Você está na página 1de 158

PRINCIPÍOS BÁSICOS DO ESTUDO DA ANATOMIA

O estudo da ANATOMIA tem dois objectivos principais: desenvolver a capacidade de


observação e de descrição rigorosas e, por outro lado, a aquisição de conhecimentos
sobre as estruturas corporais, do ponto de vista macroscópico.
A capacidade de observação e de descrição desenvolve-se mercê do estabelecimento
de um certo número de princípios clássicos que passaremos a estudar.
A primeira noção a considerar é a necessidade de estudar o humano numa dada
posição a fim de se poder adoptar uma nomenclatura universal. Essa posição,
denominada posição descritiva anatómica, é considerada com o indivíduo em pé, a
face e as palmas das mãos voltadas para o observador: é a posição de supinação
vertical, denominação que analisaremos adiante. Assim sempre que nos dispomos a
descrever uma peça anatómica, devemos considerá-la como pertencente a um
indivíduo que está voltado para nós e não como fazendo parte do nosso próprio corpo.
A segunda noção a considerar é a do estabelecimento de planos descritivos (Fig. 1):
Plano horizontal – plano paralelo ao solo.
Plano sagital – plano vertical no sentido ântero-posterior.
Plano frontal – plano vertical no sentido lateral.
A terceira noção a considerar é a relatividade da posição:
Anterior – formação que se situa à frente, considerando o plano frontal.
Posterior – formação que se encontra atrás, considerando o plano frontal.
Superior – formação que se encontra acima, considerando o plano horizontal.
Inferior – formação que se encontra abaixo, considerando o plano horizontal.
Medial – formação que se encontra mais próxima do plano médio-sagital.
Lateral – formação que se encontra mais longe do plano médio-sagital.
Proximal – formação que se encontra mais próxima da extremidade cefálica.
Distal – formação que se encontra mais distante da extremidade cefálica.
Interior/Interno – formação que se encontra dentro do segmento considerado.
Exterior/Externo – formação que se encontra à superfície do segmento
considerado.
A quarta noção a considerar é a da orientação e posicionamento dos órgãos no corpo,
definindo, por um lado, a sua relação com os três planos perpendiculares médios,
horizontal, sagital e frontal e, por outro, indicando as formações que confinam em cada
órgão. A orientação do órgão só fica completa quando indicada a direcção dos seus
eixos maior e menor. Nos casos de órgãos ímpares, simétricos, são apenas
necessários dois parâmetros.
A referência aos elementos anatómicos não pode ser feita ao acaso, a fim de aliviar o
trabalho da memória. Assim, de um modo geral, comparando, se possível, com um
elemento geométrico, a sua localização e orientação, as relações, entrando, por fim,
na descrição de pormenor. Esta descrição deve também ser sistemática, de
preferência começando de trás para diante, de dentro para fora e de cima para baixo.
Se se trata de uma víscera oca, descreve-se primeiro o exterior e depois o interior. O
pedículo, isto é, o conjunto de estruturas que entram e saem da víscera, bem como o
hilo, isto é, o ponto onde o pedículo entra na víscera, devem ser referenciados.
Treinado nesta técnica desde o início da sua preparação, o estudante colherá largos
benefícios na descrição, correndo menos riscos de deixar passar em branco
elementos que devem ser referidos.
A necessidade de utilizar pontos de referência conduz a que o estudo da osteologia se
faça em primeiro lugar visto que os ossos, estruturas rígidas, permitem a definição de
planos relativos fixos.
OSTEOLOGIA

Os ossos, de que se ocupa a osteologia, são órgãos brancos, duros, relacionados


entre si através das articulações, formando no seu conjunto o esqueleto.
O esqueleto humano é interno à porção muscular servindo-lhe de sustentação e
alavanca. Os ossos que não se encontram directamente ligados ao esqueleto central
tomam o nome de enderossos. No homem existem alguns enderossos que, no
entanto, encontram maior representação noutras espécies. Devem ser considerados o
osso hióide e os ossos dos ouvidos.
Podemos distinguir no esqueleto dois pares de membros, uma extremidade craneal,
uma porção peitoral e pélvica, encontrando-se as três últimas relacionadas através de
uma estrutura mediana que corresponde à coluna vertebral.
A osteologia é a base da anatomia descritiva e topográfica.

Número e Distribuição
Não é possível determinar o número de ossos do organismo sem previamente definir o
critério adoptado visto que, por exemplo, uns autores consideram que o sacro e o
cóccix são constituídos por várias peças ósseas. Outros autores não incluem na
osteologia geral os ossículos do ouvido.
O critério que adoptamos inclui na cabeça os ossículos dos ouvidos e exclui os
ossos vormianos. Exclui nos membros superiores e inferiores os pequenos ossos
sesamóides.
Os ossos encontram-se distribuídos do seguinte modo:

Cabeça : Crânio 14
Face 14

Tronco : Coluna Vertebral 26


Hióide 1
Tórax: Esterno 1
Costelas 24

Membros : Superior 64
Inferior 62

Temos assim um total de 206 ossos.

Morfologia Óssea
A morfologia e configuração ósseas permitem observar a existência de grupos de
ossos com aspecto semelhante, o que conduziu à sua classificação em três grandes
grupos:
- ossos longos
- ossos curtos
- ossos planos ou chatos
Esta classificação careceria de valor se, à diferença de morfologia não
correspondesse uma diferença funcional.
Assim consideram-se ossos longos os que, do ponto de vista morfológico
apresentam uma dimensão maior do que as outras duas e, do ponto de vista funcional,
funcionam como alavancas, reflectindo grande velocidade e força nos movimentos.
Estes ossos são típicos dos membros apresentando cada um deles, um corpo,
também chamado diáfise, e duas extremidades ou epífises, geralmente mais
volumosas, onde podemos encontrar superfícies que se vão articular com os ossos
vizinhos.
É o caso do fémur que, além de ter o comprimento maior do que as medidas da
espessura executa movimentos amplos.
Os ossos do metacarpo, metatarso e falanges são exemplos de ossos que também
possuem proporcionalmente maior tamanho de diáfise.
Dizem-se curtos os ossos que, do ponto de vista morfológico, apresentam as três
dimensões, comprimento, largura e espessura semelhantes.
Servem de exemplo o escafóide cárpico, o trapezóide, o cubóide, nomes de resto
apropriados, e os ossos da coluna vertebral. Estes ossos encontram-se sujeitos a
pressões possuindo portanto uma estrutura bastante sólida que permite, do ponto de
vista funcional movimentos delicados e pouco extensos.
Por último, dizem-se planos ou chatos os ossos que, do ponto de vista morfológico,
apresentam uma dimensão menor do que as outras duas, a espessura.
Estes ajudam a revestir cavidades, como é o caso dos ossos do crânio e da pelve. Os
ossos planos apresentam duas faces e bordos em número variável com a forma do
osso, que podem ser articulares ou servir de inserção para músculos.
Esta classificação não é rigorosa pois existem ossos que do ponto de vista morfológico
se classificam de longos e do ponto de vista funcional se classificam de planos.
Está neste caso a costela que, tendo uma dimensão maior do que as outras duas,
ajuda a revestir a cavidade torácica.
Caso mais complicado é o das vértebras que, apresentando uma morfologia de um
osso curto, ajudam a revestir uma cavidade, o canal vertebral, como os ossos planos
e, do ponto de vista embriológico, se comportam como ossos longos visto que se
podem observar, no osso em formação uma diáfise e duas epífises, elementos
característicos de ossos longos, como estudámos já.
Os ossos podem ainda classificar-se em pares e ímpares, encontrando-se estes
situados na linha média do corpo. Os ossos pares exigem, para serem orientados, a
definição de três parâmetros: o que fica para diante ou para trás, o que fica para cima
ou para baixo, o que fica medial ou lateral. Os ossos ímpares não necessitam da
definição do parâmetro latero-medial.
Relativamente às regiões e elementos descritivos dos ossos deve-se salientar que,
qualquer que seja a sua forma, estes apresentam sempre, faces, bordos e
extremidades.
Designam-se por eminências ou apófises as partes do osso que emergem da sua
superfície, independentemente da sua forma. Estas eminências, conforme façam parte
ou não de uma articulação, podem ser articulares ou não articulares. No caso das
eminências articulares poderemos distingui-las em tubérculos, tuberosidades,
espinhas, cristas, linhas, eminências mamilares, bossas, protuberâncias.
Da mesma forma as cavidades podem ser articulares ou não, podendo ser
classificadas as últimas, de acordo com a forma, em buracos, incisuras, goteiras,
canais, fossas, fossetas, sulcos, células, seios e cavidades.
O osso encarcera dentro de si uma substância mole, de consistência pulposa e
aspecto diverso, e que corresponde à medula óssea, responsável pela formação e
maturação dos elementos figurados (células) do sangue. Este último é verdade para
os ossos longos, onde podemos encontrar grandes diáfises que contêm canais
medulares amplos, e para ossos como as vértebras, principalmente as que possuem
um corpo maior capaz de encerrar uma loca trabeculada por tecido ósseo esponjoso.
É no interstício desta loca que se encontra a medula óssea.
Os ossos são constituídos, essencialmente, por tecido ósseo compacto e por tecido
ósseo esponjoso. O tecido compacto forma na periferia do osso uma camada contínua
que embaínha o tecido esponjoso, variando a disposição destes tecidos nos ossos
longos, curtos e planos.
O periósteo corresponde a uma membrana fibrosa que envolve o osso, com excepção
das porções articulares, e que possui um importante papel no crescimento e na
vascularização do osso.
A maioria dos ossos desenvolve-se a partir de um “molde” cartilagíneo que vai sendo
progressivamente ossificado. A cartilagem vai sendo substituída por tecido ósseo a
partir da porção central do osso. Quando o processo de ossificação se aproxima das
extremidades ósseas, forma-se uma zona de crescimento em cada uma daquelas
extremidades. A cartilagem ou linha epifisária é o ponto do osso que calcifica mais
tarde e que permite o crescimento do osso, no sentido do comprimento.

Coluna Vertebral
A coluna vertebral encontra-se situada axialmente e corresponde a uma cadeia de
ossos, flexível, com interposição de discos deformáveis, que suporta a cabeça e o
tronco. Encontra-se constituída por cinco porções que são, de cima para baixo:
cervical, torácica, lombar, sagrada e coccígea. É formada por unidades, chamadas
vértebras (7 na porção cervical; 12 na porção torácica; 5 na porção lombar; sacro;
cóccix, que perfaz 26 ossos) nas quais é possível encontrar elementos comuns,
embora de região para região a sua morfologia sofra algumas modificações. As
vértebras que constituem a coluna sagrada encontram-se soldadas numa peça única
chamada sacro e as que constituem a coluna coccígea encontram-se, do mesmo
modo, formando um único osso, o cóccix.

Caracteres comuns a todas as vértebras


Cada vértebra é formada por um corpo, que se continua para trás pelos pedículos, em
número de dois, e, depois, pelas lâminas, duas, formando estas estruturas o buraco
vertebral. Podemos ainda encontrar, posteriormente, uma apófise espinhosa,
lateralmente na união dos pedículos e das lâminas, duas apófises transversas, e
quatro apófises articulares verticais que permitem a articulação com as vértebras
vizinhas (Fig. 2). A orientação geral das vértebras faz-se colocando a porção cilíndrica
para a frente e o conjunto de apófises dirigindo-se para baixo.
O corpo é a parte mais volumosa da vértebra e ocupa a sua porção anterior. Aumenta
de diâmetro caudalmente em virtude do peso do crânio e do tronco. Tem o formato de
um cilindro onde é possível descrever duas bases e uma geratriz. As bases, uma
superior e outra inferior, são planas e horizontais e a geratriz está ligeiramente
achatada na zona posterior, onde constitui o limite anterior do buraco vertebral.
A apófise espinhosa constitui a parte mais posterior do osso, é ímpar e média,
terminando, na maioria das vértebras, em ponta, que lhe dá o nome. Nela podemos
encontrar uma base, que a prende à vértebra, um vértice, duas faces laterais, direita e
esquerda, um bordo superior e um bordo inferior.
As apófises transversas, uma direita e outra esquerda, dirigem-se para fora,
transversalmente. Podemos considerar a existência de uma base que faz corpo com o
osso, duas faces, uma anterior, outra posterior, um vértice, e dois bordos, um superior
e outro inferior.
As apófises articulares destinam-se a articular as vértebras entre si e são duas
ascendentes e duas descendentes; as primeiras articulam-se com as apófises
articulares da vértebra imediatamente acima e as segundas com as apófises
articulares da vértebra imediatamente abaixo. Situam-se para fora do buraco vertebral.
Quando as vértebras estão em posição, unidas pelas apófises articulares, existe, entre
os corpos vertebrais, um espaço que é preenchido por um disco fibro-cartilagíneo, o
disco intervertebral.
As lâminas, uma direita e outra esquerda, são, como o nome indica, achatadas,
quadriláteras, constituindo a parede póstero-lateral do buraco vertebral. Podemos
distinguir nas lâminas uma face anterior, que se relaciona com a medula, uma face
posterior, dois bordos, superior e inferior, uma extremidade lateral e uma extremidade
medial.
Os pedículos fazem a ligação entre o corpo vertebral e a zona posterior da vértebra;
são delgados, apresentando uma incisura superior e outra inferior o que origina,
quando as vértebras se encontram no lugar, a formação de um orifício que toma o
nome de buraco intervertebral, por onde passam os nervos raquidianos originados
na medula espinhal.
O buraco vertebral situa-se medianamente e é definido, à frente, pela geratriz do
corpo vertebral e atrás pelas lâminas. Os buracos vertebrais sobrepostos constituem o
canal vertebral, que encerra a medula espinal, meninges e vasos.

Caracteres próprios das vértebras de cada região


As vértebras de cada região apresentam algumas características comuns que
permitem, por via disso, distinguir a região a que uma dada vértebra pertence. Não
obstante, certos aspectos individuais de alguns constituintes das vértebras, possuem
por si só, por vezes, capacidade diferencial que permite a identificação da própria
vértebra.
Vértebras cervicais – o corpo é pequeno, alongado no sentido transversal,
apresentando sobre a geratriz, anteriormente, uma saliência vertical, por vezes
bastante pronunciada, sendo esta característica a mais significativa do corpo da
vértebra cervical. Ao nível da base superior, o corpo, apresenta duas eminências
simétricas, as apófises semilunares, a que correspondem, na base inferior, duas
incisuras para acolhimento das apófises semilunares da vértebra imediatamente
inferior. A apófise espinhosa é curta e bipartida, ou bituberculosa. As apófises
transversas apresentam um orifício, o buraco transversal, que dá passagem à artéria
vertebral, à veia de mesmo nome e a um nervo. O vértice das apófises transversas
termina em duas pequenas saliências, que se denominam tubérculo anterior e
tubérculo posterior e que dão inserção, respectivamente, a músculos do pescoço e
espinhais. As apófises articulares superiores olham para cima e para trás e as
apófises articulares inferiores olham para baixo e para a frente, encontrando-se
colocadas sobre uma linha vertical. O buraco vertebral é triangular isósceles, de base
anterior (Fig. 3).

Caracteres próprios de algumas vértebras


Em cada região encontram-se algumas vértebras com características próprias que
permitem distingui-las das restantes. Estas vértebras encontram-se localizadas nas
extremidades das várias zonas da coluna vertebral, podendo ser consideradas
vértebras de transição entre as mesmas.
Primeira vértebra cervical ou atlas (Fig. 5) orienta-se colocando o menor arco para
diante e as superfícies em forma de palmilha para cima. Este osso encontra-se
constituído por duas massas laterais, que possuem um prolongamento lateral que
corresponde às apófises tranversas, unidas por dois arcos, um anterior, outro
posterior. As massas laterais, que representam as apófises articulares mostram uma
face superior escavada, a face articular superior, cuja forma pode ser comparada a
uma palmilha, que se articula com o côndilo occipital. A face articular inferior é plana e
articula-se com a segunda vértebra cervical. Lateralmente, como já se referiu, têm
origem as apófises transversas cujo limite anterior se confunde com o arco anterior e
limite posterior com o arco posterior. As apófises transversas no atlas são mais
desenvolvidas que nas vértebras seguintes, possuindo um buraco transversal
considerável. O arco anterior apresenta, à frente, uma pequena saliência, o tubérculo
anterior e na face posterior uma faceta articular para o dente do áxis, que vai ocupar
um espaço que corresponderia ao corpo do atlas. O arco posterior apresenta na parte
média e posterior o tubérculo posterior, como rudimento da apófise espinhosa.
O buraco vertebral encontra-se dividido em dois pelo ligamento transverso, sendo a
porção anterior ocupada pelo dente do áxis, como já foi dito, e a porção posterior
ocupada pela medula espinhal.
A segunda vértebra cervical ou áxis (Fig. 6) é orientada colocando a apófise para cima
e para diante. Apresenta um corpo distinto de todas as outras vértebras, que se
caracteriza fundamentalmente por apresentar na face superior uma eminência vertical,
cilíndrica, o dente do áxis, que representa o corpo do atlas que se teria destacado da
primeira vértebra. Esta apófise constitui o eixo em que se movimenta o atlas. O dente
possui uma forma cónica, no vértice do qual temos uma superfície articular para
ligamentos provenientes do occipital. As superfícies articulares, anterior e posterior,
que encontramos no dente do áxis, destinam-se, respectivamente, ao atlas e ao
ligamento transverso. A face inferior do corpo prolonga-se adiante da vértebra
subjacente. Ao contrário das restantes vértebras cervicais, o vértice das apófises
transversas do áxis é rombo, não bifurcado.
A sexta vértebra cervical, apresenta o tubérculo anterior da apófise transversa muito
desenvolvido, tomando o nome de tubérculo carotídeo, por proximidade com a artéria
carótida comum. O tubérculo é visível, sobretudo, no ráquis articulado,
correspondendo este nível ao início da cifose torácica.
A sétima vértebra cervical ou proeminente, embora esta vértebra corresponda,
nitidamente, a uma vértebra cervical, vai apresentar já algumas características de
vértebra torácica, sendo considerada uma vértebra de transição entre a zona cervical
e torácica. A apófise espinhosa é unituberculosa e muito desenvolvida, tornando-se
saliente na coluna organizada, daí ser chamada vértebra proeminente. A apófise
espinhosa possui, como as torácicas, uma inclinação considerável para baixo. As
apófises transversas nesta vértebra não são bifurcadas no seu vértice, e embora
possuindo buraco transversal este nunca é atravessado pela artéria vertebral.

Anatomia de superfície
Como acima descrito, existem quatro agrupamentos morfológicos (artificiais) de
vértebras na coluna vertebral, que vão condicionar a identificação da coluna cervical,
torácica, lombar e sacro-coccígea. A posição destes agrupamentos de vértebras in
vivo permite distinguir à coluna vertebral quatro curvaturas no plano sagital (Fig. 9).
A coluna cervical é composta por sete vértebras (C1 a C7) dispostas em lordose
(concavidade posterior). À superfície é possível localizar a sétima que, como foi dito, é
proeminente.
A coluna torácica desenha uma cifose (convexidade posterior) e é constituída por doze
vértebras (T1 a T12) das quais é possível reconhecer a apófise espinhosa da quarta,
que corresponde à linha que une o ângulo superior das omoplatas, e a apófise
espinhosa da nona, que corresponde à linha de união do ângulo inferior das
omoplatas.
A coluna lombar descreve uma lordose (concavidade posterior) e é constituída por
cinco vértebras (L1 a L5). Destas é possível localizar o corpo da quarta que se
projecta na linha bi-ilíaca, isto é uma linha que une a porção mais elevada das cristas
ilíacas.
A coluna sacro-coccígea corresponde à quarta curva e descreve uma cifose
(convexidade posterior).
Uma vez em posição, as vértebras circunscrevem, por definição da conjunção dos
buracos vertebrais, o canal vertebral que aloja a medula espinhal, além de
demarcarem os limites dos buracos intervertebrais. As duas cifoses, a torácica e a
sacro-coccígea são constitucionais, estando presentes no nascimento; as lordoses são
funcionais, estabelecendo-se a primeira quando a criança inicia a marcha gatinhando
e a segunda quando assume a posição bípede. No plano frontal a coluna vertebral não
apresenta curvaturas, quando tal acontece, designa-se por escoliose.

CABEÇA

A cabeça óssea (Fig. 13) corresponde à parte mais elevada do esqueleto, sendo
também a mais complexa. É constituída por duas partes: o crânio, mais posterior e
superior, que corresponde à maior parte do volume, e a face, situada na porção
anterior e inferior.
CRÂNIO
O crânio limita uma cavidade onde se encontra alojada a parte mais nobre do sistema
nervoso central, o encéfalo. Encontra-se constituído por quatro ossos ímpares; o
frontal, o occipital, o etmóide e o esfenóide; e pelos temporais e parietais que são
pares; num total de oito ossos. Podem, por vezes, ser descritas formações ósseas
inconstantes, supranumerárias, situadas entre as pré-citadas, a que se dá o nome de
ossos vormianos.

Frontal
O frontal ocupa a parte mais anterior do crânio. É um osso chato que se orienta
colocando a face convexa para a frente e a face que apresenta duas cavidades
separadas por uma incisura para baixo. O frontal articula-se com: os parietais, o
etmóide, o esfenóide, as maxilas, os malares, os nasais e os lacrimais.
Nele se descrevem quatro faces, uma externa e uma interna, que correspondem à
escama do frontal, uma orbital e uma temporal.
A face externa (Fig. 14) é convexa e lisa apresentando, de cada lado da linha média,
duas proeminências, as eminências frontais, abaixo das quais podemos encontrar os
arcos superciliares. Entre estes, na parte inferior da linha média, podemos encontrar
uma saliência, a glabela.
Inferiormente aos arcos podemos encontrar os bordos supra-orbitários, limitados
lateralmente pelas apófises zigomáticas, de onde se destacam, superiormente, as
linhas temporais superior e inferior, que separam a face externa da face temporal.
Medialmente, podemos encontrar a porção nasal. Nesta última porção descrevemos
uma incisura nasal, em forma de V aberto em baixo, que se articula com os ossos do
nariz, maxila e ossos lacrimais, de onde se destaca inferiormente uma formação
afilada que corresponde à espinha nasal. Ao nível dos bordos supra-orbitários
podemos encontrar, na união dos dois terços laterais com o terço medial, a incisura
supra-orbitária e para dentro desta o buraco frontal.
Posteriormente à linha temporal situa-se a face temporal, que ajuda a constituir a
fossa temporal e dá inserção ao músculo com o mesmo nome.
A face interna (Fig. 15) é côncava e está em relação com os lobos anteriores do
cérebro. Na sua linha média encontra-se, de cima para baixo, um sulco sagital, para o
seio sagital superior, cujos bordos se unem para dar origem à crista do frontal. O
buraco cego encontra-se na extremidade da crista do frontal, que se continua através
da incisura etmoidal, completada pelo osso etmóide.
O bordo parietal, que separa a face interna da face externa, é fino e dentado
articulando-se em cima com os ossos parietais e em baixo com as asas maiores do
esfenóide.
Nas faces orbitárias (Fig. 16) podemos observar de cada lado da linha média as
fossas frontais semeadas de saliências e depressões, as impressões digitais e
eminências mamilonares. Esta porção orbitária, que corresponde inferiormente à face
orbitária, constitui a maior parte do tecto das órbitas, encontrando-se interrompida na
sua porção medial pela incisura etmoidal, que apresenta a forma de uma ferradura.
Esta incisura encontra-se ladeada por cavidades, as células frontais, que no vivo
completam as células etmoidais. Cada porção orbital possui uma forma
grosseiramente triangular, de base anterior, onde pode ser observada ântero-
lateralmente uma fossa para a glândula lacrimal. A incisura etmoidal é ocupada pela
lâmina crivosa do etmóide. O bordo posterior das porções orbitárias articula-se com as
asas menores do esfenóide.

Occipital
O occipital é um osso ímpar, orientando-se com a face côncava a olhar para diante e
para cima situando-se o orifício na parte inferior do osso. O grande eixo vertical é
fortemente oblíquo de cima para baixo e de trás para diante (Fig. 17 e 18). O occipital
articula-se com o esfenóide, com os parietais, com os temporais e com o atlas.
Podemos distinguir neste osso quatro porções, que se relacionam centralmente com
uma outra que é determinada pela existência de um orifício, o buraco occipital, que dá
passagem à medula espinhal, artérias vertebrais e nervos espinhais. No buraco
occipital, podemos considerar o ópistion ponto médio do bordo posterior do buraco
occipital e o básion, ponto médio do bordo anterior do buraco occipital. Póstero-
superiormente temos a porção escamosa do occipital, anteriormente a porção basilar e
lateralmente duas porções laterais.
A porção escamosa é constituída pela escama do occipital, possuindo duas faces,
uma interna e outra externa. A face externa apresenta na porção média, a
protuberância occipital externa, de onde se destacam lateralmente duas linhas, uma
superior, a linha nucal suprema, e outra inferior a linha nucal superior. Para baixo, em
direcção ao buraco occipital temos a crista occipital externa, da qual se espalha
lateralmente a partir do ponto médio a linha nucal inferior. A face interna é côncava e
nela situam-se quatro fossas – duas superiores, cerebrais, colocadas simetricamente,
e duas inferiores, cerebelosas, de igual modo, dispostas simetricamente. No centro
podemos encontrar a protuberância occipital interna, da qual se destacam;
superiormente o sulco longitudinal superior, nas margens do qual se insere a foice do
cérebro; inferiormente a crista occipital interna para a foice do cerebelo;
transversalmente os sulcos para os seios laterais, nas margens dos quais se insere a
tenda do cerebelo. Ao conjunto da protuberância occipital interna com os sulcos que
descrevemos, chama-se eminência cruciforme. Na extremidade destes últimos sulcos
encontra-se um ângulo que divide a sutura lambdóide da mastoideia.
A porção basilar encontra-se, no adulto, fundida com o esfenóide. Possui duas faces,
uma inferior, que apresenta na porção central o tubérculo faríngeo, para a rafe fibrosa
da faringe e outra superior, amplamente sulcada na zona central, que serve de cama
ao bulbo raquidiano e à porção inferior da ponte. Na periferia deste sulco central
encontram-se os sulcos dos seios petrosos inferiores.
As porções laterais são essencialmente constituídas, na sua face inferior, pelos
côndilos occipitais, que se articulam com as facetas do atlas. Estas facetas articulares,
convexas, possuem uma forma reniforme e dirigem-se obliquamente de trás para a
frente e de fora para dentro. Adiante dos côndilos podemos encontrar o canal
hipoglosso para o nervo com o mesmo nome, e atrás uma pequena fossa, a fossa
condiliana, onde podemos encontrar o buraco condiliano. Lateralmente aos côndilos
destaca-se a apófise jugular e adiante desta a incisura jugular. Na face superior das
porções laterais, sobre o canal do hipoglosso, situa-se o tubérculo jugular, cruzado de
trás para a frente por uma goteira para os IX, X e XI pares cranianos.

