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“ Cor da Pele e Subjetividade:


Racismo, Saúde e Infância

Kenia Soares Maia

Maria Helena Navas Zamora

10.37885/200901402
RESUMO

Este artigo analisa uma pesquisa sobre os efeitos do racismo na construção da subjeti-
vidade e saúde de crianças negras. A partir de um estudo com oito desenhos corporais
de crianças de cinco a onze anos de idade, utilizando o método cartográfico desenvol-
vido por Félix Guattari e Gilles Deleuze, foram trazidas duas narrativas gráficas infantis
da pesquisa. Os resultados são compreendidos como parte de um processo histórico e
coletivo, onde o racismo e, mais especificamente, a política de branqueamento se cons-
tituem como vetores contemporâneos que moldam e afetam a subjetividade de crianças,
em especial as negras.

Palavras-chave: Racismo, Infância, Cor da Pele, Subjetividade, Saúde.


INTRODUÇÃO

O racismo, definido como “um sistema de estruturação de oportunidades e atribuição


de valor com base na interpretação social da aparência” (Barber, 2020), interfere negati-
vamente, molda e constitui a subjetividade da população negra desde a infância, inclusive
afetando sua saúde. Com isso concordaria a psicanalista Grada Kilomba (2019), que alerta
para a necessária análise dos aspectos subjetivos do racismo, “a compreensão dos sen-
timentos dos negros” (2019, p. 72), de suas lutas na tessitura das experiências vividas no
cotidiano. Embora estas sejam afirmações bem aceitas (Carter, Helms & Juby, 2004; Williams
& Mohammed, 2013; Barton, Parke & White, Hulen et al, 2019), há necessidade de mais
estudos e reflexões críticas.
Segundo Campos (2017), o racismo pode ser definido de três formas: a primeira seria
“um fenômeno enraizado em ideologias, doutrinas ou conjuntos de ideias que atribuem uma
inferioridade natural a determinados grupos com origens ou marcas adstritas específicas”
(p. 1); a segunda estaria ligada a práticas e semânticas, que são fundamentadas ideologica-
mente em concepções de inferioridade e atuam nas relações entre sujeitos; e a terceira seria
o racismo estrutural ou sistêmico, que inclui um modo de ausência de políticas públicas que
de fato incluam a população negra em uma condição adequada de vida e de saúde. As ins-
tituições estatais, que não raro funcionam em condições de precariedade e têm a maioria
dos usuários negros, podem ser incluídas nessa última concepção de racismo.
O racismo, em suas três dimensões, compromete a saúde da população negra, mas
como ele atinge a infância especificamente? O processo de constituição subjetiva da crian-
ça negra pode ser prejudicado por interferências advindas do ambiente mais próximo e
do contexto social, que podem se apresentar e ser percebidos como violência, abando-
no e indiferença.
A Filosofia da Diferença fundamenta o conceito de produção de subjetividade. Guattari
& Rolnik (2013) propõem, na contramão das ideias de natureza humana, de ideologia, de
indivíduo, a ideia de subjetividade enquanto processo maquínico, de modelagem ou de
produção, essencial produto e ao mesmo tempo matéria-prima do estágio atual do desenvol-
vimento do capitalismo. Na atualidade brasileira, é possível afirmar que processos coloniais
de subjetivação são coengendrados com processos de formação política e econômica do
capitalismo globalizado.
As análises dos resultados apresentados no artigo também foram baseadas em auto-
res de referencial psicanalítico como Frantz Fanon (2008), Neusa Santos Souza (1983) e
Grada Kilomba (2019).
Esse artigo tem o objetivo de apresentar alguns efeitos negativos do racismo na infância
negra, a partir de uma pesquisa de campo, que contempla a construção narrativa dessas

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crianças. A pesquisa realizada foi extensa, porém será apresentada apenas uma parte, de
modo a registrar aspectos mais específicos dos efeitos do racismo.
A pesquisa foi realizada nos Serviços de Psicologia Aplicada (SPAs) de três campi
de uma universidade do estado do Rio de Janeiro, Brasil, em 2018. SPAs se destinam ao
treinamento de graduandos, que atendem pacientes da comunidade, gratuitamente ou a
preços simbólicos. A escolha do SPA para a realização da pesquisa está relacionada com
a intenção de aproximar a questão do racismo dos ambientes acadêmicos da psicologia,
bem como pela facilidade de acesso.

