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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNISEP

CURSO DE DIREITO
YASA ROCHELLE SANTOS DE ARAUJO

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA REFUGIADOS NO BRASIL – OS DESAFIOS


E AS DIFICULDADES NA DEFESA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS COMO
MECANISMO DE CUMPRIMENTO DA CONVENÇÃO DE 1951

DOIS VIZINHOS
2020
YASA ROCHELLE SANTOS DE ARAUJO

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA REFUGIADOS NO BRASIL – OS DESAFIOS


E AS DIFICULDADES NA DEFESA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS COMO
MECANISMO DE CUMPRIMENTO DA CONVENÇÃO DE 1951

Projeto de Pesquisa apresentado a União de


Ensino do Sudoeste do Paraná – UNISEP
como requisito para a elaboração da
monografia de conclusão de curso.
Professor Orientador: Karine dos Santos

DOIS VIZINHOS
2020
1.0 IDENTIFICAÇÃO DA PESQUISA
1.1 TÍTULO
Políticas públicas para refugiados no Brasil – os desafios e as dificuldades na
defesa dos direitos fundamentais como mecanismo de cumprimento da
Convenção de 1951
1.2 ACADÊMICO
Yasa Rochelle Santos de Araújo
1.3 ORIENTADOR
Karine dos Santos
1.4 ÁREA DO CONHECIMENTO
Direito Público; Direito Internacional Público; Direito Administrativo
1.5 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO
Direitos Humanos

2.0 OBJETO
2.1 TEMA
Refugiados e Políticas Públicas
2.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA
Políticas Públicas aplicadas em benefício dos refugiados no Brasil
2.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Existem políticas públicas eficientes aplicadas em benefício dos refugiados que
procuram asilo no Brasil?

3.0 HIPÓTESES
Não existem políticas públicas em número suficiente sobretudo em razão da
crescente chegada de refugiados para o país, por conta de episódios como o
terremoto no Haiti e na Síria.
As políticas públicas postas à disposição não resolvem problemas básicos como
moradia, acesso à saúde e a educação.
Não há políticas públicas direcionadas especificamente às questões relativas ao
trabalho do imigrante forçado e refugiado.
Não há políticas públicas que se destinem a conferir o devido apoio psicológico
ao refugiado.
4.0 OBJETIVOS
4.1 GERAL
Comprovar a ineficiência das poucas políticas públicas realizadas em benefício
dos refugiados no Brasil.
4.2 ESPECÍFICOS
Demonstrar quem é o refugiado e diferenciá-lo das demais categorias de
imigrantes.
Apresentar os mecanismos legislativos sobre o reconhecimento da condição de
refugiado no Brasil e no mundo.
Esclarecer o que vem a ser uma política pública e porque elas são tão
importantes para as pessoas na condição de refugiadas.
Criticar as políticas públicas atualmente existentes no Brasil enfatizando os seus
pontos críticos.

5 JUSTIFICATIVAS
O número total de solicitações de refúgio no Brasil, segundo dados da
Agência da ONU para Refugiados, aumentou mais de 2.868% entre 2010 e 2015
(de 966 solicitações em 2010 para 28.670 em 2015).
O país é signatário da Convenção de 1951 conhecida como Estatuto dos
Refugiados e, por essa razão, bem como por sua longa tradição da recepção de
imigrantes, vem se tornando um alvo cada vez mais na procura de asilo por estas
pessoas em situação de extrema vulnerabilidade.
O presente trabalho visa ressaltar a importância de se desenvolver
políticas públicas eficientes que permitam aos refugiados que chegarem no
Brasil na intenção de aqui obter asilo, conseguirem encontrar um ambiente
propício ao acolhimento, eis que os mesmos, na maioria dos casos, precisam de
auxílio nos itens considerados mais básicos relacionados à sua sobrevivência,
como alimentação, moradia, assistência médica e psicológica, vestuário, dentre
outros.
Visa também criticar a ausência de políticas públicas eficientes, eis que
as que atualmente existem nem sempre conseguem atender com maestria todos
os problemas enfrentados pelos refugiados, sobretudo em seus primeiros meses
de estadia no país.
6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O problema relacionado ao refúgio tem se tornado cada vez mais


emblemático em todo o planeta. Em verdade, é parte da história da humanidade
que pessoas em situações dificultosas busquem um novo lar em outro país, e
usem do pedido de refúgio para conseguir adentrar nesse novo local de forma
legalizada.
Um bom conceito de refúgio é aquele dado pela Convenção de 1951, a
primeira especialmente redigida sobre o assunto, e que diz expressamente que
os refugiados são as pessoas que:

Que, em consequência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de


janeiro de 1951 e temendo ser perseguida por motivos de raça, religião,
nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do
país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor,
não quer valer-se da proteção desse país, ou que, se não tem
nacionalidade e se encontra fora do país no qual tinha sua residência
habitual em consequência de tais acontecimentos, não pode ou, devido
ao referido temor, não quer voltar a ele. (ONU, 1951)