Esfenóide
O esfenóide é um osso ímpar, mediano e simétrico e situa-se na base do crânio.
Orienta-se colocando as apófises maiores olhando para baixo e a formação cubóide, o
corpo, olhando para trás ou, a linha que une os dois pontos mais distantes do osso é
superior e anterior. O esfenóide articula-se com todos os ossos do crânio, com os
malares, com os palatinos e com o vómer.
Descrevem-se no esfenóide um corpo, duas asas maiores, duas asas menores e duas
apófises pterigóides (Fig. 19, 20 e 21).
O corpo é cubóide e ocupa a parte central do osso. A sua face superior é marcada, da
frente para trás, por uma superfície lisa que se articula adiante com o etmóide, a
eminência esfenoidal, limitada atrás por um canal transverso, o sulco pré-quiasmático,
que conduz lateralmente aos canais ópticos. Posteriormente, podemos identificar uma
estrutura côncava, a sela turca, no fundo da qual se encontra a fossa da hipófise onde
se aloja a glândula hipofisária. A sela turca é limitada adiante pelo tubérculo da sela,
em cujas extremidades se encontram as apófises clinóides médias, e atrás por uma
superfície quadrilátera, o dorso da sela, em cujos ângulos se encontram as apófises
clinóides posteriores.
Na face anterior, que faz parte da abóbada das fossas nasais, podemos distinguir uma
crista que divide a face em dois e que participa na constituição do septo nasal, a crista
esfenoidal. De cada lado desta crista podemos encontrar os seios esfenoidais, de
forma e tamanho variáveis, que se completam em vida com os seios etmoidais
posteriores. Os seios esfenoidais encontram-se encerrados, na sua porção inferior por
lâminas ósseas, os cornetos esfenoidais.
A face inferior, mostra, na linha média, a continuação da crista esfenoidal, o rostro
esfenoidal, que juntamente com a goteira que se encontra entre as asas do vómer dá
origem ao canal esfeno-vomeriano.
A face posterior está em continuidade com o occipital.
As faces laterais dão implantação, em cima e adiante, às asas menores e em baixo e
atrás às asas maiores do esfenóide. As duas asas definem entre elas, a fissura
orbitária superior que dá passagem a vasos e nervos. Por baixo e atrás da asa maior
do esfenóide, lateralmente à sela turca, podemos encontrar uma depressão profunda,
em forma de S, que corresponde à artéria carótida interna e ao seio cavernoso, o
sulco carotídeo. Posteriormente a este sulco, próximo da entrada da artéria carótida
interna no crânio, podemos encontrar uma apófise óssea ponteaguda, a língula
esfenoidal.
As asas maiores destacam-se súpero-lateralmente do corpo do osso. Possuem três
faces: uma posterior ou cerebral, uma anterior ou orbitária e uma lateral ou temporal; e
um bordo irregular que se articula com os ossos zigomático, frontal, parietal e
temporal.
A face cerebral relaciona-se com o cérebro, correspondendo à parte anterior da fossa
média do crânio. Podemos encontrar nesta face, medialmente, o buraco redondo para
o nervo maxilar, atrás e abaixo deste, encontramos o buraco oval, que dá passagem
ao nervo mandibular e ainda um pequeno orifício, localizado inferiormente, para a
artéria meníngea média – o buraco espinhoso, que possui este nome por se relacionar
com uma apófise óssea que se projecta para baixo, a espinha do esfenóide. O bordo
irregular que se destaca para cima, a partir da espinha do esfenóide, corresponde ao
bordo escamoso, articulando-se com o osso temporal e, mais acima, com o parietal na
extremidade deste bordo. Para além das estruturas anatómicas descritas, na face
cerebral, podemos encontrar medialmente à espinha do esfenóide um sulco pouco
profundo, o sulco da trompa auditiva, para a trompa auditiva.
A face temporal é dividida em duas partes por uma crista transversal, a crista
infratemporal. Uma superior onde se inserem fibras do músculo temporal e uma
inferior para inserção de fibras musculares superiores do músculo pterigóide lateral.
A face orbital constitui a porção mais posterior da parede lateral da órbita. Em cima e
por fora articula-se com o frontal, através do bordo frontal e, em baixo e por fora com o
osso zigomático através do bordo zigomático. O bordo medial constitui o lábio inferior
da fissura orbitária superior.
As asas menores correspondem a lâminas horizontais triangulares, de vértice lateral,
situadas na porção anterior e superior do corpo do esfenóide. As asas menores
nascem do corpo do esfenóide por duas raízes: uma anterior e superior que parece
continuar-se com a eminência esfenoidal; e outra, posterior e mais inferior, que se
destaca do corpo; definindo entre si o canal óptico, por onde passa o nervo óptico. As
extremidades mediais do bordo posterior das asas menores apresentam as apófises
clinóides anteriores.
As apófises pterigóides são duas colunas ósseas, verticais, que partem da face
inferior do corpo. Cada apófise é constituida por uma lâmina medial e por uma lâmina
lateral, que se encontram separadas em baixo, pela incisura pterigóide, onde se vai
inserir a apófise piramidal do osso palatino. O espaço compreendido entre as duas
lâminas corresponde à fossa pterigóide, onde se insere o músculo pterigóide medial.
Acima desta fossa podemos encontrar a fossa escafóide e, na raiz das lâminas
pterigóides, o orifício anterior do canal pterigóide. A lâmina medial prolonga-se em
cima como uma pequena apófise vaginal e termina em baixo no gancho pterigóide. A
lâmina lateral possui, na porção média do bordo posterior, uma apófise aguda – a
apófise pterigo-espinhosa.

Etmóide
O etmóide ajuda a formar a base do crânio, situando-se por baixo do frontal, na
incisura etmoidal e adiante do esfenóide. Orienta-se dizendo que: a lâmina que
apresenta numerosos orifícios é horizontal e a apófise triangular é anterior e superior.
O etmóide articula-se com: o frontal, o esfenóide, os palatinos, os nasais, as maxilas,
os lacrimais e o vómer.
Descreve-se uma lâmina vertical, mediana, uma lâmina horizontal, que cruza a
primeira, e dois labirintos laterais que se destacam da última (Fig. 22, 23 e 24).
A lâmina horizontal, ou lâmina crivosa, possui na parte superior uma apófise
triangular, que se projecta para cima – apófise crista galli, onde está inserida a foice do
cérebro. De cada lado desta apófise a face é ligeiramente deprimida, possuindo
numerosos orifícios que dão passagem aos filetes do nervo olfactivo.
A lâmina vertical ou perpendicular cruza com a lâmina crivosa a cerca de um quarto
do seu extremo superior determinando o aparecimento da apófise crista galli. Abaixo
deste cruzamento a lâmina perpendicular participa na formação do septo nasal,
articulando-se atrás com o esfenóide, com o vómer em baixo, com os ossos nasais e
espinha nasal do frontal adiante.
Os labirintos laterais, direito e esquerdo, são sustentados pela lâmina horizontal.
Têm forma cubóide. A face medial contribui para a formação das fossas nasais, dela
se desprendem duas saliências – o corneto superior e o corneto médio. Abaixo do
corneto médio encontramos a apófise unciforme e o infundíbulo, onde desembocam, o
seio frontal, maxilar e as células etmoidais anteriores. A face superior possui células
aéreas abertas e é cruzada por dois sulcos, os canais etmoidais anterior e posterior;
estas estruturas completam-se com o osso frontal. A face lateral corresponde à lâmina
orbitária ou papirácea, que forma uma parte da parede medial da órbita.

Parietal
O parietal é um osso par, assimétrico que contribui para a constituição da abóbada
craniana ou calvaria.
É um osso chato, formado por duas faces, quatro bordos e quatro ângulos. Orienta-se
colocando a face côncava a olhar para dentro, o bordo cortante (em bisel) para baixo e
o ângulo mais agudo, relacionado com esse bordo, para diante (Fig. 25 e 26). O
parietal articula-se com: o frontal, o occipital, o outro parietal, o temporal e com o
esfenóide.
É um osso pouco marcado por acidentes, sendo de notar, na face interna, a marca dos
vasos meníngeos médios com nervuras semelhantes a uma folha de figueira, o sulco
do seio longitudinal superior e o sulco do seio sigmoideu. Na face externa podemos
encontrar as linhas temporais superior e inferior, curvas, que cruzam a face ântero-
posteriormente. Junto ao bordo superior encontra-se o orifício parietal, que dá
passagem a uma veia emissária.

Temporal
O temporal é o osso mais complexo de todo o esqueleto. Articula-se com o parietal,
com o occipital, com o esfenóide, com o malar e com a mandíbula. Orienta-se
colocando a porção em forma de escama para cima, a face convexa dessa escama,
para fora e, a apófise para a frente. Do ponto de vista de desenvolvimento, o osso
temporal tem origem em quatro partes morfologicamente distintas: parte escamosa,
petromastoideia, timpânica e estilóide.
Situa-se na porção inferior e externa do crânio e nele se esquematizam, para
descrição, quatro porções: porção escamosa, porção mastoideia, porção timpânica e
rochedo (Fig. 27, 28, 29 e 30).
A porção escamosa, como o nome indica, apresenta uma forma de escama, isto é,
aplanada e cortada, no seu bordo livre, em forte bisel.
Consideram-se duas faces e uma circunferência.
A face temporal é convexa e lisa e ajuda a formar a fossa temporal. Podemos
distinguir nela o sulco da artéria temporal média. Da sua parte inferior toma volume o
zigoma, de onde se destaca a apófise zigomática, com uma raiz anterior, convexa
ântero-posteriormente e que forma o tubérculo articular e uma raiz posterior, que se
prolonga por cima da porção timpânica: no cruzamento destas duas raízes assinala-se
o tubérculo da raiz do zigoma, para um ligamento da articulação temporomandibular.
Posteriormente ao tubérculo articular situa-se a fossa mandibular (cavidade articular),
para o côndilo mandibular, no fundo da qual podemos encontrar a fissura tímpano-
escamosa que indica o limite da porção escamosa. A extremidade anterior da apófise
zigomática é profundamente dentada e articula-se com a apófise temporal do osso
zigomático.
A face cerebral é côncava e está em relação com o cérebro.
A circunferência apresenta-se em forma de bisel dando origem na união com a porção
mastóideia a um ângulo profundamente marcado, a incisura parietal.
A porção mastoideia, mais posterior no osso temporal, possui uma face interna, uma
face externa e uma circunferência.
A face externa é rugosa e plana e termina, em baixo, por uma saliência, a apófise
mastóide que apresenta, na face interna, a incisura mastoideia para o ventre posterior
do digástrico; por dentro desta incisura encontramos o sulco occipital.
A face interna está em relação com o cerebelo e apresenta-se profundamente sulcada
pelo sulco sigmóide para o seio com o mesmo nome e atrás deste está por vezes o
buraco mastoideu.
A circunferência articula-se com o parietal e com o occipital.
A porção timpânica encontra-se localizada adiante da apófise mastóide, por baixo da
porção escamosa, sendo essencialmente constituída por um anel timpânico, aberto
póstero-superiormente, que se funde com a porção petrosa e limita o meato acústico
externo. A membrana do tímpano insere-se no anel timpânico, no sulco timpânico.
Destaca-se inferiormente um prolongamento ósseo fino que envolve a apófise
estilóide, a baínha da apófise estilóide. No adulto a porção timpânica fica integrada na
porção petrosa (rochedo).
O rochedo ou porção petrosa é muito irregular e descreve-se como uma pirâmide
quadrangular, portanto com uma base, um vértice, quatro faces e bordos. Contém o
ouvido interno.
A base dirige-se para fora, confundindo-se em quase toda a sua extensão com a
porção mastoideia. Apresenta o orifício externo do meato acústico externo, onde se
encontra o anel timpânico, como acima descrito.
O vértice apresenta o orifício anterior do canal carotidiano. Juntamente com o
esfenóide, o vértice da porção petrosa define um orifício que dá passagem à carótida
interna e a nervos, o buraco lácero.
A face anterior está em relação com o lobo temporal do cérebro, apresentando atrás
do vértice a impressão do trigémio, para o gânglio trigeminal (de Gasser); uma
eminência posterior e medial que cobre o canal semicircular superior, a eminência
arqueada; lateralmente a esta uma superfície lisa, o tegme do tímpano que cobre a
caixa do tímpano; adiante deste o sulco do nervo petroso maior que termina no hiato
do canal do nervo petroso maior; e lateralmente outro hiato, menor, que pode também
ser sulcado anteriormente, para o nervo petroso menor.
A face posterior está em relação com o cerebelo e apresenta na sua parte média o
orifício do meato acústico interno. Por cima deste podemos encontrar uma pequena
depressão, a fossa subarqueada, e atrás um pequeno orifício, escondido por uma fina
lâmina óssea, que corresponde à abertura externa do aqueduto do vestíbulo.
A face inferior ajuda, como a precedente, a constituir a base do crânio. Podemos
encontrar próximo do vértice uma abertura circular, do canal carotidiano, atrás do qual
se encontra a fossa jugular. Entre estas últimas estruturas podemos encontrar de
dentro para fora: a abertura externa do canalículo da cóclea; uma pequena depressão
para o gânglio timpânico, fóssula petrosa; e um canalículo para o nervo timpânico que
tem origem na mesma fóssula. Pode ainda encontrar-se no fundo da fossa jugular um
pequeno canalículo mastoideu para o ramo auricular do nervo vago. A apófise estilóide
ainda que independente embriologicamente (pertence ao aparelho hioideu), pode ser
descrita nesta face, por fora da fossa jugular, como um prolongamento ósseo agudo,
dando inserção a vários ligamentos e músculos. Atrás desta apófise encontramos o
buraco estilo-mastóide.
O bordo superior é sulcado, em toda a sua extensão, pelo seio petroso superior.
O bordo posterior apresenta, da frente para trás, o sulco do seio petroso inferior, a
incisura jugular do temporal, que juntamente com a fossa jugular e a incisura jugular
do occipital formam o buraco jugular, identificável na base do crânio. A incisura jugular
do temporal é dividida na sua porção média pela apófise intrajugular
O bordo anterior representa a porção óssea do canal músculo-tubárico.

Crânio em Geral
As peças que acabámos de descrever isoladamente constituem, no seu conjunto, uma
caixa óssea onde se encontra alojado o encéfalo. O exame do seu interior permite
observar duas zonas distintas, a base e a abóbada. A base, por sua vez, encontra-se
nitidamente delimitada em três compartimentos, um anterior, um médio e um posterior.
O ajustamento das várias peças origina a formação de orifícios que não são
observáveis nos ossos isolados. O andar anterior tem por limite o canal óptico e o
bordo posterior das asas menores do esfenóide. O andar médio encontra-se entre o
limite posterior do andar anterior e, posteriormente, na zona central, a lâmina
quadrilátera do esfenóide; lateralmente está limitado pelo bordo superior do rochedo.
O andar posterior parte deste até ao início da abóbada, definido por uma linha
convencional, semicircular.
No andar anterior encontra-se a parte inferior da crista do frontal, o buraco cego, a
apófise crista galli, o canal óptico; lateralmente encontram-se os canais olfactivos, a
fissura orbitária superior, os orifícios dos canais orbitários e as protuberâncias
orbitárias. No andar médio encontramos, na linha média, a sela turca e para os lados
as fossas esfeno-temporais, a depressão trigeminal (de Gasser), a fissura orbitária
superior, o buraco redondo, o buraco oval, o buraco espinhoso e os hiatos acessórios,
o buraco lácero e o orifício interno do canal carotidiano. No andar posterior encontra-
se, na linha média, o sulco basilar, o buraco occipital, a crista occipital interna, e a
protuberância occipital interna; lateralmente notam-se as fossas cerebelosas, o canal
petroso superior, o canal lateral, o canal petroso inferior, o canal auditivo interno, o
aqueduto do vestíbulo, o canal condiliano, o canal do hipoglosso, o buraco mastoideu
e o buraco jugular (Fig. 31).
A observação da face exterior do crânio conduz à sua divisão em três zonas: a
abóbada a região temporal e a base. Na abóbada distingue-se a sutura biparietal ou
sagital e, lateralmente, as protuberâncias frontal, parietal e occipital com as
respectivas suturas: a frontoparietal ou coronal e a occipito-parietal ou lambdóide. A
região temporal situada na zona externa do crânio, está delimitada em cima, pela linha
temporal superior que parte da apófise orbitária externa e atinge o asterion; entram na
sua formação o parietal, o frontal, o temporal e a asa maior do esfenóide; o ponto de
encontro destes quatro ossos denomina-se pterion. A região da base pode dividir-se
em três zonas: uma anterior ou facial, uma média ou jugular e uma posterior ou
occipital; na anterior observa-se a espinha nasal do frontal, a lâmina perpendicular do
etmóide e a crista esfenoidal inferior; para os lados descreve-se a abóbada das fossas
nasais, os labirintos laterais do etmóide e a metade superior da órbita; a zona média
apresenta a superfície basilar do occipital, o tubérculo faríngeo e a fosseta navicular;
para os lados observam-se quatro saliências: o tubérculo zigomático, a apófise
pterigóide, o côndilo do occipital e a apófise mastóide; notam-se, ainda, o buraco
estilo-mastoideu, o buraco jugular, o orifício inferior do canal carotidiano, o aqueduto
do caracol, a fosseta condiliana anterior e o buraco jugular; na zona posterior
encontra-se o buraco occipital, a protuberância occipital externa, a crista occipital
externa e, lateralmente, a linha nucal suprema e a linha nucal superior.
No crânio temos ainda a considerar a existência dos ossos vormianos, pequenos
ossos inconstantes que ajustam as suturas.

Fontanelas
As fontanelas são zonas não ossificadas localizadas junto aos ângulos dos ossos
parietais. A fontanela anterior ou bregmática, tem forma de losango, com quatro
bordos. Localiza-se entre o osso frontal e os parietais. Encerra antes dos 2 anos de
idade. A fontanela posterior ou lambdática tem três bordos e localiza-se entre os dois
parietais e o occipital, na linha média. Encerra durante o primeiro ano de vida. Outras
fontanelas são, o pterion, localizada junto ao ângulo ântero-inferior do parietal, e o
asterion, localizada junto ao ângulo póstero-inferior do parietal.

FACE
A face é constituída por um maciço ósseo, situado imediatamente abaixo e adiante do
crânio (Fig. 32).
Na face consideram-se os seguintes ossos: duas maxilas ou maxilares, dois malares
ou zigomáticos, dois ossos lacrimais, dois palatinos, dois cornetos inferiores ou
conchas nasais inferiores, dois nasais, um vómer e uma mandíbula.

Maxila ou Maxilar
As maxilas são ossos pares, encontrando-se situadas por baixo das cavidades
orbitárias, por fora das fossas nasais e por cima da cavidade bucal. Orientam-se
dizendo que: o bordo alveolar é inferior, os álveolos menores são anteriores e a
concavidade do osso é medial. A maxila articula-se com: o frontal, o etmóide, a outra
maxila, o malar, o lacrimal, o corneto inferior e o palatino. Descrevemos neste osso,
corpo, apófise zigomática, apófise frontal, apófise alveolar e apófise palatina (Fig. 33,
34 e 35).
O corpo é grosseiramente piramidal, apresentando, como tal, quatro faces.
A face anterior apresenta na porção superior um orifício, o buraco infra-orbitário, que
representa a extremidade do canal com o mesmo nome. Inferiormente podemos
observar elevações que correspondem às raízes dos dentes, sendo a do dente canino,
a eminência canina, a mais evidente. Na porção média desta face encontra-se a
incisura nasal que circunscreve a abertura nasal anterior e a espinha nasal anterior, na
parte inferior da mesma incisura.
A face orbitária forma a maior parte do pavimento da órbita, encontrando-se na porção
média o sulco infraorbital que termina no canal com o mesmo nome.
A face infratemporal forma a parede anterior da fossa temporal. Está separada da face
anterior pela apófise zigomática. Póstero-inferiormente identifica-se a tuberosidade
maxilar, acima da qual estão as aberturas dos canais alveolares para os nervos
alveolares.
Podemos encontrar, na face nasal do corpo, o hiato maxilar, que dá acesso ao seio
maxilar, por vezes de grandes dimensões, que ocupa a maior parte do volume do
corpo da maxila. Adiante deste encontra-se um sulco largo, o sulco naso-lacrimal, que
determina com o osso lacrimal o canal nasolacrimal. Este canal permite a
comunicação da cavidade orbitária com o meato inferior da cavidade nasal.
A apófise zigomática destaca-se do corpo da maxila na união das faces anterior,
orbitária e infratemporal, com direcção lateral, para se articular com o osso zigomático.
A apófise frontal projecta-se superiormente, podendo ser descritas duas faces. A face
nasal (medial) é dividida pela crista etmoidal. A face lateral é dividida pela crista
lacrimal anterior que dá inserção a um ligamento.
A apófise alveolar é côncava para dentro e para trás, apresenta cavidades para
implantação das raízes dentárias, os alvéolos dentários, estes são divididos pelos
septos interalveolares. Nos alvéolos dentários posteriores existem septos ósseos que
separam as várias raízes.
A apófise palatina articula-se com a do lado oposto, constituindo o pavimento das
fossas nasais, e a abóbada palatina. A face superior forma a maior parte do pavimento
das fossas nasais. A face inferior é côncava e apresenta perto do bordo lateral um
sulco para os nervos e vasos palatinos maiores. Quando em posição, as apófises
palatinas determinam uma depressão anterior, a fossa incisiva, no fundo da qual está
o buraco incisivo que dá acesso ao canal incisivo. Este canal inicia-se como canal
duplo no pavimento das fossas nasais e termina, como acima descrito, num só orifício.
O bordo medial destaca-se superiormente através de uma crista nasal que se prolonga
para diante pela espinha nasal anterior, já mencionada.

Malar ou Zigomático
O malar é um osso par situado na porção mais exterior da face. Orienta-se colocando
o bordo regularmente côncavo para cima, a lâmina horizontal que se destaca desse
bordo para dentro e o ângulo mais agudo (relacionado com aquele bordo) para diante.
Articula-se com o frontal, com a maxila, com o temporal e com o esfenóide.
Apresenta três faces, lateral, temporal e orbitária, cinco bordos e duas apófises.
A face lateral apresenta o orifício zigomático-facial.
Posterior a esta temos a face temporal que toma parte na constituição da fossa
temporal, possuindo ainda uma superfície rugosa para articulação com a maxila.
Encontramos nesta face o orifício zigomático-temporal.
A face orbitária constitui a porção ântero-lateral da cavidade orbitária. Possui os
orifícios zigomático-orbitais que conduzem aos precedentes.
Para cima destaca-se a apófise frontal que se articula com o frontal e atrás com o
esfenóide.
A apófise temporal dirige-se para trás onde se articula com a apófise zigomática do
temporal para formar o arco zigomático.

Ossos Nasais
O osso nasal é par, situado de cada lado da linha média e tem duas faces e quatro
bordos. A face convexa é anterior; dos bordos mais longos, o mais curto é medial; dos
dois bordos mais curtos, o mais espesso é superior.
O bordo superior articula-se com o frontal; o bordo lateral articula-se com a apófise
frontal da maxila; o bordo inferior articula-se e continua-se com a cartilagem lateral do
nariz; o bordo medial articula-se com o do lado oposto, unindo-se ainda, de cima para
baixo com o frontal, com o etmóide e com o septo do nariz.

Ossos Lacrimais
O osso lacrimal é também par e situa-se na face medial da fossa orbitária, sendo
constituído por duas faces e quatro bordos. Orienta-se dizendo que a face que
apresenta um sulco é lateral, esse sulco é limitado por uma crista, que é posterior e
termina por uma apófise, em forma de gancho, que é inferior. A face lateral ou orbitária
é dividida longitudinalmente pela crista lacrimal, adiante da qual se encontra o sulco
lacrimal. Este sulco termina, em baixo, numa depressão, que completa, com a maxila,
a fossa do saco lacrimal. Ao nível do bordo inferior encontra-se uma saliência em
forma de gancho anterior, o gancho lacrimal, que marca o início do canal nasolacrimal.

Palatino
O palatino é também um osso par, situado por detrás da maxila, é constituído por duas
porções: uma vertical e uma horizontal. Para o orientarmos, colocamos a lâmina mais
pequena inferiormente, nesta lâmina, o bordo articular mais espesso para dentro e o
bordo não articular para trás.
A porção vertical, a lâmina perpendicular, é quadrilátera apresentando uma face
medial, ou nasal, que constitui a parede lateral posterior das fossas nasais e uma face
lateral, maxilar, que delimita o seio maxilar e a fossa pterigo-palatina. Na parte inferior
da face maxilar encontramos o sulco palatino maior que forma juntamente com o sulco
palatino maior do maxilar o canal palatino maior. Podemos encontrar, na parte superior
da porção vertical, entre as apófises orbitária, superior e anterior, e esfenoidal,
póstero-inferior, a incisura esfenopalatina.
A porção horizontal, ou lâmina horizontal, é também quadrilátera e faz parte da
abóbada palatina. Possui uma face nasal e uma face palatina. O bordo medial vai unir-
se ao do lado oposto, formando a crista nasal, que termina, atrás, na espinha nasal
posterior.
A porção óssea, na confluência posterior das duas lâminas, corresponde à apófise
piramidal.

Corneto Inferior ou Concha Nasal Inferior


O corneto inferior é um osso par, quadrilátero, em que a face medial olha o septo das
fossas nasais fazendo parte da sua parede lateral. Para orientar este osso dizemos
que: o bordo que se encontra enrolado sobre si mesmo é inferior, a face convexa é
medial e o ângulo mais agudo é posterior. Do bordo superior destacam-se três
apófises: a apófise lacrimal, mais anterior, que ajuda à formação do canal
nasolacrimal; a apófise maxilar, intermédia, que forma parte da parede medial do seio
maxilar; a apófise etmoidal, posterior, que se une ao etmóide.

Vómer
O vómer é um osso ímpar mediano que constitui a porção posterior do septo nasal.
Orientação: o bordo que apresenta um sulco profundo é superior e esse sulco é
posterior. O bordo superior possui um sulco profundo, entre as asas vomerianas
salientes, para o rostro esfenoidal. As asas articulam-se com as apófises esfenoidais
dos ossos palatinos e com as apófises vaginais do esfenóide. Estas condicionam,
juntamente com as apófises vaginais, a formação dos canais vomero-vaginais.

Mandíbula
A mandíbula é um osso ímpar, o único osso móvel da cabeça (Fig. 36). Distinguem-se
um corpo e duas porções laterais ou ramos mandibulares. Orienta-se colocando o
bordo alveolar para cima e a convexidade do osso para a frente.
O corpo tem a forma de uma ferradura, com duas faces, medial e lateral,
apresentando um bordo superior ou alveolar onde se articulam os dentes, distribuídos
em incisivos, caninos, pré-molares e molares segundo a fórmula: 2; 1; 2; 3 e um bordo
inferior ou base mandibular.
A parte anterior da face lateral apresenta uma crista mediana resultante da fusão das
duas porções ósseas primitivas, que se prolonga para baixo através da protuberância
mental (gnátion). Lateralmente podemos encontrar ao nível dos pré-molares o buraco
mentoniano. Destaca-se da frente para trás, de cada lado, passando por baixo do
buraco mentoniano, a linha oblíqua.
Na porção ântero-medial do corpo encontram-se duas pequenas depressões, para
inserção dos músculos digástricos, as fossas digástricas. Acima destas, encontramos
pequenas elevações ósseas, as espinhas mentonianas, duas superiores e duas
inferiores, para inserções musculares. Para trás, a face medial encontra-se dividida
pela linha milo-hioideia para o músculo com o mesmo nome; ântero-superiormente a
esta linha temos a fosseta sublingual para a glândula sublingual; póstero-inferiormente
temos a fosseta submandibular para a glândula do mesmo nome.
O ramo mandibular apresenta duas faces, quatro bordos e quatro ângulos.
A face medial apresenta o orifício superior do canal mandibular, o buraco mandibular
e, imediatamente para cima e para diante, a língula mandibular (espinha de Spix), esta
saliência é palpável no vivo e constitui uma referência importante para as anestesias
tronculares do nervo mandibular.
A face lateral presta inserção ao músculo masseter.
Dos bordos, o mais notável é o superior que apresenta uma grande incisura
mandibular, adiante da qual se situa a apófise coronóide da mandíbula e atrás, a
apófise condilar encabeçada pelo côndilo da mandíbula que se articula com o osso
temporal. A zona de transição do côndilo para o ramo, mais apertada, corresponde ao
colo, em cuja parte medial está a fosseta pterigóide para o músculo pterigoideu lateral.
O côndilo tem uma forma elíptica, em relação com o tipo de alimentação do Homem.
No bordo anterior da apófise coronóide está a crista temporal para o músculo do
mesmo nome. O bordo inferior continua-se para a frente com a base da mandíbula e
para trás encontra-se o gónion (ângulo mandibular).

Hióide
O osso hióide é um osso ímpar, mediano e simétrico, de forma côncava posterior,
constituído por uma parte mediana, o corpo, onde tem início os cornos menores, e
duas extremidades ou cornos maiores. Como dissemos, a concavidade do osso é
posterior e o bordo de onde se destacam duas apófises é superior. Podemos distinguir
no corpo, duas faces, anterior e posterior e, dois bordos, superior e inferior.
Localiza-se na parte superior do pescoço, ao nível da 4ª vértebra cervical, ligando-se
ao esterno, através dos músculos abaixadores do osso hióide, e à lingua, estando em
relação estreita com o esqueleto ósteo-fibroso deste órgão.
O corpo apresenta duas faces sendo dividida, a anterior, por uma crista horizontal e
por uma crista vertical. A crista vertical corresponde ao vestígio de uma apófise que se
prolonga pela língua em alguns animais. A face anterior e o bordo superior dão
inserção a músculos e ligamentos supra-hioideus. O bordo inferior estabelece a
ligação com algumas cartilagens da laringe e o bordo posterior com os músculos infra-
hioideus.
Os cornos maiores, na sua face superior dão inserção ao músculo constritor médio da
faringe e a algumas fibras do ligamento estilo-hioideu. A maioria das fibras deste
ligamento insere-se nos cornos menores.

Regiões comuns ao crânio e à face


Temos a considerar a órbita, as fossas nasais, a fossa pterigóide, a fossa infra
temporal e a fossa pterigopalatina. Na constituição da órbita entram: o frontal e a asa
menor do esfenóide, que constituem a parede superior. A parede inferior está
constituída pela maxila, apófise orbitária, do malar e palatino. A parede lateral é
formada pela asa maior do esfenóide, pela apófise orbitária e pela parte mais lateral
do frontal. A parede medial é formada pela apófise ascendente da maxila, pelo
lacrimal, pelo etmóide e pelo corpo do esfenóide.
As fossas nasais estão limitadas, na parede superior, pelos ossos do nariz, espinha
nasal do frontal, lâmina crivosa do etmóide e pelo corpo do esfenóide. A parede
inferior é constituída pela maxila e pelo palatino. A parede medial é formada pela
lâmina vertical do etmóide e pelo vómer. A parede lateral é constituída pela maxila,
lacrimal, etmóide, esfenóide, palatino e corneto inferior. Apresentam uma abertura
anterior que está em relação com o exterior e a abertura posterior dirige-se de cima
para baixo e de diante para trás.
A fossa pterigóide é formada pela apófise pterigóide do esfenóide e pela apófise
piramidal do palatino.

Fossa infratemporal
A fossa infratemporal tem como limites, medialmente, a face lateral das apófises
pterigóides, anteriormente é limitada pela face posterior da maxila, lateralmente é
limitada pela mandíbula e pelo arco zigomático. Comunica com a fossa temporal
através do espaço existente entre o arco zigomático e o crânio. Comunica com a órbita
através da fissura orbitária inferior e com a fossa pterigomaxilar através da fissura
pterigomaxilar. Posteriormente é aberta. Nesta fossa estão alojados os músculos
pterigoideus, a artéria maxilar e os seus ramos, a artéria meníngea média, o nervo
mandibular e os seus ramos, a corda do tímpano, o plexo venoso pterigoideu.

