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A sua disciplina é feita pelo Código Civil de 2002 em seus artigos 360 a 367, correspondendo

aos artigos 999 a 1.008 do Código Civil de 1916 .   

2.1 - Conceito

Novação é a extinção de uma obrigação pela formação de outra, destinada a substituí-la. Dessa
forma, a novação é o ato jurídico pelo qual se cria uma nova obrigação com o objetivo de,
substituindo outra anterior, a extinguir.

Ainda, a novação exige que exista, entre a dívida antiga e a nova, uma diversidade substancial.
Não haverá, portanto, novação, quando apenas se verificarem pequenas alterações
secundárias na dívida, tal como ocorre, por exemplo, com a estipulação de nova taxa de juros,
exclusão de uma garantia, antecipação do vencimento.

2.2 - Requisitos

Existem três requisitos elencados por Orlando gomes, segundo ele "para restar configurada
concorrer três elementos:

a)      A existência jurídica de uma obrigação - "obligatio novanda".

b)      Constituição de nova obrigação - "aliquid novi".

c)      O ânimo de novar - "animus novandi".

Primeiro requisito é obviamente a necessidade de se existir uma relação.

Segundo requisito é a criação de uma nova obrigação, que é pactuada entre os sujeitos da
relação, Paulo Stolze situa que este é um requisito indispensável para a obrigação.

É necessário que haja diversidade substancial entre as obrigações as duas obrigações. É um


requisito obrigatório sofrer a modificação substancial. (Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona).

Para Orlando Gomes o sentido se da pela "conforme a doutrina moderna, a novação só se


configura, ao contrário do que ocorria no Direito romano, se houver diversidade substancial
entre as duas dívidas, a nova e a anterior. Não há novação, quando apenas se verifiquem
acréscimos ou outras alterações secundárias na dívida, como, por exemplo, a estipulação de
juros, a exclusão de uma garantia, o encurtamento do prazo de vencimento, e, ainda, a
aposição de um termo".

A intenção de novar é um requisito essencial para a existência da novação. Se explica que o


credor tem que ter o desejo de novar. Já que ele estará extinguindo uma obrigação, porque
escolheu a outra. Ele também é chamado de animus novandi. (artigo 361)

2.3 - Espécies

Três são as espécies de novação: a objetiva ou real e a subjetiva ou pessoal e a novação mista.

2.3.1 - Novação Objetiva ou Real

Esta espécie de novação esta regulada no Código Civil, art. 360, I, acontece quando houver
alteração do objeto da relação entre as partes, logo existe quando se der modificação na
natureza da prestação, mantendo-se inalterados as partes, podendo assim haver novação
objetiva mesmo que a segunda obrigação consista também no pagamento em dinheiro
(observado sua alteração substancial em relação à primeira).
2.3.2 - Novação Subjetiva ou Pessoal

Subdivide-se em: novação subjetiva passiva, novação subjetiva ativa e a novação subjetiva
mista.  

A novação subjetiva passiva incide na figura do devedor, ou seja, é quando ocorre a mudança e
passa a existir a intervenção de um novo devedor. Essa mudança pode-se dar por dois modos:
pela delegação e pela expromissão.

Pela delegação, a substituição do devedor será feita com o consentimento do devedor


originário, pois é ele quem indicará uma terceira pessoa para resgatar o seu débito, com o que
concorda o credor. Esse tipo de novação está previsto no Código Civil, art. 360, II. Havendo a
necessidade do concurso dessas três pessoas, o devedor originário (delegante) o terceiro
indicado (delegado) e credor (delegatário), onde todas irão consentir na modificação.

Pela expromissão, um terceiro assume a dívida do devedor originário, substituindo-o sem o


assentimento deste, desde que o credor concorde com tal mudança. Na expromissão temos
apenas duas partes: o credor e o novo devedor, por ser dispensável o consentimento do
devedor primitivo. Essa espécie de novação é permitida pelo nosso Código Civil no art. 362,
que reza: “A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de
consentimento deste”.  

