de pagamento, cobrança de aluguéis ou outros rendimentos do
devedor, expropriação de bens e a prisão civil.
82

Verifica se ainda que a prisão civil é um meio coercitivo para


compelir o devedor de prestação alimentícia a satisfazer o débito, não possuindo
caráter punitivo, uma vez que o pagamento suspende o cumprimento da coação, ou,
caso o mesmo não o faça, esta não poderá ser superior a sessenta dias.. Neste
contexto, a prisão do devedor de alimentos constitui a garantia de um bem maior,
qual seja a subsistência do alimentando.

O estudo elaborado no terceiro capítulo, demonstra a


confirmação da terceira hipótese da pesquisa ao dispor que: para assegurar o
cumprimento da obrigação pelo devedor, pode o credor optar desde logo pela
execução por quantia certa quando o devedor não efetuar o pagamento da dívida,
sendo a execução de alimentos, mediante coerção pessoal alicerçada no artigo 733
do CPC, eficaz na busca do adimplemento do devedor.

Ressalta-se, por fim, que a presente pesquisa não tem intuito


de exaurir o tema pesquisado, mas apenas se constitui como um ensaio e estímulo
a realização de novos estudos e reflexões que possam aprofundá-lo de forma a
contribuir com um sistema jurídico mais justo e eficiente.
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BEVILÁQUIA, Clóvis. Direito de família. 2 ed.Recife: Ramiro M. Costa, 1905.

BRASIL. TJ/SC. Agravo de Instrumento. n. 2010.032667-5, Relator: Marcus Tulio


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