Fossa pterigomaxilar (pterigopalatina)


Esta fossa tem uma forma piramidal e é limitada pela maxila, pelo palatino e pelas
apófisess pterigóides do esfenóide. Localiza-se para dentro da fissura pterigomaxilar e
abaixo do ápice da órbita. É mais larga em cima e reduz a sua largura
progressivamente de cima para baixo, terminando no canal pterigopalatino (canal
palatino maior). É limitada anteriormente pela parede posterior da maxila,
posteriormente o limite é a base da apófise pterigóide e a porção inferior da parte
anterior da grande asa do esfenóide. Medialmente o limite é a face lateral da lâmina
vertical do palatino, que separa a fossa da cavidade nasal. Na parte mais alta desta
face existe o buraco esfenopalatino. Superiormente a fossa é limitada pelo esfenóide e
pela apófise orbitária do palatino. Lateralmente a fissura pterigomaxilar divide a fossa
pterigomaxilar da fossa infratemporal. A fossa pterigomaxilar apresenta oito aberturas
que a fazem comunicar com outras regiões: a fissura orbitária inferior, a fissura
pterigomaxilar, o buraco esfenopalatino, o buraco redondo, o canal vidiano, o canal
faríngeo, o canal pterigopalatino maior e o canal pterigopalatino menor.

Anatomia de superfície
O estudo da anatomia de superfície da cabeça tem sido objecto de estudo dos
antropologistas.
No que respeita ao crânio podemos palpar quase toda a calote craniana e reconhecer,
na linha média superior toda a sutura médio-frontal. Na região temporal palpa-se a
apófise mastóide e, na área frontal, as arcadas superciliares. Imediatamente para fora
destas, reconhece-se a fossa temporal. Toda a base do crânio se encontra situada
profundamente, pelo que não é possível reconhecer nenhum dos seus componentes.
Na face, além dos malares que são muito evidentes por constituírem as maçãs do
rosto, podem palpar-se as maxilas, sob os lábios superiores e seguir toda a
mandíbula, o seu bordo inferior, o corpo e ramo ascendente.

ARTROLOGIA

CABEÇA

A maioria das articulações da cabeça são suturas, tomando a maioria delas o nome
correspondente aos ossos que lhe dão origem.
Descrevemos então as seguintes suturas (Quadro VII):
Destacam-se ainda as sincondroses craneanas que se encontram em grande parte
ossificadas (Quadro VIII).

Articulação Temporomandibular
A articulação do temporal com a mandíbula merece uma atenção especial por ser a
única articulação com sinovial do crânio. A articulação temporomandibular é referida
usualmente por ATM (Fig. 55, 56 e 57).
Esta articulação, uma dupla articulação condilar, classifica-se como uma bicondilo-
meniscartrose-conjugada.
Encontra-se constituída pelas superfícies articulares da mandíbula – os côndilos e, por
duas formações dos temporais, que funcionam como uma única superfície: o tubérculo
articular, por diante, e a fossa mandibular, mais posterior.
Nos dois ossos, as superfícies são convexas pelo que existe interposição de um disco
(menisco) articular, fibro-cartilaginoso, com a forma de uma lente bicôncava, que
permite a adaptação das duas superfícies articulares. O disco é alongado
transversalmente, o que corresponde à morfologia das superfícies ósseas já
estudadas.
Como meios de união encontramos a cápsula, fina e laxa, cuja inserção se faz no
contorno das superfícies articulares e no contorno do disco interarticular. Esta última
inserção divide a cavidade num compartimento superior e num compartimento inferior.
Cada um dos compartimentos possui sinovial própria que forra a correspondente
porção interna da cápsula.
A cápsula é reforçada por um ligamento medial e um ligamento lateral, este último
mais espesso e resistente.
Existem ainda ligamentos à distância ou acessórios: o ligamento esfenomandibular, o
ligamento estilomandibular e o ligamento pterigo-espinhal, que não têm papel
relevante no mecanismo da articulação.
A mandíbula pode executar movimentos de descida e de subida, correspondentes à
abertura e fecho, de projecção para diante e para trás, ântero e retropulsão e
movimentos de lateralidade ou de didição. Estes movimentos são condicionados pela
morfologia dos côndilos e estão relacionados com o tipo de mastigação e alimentação
do Homem que, como se sabe, é omnívoro.

Anatomia de superficíe
A articulação temporomandibular em termos posicionais e de movimentos pode ser
avaliada com um articulador.

ANATOMIA APLICADA da ATM

A ATM é um elemento essencial na anatomia funcional do processo de oclusão.

Estruturas do sistema cranio-mandibular

● Estruturas ósseas
● Estrutura ligamentar
● Ligamento de Temporomandibular
● Disco articular
● Estrutura retro-articular (zona de bilaminar)
● Sistema muscular
● Aparelho de sinovial e cápsula
● Anexos de ligamentares

A articulação da mandíbula com o crânio é obtida por meio de uma articulação bilateral
entre as cabeças da mandíbula e os ossos temporais do crânio.
Os ossos envolvidos na ATM representam uma disposição apenas encontrada nos
mamíferos.
Nos humanos, o processo da mastigação e da fala obriga a que a mandíbula para,
além de precisar de um movimento de dobradiça (abrir e fechar), também efectue
movimentos de protrusão, de retracção, de lateralidade, e de combinações destes.
Sendo assim, a cabeça da mandíbula assume movimentos de translação e rotação.

A cavidade articular é definida e limitada por uma cápsula articular fibrosa, contínua
com o periósteo dos ossos envolvidos na articulação e tem justaposta à sua superfície
interna a membrana sinovial. As faces articulares dos ossos são revestidas por
cartilagem hialina (as articulações temporomandibular, acromioclavicular e
esternoclavicular são excepções, no sentido em que as suas faces são revestidas por
tecido fibroso) e a cavidade articular pode ou não possuir um disco fibroso que a divide
em dois compartimentos. Os ligamentos funcionam como controladores do movimento
da articulação e os músculos agem sobre a sua estabilidade aplicada. As articulações
sinoviais são ainda classificadas pelo número de eixos em que os ossos da articulação
se podem mover e pelos formatos das faces articulares.
Os movimentos de uma articulação sinovial são iniciados e efectuados por músculos
que trabalham em conjunto, de forma coordenada. Esta coordenação é obtida, em
parte, pela enervação sensitiva da articulação, estabelecida pela lei de Hilton que
afirma que os músculos que agem sobre a articulação têm a mesma enervação que
ela.

O sistema mastigatório envolve o crânio estático que têm um arco dentário e uma
mandíbula móvel que sustenta o arco dentário inferior.
A articulação compreende as duas articulações (bilaterais) entre as cabeças da
mandíbula e a fossa mandibular da parte escamosa dos ossos temporais.

Ossos que formam a articulação


Os ossos que formam a articulação são a cabeça da mandíbula (côndilo) sustentada
pelo processo condilar da mesma e a fossa mandibular da face inferior da parte
escamosa do osso temporal.
A fossa mandibular é limitada posteriormente pelas fissuras tímpano-escamosa e
petro-timpânica. Medialmente a fossa é limitada pela espinha do esfenóide e
lateralmente pela raiz da apófise zigomática do temporal. Anteriormente a fossa é
limitada por uma saliência óssea descrita como tubérculo articular, que também está
envolvido na articulação. A parte média da fossa mandibular é uma lâmina de osso
fina, acima da qual está a fossa média do crânio e o lobo temporal do cérebro.
A face articular da mandíbula mede de 15 a 20 mm de comprimento e 8 a 12 mm de
espessura, tendo forma ovóide. A face articular é convexa no sentido médio-lateral,
termina nos pólos medial e lateral, respectivamente. O pólo medial estende-se até ao
colo da mandíbula, e fica numa posição mais posterior para que o longo eixo da
cabeça da mandíbula se desvie do plano coronal de forma que, quando prolongado, o
referido eixo se direccione para dentro e para trás, encontrando-se com o eixo similar
projectado a partir da outra cabeça da mandíbula, na margem do buraco occipital.
As variações do côndilo são frequentes e normalmente a face superior é dividida em
inclinações medial e lateral por uma crista sagital.

Diferente da maioria das articulações sinoviais cujas faces articulares são revestidas
por cartilagem hialina, os ossos envolvidos na ATM são revestidos por uma camada
de tecido fibroso. Esta distinção histológica é frequentemente utilizada para
argumentar que a ATM não é capaz de suportar peso. Esta característica como já foi
referida também se encontra nas articulações acromioclavicular e esternoclavicular.
Tanto a mandíbula como a clavícula são formadas a partir de um centro de ossificação
intramembranosa e não previamente na cartilagem: cartilagem que persiste nos ossos
longos para formar as cartilagens articulares após a formação dos centros de
ossificação.
A camada fibrosa consiste em fibroblastos espalhados numa camada densa e
avascular de colagénio tipo I, com a superfície da camada limitada por uma membrana
electrodensa, a lâmina splendens.
A camada fibrosa fica sobre uma zona proliferativa de células associadas à formação
da cartilagem condilar.
Algumas descrições prévias da ATM indicam que os revestimentos da superfície da
articulação consistem mais exactamente em fibrocartilagem, e não em tecido fibroso.
Apesar de ser possível, que com a idade, a camada fibrosa de revestimento possa
conter algumas células cartilaginosas, não há evidência que este seja o caso. Há uma
grande evidência, no entanto, de fibrocartilagem associada com a articulação
profundamente à camada fibrosa, em ambos os côndilos e nos tubérculos articulares.
O aparecimento deste tipo de cartilagem tem uma explicação pelo desenvolvimento.
Uma cartilagem secundária de crescimento desenvolve-se dentro do blastema
associado à ATM em desenvolvimento – a cartilagem condilar. Esta cartilagem, em
muitos aspectos, é similar à cartilagem epifisária de um osso longo em
desenvolvimento, e consiste essencialmente numa zona proliferativa de células
reprodutoras, que funcionam como as progenitoras, que fornecem células para a
cartilagem de crescimento. Tais células transformam-se em condroblastos e elaboram
uma matriz extracelular, que consiste nos proteoglicanos e no colagénio tipo II,
formando a matriz extracelular da cartilagem. Ao mesmo tempo, há aumento do
tamanho dos condroblastos. Depois da produção desta cartilagem, ocorre ossificaçãio
endocondral que envolve mineralização da cartilagem, invasão celular, perda de
condrócitos e diferenciação de osteoblastos para produzir osso na estrutura
cartilaginosa mineralizada. A única diferença neste processo, entre a cartilagem
condilar e a cartilagem epifisária é a ausência de colunas ordenadas de células
cartilaginosas, que caracterizam a cartilagem de crescimento epifisária.

Uma cartilagem de crescimento similar é também encontrada em associada ao


desenvolvimento do tubérculo articular. No recém-nascido, não se evidencia nenhum
tubérculo. O seu desenvolvimento é associado a uma delgada faixa da cartilagem de
crescimento que envolve as mesmas camadas já descritas para o côndilo da
mandíbula, situadas ao longo da inclinação do tubérculo. Apesar da longevidade
destas cartilagens variar (a cartilagem condilar existe até ao fim da segunda década e
a cartilagem do tubérculo tem uma vida muito mais curta). A actividade proliferativa
das células nesta zona cessa. No entanto, as células persistem. A cartilagem
imediatamente abaixo delas converte-se em fibrocartilagem e na mandíbula
mineraliza-se num grau maior do que no osso mineralizado, ou seja, a cartilagem é
encontarda tanto na mandíbula quanto no interior da inclinação do tubérculo articular.
Nos dois casos, as células das zonas proliferativas formativas podem reassumir a sua
actividade proliferativa. Deste modo, apesar da fibrocartilagem ser associada à
articulação, ela não forma parte desta e não tem nenhum papel funcional formal nos
movimentos que ocorrem entre os dois ossos da articulação.

Cápsula articular

Em redor da articulação há uma cápsula fibrosa que se estende desde as margens da


fossa mandibular, incluindo o tubérculo articular na região anterior, para envolver a
cabeça da mandíbula antes de se fundir inferiormente com o periósteo do processo
condilar da mandíbula. A cápsula articular é dividida em dois compartimentos por um
disco articular fibroso achatado que, excepto na sua margem posterior, está aderido
em quase toda a periferia à cápsula articular. A discussão relativamente à cápsula ser
aberta na região anterior não está terminada, já que as relações exactas entre a
margem anterior do disco articular e a cabeça superior do músculo pterigoideu lateral
não estão estabelecidas. A partir da sua origem no temporal, a nível das fissuras
petroescamosa e timpanoescamosa, nas margens medial e lateral da fossa
mandibular na região posterior, e na região anterior pelo periósteo da inclinação do
tubérculo articular para diante, a cápsula articular passa como uma lâmina fibrosa
frouxa de tecido para as margens do disco articular; partindo das margens do disco
articular, a cápsula continua para baixo, como uma lâmina tensa, para se fundir com o
periósteo que reveste o processo condilar da mandíbula. Geralmente a cápsula é uma
estrutura fina, fortalecida por ligamentos.

Membrana sinovial
A superfície interna da cápsula articular é revestida por uma membrana sinovial. As
suas projecções ocorrem nos limites anterior e posterior da articulação de modo a
acomodar os movimentos da cápsula articular.
O volume total de liquido sinovial é aproximadamente 1 ml e tem um comportamento
não-Newtoniano, o que significa que a sua viscosidade diminui com o aumento da taxa
de cisalhamento. A carga muscular aumentada ou a alteração bioquímica do líquido
sinovial levam à perda de viscosidade e ao aumento da resistência ao atrito. Outra
função da sinovial é fornecer metabolitos ao tecido fibroso avascular associado à
articulação.

Disco articular
O disco fibroso divide a cavidade articular em dois compartimentos, e é uma estrutura
que tem um papel funcional, porque proporciona uma face articular passiva e móvel,
que recebe o movimento de translação feito pelo côndilo da mandíbula. O disco é
constituído por tecido fibroso denso e a sua forma é a mesma das faces articulares
com as quais contacta. A superfície inferior é côncava tal como a superfície superior,
as zonas posterior e anterior são mais espessas, delimitando uma zona central mais
fina. Em repouso esta zona central separa a inclinação do côndilo mandibular para
anterior da inclinação do tubérculo articular. A região mais espessa ocupa o espaço
entre o côndilo e o pavimento da fossa mandibular e a porção anterior fica ligeiramente
à frente do côndilo mandibular. Os feixes de colagénio tipo I que constituem o disco
articular são em geral dispostos frouxa e deficientemente direccionados, excepto na
região central, onde estão mais firmemente unidos sem feixes organizados. Secções
mais coronais do disco indicam que ele é mais espesso medialmente. As margens
lateral e medial do disco unem-se à cápsula articular. Na região anterior o disco divide-
se em duas lâminas; a superior estende-se para a frente, unindo-se com a cápsula e o
periósteo na inclinação do tubérculo articular para anterior, enquanto a inferior
estende-se para baixo, fixando-se na parte anterior do colo da mandíbula. Entre elas o
disco funde-se com a cápsula ou com a superfície superior das fibras musculares que
constituem o componente superior da cabeça superior do músculo pterigoideu lateral.
Na região posterior, o disco articular também se divide em duas lâminas; a superior
consiste em tecido fibroso e elástico que se funde com a cápsula articular e se fixa na
fissura timpanoescamosa. A lâmina inferior não é elástica e é formada apenas por
colagénio, dirigindo-se para baixo para se unir ao periósteo do colo da mandíbula.
Entre as duas lâminas é criado um espaço que é preenchido por tecido conjuntivo
vascular muito frouxo, esta região designa-se região bilaminar. As faixas anteriores e
posteriores do disco contêm fibrocartilagem e são adaptadas para suportar cargas
compressivas. O disco é bem vascularizado na periferia mas é avascular na região
central. Durante a função, o disco articular faz apenas movimentos relativamente
curtos e move-se de forma passiva para se posicionar melhor entre o movimento do
côndilo mandibular na fossa mandibular e o tubérculo articular. Esta adaptação é
devida ao formato do disco e à influência do músculo pterigoideu lateral.

Ligamentos
A cápsula articular é reforçada por ligamentos. Os ligamentos definem-se como
estruturas de colagénio não elásticas, que restringem e limitam os movimentos que
uma articulação pode efectuar, porque limitam a distância pela qual os ossos que
constituem a articulação podem ser separados sem causar lesão nos tecidos.
Ligamento lateral ou temporo-mandibular, é um ligamento funcional de reforço em
forma de leque que se situa na região lateral da cápsula articular, dirigindo-se
obliquamente de cima para baixo e para trás, tendo origem na face lateral do tubérculo
articular terminando na face posterior do colo da mandíbula. Funciona de maneira
similar aos ligamentos laterais de outras articulações por causa da natureza bilateral
da ATM; previne o deslocamento lateral, também evita o deslocamento medial da
articulação oposta. A posição oblíqua do ligamento limita a quantidade de
deslocamento inferior que pode ocorrer, enquanto a porção horizontal, previne e limita
o deslocamento do côndilo e do disco articular para trás. A própria cápsula articular
pode ser considerada um ligamento, assim como a lâmina inferior de fixação posterior
do disco por limitar o deslocamento do disco para a frente. A parede da cápsula
articular também é mais espessa medial e lateralmente, onde une o disco articular aos
pólos do côndilo da mandíbula por meio de dois cordões, que unem firmemente o
disco ao côndilo. O cordão lateral ao fundir-se com a componente horizontal do
ligamento lateral dá uma fixação particularmente firme. Estes dois espessamentos
podem ser considerados ligamentos colaterais da articulação, mas como envolvem
apenas o disco e o côndilo, alguns autores não os consideram.
Dois outros ligamentos são referidos nas descrições convencionais da ATM, embora
não esteja absolutamente determinado o seu papel funcional; o ligamento
esfenomandibular, que vai da espinha da mandíbula até ao osso hióide,
representando o pericôndrio residual da cartilagem de Meckel, outro é o ligamento
estilomandibular, que se estende do osso hióide até ao ângulo da mandíbula e
representa a margem livre da fascia cervical profunda.

Músculos da mastigação
Os músculos actuam sobre a articulação, para obter movimento, elevação
(encerramento), abaixamento (abertura), protrusão, retracção, lateralidade e
estabilidade.
Os movimentos da mandíbula raramente ocorrem isolados e envolvem combinações
complexas da actividade muscular.
A maioria dos movimentos articulares envolve rotação e translação, por isso, a função
dos músculos pode ser agrupada: o masseter, o pterigoideu medial, a porção anterior
do temporal e a cabeça superior do pterigoideu lateral, elevam a mandíbula.
A cabeça inferior do pterigoideu lateral, o ventre anterior do digástrico e o milo-hioideu
baixam a mandíbula.
A cabeça inferior do pterigoideu lateral e os elevadores projectam a mandíbula para a
frente – protrusão.
As fibras posteriores do temporal e os músculos elevadores retraem a mandíbula.
A lateralidade é obtida pela acção dos músculos elevadores, porção posterior do
temporal (retracção no lado de trabalho), e pterigoideu lateral (protrusão no lado
oposto).
A relação directa e indirecta da cabeça superior do pterigoideu lateral com o disco
desempenha um papel importante na sua função, daí que o disco não deva ser
comparado ao menisco encontrado noutras articulações.
A teoria aceite é que, em repouso, as fibras musculares estreitas da cabeça superior
do pterigoideu lateral mantêm em posição o disco articular, resistindo às forças
retractivas criadas pelas fibras elásticas encontradas na lamela superior que liga a
região posterior do disco articular à cápsula articular.

Enervação
É feita pelo ramo mandibular do trigémio (V), através dos nervos auriculotemporal,
temporal profundo e massetérico.

Vascularização
É feita pela artéria carótida externa através de: ramos da artéria temporal superficial,
auricular profunda, timpânica anterior, faríngea ascendente.

COLUNA VERTEBRAL

Articulações comuns a todas as vértebras


As vértebras articulam-se, entre elas, através do corpo vertebral, constituíndo uma
sínfise, e através das apófises articulares, que tomam o nome de articulações
zigapofisárias. Destes dois elementos pode considerar-se primordial o primeiro visto
que, se retirarmos um corpo vertebral tal facto acarreta alteração notória do equilíbrio
da coluna, o mesmo não se passando quando é retirada uma ou mesmo as duas
facetas articulares ou todo o arco neural posterior.

Sínfises intervertebrais
A articulação dos corpos vertebrais é do tipo sínfise, ou anfiartrose, e é constituída
pelas: superfícies ósseas dos corpos vertebrais superior e inferior; cápsula articular
que envolve toda a periferia da articulação; pelos ligamentos periféricos; e pelo disco
intervertebral que se encontra situado entre as duas vértebras (Fig. 58).
Os ligamentos periféricos são o ligamento longitudinal anterior e o ligamento
longitudinal posterior que reforçam as articulações. O anterior estende-se desde o áxis
até ao sacro passando pela face anterior dos corpos vertebrais e o posterior parte do
occipital, onde se confunde com a membrana tectória, até ao sacro e localiza-se na
face posterior dos corpos vertebrais, portanto na parte anterior do canal raquidiano.
O disco intervertebral tem a forma de uma lente biconvexa, que adere intimamente aos
corpos vertebrais. É constituído por uma porção periférica, o anel fibroso, de fibras de
tecido conjuntivo, e uma porção central, núcleo pulposo, correspondente a uma massa
gelatinosa semi-líquida.
As vértebras possuem ligamentos à distância: os ligamentos amarelos, que saltam de
lâmina para lâmina, os ligamentos interespinhosos, entre as apófises espinhosas
vizinhas, os supra-espinhosos, que unem os vértices das apófises espinhosas e, os
ligamentos intertransversos que se encontram entre as apófises transversas.

Articulações Zigapofisárias
As articulações das apófises articulares, ou zigapofisárias, são artrodias e apresentam
morfologia variável de acordo com as regiões, já que as facetas articulares não são
iguais em toda a extensão da coluna, como vimos no capítulo da osteologia. Na região
lombar estas articulações podem ser consideradas condilartroses rudimentares.
Nelas podemos encontrar todos os elementos articulares.
A cápsula, que se insere no contorno da articulação é reforçada, na sua porção
medial, por feixes do ligamento amarelo correspondente, que cruza a articulação no
sentido sagital. Existem ainda ligamentos e sinovial, que é mais laxa na região
cervical.

Articulações Atlanto-Axiais
O áxis articula-se com o atlas através das apófises articulares, de que já conhecemos
a morfologia, constituindo as articulações atlanto-axiais laterais, com os elementos
articulares conhecidos, e através do dente do áxis constituindo a articulação atlanto-
axial mediana (Fig. 59).
Esta articulação tem como superfícies articulares a faceta do dente no atlas e a faceta
articular anterior do dente do áxis. É uma articulação do tipo trocóide de que constitui o
exemplo mais perfeito. O meio de união mais importante é constituído pelo ligamento
transverso do atlas que passa imediatamente por detrás do dente do áxis, fixando-o
contra o arco do atlas. Este ligamento é tão potente que, em caso de acidente,
mantém-se íntegro fracturando o dente do áxis, o que de certo modo tenta preservar a
medula.
Existem duas cápsulas nesta articulação, uma entre o dente e o arco anterior do atlas
e outra entre o dente e o ligamento transverso do atlas. Possui uma sinovial laxa.
Temos a considerar ainda ligamentos que unem o dente do áxis ao occipital.
Descrevem-se os ligamentos alares, bilaterais do dente até ao buraco occipital; e o
ligamento do vértice do dente, ímpar, que se estende até ao bordo anterior do mesmo
buraco. Por trás deste último ligamento e adiante da membrana tectória, que prolonga
o ligamento longitudinal posterior, encontram-se feixes longitudinais que, juntamente
com o ligamento transverso do atlas, formam uma estrutura cruciforme, o ligamento
cruciforme do atlas.

Articulação Atlanto-Occipital
O atlas além de se articular com o áxis articula-se também com a cabeça através de
uma articulação do tipo diartrose, género bicondília.
As superfícies articulares são constituídas pelos côndilos occipitais e pelas faces
articulares superiores do atlas, em forma de palmilha.
Esta articulação atlanto-occipital possui todos os elementos gerais da articulação.
Possui como auxiliares da união a membrana atlanto-occipital anterior, a posterior, e o
ligamento atlanto-occipital lateral.

MIOLOGIA

O estudo anatómico dos músculos inclui alguns elementos que convém sistematizar:
Cada músculo é constituído por uma porção avermelhada (a massa contráctil
propriamente dita), o tendão, de cor nacarada, e a inserção.
A morfologia do músculo varia com as suas funções, podendo fazer-se uma
classificação, referida mais adiante.
As aponevroses são bainhas fibrosas que envolvem músculos ou grupos de
músculos.
A inserção é a zona de contacto do músculo com o seu ponto fixo que pode localizar-
se no osso ou na pele. Neste último caso o músculo denomina-se cutâneo ou da
mímica, enquanto os primeiros se denominam músculos esqueléticos. Alguns destes
músculos inserem-se em partes moles, como é o caso do tensor da fascia lata e do
tensor da sinovial do joelho.
Alguns músculos inserem-se directamente no osso enquanto que outros o fazem por
intermédio de um ou mais tendões.
Nos primeiros, as fibras musculares continuam-se directamente com o periósseo que,
como vimos já, é ricamente inervado e vascularizado na sua capa superficial e mais
rico em células e fibras na camada profunda. Nos pontos de inserção, as fibras
musculares continuam-se com as fibras do periósseo que, por sua vez, através da
capa profunda, se continua com as fibras de Sharpey, penetrando no osso; o modo
como este processo se faz varia com o ângulo formado pelo plano do músculo com o
plano da superfície óssea; assim, quando estes dois planos descrevem um ângulo
muito fechado, a transição é menos penetrante, sendo a maioria das fibras
continuadas com o periósseo; mas à medida que o ângulo se aproxima da
perpendicularidade a penetração é mais directa; este facto desempenha um papel
importante na compreensão dos fenómenos que se processam ao nível da inserção
muscular no osso.
As relações dos dois tecidos não possuem intercepções fibrosas visto que os
elementos encarregados da vivência dos tecidos são independentes; assim os vasos e
nervos que, irrigando o músculo, se dirigem até ao osso terminam ao nível do
periósseo, havendo uma marcada diferença de riqueza vascular entre as duas capas
de periósseo.
Nos músculos em que a inserção é feita através de um tendão individualizado as fibras
musculares, ao atingirem a zona de transição, são arredondadas, continuando-se
directamente com as fibras do tecido do tendão. À medida que se caminha na direcção
do tendão o número de estriações do músculo vai diminuindo enquanto que o número
de núcleos na zona de transição é muito grande; neste sector as fibras musculares
tornam-se sucessivamente mais finas enquanto que as fibras do tendão penetram
entre elas.
A constituição, forma e função dos tendões de inserção é muito variada e estes três
aspectos estão intimamente relacionados. Os tendões longos, em forma de cordão,
como é o caso do tendão de Aquiles ou os dos extensores dos dedos são compostos
quase inteiramente por tecido fibroso branco; as fibras dispõem-se paralelamente e
estão intimamente aderidas, aparentando formar um tecido homogéneo; o único
elemento celular presente são os fibroblastos, alongados, com o eixo maior na
direcção das fibras do colagéneo. As inserções do tipo aponevrose são largas e finas
e a sua função, para além de se relacionar com a inserção muscular, é também a de
envolver músculos, constituindo um elemento contensor; o equilíbrio entre o conteúdo,
constituído pelo músculo e, o continente é perfeito, de tal modo que a sua ruptura
constitui uma situação de difícil solução; convém frisar que, embora existindo fibras
que se entrecruzam em continuidade com o músculo envolvido estas são tão laxas
que não existe uma verdadeira aderência, o que permite que as fascias deslizem
sobre o músculo. Ao contrário dos tendões longos, as suas fibras entrecruzam-se em
várias direcções, organizadas em vários planos.
Do mesmo modo que no caso da inserção directa do músculo no osso, a inserção do
tendão no osso é feita essencialmente no periósseo quando a inserção é oblíqua e
torna-se mais directa no osso à medida que se perpendiculariza.
Este facto é responsável pelos arrancamentos ósseos, como por exemplo, ao nível da
extremidade proximal do quinto metatársico pela inserção do curto peroneal.
A morfologia dos tendões propriamente ditos, bem como o seu modo de inserção no
osso e a ligação ao músculo, têm uma influência determinante no funcionamento
muscular e na resultante da força aplicada; esta inserção distribui-se ou por um tendão
só ou por dois, três ou quatro para o mesmo músculo como os do bicípede braquial,
tricípede e quadricípede.
Em tais casos, é flagrante a importância da forma e orientação da inserção bem
patenteada pela acção diversa de cada porção.
As inserções variam na forma, na extensão e na proporção entre as superfícies
muscular e tendinosa; encontram-se inserções topo a topo, peniformes, terminais, mas
em todos estes tipos a orientação das fibras musculares segue uma linha do tendão
que representa a resultante das forças aplicadas.
De tudo o que fica exposto ressaltam, no que respeita à inserção músculo-osso, dois
aspectos fundamentais: a relação da penetração das fibras no osso com o ângulo de
inserção e a independência dos elementos vasculares e nervosos do músculo dos
mesmos elementos do osso.
As consequências funcionais destes factos são importantes pois condicionam o
esforço a que o músculo pode submeter a sua inserção facto que explica muitas das
lesões provocadas a este nível.
A desinserção muscular, exercida em músculos cuja prisão se faz perpendicularmente,
arrasta habitualmente o osso enquanto que, a que se efectua em músculos cuja
inserção é oblíqua, apenas arrasta consigo a capa superficial do periósseo.
Anexos aos músculos encontramos um certo número de estruturas que lhe são
vizinhas como as bolsas serosas, que têm por finalidade almofadar a região e
protegê-la contra os traumatismos de vária natureza, as aponevroses, que não são
mais do que tendões de morfologia especial, larga e ampla, e ainda as bainhas
tendinosas.
Os músculos podem apresentar morfologias muito variadas, de acordo com a função
que lhes é pedida. Podem ser longos ou curtos, superficiais ou profundos, lineares ou
em ansa. Há músculos de formato fusiforme, peniforme, conóide, trapezóide, bicípede,
tricípede, quadricípede, deltóide. Esta morfologia impõe, em alguns casos, o nome do
músculo que, noutros casos, toma o nome da posição que ocupa, como é o caso do
grande dorsal ou do pequeno peitoral. Noutros exemplos o nome do músculo deriva da
sua acção, como é o caso do pronador redondo ou do grande adutor. Noutros casos,
ainda, é a sua orientação que lhe dá nome, como no caso do oblíquo externo ou do
transverso do abdómen.
Existe, no organismo humano, um total de 501 músculos que pesam, no adulto de 70
quilos, cerca de 30 quilos.
Tal como na osteologia e na artrologia também na miologia se pratica a divisão do
organismo em secções, ou regiões, a saber: músculos da cabeça, do pescoço, da
região posterior do tronco e do pescoço, músculos do tórax, do abdómen e dos
membros.
MÚSCULOS DA CABEÇA

Consideram-se dois tipos de músculos: músculos mastigadores e músculos cutâneos.