MÉTODO

Foi utilizado o método qualitativo de Análise Cartográfica da Narrativa através de de-


senho gráfico, fundamentado no método cartográfico de Gilles Deleuze e Félix Guattari e
desenvolvido por Escóssia, Passos e Kastrup (2009). Os desenhos são parte de um discurso
gráfico de experiências, um contar de si através da vivência gráfica. Ao narrar a si através
de um desenho, compreende-se que cada criança conta uma história que não é individua-
lizada, mas sim coletiva e contemporânea, que aborda a produção de um contexto social,
em que se dá a constituição subjetiva e, especificamente, os efeitos do racismo sobre eles.
Uma nova política da narratividade (Passos e Barros, 2009) traz uma perspectiva di-
ferenciada, na forma de registro de pesquisa em psicologia, não só na descrição da vivên-
cia da pesquisa, como na leitura dos desenhos. A leitura cartográfica da narrativa permite
desconstruir uma postura interpretativa, que parta de pré-concepções acerca do desenho
infantil, de padrões de percepção de traços e formas. O foco é o que ele conta da história
do racismo, em uma experiência subjetiva, que na linguagem gráfica pode facilitar o dizer
infantil. Crianças preferem desenhar, pintar, brincar, sua forma de expressar-se é movimento,
cor e criação de si. Desconstruir um modo adultocêntrico de pesquisar e narrar é necessá-
rio; por isso o recurso ao desenho, em uma dissolução do saber, para acessar a criança e
sua experiência.
A metodologia se define como regra pré-estabelecida (metá-hódos), a mostrar que
existiria um caminho predeterminado a ser seguido com rigor cientificista. A cartografia
propõe uma reversão metodológica: hódos-metá - o que sugere um caminho a ser experi-
mentado e não aplicado. O rigor cartográfico é muito diferenciado do rigor cientificista, pois
o primeiro se caracteriza por uma atenção aos acontecimentos, um comprometimento em
registrá-los em narrativas e analisá-las de forma sensível. Analisar cartograficamente não
é corresponder dados às hipóteses, mas sim, corresponder dados aos afetos e sensações.
Não há interpretação, mas há registro de experiência.

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O cartógrafo pousa sua atenção em algo que o toca, e assim, ele cria um território de
produção de conhecimento, através de um zoom na atenção, que antes era flutuante, mas
passa a ser mais fechada (Kastrup, 2009). Este primeiro foco pretende acompanhar projetos
que buscam desconstruir os efeitos do racismo na infância negra.
Cartografar é criar território relacional interpessoal, não mecânico. É necessário se ater
às diretrizes e rastrear as linhas que as constituem. São linhas invisíveis, por isso devem ser
seguidas com a atenção de quem não pré-estabelece o que quer perceber, mas está atento
ao que a invisibilidade oculta. Essa invisibilidade é desfeita pelo cartógrafo.
Politicamente, o compromisso é negar a ação confirmatória no ato de pesquisa, em
troca da possibilidade de se surpreender. Ceder a algo que insiste em estar ali, que pertence
não ao sujeito, nem ao objeto, mas ao campo, sem abrir mão da imprevisibilidade. É pre-
ciso engajamento com o mundo que se quer conhecer para que haja o compartilhamento
do território entre sujeito e objeto de pesquisa (Alvarez & Passos, 2009). Conectar com o
aspecto dimensional do campo e não direcional, assim como com os aspectos expressivos
e não funcionais, são formas cartográficas de habitar e construir o território de produção
de conhecimento.

Participantes

Foram analisados desenhos de oito crianças negras atendidas nos SPAs, entre cin-
co e onze anos. Todos os pais ou responsáveis dos participantes assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) antes de sua inclusão na amostra. Para este
trabalho foram selecionados dois casos.

Instrumentos

Foram utilizados uma caixa de lápis de cor com cerca de dez cores possíveis de pele
humana e um desenho com uma silhueta infantil e fotos de crianças com cinco tons de pele
diferentes, variando da mais clara à mais retinta, extraídas da internet. No total foram escolhi-
das vinte imagens de crianças da internet, dez crianças entre cinco e oito anos e dez crianças
entre oito e onze anos. Em cada grupo de idade, cinco eram meninas e cinco meninos. Foi
feita também uma foto digital no final de cada encontro com as crianças e a pesquisadora
ou com elas e a equipe de pesquisa, para um registro mais completo dos dados.