Essa Convenção recebeu uma complementação em seu sentido para


alargar seu espectro de proteção através do chamado Protocolo Adicional de
1967. Isso porque, no conceito da Convenção de 1951, os refugiados eram
apenas as pessoas que migravam em decorrência dos acontecimentos
relacionados à Segunda Guerra Mundial, e, portanto, pessoas de origem
europeia.
Mas, o Protocolo de 1967 reconheceu que pessoas em situação de
perseguição ou temor poderiam estar inseridas em outros contextos e, de igual
forma, poderiam ser pessoas de qualquer nacionalidade. Assim, as chamadas
“barreiras geográficas e temporais” apostas a expressão desapareceram. (ONU,
1967)
O Brasil tornou-se signatário da Convenção de 1951 e do Protocolo
Adicional de 1967. Assim, comprometeu-se em prestar auxílio humanitário a
essas pessoas, conferindo a elas uma tentativa de resgatar sua dignidade já
bastante prejudicada pelo contexto em que estavam inseridas em seus países
de origem.
O país compreendeu de forma cediça que este é um tema de enorme e
inquestionável relevância. Nos dizeres de Reis e Menezes (2014, p. 81) “A
admissão em um país como refugiado pode representar a diferença entre a vida
e a morte”. Inclusive, o processo de internalização da Convenção e do Protocolo
resultou na Lei n. 9.474, de 22.7.1997 e com isso organizou todo o procedimento
necessário para que uma pessoa que esteja em situação de perigo possa se
beneficiar de tal instituto no país.
Porém, esse trabalho não tem por fulcro discutir se essas regras são ou
não adequadas, mas sobretudo a refletir sobre o fato de que elas, por si sós, não
conseguem proteger adequadamente as pessoas que solicitam refúgio. Isso
porque, a maioria das pessoas que solicitam refúgio – inclusive no Brasil – são
seres humanos totalmente despojados de seus direitos mais elementares: estão
sem dinheiro, psicologicamente abalados, não possuem emprego, moradia, não
falam português, e em grande parte, estão doentes.
Quando um refugiado sírio chega ao Brasil, sem conhecer a realidade
local e sem falar a língua, sustentar a família em fuga do Oriente Médio
é um enorme desafio. Ao deixarem suas casas, os sírios deixam para
trás também boa parte dos parentes, diplomas, empregos. Muitos são
engenheiros, médicos, administradores. Recomeçar vida nova dentro
dessas atividades é quase impossível, seja por burocracia, seja por
dificuldades com o idioma, seja pelo tempo que essa inserção
demanda – e boa parte deles simplesmente não têm como esperar.
(EXAME, 2019).

Assim, pelo que se percebe do exemplo acima, é crucial que o Brasil se


prepare para receber estas pessoas. Não basta apenas ter ratificado a
Convenção e a internalizado. É imprescindível que uma política de acolhimento
bastante específica e bem estruturada seja desenvolvida, a fim de que os
refugiados consigam reconstruir suas vidas e, logo, vivenciarem a adaptabilidade
na nova terra, ainda que desejem aqui permanecer apenas até que a situação
em seu país de origem se normalize.
Em todo o mundo, a atuação da ONU, nesse sentido, tem se mostrado
muito importante. Existe uma agência da ONU (com atuação em diversos países
do mundo, incluindo o Brasil) que trabalha especificamente em ações voltadas a
questão dos refugiados e se denomina como ACNUR (Agência da Nações
Unidas para Refugiados).
O trabalho do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, no Brasil
é pautado pelos mesmos princípios e funções que em qualquer outro
país: proteger os refugiados e promover soluções duradouras para
seus problemas. O refugiado dispõe da proteção do governo brasileiro
e pode, portanto, obter documentos, trabalhar, estudar e exercer os
mesmos direitos que qualquer cidadão estrangeiro legalizado no país.
(ACNUR, 2019)

