Peça 04

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE

FAMÍLIA E SUCESSÕES DA COMARCA DE CAMPO GRANDE/MS.

MARILENE AMARAL DA SILVA CHAVES, brasileira, aposentada,


viúva, RG 000303566 SSP/MS, CPF 200.018.271-20, residente e domiciliada na Rua Bom
Jesus, n° 453, Vila Aimoré, Campo Grande, MS, por seu advogado devidamente
constituído pelo instrumento de mandato anexo, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fundamento no artigo 747 e seguintes do Código de Processo Civil e
artigo 85 da Lei n. 13.146/2015, vem à presença de Vossa Excelência requerer:

AÇÃO DE INTERDIÇÃO E CURATELA COM PEDIDO DE TUTELA


DE URGÊNCIA

em face de Alessandro Augusto Gomes da Silva, brasileiro, solteiro,


desempregado, RG 756.182, CPF 607.587.161-68, residente e domiciliado na Rua Bom
Jesus, n° 453, Vila Aimoré, Campo Grande, MS, pelas razões de fato e de direito que passa
a aduzir:

I- DOS FATOS

A Requerente é mãe do interditado, conforme se depreende dos documentos


anexos.

Conforme laudo médico, em anexo, o requerido vem sofrendo de transtornos


mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool e múltiplas drogas e ao uso de outras
substancias psicoativas síndrome de dependência (Cid F19.2 com F10.2), bem como com
doenças pulmonares relativas ao uso do tabaco e substâncias tóxicas e não apresenta
condições para prática de alguns atos da vida civil, vez que possui dificuldades para se
expressar e de realizar comportamentos cotidianos, necessitando assim, de curador para
resolver questões pertinentes aos seus bens e ganhos.
Com isso, por ser a Requerente responsável por despender os cuidados
necessários diuturnamente ao Interditando, pretende a decretação de interdição dele, bem
como sua nomeação para curadora, permitindo-lhe representar seus interesses.

II- DE DIREITO

a) Interdição

A incapacidade cessa quando a pessoa atinge a maioridade, tornando-se, por


conseguinte, plenamente capaz para os atos da vida civil.

Entretanto, pode ocorrer, por razões outras, que a pessoa, apesar da


maioridade, não possua condições para a prática dos atos da vida civil, ou seja, para reger a
sua pessoa e administrar os seus bens. Persiste, assim, a sua incapacidade real e efetiva, a
qual tem de ser declarada por meio do procedimento de interdição, tratado nos arts. 747  do
Código de Processo Civil.

Art. 747. A interdição pode ser promovida:

I - pelo cônjuge ou companheiro;

II - pelos parentes ou tutores;

III - pelo representante da entidade em que se encontra abrigado o


interditando;

IV - pelo Ministério Público.

Parágrafo único. A legitimidade deverá ser comprovada por


documentação que acompanhe a petição inicial.

Conforme verificou-se a partir dos fatos já expostos, o interditando padece de


transtornos mentais e comportamentais em decorrência do uso prolongado de drogas e
alcool, além do seu problema pulmonar, como mostra nos laudos em anexo, sendo
absolutamente incapaz de praticar pessoalmente os atos da vida civil.
Por isso, a nomeação de curador ao incapaz afigura-se como medida
imperiosa à proteção de sua vida, de sua saúde e de seus interesses, haja vista que não
apresenta condições de providenciar por si próprio o suprimento de suas necessidades
fundamentais.

b) Da Curatela

De igual forma prescreve o Código Civil, in verbis:

Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:

I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem


exprimir sua vontade; 

III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 

Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de


fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito.

§1  o  Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a


mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto.

§ 2  o  Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.

§ 3  o  Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a


escolha do curador.

Desta forma, demonstrado está que o interditando não tem mínimas condições
de gerir e administrar sua pessoa, firmando que este não possui bens, mas é imprescindível
que seja representado pela Requerente, está sendo sua mãe, com o termo de curatela,
poderá dar melhores condições de vida ao filho.

c) Tutela de Urgência e Curatela Provisória

A concessão da tutela de urgência em ações de interdição, mediante a


nomeação de curador provisório, está prevista nos artigos 300 e seguintes, em
conformidade no art. 749, parágrafo único, no Código de Processo Penal.
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos
que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

§ 1  o  Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso,


exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a
outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.

§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após


justificação prévia.

§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida


quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Art. 749. Incumbe ao autor, na petição inicial, especificar os fatos que


demonstram a incapacidade do interditando para administrar seus bens e,
se for o caso, para praticar atos da vida civil, bem como o momento em
que a incapacidade se revelou.

Parágrafo único. Justificada a urgência, o juiz pode nomear curador


provisório ao interditando para a prática de determinados atos.

No caso em questão, vale lembrar que está presente os dois requisites para a
concessão, ou seja o fumus boni iuris e perculum in mora. O fumus boni iuris, comprovado
pelos laudos médicos, afirmando que o interditando se encontra completamente sem
condições de gerenciar sua vida social, em decorrência o uso prolongado de drogas e
álcool (CID F10.2 e F19.2). O perculum in mora é bem mais latente, tendo em vista que a
ausência de nomeação de curadora provisória pode fazer com que, dadas as condições do
Interditando, sejam enfrentados obstáculos para o requerimento de medicamentos pelos
SUS, e até mesmo em relação às consultas médicas, já que o ato de se submeter a exames,
consultas e afins deve partir de pessoa capaz de compreender o procedimento, o que se
mostra impossível em decorrência dos vícios do interditando.

Destarte, Excelência, a concessão da tutela de urgência, nomeando-se a


Requerente como curadora, é ato de extrema necessidade, sendo a única maneira de
assegurar os direitos do Interditando, motive pelo qual se requer desde já.
III- DOS PEDIDOS

Diante do exposto, REQUER:

A) Concessão da Tutela de Urgência antecipada com a nomeação da autora


como curadora provisória- art. 300 e 749, parágrafo único do CPC

B) Concessão dos benefícios da Justiça Gratuita;

C) Intimação do Ministério Público para intervir no feito, conforme art. 752,


§1º, do CPC;

D) Citação do Requerido, para comparecer à audiência de entrevista a ser


designada, nos termos do art. 751, do CPC;

E) Procedência dos Pedidos;

Protesta pela juntada de todos os documentos ora anexados à presente para a


comprovação dos fatos ora alegados e por eventuais outros que Vossa Excelência entenda
como necessários à homologação desta.

Dá-se á presente demanda o valor de R$R$1.000,00(mil reais), para todos os


fins legais.

Termos em que Pede Deferimento


Campo Grande/MS, 15 de setembro de 2021

ADV/OAB

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