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Revista Portuguesa de Psicossomática

ISSN: 0874-4696
revista@sppsicossomatica.org
Sociedade Portuguesa de Psicossomática
Portugal

Coelho, Rui; Braga-Oliveira, L.; Martins, Amadeu; Prata, Joana; Barros, Henrique
Factores psico-sociais e asma brônquica na adolescência
Revista Portuguesa de Psicossomática, vol. 1, núm. 1, jan/jun, 1999, pp. 131-143
Sociedade Portuguesa de Psicossomática
Porto, Portugal

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=28710113

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Revista
Portuguesa
131 Revista
de Factores psico-sociais e asma brônquica na adolescência
Portuguesa
Psicossomática
de
Psicossomática

Factores psico-sociais e asma


brônquica na adolescência
Rui Coelho*, L. Braga-Oliveira**, Amadeu Martins***, Joana Prata***,
Henrique Barros***

INTRODUÇÃO dade/melancolia, a psicose, o suicí-


dio, a mortalidade das tentativas de
Numa abordagem psicossomática, suicídio e a incapacidade parecem
a asma brônquica pode ser encarada estar associados com o aumento de
segundo diferentes perspectivas, in- idade. A depressão é frequentemente
cluindo os trabalhos pioneiros de referida em associação com a asma (1,11-
French e Alexander(1), que propõem -13)
, e é conhecido que as perturbações
um modelo relacionando a activação afectivas se relacionam com a alergia
parassimpaticomimética com a emo- atópica tipo I (mediada pela imuno-
ção depressiva, e outros que atribu- globulina-E) (13). Têm sido também re-
em importância à estrutura familiar, feridas maiores frequências de
à relação precoce mãe-filho ou a fac- ideação e de comportamentos suici-
tores de personalidade no apareci- das em doentes asmáticos(14). Recen-
mento e curso da doença(2-6). Várias temente, foi sugerido que a ansieda-
abordagens psicossomáticas para o de e a depressão aumentam o risco
tratamento de asma brônquica foram de morte em doentes asmáticos e re-
desenvolvida durante os últimos querem uma intervenção profissional
anos, algumas com resultados pro- específica(11). Parece ser geralmente
missores tanto na melhoria dos resul- aceite que os factores emocionais e
tados clínicos como da investigação psicológicos desempenhem uma pa-
psicossomática futura(7-10). pel importante no decurso da asma
(1,6,15)
Os sintomas depressivos, apesar .
de alguma variação, são mais ou me- Vários estudos têm avaliado a im-
nos idênticos em adultos e em ado- portância da alexitimia, ou seja, a in-
lescentes; e, os manuais de diagnósti- capacidade em verbalizar adequada-
co usam, fundamentalmente, os mes- mente as emoções e a insuficiência no
mos critérios para a definição de epi- fantasiar da vida, na asma brônquica
(16-20)
sódios depressivos nas crianças, ado- . Mesmo tendo em conta que um
lescentes e adultos. Enquanto que a papel etiológico continua por de-
ansiedade de separação, as fobias, as monstrar, a alexitimia pode reflectir
queixas somáticas e os problemas uma inadequada forma de lidar com
comportamentais são frequentes na a doença (19) e tem um papel na ma-
criança, os sintomas de endogenici- nutenção psíquica da asma brônqui-

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Rui Coelho et al 132

ca, no que se refere tanto à frequência Tabela I – Caracterização da população as-