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PROCEDIMENTO

A pesquisa foi realizada através de um encontro de aproximadamente uma hora com a


criança. A pesquisa era realizada em salas distintas, de aparência bem diferente das salas
da clínica, evitando a semelhança com os atendimentos.
Os encontros eram marcados com antecedência através dos estagiários, que atendiam
no SPA e que eram responsáveis pelas crianças na instituição. Nas supervisões, era pedi-
do que quem atendesse crianças negras entrasse em contato com a equipe de pesquisa
e assim era marcado o encontro com a família. Os estagiários eram orientados a indicar
crianças de tons de pele mais escuros. Isso ajudou a evitar a problemática definição de
quem é ou não é negro. O estagiário responsável pela psicoterapia da criança explicava aos
responsáveis sobre o tema. Os que concordavam em participar eram marcados em horário
diferente do atendimento.
No encontro com o responsável, era novamente explicado do que tratava a pesquisa
e o que seria feito. O responsável assinava o TCLE e era perguntado à criança se gostaria
de de fato queria participar. No caso de pedido da criança, o responsável era convidado a
entrar. Era explicado à criança que era uma pesquisa sobre racismo, sobre infância negra
e que a proposta era de fazer um desenho dela mesma.
A cartela de imagens de crianças, com diferentes tonalidades de pele, foi empregada
para que a criança escolhesse a mais parecida com ela. Assim, ela “autodeclarava” sua cor
de pele, mostrando a tonalidade com que mais se identificava. Quando a criança era menino
entre cinco e oito anos, era entregue o envelope com fotos de meninos dessa faixa etária,
com variação de cores de pele, para que ele escolhesse o que mais parecia com a própria
cor de pele. Da mesma forma foi feito com as meninas.
Depois era apresentada uma folha com um contorno de desenho corporal infantil, a qual
a criança deveria preencher com lápis de cor. A caixa de lápis de cor possuía pelo menos
dez cores que poderiam ser escolhidas para retratar a pele humana (preto, cinza, marrom,
vermelho, bege, creme, amarelo, laranja, rosa e seus tons). Os desenhos apresentavam
uma silhueta infantil (definida pela proporção entre cabeça, tronco e membros), sem marcas
de gênero, nem rosto ou cabelos. Nesse desenho corporal, a criança pintaria a si mesma,
sendo primordial que ela escolhesse uma cor para sua pele retratada no desenho, antes de
começar a colorir os detalhes. Durante o procedimento, a criança era livre para falar sobre
o que criava e sua fala anotada depois do término.
É importante ressaltar o cuidado em não interferir na escolha das cores, tampouco
nas formas do desenho, mesmo que solicitados. A criança não poderia deixar de escolher e
pintar a pele do desenho – esse era o único requisito – e isso era lembrado caso a criança
não escolhesse começar a completar o desenho pela cor da pele.

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Ao final, quando a criança completasse o desenho, era tirada uma foto dela com o
desenho e a imagem de autodeclaração. Esse procedimento foi construído para se ter um re-
gistro que unisse essas informações e auxiliasse na análise dos dados, ou seja, uma foto que
pudesse unir a cor real da pele da criança, sua foto de autodeclaração de cor e seu desenho.

