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Timmy e Tommy

(Narração)
Uma bela noite, numa velha casinha com vista para
um sombrio matagal estava sentado numa cadeira na
varanda, um senhor idoso, seu nome era Timmy e,
no colo, seu gato preto chamado Tommy que
também parecia ser tão velho quanto seu dono.
Naquela mesma noite um jovem garotinho,
provavelmente neto do senhor chegou a ele e
perguntou diversas coisas de sua época, foi então
que o senhor decidiu lhe contar uma história que
resumiria a todas as perguntas.
- sente aqui, Luiz, vou lhe contar agora uma história
de algo que aconteceu comigo a muito tempo
quando eu tinha a sua idade.
Assim, o garotinho começou a imaginar a história de
seu avô enquanto brincava com o gato preto.
- tudo começou numa noite quando eu esperava
minha mãe chegar em casa, estava caindo uma
tempestade e uma ventania que derrubava casas de
desavisados e pobres com residências precárias, a
tempestade era tão forte que a preocupação com a
minha mãe só aumentava.
Era meu aniversário de sete anos, e sem a minha
mãe a festa não existia foi então que em determinado
momento fui dormir pois estava cansado de um
longo dia na roça e cuidando do rebanho. Minha
mãe chegou enquanto eu escovava os dentes, parecia
cansada e muito abalada mais fingia estar
minimamente feliz.
Ela me entregou de presente um gato no qual nomeei
de Tommy e cuidei como se fosse um filho para
mim.
Antes de dar boa noite a minha mãe, vi ela fumando
na janela olhando pra lua rodeada de estrelas.
Eu perguntei o que estava havendo, ela era tão
animada e alegre, sempre contando uma piada,
definitivamente ela não estava bem!
Foi então que, com os olhos cheios de lagrimas me
contou o que se passava.
- Tim, querido, já olhou para as estrelas um dia e
imaginou que uma delas poderia realizar um desejo?
- sim mamãe, muitas vezes.
- que bom.
Foi então que ela sem nem dizer mais nada, subiu
para o seu quarto e me deixou na janela refletindo a
sua estranha pergunta enquanto acariciava meu novo
animalzinho.
No dia seguinte meu pai estava na porta, minha mãe
havia se separado dele quando eu tinha quatro anos.
Eu adorava ele e fui correndo abraçá-lo, ele também
parecia meio abatido. Minha mãe apareceu com um
sorriso meio forçado que mais parecia de tristeza.
Ela estava com a minha mochila que estava bem
cheia, ela entregou ao meu pai e deu-lhe um beijo na
bochecha. Então meu pai me falou:
- vamos filho?
- para onde?
- ora, esse fim de semana iremos passar um fim de
semana juntos!
- sem fazer muitas perguntas, coloquei a mochila nas
costas e o gato Tommy embaixo do braço, dei um
beijo em minha mãe e segui meu pai que levava um
pequeno carrinho de mão.
- filho, nossa viajem será longa, caso se canse, pode
entrar no carrinho.
- tudo bem.