Os mastigadores, que accionam a mandíbula, são quatro, todos inervados pelo nervo
trigémio: o temporal, o masseter, o pterigoideu medial e o pterigoideu lateral (Fig. 78).
O temporal insere-se, superiormente, na fossa e na fáscia temporal. Daqui as suas
fibras dirigem-se para baixo e para a frente e inserem-se na apófise coronóide da
mandíbula e no bordo anterior do ramo da mandíbula. Tem por acção elevar a
mandíbula e retrair o côndilo.
O masseter insere-se, em cima, no arco zigomático e malar e, em baixo, na face
lateral do ângulo e do ramo ascendente da mandíbula. É, também, um elevador da
mandíbula.
O pterigoideu medial insere-se, em cima, na fossa pterigoideia, na apófise piramidal
do palatino e na tuberosidade da maxila e em baixo na face medial do ângulo e ramo
ascendente da mandíbula. Faz a elevação e a protracção da mandíbula.
O pterigoideu lateral parte da grande asa do esfenóide (cabeça superior) e da
apófise pterigóide (cabeça inferior); a cabeça superior vai fixar-se na cápsula e disco
articular da ATM e a cabeça inferior no colo da mandíbula. Faz a protusão da
mandíbula e abre a boca. A cabeça superior do pterigoideu lateral é o único músculo
que abre a boca. A contracção conjugada de todos os músculos mastigadores, dos
dois lados da cabeça origina os movimentos complexos da mastigação omnívora.

Os músculos cutâneos da cabeça desempenham um papel importante na mímica


facial, são inervados pelo facial, admitem-se quatro grupos: músculos do crânio,
músculos dos olhos, músculos do nariz e músculos da boca (Fig. 79 e 80).

Músculos do Crânio: temos a considerar apenas o occipito-frontal que tem um


ventre anterior (frontal) e um posterior (occipital), unidos pela aponevrose epicraneana.
O occipital prende-se na linha nucal suprema e o frontal na pele das sobrancelhas.
Eleva as sobrancelhas e enruga a testa.

Músculos dos Olhos: orbicular dos olhos, corrugador do supercílio.


O orbicular dos olhos insere-se na margem orbitária, no ligamento palpebral medial
e na pele da bochecha e na rafe palpebral lateral. Fecha as pálpebras.
O corrugador do supercílio insere-se na porção medial do arco superciliar e na pele
da sobrancelha. Puxa as sobrancelhas para a linha média.

Músculos do Nariz: prócero, nasal, depressor do septo.


O prócero insere-se no osso nasal e na pele entre as sobrancelhas. Deprime os
cantos mediais dos olhos.
O nasal (tem duas porções) prende-se na maxila acima dos incisivos e caninos e na
asa do nariz e aponevrose da linha média. Alarga e estreita as narinas.
O depressor do septo prende-se na maxila e no septo nasal. Deprime o septo nasal.

Músculos da Boca: orbicular da boca, bucinador, elevador da asa do nariz e lábio


superior, elevador do lábio superior, elevador do ângulo da boca, zigomático menor,
zigomático maior, risório, depressor do ângulo da boca, depressor do lábio inferior,
mentoniano.
O orbicular da boca insere-se na pele e fáscia dos lábios. Aperta os lábios. É o
“músculo do beijo”.
O bucinador prende-se na rafe ptérigo-mandibular, na mandíbula e maxila e daí para
o ângulo dos lábios e porção lateral dos lábios. Puxa o ângulo dos lábios para fora;
comprime a bochecha contra os dentes.
O elevador do ângulo da boca insere-se na fossa canina da maxila e no ângulo dos
lábios. Eleva o ângulo da boca.
O elevador do lábio superior prende-se na margem inferior da órbita e na pele do
lábio superior. Eleva o lábio superior.
O elevador do lábio superior e da asa do nariz prende-se na apófise frontal da
maxila e na asa do nariz e pele do lábio superior. Eleva o lábio superior e alarga a
narina.
O zigomático maior insere-se na superfície lateral do osso zigomático e na pele do
ângulo da boca. Eleva e puxa para fora o ângulo da boca.
O zigomático menor prende-se na superfície inferior do osso zigomático e na porção
lateral do lábio superior. Eleva o lábio superior.
O risório insere-se na fáscia da bochecha e na pele do ângulo da boca. Puxa o
ângulo da boca para fora.
O depressor do ângulo da boca insere-se na linha oblíqua da mandíbula e no ângulo
dos lábios. Puxa o ângulo dos lábios para baixo.
O depressor do lábio inferior prende-se na face anterior da mandíbula e na pele do
lábio inferior. Deprime o lábio inferior.
O mentoniano prende-se na sínfise mentoniana e na pele do queixo (mento). Eleva a
pele do mento.
MÚSCULOS DO PESCOÇO

Os músculos do pescoço consideram-se distribuídos por três regiões: região lateral do


pescoço, região do osso hióide e região prévertebral.

Região Lateral
Na região lateral do pescoço encontram-se seis músculos: o platisma e o
esternocleidomastoideu, ambos superficiais, e quatro profundos: o escaleno anterior, o
escaleno médio, o escaleno posterior e o recto lateral da cabeça (Fig. 81 e 82).
O platisma é um músculo fino e largo cuja inserção superior se faz no bordo inferior
da mandíbula e pele da porção inferior da face, as suas fibras dirigem-se para baixo e
prendem-se na fascia que recobre o grande peitoral e o deltóide. Puxa os cantos da
boca para baixo, ajuda à depressão da mandíbula.
O esternocleidomastoideu é constituído por dois feixes com origem comum na
apófise mastóide do temporal e linha nucal superior dirigindo-se para baixo,
prendendo-se um fascículo na face anterior do manúbrio do esterno e o outro no terço
medial do bordo posterior da clavícula. Executa um movimento complexo de flexão e
rotação da cabeça de modo a que a ponta do queixo olha para o lado oposto ao
músculo contraído. Quando se contraem os dois músculos promovem a flexão da
cabeça.
O escaleno anterior (Fig. 83) prende-se nos tubérculos anteriores das apófises
transversas da 3ª à 6ª vértebras cervicais e, em baixo, no tubérculo do escaleno da 1ª
costela.
O escaleno médio insere-se, em cima, nos tubérculos anteriores das apófises
transversas das seis últimas vértebras cervicais e em baixo na face superior da 1ª
costela, atrás da artéria subclávia.
O escaleno posterior insere-se nos tubérculos posteriores das apófises transversas
das 4ª, 5ª e 6ª vértebras cervicais e em baixo, na face superior da 2ª costela. Os três
escalenos são músculos elevadores das costelas se tomam a coluna como ponto fixo
e flexores da coluna cervical se tomam como ponto fixo as costelas.
O músculo recto lateral da cabeça (Fig. 84) é um músculo muito curto que salta da
apófise transversa do atlas para a apófise jugular do occipital. Inclina lateralmente a
cabeça.

Região do Osso Hióide


Podemos considerar 4 músculos supra-hióides e 4 músculos infra-hióides.

Músculos Supra-Hióides
O digástrico, como o nome indica, é constituído por dois ventres e insere-se na
apófise mastóide do temporal (ventre posterior) e na fosseta digástrica da mandíbula
(ventre anterior), o tendão central prende-se ao osso hióide por um anel fibroso. Este
músculo baixa a mandíbula e eleva o osso hióide.
O estilo-hioideu (Fig. 85) insere-se na apófise estilóide e em baixo no osso hióide,
formando um anel que fixa o tendão do digástrico. Eleva o hióide.
O milo-hioideu prende-se, em cima, na linha milo-hióide da mandíbula e em baixo no
osso hióide. Eleva também o osso hióide.
O génio-hioideu insere-se na face posterior da sínfise da mandíbula, na espinha
mentoniana e no osso hióide. Eleva também este osso.

Músculos Infra-Hióides
O esterno-hioideu insere-se no bordo inferior do osso hióide e, por outro lado, na
extremidade medial da clavícula e face posterior do manúbrio.
O omo-hioideu insere-se no bordo superior da omoplata e na parte lateral do osso
hióide.
O esternotiroideu insere-se na linha oblíqua da cartilagem tiróide da laringe e na face
posterior do manúbrio do esterno.
O tiro-hioideu insere-se na linha oblíqua da cartilagem tiróide da laringe e no bordo
inferior do hióide. Todos estes músculos têm a acção de baixar o osso hióide e o
esterno-tiroideu baixa também a laringe.

Região Pré-Vertebral
A região pré-vertebral compreende três músculos de cada lado: o longo da cabeça, o
recto anterior da cabeça e o longo do pescoço.
O longo da cabeça insere-se na apófise basilar do occipital dirigindo-se para baixo,
para os tubérculos anteriores das apófises transversas das 3ª, 4ª, 5ª e 6ª vértebras
cervicais. Faz a flexão da cabeça e do pescoço.
O recto anterior da cabeça salta da apófise basilar do occipital para as massas
laterais do atlas. É também flexor da cabeça.
O longo do pescoço insere-se nos tubérculos anteriores e face anterior do corpo das
cinco últimas vértebras cervicais e três primeiras torácicas e daí, vai prender-se no
arco anterior do atlas, nos tubérculos anteriores de C5 e C6 e nos corpos do áxis, de
C3 e de C4. É flexor e rotador do pescoço, produz também movimentos de inclinação
lateral.

ARTÉRIAS

SISTEMA DA ARTÉRIA AORTA


A aorta estende-se desde a sua origem, no coração, até ao nível do corpo da quarta
vértebra lombar (L4), onde se trifurca dando origem a duas artérias ilíacas comuns e à
artéria sagrada média.
Consideram-se três segmentos: a aorta ascendente, o arco aórtico ou crossa da aorta
e a aorta descendente, dividindo-se este último segmento em duas porções, a torácica
e a abdominal. À sua saída do coração ela é muito volumosa, originando-se a câmara
aórtica, que se vai resolver na curvatura para a esquerda que toma o nome de arco
aórtico ou crossa da aorta. O seu trajecto, continua-se junto da coluna vertebral que
acompanha pelo lado esquerdo até T8, tornando-se então mediana, posição que
ocupa quando atravessa o diafragma e se torna abdominal.
A aorta ascendente é quase totalmente intrapericárdica, e dá origem aos ramos
coronários, coronária direita e esquerda que vão irrigar o coração.
O arco aórtico continua a aorta com uma porção horizontal e uma porção descendente
que termina ao nível de T3.
Inicia-se, então a aorta descendente, na qual a porção torácica, ou aorta torácica se
estende até ao diafragma onde passa a designar-se aorta abdominal que termina,
como vimos, ao nível de L4.
No seu trajecto, a artéria aorta dá ramos colaterais, sendo de considerar ramos que
nascem do arco aórtico, ramos que nascem da aorta descendente porções torácica e
abdominal, também referidas como aorta torácica e aorta abdominal.

RAMOS DO ARCO AÓRTICO ou da CROSSA DA AORTA

São três os troncos que partem da convexidade do arco aórtico (Fig. 122):

Tronco braquiocefálico
Artéria carótida comum esquerda
Artéria subclávia esquerda
O tronco braquiocefálico dá, a breve trecho, origem a dois ramos terminais: a artéria
carótida comum direita e a artéria subclávia direita. Dá ainda por vezes, ainda que
em percentagem reduzida uma pequena artéria, mediana, para a tiróide, a artéria
tiroideia ima. Deste modo, da crossa da aorta saem os vasos encarregues da irrigação
da cabeça, pescoço e membros superiores. A artéria carótida comum direita tem um
trajecto igual ao da homónima esquerda.

Artéria Carótida Comum


A carótida comum dirige-se para cima, na face anterior do pescoço, de cada lado da
traqueia e da laringe. Ao atingir o bordo superior da cartilagem tiróide da laringe,
bifurca-se originando a carótida externa e a carótida interna. Estes nomes não
derivam da localização relativa destes dois vasos, visto que a carótida externa é mais
medial, e sim do facto de a carótida interna só dar ramos para o interior do crânio e a
externa dar para o exterior. Ao nível da bifurcação encontramos o corpo carotídeo
(glomus carotídeo), que é um quimioreceptor sensível às variações de oxigénio no
sangue. Também ao nível da bifurcação encontramos uma pequena dilatação, seio
carotídeo que contém pressoreceptores sensíveis às variações de pressão do sangue.

Artéria Carótida Externa


A carótida externa tem um trajecto ascendente, terminando ao nível do côndilo da
mandíbula, onde se bifurca na artéria temporal superficial e na artéria maxilar,
depois de ter dado, como ramos colaterais (Fig. 123):

A. tiroideia superior;
A. faríngea ascendente;
A. lingual;
A. facial;
A. occipital;
A. auricular posterior.

O primeiro ramo anterior, a artéria tiroideia superior dirige-se para a


tiróide, que vasculariza, e, no seu trajecto origina os seguintes ramos
colaterais:
Ramo infrahioideu – anastomosa-se com o do lado oposto sobre o osso
hióide.
Ramo esternocleidomastoideu – vasculariza o músculo com o mesmo
nome.
A. laríngea superior – perfura a membrana tirohioideia e vasculariza a
laringe.
Ramo cricotiroideu – vasculariza o músculo com o mesmo nome e o
interior da laringe onde se anastomosa com o do lado oposto.
Os seus ramos terminais são, o glandular anterior, o glandular posterior e
glandular lateral que se destinam à glândula tiróide.
A artéria faríngea ascendente nasce na face posterior da carótida
externa e estende-se até à base do crâneo, passando entre a faringe e os
músculos com origem na apófise estilóide, dando como colaterais:
A. meníngea posterior – atravessa o buraco jugular e distribui-se à
duramáter posterior.
Ramos faríngeos – distribuem-se à parede da faringe.
A. timpânica inferior – dirige-se ao tímpano, que vasculariza.
A artéria lingual tem origem anterior na carótida externa e dirige-se para
a língua, durante o seu trajecto, dá como ramos colaterais:
Ramo suprahioideu – situado sobre o osso hióide, anastomosa-se com o
ramo infrahioideu e com o do lado oposto.
A. sublingual – vasculariza o músculo milohioideu, a glândula sublingual e
a gengiva da área.
Ramos dorsais da língua – ramos para a raiz da língua.
O único ramo terminal é a artéria profunda da língua que se dirige para a
ponta da língua onde se anastomosa com a do lado oposto.
A artéria facial nasce da face anterior da carótida externa, por vezes
através de um ramo comum com a lingual, que toma o nome de tronco
linguo-facial, dirige-se para cima e para diante relaciona-se com a parede
faríngea, passa por baixo do ventre posterior do digástrico, do
estilohioideu e penetra na loca submandibular, passa por baixo da
glândula (curvatura submandibular). Por fim, atravessa a face
obliquamente para cima e para diante descrevendo a curvatura facial.
Dirige-se para a comissura labial e depois percorre o sulco nasogeniano e
termina no ângulo medial do olho. Durante o seu trajecto dá os seguintes
ramos colaterais:
A. palatina ascendente – origina-se no início da artéria facial e dirige-se
para cima mantendo-se medial ao músculo estiloglosso para nutrir os
arcos palatinos e véu do paladar, dá origem ao ramo tonsilar ou
amigdalino que vasculariza a amígdala palatina.
A. submentoniana – irriga a glândula submandibular e o músculo
milohioideu.
Ramos glandulares – para a glândula submandibular.
A. labial inferior – para o lábio inferior, anastomosa-se com as artérias
submentoniana, mentoniana e a com a homónima do lado oposto.
A. labial superior – para o lábio superior, anastomosa-se com as artérias:
transversa da face, infraorbitária e a com a homónima do lado oposto.
Origina ainda ramos para o septo nasal e para a parte latero-nasal.
O único ramo terminal da artéria facial é a artéria angular, que se
anastomosa com a artéria dorsal do nariz, ramo da oftálmica.
A artéria occipital é o segundo ramo posterior da carótida externa.
Dirige-se para a região mastóide e termina na região occipital, durante o
seu trajecto dá os seguintes ramos colaterais:
Ramo mastoideu – atravessa o buraco mastoideu e irriga a duramáter.
Ramo auricular – irriga o pavilhão auricular.
Ramo esternocleidomastoideu – para o músculo com o mesmo nome.
Ramo meníngeo – ramo inconstante para a duramáter.
Os seus ramos terminais são: ramos occipitais – para irrigar o músculo
occipital e ramo descendente situado sob o esplénio da cabeça – para os
músculos da nuca.
A artéria auricular posterior é o terceiro ramo posterior da carótida
externa, situando-se por baixo da parótida, dirige-se para o espaço
compreendido entre a apófise mastóide e o pavilhão auricular, durante o
seu trajecto dá:
A. estilomastoideia – penetra no buraco estilomastoideu e acompanha o
nervo facial.
A. timpânica posterior – acompanha a corda do tímpano desde o canal do
facial até à membrana do tímpano, dando origem aos ramos mastoideus
e ao ramo do estribo.
Ramos parotidianos – para a glândula parótida.
Esta artéria dá ainda ramos para as células mastoideias e um ramo
estapédico para o músculo do estribo.
Os ramos terminais são: Ramo auricular, que irriga o pavilhão auricular e
o ramo occipital que se encontra sobre a apófise mastóide e se
anastomosa com a artéria occipital.

Ramos terminais da artéria carótida externa

Artéria Temporal Superficial


A artéria temporal superficial, após a sua origem, dirige-se para cima e
um pouco para fora, passa à frente do tragus e por trás da ATM, está
situada adiante do nervo auriculotemporal e da veia temporal superficial,
de seguida sobe na região temporal adiante do pavilhão auricular e
divide-se nos seus ramos terminais: ramo frontal – anastomosa-se com o
do lado oposto, com as artérias supraorbitária e supratroclear, ramos da
carótida interna, e; ramo parietal – anastomosa-se com o do lado oposto
e com as artérias auricular posterior e occipital.
Durante o seu trajecto, dá os seguintes ramos colaterais:
Ramos parotidianos – irrigam a glândula parótida.
A. transversa da face – segue o trajecto do canal parotidiano e dirige-se
para a bochecha.
Ramos auriculares anteriores – irrigam o pavilhão auricular e o canal
auditivo externo.
A. zigomato-orbitária – ramo para a porção lateral da órbita.
A. temporal média – estende-se por cima do arco zigomático, irriga o
músculo temporal.

Artéria Maxilar
A artéria maxilar dirige-se para cima e para diante, entra na região
pterigomaxilar passando através do espaço retrocondiliano, está por
baixo da veia maxilar e do nervo auriculotemporal, atinge o transfundo da
fossa pterigomaxilar por duas vias: variedade profunda e externa ou
superficial. Dá os seguintes ramos colaterais (Fig. 124):

A. auricular profunda – vasculariza a ATM, o canal auditivo externo e a


membrana do tímpano.
A. timpânica anterior – acompanha a corda do tímpano até à caixa do
tímpano.
A. alveolar inferior – artéria que passa entre o músculo pterigoideu medial
e o ramo mandibular para depois entrar no canal mandibular, onde se
estende até o buraco mentoniano. Durante o seu trajecto dá origem a
ramos dentários e peri-dentários que têm como destino o dente e tecidos
periodontais, ao ramo milohioideu, que tem origem antes da entrada do
vaso no canal, ramo este que acompanha o nervo milohioideu pelo sulco
com o mesmo nome, e à artéria mentoniana.
A. meníngea média – atravessa o buraco espinhoso e termina na fossa
craniana média onde se ramifica em ramo acessório, para a trompa
auditiva e através do buraco oval para a duramáter e gânglio trigeminal,
ramo petroso, que se anastomosa com a artéria estilo-mastoideia, artéria
timpânica superior, que se estende à cavidade timpânica, ramo frontal,
ramo parietal e ramo anastomótico com a artéria lacrimal. Esta artéria é a
responsável pela formação em folha de figueira na face endocraniana do
osso parietal. Da meníngea média pode ainda nascer a artéria pterigo-
meníngea, que também pode nascer da maxilar, distribuindo-se aos
músculos pterigoideus, véu do paladar e através do buraco oval à
duramáter e gânglios trigeminais.
A. massetérica – atravessa a incisura mandibular e irriga o masseter.
Ramos temporais profundos – são as artérias temporal profunda anterior
e posterior para o músculo temporal.
Ramos pterigoideus – irrigam os músculos pterigoideus (lateral e medial).
A. bucal (bucinatória) – irriga o músculo bucinador, portanto a bochecha e
a gengiva anexa.
A. alveolar superior-posterior – estende-se da parte posterior do maxilar
até aos molares e seio maxilar, origina ramos dentários.
A. infra-orbitária – atravessa a fissura orbitária inferior, goteira e canal
infraorbitário e atinge a face através do buraco infraorbitário, dá ramos
alveolares súpero-anteriores, para os dentes anteriores, ramos dentários
e periodontais.
A. do canal pterigoideu ou vidiana – estende-se do canal pterigoideu até
à porção posterior da trompa auditiva onde dá origem a ramos faríngeos.
A. palatina descendente – passa pelo canal palatino maior e dá origem à
artéria palatina maior e às artérias palatinas menores, que irrigam todo o
palato.

A artéria maxilar dá um único ramo terminal, a artéria esfenopalatina, que


passa no buraco esfenopalatino, termina nas fossas nasais e origina as
artérias nasais posteriores-laterais e septais posteriores.

Artéria Carótida Interna


A artéria carótida interna estende-se desde o bordo superior da cartilagem tiróide da
laringe até à base do crânio, relacionando-se com a glândula parótida e com a coluna
vertebral, correspondendo, esta última, à porção cervical do vaso. Inicialmente, situa-
se por fora da carótida externa e depois passa por trás dela e alcança a faringe. Entra
no canal carotidiano, na parte petrosa do temporal correspondendo à porção petrosa
do vaso (Fig. 125). Ao sair deste canal entra no seio cavernoso, que percorre,
correspondendo à porção cavernosa do vaso. Por fim, na porção cerebral, divide-se
em dois ramos terminais, junto às apófises clinóides anteriores, as artérias cerebral
anterior e cerebral média. A artéria cerebral anterior, dirige-se para diante e
anastomosa-se com a do lado oposto pela artéria comunicante anterior, a artéria
cerebral média, destina-se à parte lateral do cérebro. Como ramo colateral principal,
com origem nesta última porção do vaso, existe a artéria oftálmica que se destina ao
globo ocular e tem a sua origem também junto à apófise clinóide anterior. A artéria
comunicante posterior tem origem na artéia carótida interna, acima do nervo óculo-
motor, dirige-se para trás, anastomosando-se com a artéria cerebral posterior.

Ramos da porção petrosa (trajecto do vaso dentro da porção petrosa do


temporal, canal carotidiano)
Ramos carotico-timpânicos – finos ramos que se distribuem à cavidade
timpânica. Dá ainda origem a um ramo pterigoideu.

Ramos da porção cavernosa (trajecto do vaso dentro do seio cavernoso)


Nesta porção têm origem: ramo basal da tenda; ramo marginal da tenda;
ramo marginal para a duramáter da fossa craneana média; ramo do
gânglio trigeminal; ramos nervosos para os diferentes nervos; ramo do
seio cavernoso; e ramo hipofisário inferior, para o lobo posterior da
hipófise.
Ramos da porção cerebral (parte terminal da carótida interna, intradural)
A. hipofisária superior – irriga o pedúnculo hipofisário e o infundíbulo
A. oftálmica – passa pelo buraco óptico, juntamente com o nervo óptico
e termina na órbita. Esta artéria, durante o seu trajecto dá inúmeros
ramos colaterais:
A. central da retina – entra no globo ocular juntamente com o nervo
óptico, no qual penetra, e distribui-se à retina.
A. lacrimal – ramo para a glândula lacrimal, que alcança percorrendo o
bordo superior do recto lateral. Dá origem a um ramo anastomótico para
a meníngea média e ramos palpebrais laterais para as pálpebras.
A. ciliares posteriores curtas – 10 a 15 artérias que perfuram a
esclerótica junto ao nervo óptico, indo irrigar a coroideia.
A. ciliares longas posteriores – uma lateral e outra medial, para o corpo
ciliar.
A. ciliares anteriores – irrigam a coroideia e o corpo ciliar, dando ainda
origem às artérias conjuntivais anteriores que irrigam a conjuntiva e às
artérias episclerais, para a esclerótica.
A. conjuntivais posteriores – irrigam a conjuntiva.
A. supra-orbitária – atravessa a incisura supra-orbitária e distribui-se ao
tecto da órbita.
A. etmoidal posterior – atravessa o canal etmoidal posterior até às
fossas nasais, para as células etmoidais posteriores e parte posterior
das fossas nasais.
A. etmoidal anterior – atravessa o canal etmoidal anterior até às fossas
nasais, origina ainda a artéria meníngea anterior, para a duramáter, e
ramos septais anteriores e nasais anteriores laterais.
A. palpebrais mediais – destinam-se às pálpebras, anastomosando-se
com as palpebrais laterais e com os arcos palpebrais superior e inferior.
Arco palpebral superior – anastomose entre as artérias palpebrais
lateral e medial na pálpebra superior.
Arco palpebral inferior – anastomose entre as artérias palpebrais lateral
e medial na pálpebra inferior.
A. supratroclear – ramo terminal ascendente da oftálmica, anastomosa-
se com a do lado oposto, artéria supra-orbitária e temporal superficial.
A. dorsal do nariz – ramo terminal descendente da oftálmica, estende-se
até ao dorso do nariz e anastomosa-se com a artéria angular (ramo
terminal da facial).
A. coroideia anterior – provém da carótida interna destinando-se aos
plexos coroideus que percorre dando os seguintes ramos no seu trajecto:
ramo coroideu do ventrículo lateral; ramo coroideu do terceiro ventrículo;
ramo da substância perfurada anterior para a cápsula interna; ramo da
fita óptica; ramo do corpo geniculado lateral; ramo da cápsula interna
para a parte posterior da cápsula interna; ramo do globo pálido; ramo
caudal do núcleo caudado; ramo do túber cinério; ramos dos núcleos
hipotalâmicos; ramo da substância negra; ramo do núcleo rubro; ramo do
corpo amigdalino.

Ramos terminais da artéria carótida interna


A. cerebral anterior – ramo terminal da carótida interna que se estende,
na face medial do hemisfério, sobre o corpo caloso e irriga a maior parte
da superficie medial do cérebro. Podemos distinguir-lhe uma porção
prévia à comunicação com a homónima do lado oposto pela comunicante
anterior, que se encontra na parte inferior do cérebro e outra após a
anastomose das duas cerebrais anteriores que se vai encontrar na
superfície medial do cérebro, como referido acima. Na primeira porção
vão ter origem a artéria cerebral longa ou recorrente, para as porções
central e lateral do núcleo lenticular, cabeça do núcleo caudado e cápsula
interna, e a artéria cerebral curta para o cérebro. Na segunda porção
após a anastomose através da comunicante anterior as cerebrais dirigem-
se obliquamente para cima e para diante, contornando o sulco central,
dando origem no seu trajecto à artéria fronto-basal medial, à artéria
caloso-marginal que percorre o sulco do corpo caloso dando ramos
frontais, ântero-medial, medio-medial, póstero-medial, ramos para o
cíngulo e ainda um ramo paracentral para a zona posterior ao sulco
central. Na sua continuação a cerebral anterior a artéria pré-cuneal e a
artéria parieto-occipital (Fig. 126).
A. cerebral média – após a sua origem dirige-se para fora, situando-se
entre os lobos temporal e frontal, para se perder no interstício desses
mesmos lobos, no sulco lateral do cérebro, e na maior parte da superficie
lateral do cérebro, que irriga (Fig. 127). Origina artérias centrais tálamo-
estriadas anterolaterais, ramos mediais e laterais, para o lenticular,
caudado e cápsula interna, ramos órbito-frontais laterais, para o lobo
frontal, artérias temporais anterior, média e posterior, para o lobo
temporal. Na sua terminação dá origem às artérias do sulco central, do
sulco pré-central, do sulco pós-central, ramos parietais, para o lobo
parietal e à artéria da circunvolução angular.

Círculo arterial do cérebro – Polígono cerebral (de Willis)


A artéria cerebral anterior, comunicante anterior e cerebral média, juntamente com a
comunicante posterior que faz a anastomose entre as últimas e a artéria cerebral
posterior, que é ramo da artéria vertebral (descrita adiante) vão dar origem a um
círculo anastomótico na base do cérebro que toma o nome de polígono cerebral ou de
Willis (Fig. 128).