RESULTADOS

A pesquisa obteve oito desenhos realizados pelas crianças. Apesar da população


atendida pelos SPAs ser de baixa renda e oriunda de uma região onde predominam negros,
havia menos crianças negras em atendimento (gratuito) do que o esperado. Para esse arti-
go foram escolhidos os resultados dos desenhos de dois meninos, pois parecem ser casos
mais ilustrativos em relação aos efeitos do racismo. São os casos de Igor e Caio (nomes
fictícios), com dez e oito anos de idade, respectivamente.
Durante o encontro, Igor se autodeclara negro, escolhendo a imagem do menino mais
retinto e apresentou facilidade em escolher o lápis, com a cor de pele mais próxima do
tom de sua pele. Segundo o estagiário terapeuta, ele viveu racismo no ambiente escolar,
porém, Igor não se referiu a essa vivência. Ao ser perguntado sobre o que ele fazia, se ia
a escola e o que gostava de fazer lá, ele disse que gostava de história, que fazia curso de
cerâmica e que a professora dele faz rodas de contação de histórias africanas. Igor repetiu
algumas vezes que gostava muito dessa “tia”, sua professora e falou dos personagens e
dos reis dessas histórias. Igor desenhou um herói, com pele negra, uma roupa especial,
com símbolo de força.
Caio, de oito anos de idade, ao entrar na sala, pediu para ler uma parte do documento
do TCLE, demonstrando sua habilidade. Ao escolher a cor de lápis que mais se parecia com
sua pele, ele escolheu o marrom, pediu um lápis grafite para desenhar o rosto e a primeira
parte do desenho que fez foi o cabelo. Desenhou de grafite e pintou de loiro. Depois pintou
o corpo do pescoço para baixo de marrom e deixou a cabeça em branco. Escolheu a cor
rosa para pintar o rosto.
Ao terminar, pediu a foto do menino mais branco para levar para casa, foto que es-
colheu para autodeclarar sua cor de pele. Pediu isso colocando a foto junto ao peito. Caio
deu um nome de jogador de futebol para cada foto de menino vista. Quando foi perguntado
qual deles jogava melhor, escolheu o mais claro. Na sua narrativa, ele contou que na favela
em que mora tem tiros e depois que “ele não mora mais lá”, porém, a seguir, disse que sua
moradia é na favela, sim, mas que não existem mais bandidos lá. A sua foto no final do
processo pode ser mostrada aqui, pois ele se escondeu atrás da foto da criança branca.
Caio tem a pele negra retinta.

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Depois da foto, ele pareceu confuso se escolheria ou não uma foto com tom de pele
mais próximo do dele, mas não trocou de opção.

DISCUSSÃO

Apesar da expansão da pesquisa sobre os efeitos do racismo na infância negra nos


últimos anos, estudos internacionais apontam para a necessidade de mais produções sobre
o tema (Caughy, O`Campo & Muntaner, 2004; Williams, Lawrence & Davis, 2018; Sanders-
Phillips Settles-Reaves, Walker & Brownlow, 2019). Essas pesquisas mostram a relação
dos efeitos do racismo na saúde e também associam o racismo à produção e manutenção
da pobreza e da violência. Sanders-Phillips et al (2019) definem o problema em termos de
discriminação racial, “uma forma de desigualdade social que inclui experiências resultantes
de sistemas legais e não-legais de discriminação” (pg. 177, tradução nossa)1. Nesse sentido,
o conceito se aproxima tanto de racismo quanto de desigualdade racial.
O sistema discriminatório racial estabelece desigualdades. No Brasil, a maior parte da
população negra vive em locais com baixa qualidade de vida, com dificuldades de acesso
a boa educação, saneamento, oportunidades de trabalho e tem mais tendência a sofrer por
falta de acesso a bens culturais e de lazer, além de isolamento geográfico - o que pode ter
consequências sérias em um país tão extenso. A segregação racial dos espaços pode ser
facilmente identificada, porém, nem sempre é denominada dessa forma. As comunidades
pobres, favelas e periferias, de maioria negra, não raro vivem em condições de violência
cotidiana (Acari, 2018). O aumento de estresse, traumas psíquicos, doenças autoimunes,
além de riscos cardiometabólicos como a diabetes e a hipertensão estão ligados ao alto
índice de violência nos bairros de maior população negra, sustentam Barber et al (2017), a
partir de estudos realizados no Brasil.
Meninos e meninas negros são tratados de forma diferente desde muito cedo, inclusive
nas escolas. Blake, Epstein & González (2017) mostram que adultos de variadas idades, ní-
veis de escolaridade e profissões, consideram as meninas negras como mais independentes,
que precisam menos de proteção, que podem suportar mais as dificuldades e sabem mais
sobre sexo do que as meninas brancas. Elas sofrem um tipo de violência que afeta sua in-
fância, negando as necessidades correspondentes à idade em que se encontram (a pesquisa
com meninas entre cinco e catorze anos). Já as meninas brancas das mesmas idades não
recebem o mesmo tratamento por parte dos adultos que lidam com elas, inclusive na escola.
O racismo brasileiro pode produzir efeitos muito semelhantes aos identificados pe-
los autores norte-americanos, ou talvez piores. Cruz e Guariento (2018) apontam para os
indícios da violência de Estado vividos pela população negra brasileira. Dados como ser a
população pobre composta majoritariamente por negros, a cada cem mil presos, os negros