Além do ACNUR, existe também o CONARE (Comitê Nacional para


Refugiados), órgão ligado ao Poder Executivo e que juntamente com o ACNUR
atua não apenas nas questões burocráticas relativas a admissão de refugiados
no Brasil, mas igualmente se volta a concretização de ações e programas
voltados às políticas de acolhimento. Juntos essas instituições são responsáveis
por grande parte das atuações governamentais em benefício dos refugiados no
Brasil, mas a questão que se pretende verificar nesta pesquisa diz respeito ao
fato de que nem sempre as atuações do Estado têm se apresentado suficientes.
Isso porque de acordo com os dados divulgados pelo CONARE na 4º
edição do relatório intitulado como “Refúgio em Números”,1.086 refugiados de
diversas nacionalidades foram recepcionados pelo país em 2018, fazendo com
que na atualidade 11.231 refugiados encontrem-se em solo pátrio.
Esses números tornam a questão extremamente desafiadora para o
Brasil, país que já possui seus próprios desafios em relação a políticas sociais
eis que se trata de um país em desenvolvimento, com indicadores não tão
favoráveis em relação a essa seara.
Desta sorte, a presente pesquisa procurará investigar se as políticas
voltadas aos refugiados no Brasil apresentam-se eficaz às necessidades destas
pessoas. As hipóteses a serem testadas ao longo do trabalho, auxiliarão na
descoberta de como a realidade brasileira se apresenta quando tantos
refugiados vem procurando o Brasil a fim de obter neste país, uma estrutura
mínima para recomeçar suas vidas.
Por fim, espera-se responder a pergunta problema não apenas
demonstrando a falibilidade das políticas realizadas, como apontando que o
auxílio da iniciativa privada e a busca de políticas educacionais que fomentem a
inclusão destas pessoas, talvez seja um caminho na promoção dos direitos já
presentes na lei e que asseguram a proteção dos refugiados como um direito
humano que merece respeito.
7 METODOLOGIA
O trabalho será realizado a partir da análise bibliográfica, aplicando-se os
métodos lógico - sistemático e analítico.
O método lógico sistemático, segundo Volpato (2015) se refere a
interpretação realizada com base em todo o sistema jurídico, conforme o
contexto, pois quem aplica artigo do código aplica todo o sistema.
Por sua vez, o método analítico, segundo Bento (2004) propõe a
decomposição do todo em partes, ou seja, propõe a análise de cada uma das
hipóteses e conceitos aqui apresentados com vistas a responder a pergunta –
problema.
A fonte de pesquisa será composta de livros e artigos científicos que
debatem a problemática, pesquisas realizadas por órgãos especializados,
documentários e entrevistas realizadas com especialistas.

8 SUMÁRIO PROVISÓRIO
INTRODUÇÃO
1.0 REFÚGIO E MIGRAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO.
1.1 A MIGRAÇÃO, O REFÚGIO E O ASILO – DISTINÇÕES TERMINOLÓGICAS
1.2 PANORAMA ATUAL SOBRE O REFÚGIO NO MUNDO, SEGUNDO O
ACNUR.
1.3. OS REFUGIADOS E A REALIDADE BRASILEIRA
2.0. A CONVENÇÃO DE 1951 E SEU PAPEL NA DEFESA DOS REFUGIADOS
2.1 – ORIGEM, CONCEITO E FINALIDADE DA CONVENÇÃO DE 1951
2.2 – PROTOCOLOS ADICIONAIS
2.3 – A APLICAÇÃO DA CONVENÇÃO DE 1951 NO BRASIL
2.4 – A CONVENÇÃO DE 1951 E OS DIREITOS HUMANOS DA PESSOA
REFUGIADA
3.0 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA REFUGIADOS NO BRASIL
3.1 POLÍTICAS PÚBLICAS – CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E PRINCÍPIOS
NORTEADORES
3.2. AS POLÍTICAS DE AMPARO AOS REFUGIADOS NO BRASIL E SEUS
RESPONSÁVEIS
3.3 VISÃO CRÍTICA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS EM FACE AO
CRESCIMENTO DO NÚMERO DE REFUGIADOS NO BRASIL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

9 CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES


Fases Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho
Introdução x
Capítulo 1 x
Capítulo 2 X
Capítulo 3 x x
Conclusão x
Referencias x

10 BIBLIOGRAFIAS
ACNUR. Manual de procedimentos e critérios para a determinação da
condição de refugiado de acordo com a Convenção de 1951 e o Protocolo
de 1967 relativos ao Estatuto dos Refugiados. Disponível em:
http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/Publicacoes/2013/Ma
nual_de_procedimentos_e_criterios_para_a_determinacao_da_condicao_de_r
efugiado.pdf?view=1 Acesso em: 21 de julho de 2015.

ALBUQUERQUE, Catariana. Direitos Humanos | Órgãos das Nações Unidas de


Controlo da Aplicação dos Tratados em Matéria de Direitos Humanos: Os
Direitos da Criança: as Nações Unidas, a Convenção e o Comité. Gabinete
de documentação e direito comparado. Disponível em:
<http://www.gddc.pt/direitos-humanos/onu-proteccao-dh/orgaosonu- estudos-
ca-dc.html>. Acesso em: 01 de junho de 2015.

ANDRADE, José H. Fischel de; MARCOLINI, Adriana. Direito Internacional


dos Refugiados: evolução histórica (1921-1952). Rio de Janeiro: Renovar,
1996.

BARRETO, Luiz Paulo Teles Ferreira. A Lei Brasileira de Refúgio – Sua


história. In: Refúgio no Brasil: a proteção brasileira aos refugiados e seu impacto
nas Américas. Brasília: ACNUR, Ministério da Justiça, 2010.

BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre Estatuto da Criança


e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF: DOU, 1990.

________ Constituição Federal. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível


em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso
em: 19 de jul. de 2015.
JUBILUT, Liliana Lyra. O Direito internacional dos refugiados e sua aplicação
no ordenamento jurídico brasileiro. São Paulo: Método, 2007.

MOREIRA, Julia Bertino. Redemocratização e direitos humanos: a política para


refugiados no Brasil. In: Revista Brasileira de Política Internacional. Ano 53,
Volume 1. 2010. p-p 25-42.

Rizzini, Irene. A institucionalização de crianças no Brasil: percurso histórico


e desafios do presente. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2004.

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