Artéria Subclávia
A artéria subclávia passa entre os músculos escalenos anterior e médio, no sulco da
artéria subclávia, passa por cima da primeira costela e ao chegar ao seu bordo lateral
continua-se com a artéria axilar. Durante o seu trajecto dá como ramos colaterais a
artéria vertebral, a artéria torácica interna, o tronco tirocervical e o tronco costocervical
(Fig. 129 e 130).

Artéria vertebral – origina-se por trás do escaleno anterior, dirige-se para cima, junto
à coluna vertebral, passando através dos buracos transversais de C6 a C1 e de
seguida entra no crânio através do buraco occipital (Fig. 131). Após a sua entrada no
crânio inflecte para a linha média e anastomosa-se com a do lado oposto, dando
origem à artéria basilar (que descreveremos adiante). Durante o trajecto nos buracos
transversais das vértebras dá origem a ramos radiculares e a ramos para a
musculatura da região. Depois de cruzar o buraco occipital, portanto, de se tornar
intracraneana, origina os seguintes ramos:
Ramos espinhais – artérias espinhais anterior e posterior que irrigam a
medula espinhal e meninges espinhais.
Ramo meníngeo – anterior e posterior, para a duramáter e osso da
região.
A. cerebelosa ínfero-posterior – irriga a porção póstero-inferior do
cerebelo, dando ainda ramos para o quarto ventrículo, para a amígdala
cerebelosa, para o bulbo raquidiano e pedúnculo cerebeloso inferior.
A artéria basilar, que, como referimos atrás, resulta da anastomose entre
as duas artérias vertebrais, ao nível do bulbo, para depois se continuar
para cima no sulco mediano da protuberância, origina como colaterais:
A. cerebelosa ínfero-anterior – irriga a porção ântero-inferior do cerebelo
e dá a artéria do labirinto, que acompanha o nervo vestíbulo-coclear para
o ouvido interno.
Ramos da ponte (pontinos) – ramos para a ponte (protuberância).
A. cerebelosa superior – estende-se em redor do mesencéfalo para irrigar
a porção superior do cerebelo.
Os ramos terminais da artéria basilar são as duas artérias cerebrais
posteriores (direita e esquerda) que irrigam o lobo occipital e 2/3 do lobo
temporal indo-se anastomosar com as artérias comunicantes posteriores
para formar o polígono cerebral (de Willis). As cerebrais posteriores dão
origem às artérias centrais póstero-mediais, centrais póstero-laterais,
para o terceiro ventrículo, globo pálido, tálamo e corpo pineal, dão ainda
origem a ramos talâmicos, coroideus e pedunculares. Na sua parte
terminal em que as cerebrais posteriores se estendem ao córtex posterior
dão origem à artéria occipital lateral e medial, a primeira para o lobo
temporal e a segunda para a superfície sagital da metade posterior do
cérebro.

VEIAS

SISTEMA DAS VEIAS CAVAS

Consideraremos o sistema da veia cava superior e da veia cava inferior, incluindo


na primeira, as veias da cabeça e do pescoço, as veias profundas e superficiais dos
membros superiores, bem como o sistema das veias ázigos. No sistema da veia cava
inferior, incluem-se as veias profundas e superficiais dos membros inferiores, bem
como o sistema da veia porta e todas as suas veias afluentes.

VEIA CAVA SUPERIOR

É constituída pela união das duas veias braquiocefálicas direita e esquerda por
detrás da primeira cartilagem costal, daqui dirige-se obliquamente para trás e para
baixo, descrevendo uma curva de concavidade esquerda, que se adapta à
convexidade da porção ascendente do arco aórtico. No seu trajecto recebe a veia
ázigos, do sistema das veias ázigos. Termina na aurícula direita, à altura da
extremidade esternal do segundo espaço intercostal direito.

Veias Braquiocefálicas
Têm origem por detrás da extremidade medial da clavícula e resultam da união das
veias jugular interna e subclávia (Fig. 149).

Veia Braquiocefálica Direita


Está totalmente situada á direita da linha média. A sua direcção é ligeiramente oblíqua
para baixo e para a esquerda. O seu comprimento varia entre 2 e 3 cm.

Veia Braquiocefálica Esquerda


Atravessa a linha média e a sua direcção é oblíqua para dentro e para a direita. O seu
comprimento é de cerca de 6 cm. Durante o seu trajecto recebe:
Veia tiroideia inferior – vem da glândula tiróide. Origina-se no plexo
tiroideu, impar, situado adiante da traqueia. Recebe a veia laríngea
inferior.
Veias tímicas – pequenas veias provenientes do timo.
Veias pericárdicas – pequenas veias provenientes do pericárdio
Veias pericardiofrénicas (diafragmáticas superiores) – veias provenientes
do pericárdio e do diafragma.
Veias mediastínicas – veias provenientes do mediastino.
Veias brônquicas – veias provenientes dos brônquios.
Veias traqueais – veias provenientes da traqueia.
Veias esofágicas – veias provenientes do esófago.
Veia vertebral – acompanha a artéria vertebral, recebe a veia occipital, a
vertebral anterior, que acompanha a artéria cervical ascendente e a veia
vertebral acessória que prolonga o plexo venoso da artéria vertebral.
Plexo venoso suboccipital – plexo venoso situado entre o occipital e o
atlas.
Veia cervical profunda – veia que acompanha a artéria com o mesmo
nome.
Veias torácicas internas – veias que acompanham a artéria torácica
interna. Normalmente são duas até à 3ª cartilagem costal. Recebem as
veias epigástricas superiores, subcutâneas do abdómen, músculo-
frénicas e intercostais anteriores.
Veia intercostal suprema – drena o sangue proveniente do primeiro
espaço intercostal.
Veia intercostal superior esquerda – resulta da união das veias
intercostais esquerdas do 2º e 3º espaço intercostal. Termina na veia
braquiocefálica esquerda.

Veia Jugular Interna


Recebe o sangue venoso da cavidade craniana, da região orbitária, de uma parte da
face e da maior parte da região anterior do pescoço. Origina-se no buraco jugular,
onde se encontra uma dilatação, o golfo da jugular. No seu início está inclinada para
baixo e para a frente e ligeiramente para fora, depois, desce verticalmente até à base
do pescoço, onde se encurva um pouco para dentro e para a frente. Termina por
detrás da extremidade medial da clavícula, onde encontramos outra dilatação, o seio
da jugular. Neste ponto, une-se à veia subclávia. Durante o seu trajecto está por fora
da carótida interna e depois da carótida comum (Fig. 150 e 151). Recebe como
tributárias:
Plexo faríngeo – plexo venoso na parede da faringe.
Veias faríngeas – veias provenientes do plexo faríngeo.
Veias meníngeas – veias provenientes da duramáter.
Veias linguais – veias que acompanham a artéria lingual, recebem a veia
dorsal da língua, a veia satélite do nervo hipoglosso, a veia sublingual e a
veia profunda da língua.
Veia tiroideia superior – acompanha a artéria tiroideia superior, recebe a
veia laríngea superior que acompanha a artéria laríngea superior.
Veia tiroideia média – uma ou várias veias provenientes da tiróide.
Veia esternocleidomastoideia – veia proveniente do músculo
esternocleidomastoideu.
Veia facial – origina-se no ângulo medial do olho e acompanha a artéria
facial, durante o seu trajecto recebe:
Veia angular – veia de origem da facial, resulta da união das veias
supratroclear e supraorbitária e anastomosa-se com a veia oftálmica
superior através da veia nasofrontal. Como não possui válvulas é uma
possível via de infecção desde a face, órbita e encéfalo. Recebe as
veias supratroclear e supraorbitária.
Veias palpebrais superiores – veias provenientes da pálpebra superior.
Veias nasais externas – veias provenientes do nariz.
Veias palpebrais inferiores – veias provenientes da pálpebra inferior.
Veias labiais superiores – veias provenientes do lábio superior.
Veias labiais inferiores – veias provenientes do lábio inferior.
Veia facial profunda – proveniente do plexo pterigoideu.
Ramos parotidianos – provenientes da parótida.
Veia palatina externa – drena o sangue da amígdala palatina e da
parede faríngea.
Veia submentoniana – acompanha a artéria submentoniana e
anastomosa-se com as veias sublinguais e jugular anterior.
Veia retromandibular – confluência de numerosos ramos adiante do
pavilhão auricular.
Veia temporal superficial – acompanha a artéria temporal superficial,
recebe a veia temporal média proveniente do músculo temporal.
Veia transversa da face – acompanha a artéria transversa da face.
Veias maxilares – drenam o plexo pterigoideu.
Plexo pterigoideu – plexo venoso em relação com os músculos
temporal e pterigoideus medial e lateral, formado pelas veias
meníngeas médias, veias temporais profundas, veia do canal
pterigoideu, veias auriculares anteriores, veias parotidianas, veias
temporomandibulares, veias timpânicas e veia estilomastoideia.

Seios venosos da duramáter


Seios venosos rígidos, situam-se entre a duramáter e o periósteo
craniano, recolhendo o sangue proveniente do encéfalo e das meninges.
Terminam na veia jugular interna (Fig. 153 e 154).
Seio transverso – origina-se no confluente dos seios e continua-se com o
seio sigmóide.
Seio sigmóide – continuação do seio transverso, tem a forma de S e
termina no buraco jugular.
Confluente dos seios (torcular) – confluente dos seios sagital superior,
recto, occipital e transverso. Localizado na protuberância occipital interna.
Seio marginal – encontra-se no contorno do buraco occipital.
Plexo basilar – situado sobre a apófise basilar do occipital une os seios
cavernosos e petrosos, superior e inferior.
Seio occipital – inicia-se no buraco occipital e termina no confluente dos
seios.
Seio longitudinal superior – situa-se no bordo superior da foice do cérebro
desde a apófise crista Galli até ao confluente dos seios. Recebe as
lacunas laterais.
Seio longitudinal inferior – situa-se no bordo livre da foice do cérebro e
termina no seio recto.
Seio recto – origina-se da união da veia cerebral magna com o seio
sagital inferior e atravessa a raiz da foice do cérebro, sobre a tenda do
cerebelo, e termina no confluente dos seios.
Seio petroso inferior – situa-se no bordo inferior e posterior do rochedo do
temporal, desde o seio cavernoso até ao buraco jugular. Recebe as veias
do labirinto.
Seio petroso superior – situa-se no bordo superior do rochedo e estende-
se desde o seio cavernoso até ao seio sigmóide.
Seio cavernoso – seio venoso, situado de cada lado da sela turca, onde
terminam as veias oftálmicas. Este seio é atravessado pela artéria
carótida interna e pelo nervo abducente, e na sua parede externa passam
os nervos oculomotor, troclear e oftálmico. Os dois seios cavernosos
anastomosam-se à frente e atrás da hipófise através dos seios
intercavernosos.
Seio esfenoparietal – passa por baixo das asas menores do esfenóide e
termina no seio cavernoso.

Não sendo seios venosos cranianos mas drenando para estes


encontramos:
Veias diplóicas – veias que recebem o sangue proveniente da duramáter
e da abóboda craniana e comunicam com os seios da duramáter.
Veia diplóica frontal – situa-se na proximidade da linha média e termina
na veia supraorbitária e no seio sagital superior.
Veia diplóica temporal anterior – situada anteriormente, termina na veia
temporal profunda e seio esfenoparietal.
Veia diplóica temporal posterior – situada posteriormente, termina na veia
auricular posterior e seio transverso.
Veia diplóica occipital – situada no occipital, termina na veia occipital e
seio transverso.
Veias emissárias – uniões venosas entre os seios venosos, veias
diplóicas e veias cranianas superficiais.
Veia emissária parietal – atravessa o buraco parietal e une o seio sagital
superior com a veia temporal superficial.
Veia emissária mastoideia – atravessa o buraco mastoideu e une o seio
sigmóide à veia occipital.
Veia emissária condiliana – passa no buraco condiliano e une o seio
sigmóide ao plexo venoso vertebral externo.
Veia emissária occipital – une o confluente dos seios com a veia occipital.
Plexo venoso do canal do hipoglosso – situa-se entre o plexo venoso em
volta do buraco occipital e a veia jugular interna.
Plexo venoso do buraco oval – situado entre o seio cavernoso e o plexo
pterigoideu.
Plexo venoso carotidiano interno – situado entre o seio cavernoso e o
plexo pterigoideu.
Veias porta-hipofisárias – conduzem o sangue da rede capilar arterial do
infundíbulo e da adenohipófise para o seio cavernoso.

Veias do cérebro
Veias sem válvulas, situadas na sua maior parte no espaço
subaracnoideu, drenam para os seios da duramáter.
Veias cerebrais superiores – veias superiores dos hemisférios cerebrais,
terminam no seio sagital superior e são provenientes das superfícies
cerebrais lateral e ântero-inferior. Recebem as veias pré-frontais, as
frontais, as parietais e as occipitais.
Veias cerebrais inferiores – veias situadas na base do cérebro que
terminam no seios cavernoso, petroso superior e transverso.
Veia cerebral média superficial – proveniente dos dois terços inferiores
dos hemisférios, termina no seio cavernoso. Recebe as veias
anastomótica superior (de Trolard), anastomose com o seio sagital
superior e, a veia anastomótica inferior (de Labbé), anastomose com o
seio transverso.
Veia basal (de Rosenthal) – origina-se no espaço perfurado anterior,
desce ao longo da fita óptica e dirige-se até à veia cerebral magna.
Recebe a veia cerebral média profunda, a veia cerebral anterior, a veia
coroideia inferior, as veias pedunculares e as veias tálamo-estriadas
inferiores.
Veia cerebral magna (de Galeno) – veia curta, situada entre a união das
duas veias cerebrais internas e o seio recto. Além das veias cerebrais
internas, que recebem as veias coroideias superiores, também recebe a
veia tálamo-estriada superior, a veia do septo lúcido, as veias posterior e
dorsal do corpo caloso.

Veias do mesencéfalo
Drenam o sangue do tronco encefálico: veia ponto-mesencefálica
posterior; veias da ponte; veias do bulbo

Veias do cerebelo
Drenam o sangue do cerebelo: veia superior do vérmis; veia inferior do
vérmis; veias superiores do cerebelo; veias inferiores do cerebelo; veia
pré-central do cerebelo; veia petrosa.

Veias da órbita
Veia oftálmica superior – tem origem na veia nasofrontal, por cima do
globo ocular, passa através da fissura orbitária superior e termina no seio
cavernoso.
Veia nasofrontal – união entre as veias supratroclear e angular.
Veias etmoidais – provenientes das células etmoidais.
Veia lacrimal – proveniente da glândula lacrimal.
Veias vorticosas – 4 ramos que perfuram a esclerótica e provêm do
globo ocular.
Veias ciliares – veias provenientes do corpo ciliar.
Veias ciliares anteriores – acompanham as artérias ciliares anteriores.
Veia central da retina – acompanha a artéria central da retina.
Veias epiesclerais – ramos situados sobre a esclerótica.
Veias palpebrais – provenientes da pálpebra superior.
Veias conjuntivais – provenientes da conjuntiva.
Veia oftálmica inferior – proveniente da pálpebra inferior e da glândula
lacrimal, une-se à veia oftálmica superior ou então termina directamente
no seio cavernoso e plexo pterigoideu.

SISTEMA LINFÁTICO

O sistema linfático é constituído por tecidos linfáticos (linfóides) e por vasos linfáticos.
Os tecidos linfáticos são um tipo especial de tecido conjuntivo que possui grande
número de linfocitos. Encontramos tecido linfático (linfóide) no timo, nos gânglios
linfáticos e no baço. O tecido linfático é essencial para a defesa imunológica do
organismo contra bactérias, vírus e também contra o cancro.
Os vasos linfáticos são canais que ajudam o sistema vascular sanguíneo a remover
líquidos e proteínas dos espaços intersticiais dos tecidos e trazê-los de volta ao
sangue. O sistema linfático é essencialmente um sistema de drenagem, não há
circulação. Encontram-se vasos linfáticos em todos os tecidos e órgãos, à excepção
do SNC, do globo ocular, do ouvido interno, da epiderme, da cartilagem e do osso.
De um modo geral, os vasos linfáticos têm pequeno calibre e acompanham o trajecto
das veias e consequentemente, na cabeça, no pescoço e nos membros, dispõem-se
num sistema superficial e noutro profundo. Possuem numerosas válvulas, que têm
como função dirigir o sentido de progressão da linfa e lhe dão um aspecto em “rosário”
(com inúmeras dilatações e estrangulamentos). O movimento e a contracção muscular
são os factores que promovem a drenagem e a circulação da linfa.
Espalhados no trajecto dos vasos linfáticos encontram-se os gânglios linfáticos, que
são órgãos de filtração que removem partículas estranhas (bactérias, vírus ou células
cancerígenas) e desenvolvem respostas imunitárias. Quase sempre estão dispostos
em grupos ou cadeias ganglionares com 3, 10 ou mais gânglios.
A linfa, de aspecto incolor, é o nome dado ao líquido intersticial após entrar nos vasos
linfáticos. No sistema linfático do intestino delgado, circula o quilo, que tem origem nos
vasos intramurais do intestino e possui um aspecto leitoso devido à existência de
glóbulos de gordura (quilomicras).

CANAIS LINFÁTICOS (Fig. 160)

Canal torácico direito – É um canal muito curto que se origina da união dos troncos
jugular, subclávio e broncomediastínico direitos. Termina no ângulo formado entre a
veia jugular interna direita e a veia subclávia direita.

Canal torácico – É o mais volumoso dos canais linfáticos do corpo. É o colector


linfático da porção subdiafragmática (membros inferiores, genitais externos e
abdómen), parede póstero-lateral do tórax, membro superior esquerdo e metade
esquerda da cabeça e do pescoço. Este canal origina-se pela união dos dois troncos
lombares, ao nível das primeiras vértebras lombares ou últimas vértebras torácicas.
Tem início numa dilatação, a cisterna do quilo (de Pecquet), que se encontra ao nível
de L2. Desde a sua origem, sobe verticalmente à direita da artéria aorta, acompanha
esta artéria, atravessando o diafragma junto com ela. Na parte superior do tórax
acompanha a artéria subclávia esquerda e atinge a base do pescoço, onde descreve
uma curva côncava para baixo, a crossa do canal torácico. Dirige-se então, para
diante e para a esquerda, terminando no ângulo formado pela veia jugular interna
esquerda e a veia subclávia esquerda.

Grandes Troncos Linfáticos (que terminam nos canais linfáticos)

Troncos lombares direito e esquerdo – troncos linfáticos que


conduzem a linfa dos membros inferiores, órgãos pélvicos, sistema
urogenital e porção inferior da parede abdominal, terminam, na cisterna
do quilo, ao nível das duas primeiras vértebras lombares ou últimas
torácicas, e originam o canal torácico.

Troncos intestinais – troncos linfáticos que drenam a linfa da região das


artérias mesentéricas superior e inferior até à cisterna do quilo.

Troncos broncomediastínicos direito e esquerdo – troncos linfáticos


que recolhem a linfa do coração, pulmões e mediastino. À esquerda
terminam no canal torácico e à direita no canal torácico direito.

Troncos subclávios direito e esquerdo – troncos linfáticos que


acompanham as veias subclávias e recolhem a linfa dos membros
superiores. À esquerda terminam no ângulo formado entre a veia jugular
interna e veia subclávia esquerda e à direita no canal torácico direito.

Troncos jugulares direito e esquerdo – troncos linfáticos que


acompanham as veias jugulares internas e recolhem a linfa da cabeça e
pescoço. Terminam à esquerda e à direita no ângulo formado pelas veias
jugular interna e subclávia.
GÂNGLIOS LINFÁTICOS

São órgãos de filtração, dispostos ao longo dos vasos linfáticos. Possuem volume e
forma variável (arredondados ou ovais). A linfa tem de fazer uma passagem pelos
gânglios linfáticos antes de entrar na corrente sanguínea. São constituídos por um
córtex, uma medula e um hilo, e ainda por vasos linfáticos aferentes e vasos linfáticos
eferentes. Os gânglios linfáticos podem aumentar de volume quando há infecções,
processos neoplásicos (malignos) ou em doenças do próprio sistema linfático. Como
se afirmou atrás, encontram-se normalmente agrupados em cadeias ganglionares.
Podemos considerar os gânglios da cabeça e pescoço, dos membros superiores, do
tórax, do abdómen, da região pélvica e dos membros inferiores.

Cabeça e Pescoço (Fig. 161 e 162)


Gânglios linfáticos occipitais – 1 a 3 gânglios situados junto ao músculo
trapézio. Recolhem a linfa do couro cabeludo e musculatura profunda da
nuca. Drenam para os gânglios cervicais profundos.

Gânglios linfáticos retroauriculares – são dois, situados sobre a apófise


mastóide. Recolhem a linfa da parte posterior do pavilhão auricular,
parede posterior do canal auditivo externo e couro cabeludo. Drenam a
linfa para os gânglios cervicais profundos.

Gânglios linfáticos parotidianos superficiais – situados adiante do tragus.


Recebem a linfa da região temporal e da porção anterior do pavilhão
auricular. Drenam a linfa para os gânglios cervicais profundos.

Gânglios linfáticos parotidianos profundos – situados no interior da fáscia


parotidiana. Recebem a linfa da cavidade timpânica, canal auditivo
externo, região temporofrontal, pálpebras e da raiz do nariz. Drenam a
linfa para os gânglios cervicais profundos. Podemos dividir este grupo
em: gânglios pré-auriculares, infra-auriculares e intra-glandulares.

Gânglios linfáticos jugais – situados no sulco nasogeniano. Recebem a


linfa das pálpebras, do nariz e mucosa jugal. Drenam para os gânglios
submandibulares.

Gânglios linfáticos submandibulares – situados entre a mandíbula e a


glândula submandibular. Recebem a linfa do ângulo medial do olho,
bochecha, parte lateral do nariz, lábio superior, parte lateral do lábio
inferior, gengiva e parte anterior do bordo lateral da língua, e ainda dos
gânglios linfáticos jugais e submentonianos. Drenam a linfa para os
gânglios cervicais profundos.

Gânglios linfáticos submentonianos – situam-se entre os ventres


anteriores dos músculos digástricos. Recebem a linfa da metade do lábio
inferior, pavimento da boca e ponta da língua. Drenam para os gânglios
submandibulares e cervicais profundos.

Gânglios linfáticos cervicais superficiais – Podem dividir-se em anteriores,


e laterais.
Os anteriores (jugulares anteriores) estão situados junto à veia jugular
anterior. Recolhem a linfa da pele e parte anterior do pescoço. Drenam
para os gânglios cervicais profundos.
Os laterais localizam-se ao longo da veia jugular externa. Recolhem a
linfa do pavilhão auricular e da porção inferior da glândula parótida.
Drenam para os gânglios cervicais profundos.

Gânglios linfáticos cervicais profundos – Podem também ser divididos em


anteriores e laterais.
Anteriores:
Gânglios linfáticos infrahióideus – situam-se por baixo do osso hióide.
Recolhem a linfa do vestíbulo da laringe e laringo-faringe.
Gânglios linfáticos pré-laríngeos – situam-se sobre o ligamento
cricotiroideu. Recebem a linfa da metade inferior da laringe.
Gânglios linfáticos tiroideus – situados na glândula tiróide.
Gânglios linfáticos pré-traqueais – situados adiante da traqueia.
Gânglios linfáticos retrofaríngeos – situados adiante do atlas.
Laterais:
Gânglios linfáticos profundos superiores – estão em relação com a veia
jugular interna: gânglios linfáticos laterais, anteriores e júgulo digástrico.
Gânglios linfáticos profundos inferiores – gânglios linfáticos júgulo-omo-
hioideus, laterais, anteriores, supraclaviculares e retrofaríngeos.

TIMO
O timo é um dos dois órgãos linfoides primários, sendo o outro a medula óssea. É
responsável pela formação dos linfocitos T. o timo faz ainda parte do eixo
neuroendócrino do organismo.
O aspecto macroscópico do timo varia muito com a idade. É maior no recém-nascido,
até aos quinze anos de idade, no entanto mantém actividade até à velhice. É um órgão
de consistência mole, dividido em dois lobos unidos na linha média por um istmo de
tecido conjuntivo que se destaca da cápsula de cada um dos lobos. A maior parte do
volume do timo localiza-se no mediastino superior e anterior. A extremidade inferior
pode alcançar a quarta cartilagem costal. Em cima alcança com frequência o pescoço,
chegando mesmo a alcançar o pólo inferior dos lobos da glândula tiroideia. Esta
extensão cervical é explicada pela origem embrionária do timo (3ª bolsa faríngea,
bilateralmente). A sua forma é condicionada pela moldagem efectuada pelos órgãos
adjacentes. No tórax localiza-se atrás do manúbrio esternal. Existe por vezes tecido
tímico ectópico ao nível do pescoço.
Ambos os lobos possuem uma cápsula fibrosa, a partir da qual se destacam septos
que penetram até à junção cortiço-medular, e separando parcialmente os lobolos que
são irregulares.
O timo é irrigado por ramos da artéria toráxica interna e tiroideia inferior.
As veias do timo drenam para o tronco venoso bráquio-cefálico esquerdo, veia toráxica
interna e veias tiroideia inferiores.
O timo não possui vasos linfáticos aferentes, os linfáticos eferentes têm origem na
medula do timo e na junção cortiço-medular, drenando através dos espaços
extravasculares, conjuntamente com as artérias e as veias do timo.
O timo é enervado pela cadeia simpática latero-vertebral, através do gânglio cervico-
toráxico (gânglio estrelado), e através da ansa subclávia através do vago.
O timo deriva embriológicamente de várias estruturas, incluindo derivados epiteliais
das bolsas faríngeas, de células mesenquimatosas, de células hemolinfoides e de
tecido vascular.
Ao corte apresenta um córtex externo, denso, celular, contendo essencialmente
células da linagem dos limfocitos T, os timocitos, e uma medula, interna, co menos
células linfoides.
SISTEMA (APARELHO) RESPIRATÓRIO

O sistema respiratório é essencialmente constituído pelos órgãos encarregues de


fazer chegar ao sangue o oxigénio existente no ar atmosférico – os pulmões, e por um
conjunto de canais que os põem em comunicação com o exterior – as vias aéreas.
Consideraremos, assim, o estudo das vias aéreas e dos pulmões.

VIAS AÉREAS
As vias aéreas são constituídas por uma série de canais, sucessivamente mais finos,
com a morfologia dos ramos de uma árvore, cuja abertura para o exterior se faz por
intermédio das fossas nasais. Assim, consideraremos as vias aéreas constituídas por:
fossas nasais, boca, faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos. A boca e a
faringe, comuns ao sistema digestivo são descritas com aquele sistema.

FOSSAS NASAIS E NARIZ

Nariz
O nariz é constituído por duas partes distintas, a pirâmide nasal e as fossas nasais.
A pirâmide nasal corresponde à porção externa, visível, tem a forma de pirâmide
triangular de base inferior.

Pirâmide nasal
Na pirâmide existem alguns pontos de referência, nomeadamente; o apex nasal ou
ponta, que corresponde ao ângulo livre da pirâmide nasal; o nasion, que é o ponto, no
plano sagital em que os ossos nasais se articulam com o osso frontal; o rhinion, que é
o ponto, também no plano sagital em que os ossos nasais se articulam com a porção
lateral da cartilagem septal (cartilagens triangulares ou cartilagens superiores laterais).
A raiz do nariz corresponde à inserção da parte superior do nariz à fronte. O dorso
do nariz é a linha formada pela intersecção dos dois planos das faces laterais da
pirâmide nasal. O ângulo formado entre o lábio superior e a columela designa-se por
ângulo naso-labial e o ângulo formado entre o dorso do nariz e a face designa-se por
ângulo naso-facial. As asas do nariz são eminências arredondadas localizadas na
porção inferior das faces laterais da pirâmide nasal.

As narinas, são descritas como dois orifícios de forma elíptica, na base da pirâmide
nasal, que dão acesso às fossas nasais, sendo separadas entre si, na linha média por
uma coluna de tecido mole, colocada adiante do bordo caudal do septo nasal e que se
designa por columela. As narinas dão acesso ao vestíbulo da fossa nasal, que é
limitado posteriormente por uma prega, a válvula nasal (limen nasi ou limen vestibuli),
que é determinada pelo relevo provocado na fossa nasal pelo bordo superior da
cartilagem alar. O vestíbulo da fossa nasal é revestido por pele e possui pelos,
designados por vibrissas que têm uma função de filtro. Para dentro da válvula nasal a
fossa nasal é revestida por mucosa de tipo respiratório (epitélio ciliado
pseudoestratificado com um grande número de células mucosas).

A porção óssea da pirâmide nasal


Consiste nos dois ossos nasais e no processo ascendente das maxilas. A abertura
anterior da porção óssea das fossas nasais é designada por orifício piriforme. Este
orifício é limitado superiormente pelo bordo inferior dos ossos nasais, pelo bordo
anterior do processo ascendente da maxila e em baixo pelo processo alveolar da
maxila. A união na linha média do processo alveolar das duas maxilas, forma a
espinha nasal anterior.

O septo nasal é constituído, adiante, pela cartilagem septal (septolateral), em baixo e


atrás, pelo osso vómer, atrás e em cima, pela lâmina perpendicular do etmóide.
Adiante da porção cartilagínea do septo, descreve-se o septo membranoso cuja
porção inferior corresponde à columela que é sustentada pela crus medial da
cartilagem alar.

O sulco lacrimal está localizado no bordo posterolateral do processo frontal da maxila


e no osso lacrimal.