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somam 1,5 mais que os brancos (Secretaria Geral da Presidência da República, 2015); o
índice de morte entre parturientes negras é 60% por cento maior que as brancas (Ministério
da Saúde, 2016), o feminicídio e agressão sexual afeta 62% mais mulheres negras (Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, 2017), a quantidade de negros matriculados em universi-
dades cresceu, mas ainda é inferior aos brancos (55,6% da população negra para 78,8% da
população branca) (IBGE, 2019) - tais dados mostram que o racismo está ligado diretamente
à violência e às reais oportunidades de vida.
Um dado da presente pesquisa pode ajudar a mostrar o racismo presente. Foi bastante
difícil conseguir imagens de crianças retintas brasileiras na internet. As imagens remetiam
a realidades de miséria e violência. As imagens de crianças negras, estão associadas,
na maior parte das vezes, ao massivo assassinato da juventude (Waiselfisz, 2016). Elas
praticamente não aparecem na propaganda. A maior parte das imagens usadas vieram de
páginas estadunidenses.
Como é possível compreender autorretratos brancos realizados por crianças negras,
como o de Caio? O sujeito negro, na reflexão de Souza (1983), “nasce e vive imerso numa
ideologia que lhe é imposta pelo branco como ideal e que endossa a luta para realizar este
modelo” (p. 34). O branco é o modelo da beleza, detentor do saber, poderoso e respeitado.
Esse “ser branco”, imposto em processos de colonização e sempre atualizado, está alinhado
à ordem hegemônica e eurocêntrica, é responsável pela normatização da ordem social e
pela organização do corpo no capital (Quijano, 2005). É diferente do modelo do negro que
foi capturado, torturado e assassinado no processo de colonização (atual colonialidade) do
corpo, da mente, da autonomia e da liberdade. Como Fanon afirma: “uma criança negra,
normal, tendo crescido no seio de uma família normal, ficará anormal ao menor contato com
o mundo branco” (2008, p. 129). Ou seja, o efeito da colonialidade racista do branco ainda
produz sofrimento, por efeito de dominação nos interstícios da subjetivação e interfere ne-
gativamente na constituição da criança negra.
Para construir um ideal em torno da imagem branca, a primeira regra que se impõe ao
negro é a sua própria rejeição. A recusa à sua imagem é fruto da disseminação de si, negro,
como um estereótipo, com traços e estigmas socioculturais de inferioridade e marginalidade.
Caio desenhou seu cabelo loiro, sua face branca e o corpo negro. A face e o cabelo podem
ser entendidos como uma recusa ao rosto negro, parafraseando Fanon (2008): uma “pele
negra com máscaras brancas.” A imagem branca o defende em um mundo de violência;
ele a coloca diante do peito.
Schucman (2018) afirma, que no Brasil, desde a política do branqueamento, o fenótipo
tem sido um critério que diferencia pessoas pelos tons de pele. Existe uma diferença de pri-
vilégio, que favorece o tom mais claro e, quanto mais escuro, são maiores as dificuldades na

