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Hoje eu vou te trazer um conteúdo que sou apaixonada e, cada vez mais, tem sido
cobrado pelas bancas a partir de várias vertentes: emergência, terapia intensiva,
saúde pública, oncologia e cirúrgica (essas são as principais).
Estou envolvida com docência na área da Enfermagem desde 2013, e tenho me
dedicado ao Ensino Superior, Pós-Graduação, formação complementar e preparatório
para Concursos Públicos.
E-mail: contato@ensinoeenfermagem.com.br
Instagram: https://www.instagram.com/ensino.enfermagem/
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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
1 - Considerações Iniciais
Ao falarmos sobre Sistematização da Assistência de Enfermagem voltamos para
ações gerenciais como um todo, a qual permite que as atividades da equipe de
enfermagem sejam realizadas. Dentro desse processo gerencial temos os protocolos
operacionais, as teorias de Enfermagem, Processo de Enfermagem (que é um
instrumento metodológico privativo do Enfermeiro pela Resolução Cofen 358/09) e a
SAEP, por exemplo.
Vamos orientar nossos estudos com base em questões? Veja a primeira que eu
separei para ti.
NUCEP - 2014: São objetivos da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE),
EXCETO:
a) Aumentar o grau de satisfação dos enfermeiros no seu desempenho, aumentando
também o vínculo deste profissional com a instituição
Comentário:
É importante que você entenda que estamos falando da SAE, e não do Processo de
Enfermagem.
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SAE é todo processo gerencial que permite a aplicabilidade adequada da assistência
de enfermagem por meio de inúmeros instrumentos e possibilidades, como por
exemplo protocolos operacionais, normas, rotinas, cálculo de dimensionamento de
pessoal, providenciar materiais, e também aplicar o Processo de Enfermagem (sim,
caro leitor, o Processo de Enfermagem é instrumento da SAE).
Portanto, observamos que a afirmativa D não se encaixa nas especificações de
finalidade da SAE, uma vez que sugere atendimento de forma comunitária.
A questão acima traz conceitos equivocados sobre SAE e Processo de Enfermagem, e
talvez seja esta a maior dificuldade nessa temática.
A SAE está ligada a processos gerenciais macros, e todos os instrumentos que
facilitem o gerenciamento da assistência geral de uma instituição, são considerados
instrumentos da S.A.E.. Veja os exemplos:
▪ Normas
▪ Rotinas
▪ Escalas de dimensionamento de pessoal
▪ Processo de Enfermagem (privativo do Enfermeiro)
▪ SAEP (Sistematização da Assistência Perioperatória)
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De forma bem objetiva, o Processo de Enfermagem é um método científico
destinado a resolver problemas.
Ok, Lorena. Quais tipos de problema o Processo de Enfermagem me permite
resolver? Os problemas apresentados pelo seu paciente, pela família que você
atende, e pela comunidade que você atende.
O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), por meio da Resolução COFEN
358/2009, normatiza que a SAE seja implementada em toda instituição de saúde,
pública ou privada, onde ocorra o cuidado profissional de enfermagem. A Resolução
trata, ainda, da implementação do PE, método necessário para a sistematização
efetiva da assistência.
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Em qualquer âmbito de trabalho, a atividade da Enfermagem deve ser pautada
pela Sistematização da Assistência de Enfermagem e, principalmente, Processo de
Enfermagem. Sendo necessário relembrar que o processo de enfermagem é
diferente da sistematização da assistência de enfermagem.
A aplicabilidade da Sistematização da Assistência de Enfermagem como um
todo é imprescindível e contribui para a organização da prática assistencial,
proporcionando qualidade da mesma.
É válido lembrar que o Processo de Enfermagem é composto pelas etapas e
Levantamento de Dados, Diagnóstico de Enfermagem, Planejamento, Implementação
e Avaliação.
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Os Diagnósticos de Enfermagem compõem uma das etapas do Processo de
Enfermagem, sendo, portanto, a segunda etapa. De forma completa, temos 5 etapas
do processo de Enfermagem que é respaldado pela Resolução 358/2009 do
Conselho Federal de Enfermagem.
Essa resolução, 358/09 – Cofen, trata sobre a obrigatoriedade do Enfermeiro
aplicar a Sistematização da Assistência de Enfermagem, que é um processo gerencial
sendo composto por vários instrumentos, como Escalas de Dimensionamento de
Pessoal, Normas, Protocolos e, inclusive o Processo de Enfermagem que, também
deve ser obrigatoriamente aplicado pelo Enfermeiro, sendo instrumento privativo do
mesmo.
