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Home Care ou Serviço de Atenção

Domiciliar (SAD)

Profª Ana Filomena Camacho Santos Daltro


Profª Luana Mara Castro
2020.2
Definição

“ A Atenção Domiciliar (AD) é uma modalidade assistencial continuada


de prestação de serviços na área da saúde que visa à continuidade do
tratamento hospitalar no domicílio, realizado pela equipe
multidisciplinar com a mesma qualidade, tecnologia e conhecimento.”
AD é uma Modalidade, um termo genérico que envolve ações de:

Promoção à saúde

Prevenção e tratamento à indivíduos com


necessidade de reabilitação no domicílio

Recuperação ou manutenção clínico-nutricional


no ambiente domiciliar

RDC nº 11, de 26 de janeiro de 2006 - ANVISA


História
• Os cuidados em saúde realizados no domicílio já são descritos no Egito Antigo e
também na Grécia (em relatos de Asképlios e Hipócrates);
• Europa (final do séc. XVIII): antes do surgimento dos hospitais e dos
ambulatórios, já se praticava a atenção no domicílio como modalidade de
cuidado;
• Década de 20: Suíça com iniciativa da Cruz Vermelha através das enfermeiras
visitantes;
• A Atenção Domiciliar como extensão do hospital surgiu, propriamente dita, em
1947 para “descongestionar” os hospitais. A partir de então, as experiências
desse tipo multiplicaram-se na América do Norte e Europa ;
Histórico

Histórico Estados Unidos


Século XIX – Carolina do Sul
1947 – Home based hospital
Implantado na década de 20
1965 – Medicare, Medicai
1987 – Mudanças no reembolso – boom
2001 – 8000 empresas
Histórico

Histórico Brasil

- 1965 : Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo e HC da FMUSP


- 1986: Plano de Saúde AMIL
- 1990: Regulamentação da AD no SUS do Brasil
- Década de 90 : Setor Privado
- 2001 : 200 empresas e poucos serviços públicos

Atualmente: modalidade crescente

• Diretrizes 2004
• RDC nº 11, de 26 de janeiro de 2006
• Portaria nº2.527, 10/2011

Tendência Mundial com muitas vantagens


Regulamentação

Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA


Aprovação: RDC n0 11, de 26 de janeiro de 2006
Publicação: D.O. de 30/01/2006

Regulamento técnico para funcionamento dos Serviços de Atenção


Domiciliar (SAD), público ou privado, nas modalidades de assistência e
internação domiciliar.

RDC nº 11, de 26 de janeiro de 2006 - ANVISA


Home Care
Porque o Home Care cresceu no mundo??

✓ Mudança do perfil de morbi-mortalidade, em função do


aumento da faixa etária
✓ Envelhecimento da população:
▪ Aumento das doenças crônico-degenerativas;
▪ Aumento de pessoas que necessitam de cuidados continuados e
mais intensivos;
✓ Custo
✓ Tecnologia e qualidade
A Viabilidade do modelo Atenção Domiciliar

Processo de envelhecimento da população

Manutenção da qualidade da assistência aos pacientes graves


no domicílio

Evolução das técnicas e tecnologia com maior acesso ao


diagnóstico
A expansão do mercado da AD - tendências
➢Necessidade da mudança do modelo de desospitalização;
➢Custo do tratamento – desperdício;
➢Melhor entendimento entre prestadores de serviço e fonte pagadora;
➢Humanização da assistência;
➢Maior profissionalização do segmento.
Vantagens da AD
✓ Redução de custos assistenciais;
✓ Privacidade, dignidade e socialização;
✓ Otimização do uso de leitos hospitalares;
✓ Propõe autonomia para o paciente no cuidado fora do hospital;
✓ Redução de infecção hospitalar e redução da incidência de rehospitalização;
✓ Celeridade no processo de alta hospitalar com cuidado continuado no domicílio;
✓ Suporte emocional necessário para pacientes em estado grave ou terminal e familiares;
✓ Retorno do paciente ao convívio familiar, em ambiente confortável e com maior privacidade;
✓ Humanização do atendimento (efeito psicológicos positivos levando a melhor e mais rápida recuperação;
✓ Maior conforto ao paciente, com continuidade do tratamento instituído a nível hospitalar e o acompanhamento
multiprofissional e melhor qualidade de vida;
✓ Redução de intercorrências clínicas, a partir da manutenção de cuidado sistemático das equipes de atenção domiciliar
(e internações desnecessárias).
Desvantagens da AD

✓Na necessidade de procedimentos não autorizados previamente → burocracia


→ tempo → piora do quadro clínico;

✓Menor disponibilidade de recursos que no ambiente hospitalar;

✓Ausência de equipe multidisciplinar por 24 horas;

✓Aumento de despesas com eletricidade com uso de equipamentos.