Cartilagens nasais
Descrevem-se essencialmente: a cartilagem superior lateral (triangular) que
corresponde a duas expansões laterais do bordo superior da cartilagem septal. Têm
forma triangular de base inferior e articulam-se em cima com o bordo inferior dos
ossos nasais e em baixo com o bordo superior das cartilagens alares. As cartilagens
alares ou laterais inferiores formam a ponta nasal e conferem consistência à abertura
das narinas. São constituídas por uma crus medial e uma crus lateral.
A cartilagem vómero-nasal é uma pequena barra de cartilagem localizada ao longo do
bordo inferior da cartilagem do septo.
A cartilagem septal, tal como anteriormente descrito ocupa a porção anterior do septo
nasal.

As fossas nasais

As fossas nasais constituem uma câmara onde o ar passa, sendo aquecido,


humedecido e filtrado a este nível. As fossas nasais encontram-se protegidas adiante
por uma saliência piramidal de base inferior, o nariz e encontram-se em comunicação
com cavidades pneumáticas – os seios perinasais.
As fossas nasais comunicam com o exterior pelos dois orifícios das narinas e com a
nasofaringe através das coanas.
São constituídas por duas cavidades separadas pelo septo nasal, cada fossa nasal,
em corte frontal tem forma triangular, sendo estreitas na parte superior e largas na
parte inferior. Os orifícios anteriores das fossas nasais designam-se narinas e os
orifícios posteriores que fazem comunicar as fossas nasais com a nasofaringe,
designam-se por choanas.
Em cada fossa nasal, descrevem-se a parede medial que corresponde ao septo nasal,
o pavimento, que corresponde à face superior do processo palatino da maxila,
anteriormente, e à face superior da lâmina horizontal do osso palatino no seu quarto
posterior. A parede lateral da fossa nasal tem a sua descrição anatómica
sistematizada, considerando-se as porções membranosa, cartilagínea e óssea.

A fossa nasal encontra-se dividida em duas regiões: a região olfactiva e a região


respiratória.
A região olfactiva, que corresponde À concha nasal superior e à mucosa septal
adjacente a esta. Esta região é revestida por mucosa não ciliada, menos vascularizada
que a restante mucosa nasal, de cor amarelada (mancha amarela), contendo fibras
nervosas que originam o nervo olfactivo, bem como numerosas glândulas serosas (de
Bowman).
A região respiratória corresponde ao resto da mucosa da fossa nasal, é muito
vascularizada, recoberta por epitélio respiratório (colunar ciliado pseudoestratificado) e
contém numerosas glândulas mucosas e serosas.
A mucosa que recobre a face medial e bordo inferior das conchas nasais média e
inferior tem no seu interior um rico plexo venoso (plexo cavernoso) que se comporta
funcionalmente como um tecido eréctil. O engurgitamento deste plexo provoca
obstrução nasal.

Parede lateral
Da parede lateral destacam-se três ou por vezes quatro conchas nasais (cornetos)
que se designam de baixo para cima como concha nasal, inferior, média, superior e
suprema. O espaço entre a face lateral da concha nasal e a parede lateral da fossa
nasal é designado por meato.
O espaço remanescente por trás das conchas nasais é designado por meato naso
faríngeo.
Na porção anterior da parede lateral e adiante das conchas nasais são descritos, o
agger nasi que é uma saliência entre a concha nasal média e o dorso nasal e é um
ponto de referência para localização do saco lacrimal.
O sulco olfactório localiza-se acima do agger nasi e estende-se até à porção olfactória
da fossa nasal.
O atrium do meato médio é uma depressão localizada abaixo e atrás do agger nasi,
que conduz ao meato médio e que se situa acima e à frente da inserção da concha
nasal inferior.
Na zona anterior do meato inferior, imediatamente por baixo do bordo inferior do
corneto inferior, existe o orifício inferior do canal lácrimo-nasal. Por vezes este orifício
apresenta uma prega mucosa, a plicalacrimalis ou válvula de Hasner.
No meato médio há a referir por vezes, a presença de uma concha bullosa que
corresponde à uma porção pneumatizada do corneto médio, em continuidade com as
células etmoidais. Pode ainda descrever-se paradoxal, o que significa que tem a
convexidade lateral em vez de medial.
Na parte mais alta do meato médio, descreve-se o recesso frontal, onde se localiza o
orifício do seio frontal.
O ramo descendente do meato médio estende-se do recesso frontal para baixo e para
trás e compreende a bulla etmoidal, o processo uncinato (apófise semilunar) e o hiato
semilunar.
A bulla etmoidal é uma saliência arredondada no meato médio e determinada pela
presença da maior célula etmoidal. O recesso supra bullar está localizado acima da
bulla.
O recesso esfenoetmoidal fica entre os cornetos superior e supremo, quando este
existe, e a face anterior do corpo do esfenóide.

Seios peri-nasais

Os seios peri-nasais têm origem em evaginações da mucosa da cavidade nasal, por


volta do 3º a 4º mês de desenvolvimento fetal. O seio esfenoidal é no entanto uma
excepção e inicia o seu desenvolvimento pelo 3º ano de vida. O seio maxilar e as
células etmoidais estão já formados à nascença só se desenvolve após o nascimento.

Os seios peri nasais são revestidos por uma mucosa de tipo respiratório em que os
cílios batem na direcção do ostium. Esta mucosa é no entanto mais fina e menos
vascularizada que a das fossas nasais.

Seio frontal
Tem dimensões e volume muito variável (média: 7 ml de vol). Pode apresentar septos
no seu interior, apresentando normalmente duas extensões, uma superior e uma
posterior. Os dois seios frontais são habitualmente assimétricos. A comunicação com
a fossa nasal pode efectuar-se através de um canal (canal naso-frontal) ou
directamente através de um ostium.

Células etmoidais
As células etmoidais, localizadas no interior das massas laterais, ocupam o espaço
compreendido entre a parede medial da órbita e a parede lateral da fossa nasal. O seu
número é muito variável (3 a 18) e o volume médio do conjunto destas células é de
14ml. As células etmoidais são divididas em anteriores e posteriores, sendo que as
anteriores abrem-se no meato médio e as posteriores abrem-se nos meatos superior e
supremo nas paredes das massas laterais do etmóide existem frequentemente
hemicélulas que são completadas por hemicélulas dos ossos, frontal, maxila, lacrimal,
esfenóide e palatino. A maior célula etmoidal designa-se por bulla ethmoidalis. A maior
célula do grupo posterior (célula de Onodi) é um ponto de referência do nervo óptico
durante cirurgia.
Por vezes existe uma célula junto ao orifício de drenagem do seio maxilar (célula de
Haller) e por vezes uma outra junto à zona de drenagem do seio frontal (bulla frontal),
que podem ocluir a drenagem destes seios.

Seio esfenoidal
Os seios esfenoidais direito e esquerdo são normalmente assimétricos, bem como o
septo que os separa. Raramente podem comunicar entre si. O seio esfenoidal está
adjacente, em cima à fossa cerebral média e à sela turca e glândula pituitária
(hipófise). Lateralmente relaciona-se com o seio cavernoso, com a carótida interna e
nervo óptico. Na parede do seio esfenoidal existe em 40% dos casos uma
proeminência, determinada pela passagem do nervo óptico, podendo este estar
deiscente. Existe uma outra proeminência, determinada pela passagem da artéria
carótida interna, podendo esta artéria também estar deiscente. O limite posterior do
seio esfenoidal está adjacente à fossa cerebral posterior. O limite inferior corresponde
à parede póstero-superior da naso-faringe. O pavimento pode apresentar uma
saliência determinada pela passagem do nervo vidiano. A parede anterior apresenta
os orifícios de cada um dos seios esfenoidais que se abrem no recesso
esfenoetmoidal, por cima e atrás da concha nasal superior. Podem existir dois ostia
em cada um dos seios.

Seio maxilar (antro de Highmore)


É normalmente o maior dos seios peri-nasais. É uma grande cavidade (volume médio:
15ml) de forma piramidal localizada essencialmente no interior do corpo da maxila. O
vértice pode estender-se até ao osso zigomático. O limite anterior ou facial é a
superfície da maxila, sendo o limite posterior, a fossa infratemporal. O limite medial
corresponde à parede lateral da fossa nasal e o limite superior corresponde ao
pavimento da órbita. Inferiormente é limitado pelo rebordo alveolar e pela porção
lateral do processo palatino. A parede superior apresenta uma saliência que
corresponde à passagem dos vasos e nervo infraorbitários e por vezes outras para os
nervos alveolares posteriores. Todas estas estruturas podem estar deiscentes. O seio
maxilar pode apresentar septos no seu interior, podendo inclusivamente existir um
septo completo que divida o seio maxilar em duas cavidades. Nestes casos as
cavidades comunicam entre si através de um pequeno orifício. O ostium do seio
maxilar encontra-se localizado na parte mais alta da parede medial do seio e abre-se
num pequeno orifício no infumdibulum etmoidal na zona da goteira uncinata. Pode
existir um ostium acessório que se abre atrás do orifício principal.

Relações anatómicas entre os dentes e o seio maxilar


Estas relações são muito variáveis e dependem da pneumatização do processo
alveolar. O canino, o primeiro e o segundo molares podem, ocasionalmente apresentar
raízes que se estendem até ao interior do seio maxilar. O terceiro molar é o dente que
apresenta uma relação mais constante com o seio maxilar.

A vascularização das fossas nasais é feita principalmente pela artéria esfenopalatina


que é ramo terminal da artéria maxilar e pelas artérias etmoidais anteriores e
posteriores que são ramos da oftálmica. Na porção ântero-inferior do septo nasal
existe uma área constituída por anastomoses de várias artérias (mancha vascular de
Kiesselbach) que é origem importante de hemorragias nasais (epistáxis). Ao nível dos
cornetos nasais existem uma série de plexos venosos, plexos cavernosos dos
cornetos, sendo o da zona do corneto nasal inferior muito desenvolvido.
A inervação é feita fundamentalmente pelas ramificações do 1º e 2º ramo do nervo
trigémio e, evidentemente, pelo nervo olfactivo, cujos filetes atravessam a lâmina
crivosa do etmóide.
As fossas nasais encontram-se revestidas pela mucosa do nariz que é constituída por
um epitélio cilíndrico pseudoestratificado ciliado, à excepção da região olfactória. Na
espessura da mucosa encontramos as glândulas nasais cuja secreção fluida permite
concentrar as substâncias odoríferas.
As fossas nasais estão rodeadas por cavidades pneumáticas, com variações
individuais, que comunicam com aquelas por um orifício. Cada fossa nasal está em
comunicação com quatro seios perinasais: o seio maxilar (na maxila), as células
etmoidais (no labirinto etmoidal do etmóide), o seio frontal (no osso frontal) e o seio
esfenoidal (no corpo do esfenóide).

LARINGE

Encontra-se situada na região mediana do pescoço, adiante da faringe, projectando-se


entre a 5ª e a 7ª vértebras cervicais. É móvel em todos os sentidos. Na realidade, a
laringe constitui uma adaptação de remate do canal traqueal, constituído, como
veremos, por empilhamento de anéis cartilagíneos. No seu conjunto tem um formato
similar a uma pirâmide triangular, de base superior. O vértice, muito truncado, está em
relação, em baixo, com a traqueia e a base continua-se em cima, com a base da
língua. Temos a considerar, na sua constituição, cartilagens, articulações, músculos e
ligamentos (Fig. 175).
Das cartilagens, três são ímpares, a cricóide, a tiróide e a epiglote, e quatro são
pares, as aritenóides, as cartilagens corniculadas, as cartilagens cuneiformes e as
sesamóides.
As articulações tomam o nome das cartilagens que as compõem e os músculos os
nomes das cartilagens em que se inserem.
A cartilagem cricóide é ímpar, tem a forma de um anel que é mais volumoso na sua
porção posterior, é a mais inferior das cartilagens. Articula-se em cima e atrás com as
cartilagens aritenóides, através da face articular aritnoideia e, na mesma linha, em
baixo, com os pequenos cornos (inferiores) da cartilagem tiróide, através da face
articular tiroideia. Esta última articulação apresenta cápsula e um reforço capsular, o
ligamento ceratocricóideu. Identificamos ainda na zona média anterior o ligamento
cricotiróideu mediano para a cartilagem tiróide e o ligamento cricotraqueal para a
traqueia.
A cartilagem tiróide é ímpar, constituída por duas lâminas quadriláteras, direita e
esquerda, formando um ângulo diedro de abertura posterior. A face posterior deste
ângulo dá inserção às cordas vocais e à epiglote. Na face anterior encontramos a
proeminência laríngea, identificável através dos tegumentos, vulgarmente conhecida
por “maçã de Adão”. Os bordos posteriores das lâminas da cartilagem tiróide terminam
pelos pequenos cornos, que se articulam com a cartilagem cricóide, e pelos grandes
cornos (superiores), que dão inserção aos ligamentos tiro-hioideus laterais que unem a
cartilagem tiróide ao osso hióide. Os bordos superior e inferior condicionam, na sua
união, a formação de duas incisuras tiroideias superior e inferior, sendo a superior
muito profunda.
A epiglote é ímpar e mediana, tem a forma de uma raqueta ou colher e articula-se
com a cartilagem tiróide através de tecido conjuntivo. Coloca-se sobre a glote (espaço
existente entre as cordas vocais inferiores) durante a deglutição. A sua extremidade
inferior insere-se no ângulo reentrante da cartilagem tiróide. Na face anterior insere-se
o ligamento hio-epiglótico e no vértice o ligamento tiro-epiglótico.
As cartilagens aritenóides são duas, têm uma forma de pirâmide triangular,
identificando-se, como tal, três faces, uma base e um vértice superior. A sua base
articula-se com a cartilagem cricóide. Prolongam-se por uma apófise ântero-medial,
apófise vocal, que dá inserção à corda vocal inferior, a face ântero-lateral dá inserção
à corda vocal superior.
A articulação entre esta cartilagem e a cricóide possui cápsula e é reforçada pelo
ligamento crico-aritenoideu.
Entre a cartilagem aritenóide e a tiróide estendem-se dois ligamentos, que se vão
encontrar na espessura das cordas vocais superior e inferior. O ligamento vestibular
na primeira e o ligamento vocal na segunda.
As cartilagens corniculadas articulam-se com o vértice das cartilagens aritenóides e
as cartilagens cuneiformes localizam-se no interior da prega ariteno-epiglótica, por
cima das cartilagens corniculadas. Estas pequenas cartilagens condicionam a
formação dos tubérculos corniculado e cuneiforme.
As cartilagens sesamóides encontram-se na extremidade anterior das cordas
vocais e na proximidade da apófise vocal da cartilagem aritenóide.
Os músculos intrínsecos da laringe imprimem movimentos às diferentes cartilagens,
podem ser classificados em tensores das cordas vocais (m. cricotiroideu, m. vocal)
dilatadores da glote (m. crico-aritenoideu posterior) e constritores da glote (m. crico-
aritenoideu lateral, m. tiro-aritenoideu, m. aritenoideu oblíquo e m. aritenoideu
transverso).
Interiormente, a laringe apresenta de cima para baixo, o adito (entrada) da laringe,
limitada adiante pela face posterior da epiglote, lateralmente pela prega ariteno-
epiglótica, que se estende entre os vértices das cartilagens aritenóides e os bordos
laterais da epiglote. Encontramos depois o vestíbulo laríngeo, limitado atrás pela
incisura interaritenoideia, para baixo do qual se encontra a cavidade intermédia da
laringe cujo limite superior é a prega vestibular e o limite inferior é a corda (prega)
vocal.
Genericamente, a zona intermédia da laringe é denominada por zona glótica
correspondendo a uma porção mediana e apertada – a fenda glótica. Acima desta
zona encontramos a zona supraglótica, correspondente ao adito da laringe e ao
vestíbulo e abaixo a zona infraglótica.
A zona glótica apresenta na sua linha mediana uma fenda – a glote, limitada, como
acima descrito, pelas cordas vocais (Fig. 176 e 177).
As cordas vocais são duas de cada lado, uma superior, (prega vestibular – falsa corda
vocal) e uma inferior (prega vocal – verdadeira corda vocal). Entre a corda vocal
superior e inferior encontramos o ventrículo. As cordas vocais inserem-se, à frente, no
ângulo reentrante da cartilagem tiróide e atrás, nas cartilagens aritenóides. Na
espessura das cordas vocais inferiores encontramos os músculos vocais (M. tiro-
aritnoideu inferior), tensores das cordas vocais, que modificam a tensão dos
ligamentos vocais e alteram as suas vibrações.
A laringe é vascularizada por três pares de artérias, a laríngea superior, a laríngea
inferior, ambas provenientes da artéria tiroideia superior e pela laríngea posterior que é
ramo da artéria tiroideia inferior.
A inervação é feita a partir dos nervos laríngeo superior e laríngeo inferior ou
recorrente, ambos provêm do nervo vago (X par).

Anatomia da laringe
Aspectos com implicações clínicas e cirúrgicas

A laringe é um órgão do aparelho respiratório que se estende da língua à traqueia. É


maior no homem que na mulher mas, na mulher ocupa uma posição ligeiramente mais
alta que no homem.

Cartilagens da laringe
A laringe integra um conjunto de cartilagens de que destacamos alguns dados
morfológicos. A cartilagem tiroideia é formada por duas lâminas quadriláteras
abertas em ângulo diedro de abertura posterior. O bordo superior da cartilagem é
convexo na sua porção anterior e côncavo na sua porção posterior e dá inserção à
membrana tiro-hioideia. A projecção cutânea do bordo anterior desta cartilagem
constitui a proeminência laríngea (maçã de Adão). Na sua face lateral é descrita a
linha oblíqua que dá inserção aos músculos esternotiroideu, tirohioideu e constritor
inferior da faringe. Da extremidade superior do bordo posterior de cada lâmina da
cartilagem tiroideia destaca-se, o corno superior que dá inserção ao ligamento
tirohioideu lateral. Este ligamento contém no seu interior a cartilagem triticial. Da
extremidade inferior do bordo posterior da lâmina destaca-se o corno inferior que
apresenta uma faceta que se articula com a porção póstero-lateral da cartilagem
cricoideia. A superfície interna é coberta por mucosa. Anteriormente dá inserção ao pé
da cartilagem epiglote. Superiormente e de cada lado inserem-se os ligamentos
vestibular e vocal e os músculos vocais.
A cartilagem cricoideia forma um anel completo, e localiza-se por baixo da
cartilagem tiroideia. A sua porção anterior, mais estreita, é designada por arco
cricoideu e dá inserção aos músculos, cricotiroideu, anteriormente e ao músculo
constritor inferior da faringe, posteriormente. A porção posterior, mais espessa, é
designada como lâmina cricoideia.
Na porção póstero-superior da lâmina cricoideia existe uma faceta que se articula com
a base da cartilagem aritnoideia.
A cartilagem epiglote localiza-se na porção superior da laringe, atrás da lingua e do
osso hióide. Apresenta-se perfurada por pequenos orifícios que contém glândulas
mucosas. A extremidade inferior é designada por petiolo e encontra-se unido à
cartilagem tiroideia através do ligamento tiro-epiglótico. Por cima do peciolo descreve-
se o tubérculo epiglótico. A epiglote está unida anteriormente ao osso hioide através
do ligamento hio-epiglótico. A porção mais alta da epiglote é livre e coberta por uma
mucosa que se reflecte para a base da língua e para a parede lateral da faringe,
formando as pregas glosso-epiglóticas mediana e laterais e entre elas as valéculas
glosso-epiglóticas.
Nas cartilagens aritnoideias temos a referir, o processo vocal que dá inserção à
extremidade posterior da verdadeira corda vocal e que se projecta da base da
cartilagem, o processo muscular que se projecta lateral e posteriormente a partir da
base da cartilagem, e que dá inserção aos músculos cricoaritnoideu posterior e crico-
aritnoideu lateral. O apex articula-se com a cartilagem corniculada ou de Santorini.
Na base descreve-se a faceta articular para a cartilagem cricoideia.

A laringe tende a ossificar, com o avanço da idade. As cartilagens elásticas, como a


epiglote raramente ossificam, mas a tiroideia, a cricoideia e as aritnoideias, que são
cartilagens hialinas ossificam com a idade.
O osso hióide localiza-se por cima da laringe. Este osso não integra a laringe, no
entanto, dadas as relações morfológicas e implicações cirúrgicas é aqui referido. Dá
inserção aos músculos supra e infra hioideus e a músculos da língua. O grande corno
dá inserção ao ligamento tiro-hioideu lateral e ao músculo constritor médio da faringe.
A artéria lingual passa imediatamente por cima do pequeno corno.

Ligamentos e membranas da laringe


Os ligamentos e membranas da laringe são divididos em extrínsecos e
intrínsecos. De entre os extrínsecos referimos a membrana tiro-hioideia e o
ligamento tirohioideu que é a porção espessada na linha média, desta membrana. A
membrana tiro-hioideia é penetrada, na sua porção lateral pela artéria e pela veia
laríngea superior e pelo ramo interno do nervo laríngeo superior. Existe uma bolsa
serosa entre a porção superior da membrana e o osso hióide. O ligamento tirohioideu
lateral forma o bordo posterior da membrana tiro-hioideia. Outros ligamentos
extrínsecos são o ligamento hioepiglótico, o ligamento tiroepiglótico, o ligamento
cricotraqueal e o ligamento cricotiroideu.
Os ligamentos intrínsecos são: o ligamento quadrangular, que se estende de cada
lado da epiglote até ás cartilagens corniculada e aritnoideia formando a prega
aritnoepiglótica da laringe; o segmento ventricular de tecido fibroelástico que é
uma membrana que se estende da membrana quadrangular em cima até ao cone
elástico em baixo, formando um segmento de tecido elástico que envolve o ventrículo
laríngeo; o cone elástico que apresenta duas partes que se reúnem anteriormente na
linha média, profundamente em relação ao ligamento cricotiroideu e que se inserem na
superfície interna da cartilagem tiroideia. Atrás, o cone elástico insere-se nas
cartilagens aritnoideias e no seu processo vocal. Apresenta um espessamento entre a
cartilagem tiroideia e o vértice do processo vocal, formando a margem livre do
ligamento vocal. O cone elástico é por vezes designado por membrana triangular,
podendo considerar-se a sua base na linha média, na zona de inserção nas
cartilagens tiroideia e cricoideia, o apex no processo vocal da cartilagem aritnoideia e
superiormente, na cartilagem tiroideia, estendendo-se posteriormente numa linha
côncava em direcção ao processo vocal. O bordo superior do cone elástico é livre e
corresponde ao ligamento vocal, ao passo que o seu bordo inferior se insere na
cartilagem cricoideia.

Configuração interna da laringe


A propósito da configuração interna da laringe, referimos o aditus laríngeo, zona
limitada anteriormente pela epiglote, lateralmente pelas pregas aritno-epiglóticas, e
posteriormente, pelos vértices das cartilagens corniculadas e pelo bordo superior do
músculo interaritnoideo. De referir que as pregas aritnoepiglóticas formam a parede
medial do seio piriforme.
A laringe, na sua conformação interna, estende-se desde o aditus até ao bordo
inferior da cartilagem cricoideia e apresenta três zonas, limitadas pelas cordas vocais
e pelas bandas vestibulares: o vestíbulo, o ventrículo e a subglote.
O vestíbulo ocupa a porção mais alta da laringe e estende-se do aditus até às bandas
vestibulares (falsas cordas vocais). O ventrículo laríngeo, (ventrículo de Morgagni, ou
seio laríngeo), é constituído pela mucosa que se estende acima das verdadeiras
cordas vocais e abaixo das bandas vestibulares (falsas cordas). Na extremidade
anterior do ventrículo laríngeo existe um divertículo, o sáculo, cujas dimensões são
muito variáveis.
A glote é constituída pelas cordas vocais e pela fenda entre elas (rima glottodis) e é
porção mais estrita da laringe. Na glote descrevemos uma porção músculo-
membranosa, anterior e uma porção cartilagínea, posterior, formada pelo processo
vocal das cartilagens aritnoideias. Designa-se usualmente a zona posterior,
cartilaginosa, como a glote respiratória e a zona anterior, membranosa, como a glote
fofonatória. A comissura anterior das cordas vocais encontra-se inserida através de
um ligamento da comissura (ligamento de Broyles).
Histológicamente a corda vocal é uma estrutura constituída por cinco camadas de
densidade e viscosidade progressivas. Este facto tem uma importância fundamental
na dinâmica vibratória destas estruturas. A corda vocal é constituída na sua superfície
por mucosa e na sua profundidade por músculo. A mucosa é composta por epitélio e
por uma lâmina própria superficial. O epitélio comporta-se como uma cápsula
responsável por mater a forma da corda vocal. O epitélio encontra-se revestido por
uma fina camada de muco, que funciona como lubrificante e que é produzido pelas
glândulas da mucosa da corda vocal. A lâmina própria superficial (espaço de Reinke)
é contituída por uma rede de fibras elásticas e de colagéneo, localizada logo abaixo do
epitélio e que se caracteriza por ser a camada que mais vibra durante a fonação. Entre
o epitélio e a camada superficial é descrita a membrana basal. A lâmina própria é
contitída por três camadas. A superficial, descrita acima, a intermédia, constuída
essencialmente por fibras de elastina, e a profunda, essencialmente constituída por
fibras de colagénio. As camadas intermédia e profunda, constituem no seu conjunto, o
ligamento vocal, que é um tecido de consistência firme, localizado no bordo livre do
cone elástico. A camada mais profunda das cordas vocais é muscular (músculo tiro-
aritnoideu inferior, com as suas fibras mais mediais a designarem-se por músculo
vocal)

Espaços laríngeos
As cartilagens, os ligamentos e as membranas da laringe, determinam a formação de
espaços virtuais, os espaços laríngeos. Descrevem-se assim: o espaço
préepiglótico, limitado anteriormente pela cartilagem tiroidiea, superiormente pela
valécula e pelo ligamento tiroepiglótico mediano, posteriormente pela face anterior da
epiglote e lateralmente continua-se com o espaço periglótico; o espaço periglótico é
limitado anteriormente pelo pericôndrio que reveste internamente a cartilagem
tiroideia, o cone elástico e a membrana quadrangular, medialmente é limitado pelo
ventrículo laríngeo e posteriormente por uma reflexão da mucosa do seio piriforme; o
espaço subglótico é limitado em cima pela corda vocal e superiormente e
lateralmente pelo cone elástico. Descreve-se ainda o espaço de Reinke, entre a
mucosa e o músculo vocal.

Músculos da laringe
Os músculos da laringe são divididos em intrínsecos e extrínsecos.
Os músculos extrínsecos movem a laringe como uma unidade, fazendo-a ascender ,
descender ou ocupar uma posição mais anterior, a deglutição ou a fonação. Dividem-
se em quatro grupos. O primeiro é constituído pelos músculos infra-hioideus que são o
omohioideu, o esternohioideu, e o tirohioideu que baixam a laringe. O segundo grupo é
constituído pelos músculos estilo-hioideu, digástrico e milo-hioideu que elevam a
laringe. O terceiro grupo é constituído pelo estilo-faríngeo e pelo palato-faríngeo, que
elevam a faringe e a laringe. O grupo quatro integra os músculos constritores médio e
inferior da faringe.
Os músculos intrínsecos alteram a forma e as dimensões do adito laríngeo e da glote.
Os músculos intrínsecos da laringe são todos enervados pelo nervo laríngeo inferior
ou recorrente, com excepção do músculo crico-tiroideu que é enervado pelo ramo
externo do nervo laríngeo superior.
Os músculos intrínsecos são: o cricotiroideu, que é um tensor e secundariamente um
adutor das cordas vocais; o músculo cricoaritnoideu posterior, que é um abdutor das
cordas vocais; o músculo cricoaritnoideu lateral, adutor das cordas vocais e com acção
ao cricoaritnoideu posterior; o músculo interaritnoideu adutor da porção mais posterior
das cordas vocais; os músculos aritnoideus oblíquos, adutores das cordas vocais;
músculo tiroaritnoideu externo, que é um antagonista dos músculos crico-tiroideu e
cricoaritnoideu posterior, sendo um adutor das falsas cordas vocais; músculo
tiroaritnoideu interno ou músculo vocal, que é adutor e tensor das cordas vocais.

Mucosa da laringe
A laringe é recoberta por epitélio de tipo respiratório, com excepção da metade
superior da face posterior da epiglote, da porção superior das pregas aritnoepiglóticas
e das cordas vocais.

Função esfincteriana da laringe


Foram descritos por Pressman em 1941, três esfincteres laríngeos que protegem a
árvore respiratória. Assim, foram descritos: o aditus, as pregas vestibulares (falsas
cordas), e as verdadeiras cordas vocais.

Artérias da laringe
A laringe é irrigada pelas artérias, laríngea superior, laríngea inferior e artéria
cricotiroideia. A artéria laríngea superior é ramo da artéria tiroideia superior, tendo
origem junto ao polo superior do lobo lateral da glândula tiroideia. Após a sua origem
passa horizontalmente pela porção posterior da membrana tiro-hioideia juntamente
com o ramo interno do nervo laríngeo superior. Atravessa de seguida a membrana, por
baixo do nervo e corre por baixo deste na submucosa da parede lateral e do
pavimento do seio piriforme. Irriga a mucosa e os músculos da laringe. A artéria
laríngea inferior é ramo da artéria tiroideia inferior. Corre ao longo do trajecto do nervo
laríngeo inferior até à face posterior da articulação crico-tiroideia, penetrando a laringe
através de um orifício profundo, relativamente ao bordo inferior do músculo constritor
inferior da faringe (área de Killian-Jamieson). Irriga a mucosa e músculos e
anastomosa-se com ramos da artéria laríngea superior. A artéria crico-tiroideia é ramo
da artéria tiroideia superior e origina-se ao nível da membrana crico-tiroideia.