Vi a minha mãe acenando pra mim da porta de casa,


se afogava em lágrimas como se fosse uma
despedida eterna. Segui meu pai e fomos para nossa
estranha viajem.
- para onde vocês foram vovô?
Perguntou o neto de Timmy.
- você logo saberá.
Bom, assim que começamos a pegar a estrada, meu
pai simplesmente olhou para a floresta a nossa
direita e falou para seguirmos caminho por ela. Meu
pai enlouqueceu? pensei, mais como eu já era
acostumado a encarar as florestas, entrei com ele.
Dias se passaram, poucas vilas encontramos no
caminho para reabastecer nossa barriga e fazer as
nossas necessidades, eu já estava cansado, era
quarta-feira, o “fim de semana com o papai” agora
era a “semana com o papai”, eu quase desmaiava
quando meu pai, ali encontrou no horizonte uma
vila, porém diferente das vilas que havíamos parado.
Essa vila era bela, muito bem cuidada, as casas eram
todas idênticas umas das outras com apenas as belas
cores as diferenciando umas das outras e bem no
fundo delas a continuação da floresta que
seguíamos. Nós três tínhamos achado a sorte grande
de poder novamente repousar.
Ao chegarmos lá, as pessoas nos olhavam com um
olhar de medo misturado com ódio se escondendo
lentamente em suas casas e fechando as portas e
janelas, as crianças que tomavam banho na piscina
se recolheram da água, amigos que faziam um
churrasco fingiam não estar comentando sobre a
gente e senhoras que regavam suas plantas nos
olhavam com o nariz empinado.
Entramos numa lanchonete ali mesmo na vila, onde
fomos servidos por uma garçonete gentil, além de
ser a única pessoa a nos tratar bem ali.
- o que vão querer rapazes?
- o que tiver, há há! afirmou brincando o meu pai.
A garçonete começou a se dar bem com ele,
passando horas conversando, eu e Tommy comemos
muito, sim, ele comia comida de lanchonete, apesar
de rejeitar em casa, sinal de que ele realmente estava
com fome.
Meu pai sem querer falou a garçonete que estávamos
perdidos e sem casa, com isso ela começou a
oferecer sua casa para nós, meu pai recusou mais ela
insistia em passarmos ao menos uma noite.
Então, quando o sol estava se pondo e as crianças
começavam a sair pra brincar, fomos seguindo a
garçonete até sua casa. Ao chegarmos meus olhos
brilhavam, era uma casa linda com a mobília
parecendo recém construída, era incrível!
Saí pra brincar com as crianças que vi no caminho
enquanto meu pai conhecia melhor a gentil moça.
- desculpe, estou na sua casa e nem sei o seu nome.
- Luana, Luana silva.
Meu pai pediu para usar o telefone dela, ele ligou
para minha mãe para falar que estávamos bem,
porém ninguém atendia, o desespero bateu para ele,
decidiu então ligar para o médico dela que deu a
infeliz notícia de que ela havia falecido de câncer no
pulmão, meu pai chorava muito, Luana tentava
acalmá-lo.
Eu tentava brincar com as crianças que mais uma
vez fugiram de mim, então puxei um garoto pelo
braço a força e perguntei o porquê daquele medo
todo, então a mãe dele chegou, me empurrou e
mandou eu nunca mais tocar no filho dela. Eu havia
o machucado no braço, então novamente as pessoas
se esconderam, foi então que um velho na rua avia
me dito o seguinte:
- sabia que nessa vila, são proibidos os animais?
Demorei pra entender a indireta, até me tocar que o
povo ali tinha grana e eu e me pai nada, como aquilo
mexeu comigo.... Chegando em casa, meu pai estava
com Luana no quintal conversando bem baixinho, eu
logo contei o que tinha acontecido, se meu pai
estivesse bem naquele momento, iria partir pra cima
daquele velho mais como estava chateado, decidiu
sossegar mesmo. E também me contou o que tinha
acontecido com minha mãe, fiquei com raiva, muita
raiva, pois deveriam ter me contado desse câncer
dela, mais preferiram ter deixado em mistério e nem
consegui me despedir dela. Agora já não era mais a
“semana com o papai”, era a “vida toda com o
papai”.
Naquela noite me sentei na janela com o gato
Tommy, olhando para as estrelas do céu naquela
noite, me lembrei da pergunta que minha mãe havia
me feito naquela noite, pensei na estrela cadente,
que veio à mente a sorte, a falta de sorte que eu e
meu pai tínhamos, então pensei em desejar para as
estrelas toda sorte do mundo para nós, claro que eu
só estava fazendo por fazer, eu sabia que nada iria
acontecer de bom pra gente. Peguei Tommy, me
abracei com ele e deitei na cama, calmamente fechei
meus olhinhos e comecei a sonhar.
era um sonho estranho, uma mulher falava comigo,
chamando meu nome, logo pensei na minha mãe,
mais não era ela...parecia ser uma mulher bem mais
nova, com um sotaque meio indefinido, ela indagava
meu nome num ritmo de canção, eu a seguia
hipnotizado quase voando de tanto encanto, ela me
dava uma estrela cadente e dizia que sorte estava alí,
eu pegava a grandiosa estrela e levava pra mim,
porém o sonho foi ficando sombrio, a moça estava
com os olhos vermelhos girando a cabeça em 360
graus com muita velocidade, eu corria de medo, a
estrela havia virado uma imensa cobra que comia
todo mundo no vilarejo, todas aquelas pessoas que
me trataram mal estavam ali, morrendo, e não, não
achava legal ver pessoas morrendo, mesmo que
fossem ruins, eram seres humanos!
Eu acordei assustado, Tommy ainda dormia mais eu
não conseguia mais, aquele havia sido o pesadelo
mais nítido e real que eu já tinha tido.
No dia seguinte, fui atrás do menino que machuquei
pedir desculpas pois eu sabia que naquele dia
mesmo eu ia partir com meu pai pro resto da viajem
e nunca mais iria vê-lo, ele estava sentado na
calçada brincando de peteca com uma menina, por
sinal muito bonita, cheguei até ele e pedi desculpas,
ele não me respondeu logo, primeiro olhou em volta
pra garantir que ninguém estava vendo, então falou
sussurrando:
- tudo bem, amigo, eu não sinto mais dores.
Sorrimos um pro outro, a menina também sorriu,
então começamos a brincar de peteca.
Perto da hora do almoço, cheguei com meu pai
pedindo desculpas pelo meu stress da noite passada.
Ele parecia bem mais contente nesse dia, estava
cozinhando e falou que Luana estava para chegar, e
que íamos almoçar juntos.
Eu ainda não havia me tocado que papai e Luana
estavam tendo uma relação amorosa indefinida, e
também nem liguei, contei ao meu pai que fiz as
pazes com o menino do outro dia. Ele sorriu e me
deu um beijo na cabeça:
- filho, amo você.

