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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Faculdade de Direito

Turma: DIR5BN-MCD

Campus: Mooca

Período: Noturno

Medicina Legal e Psicologia Judiciária

Atividade A1

Prof. Orlando de Carvalho Sbrana

Aluno: Jean Gabriel Rodrigues de Souza

R.A: 817123347

Aluno: Mattheus Tavares de Miranda

R.A: 817125215
Questão 1- Como pode ser classificada a lesão corporal que Janete sofreu? Caso não
haja elementos, descreva as situações possíveis para o caso apresentado;

Resposta: No que se refere á lesão corporal sofrida por Janete, lesão essa praticada pelo
seu filho Kleber Xavier, conforme o caso há a possibilidade de diversas qualificações,
uma vez que no caso apresentado não indica um laudo apresentando os danos causados
pelo ato, assim como uma possível perda de membro ou redução de atividade motora
por parte da vítima.

Assim, o crime em questão, é um crime comum, em regra material e de dano


instantâneo, doloso, culposo e preterdoloso, esta positivado no artigo 129 do Código
Penal Brasileiro, pode ser tipificado a partir do momento em que um individuo pratica
um ato prejudicial à saúde ou integridade física de outrem. Conforme ensina Julio
Fabbrini Mirabete:

O núcleo do tipo é ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem, incluindo,


pois toda conduta que causar mal físico, fisiológico ou psíquico à vítima. A ofensa
pode causar um dano anatômico interno ou externo (ferimentos, equimoses,
hematomas, fraturas, luxações, mutilações). (MIRABETE, 2012, p. 71).

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:


Pena - detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave

§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:

Pena - reclusão, de um a cinco anos.

§ 2º Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incuravel;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:

Pena - reclusão, de dois a oito anos.


Lesão corporal seguida de morte
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quís o
resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.

Lesão corporal leve, se dar por exclusão, ou seja, configura-se quando não ocorre
nenhum dos resultados previstos no art. 129, §§ 1º, 2º e 3º do Código Penal. Esta é
uma agressão que gere vermelhidão, desmaio ou dor não permanente, são representados
por escoriações, danos superficiais na pele, edemas, entorses e luxações e outros na
camada superficial. Em geral, não causam complicações fisiopatológicas significativas.
Exemplo disso são as pequenas feridas ou equimoses, que cicatrizam por meios internos
em um curto intervalo de tempo.

Lesão corporal leve, esta


é uma agressão que gere
vermelhidão, desmaio dor não
permanente, são representados por escoriações, danos superficiais na pele,
edemas, en torses e luxações e outros na camada superficial. Em geral, não
causam complicações fisiopatológicas significativas. Exemplo disso são as
pequenas feridas ou equimoses, que cicatrizam por meios internos em um
curto intervalo de tempo.
Outros tipos de condições que se enquadram nesse contexto são crises convulsivas,
choque nervoso, desmaio, dentre outras situações, porém nada que configure uma
perturbação física ou emocional permanente no indivíduo.

A detenção prevista para este delito é de 3 meses a 1 ano. Porém, a pena pode ser
revertida em multa ou trabalhos comunitários.

Lesão corporal grave são aqueles atos que deixam a vítima sem capacidade para
realizar tarefas domésticas, de lazer ou de trabalho por mais de 30 dias ou que gerem
risco de vida. Que cause também debilidade permanente de membros, olfato ou sentido
do corpo, como visão, paladar, respiração, digestão ou locomoção. Bem como, podem
antecipar o trabalho de parto ou contribuir para o aborto, como também haver perigo de
morte em decorrência da agressão sofrida, deve haver perigo concreto efetivo de

morte, que deve ser pericialmente comprovado .


Não se trata de perigo presumido, mas concreto, precisando ser investigado e
comprovado por perícia. Os peritos não devem fazer prognóstico, mas diagnóstico,
manifestando-se sobre sua existência em qualquer momento, desde a produção de
lesão corporal até o instante do exame. O êxito letal deve ser provável e não
meramente possível. (JESUS, 2012, p. 171).