Veias da laringe
São constituídas essencialmente pelas veias laríngeas superior e inferior que
apresentam um trajecto semelhante às artérias, drenando para as veias tiroideias
superior e inferior, respectivamente.

Linfáticos da laringe
A rede linfática da laringe é muito rica, excepto ao nível das cordas vocais. Os
linfáticos da laringe são divididos nas regiões supra-glótica e infra-glótica, não
existindo qualquer anastomose linfática entre estas duas regiões. Ambas as regiões
para a região lateral do pescoço. Os linfáticos da região supra-glótica percorrem o
pavimento do seio piriforme e acompanham a artéria laríngea superior, drenando para
os gânglios jugulares superiores. Alguns destes vasos linfáticos drenam para os
gânglios prélaríngeos. A rede linfática subglótica é menos rica e drena através da
membrana crico-tiroideia para os gânglios laríngeos anteriores (gânglios de Delfos).
Alguns destes vasos eferentes alcançam os gânglios pré e peri-traqueais, estes
últimos acompanham o trajecto do nervo recorrente. Alguns vasos linfáticos
acompanham a artéria laríngea inferior e o nervo recorrente, alcançando a partir daí os
gânglios linfáticos cervicais profundos inferiores. Alguns vasos linfáticos podem drenar
directamente para os gânglios da fossa supra-clavicular.

Nervos da laringe
Referem-se os nervos laríngeo superior e o nervo laríngeo inferior ou recorrente.
O nervo laríngeo superior é ramo colateral do nervo vago. Corre medialmente às
artérias carótidas interna e externa e divide-se em dois ramos, um externo e um
interno. O ramo externo dirige-se para baixo e para diante ao longo da face lateral do
músculo constritor inferior da faringe. Ao longo do seu trajecto fornece um ramo para o
músculo constritor inferior e enerva o músculo crico-tiroideu. Tem uma relação de
proximidade estreita com a artéria tiroideia superior. O ramo interno, passa entre o
músculo tiro-hioideu e a membrana tiro-hioideia, penetrando a membrana tiro-hioideia
acompanhado pela artéria laríngea superior. O nervo laríngeo superior enerva parte da
base da língua, as valéculas, a epiglote, o seio piriforme, o vestíbulo, as bandas
vestibulares e o ventrículo laríngeo. Enerva ainda a região posterior da laringe e
anterior da faringe, ao nível da cartilagem cricoideia.
O nervo laríngeo inferior ou recorrente é igualmente ramo colateral do nervo vago.
Após a sua origem tem um trajecto ascendente, percorrendo o sulco traqueo-
esofágico, acompanhando o bordo posterior do lobo lateral da glândula tiroideia, sendo
a sua face anterior, na maior parte dos casos, cruzada pela artéria tiroideia inferior.
Penetra a laringe, acompanhado pela artéria laríngea inferior, imediatamente atrás da
articulação crico-tiroideia. Divide-se em dois ramos, anterior e posterior, podendo esta
divisão efectuar-se antes do nervo penetrar na laringe. O ramo anterior passa acima a
à frente da porção mais lateral dos músculos crico-aritnoideu lateral e tiro-aritnoideu. O
ramo posterior enerva os músculos crico-aritnoideu, aritnoideu transverso e aritnoideu
oblíquo.

SISTEMA (APARELHO) DIGESTIVO

O sistema digestivo é constituído pelo tubo digestivo e seus anexos (Fig. 185).

TUBO DIGESTIVO

O tubo digestivo, também denominado “canal alimentar”, começa no orifício bucal e


estende-se até ao ânus. O seu comprimento é cerca de 9 metros. Trata-se de um
tubo que vai sendo percorrido pelos alimentos ingeridos. Durante o seu trajecto, os
alimentos vão sendo sucessivamente transformados física e quimicamente pela
acção dos sucos digestivos e das próprias paredes do tubo. Finalmente, são
absorvidos através das paredes do intestino e passam à circulação sanguínea e/ou
linfática, que os transporta aos diversos tecidos e órgãos, permanecendo no interior
do tubo as substâncias não digeridas ou a excretar.
É constituído pela boca, faringe, esófago, estômago, intestino delgado, intestino
grosso e ânus.
Como glândulas anexas do tubo digestivo referenciam-se as glândulas salivares, o
fígado e o pâncreas.
A digestão consiste na transformação de substâncias complexas, que constituem os
alimentos, em substâncias simples, capazes de passarem as paredes digestivas e
serem absorvidas.
BOCA (Fig. 186)
Sendo a primeira porção do tubo digestivo, a boca é uma cavidade onde se cumpre a
função da mastigação, da insalivação e a transformação dos alimentos em bolo
alimentar, assim como o início da digestão química pela acção da amilase salivar.
Na boca estão presentes os receptores do sentido do gosto e nela se produzem
grande parte das modificações especiais do som laríngeo, das quais resulta a voz
articulada e o canto.
A boca situa-se na porção inferior da face, entre as fossas nasais e a região supra-
hióideia. A cavidade bucal tem uma forma oval, de grande eixo ântero-posterior
com a pequena extremidade dirigida para trás. No Homem, o plano em que se
encontra esta cavidade é aproximadamente horizontal.
A cavidade bucal é constituída por partes moles e por um esqueleto ósseo incompleto,
i.e. limitado adiante e lateralmente pela mandíbula e pelas arcadas alvéolo-dentárias e
em cima pela abóbada palatina, que é formada adiante pelas apófises palatinas das
maxilas e atrás pelas lâminas horizontais dos ossos palatinos. A boca não apresenta
pois, estruturas ósseas na parede posterior nem na parede inferior.
A boca é dividida pelas arcadas alvéolo-dentárias em duas porções: uma porção
anterior e lateral, situada por fora das arcadas, o vestíbulo; e outra porção situada para
trás, a que chamamos a cavidade bucal propriamente dita.
Estas duas porções comunicam entre si pelos interstícios que separam os dentes, os
espaços interdentários e também pelo espaço retro-dentário ou retromolar, que existe
entre os últimos molares e o ramo da mandíbula.
A boca é constituída por seis paredes:
- A parede anterior, compreende os lábios e um orifício, a fenda bucal ou orifício
vestibular que a faz comunicar com o exterior;
- Duas paredes laterais, formadas pelas bochechas;
- Uma parede inferior, formada pelo pavimento da boca, onde se encontra a
língua;
- Uma parede superior, constituída pela abóbada palatina;
- Uma parede póstero-superior, que compreende o véu palatino e um
orifício irregular que faz comunicar a boca com a orofaringe, o istmo das
fauces.

Parede Anterior – Lábios


Os lábios, em número de dois, são pregas músculo-membranosas situadas adiante
dos arcos dentários e circunscrevem o orifício bucal.
Distinguem-se em superior e inferior. A presença de lábios é própria dos mamíferos e
constitui um aperfeiçoamento que se relaciona, provavelmente, com o modo de
nutrição destes animais e, de maneira especial, com a sucção.
Quando estão aproximados, os lábios fecham o canal digestivo na sua extremidade
superior. Separados, limitam um orifício largo, o orifício bucal, por intermédio do qual o
tubo digestivo comunica superiormente com o meio exterior.
Considera-se em cada um dos lábios, uma face anterior ou cutânea, uma face
posterior ou mucosa, um bordo aderente, um bordo livre e duas extremidades.
A face anterior ou cutânea olha para diante no lábio superior e para baixo e para a
frente no lábio inferior. No homem adulto esta face apresenta pilosidades. No lábio
superior encontramos um sulco médio, sulco subnasal ou filtro, que desce desde o
subsepto ao bordo livre do lábio, o qual termina por um tubérculo, o tubérculo do lábio
superior. No lábio inferior encontramos na linha média uma pequena depressão ou
fosseta, a fosseta mediana. O lábio inferior está separado do mento por um sulco
transversal, o sulco mentolabial.
A face posterior ou mucosa está relacionada com a face anterior das gengivas e das
arcadas dentárias. É lisa e está constantemente humedecida pela saliva.
O bordo aderente marca o limite periférico dos lábios, assim, pelo lado da face,
corresponde sucessivamente à extremidade posterior do septo nasal, ao bordo
posterior das fossas nasais, à extremidade posterior da asa do nariz e ao sulco
geniolabial ou labiogeniano. O bordo aderente do lábio inferior apresenta o sulco
mentolabial que é um sulco na sua porção média curvilíneo e côncavo para baixo.
Pelo lado da cavidade bucal, apresenta o sulco gengivolabial, que se interrompe na
linha média por uma prega mucosa, triangular, de direcção sagital, o freio labial
(sempre mais desenvolvido no lábio superior do que no lábio inferior).
O bordo livre, de coloração rosa, arredondado de diante para trás, irregularmente
pregueado no sentido transversal, marca o limite entre a pele e a mucosa; esta
zona de transição denomina-se também de “vermelhão” e é característica somente
da espécie humana.
Os dois lábios unem-se nas suas extremidades para formar as comissuras labiais,
uma direita e outra esquerda, dispostas simetricamente em relação à linha
mediana.
Os lábios circunscrevem um orifício, o orifício bucal, que, sob a influência dos
músculos labiais e das comissuras atinge grandes variações de forma e de
dimensões.

Vascularização e Enervação dos Lábios


As artérias dos lábios são as artérias coronárias, ramos da artéria facial. Estas
artérias desprendem-se da artéria facial a nível das comissuras: a coronária inferior
dirige-se horizontalmente para dentro, na espessura do lábio inferior e anastomosa-se
na linha média com a artéria homónima do lado oposto; a coronária superior dirige-se
igualmente para dentro no lábio superior unindo-se na linha média com a coronária
superior do lado oposto.
Desta dupla anastomose resulta um círculo arterial completo à volta do orifício bucal,
entre a camada muscular e a camada glandular (ou submucosa), perto do bordo livre
dos lábios.
Para além das artérias coronárias (ou artérias principais), os lábios são
acessoriamente vascularizados por ramos da artéria infra-órbitária, transversa da face,
bucal, mentoniana e até da artéria submentoniana que, em alguns casos, atinge o
lábio inferior.
A drenagem venosa dos lábios é feita por uma rede venosa mais ou menos
abundante, que se encontra por baixo da pele e apresenta numerosas válvulas,
terminando na veia facial e nas veias submentonianas.
A drenagem linfática do lábio superior é realizada pelos colectores linfáticos
submucosos e cutâneos do lábio superior, que se dirigem para as comissuras
labiais e terminam nos gânglios linfáticos submandibulares.
Os linfáticos do lábio inferior dividem-se em laterais (colectores submucosos e
subcutâneos), que terminam nos gânglios linfáticos submandibulares; e medianos, que
terminam nos gânglios linfáticos submentonianos.
Os lábios têm terminações nervosas sensitivas e motoras. Os nervos motores são
ramos do nervo facial. Os nervos sensitivos são ramos do nervo trigémio.

Paredes Laterais – Região geniana (Bochechas)


As paredes laterais da boca estendem-se, em altura, desde o rebordo inferior da órbita
até ao bordo inferior da mandíbula e, em largura, desde o bordo posterior do masseter
até à comissura dos lábios e às partes laterais do nariz.
Estão separadas do nariz e dos lábios por um sulco oblíquo para baixo e para fora que
se denomina sulco nasogeniano em cima, e sulco labiogeniano e nasolabial em baixo.
Excedem, assim, os limites da cavidade oral, ocupando a maior parte da face;
correspondem sucessivamente, à região malar, à região massetérica e à região
geniana propriamente dita da anatomia topográfica.
Cada região geniana (bochecha) apresenta uma forma quadrilátera, com duas faces,
uma medial, mucosa designada por mucosa jugal, e uma lateral, cutânea, designada
por região geniana, e quatro bordos aderentes.

Vascularização e Inervação
As artérias responsáveis pela vascularização desta região são ramos da artéria
maxilar (artérias bucais, sub-orbitárias, alveolares, mentonianas), da artéria facial e da
artéria temporal superficial (artéria transversa da face).
A drenagem venosa é feita pelas veias faciais, que constituem o tronco tributário
principal; pela veia temporal superficial e, profundamente, pelo plexo pterigoideu.
A linfa desta zona é drenada para os gânglios parotidianos e submandibulares.
Os nervos das bochechas são motores e sensitivos. Os ramos motores provêm do
nervo facial; os ramos sensitivos provêm do nervo trigémio (nervo bucal e nervo
infra-orbitário).

Parede Inferior
Constitui o chamado pavimento da boca e é dela que emerge a língua.
Descreveremos o sulco alveolo-lingual e a língua.

Sulco Alveolo-Lingual
É o espaço compreendido entre a língua e a arcada dentária inferior; nesta porção
do pavimento da boca encontram-se os dois músculos milo-hióides, que formam o
“diafragma oris”; e uma prega músculo-membranosa, que se fixa à língua – o freio
da língua – (referido adiante); de cada lado deste freio existe a eminência
sublingual (correspondente às glândulas sublinguais) e a prega sublingual
(correspondente ao canal das glândulas submandibulares).

Língua (Fig. 187)


A língua é um órgão muscular e mucoso. É a sede do sentido do gosto. Tem um
papel importante na fala, na mastigação, na ensalivação e na deglutição. Ocupa a
porção média do pavimento da cavidade bucal. É irregularmente oval, grossa na
sua extremidade posterior e achatada de cima para baixo. A sua face dorsal, os
seus bordos, o vértice e a porção anterior da sua face inferior estão revestidos por
mucosa e estão livres na cavidade bucal.
Na língua consideramos uma grande porção – o corpo – dirigida para diante; o ápice
ou ponta da língua e uma porção póstero-inferior, a raiz da língua, por meio da qual a
língua está fixa à mandíbula e ao osso hióide através dos músculos hioglosso e
genioglosso e pela membrana hioglossa; esta porção relaciona-se também com a
epiglote por três feixes da membrana mucosa, com o véu palatino através dos pilares
glossopalatinos e com a faringe por intermédio dos músculos constritores superiores
da faringe e da membrana mucosa.
O ápice ou vértice lingual (ponta da língua) é delgado e estreito, relaciona-se
directamente com as superfícies linguais dos dentes incisivos inferiores.
A face inferior, liga-se à mandíbula pelo músculo genioglosso; a membrana mucosa
reflecte-se até à face lingual da gengiva e no pavimento da boca onde, na linha
mediana, se eleva num feixe vertical bem marcado, o freio lingual. De cada lado do
freio existe um pequeno feixe de membrana mucosa, a prega franjada, cujo bordo livre
apresenta uma forma de franja.
A face superior ou dorso da língua, é convexa e está dividida em duas porções,
uma anterior ou bucal e uma posterior ou faríngea, por um sulco em forma de V aberto
para diante, denominado sulco terminal. No vértice do ângulo formado pelo sulco
terminal encontramos o buraco cego da língua, resquício do canal tiroglosso, que nos
primeiros estadios embrionários faz comunicar o esboço da glândula tiróide com o
epitélio da cavidade bucal.
A porção bucal da face superior da língua (dorso da língua) olha para cima. É
revestida por uma mucosa espessa, densa, muito aderente ao plano muscular. Esta
mucosa é percorrida pelo sulco mediano da língua, desde o orifício cego até ponta da
língua.
A sua superfície é irregular, a mucosa apresenta pequenas saliências muito próximas
entre si, as papilas linguais.
As papilas linguais do corpo da língua são de quatro tipos:
Papilas filiformes – estão dispostas em fileiras mais ou menos definidas, que divergem
para a direita e para a esquerda a partir da linha média e paralelamente à região
gustativa em V; são as mais abundantes e dispersas por todo o dorso da língua.
Papilas fungiformes – estão dispersas e separadas entre as filiformes e são
particularmente numerosas na proximidade da ponta da língua.
Papilas circunvaladas (valadas) – São apenas oito a doze, são as mais volumosas e
estão distribuídas ao longo das duas linhas da região gustativa em V i.e., dispõem-se
imediatamente adiante do orifício cego e do sulco terminal. Cada papila compõe-se de
uma porção central, um anel circular e um sulco profundo e estreito, também circular,
que contém grande quantidade de bulbos gustativos.
Papilas foliáceas – localizam-se junto à porção posterior dos bordos laterais da língua,
próximo do sulco terminal.
A porção faríngea da face dorsal da língua é quase vertical e olha para a faringe. A
mucosa é menos aderente do que a da porção bucal; a sua superfície é irregular,
ondulada e apresenta pequenas protuberâncias dispostas em série linear, oblíquas
para baixo e para dentro, devido à presença, na face superficial da mucosa, de
folículos linfoides cujo conjunto constitui a amígdala lingual.

Corpúsculos gustativos
São estruturas epiteliais microscópicas em forma de barril, que contêm quimio
receptores celulares, em contacto, através de sinapses com ramos dos nervos
gustativos. São muito numerosos em todos os tipos de papilas linguais, excepto nas
papilas filiformes. Os corpúsculos gustativos não se encomtram apenas nas papilas
mas existem dispersos por toda a superfície dorsal da língua, e ainda, raramente, na
epiglote e na face inferior do palato mole.
Cada corpúsculo gustativo está unido por uma sinapse, a um dos três nervos
cranianos que veiculam o sentido do gosto, isto é, o nervo facial, o glosso-faríngeo ou
o vago. Estas estruturas partilham algumas características fisiológicas com os
neurónios, por exemplo, a geração do potencial de acção e a transmissão sináptica,
sendo assim comunmente referidos como paraneurónios.
Existe uma considerável variação na distribuição dos corpúsculos gustativos, no
Humano. São mais abundantes nas porções mais posteriores da língua,
particularmente em redor das paredes das papilas circunvaladas (valadas) e dos seus
sulcos circundantes onde existem em média 250 corpúsculos por cada uma das 8 a 12
papilas. Mais de mil corpúsculos encontram-se distribuídos nos bordos laterais da
língua, mais particularmente junto à porção mais posterior das papilas foliáceas. São
raros nas papilas fungiformes. Os existentes na epiglote e no palato mole
desaparecem quase por completo durante o desenvolvimento pós natal.

Microestrutura dos corpúsculos gustativos


Cada corpúsculo é uma estrutura em forma de barril constituída por 50 a 150 células
fusiformes que se encontra no epitélio da cavidade oral e que convergem apicalmente
para um poro gustativo que tem cerca de 2µm de diâmetro. Esta estrutura está
separada da lâmina própria subjacente por uma membrana basal.
Um conjunto de fibras nervosas aferentes, penetram a membrana basal e enrrolam-se
em espiral à volta das células sensoriais. As substâncias químicas dissolvidas na
saliva, na cavidade oral, difundem-se através dos poros gustativos dos corpúsculos
gustativos alcançando os receptores gustativos localizados na membrana celular,
provocando a despolarização da membrana celular.
A enervação dos corpúsculos gustativos é feita por duas classes distintas de fibras.
Uma delas ramifica-se na periferia do corpúsculo, formando um plexo perigemmal
enquanto a outra forma um plexo intragemmal no interior do próprio corpúsculo, e que
enerva as bases das células receptoras. As fibras perigemais, contêm vários
neuropeptidos, incluindo o péptido gene relacionado com a calcitonina (calcitonin
gene-related peptide), CGRP, e a substância P, e parecem representar terminações
sensoriais livres. As fibras intragemais ramificam-se no interior dos corpúsculos,
formando uma série de sinapses.

Discriminação gustativa
Os receptores gustativos detectam quatro categorias principais de sensasões
gustativas, classificadas como: salgado, doce, amargo e ácido.
Foram sugeridas outras qualidades gustativas como o sabor metálico e o umami (
sabor japonês tipificado pelo glutamato de sódio).
Embora seja frequentemente postulado que algumas áreas particulares da língua
sejam especializadas para detectar estes diferentes sabores, as evidências científicas
indicam que todas as áreas da língua são capazes de responder a todos os estímulos
gustativos.
Cada fibra nervosa aferente está largamente conectada com corpúsculos gustativos
distantes uns dos outros e pode responder a vários estímulos químicos. Alguns
respondem aàs quatro categorias clássicas, outros a um número menor ou apenas a
uma. Dentro de uma classe particular de sabores, os receptores são
diferenciadamente sensíveis a uma grande variedade de substâncias químicas. No
entanto, cada corpúsculo isolado é apenas capaz de detectar um número restrito de
substâncias químicas em solução aquosa.
É particularmente difícil separar as percepções do sabor e do olfacto. As mucosas das
cavidades oral e nasal são contínuas e estão em comunicação, e assim, muito do que
é percepcionado como sabor é resultante de odores transportados por via aérea que
passam pela cavidade oral e são transportados através da naso-faringe até à área
olfactiva, nas fossas nasais.

Músculos da Língua
São dezassete músculos (Fig. 188), dos quais oito são pares e apenas um, o
músculo longitudinal superior, é ímpar. Podem classificar-se em três grupos,
segundo a sua origem:
a) Músculos com origem nos ossos vizinhos:
músculo genioglosso
músculo hioglosso
músculo estiloglosso
b) Músculos com origem nos órgãos próximos (faringe):
músculo palatoglosso
músculo amigdaloglosso
músculo longitudinal superior
músculo longitudinal inferior
porção glossofaringea do músculo constritor superior da faringe
c) Músculos com origem na própria língua:
músculo transverso
Os músculos linguais permitem os seguintes movimentos da língua:
Protrusão – Este movimento é feito pelos músculos genioglossos de ambos os lados,
actuando em conjunto.
Retrusão – É permitido pelos músculos estiloglosso e hioglosso de ambos os lados,
actuando em conjunto.
Depressão – Deve-se aos músculos hioglosso e genioglosso dos dois lados
contraindo-se em conjunto.
Retrusão e elevação do 1/3 posterior da língua – É produzido pelos músculos
estiloglosso e palatoglosso de ambos os lados, actuando em conjunto.

Vascularização e Inervação da Língua


A língua é irrigada pela artéria lingual, ramo tonsilar da artéria facial e artéria faríngea
ascendente.
As veias drenam para a veia jugular interna.
A ponta da língua drena para os gânglios linfáticos submentonianos e os 2/3 anteriores
da língua drenam para os gânglios submandibulares e gânglios cervicais profundos de
ambos os lados. A linfa do 1/3 posterior da língua termina nos gânglios cervicais
profundos dos dois lados.
A mucosa que cobre os 2/3 anteriores da língua é inervada pelo nervo lingual, ramo do
nervo trigémio, para as sensações gerais. As fibras gustativas dos 2/3 anteriores da
língua, excluindo as papilas caliciformes, seguem a corda do tímpano, ramo do nervo
facial.
O nervo glossofaríngeo é responsável pela sensibilidade geral e gustativa do 1/3
posterior da língua, incluindo as papilas caliciformes.

Parede Superior – Abóbada Palatina (Fig. 190)


Apresenta a forma de uma ferradura, circunscrita por diante e de ambos os lados pelo
rebordo alveolar das maxilas. Na linha mediana observa-se uma rafe fibrosa que
termina adiante por um tubérculo, o tubérculo palatino, redondo ou oval que
corresponde ao orifício inferior do canal palatino anterior.
No seu terço anterior, a abóbada palatina é muito irregular, apresentando de cada lado
cristas rugosas transversais, as cristas palatinas.
Nos dois terços posteriores apresenta uma superfície mais lisa e uniforme.

Vascularização e Inervação da Abóbada Palatina


As artérias da abóbada palatina provêm da artéria esfenopalatina e também da artéria
palatina superior ou descendente, ramos da artéria maxilar.
As veias seguem o mesmo trajecto das artérias, mas em sentido inverso, recebendo o
mesmo nome das artérias.
Os linfáticos da parede superior da boca formam uma rede abundante na mucosa, que
se continua, por um lado com a rede linfática das gengivas e, por outro, com a do véu
do paladar. Os canais que emergem desta rede dirigem-se para trás, passam entre a
amígdala e o pilar posterior do véu do paladar e, finalmente terminam nos gânglios
linfáticos cervicais profundos, um pouco abaixo do ventre posterior do músculo
digástrico.
A inervação da abóbada palatina é feita por nervos exclusivamente sensitivos e
vasculares que provêm do nervo palatino anterior e do nervo pterigopalatino medial,
sendo ambos ramos do gânglio pterigopalatino. O primeiro chega à abóbada palatina
pelo canal palatino posterior, o segundo pelo canal palatino anterior. Anastomosam-se
entre si no terço anterior desta região.

Parede Posterior – Palato Mole ou Véu Palatino (Fig. 190)


O palato mole é um septo músculo-membranoso que prolonga para trás a abóbada
palatina.
Essencialmente móvel e contráctil, o véu palatino pode baixar-se ou elevar-se.
Quando baixa, chega a colocar-se em contacto com a língua; interrompe toda a
comunicação entre as duas cavidades, bucal e faríngea, como se observa na
sucção. Ao elevar-se, como acontece durante a deglutição, estende-se em forma
de septo horizontal entre a orofaringe e a cavidade posterior das fossas nasais,
impedindo assim que o bolo alimentar entre nesta cavidade.
O palato mole é primeiro horizontal, como a abóbada palatina, da qual é a
continuação; depois dirige-se para baixo e para trás, e acaba por ser quase vertical.
Quanto à sua forma, é irregularmente quadrilátero e apresenta, por isso, duas faces
e quatro bordos. Destacamos o seu bordo inferior ou posterior que é livre, olha para
baixo e para trás. Neste bordo podemos descrever a úvula palatina, o arco
palatoglosso (anterior), o arco palatofaringeu (posterior) e a fossa amigdalina.
A úvula palatina, por vezes bífida, é um prolongamento vertical de forma
cilíndrica ou cónica, que se destaca da porção média do bordo inferior do véu do
paladar. De tamanho variável, pode medir desde 10-15 mm em média ou chegar aos
20-25 mm. Podemos observar-lhe uma base, que forma corpo com o véu do paladar
propriamente dito; um vértice, redondo ou rombo, que cai perpendicularmente sobre o
espaço angular formado pela epiglote e pela base da língua; uma face anterior, lisa e
rosada, como a face anterior do véu, da qual é a continuação; e uma face posterior
que apresenta numerosas rugosidades devidas às glândulas subjacentes.
Pilares do véu do paladar
De cada lado da úvula destacam-se os pilares do véu do paladar que se distinguem
em anteriores e posteriores.
O arco palatoglosso inicia-se na base da úvula, termina na base da língua,
imediatamente por detrás do vértice do sulco terminal depois de se dirigir para fora,
para baixo e para diante. No interior do arco encontramos o músculo palatoglosso. O
arco palatoglosso forma uma arcada de concavidade inferior, constituindo o istmo das
fauces ou orifício buco-faríngeo, através do qual a boca comunica com a porção bucal
da faringe.
O arco palatofaringeo, inicia-se também na base da úvula, dirige-se obliquamente
para baixo, para fora e para trás, para terminar nas paredes laterais da faringe. O arco
palatofaringeu apresenta no seu interior, o músculo palatofaringeu e circunscreve um
orifício que faz comunicar a faringe com as fossas nasais, e que se denomina como
istmo naso-faríngeo ou faringonasal.
Os arcos, que partem do palato mole, que podem ser também designados por pilares
amigdalinos, ao separarem-se um do outro quando chegam à base da língua,
delimitam entre si uma depressão profunda, de forma triangular, a fossa amigdalina.
A base desta fossa corresponde ao bordo da base da língua e aloja a amígdala
palatina. O vértice, superior, constituído pelo encontro dos dois pilares, pode
apresentar uma ligeira depressão, a fosseta supra amigdalina.

Músculos do Palato Mole


São dez – cinco músculos de cada lado:
Músculo tensor do véu do paladar
Músculo elevador do véu do paladar
Músculo da úvula
Músculo palatoglosso
Músculo palatofaringeo

Vascularização e Inervação do Palato Mole


As artérias do véu palatino são ramos das artérias palatinas superior e inferior e da
artéria faríngea ascendente.
As veias terminam no tronco venoso da língua.
Os colectores linfáticos podem agrupar-se em: anteriores, que drenam para os
gânglios submandibulares; medianos, que terminam nos gânglios laterais profundos
do pescoço e; colectores linfáticos posteriores, que drenam para os gânglios
retrofaríngeos.
Os nervos são motores e sensitivos. Os ramos motores originam-se nos nervos
trigémio e facial; os ramos sensitivos terminam no gânglio esfeno-palatino.

Anexos ou Dependências da Boca

Consideramos como anexos da boca: as gengivas e os dentes.

As gengivas são compostas por tecido fibroso denso, intimamente ligado ao periósteo
das apófises alveolares, envolvendo o colo dos dentes. Estão cobertas por membrana
mucosa lisa e vascular, com sensibilidade limitada. À volta do colo dos dentes, esta
membrana apresenta numerosas papilas e reflecte-se em direcção ao alvéolo, onde se
continua pela membrana perióstica destas cavidades. Estão também unidas ao dente
pela inserção epitelial de Gottlieb que, com a idade se vai descolando, dirigindo-se até
ao ápice radicular.
Entre o epitélio gengival e o esmalte do dente encontra-se um pequeno sulco que
circunda a coroa do dente – o sulco gengival.
Consideram-se duas gengivas, uma superior e uma inferior:
A gengiva superior separa a abóbada palatina da bochecha e do lábio superior;
A gengiva inferior separa a parede inferior da boca, da bochecha e do lábio
inferior.
A mucosa gengival, tal como os relevos ósseos sobre os quais se estende, apresenta,
tanto em cima como em baixo, uma forma de ferradura de concavidade posterior.