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vida. Essa realidade é percebida dentro das dinâmicas familiares, mesmo onde existe vínculo
de amor entre as pessoas. A questão do tom de pele atravessa os modos de educação, os
valores, os privilégios e exigências entre os familiares. As famílias interraciais obedecem a
uma hierarquia racial fenotípica que decresce do tom mais claro ao mais escuro. Formas
de negação das origens negras são postas em prática, priorizando as imagens, histórias
e memórias dos familiares mais claros. A autora, ao perguntar a uma família entrevistada
sobre a ancestralidade negra, o filho de pele escura responde: “Eu sou louco para saber
dos ancestrais. Mas é muito difícil, porque não fica [...] porque como é muito misturado,
não fica muita lembrança.” A mãe, que se identifica como branca, imediatamente começa a
falar de sua ancestralidade italiana. Logo depois de o filho declarar-se negro, a mãe nega
isso (Shucman, 2018, p. 50-51). A cada geração a negritude dessas famílias é esquecida,
apagada. Esse processo tem efeito na subjetivação de seus descendentes. Uma história
negada ressurge em forma de dor e sofrimento.
De acordo com Souza (1983), a família transmite os primeiros registros mentais e
psicológicos da “estranheza” da própria imagem do negro que vão sustentar a criação de
um Ideal de Ego (modelo ideal, modelo ao qual o negro é colocado de maneira inferior
compulsoriamente), que vai se mostrar ao longo da vida, inatingível e incompatível com a
realidade. A busca pela brancura é um fardo ao qual o negro e a sociedade reconhecerão
como um desejo inalcançável e deverá forçar o negro a se esforçar para branquear-se, no
plano real ou imaginário.
É válido lembrar também que a depreciação do negro (produzida pelo branco e entre
negros) manifesta-se de modo ainda mais violento e acentuado, quando o corpo é rejeitado
em suas características, onde seu traço fenotípico é retratado como animalesco, mons-
truoso e desproporcional. A negra é ainda enquadrada no estereótipo colonialista e nas
teorias raciais, que a hipersexualiza (Giacomini, 1994). O ideário racista também enfatiza
os aspectos “instintivos” do negro e deprecia sua inteligência. A estigmatização intelectual
do negro, como ser não pensante e irracional, está presente nos estudos de Nina Rodrigues
(1894/2011), iniciados em finais do século XIX e de grande importância para a constituição
científica do país.
Embranquecer tornou-se sinônimo de ascensão social para o negro depois da política do
branqueamento (Maia & Zamora, 2018). Correspondendo ao desejo do branco, a população
negra almeja alcançar os privilégios ou pelo menos o direito a existir, bem como afastar-se dos
símbolos que lembrem o passado que a marginalizou. Essas representações se estendem
da família para as ruas, para a escola, trabalho, lazer e em todos os espaços institucionais
e sociais onde se reforçam as bases do Ideal de Ego (branco). As ações pessoais criadas
com base nesse Ideal de Ego vão se mostrando ao longo da vida inalcançáveis em função do

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desprezo vivido pelo negro na ordem social racista. É diante desse cenário que se constata
a condição revogada de enfrentamento do negro diante da opressão em que se encontra,
com o consequente apagamento do ser negro e sua historicidade.
“Tornar-se branco” é um processo não apenas doloroso, mas também impossível. O ser
negro é a própria barreira já colocada pela sociedade a partir do racismo institucional e
primário, o que tantas vezes determina que o negro assuma o posto de servidão, e não de
detentor dos meios de produção. “Eu sinto o problema racial como uma ferida. É uma coisa
que penso e sinto todo o tempo. É um negócio que não cicatriza nunca” (ibid., p. 43).
O racismo atua de modo a impor ao negro inscrever-se na melancolia de maneira
diversa, promovendo perda da autoestima, autonomia e liberdade. É comum, enquanto um
projeto não realizado, das expectativas que se impuseram socialmente e não foram atingidas,
ocorrer a culpa, a insegurança e os traços de ansiedade. Sentimentos esses que se deslocam
para a inércia e se dilatam como resultado de um longo processo de intimidação e decepção
de si. Acanhamento excessivo diante da afronta e da agressão, submissão programada,
aceitação passiva dos estereótipos, preconceito contra o próprio negro. É neste quadro que
a depressão se instala como um tipo de castigo prescrito por não atingir o modelo de Ideal
de Ego que foram expectados.
A vivência de Igor na escola, no contato com a professora que oferece com a literatura
afro-brasileira, remete-nos à importância de se trabalhar constantemente com elementos
simbólicos que fortaleçam a negritude. Munanga (2005), referindo-se ao eurocentrismo da
educação formal, atenta para a permeabilidade do racismo no ambiente escolar, sobretudo
nos livros didáticos. Silva (2005) afirma que os livros didáticos são a primeira, e não raro a
única fonte de leitura da maioria das crianças, o que demonstra a importância da análise
ideológica dos conteúdos. As crianças negras e indígenas não são contempladas nesses
conteúdos de forma a desconstruir estereótipos. Estigmas de subalternização e inferioridade
são mantidos em imagens, textos e exercícios, de forma a induzir crianças negras, indígenas
e brancas a internalizá-los.
Andrade (2005) afirma que a literatura é “uma arte que povoa a imaginação, e por
isso, tem o seu espaço na formação da mente plástica do ser que a ela tem acesso” (p.
118). A autora conta histórias afrobrasileiras para crianças e percebe a memória como um
elemento fundamental na relação na infância com a história; a apropriação da história é
desenvolvida por uma memória coletiva que fortalece a infância subjetivamente. A memó-
ria é um patrimônio, uma propriedade existencial, um direito a posse de si e de um lugar,
materialmente falando.
Arroyo e Silva (2012), ao se referirem às crianças que chegam às escolas públicas, em
sua maioria negras, apresentam a precarização presente em seus corpos, em sua existência;
entendendo precarização por processo de subjetivação que parte do empobrecimento da