É importante esclarecer que pequenos ferimentos podem constituir lesões graves


quando estiverem contaminados com microrganismos letais tais como o vírus da raiva,
pelo bacilo tetânico ou qualquer outro com potencial fatal. Nesses casos de lesão
corporal grave as penas variam entre 1 e 5 anos de reclusão

Lesão corporal gravíssima são crimes que provoquem uma incapacidade ou


deformação permanente como: aborto, perda ou inutilização de membro ou enfermidade
sem cura. Deste modo pode ser caracterizado quando a lesão se torna intensa e
duradoura, podendo causar danos permanentes ou irrecuperáveis. Estas lesões também
são representadas por situação como: perda funcional de um membro, deformidades ou
paralisia facial e outras condições que contribuem significativamente para invalidez do
indivíduo ou para sua morte.
Todos os danos sofridos perturbam a estrutura física e psíquica do indivíduo. Nestes
casos a detenção pode ser de 2 a 8 anos.

Lesão seguida de morte é aplicada quando o agressor não tinha a intenção de gerar a
morte da vítima por meio da agressão. Nesse caso, a lesão corporal seguida de morte
pune com detenção de 4 a 12 anos, para Julio Fabbrini Mirabete, existe a diferença entre
a lesão corporal e a tentativa de homicídio embasado do elemento subjetivo do crime.

O dolo do crime de lesões corporais é a vontade de produzir um dano ao corpo ou à


saúde de outrem ou, pelo menos, de assumir o risco desse resultado. É o
denominado animus laedendi  ou nocendi, que diferencia o delito de lesão corporal
da tentiva de homicídio, em que existe a vontade de matar (animus necandi).
(MIRABETE, 2012, p. 72).
Portanto, com base no entendimento exposto juntamente com o caso em questão, fica
clara a inconclusividade para com a classificação da lesão sofrida pela vitima Janete
Xavier, pois dependendo da consequência sofrida pela lesão, é que se pode alocar a uma
dessas classificações anteriormente citadas, não sendo suficiente o fato da necessidade
de utilizar pontos para fechar o ferimento causado.

Questão 2- Qual exame deve ser realizado para aferir as especificidades da lesão
sofrida por Janete? Como ele pode ser realizado?

Resposta: No que se refere ao exame adequado para aferir as especificidades da lesão


sofrida pela vítima em questão, deve-se adotar a realização do exame de corpo de delito,
o mesmo é realizado por um médico do IML ( Instituto Médico Legal ) e é realizado
quando se obtêm os crimes de lesões corporais, crimes de natureza sexual, homicídios e
acidentes.

Deste modo, o mesmo, tratando-se de um exame físico tem como objetivo base,
encontrar vestígios que possam consequentemente provar um possível crime material, é
o conjunto de elementos sensíveis do fato criminoso, ou seja, o conjunto de vestígios
materiais deixados pelo crime. Ensina Mirabete:

“o exame destina-se à comprovação, por perícia, dos elementos objetivos do tipo,


que diz respeito, principalmente, ao evento produzido pela conduta delituosa, ou
seja, do resultado, de que depende a existência do crime.”

Nas infrações criminais que deixam vestígios, é necessário o exame de corpo de delito,
isto é, a comprovação dos vestígios materiais por ela deixados torna-se indispensável,
sob pena de não se receberem a queixa ou a denúncia conforme tange o artigo 158 e 525
do Código de Processo Penal. Acordando também com posicionamento jurisprudencial
a seguir:
PENAL. PROCESSO PENAL. DESCAMINHO. CRIME QUE DEIXA
VESTÍGIOS. CORPO DE DELITO. EXAME DE CORPO DE DELITO. PROVA
PERICIAL. AUSÊNCIA DE LAUDO DE EXAME MERCEOLÓGICO. 1.
Quando a infração deixa vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito,
direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado (art. 158 - CPP).
Trata-se de prova imposta por lei, onde houver fatos permanentes (delictum facti
permanentis), como um resquício do sistema da prova legal ou tarifada. Sua
ausência implica nulidade (art. 564, III, b - CPP), ressalvada a hipótese do exame
de corpo de delito indireto (art. 167 - CPP), quando, desaparecendo os vestígios, a
demonstração puder ser feita excepcionalmente pela prova testemunhal. 2. Nos
crimes de contrabando e descaminho, na variante de importação de mercadoria
proibida ou com ilusão dos tributos devidos (art. 334 - CP), é indispensável, em
nome da inviolabilidade do direito à liberdade, do qual ninguém será privado sem
o devido processo legal (art. 5º, LIV - CF), a demonstração técnica, por laudo
merceológico, que ateste o valor e a origem da mercadoria aprendida. 3.
Desprovimento da apelação.