Como nos diz Washington de Barros Monteiro, a expromissão consiste num ajuste exclusivo
entre o credor e terceiro.

A novação subjetiva ativa ocorre quando, pelo Código Civil, art. 360, III, o credor originário, por
meio de nova obrigação, deixa a relação obrigacional e um outro o substitui, ficando o devedor
quite para com o antigo credor.

Soriano Neto aponta os seguintes requisitos para que se tenha tal espécie de novação: a) o
consentimento do devedor, que contrai uma nova obrigação perante um novo credor, ficando
liberado da antiga dívida; b) o assentimento do antigo credor, que renuncia o seu crédito,
permitindo ao devedor que se obrigue para com o novo credor; c) a anuência do novo credor,
que aceita a promessa do devedor.

É, ainda, possível, embora seja rara a novação subjetiva mista, quando houver simultânea
mutação de credor e de devedor (CC, art. 360, II e III). 

2.3.3 - Novação Mista

A novação mista, quando se alterar o credor, ou devedor, e também o conteúdo ou objeto da


obrigação. Ter-se-á, então, uma novação sui generis pela fusão das duas modalidades de
novação: a subjetiva e a objetiva. Interessante a respeito é o exemplo, dado por Carlos
Roberto Gonçalves, do pai que assume débito pecuniário de seu filho (mudança de devedor),
mas com a condição de pagá-lo, mediante a realização de um determinado serviço (alteração
de objeto).

2.4 - Efeitos

A novação tem um duplo efeito: porque ao mesmo tempo que ela extingue uma obrigação, ou
seja, desaparece todos os efeitos anteriores. Ela cria.

2.4.2 - Efeitos da novação quanto à nova obrigação


Como assevera Serpa Lopes, quanto à nova obrigação bastará acentuar que se cogita de um
débito criado ex novo, em consequência da novação, sem outra vinculação com a obrigação
anterior senão a de uma força extintiva, sem que se opere a transfusio e a translatio. Tudo o
que for estabelecido, continua ele, na nova relação obrigacional, mesmo que nela se
mantenha algo na antiga, advém da própria estrutura do acordo que foi feito, sem que se
possa vislumbrar qualquer elemento vinculativo, no tocante à transmissão de direito ou
obrigação, inerente ao débito extinto.

3 - Considerações Finais

Embora a novação tenha alguma importância na vida prática, sob o prisma funcional, a ampla
possibilidade de transmissão das obrigações restringiu-lhe o uso. Como verificam Colin e
Capitant, o credor a quem seu devedor oferece mui raramente libertará o antigo, pois prefere
conservá-lo como garantia suplementar. Da mesma forma, o credor que necessita de dinheiro
antes prefere recorrer à cessa de crédito do que a novação, já que aquela dispensa a
intervenção do devedor que esta a requer. Por igual, é comum prescindir-se da novação
objetiva, porque só em casos excepcionais convém aos interesses das partes alterar o objeto
da prestação antes do vencimento. Na prática, segundo o entendimento de Colin e Capitant,
somente se tem aplicado a novação quando se pretende modificar a causa da obrigação.

REFERÊNCIAS

BRASIL. [Código Civil (2002)]. Novo Código Civil. – Brasília: Câmara dos Deputados,
Coordenação de Publicação, 2005. 304 p. (Série fontes de referência. Legislação; n.65). ISBN
85-7365-431-7

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, 26, ed. São Paulo: Saraiva 2011, v.2.

GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo curso de direito civil. 9.ed. São
Paulo: Saraiva, 2008, v.2.

SERPA LOPES. Curso de direito civil brasileiro, 4, ed. Freitas Bastos,1966. v.2.

SORIANO DE SOUZA NETO, José. Novação, 2, ed. 1937.

ORLANDO, Gomes, obrigações, 8, ed., Rio de janeiro: forense, 1992, p.163.

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