Mas vamos compreender melhor sobre as 5 etapas do Processo de Enfermagem,
considerado um instrumento metodológico que visa a prescrição de cuidados pelo
Enfermeiro. As etapas são:
1- Levantamento de dados (também chamada de investigação);
2- Diagnóstico de Enfermagem
3- Planejamento
4- Implementação
5- Avaliação.
Vamos entender melhor cada uma dessas etapas.
Quando falamos em Levantamento de dados (etapa 1), estamos considerando
que o Enfermeiro DEVERÁ realizar o exame físico do doador ou receptor, anamnese e
avaliação de resultados laboratoriais.
Nesse momento, você irá levantar dados em relação às alterações biológicas,
psicológicas e sociais não apenas do indivíduo, mas da família e coletividade
também.
Figura 1 - Representação do momento de levantamento de dados pelo
Enfermeiro
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ttps://cdn.pixabay.com/photo/2017/06/18/19/35/x-ray-of-the-jaw-2416945_960_720.jpg
Fonte: h
Na segunda etapa do Processo de Enfermagem, temos o Diagnóstico de
Enfermagem, que representa o momento em que o Enfermeiro irá avaliar a existência
de respostas humanas indesejáveis e, não apenas isso, mas também os riscos às
respostas humanas indesejáveis, que representam, respectivamente, os diagnósticos
reais e diagnósticos de risco.
Figura 2 - Representação do momento diagnóstico
Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/10/08/00/16/female-doctor-2828449_960_720.png
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Cada diagnóstico de enfermagem tem etiologia ou fatores relacionados que
contribuem para manter o problema, sua resolução ou modificação, serve como foco
para a intervenção de enfermagem.
É importante dizer que esses diagnósticos devem ser refletidos posteriormente
em termos padronizados, que estarão nas Taxonomias (livros que trazem esses
termos padronizados que mencionei), e tenho certeza que você já ouviu falar de
NANDA – I e também de CIPE. Esses dois “Livros” são taxonomias, ou seja,
literaturas que padronizam termos que são utilizados como diagnósticos de
enfermagem.
Sabendo disso, partimos para os Diagnósticos de Enfermagem e vou utilizar o
Infarto Agudo do Miocárdio como exemplo.
A palavra-chave é: respostas humanas.
Vou simplificar para ti.
Se você está andando e, acidentalmente, bate o seu "dedinho" na quina da
parede... O que você sentirá depois disso será uma resposta, e pra ser mais
específica, uma dor significativa.
Essa dor foi decorrente de um processo, e é isso que avaliamos (claro que o
exemplo pode parecer reducionista, mas vou te trazer outros).
Até aqui você sabe que a Enfermagem diagnostica RESPOSTAS HUMANAS,
respostas essas frente à processos.
Pois bem. Essas respostas podem ser:
Indesejáveis (dor, por exemplo, ninguém deseja ter) ou,
Desejáveis (como por exemplo, ações que melhoram a saúde).
Além disso, essas respostas (desejáveis ou não) podem acontecer frente à
determinados processos, sendo estes:
● Processos de vida (perdeu o esposo, começou um emprego novo e está
apresentando respostas de ansiedade, luto, etc) e,
● Processos de saúde (o infarto, por exemplo).
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Sabendo disso, agora fica mais fácil para que você identifique as respostas
humanas indesejáveis e/ou desejáveis no seu paciente de Infarto Agudo do
Miocárdio.
Esse paciente chega para nós apresentando (exemplo):
- Desconforto álgico em região precordial, taquipineia e dispinéia, SatO2 91%,
uso de musculatura acessória, e confuso.
Você vai identificar as respostas presentes na situação, sendo:
Dor é desejável? Não! - Dor aguda.
- Função respiratória alterada é desejável? Não! Ventilação espontânea
prejudicada
Alteração em relação à SatO2, estando em 91%, é desejável? Não! - Troca
gasosa prejudicada
Apresentar-se confuso é desejável? Não! - Confusão aguda.
É simples, muito simples.
Temos que identificar o que está acontecendo como resposta, e nesse caso,
resposta à isquemia miocárdica.
Bom, agora você já entendeu o fundamento do Diagnóstico de Enfermagem.
Vamos para o próximo passo.
Você identificou respostas humanas, e agora necessita identificar o que está
causando essas respostas, e como essas respostas se apresentam.
O que está causando essas respostas, você conhece como FATOR
RELACIONADO. Portanto, relação significa causa.
O próximo passo depois de identificar o que está causando, é identificar como
essa resposta se apresenta, a característica dessa resposta, que você conhece como
CARACTERÍSTICA DEFINIDORA.
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ENTÃO, o diagnóstico ficará assim:
Dor aguda, RELACIONADA à isquemia miocárdica, caracterizado por relato
verbal de dor, e EVA (escala visual analógica) 9.
