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O texto traz uma obra de Michael Foucault “História da Loucura”, que fala a respeito de

uma estrutura que ele chamou de “estrutura de exclusão” no âmbito da loucura. Ele traz
a respeito dos leprosários da Idade Média, entretanto com a lepra controlada, esses
espaços acabaram sendo usados para outros fins, como o tratamento das doenças
venéreas do século XV e posteriormente eles passam a ser usados para todos os tipos de
doentes, incluindo os loucos. Entretanto Foucault percebe que antes de a loucura ser
vista como pessoas que tem um comportamento desviante, fora do padrão da sociedade,
ela era em certo ponto até romantizada, e era tema de diversas expressões artísticas,
como peças de teatro e romances, ele ainda traz a crítica de que os loucos que eram
conhecidos eram tolerados, mas os estranhos como os bêbados e afins, esses eram
confinados em navios, e a grande questão de Foucault é justamente saber quando a
loucura passou a ser vista como uma patologia, e por que não antes. A estrutura de
exclusão segundo Foucault, se deu a partir da fundação do “Hospital Geral de Paris por
decreto (1656), inaugurando a “grande internação dos pobres”, e a libertação dos
acorrentados de Bicêtre (1794)”, a priori o principal objetivo do Hospital Geral era
hospedar os pobres de Paris, eram pessoas de qualquer sexo, de qualquer idade que
foram submetidas a trabalhar como forma de “purificação”, nesse sentido pode-se
comparar com o Hospital Colônia de Barbacena, que tinha como objetivo tratar a
tuberculose, mas posteriormente tornou-se um hospital psiquiátrico. O texto ainda traz
um conceito como “alienação mental”, que foi proposto por Philippe Pinel, o tratamento
de Pinel não foi acabar com a prática de internação, somente o deixou mais
“humanizado”, o que incluía métodos como banho de água fria, camisa de força. O que
Foucault criticou dizendo que isso “apenas internalizava a ideia de julgamento e
punição entre os doentes”.
No contexto brasileiro, a questão da loucura se via no convívio social desde o século
XVI até o inicio do século XIX, e desde então passou a ser vista como desordem e
perturbação da paz social, com isso os loucos foram sendo excluídos da sociedade e
foram sendo isolados nos porões das Santas Casas de Misericórdia e nas prisões
públicas. O Hospicio de Pedro II foi criado em 1852, entretanto é visto que apesar da
existência de médicos nesse local, o controle ainda permanecia objeto de um discurso
religioso e isso só foi retirado na República, sendo substituído por um discurso
cientifico médico-psiquiátrico, com isso também pode-se substituir os tratamentos
desumanos, por valores humanitários, o que viabilizou a implantação do projeto de
medicalização da loucura e sua transformação efetiva em doença mental. Além disse, é
discutido a visão de Machado acerca da concepção arquitetônica do Pedro II e como ela
foi pensada no sentido de regular a vida no hospício, de um modo que facilitasse a
vigilância por parte dos enfermeiros, na visão de Foucault, esse internamento do século
XIX, é visto como o momento em que a loucura é percebida como conduta irregular e
anormal.
Por fim o texto traz sobre alguns pontos que levaram a ter movimentos de contestações
e que levaram a reforma psiquiátrica, que seriam a alta demanda o que estava levando a
superlotação dos hospitais e consequentemente a insuficiência de funcionários, o que
levava aos maus tratos dos pacientes, qualquer pessoa que fosse levada até o local e
fosse “dada” como louca, simplesmente era internada, com pode-se ver também a
respeito da má administração desses hospitais, diante disso foram surgindo as criticas a
respeito desses modelos de internação, por parte das pessoas que defendiam a psiquiatra
reformada e as que defendiam uma ruptura radical da psiquiatria. Um ponto importante
nesse processo foi a visão de Franco Basaglia, que defendia que o internato deveria ser
voluntario, na visão dele os manicômios destruíam a saúde mental, e em 1968 se
constitui a Lei Mariotti que defende justamente o internato voluntário e em seguida se
constitui a Lei Basaglia que prevê a integração da doença mental na legislação sanitária,
e de forma progressiva os hospitais foram sendo desativados.

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