como à duração da hospitalização mática e do grupo de controlo
(19,20)
. Asmáticos Controlos
O objectivo deste estudo foi com- n = 82 n = 84
parar a prevalência de psicopatologia,
Sexo
nomeadamente da depressão, e a sua Feminino 37 - 45% 43 - 51%
correlação com os períodos de exacer- Masculino 45 - 55% 41 - 49%
bação da asma, tratamento e activi- Idade
dade física, numa amostra de adoles- Média ± d.p. 16 ± 1,68 16 ± 1,49
centes portugueses. Escolaridade
7 anos 9 – 11,0% 11 – 13,1%
PARTICIPANTES E MÉTODOS 8 anos 15 – 18,3% 12 – 14,3%
9 anos 15 – 18,3% 22 – 26,2%
10 anos 19 – 23,2% 19 – 22,6%
A amostra estudada foi obtida a
11 anos 23 – 28,0% 19 – 22,6%
partir de adolescentes estudantes de 12 anos 1 – 1,2% 1 – 1,2%
duas Escolas Secundárias do Porto. A
amostra incluiu 82 adolescentes com
asma (45 rapazes e 37 raparigas) e 84
adolescentes não asmáticos serviram tamento e actividade física). Para ava-
de grupo de controlo (41 rapazes e 43 liar as variáveis psicopatológicas
raparigas). Na Tabela I faz-se uma usou-se o Inventário de Depressão de
caracterização mais detalhada da Beck (BDI) (21,22) e o Hopkins Symptom
amostra. Distress Checklist-90-Revised (SCL-90-
Os critérios de inclusão no grupo -R) (23-25) que foram já usados noutros
de asmáticos foram: a) idade entre 12 estudos em populações portugue-
e 19 anos; b) sinais e/ou sintomas de sas(26-30).
asma brônquica diagnosticada pelo O BDI foi obtido a partir da obser-
clínico geral. Para inclusão no grupo vação clínica das atitudes e sintomas
de controlo os critérios de inclusão comummente expressos pelos doen-
foram os seguintes: a) idade entre 12 tes psiquiátricos com depressão ten-
e 19 anos; b) ausência de sinais ou sin- do como objectivo a avaliação das ma-
tomas relacionados com asma brôn- nifestações comportamentais da de-
quica. O protocolo usado neste estu- pressão. O BDI é uma escala de auto-
do foi aprovado pelo Conselho Direc- -avaliação que consiste em 21 catego-
tivo de cada Escola. Foi obtido o con- rias de sintomas e atitudes, cada qual
sentimento informado de todos os composta por uma série de 4 a 6 afir-
adolescentes e seus pais relativamen- mações (gradativas em termos de
te à participação no estudo. grau de intensidade) a partir da qual
Foi preenchido um questionário, se pede ao doente que escolha a que
compreendendo informação de natu- melhor descreve a forma como ele se
reza demográfica, social e médica (e.g. sente “no momento”. São atribuídos
períodos de exacerbação da asma, tra- valores de 0 a 3 conforme as respos-

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133 Psicossomática Factores psico-sociais e asma brônquica na adolescência

tas escolhidas, e registado o total atin- RESULTADOS


gido. As 21 categorias também podem
ser agrupadas em 5 componentes Foi evidente um elevado grau de
depressivos: afectivo, cognitivo, homogeneidade entre os dois grupos,
motivacional, delirante e físico. Pos- no que se refere à idade e ao nível edu-
teriormente o componente de desvio cacional. Comparando ambos os gru-
funcional depressivo foi adicionado pos em termos da depressão, tal como
aos precedentes. O BDI é uma medi- avaliada pelo BDI, não se verificaram
da valiosa e fiável no screening de sin- diferenças significativas. De facto,
tomas depressivos em populações nem o score total do BDI (p=0,722)
não clínicas de adolescentes. O seu nem qualquer um dos seus subcom-
largo uso em populações adolescen- ponentes: afectivo (p=0,366); cogniti-
tes e o facto de estar extensamente tes- vo (p=0,954); motivacional (p=0,250);
tado no que respeita às suas proprie- delirante (p=0,476); sintomas físicos
dades psicométricas e estrutura de (p=0,896) e desvio funcional depres-
factores parece torná-lo num método sivo (p=0,722) mostraram qualquer
de medida adequado da sintomato- diferença significativamente estatísti-
logia depressiva nos adolescentes. ca entre ambos os grupos, como se in-
O SCL-90-R é um registo de auto- dica na Tabela II.
avaliação destinado a avaliar a per- No grupo de adolescentes asmá-
turbação psicológica e mede nove di- ticos encontraram-se scores de
mensões de sintomas primários: somatização, sensibilidade interpes-
somatização, obsessão-compulsão, soal, ansiedade e psicoticismo mais
sensibilidade interpessoal, depressão, elevados, quando se compararam
ansiedade, hostilidade, ansiedade ambos os grupos pelas sub-escalas do
fóbica, ideação paranóide e psicoticis- SCL-90-R (Tabela III). Contudo, ape-
mo. É composto por 90 itens, sinto- nas no item relativo à somatização se
mas que se distribuem por cada uma atingiu uma diferença com significa-
destas nove dimensões, avaliadas de do estatístico (p=0,006).
0 (“ausente”) a 4 (“extremamente”). Os resultados foram depois
O questionário também fornece 3 ín- estratificados de forma a se avaliar se
dices globais de perturbação psicoló- o factor sexo (sexo feminino: F; sexo
gica: o índice sintomático geral (GSI), masculino: M) influenciava os scores
que mede o actual nível global de per- de psicopatologia (Tabela IV). Para as
turbação psicológica, o índice de stress seguintes três sub-escalas do SCL-90-
dos sintomas positivos (PSDL), que -R: somatização, sensibilidade inter-
mede a intensidade da perturbação; pessoal e ansiedade, os asmáticos do
e o Total de Sintomas Positivos (PST), sexo feminino obtiveram scores mais
que indica o número de sintomas po- elevados do que os asmáticos do sexo
sitivos relatados pelo doente. masculino. Por outro lado, as rapari-
gas asmáticas obtiveram scores signi-
ficativamente mais altos do que