(TRF-1 - APR: 00009372920114013308, Relator: DESEMBARGADOR


FEDERAL OLINDO MENEZES, Data de Julgamento: 27/05/2014, QUARTA
TURMA, Data de Publicação: 10/06/2014)

Ao passo que, não se torna possível a realização do exame de corpo de delito pelo fato
de desaparecimento dos vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta,
conforme estatui o artigo 167 do Código de Processo Penal, exsurgindo dos autos
elementos de convicção quanto à materialidade e autoria, calcados em provas diversas,
inclusive documental, descabe empolgar a inexistência de perícia. Nesse sentido é a
Jurisprudência dos Tribunais Superiores:

Habeas Corpus. Homicídio duplamente qualificado. Exame pericial extemporâneo.


Ausência de Intimação da defesa. Prova inquisitorial não sujeita ao contraditório.
Eventuais vícios que não repercutem no processo judicial. Custódia cautelar.
Reiteração do pedido.

“ À luz do sistema de direito positivo vigente, nas infrações penais intranseuntes, a


constatação pericial de sua existência é condição de validade do processo da ação
penal, admitindo a lei processual o exame de corpo de delito direto e indireto e
mesmo, em havendo desaparecido os vestígios do crime, o suprimento da perícia
pela prova testemunhal (Código de Processo Penal, artigo 564, inciso III, alínea
“b”). Não há falar em nulidade da pronúncia quando a materialidade do delito, de
natureza intranseunte, restou suficientemente comprovada por exame pericial. É
norma do Código de Processo Penal não só que o Defensor, ao oferecer a
contrariedade ao libelo, poderá apresentar rol de testemunhas, juntar documentos e
requerer diligências, incluidamente de natureza pericial, mas também que o próprio
juiz poderá ordenar, de ofício, tais provas e providências, o que afasta, de modo
peremptório, toda a alegação de prejuízo ao réu fundada na ausência de realização
de exame pericial. (STJ, Min. Hamilton Carvalhido, 6ª Turma, HC 22.899).10

Entretanto, pelo fato dos vestígios desaparecerem com o decorrer do tempo, a vítima
deve procurar a polícia de maneira rápida e realizar o Boletim de Ocorrência. A partir
do momento em que concluir este ato, a autoridade legal responsável, como um
delegado de polícia ou um promotor, fará a solicitação oficial do exame pelo IML.

O procedimento é realizado por um médico legista, e o modo exato para conclusão do


mesmo vai de acordo crime ocorrido, porem, a princípio o objetivo principal é examinar
o corpo a procura de vestígios como lesões corporais, e resulta sendo corriqueiro
também, um exame visual ser suficiente e assim não sendo necessária a utilização de
equipamentos para a visualização do objetivo do exame.

No que tange especificamente ao procedimento do exame, é de praxe o médico legista


procurar responder a alguns quesitos, que tem como finalidade a investigação da
extensão e a gravidade dos danos físicos e psicológicos frutos de uma lesão corporal
causados à vítima, como por exemplo:

I- Se há ofensa à integridade corporal ou à saúde do paciente;


II- Qual o instrumento ou meio que produziu a ofensa;

III- Se foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou por
outro meio insidioso e cruel;

IV- Se resultou incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias;

V- Se resultou perigo de vida;

VI- Se resultou debilidade permanente ou perda ou inutilização de membro,


sentido ou função;

VII- Se resultou incapacidade para o trabalho ou enfermidade incurável, ou


deformidade permanente;

XIII- Se resultou aceleração de parto;


Se há ofensa à integridade
corporal ou à saúde do
paciente;
 Qual o instrumento
ou meio que produziu a
ofensa;
 Se foi produzida
por meio de veneno, fogo,
explosivo, asfixia ou
tortura, ou
 Se resultou
aceleração de parto
Com o procedimento sendo seguido e perguntas respondidas, findando assim o exame, o
legista elabora um laudo e encaminha para a autoridade solicitante. Logo, passa a
constituir os autos de um processo, podendo também vir a ser utilizado como prova em
um tribunal além de uma possível intimação do médico responsável pelo exame para ser
ouvido como perito do caso.

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