Bom, no diagnóstico acima temos a resposta humana indesejável, o que está
causando essa resposta, e também como você avaliou que essa resposta existe, ou
seja, como ela se apresenta.
Simples, não?
O último passo é você compreender que existem três tipos de Diagnósticos de
Enfermagem:
1- Diagnósticos com base no problema instalado (já tem uma resposta humana
indesejável).
2- Um risco à uma resposta humana indesejável (esse paciente de IAM tem um
risco de perfusão renal prejudicada, por exemplo, e isso você interpreta com base na
fisiopatologia da doença).
3 - Diagnóstico de Promoção da Saúde - que são as situações que avaliamos e
que caracterizam ações de manutenção da saúde, como por exemplo, disposição
melhorada para auto-cuidado.
Nesse sentindo, você avaliará o seu paciente partindo dessas três
possibilidades.
A terceira etapa, que é de Planejamento, consiste na determinação de dois
tópicos, sendo as metas (objetivos que você espera alcançar com os cuidados de
Enfermagem que serão logo mais prescritos por você), bem como as intervenções
necessárias para isso. Portanto, o planejamento é composto por metas e
intervenções.
Figura 3 - Representação do momento de planejamento
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Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2018/02/28/12/56/doctor-3187935_960_720.jpg
A quarta etapa, Implementação, consiste no momento em que
conscientizamos nossa equipe a respeito dos diagnósticos e cuidados que foram
elaborados por nós, Enfermeiros e, finalmente, colocamos em prática tudo o que foi
planejado.
Figura 4 - Representação do momento de implementação dos cuidados
Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2013/02/15/11/58/surgery-81875_960_720.jpg
A última etapa consiste na Avaliação, que nada mais é do que identificar se os
cuidados prescritos foram suficientes para modificar o contexto do paciente. Além
disso, é neste momento que se identifica se os fatores relacionados, os fatores de
riscos ainda permanecem para determinado diagnóstico e, até mesmo, se os
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diagnósticos levantados anteriormente ainda estão sendo apresentados pelo
paciente.
Para o contexto dos profissionais Enfermeiros de Centro Cirúrgico existe um outro
instrumento que deve ser aplicado também em conjunto com os descritos acima,
sendo, portanto, o SAEP (Sistematização da Assistência de Enfermagem
Perioperatória).
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Assim, você deve ficar atento à solicitação da banca. Mas não se preocupe, pois eu
trouxe uma questão para resolvermos juntos.
Portanto, a SAEP faz parte da Sistematização da Assistência de Enfermagem, e tem
por finalidade a prevenção de complicações resultantes do processo
anestésico-cirúrgico e no plano da assistência perioperatória, oferendo apoio
emocional tanto ao paciente, quanto à família, auxiliando também na compreensão
dos problemas de saúde.
Essa assistência prestada por meio da SAEP adequa rotinas, normas e condutas,
sendo um modelo de atendimento participativo, individualizado, que deve ser
documentado e avaliado continuamente.
II- É constituído de 3 etapas: visita pré-operatória de enfermagem, planejamento da
assistência de enfermagem e visita pós-operatória de enfermagem.
III - Consiste exclusivamente na identificação do diagnóstico de enfermagem em
pacientes cirúrgicos.
IV- Tem a finalidade de gerenciar casos, incluindo as fazes de planejamento,
implementação e coordenação dos serviços cirúrgicos.
Comentários:
Item I - A afirmativa está correta, tendo como base o atendimento às necessidades
humanas básicas e o Processo de Enfermagem. Não tem a finalidade de substituir o
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processo de enfermagem já conhecido, mas utilizá-lo a partir de uma sistemática mais
objetiva.
Item II - Essa questão pode gerar confusão na hora da análise. Mas lembre-se que,
caso a banca fale em 3 fazes, você deve considerar a visita pré-operatória,
implementação no transoperatório, e visita pós-operatória. A banca traz ao invés da
implementação propriamente, o planejamento (que não estaria errado caso ela
falasse em 5 etapas). Entretanto, falando-se em apenas 3 etapas, considere sempre:
- 1. Visita pré-operatória
- 3. Visita pós-operatória
Item IV - A SAEP proporciona meios para que seja prestada uma assistência de
enfermagem global.
Não se esqueça que o Processo de Enfermagem FAZ PARTE (não é) da
Sistematização da Assistência de Enfermagem. Sim, são situações distintas e você não
pode replicar esse erro de tratá-los como iguais.