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Tabela II - Comparação da população de adolescentes asmáticos vs grupo de controlo


relativamente à depressão avaliada pelo BDI
Depressão (BDI) Asmáticos (n = 82) Controlos (n = 84)
média dp média dp p
Score total 8,2 7,4 8,5 7,1 0,722
Afectivo 2,1 2,4 2,5 2,5 0,366
Cognitivo 2,7 2,9 2,6 2,7 0,954
Motivacional 0,7 1,0 0,9 1,0 0,250
Delirante 0,9 0,8 0,4 0,7 0,476
Sintomas físicos 0,7 0,8 0,8 1,0 0,896
Desvio funcional depressivo 8,2 7,4 8,5 7,1 0,722

Tabela III - Comparação da população de adolescentes asmáticos vs grupo de contro-


lo segundo a avaliação pelo SCL-90-R
Psicopatologia (SCL-90-R) Asmáticos (n = 82) Controlos (n = 84)
média dp média dp p
Somatização 1,0 0,6 0,7 0,5 0,006
Obsessão/compulsão 1,2 0,6 1,2 0,6 0,883
Sensibilidade interpessoal 1,3 0,8 1,1 0,8 0,080
Depressão 1,0 0,6 0,9 0,6 0,357
Ansiedade 1,1 0,7 0,9 0,7 0,056
Hostilidade 1,3 0,9 1,2 0,9 0,838
Ansiedade fóbica 1,3 0,8 1,2 0,8 0,227
Ideação paranóide 0,6 0,5 0,5 0,6 0,131
Psicoticismo 0,9 0,7 0,7 0,7 0,086

Tabela IV - Influência do factor sexo em alguns scores de psicopatologia avaliada


pelo SCL-90-R
Psicopatologia (SCL-90-R) Asmáticos (n = 82) Controlos (n = 84)
média dp média dp p
Somatização F 1,3 0,7 0,8 0,6 0,001
M 0,8 0,5 0,7 0,5 0,329
Sensibilidade interpessoal F 1,5 0,7 1,1 0,8 0,012
M 1,1 0,8 1,1 0,8 0,566
Ansiedade F 1,4 0,8 1,0 0,7 0,029
M 0,9 0,6 0,8 0,6 0,310

as raparigas do grupo de controlo no A Tabela V mostra a comparação


que se refere à somatização, sensibi- entre o grupo de adolescentes asmá-
lidade interpessoal e ansiedade. ticos e o grupo de controlo no que se

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Tabela V - Comparação da população de adolescentes asmáticos vs grupo de controlo


de acordo com os índices globais do SCL-90-R
Psicopatologia (SCL-90-R) Asmáticos (n = 82) Controlos (n = 84)
Índices globais média dp média dp p
Índice sintomático geral 1,2 1,0 0,9 0,5 0,100
Total de sintomas positivos 55,5 20,3 48,9 21,0 0,038
Índice de stress dos sintomas positivos 1,6 0,5 1,6 0,5 0,900