Conduta?
Home Care

✓ A atenção passa a ser feita por uma equipe de saúde formada por médicos,
enfermeiros, nutricionista, fisioterapeutas e outros profissionais que, com
o apoio da família e de cuidadores, dá continuidade ao tratamento no
conforto do lar;

✓ Evita a permanência prolongada no hospital, a interrupção do cuidado ao


paciente e o distanciamento dos profissionais envolvidos no tratamento;
Home Care

Quais as condições para que o paciente seja elegível para um


Programa de Home Care?
Quais os critérios de elegibilidade??

✓ Concordância do paciente e família


✓ Estabilidade clínica
✓ Cuidador capacitado
✓ Rede de suporte social (cuidador, família, amigos,etc.)
✓ Parceria com a família
✓ Condições de moradia apropriado
✓ Suporte financeiro
✓ Avaliação profissional das demandas existentes
✓ Equipe preparada para esta finalidade
Critérios de Inclusão para a AD

Estabilidade clínica , ter tido alta, existência do cuidador


e a família deverá assinar o termo de consentimento

Paciente, família e cuidador com capacidade de


entendimento quanto às orientações

Ambiente domiciliar com condições satisfatórias e


facilidade para intervenção, monitoração e
acompanhamento do paciente no domicílio
Quem são os candidatos AD?
Pacientes com processos crônicos reagudizados (cardiopatias, síndromes de imunodeficiência
adquirida, hepatopatias crônicas, neoplasia, DPOC ( doença pulmonar obstrutiva crônica,
demência avançada, doenças terminais), ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica).

Pacientes em processo pós cirúrgico (cirurgias de pequeno, médio e grande porte, pós cirurgia
tardia com complicações, pós operatório de ortopedia e traumatologia

Pacientes em situações agudas: pneumonias, pielonefrites, doenças vasculares e neurológicas

Pacientes em Nutrição Parenteral, ventilação mecânica não invasiva e antibioticoterapia


domiciliar.
Atribuições do Cuidador
CUIDADOR:
✓ Fazer mudança de decúbito e massagem de conforto;
✓ Servir de elo entre o usuário, a família e a equipe de saúde;
✓ Administrar medicamentos, exceto em vias parenterais, conforme prescrição;
✓ Comunicar à equipe de saúde as intercorrências;
✓ Encaminhar solução quando do agravamento do quadro, conforme orientação da equipe;
Home Care
✓ no domicílio, a família tem papel essencial no cuidado do paciente, pois
sua participação ou não pode delinear a forma, a eficácia e a evolução do
cuidado e a qualidade de vida;
✓O cuidado no domicílio transparece uma conotação de “não doença”,
principalmente porque vivenciamos há muitos anos um modelo
hospitalocêntrico (pacientes permaneciam nos hospitais até estabilização
de seu quadro, recebendo visitas pontuais de familiares e amigos;
✓Continuidade do cuidado;
Terapia Nutricional Domiciliar -TND
TND - Objetivos
▪ Recuperar ou manter o nível máximo de saúde, funcionalidade e comodidade ao
paciente;
▪ Ofertar ao organismo nutrientes adequados ao tipo de doença, condições físicas,
nutricionais e psicológicas do paciente, mantendo ou recuperando o estado
nutricional;
▪ Atingir as necessidades nutricionais;
▪ Melhorar a aceitação à dieta;
▪ Melhorar a qualidade de vida do paciente.
Terapia Nutricional Domiciliar (TND)

➢ Pode ser definida como assistência nutricional e clínica ao paciente em seu domicílio;
➢ Tem como objetivo recuperar ou manter o estado nutricional, funcionalidade e
comodidade do paciente e está associada com redução de custos assistenciais,
otimização dos leitos hospitalares;
➢ Promove atendimento humanizado.
Terapia Nutricional Domiciliar (TND)
➢ A TND deve fazer parte do acompanhamento clínico de pacientes de média e alta
complexidade, deve ser considerada segura e ter relação custo benéfico satisfatória,
quando bem indicada, com bom planejamento e monitoramento adequado por
parte de equipe multiprofissional especializada;

➢ Terapia Nutricional Enteral Domiciliar (TNED);


➢ Terapia Nutricional Parenteral (TNP);
➢ Suplemento Oral Domiciliar (SOD).
Em quais pacientes a TND está indicada?