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vida. Essas crianças são filhas do desemprego, da desesperança, da violência do Estado e
do racismo. Se a política do embranquecimento encurralou a população negra em territórios
de miséria e subalternização, o racismo dessa política constitui corpos infantis negros pre-
carizados e sofridos. Essa realidade demanda uma ética da Psicologia que viabilize modos
legítimos e dignos de “ser no próprio corpo e de viver o corpo” (ibid., p. 35).
A criança brasileira, até 2003 - a institucionalização da Lei 10.639, que inclui no cur-
rículo educacional as culturas indígena, negra e afrobrasileira - em geral recebia nos livros
didáticos apenas material que abordava a história da escravidão do povo negro, sem que a
resistência pela liberdade pudesse ser conhecida. Os elementos simbólicos que povoam o
cotidiano das histórias infantis ainda são predominantemente brancos, dificultando a identi-
ficação de crianças negras com aspectos positivos. Essa realidade afeta também a criança
branca, que se reconhece no lugar positivo em detrimento do colega negro. Isso pode ser
considerado um dos vetores de construção do sentimento narcísico de privilégio branco, a
branquitude, como (Schucman, 2014). É talvez possível identificar aqui uma das origens do
racismo comportamental, que, baseado num racismo estrutural escolar, reforça uma ideo-
logia de inferiorização do negro.
Igor, ao contar a sua relação com as histórias negras, apresenta os efeitos desse
processo. Seu desenho é de um herói negro, uma expressão positiva de si, um simbolismo
que transgride a lógica racista e afirma sua negritude. A memória do racismo vivido foi trans-
formado pela plasticidade da memória, construída pela narrativa. A criança pode reverter
efeitos como a negação, a clivagem, a depressão e o abandono, se for oferecido a ela um
elemento que legitime com alegria a sua existência. Não é difícil pôr em prática, porém a
demora em divulgar e institucionalizar esses recursos é expressão do próprio racismo.
No caso de Caio ocorre uma busca pela identificação branca. Escolher a imagem
da criança mais clara para se autodeclarar representa a negação de sua negritude, uma
imagem de si muito negativa. Ao se pintar com a cabeça branca de cabelos loiros e corpo
negro (símbolo da clivagem) ele mostra que gostaria de parecer diferente de como é, o que
estabelece um vínculo com a imagem branca, como ele demonstra quando pede para levar
a imagem pra casa.
Caio e Igor experienciam formas diferentes de negritude, e o que podemos perceber é
que nada que Caio apresenta recai sobre algo que diga respeito e ele em si. Caio não traz
em si esses efeitos, mas responde ao mundo de modo dissociativo, triste e inferiorizado.
Assim como Igor, Caio poderia desenhar um herói, uma figura inteira e positiva, mas não é
assim que se sente, ainda.
O racismo, em suas três dimensões, estabelece parâmetros de desigualdade para o
negro, que interfere negativamente em sua saúde, tornando essa questão uma prioridade

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para a psicologia brasileira, de forma a desconstruir um adoecimento que atravessa gera-
ções, atinge a maior parte da população e se perpetua.
A criança negra precisa ser acolhida em suas necessidades de reconhecimento no
que diz respeito às suas origens, às suas raízes. A história da negritude pode trazer não só
o pertencimento que o branqueamento impediu, como uma diversidade de direcionamentos
políticos descoloniais. A psicologia e a educação devem dialogar no sentido de produzir
espaço de desconstrução do racismo durante a escolarização. Assim como a clínica psico-
lógica pode aprofundar sua intervenção, na direção do cuidado aos efeitos do racismo na
subjetivação da infância negra.

REFERÊNCIAS
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