Tabela VI - Comparação da população de adolescentes asmáticos vs grupo de contro-


lo e influência do factor sexo nos índices globais do SCL-90-R
Psicopatologia (SCL-90-R) Asmáticos (n = 82) Controlos (n = 84)
média dp média dp p
Índice sintomático geral F 1,3 0,6 1,0 0,5 0,038
M 1,1 1,3 0,8 0,5 0,561
Total de sintomas positivos F 62,9 17,2 51,4 21,0 0,013
M 49,4 20,7 46,2 20,9 0,405
Índice de stress dos sintomas
positivos F 1,7 0,5 1,6 0,5 0,507
M 1,6 0,4 1,6 0,5 0,631

refere aos três índices globais do SCL- que se refere ao Índice de stress dos
90-R. O grupo de asmáticos obteve sintomas positivos. Tal facto não se
scores mais elevados que o grupo de observou entre os adolescentes do
controlo no índice sintomático geral sexo masculino.
e no índice de stress dos sintomas po- Na comparação dos scores total e
sitivos, mas apenas no total dos sin- das sub-escalas de BDI com a frequên-
tomas positivos se atingiu um signi- cia de crises asmáticas (Tabela VII),
ficado estatístico (p=0,038). não se observaram diferenças signifi-
Uma vez mais, os resultados fo- cativas nos sintomas depressivos,
ram estratificados para verificar se com excepção do componente das
havia influência do factor sexo nos sub-escala afectiva, o qual provou ser
scores do SCL-90-R (Tabela VI). No estatisticamente significativa (p=0,038).
grupo dos asmáticos, as raparigas A Tabela VIII compara os scores
obtiveram scores mais elevados do das sub-escalas do SCL-90-R com a
que os rapazes em todos os três índi- frequência de crises asmáticas. Obser-
ces globais de psicopatologia. Em vam-se diferenças estatisticamente
comparação com as raparigas do gru- significativas em relação à somatiza-
po de controlo as raparigas asmáticas ção (p=0,004) e ao índice de stress dos
obtiveram também scores significati- sintomas positivos (p=0,027).
vamente mais elevados, excepto no Comparando a frequência do tra-

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Tabela VII - Comparação dos scores total e das sub-escalas de BDI com a frequência de
crises asmáticas
Frequência do tratamento no último ano
Depressão (BDI)
Média ± dp Nenhuma Uma por Entre três por se- Variável p
no último ano mês mana a uma por mês
Score total 6,5 ± 6,2 13±11,4 11,9± 8,5 7,0 ± 6,8 0,08
Afectivo 1,9 ± 2,4 3,3± 3,1 3,5 ± 2,9 1,5 ± 1,7 0,038
Cognitivo 2,0 ± 2,6 4,7± 3,8 3,6 ± 3,0 2,2 ± 2,7 0,118
Motivacional 0,6 ± 0,8 0,8± 1,3 1,2 ± 1,4 0,6 ± 0,8 0,615
Delirante 0,3 ± 0,4 0,3± 0,5 0,6 ± 0,8 0,06± 1,0 0,610
Físico 0,5 ± 0,7 0,8± 1,3 0,8 ± 0,6 0,8 ± 0,9 0,496
Desvio funcional
depressivo 1,2 ± 1,5 3,0±2,8 2,2 ± 1,8 1,2 ± 1,6 0,08