Pacientes que não atendem 70% de sua meta nutricional


SOD apenas com a dieta oral

Pacientes sem condições de se alimentar pela VO, que


TNED estejam com TGI íntegro e uma adequação < ou igual a
60% das metas nutricionais estabelecidas

Pacientes com TGI não funcionante, ou quando a


TNPD alimentação seja insuficiente para atender as metas
nutricionais
Terapia Nutricional Enteral Domiciliar (TNED)
Vantagens da associadas à TND: Redução de complicações clínicas e nutricionais;
Humanização

➢ Formas de administração da Dieta Enteral

- Gravitacional: Sistema aberto ou fechado


- Bomba de Infusão: Sistema aberto ou fechado
- Bôlus
TND – Papel do nutricionista na AD/Home Care
✓ Avaliar o EN, identificando os pacientes com risco nutricional;
✓ Determinar necessidades nutricionais;
✓ Prescrição dietética: escolha da fórmula ;
✓ Monitorização e registro;
✓ Orientar familiares quanto a horários, preparo, manipulação e administração da
dieta indicada;
✓ Atuação interdisciplinar junto a equipe, para que haja troca de informações da
evolução de cada aspecto do tratamento;
✓ Programação de visitas ;
TND - Considerar
▪ Restrições alimentares em função da patologia;
▪ Tabus, aversões alimentares, cultura, condições socioeconômicas, religião, etc..
▪ Estado nutricional e dieta prescrita;
▪ Elaborar prescrição dietética clara, de fácil execução;
▪ Antibioticoterapia, traqueostomia, utilização de sondas nasoenterais ou ostomias;
▪ Presença de transtornos de deglutição, digestão e absorção dos alimentos e
nutrientes, como disfagia, odinofagia, náuseas e vômitos;
▪ Instruir e orientar pacientes, acompanhantes e familiares quanto à importância da
alimentação prescrita;
▪ Considerar o período evolutivo da doença.
TND - Etapas
▪ Avaliação clínica: detectar possíveis carências nutricionais através do diagnóstico
médico, exame físico, medicações em uso e avaliação laboratorial;
▪ Avaliação Antropométrica: peso corporal, reserva de gordura e muscular, detectar
alterações agudas, sinais de desnutrição;
▪ Avaliação Dietética: hábito alimentar ou aceitação da dieta;
▪ Avaliação do Ambiente: identificar possíveis fatores que possam comprometer as
orientações dadas, higienização adequada de mãos, utensílios, alimentos e ambiente.
▪ Orientar cuidados na administração das dietas.
Conclusões
✓ TND com qualidade exige a participação de equipe multiprofissional de saúde, de
forma interdisciplinar;
✓ A TNED possibilita a redução dos custos hospitalares , bem como a melhora da
qualidade de vida do paciente;
✓ O monitoramento dos pacientes com TND permite verificar se a terapia nutricional
está adequada e se há necessidade de alterações ou adequações para garantir o
sucesso da terapia;
✓ Os aspectos psicossociais devem ser levados em consideração para que se tenha
êxito;
✓ Participação da família e do cuidador é fundamental.
Atenção Domiciliar no SUS – caderno de atenção domiciliar
TCLE
Referências
• Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica.Caderno de atenção domiciliar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Atenção Básica. –Brasília : Ministério da Saúde, 2012.
• Brondani, C. M.; Beuter, M.; Alvim, N. A. T,; Szareski, C.; Rocha, L. S. Cuidadores e Estratégias no
cuidado ao doente na internação domiciliar. Texto contexto enfermagem. V. 3, Ed. 19,Jul-Set, p.
504-10Florianópolis – SC, 2010.
• O que é home care? <Disponibilizado em: http://www.einstein.br/Hospital/home-care/o-que-e-home-
care/Paginas/o-que-e-home-care.aspx>
• BRASIL. Ministério da Saúde. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n° 11 de 26 de janeiro
de 2006. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Funcionamento de Serviços que prestam
AtençãoDomiciliar. Diário Oficial República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília.
https://youtu.be/usKJJ4THAbw

OBRIGADA!

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