QUESTÕES COMENTADAS
1. (CESPE – 2018) - Acerca da sistematização da assistência de enfermagem no
perioperatório, julgue o item a seguir. A posição de Trendelemburg é usualmente
empregada para quase todos os procedimentos cirúrgicos perineais retais e vaginais:
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a) certo
b) errado
Comentário:
2. (CESPE – 2018) - Acerca da sistematização da assistência de enfermagem no
perioperatório, julgue o item a seguir. A posição de Trendelemburg é usualmente
empregada para quase todos os procedimentos cirúrgicos perineais retais e vaginais.
a) Certo
b) Errado
Comentário:
A posição de Trendelemburg é uma variação do decúbito dorsal, em que a parte
superior do dorso permanecerá em um nível mais baixo e, em contrapartida, os pés
ficarão mais elevados. É muito utilizada para oferecer maior visibilidade dos órgãos
pélvicos, como por exemplo, laparoscopia de abdome inferior.
Já havíamos visto uma questão semelhante a esta, e isso é para despertar a
necessidade de compreender mais sobre as posições, uma vez que as bancas se
comportam de modo a cobrar o assunto com certa frequência.
Uma observação muito importante nessa questão, que é sobre S.A.E, é que ela te
exige conhecimento perioperatório, e isso é uma tendência, não apenas com este
tópico, como te falei no início desse e-book.
Portanto, nos tópicos importantes que te falei acima, veja sempre aspectos da S.A.E
e Processo de Enfermagem.
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3. (VUNESP – 2019) – Implementada a Sistematização da Assistência de Enfermagem
(SAE), ao estabelecer os resultados esperados, o Enfermeiro está executando a etapa
do Processo de Enfermagem:
a) Diagnóstico de Enfermagem
c) Avaliação
d) Investigação
e) Planejamento
Comentário:
a) O diagnóstico de enfermagem é a segunda etapa do processo de enfermagem, e
consiste na identificação de respostas humanas indesejáveis.
b) A Implementação é a fase posterior ao planejamento, e consiste na realização das
atividades planejadas.
c) O processo de avaliação é após a implementação, onde se identifica se as
intervenções realizadas foram suficientes para retirar o paciente de riscos, ou se
interrompeu respostas humanas indesejáveis.
d) Investigação, esse termo pode até confundir você, mas ele remete à 1ª etapa, que
é de levantamento de dados, anamnese.
e) Planejamento. É comum observarmos nas literaturas apenas esse termo, sendo a
etapa após o diagnóstico de enfermagem. Mas talvez você não tenha percebido que
essa etapa possui duas outras sub etapas, sendo a determinação de metas e
prescrição de enfermagem. Portanto, esta é a alternativa que deve considerar.
4. (CPCON – 2017) – De acordo com a Resolução COFEN 358/2009, que dispõem
sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e a implementação do
Processo de Enfermagem em ambientes públicos ou privados, em que ocorre o
cuidado profissional de Enfermagem, é CORRETO afirmar:
a) O processo de Enfermagem apresenta-se diretamente ligado aos diagnósticos de
enfermagem e se refere ao uso do NANDA em situações de clínicas geral.
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c) O Processo de Enfermagem é um processo metodológico que orienta o cuidado
de Enfermagem e a documentação da prática profissional, organizado em cinco
etapas.
d) O Processo de Enfermagem é um resumo da fase inicial do Histórico de
Enfermagem, dos resultados esperados e da avaliação clínica, e é pautada em quatro
etapas.
e) O Processo de Enfermagem se refere ao reconhecimento dos diagnósticos de
enfermagem com base na NANDA.
Comentário:
- As afirmativas A e E, que trazem o NANDA como base única para a aplicação da
etapa de diagnóstico de enfermagem, estão erradas. A taxonomia NANDA – I não é a
única taxonomia a ser utilizada atualmente (apesar de ser a mais usada). Nesse
sentindo, temos mais de 12 taxonomias autorizadas e em uso. Portanto, tais questões
estão incorretas.
- Afirmativa B: O processo de enfermagem em suas etapas possui a coleta de dados
(etapa 1), entretanto, não respalda apenas esta necessidade, tampouco permite
diagnósticos clínicos ou cirúrgicos, mas sim de respostas humanas indesejáveis, e
vulnerabilidades à estas respostas. Além disso,opi é organizado em 5 etapas
(levantamento de dados, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação), e
deve ser aplicado em todos os níveis que existir o cuidado profissional de
enfermagem.
Esses tópicos devem ser enfatizados durante o seu processo de aprendizagem, e
sempre revisitados.
Finalizamos aqui o nosso momento de estudos, e nos encontramos em outra
oportunidade. Caso reste alguma dúvida, estou à disposição pelos seguintes e-mails:
17
- lorenacamposenfermagem@gmail.com
- contato@ensinoeenfermagem.com.br
- lorena.cmps@gmail.com
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