Tabela VIII – Comparação dos scores das sub-escalas do SCL-90-R com a frequência
de crises asmáticas
Frequência do tratamento no último ano
Psicopatologia
(SCL-90-R) Nenhuma Uma por Entre três por se- Variável p
Média ± dp no último ano mês mana a uma por mês
Somatização 0,6 ± 0,4 1,0 ± 0,6 0,9 ± 0,3 1,0 ± 0,5 0,004
Obsessão/
/Compulsão 1,0 ± 0,6 1,3 ± 0,8 1,3 ± 0,6 1,2 ± 0,6 0,234
Sensibilidade
interpessoal 1,0 ± 0,6 1,2 ± 1,1 1,4 ± 0,9 1,2 ± 0,7 0,267
Depressão 0,7 ± 0,5 1,0 ± 0,6 1,0 ± 0,6 1,0 ± 0,6 0,234
Ansiedade 0,7 ± 0,6 1,2 ± 0,8 1,2 ± 0,5 1,2± 0,6 0,106
Hostilidade 1,0 ± 0,7 1,3 ± 1,0 1,3 ± 0,6 1,2 ± 1,0 0,282
Ansiedade fóbica 1,0 ± 0,8 1,1 ± 1,0 1,4 ± 0,6 1,4 ± 0,9 0,427
Ideação paranóide 0,5 ± 0,6 0,6 ± 0,4 0,6 ± 0,6 0,6 ± 0,5 0,399
Psicoticismo 0,6 ± 0,6 0,7 ± 0,6 1,0 ± 0,7 0,9 ± 0,6 0,222
Índice sintomátco
geral 0,8 ± 0,5 1,0 ± 0,6 1,3 ± 0,7 1,1 ± 0,5 0,071
Total de sintomas
positivos 47,0 ± 21,5 52,1 ± 17,2 60,8 ± 21,9 57,3 ± 20,0 0,194
Índice de stress
dos sintomas
positivos 1,4 ± 0,3 1,7 ± 0,5 1,9 ± 0,5 1,6 ± 0,5 0,027

tamento durante o último ano com os verificou uma diferença estatistica-


scores da sub-escala do BDI, apenas se mente significativa (p=0,011) relativa-

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mente ao desvio funcional depressi- nificativas quando se compararam os


vo (Tabela IX). No que respeita à scores da sub-escala do SCL-90-R com
psicopatologia avaliada pelo SCL-90- a frequência do tratamento no último
R, não se verificaram diferenças sig- ano (Tabela X).

Tabela IX - Comparação dos scores das sub-escalas do BDI com a frequência do tratamen-
to
Frequência de crises asmáticas no último ano
Psicopatologia
(SCL-90-R) Nenhuma Diária Mais de uma Menos de p
Média ± dp por mês uma por mês
Score Total 7,0 ± 6,3 9,8 ± 8,1 10,4 ± 9,8 6,2 ± 5,9 0,342
Afectivo 2,1 ± 2,5 2,6 ± 2,8 2,4 ± 2,8 1,3 ± 1,7 0,460
Cognitivo 2,0 ± 2,6 3,2 ± 3,0 3,5 ± 3,7 2,5 ± 2,7 0,318
Motivacional 0,7 ± 0,8 0,7 ± 1,0 1,2 ± 1,4 0,9 ± 1,4 0,989
Delirante 0,6 ± 0,9 0,5 ± 0,7 0,6 ± 0,9 0,4 ± 0,6 0,917
Físico 0,7 ± 0,8 0,6 ± 0,8 0,8 ± 0,7 0,6 ± 0,6 0,806
Desvio funcional
depressivo 1,0 ± 1,2 2,2 ± 1,9 2,2 ± 2,1 0,8 ± 1,3 0,011

Tabela X - Comparação dos scores das sub-escalas do SCL-90-R com a frequência do trata-
mento
Frequência de crises asmáticas no último ano
Psicopatologia
(SCL-90-R) Nenhuma Diária Mais de uma Menos de p
Média ± dp por mês uma por mês
Somatização 0,9 ± 0,6 1,0 ± 0,7 1,3 ± 0,7 1,0 ± 0,5 0,140
Obsessão/
/Compulsão 1,1 ± 0,6 1,2 ± 0,6 1,4 ± 0,7 1,4 ± 0,6 0,116
Sensibilidade
interpessoal 1,1 ± 0,5 1,4 ± 0,9 1,4 ± 0,8 1,5 ± 0,9 0,206
Depressão 0,8 ± 0,5 1,1 ± 0,6 1,2 ± 0,8 1,0 ± 0,6 0,117
Ansiedade 0,9 ± 0,7 1,2 ± 0,8 1,3 ± 1,0 1,3 ± 0,4 0,251
Hostilidade 1,2 ± 0,9 1,5 ± 1,0 1,6 ± 1,2 0,9 ± 0,6 0,288
Ansiedade fóbica 1,2 ± 0,8 1,3 ± 0,8 1,6 ± 0,9 1,4 ± 0,7 0,375
Ideação paranóide 0,5 ± 0,5 0,6 ± 0,4 0,6 ± 0,5 0,8 ± 0,6 0,260
Psicoticismo 0,7 ± 0,6 0,9 ± 0,7 1,0 ± 0,9 1,0 ± 0,7 0,671
Índice sintomátco
geral 0,9 ± 0,5 1,5 ± 1,8 1,3 ± 0,8 1,1 ± 0,5 0,208
Total de sintomas
positivos 50,8 ± 20 38,4 ± 19,7 58 ± 23,4 60,4 ± 18,3 0,268
Índice de stress dos
sintomas positivos 1,5 ± 0,4 1,7 ± 0,5 1,9 ± 0,6 1,6 ± 0,4 0,190