Nunca tinha ouvido isso dele, sempre parecíamos ter


uma relação tão forçada agora parecia natural que
éramos de fato pai e filho.
De tardinha, Luana e meu pai foram a um festival
que acontecia numa praça ali perto, e eu fui brincar
com meus amigos e junto de mim, Tommy o gato
inseparável, porém antes de sair de casa eu escutei
uma cantoria cuja única letra era o meu nome.
Pensei, onde já escutei isso antes? eu não tinha
muitas memórias do pesadelo da noite passada,
segui a voz até a floresta que ficava bem ao lado da
casa de Luana, como já era a tarde, a floresta
naquela hora já estava escura, entrei assim mesmo
com a curiosidade quase me matando.
Vi atrás de uma árvore uma moça, bem jovem, isso
me fez recordar do sonho, e tornei a seguir ela até
ver aonde iriamos. Quando me dei conta, havia um
imenso castelo a minha frente, e com a jovem moça
me esperando na porta.
Entrei sem fazer perguntas, o lugar era horripilante,
muito sujo e velho, nem parecia que aquela moça tão
bela morava num lugar tão podre.
Tommy se escondia na minha mochila, perguntei
então porque estávamos aqui. Ela deu uma alta
risada de bruxa enquanto tirava sua peruca, ela tinha
dentes expostos, pelos nos ombros e uma coloração
verde, seu pescoço era longo, tinha cerca de uns dois
metros, as vezes esticava mais, as mãos eram feias,
as unhas eram enormes. Vi então aquilo não era uma
bela moça, era um monstro, mais ainda sim mulher.
Quase escapei mais ela me puxou pelos pés.

- isso é sério mesmo vovô?!


