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CORPORATIVA
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SUMÁRIO
1 – Ética: uma visão pragmática .................................................................................. 2
“Todas as crises, portanto, que pelo Brasil estão passando, e que dia a dia Para saber mais
sentimos crescer aceleradamente, a crise política, a crise econômica, a
crise financeira, não vêm a ser mais do que sintomas, exteriorizações
Leia o livro de Adolf
parciais, manifestações reveladoras de um estado mais profundo, uma
Augustus Berle e
suprema crise: crise moral”.
Gardiner Means, The
modern corporate and
private property, de
1932.
Rui Barbosa
Ruínas de um Governo, 1931
2. Governança corporativa
2.1. Surgimento e evolução
A transposição das discussões teóricas sobre ética para o ambiente corporativo é
relativamente recente. Costuma-se situar suas manifestações iniciais na primeira
metade do século XX, como consequência da
crescente importância da empresa como instituição Para saber mais
social. Nessa época, despontam em vários países Leia o livro de Michael C. Jensen
as preocupações com direitos de trabalhadores, e William H. Meckling, Theory of
the firm: managerial behavior,
consumidores e comunidades e, em um segundo agency costs and ownership
structure, de 1976.
momento, com o meio ambiente. Nasce a ideia de
que a empresa deve respeitar os diferentes públicos
com os quais se relaciona – os chamados
stakeholders.
A origem da governança corporativa, com a denominação e os contornos que hoje
conhecemos, é mais comumente associada à expansão do mercado de capitais,
sobretudo nos Estados Unidos. Se o capitalismo norte-americano até a década de
1960 era marcado pela concentração da propriedade das empresas nas mãos de
famílias de grandes industriais, a partir da década de 1970, no contexto do movimento
de globalização da economia, as empresas passaram a recorrer à “poupança popular”
para financiar sua expansão, abrindo seu capital a milhões de investidores.
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No Brasil, o principal documento sobre o tema foi elaborado pelo Instituto Brasileiro
de Governança Corporativa (IBGC), em 1999. O Código de Melhores Práticas de
Governança Corporativa está hoje em sua 5.ª edição e permanece como referência
básica para empresas brasileiras. Em 2000, a Bovespa criou os segmentos especiais
de governança (níveis 1, 2 e novo mercado) para listagem de empresas abertas
dispostas a atender às exigências mais rigorosas de GC do que aquelas obrigatórias
por lei. As regras estabelecidas no regulamento do Novo Mercado tornaram-se um
relevante paradigma de boas práticas de governança para companhias abertas.
Nos últimos anos, a Operação Lava Jato desvendou uma série de práticas
corporativas ilegais e antiéticas envolvendo grandes empresas estatais e privadas
brasileiras, incluindo companhias abertas listadas no Novo Mercado. Importantes
avanços legislativos em GC foram implementados com o objetivo de combater
práticas como as constatadas pela Lava Jato, dentre os quais, destacamos:
1 Definição livremente formulada a partir da definição adotada pelo IBGC: “sistema (conjunto de práticas e
princípios) pelo qual empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os
relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle (agentes da
governança) e as demais partes interessadas”.
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capitais (financeiro,
manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional etc.) no curto,
médio e longo prazos.