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Rui Coelho et al 138

A Tabela XI mostra uma compa- Comparando os índices globais do


ração entre os scores do BDI e a asso- SCL-90-R e dos scores da sub-escala
ciação do exercício (físico/actividade) com a associação de exercício e crises
com as crises asmáticas. Os indivídu- de asma (Tabela XII), encontraram-se
os cujas crises de asma estavam asso- diferenças estatisticamente significa-
ciadas com exercício físico apresenta- tivas para quase todos os itens, com
vam scores totais significativamente excepção do obsessão/compulsão
mais elevados no BDI (p=0,036), bem (p=0,264), hostilidade (p=0,283) e do
como a nível dos scores da sub-escala índice de stress dos sintomas positi-
motivacional (p=0,011) e física vos (p=0,282).
(p=0,014).

Tabela XI - Associação entre actividade física e crises de asma


Existência de associação
Depressão (BDI)
Média ± dp Não Sim p
Score total 6,5 ± 6,2 10,0 ± 8,4 0,036
Afectivo 1,7 ± 2,2 2,6 ± 2,7 0,095
Cognitivo 2,2 ± 2,6 3,2 ± 3,2 0,130
Motivacional 0,4 ± 0,7 1,0 ± 1,2 0,011
Delirante 0,5 ± 0,8 0,5 ± 0,8 0,952
Física 0,5 ± 0,8 0,8 ± 0,8 0,014
Desvio funcional depressivo 1,2 ± 1,5 1,8 ± 1,9 0,104

Tabela XII - Associação entre actividade física e crises de asma


Existência de associação
Psicopatologia (SCL-90-R)
Média ± dp Não Sim p
Somatização 0,7 ± 0,4 1,3 ± 0,7 0,0004
Obsessão/Compulsão 1,1 ± 0,6 1,3 ± 0,5 0,264
Sensibilidade interpessoal 1,0 ± 0,7 1,4 ± 0,8 0,027
Depressão 0,8 ± 0,5 1,1 ± 0,7 0,022
Ansiedade 0,9 ± 0,6 1,4 ± 0,8 0,008
Hostilidade 1,2 ± 0,9 1,4 ± 1,0 0,283
Ansiedade fóbica 1,1 ± 0,8 1,4 ± 0,8 0,029
Ideação paranóide 0,4 ± 0,4 0,7 ± 0,5 0,001
Psicoticismo 0,7 ± 0,6 1,0 ± 0,7 0,043
Índice sintomático geral 1,1 ± 1,4 1,2 ± 0,6 0,020
Total de sintomas positivos 47,8 ± 20,4 62,2 ± 17,8 0,001
Índice de stress dos
sintomas positivos 1,6 ± 0,45 1,7 ± 0,5 0,282

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DISCUSSÃO gravidade da asma, os indivíduos que