Sim! com certeza, ela me amarrou e perguntou a
mim:
- quer ter sorte na vida, jovenzinho?
Eu com muito medo acenei com a cabeça que sim.
Ela então deu uma risada mais alta ainda.
- pois bem jovenzinho, vamos fazer um acordo, eu te
dou minha formula da sorte e você será, por toda
eternidade o ser humano mais sortudo do mundo, em
troca, eu quero que me traga um homem com quem
eu possa casar!
Eu logo pensei no meu pai, ele estava solteiro ao
meu ver, tendo apenas uma simples amizade com a
garçonete Luana, foi o que pensei.
Prometi então trazer meu pai até ela e aceitando o
acordo.
Ela então jogou a formula no meu gato, que logo
começou a se contorcer e a miar alto.
- ei! esse feitiço é pra mim ou para o gato? perguntei
a ela.
- acalme-se jovenzinho.
O gato tommy então havia se transformado num
menino, um menino exatamente igual a mim.
- o que fez com ele?!
- a partir de agora, seu gato será um jovem igual a
você crescerá com você, falará com você e viverá
com você, basta nunca se afastar dele, caso
contrário, sua sorte sumirá, enquanto estiver
próximo dele, sua sorte no topo para sempre estará.
Mais lembre-se, quero seu pai aqui, apaixonado por
mim em breve, senão você perderá seu gêmeo e será
azarado para sempre!
Eu não estava preocupado, agora tinha um irmão
gêmeo e uma sorte infinita, jurei trazer meu pai a ela
muito em breve.
Ao chegar em casa tentei contar ao meu pai o que
havia acontecido porém estava no quintal beijando
Luana na boca. Aquilo me preocupou.
Preciso impedir o amor desses dois e comprometer
meu pai com aquela coisa feia. Pensei eu ao lado do
tão tagarela tommy que falava coisas engraçadas o
tempo todo.
Esqueci da bruxa naquele dia, eu estava cansado e
ainda precisava achar um bom lugar para esconder
tommy. Foi então a partir daquele dia, nunca mais
pensei na bruxa...
o tempo passou, eu e tommy crescemos, nessa época
eu havia acabado de fazer aniversário de dezesseis
anos, tudo uma beleza, acompanhado de tommy,
virei o garoto mais popular da escola e o mais rico
do vilarejo, sim! o jogo virou e meu pai (agora o
homem mais rico do local e sem nem saber o
porquê) estava concorrendo a prefeito, aquelas
pessoas que antes se escondiam da gente, naquela
altura choravam por misericórdia, e sempre
ajudávamos sem problema nenhum, Luana até
consegui abrir um tão sonhado restaurante.
Esse tempo em que passei com tommy pude ensinar
tudo sobre a vida, até o dia em que surgiu, suas
memórias eram todas de gato, então aprendemos
coisas juntos conforme crescemos, com o passar dos
anos senti como se ele realmente fosse meu irmão, e
quanto mais meu amor com ele crescia, o medo da
bruxa retornar também. Eu sentia que ela estava por
vir, a qualquer momento.
Com o sucesso no auge, meu pai decidiu então
anunciar o casamento dele com Luana.

- uoouu! o que você fez vovô?!

Eu não tinha muito o que fazer, ou eu impedia


aquele casamento, ou perdia minha posse de garoto
mais sortudo da terra, eu optei por estragar o
casamento!
Uma noite em casa, papai e Luana haviam ido ao
supermercado, eu e tommy ficamos livres em casa
curtindo a vida adoidados, até meu pesadelo
começar.

- o que houve? ela apareceu? a bruxa apareceu na


sua casa?!

Não exatamente, eu recebi uma ligação dela, ela


parecia furiosa comigo.
- cadê seu pai, rapazinho?!
Foi então que decidi contar ao meu pai toda verdade
e pôr um fim nisso tudo.
Assim que chegaram do mercado, os recebemos na
porta, eu e tommy um do lado do outro bem na
entrada, enquanto Luana gritava até desmaiar, meu
pai parecia confuso achando que era o efeito da
cerveja.
Expliquei tudo e ele custou a acreditar, ficava rindo
querendo que eu contasse o truque. Eu estava me
enfurecendo, falei que ele deveria aceitar se não o
casamento dele iria sair pela culatra. Quando Luana
acordou voltou a gritar até cair de novo no chão.