necessitaram de um tratamento diá-
Os resultados por nós obtidos não rio (os casos mais graves) não tiveram
referem diferenças significativas en- os scores de BDI mais elevados (Tabe-
tre o grupo de adolescentes asmáti- la IX).
cos e o grupo de controlo em relação Teiramäa encontrou scores de de-
a variáveis como a idade, o sexo e o pressão significativamente superio-
nível de escolaridade, evitando-se as- res, usando o BDI, numa amostra ho-
sim algumas das dificuldades encon- mogénea de 100 asmáticos (33). Bell et
tradas na obtenção e avaliação de per- al (1991), referiram que indivíduos
fis psicológicos, por vezes associadas que tiveram um diagnóstico médico
com amostragens heterogéneas (13). de depressão atribuíram a si própri-
O principal resultado obtido foi o os taxas significativamente superio-
de que os adolescentes asmáticos não res de doenças alérgicas relativamen-
atingiram scores significativamente te a indivíduos com graus diferentes
diferentes dos controlos no BDI e, por- de depressão auto-avaliada (13). Tam-
tanto, não apresentaram índices mais bém a intensidade da depressão pa-
elevados de sintomas depressivos. Se- rece estar relacionada com uma mai-
gundo alguns autores, a depressão or prevalência de alergias, mesmo
pode estar associada quer com a gra- atendendo a que os scores de depres-
vidade da asma (11-13) quer com trata- são têm apenas uma fraca correlação
mentos farmacológicos agressivos, os com o número de doenças alérgicas
quais, parecem estar associados com dentro do grupo de alérgicos.
os scores psicopatológicos mais eleva- Quando comparado com os con-
dos que se encontram nos doentes trolos, os adolescentes asmáticos mos-
asmáticos (31,32). Embora não efectua- traram níveis mais altos de psicopato-
da no âmbito deste trabalho, a ava- logia, nomeadamente somatização,
liação da gravidade da asma brônqui- sensibilidade interpessoal, ansiedade
ca poderia ter sido importante. Con- e total de sintomas positivos. Contu-
tudo, se usarmos a frequência das cri- do, apenas a sub-escala de somatiza-
ses asmáticas como uma medida in- ção e a do total de sintomas positivos
directa da gravidade da asma, os ado- foram estatisticamente significativos.
lescentes asmáticos que tiveram, pelo De facto, parece que os adolescentes
menos, uma crise de asma por mês asmáticos são capazes de traduzirem
(frequência de crises mais elevada, o adequadamente as suas perturbações
que implica maior gravidade da físicas crónicas em níveis de expres-
asma) também foram os que tiveram são emocional e cognitiva, como se
scores de BDI mais altos (Tabela VII), pode observar dos resultados das
embora não atingindo significado es- sub-escalas do SCL-90-R na sensibili-
tatístico (p=0,08). Por outro lado, se a dade interpessoal, ansiedade, psico-
frequência do tratamento também for ticismo e somatização.
tida como uma medida indirecta da Um outro resultado do presente

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Rui Coelho et al 140

trabalho foi que o factor sexo parece centes asmáticos e a do grupo contro-
influenciar os resultados, uma vez lo, tais diferenças podem apenas ser
que as adolescentes asmáticas têm devidas ao processo asmático.
níveis mais elevados de somatização, O grupo asmático foi avaliado
sensibilidade interpessoal, ansiedade quanto aos sintomas depressivos as-
e índices globais de SCL-90-R do que sim como a outros sintomas psicopa-
os adolescentes do sexo masculino. tológicos em relação com a frequên-
Isto pode ser quer uma consequência cia de crises de asma, a frequência de
da adolescência (e.g., auto-percepção tratamento durante o último ano e a
da imagem corporal), quer uma adap- associação de asma com o exercício
tação ao ambiente escolar, o qual pode físico. Encontraram-se diferenças sig-
transmitir uma maior sensibilidade às nificativas no que respeita à frequên-
adolescentes asmáticas na forma de cia de crises de asma e a sub-escala
lidar com as expectativas académicas, afectiva do BDI, a somatização e o
nomeadamente as do seu grupo es- índice de stress dos sintomas positi-
colar. De facto, os doentes com boa ca- vos do SCL-90-R, o que significa que
pacidade de coping encaram mais ade- o grupo que teve crises de asma entre
quadamente as alterações psico-soci- três vezes por semana a uma por mês
ais, evitando uma maior activação atingiu valores mais altos nesta sub-
neurovegetativa, e requerem por isso escala e estava, portanto, associado
menos atenção médica do que os in- com piores scores psicopatológicos.
divíduos com baixa capacidade de Na avaliação da frequência de tra-
coping (34). Por outro lado, o ambiente tamento durante o último ano, o que
académico pode ter, pelas suas múl- implica necessariamente diferentes
tiplas actividades e oportunidades de níveis de gravidade da asma, os ado-
interacção, um efeito protector na per- lescentes que tiveram crises de asma
cepção de doença crónica pelo doen- entre três vezes por semana a uma por
te (35-37). O facto de que na nossa amos- mês também atingiram scores mais
tra, os adolescentes asmáticos não elevados em quase todas as sub-es-
mostraram quaisquer diferenças psi- calas do SCL-90-R.
cológicas relativamente aos controlos Os asmáticos cujas crises de asma
pode sugerir uma adaptação ao seu se associavam a exercício físico tive-
estado de doença crónica. Contudo, ram scores mais elevados em todas as
quando comparadas com os contro- sub-escalas do BDI (atingindo signi-
los do sexo masculino, as adolescen- ficado estatístico no score total e nas
tes asmáticas tiveram scores mais ele- sub-escalas motivacional e física) en-
vados, estatisticamente significativos, quanto que no SCL-90-R tiveram
em três sub-escalas do SCL-90-R scores estatisticamente mais altos em
(somatização, sensibilidade interpes- praticamente todas as sub-escalas,
soal e ansiedade) e nos índices glo- com excepção das sub-escalas obses-
bais do SCL-90-R. Tendo em conta a são/compulsão e hostilidade. A asso-
homogeneidade do grupo de adoles- ciação das crises de asma com activi-

Revista Portuguesa de Psicossomática


Revista
Portuguesa
de
141 Psicossomática Factores psico-sociais e asma brônquica na adolescência

dade física implica, portanto, uma an appraisal with a view to family re-
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Finalmente, os nossos resultados 8. Vazquez MI, Buceta JM. Effectiveness
sugerem a importância de uma abor- of self-management programmes and
dagem psicoterapêutica (como as téc- relaxation training in the treatment of
nicas de relaxação, psicoterapia de bronchial asthma: relationships with
suporte, terapia familiar e de grupo) trait anxiety and emotional attack trig-
gers. J Psychosom Res 1993; 37 (1): 71-
neste tipo de população, não só pela
81.
situação clínica como pela etária, de 9. Vazquez MI, Buceta JM. Relaxation
modo a contribuir para uma melhor therapy in the treatment of bronchial
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agement of childhood asthma.
Depression Inventory and the Symptom
Psychother Psychosom 1991; 56: 197-203.
Distress Checklist-90-Revised. Our
results did not show differences between
Resumo asthmatic and control groups regarding
O objectivo deste trabalho foi compa- depressive symptoms, even though the
rar a prevalência de psicopatologia, no- two groups differed on other
meadamente depressão, e a sua correla- psychopathological variables. In the
ção com os períodos de exacerbação da asthmatic group, gender influenced
asma, tratamento e actividade física, psychopathology scores. Also, significant
numa amostra de 82 adolescentes asmá- differences were found in asthmatic
ticos (45 do sexo masculino e 37 do sexo adolescents regarding the frequency of
feminino) versus uma amostra de 84 ado- asthma crisis, the frequency of treatment
lescentes não asmáticos, ambas de duas and the relationship of asthma crisis to
Escolas Secundárias da cidade do Porto. physical exercise and psychopathology
Usou-se o Inventário de Depressão de scores.
Beck e a Symptom Distress Checklist-90- Key-words: adolescence; asthma;
Revised. Os resultados não mostraram di- depression; psychopathology.
ferenças entre o grupo de asmáticos e o
grupo controlo no que respeita a sinto-
mas depressivos, mesmo atendendo a que
os dois grupos diferiam em outras variá-
Informação sobre os autores
veis psicopatológicas. Adicionalmente, no
* Departamento de Psiquiatria e Saúde
grupo de asmáticos o factor sexo influen- Mental, Faculdade de Medicina da
ciou os scores psicopatológicos obtidos e Universidade do Porto.
encontraram-se diferenças significativas ** Escola Superior de Enfermagem do
no que respeita à frequência de crises de Porto.
asma, frequência de tratamento e relação *** Departamento de Higiene e Epidemio-
das crises de asma com o exercício físico e logia, Faculdade de Medicina da Uni-
os índices psicopatológicos encontrados. versidade do Porto.

Vol. 1, nº 1, Jan/Jun 99

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