Naquela mesma noite, a bruxa, em seu castelo,


observou-se no espelho e viu que não podia
conquistar ninguém daquele jeito, então encontrou
uma revista havia pego na última cassada, era uma
revista de moda, ela viu aquelas fabulosas roupas e
simplesmente decidiu agir. Ela criou uma formula da
beleza, tomou e num instante se tornou a mais bela
moça, admirou-se novamente no espelho e deu sua
risada aterrorizante, com seus dentes, arrancou as
longas unhas de seus dedos e pós luvas brancas e
para esconder sua cabeça suja, colocou um chapéu
de miss, então disse para si mesma:
- Se o jovenzinho não vai me ajudar, pois que assim
seja, eu conquistarei aquele homem, em breve
poderei me tornar a mãe do garoto e atormentar a
vida dele! Hahahaha!
Indagou enquanto os trovões tomavam conta da
iluminação do castelo.
No outro dia, chegou em casa nossa nova
empregada, uma jovem muito bela com roupas da
época e um jeito doce de falar. Mais o sotaque
indefinido me fez imediatamente pensar na bruxa
mais ignorei essa possibilidade absurda, pelo menos
foi o que pensei.

Tommy e eu fomos pescar, fazíamos isso todo fim


de semana, mais naquele dia tommy parecia triste,
na verdade já tinha um certo tempo que ele não
estava agindo normalmente.
- o que foi? você está bem? perguntei a ele.
- não, não sei Timmy, devo estar doente, não precisa
se preocupar.
Eu, é claro, me preocupei.
No caminho pra casa, me encontrei com aquele
menino da peteca ao lada da irmã, fui conversar com
eles e tommy parecia furioso, como se estivesse
incomodado com a nossa amizade. Ao chegarmos
em casa tommy afirmou que eu deveria tomar
cuidado com quem ando, eu fiquei com raiva dele,
brigamos e fomos pro quarto.
Meu pai viu a briga e, mesmo ainda sem acreditar
que tommy era real, tentou ajudar-nos até a
empregada começar a paquerá-lo.

- ah não, então ela era a bruxa?

Sim, não demorei a perceber isso quando vi os dois


se beijando. O problema é que Luana também viu a
cena e imediatamente terminou o casamento. Meu
pai chorava enquanto a “empregada” o acalmava:
- eu serei melhor do que ela, venha comigo, você
terá uma mulher de verdade, eu!
Cheguei até ela e sussurrei:
- você não vai conseguir conquistá-lo a força, bruxa.
Ela então me empurrou e riu e foi pra cozinha fazer
seu papel de “empregada”.
Naquela noite papai dormiu no sofá e a bruxa foi
demitida. Antes de dormirmos eu cheguei a ele e
falei:
- não disse! pai, corremos perigo!
Então ele me repreendeu gritando comigo pela
primeira vez, toda vizinhança ouviu.
- como você pode fazer isso comigo Tim? tem ideia
da gravidade da situação? agora uma bruxa horrenda
vai vir atrás de nós, e ai? vai fazer o que? precisa se
livrar do seu gêmeo tommy agora mesmo, se não
aquela feiticeira vai nos devorar vivos!
Pensei bem depois, fui para o quarto com tom, falei
pra ele que talvez fosse melhor ele voltar a ser um
gato. Aquilo mexeu com ele a ponto de bater à porta
na minha cara, ele não queria voltar a ser um gato,
queria ser um humano para sempre.
Eu estava num beco sem saída, ou eu entregava
Tommy a bruxa, seria azarado pra sempre mais teria
meu pai feliz, ou eu ficava com tommy, seria
sortudo pro resto da vida mais teria meu pai preso
num castelo com aquela aberração. O que fazer?!
pensei eu.
No outro dia, iria acontecer um mega festival de
inauguração para uma nova prefeitura, uma imensa
mansão, meu pai parecia levemente nervoso, pois na
noite anterior, certos vizinhos ouviram a nossa briga.
De noite seria o grande festival, naquela mesma
noite meu pai iria pedir a mão de Luana em
casamento, como haviam mais de cem pessoas ali
torcendo por ele, eu tomei minha decisão, me livrar
de tommy e ver meu pai feliz, porém sem contar a
ele o que eu planejava, caso contrário, poderia dar
outro surto.
Enquanto isso, a bruxa observava a organização do
festival então fez um de seus feitiços e se
transformou em cozinheira onde pode entrar
facilmente na mansão.
Eu e tommy usávamos o mesmo terno preto com
gravata borboleta vermelha, ele, assim como meu
pai, também estava chateado comigo, eu comecei a
enlouquecer então.
Chegada a hora da festa, Luana cruzou por acidente
com a bruxa, as duas então se reconheceram, a bruxa
a empurrou para um dos quartos da mansão:
Aquele homem é meu! Disse a bruxa enfurecida.
Luana parecia confusa, afinal, o que a cozinheira iria
querer com ele?
A bruxa então a jogou um feitiço de sono profundo e
a largou na cama, assumiu o corpo de Luana e
voltou pra festa.
A festa parecia ótima, todos conversando e
dançando, então meu pai decidiu que estava na hora
de anunciar o casamento, se ajoelhou aos pés de
“Luana” e pediu:
- gostaria de casar-se comigo?
Imediatamente, a bruxa assumiu sua forma
verdadeira, que assustou todos os moradores do
Vilarejo, os espantando para fora da mansão.
Enquanto isso, levei tommy para um dos quartos
para contar que não poderíamos mais ser gêmeos, e
ele precisava voltar a ser um gato.
Daí, naquele momento, tommy abriu a boca para
falar de seus sentimentos e não com suas besteiras
que costumava dizer.
- timmy, esses anos que passei com você, e com
essas pessoas aqui, me fizeram o ex gato mais feliz
do mundo, pude aprender a ser uma pessoa de
verdade, tudo isso graças a você! eu posso te trazer
sorte mais pra mim, a maior sorte é ter você como
meu amigo.
Choramos juntos, nos abraçamos e sorrimos um pro
outro, então ouvimos as pessoas gritando no salão de
festas da mansão e corremos para ver o que estava
acontecendo.
Quando vimos a bruxa ali, e as pessoas gritando, me
preocupei, claro, então pensei na possibilidade de a
matar. Sua estranha risada me deixava com medo de
chegar perto, ela logo me viu e me puxou pelo
braço, revelou então seu verdadeiro objetivo:

- hahaha, vocês acharam mesmo que eu quero casar


com o homem perfeito? hahaha, meu objetivo é
simplesmente assumir a sua alma e ficar mais
poderosa do que já sou! hahahaha!
Então, tommy usou uma faca de cozinha que estava
em uma das mesas do salão e a enfiou bem no seu
coração que começou a queimar, pipocar e explodir.
Cinzas dela voaram pelo salão de festas, as pessoas
aos poucos voltaram para ver o que tinha acontecido.
Após o ocorrido, a população nos mandou embora,
ficaram com raiva de termos exposto ao perigo o
vilarejo deles. Como a magia inteira havia sumido,
Luana logo acordou sem a lembrança de nada, nem
mesmo do meu pai, tudo que ela se lembrava era que
trabalhava em um restaurante. Tommy também
sumiu, quer dizer, voltou a virar um gato, na mesma
noite nós fomos enxotados a força pelo povo e
fugimos jurando nunca mais voltar.
Dias depois chegamos em casa, sim, a casa que eu
morava com minha mãe, passei então a viver com
meu pai e Tommy ali sem nunca mais ser
incomodados, meu pai nunca mais foi o mesmo,
passou a se tornar um homem mais sério e, digamos
que eu também.

-Ue, vovô! E o gato Tommy? O que aconteceu com


ele?
Ora Luiz, gatos vivem muito pouco, anos mais tarde
eu o perdi, infelizmente.
- então, esse gato aqui, não é tommy?
Quem sabe Luiz, quem sabe....
(Narração)
Chegando a hora do jantar, Luiz e Timmy entraram
para comer, Luiz deu uma rápida olhada no gato
preto de seu avô, o gato sorriu e pulou pela janela.
Luiz jurou que o gato havia sorrido para ele, Tim
então gargalhou dizendo ironicamente:
- Crianças ... inventam cada coisa! Hahaha!
Indagando Tim, olhando para a esposa que lhe deu
uma leve risada.
- Essa noite não durmo! disse Luiz.

Fim

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