Vascularização e Inervação das Gengivas


A gengiva superior é vascularizada pelos ramos alveolares da artéria maxilar,
infraorbitária, esfenopalatina e palatina descendente;
A gengiva inferior é vascularizada pela artéria sublingual (ramo da lingual),
submentoniana (ramo da facial) e dentária inferior (ramo da maxilar).
Estas artérias originam arteríolas, que se anastomosam entre si e constituem em cada
maxilar um círculo arterial, o círculo gengival.
As veias gengivais, a nível posterior, dirigem-se ao plexo alveolar e outras ao plexo
pterigóide, a nível anterior terminam, em parte na veia lingual e em parte na veia facial
e seus afluentes.
Os linfáticos das gengivas terminam nos gânglios linfáticos submandibulares e nos
gânglios linfáticos cervicais profundos.
Os nervos, todos sensitivos ou vasomotores, originam-se nos nervos alveolares.

Os dentes são órgãos “brancos”, de consistência dura e implantados no bordo livre ou


alveolar da maxila e da mandíbula.
São os instrumentos imediatos da mastigação, têm por função dividir os alimentos
para os tornar mais acessíveis à acção dos sucos digestivos. Têm um papel acessório
na fonação e contribuem para a estética da boca e da face. A presença e o número de
peças dentárias na cavidade oral é determinante para a dimensão vertical da boca,
aspecto bastante importante no campo da medicina dentária.
Os dentes apresentam uma porção superior, acima da gengiva, a coroa; uma porção
inferior implantada no alvéolo – a raiz e uma porção estreita entre a coroa e a raiz, o
colo.
Durante a primeira infância i.e., até aos 7 ou 8 anos, os dentes são em número de 20;
sendo 10 para as maxilas e 10 para a mandíbula; denomina-se de dentição
temporária, decídua, de leite ou primeira dentição. A sua erupção começa por volta
dos seis ou sete meses após o nascimento, sendo os incisivos inferiores centrais os
primeiros a erupcionarem e também os primeiros a ser substituídos, cerca dos seis
anos.
Normalmente, entre os seis e os treze anos, os dentes decíduos vão sendo
substituídos de forma progressiva, pelos dentes permanentes. A esfoliação dá-se por
um processo de rizálise i.e., à medida que o dente permanente progride na arcada, a
raiz do dente decíduo correspondente vai sendo reabsorvida pelos osteoclastos.
No adulto o número de dentes é de 32, sendo 16 em cada arcada; denominam-se de
dentição definitiva, permanente ou segunda dentição.
Os dentes dividem-se, quanto à sua situação e forma da coroa, em incisivos, caninos,
pré-molares e molares.
Os dentes incisivos apresentam uma coroa em forma de bisel e a sua função é a
de cortar os alimentos.
Os dentes caninos têm a coroa em forma de cone, tendo como função rasgar os
alimentos.
Os dentes molares apresentam a coroa prismática cuja principal função é triturar
os alimentos.
Os dentes estão implantados nos alvéolos das maxilas e da mandíbula; os alvéolos
são uniloculares para os dentes com raiz única (incisivos e caninos) e multiloculares
para os dentes com raízes múltiplas (pré-molares e molares). Os dentes dispõem-se
uns a seguir aos outros para formar as arcadas dentárias.
Sob o ponto de vista da constituição anatómica, consideramos no dente duas
porções: uma porção mole, central, a polpa e, uma porção dura, periférica e de
consistência pétrea (Fig. 189). Esta porção dura é a dentina, que, ao nível da coroa do
dente está coberta pelo esmalte e, ao nível da raiz do dente, pelo cimento.
A polpa, ocupa a câmara pulpar e os canais radiculares, é composta por tecido
conjuntivo rico em vasos e nervos, que penetram na cavidade pulpar através do
pequeno orifício que existe no ápice da raiz do dente.
A dentina, é constituída por inúmeros canalículos ou túbulos dentinários “embebidos”
numa substância homogénea densa – a matriz.
O esmalte, formação de origem epitelial, é a substância mais dura do organismo.
Recobre toda a coroa do dente e a sua cor pode variar desde o branco ao branco
azulado. Quando o esmalte alcança o seu desenvolvimento completo é constituído
quase exclusivamente por cristais de hidroxiapatite e por apenas 3% de matéria
orgânica.
O cimento é tecido mesenquimatoso calcificado que forma a cobertura da raiz
anatómica.

Meios de fixação dos dentes, ligamento alvéolo-dentário – Os dentes estão


implantados no alvéolo por uma articulação do tipo gonfose (articulação imóvel com
superfícies articulares curvas).
O ligamento alvéolo-dentário (que ajuda à fixação do dente ao alvéolo), também
chamado ligamento periodontal, é resultante dos prolongamentos fibrosos que a
mucosa gengival envia ao alvéolo, sendo uns de direcção transversal e outros mais ou
menos oblíquos, atingindo a superfície do dente e penetrando sob a forma de fibras de
Sharpey, por um lado no osso do alvéolo e, por outro, no cimento do dente.

Vascularização e Enervação dos Dentes


Os dentes superiores (maxilares) são irrigados por ramos da artéria maxilar; os dentes
posteriores da maxila são vascularizados pelas artérias alveolares superiores
posteriores; e os dentes anteriores, pelas artérias alveolares superiores anteriores
(ramos da artéria infra-orbitária).
Todos os dentes inferiores (mandibulares) são irrigados pela artéria alveolar inferior.
Cada artéria alveolar emite os seguintes ramos:
ramos dentários (dirigem-se directamente aos dentes)
ramos periodontais (alveolares)
ramos gengivais (gengiva).
O sangue venoso circula nas veias homónimas das artérias referidas acima,
confluindo nas veias faciais.
A linfa é drenada para os gânglios submandibulares, submentonianos e cervicais
profundos.
A inervação dos dentes superiores é feita pelos nervos alveolares superiores (ramos
do nervo maxilar do trigémio); entre eles distinguem-se os nervos alveolares ântero-
superiores, médios e posteriores, constituintes do plexo dentário superior.
Os nervos dos dentes inferiores provêm do plexo dentário inferior, formado pelo nervo
alveolar inferior (proveniente do nervo mandibular do trigémio).

FARINGE

A faringe é um canal músculo membranoso localizado atrás da cavidade nasal, da


boca e da laringe. Estende-se desde a base do crânio até ao nível da cartilagem
cricoideia da laringe adiante, e até ao nível da sexta vértebra cervical atrás.
Mede cerca de 12.5 cm de comprimento e é mais larga no seu diâmetro transverso. A
sua porção mais estreita é junto à transição com o esófago. A sua maior largura é
imediatamente abaixo da base do crânio, onde se estende para os lados,
posteriormente aos orifícios da trompa auditiva (trompa de Eustáquio), formando o
recesso faríngeo (fossa de Rosenmüller).

A faringe tem como estruturas adjacentes, em cima o corpo do esfenoide e o processo


basilar do occipital, inferiormente continua-se com o esófago, posteriormente
relaciona-se com a fascia pré vertebral que cobre os músculos longo do pescoço e
longo da cabeça. Lateralmente relaciona-se com o processo estiloideu e os músculos
que aí se inserem. Existem sete aberturas na faringe que permitem a comunicação
com as seguintes estruturas: as duas fossas nasais, as duas caixas do tímpano
(cavidades timpânicas), a boca, a laringe e o esófago.

A faringe é revestida por uma mucosa, que ao nível da nasofaringe é ciliada e é


semelhante à mucosa nasal. Na restante faringe a mucosa é constituída por epitélio
escamoso estratificado, semelhante ao da mucosa oral.

Fascia faringobasilar (Aponevrose faríngea)

É bem desenvolvida em cima, local onde substitui o músculo constritor superior que,
ao nível do recesso faríngeo não alcança a base do crânio. O espaço entre o músculo
constritor superior e a base do crânio é conhecido como seio de Morgagni.
A aponevrose faríngea espessa-se ao nível das amígdalas palatinas onde forma um
leito tonsilar (amigdalino) fibroso. Esta aponevrose torna-se menos espessa na
porção inferior da faringe. Em cima insere-se no tubérculo faríngeo do occipital,
lateralmente no occipital e na porção petrosa do osso temporal. Dai, vira em sentido
antero-medial, junto à espinha do esfenoide, inserindo-se ao longo da porção
cartilagínea da trompa auditiva (trompa de Eustáquio). Em seguida separa os
músculos, elevador e tensor do palato. Em baixo insere-se ao nível da rafe
pterigomandibular, extremidade posterior da linha milo-hióideia da mandíbula, osso
hióide e cartilagem tiroideia.
Parede muscular

A parede muscular é recoberta por uma fina fascia. Encontra-se separada da fascia
prevertebral por um tecido conjuntivo laxo que forma o espaço retrofaríngeo. Este
espaço retrofaríngeo estende-se para ambos os lados entre a faringe e os músculos
pterigoideus mediais, constituindo o espaço laterofaríngeo.

As porções da faringe

A faringe divide-se em: nasofaringe ou epifaringe, orofaringe ou mesofaringe e


laringofaringe ou hipofaringe.

Nasofaringe

A nasofaringe é limitada à frente pelas choanas, orifícios que fazem a comunicação


com as fossas nasais, inferiormente pela face superior do palato mole e pelo istmo
faríngeo, e em cima pela base do crânio.
O istmo faríngeo é um estreitamento ao nível do palato mole que separa a naso da
orofaringe. É limitado anteriormente pelo palato mole, lateralmente pelos arcos palato-
faríngeos e postero-lateralmente pela parede da faringe. Um funcionamento correcto
do istmo faríngeo é fundamental na fonação e na deglutição, prevenindo o
aparecimento de rinolália aberta e de refluxo oronasal dos alimentos.
O recesso faríngeo localiza-se acima do istmo e corresponde à parte mais larga da
parede posterior. É formado pela extensão lateral, de cada lado do istmo.
Adiante e abaixo do recesso faríngeo, imediatamente acima do nível do pavimento das
fossas nasais, na parede lateral da nasofaringe está localizado o orifício interno
(medial) da trompa auditiva (trompa de Eustáquio). O seu contorno posterior contém
cartilagem que é proeminente, formando o torus tubáreo.
Os ossos esfenoide e occipital formam o tecto da nasofaringe e as paredes do recesso
faríngeo. Nas crianças e por vezes nos adultos, as paredes do recesso faríngeo e o
tecto da nasofaringe contêm uma grande quantidade de tecido linfoide que forma a
amígdala faríngea, também conhecida como adenóides. Esta estrutura não possui
uma cápsula fibrosa. Os adenóides variam muito no seu volume e estendem-se até à
parede posterior e inferiormente até ao orifício da trompa auditiva. O tecido linfoide
existente no contorno da trompa auditiva é conhecido como amígdala tubárea ou de
Gerlach.
Na linha média existe uma depressão, rodeada por tecido linfoide que se designa por
bolsa faríngea.
O lobo anterior da hipófise tem origem a partir de um divertículo, a bolsa de Rathke,
que se localiza na profundidade da mucosa ou no periosteo, junto à articulação
esfeno-vomeriana média.

Orofaringe

A orofarínge continua-se adiante com a cavidade oral, através do istmo das fauces ou
istmo orofaríngeo. É limitada em cima pelo bordo posterior do palato mole,
lateralmente pelos arcos palatinos, inferiormente pela porção posterior da face
superior da língua. Por baixo do istmo das fauces, a sua parede anterior é formada
pela porção mais posterior do dorso da língua. Posteriormente à base da língua, vê-se
o bordo livre da cartilagem epiglote da laringe, que se encontra unida à língua por três
pregas, as pregas glosso-epiglóticas, mediana e laterais. Entre estas pregas
encontram-se as valéculas glosso-epiglóticas.
A amígdala lingual é um conjunto irregular de tecido lifoide que se localiza na base da
língua, ao nível da submucosa. A amígdala lingual, ao contrário das amígdalas
palatinas, não tem uma cápsula fibrosa.
Na parede lateral da orofaringe descrevem-se os arcos palatinos, também designados
como pilares amigdalinos. As amígdalas palatinas localizam-se entre os arcos
palatinos. O arco anterior, ou prega glosso-palatina, apresenta no seu interior o
músculo palato-glosso. O arco posterior é mais proeminente estendendo-se desde o
palato mole até à parede postero-lateral da orofaringe. Apresenta no seu interior o
músculo palato-faríngeo.

Anel amigdalino de Waldeyer


É um círculo de tecido linfoide, constituído pelo conjunto das amígdalas, lingual,
palatinas, faríngeas (adenóides), amígdala tubárea e folículos linfoides espalhados
pela superfície da mucosa da parede posterior da faringe que se designam no seu
conjunto por cordões laterais da faringe.

Amígdalas palatinas
As amígdalas palatinas são a maior estrutura lifoide do anel de Waldeyer. São
constituídas por tecido linfoide e possuem uma cápsula fibrosa. A cápsula está unida
aos músculos da faringe por um tecido conjuntivo laxo, o que permite a dissecção da
amígdala e sua cápsula, do músculo, através do espaço perifaringeo. Apresentam na
sua superfície numerosas criptas, as criptas amigdalinas.
A loca amigdalina é limitada pelos músculos constritor superior da faringe e palato-
faríngeo. O IX par craniano, o nervo glosso-faríngeo passa profundamente a estes
músculos.
A apófise estiloideia, pode eventualmente ter um comprimento exagerado, alcançando
a fossa amigdalina e pode ser assim, causa de patologia.
As artérias que se destinam às amígdalas palatinas penetram maioritariamente, o
órgão junto ao seu pólo inferior.
A drenagem venosa das amígdalas é feita maioritariamente para a veia lingual.
Os linfáticos das amígdalas palatinas são constituídos por uma rede muito rica que
drena preferencialmente para os gânglios linfáticos profundos superiores, gânglios
submandibulares e gânglios cervicais superficiais.

Laringo-faringe ou Hipofaringe

Esta parte da faringe termina, em cima, ao nível do osso hióide, em baixo, ao nível do
bordo inferior da cartilagem cricoideia da laringe, local onde se estreita para se
continuar com a extremidade superior do esófago. Postero-lateralmente é limitada pelo
osso hióide e pela cartilagem tiroideia da laringe e anteriormente é limitada:
lateralmente pela mucosa da face medial da cartilagem tiroideia, medialmente pela
laringe, superiormente pela epiglote e pelo aditus laríngeo, inferiormente pela face
posterior das cartilagens aritnoideias e pelas pregas anexas a estas cartilagens, e
ainda pela cartilagem cricoideia e pelos músculos que nela se inserem e que são
recobertos posteriormente pela mucosa da faringe.

Seio piriforme
É uma estrutura descrita na hipofaringe e que é limitado lateralmente pela cartilagem
tiroideia e pela membrana tiro-hioideia, medialmente pela prega aritnoepiglótica,
cartilagem aritnoideia e cartilagem cricoideia, em cima pelas pregas glosso-epiglóticas
e posteriormente é aberto para a restante hipofaringe.

Músculos da faringe
Os músculos da faringe dividem-se em dois grupos. Os músculos circulares (músculos
constritores) e os músculos longitudinais.
Todos os músculos da faringe são enervados pelo nervo glosso-faríngeo, IX par
craniano, à excepção do músculo estilo-faríngeo. Os músculos da faringe recebem
também enervação do X par craniano, nervo vago.

Os músculos constritores, inserem-se posteriormente na linha média, constituindo a


rafe faríngea.
Os músculos constritores são três: superior, médio e inferior. As fibras musculares
orientam-se genericamente a partir da linha média, posteriormente, para baixo e para
diante. As fibras superiores do constritor médio sobrepõem-se às fibras inferiores do
constritor superior e as fibras superiores do constritor inferior sobrepõem-se às fibras
inferiores do constritor médio.
A trompa auditiva, penetra na faringe acima da inserção da fascia faringo-basilar, entre
os músculos elevador e tensor do palato. O músculo constritor inferior é constituído
por dois feixes, o feixe tiro-faringeo e o feixe crico-faríngeo. As fibras do tiro-faríngeo
são obliquas e as do crico-faríngeo são horizontais. Entre estes, existe uma área
deiscente (de Killian) que está na origem da formação do divertículo faríngeo (de
Zenker). O músculo crico-faríngeo corresponde à transição com o esófago, prevenindo
regurgitação em caso de falência do esfíncter esofágico inferior e funcionando como
esfincter esofágico superior.

Os músculos longitudinais são, o músculo palato-faríngeo, que ocupa o interior do pilar


amigdalino posterior, o músculo salpingo-faríngeo, que se estende desde a cartilagem
da trompa auditiva até à parede lateral da faringe, formando uma prega na mucosa, a
prega salpingo-faríngea. O músculo estilo-faríngeo origina-se no processo estiloideu,
as fibras têm um trajecto descendente, passam entre as artérias carótida interna e
externa e insere-se na faringe, entre os constritores superior e médio.

Enervação da faringe

A faringe recebe enervação do plexo faríngeo que enerva as fibras motoras e a


maioria das fibras sensitivas da faringe. Este plexo é formado pelos ramos faríngeos
dos IX e X pares cranianos e por fibras do gânglio simpático cervical superior.

Artérias da faringe

A faringe é irrigada pela artéria faríngea ascendente, ramo da artéria carótida externa.
Recebe ainda ramos da artéria tiroideia superior, da artéria tiroideia inferior, da artéria
do canal pterigoideu (artéria vidiana), um ramo da artéria maxilar, um ramo da artéria
esfeno-palatina e pelas artérias tonsilares.

Veias da faringe

A drenagem venosa é feita para o plexo faríngeo que é formado pela confluência das
veias da faringe. O plexo faríngeo comunica em cima com o plexo pterigoideu e em
baixo com as veias tiroideia superior e lingual, ou directamente com a veia facial ou a
veia jugular interna.
Existe um segundo plexo faríngeo, localizado junto à mucosa da faringe e que
comunica com as veias superficiais da língua e drena para as veias laríngeas
superiores e para as veias esofágicas.

Linfáticos da faringe
A mucosa da faringe possui uma rede linfática muito rica, particularmente na zona da
amígdala palatina. Os linfáticos da parede superior da nasofaringe e da parede
posterior drenam para o gânglio latero-faríngeo que é um gânglio constante, medial
em relação à carótida interna.
Os linfáticos da região tonsilar drenam directamente para os gânglios cervicais
profundos. Também os linfáticos do seio piriforme e de toda a hipofaringe drenam para
os gânglios cervicais profundos.
O plexo linfático da parede posterior recebe os linfáticos das fossas nasais.
Os linfáticos da faringe drenam ainda para os gânglios retro-faríngeos.

ESÓFAGO

O esófago é um tubo muscular com cerca de vinte e cinco centímetros de


comprimento, que une a faringe, ao estômago. Inicia-se no pescoço, ao nível do bordo
inferior da cartilagem cricoideia da laringe e da sexta vértebra cervical. Tem a partir
daí, um trajecto descendente, adiante da coluna vertebral, no mediastino posterior.
Atravessa o diafragma, ao nível da décima vértebra torácica e termina ao nível da
décima primeira vértebra torácica, no cárdia do estômago.
O esófago acompanha no seu trajecto, as curvaturas antero posteriores da coluna
vertebral. No plano frontal (coronal), inicia-se na linha média, inclina-se ligeiramente
para a esquerda, após o que regressa à linha média.
É a parte mais estreita do tubo digestivo, exceptuando o apêndice vermiforme.
Aos quinze centrimetros de comprimento, contados a partir da porção mais anterior da
arcada dentária, apresenta o esfincter esofágico superior. Aos 22 cm é cruzado pelo
arco aortico, aos 27cm é cruzado pelo brônquio principal esquerdo e atravessa o
diafragma aos 40cm. Estas medidas têm importância como referência, durante a
realização de exames endoscópicos.
O esófago divide-se em, esófago cervical, esófago torácico e esófago abdominal.
O esófago cervical, localiza-se posteriormente à traqueia e está unido a esta por tecido
conjuntivo laxo. No sulco entre a traqueia e o esófago, corre o nervo laríngeo
recorrente (laríngeo inferior). Atrás do esófago encontra-se a coluna vertebral, o
músculo longo do pescoço (longo do colo), e a porção prévertebral da fascia cervical
profunda. De cada lado encontra-se o feixe vasculo-nervoso do pescoço, e a
extremidade posterior dos lobos laterais da glândula tiroideia.
O esófago torácico, localiza-se um pouco para a esquerda da linha média, ao nível do
mediastino superior, entre a traqueia e a coluna vertebral. Passa atrás do arco aórtico
e desce no mediastino posterior, junto à vertente direita da aorta torácica. Penetra o
diafragma, entrando na cavidade abdominal ao nível da décima vértebra torácica.
Relaciona-se de cima para baixo, com as seguintes estruturas: à frente, traqueia,
artéria pulmonar direita, brônquio principal esquerdo, átrio esquerdo (aurícula
esquerda). Atrás, a coluna vertebral, o músculo longo do pescoço, artérias intercostais,
canal torácico, veia àzigos. Próximo do diafragma a aorta ocupa uma posição
posterior. No mediastino superior, relaciona-se, à esquerda, com a porção terminal do
arco aórtico, com a pleura esquerda e com o nervo laríngeo inferior (recorrente
laríngeo). À direita relaciona-se com a pleura direita e com a veia ázigos. O nervo vago
direito, a este nível localiza-se, na face posterior do esófago, e o esquerdo na face
anterior. Os nervos vagos formam um plexo em redor do esófago. O canal torácico
localiza-se atrás e à esquerda do esófago.
O esófago abdominal, inicia-se ao nível do orifício esofágico do diafragma,
ligeiramente à esquerda da linha média, ao nível da décima vértebra torácica.
Relaciona-se a este nível com a superfície posterior do lobo esquerdo do fígado, onde
produz um sulco. Tem a nível abdominal a forma de um cone truncado com cerca de
um centímetro de comprimento, encurvando-se marcadamente para a esquerda e
continuando-se com o cardia do estômago. A sua vertente direita continua-se com a
pequena curvatura do estômago, ao passo que a sua vertente esquerda está separada
do fundo do estômago pela incisura do cardia. A este nível o esóafgo encontra-se
revestido por peritoneu, e relaciona-se com as artérias frénicas inferiores.

Artérias do esófago
O esófago cervical é irrigado pela artéria tiroideia inferior. O esófago torácico é irrigado
pelas artérias brônquicas e pelas artérias esofágicas, que são três ou quatro artérias
que se originam da face anterior da aorta. A porção inferior do esófago torácico e o
esófago abdominal é irrigada por ramos das artérias frénicas e ramos da artéria
gástrica esquerda. Existe uma grande quantidade de anastomoses entre estes vasos,
formando-se uma rede vascular esofágica.

Veias do esófago
A drenagem venosa do esófago é feita para um plexo venoso submucoso e depois
para um plexo venoso peri-esofágico. As veias esofágicas originam-se a partir deste
plexo. As veias do esófago torácico drenam essencialmente para as veias ázigos.
Existe também alguma drenagem para as veias brônquicas. O esófago cervical drena
para a veia tiroideia inferior. A porção abdominal do esófago drena para a veia gástrica
esquerda e daí para a veia porta.
As anastomoses existentes entre as veias esofágicas e a veia gástrica esquerda, põe
em comunicação a circulação da veia cava e a circulação da veia porta, constituindo
uma anastomose porto-cava. Em caso de hipertensão na veia porta, estas
anastomoses vão permeabilizar, levando à formação de varizes esofágicas. As varizes
esofágicas podem ser observadas em exame endoscópico, visto localizarem-se
superficialmente a nível da lâmina própria.

Linfáticos do esófago
O esófago possui uma rica rede linfática submucosa. Os vasos linfáticos eferentes da
região cervical drenam para os gânglios cervicais profundos, quer directamente, quer
através dos gânglios para-traqueais. Os vasos linfáticos do esófago torácico drenam
para os gânglios mediastínicos posteriores. Os da porção abdominal do esófago,
drenam para os gânglios linfáticos gástricos esquerdos. Alguns vasos linfáticos
esofágicos podem drenar directamente para o canal torácico.

Enervação
A porção superior do esófago é enervada por ramos do nervo laríngeo recorrente
(laríngeo inferior) e por fibras simpáticas pós ganglionares que alcançam o esófago,
percorrendo as artérias tiroideias inferiores. A porção inferior do esófago é enervada
pelo plexo esofágico que é uma rede de fibras do sistema nervoso autónomo e que
contem fibras simpáticas e para-simpáticas. As fibras motoras são fornecidas pelo
nervo vago. Este nervo fornece ainda fibras secreto-motoras para as glândulas da
mucosa esofágica e fibras sensitivas.
Existem fibras viscerais aferentes que veiculam a dor e que caminham pelas fibras
simpáticas dos primeiros quatro segmentos da medula espinal. Estes segmentos
recebem também fibras aferentes do coração. Este facto explica o porquê de ser por
vezes difícil distinguir clinicamente entre dor esofágica e cardíaca.

GLÂNDULAS ANEXAS AO TUBO DIGESTIVO

Consideram-se glândulas anexas ao tubo digestivo, as salivares, o fígado e o


pâncreas.
GLÂNDULAS SALIVARES
As glândulas salivares são glândulas exócrinas, que lançam a saliva no interior da
cavidade oral.
De acordo com o seu volume, estas glândulas podem dividir-se em duas categorias –
menores e maiores.

Glândulas Salivares Menores ou Minor


Encontram-se disseminadas por toda a extensão da mucosa bucal. Podem agrupar-se
em:
Glândulas palatinas – situam-se na abóbada palatina.
Glândulas labiais – ocupam a face posterior dos lábios.
Glândulas jugais – estão anexas à mucosa das bochechas. E, na região
desta mucosa que está mais próxima do orifício de abertura do canal
parotidiano, as glândulas denominam-se de glândulas molares.
Glândulas linguais – distinguem-se as seguintes: anexas às papilas
caliciformes; anexas às papilas foliadas; as que ocupam a porção
posterior dos bordos laterais da língua, as glândulas linguais (de Weber);
e as que ocupam a face inferior da língua, as glândulas linguais
anteriores (de Blandin ou de Nuhn).

Glândulas Salivares Maiores ou Major


São glândulas pares, dispostas à volta da cavidade bucal comunicando para o seu
interior através dos seus canais excretores. São a parótida, a submandibular e a
sublingual.

Glândula Parótida
É a mais volumosa das glândulas salivares (Fig. 197). Situa-se atrás do ramo
ascendente da mandíbula, numa escavação profunda, o espaço parotidiano, por baixo
do canal auditivo externo, adiante das apófises mastóide e estilóide e dos músculos
que aí se inserem. O seu peso aproximado é de 25 gramas. Apresenta uma forma
prismática triangular, portanto, consideramos: uma face lateral, uma anterior, uma face
posterior, uma extremidade superior, uma extremidade inferior, um bordo anterior, um
bordo medial e um bordo posterior.
A face lateral é convexa e está coberta pela aponevrose cervical superficial que se
estende adiante da bainha do esternocleidomastoideu até à aponevrose massetérica.
A face anterior tem a forma de um canal vertical, côncavo para diante. Relaciona-se,
de fora para dentro, com o bordo posterior do masséter e sua aponevrose, com o
bordo posterior do ramo ascendente da mandíbula, com o pterigoideu medial e seu
revestimento aponevrótico.
A face posterior olha para trás, para baixo e para dentro. Relaciona-se, de fora para
dentro, com o bordo anterior do esternocleidomastoideu, com o digástrico, com o
estilo-hioideu e com o estiloglosso.
A extremidade superior relaciona-se adiante com a articulação temporomandibular e
atrás com o canal auditivo externo.
A extremidade inferior repousa sobre o septo fibroso que separa a parótida da
glândula submandibular.
O bordo anterior relaciona-se com a face lateral do masseter. É deste bordo que
emerge o canal da glândula.
O bordo medial segue o ligamento estilomaxilar.
O bordo posterior relaciona-se com o bordo anterior do esternocleidomastoideu.
O canal excretor da glândula parótida é o canal parotidiano (de Sténon). Tem o seu
trajecto na bochecha. O orifício de abertura deste canal, no interior da cavidade bucal,
situa-se ao nível dos molares superiores.
O nervo facial VII par craniano, após a saída da base do crânio pelo buraco estilo-
mastoideu, penetra na glândula parótida. No interior da glândula o nervo origina os
seus ramos terminais. Embora não exista uma separação morfológica, a passagem
deste nervo pela glândula permite definir dois lobos, um superficial, para fora do nervo
e um profundo, para dentro do nervo e seus ramos.
As artérias que vascularizam a parótida são os ramos parotidianos da carótida externa
e da auricular posterior. As veias drenam para a jugular externa. Os linfáticos
terminam nos gânglios linfáticos parotidianos. Os nervos provêm do nervo aurículo-
temporal, ramo auricular do plexo cervical superficial e do simpático anexo à carótida
externa.

Glândula Submandibular
Situa-se na porção lateral da região supra-hioideia e ocupa a depressão compreendida
entre a face medial da mandíbula e os músculos supra-hióideus, por um lado e, a face
lateral da base da língua e da faringe, por outro (Fig. 198). Apresenta a forma de uma
amêndoa e pesa, aproximadamente, 7 gramas.
Consideramos a existência de três faces, três bordos e duas extremidades.
A face lateral superior relaciona-se com a fossa submandibular e, atrás desta, com a
face medial do pterigoideu medial.
A face lateral inferior é revestida pela aponevrose cervical superficial, o platisma e a
pele.
A face medial ou profunda relaciona-se adiante com os músculos digástrico,
milohioideu e hioglosso, com o nervo hipoglosso, e, por intermédio do músculo
hioglosso, com a artéria lingual; atrás relaciona-se com a parede lateral da faringe,
cruzada a este nível pelo músculo estiloglosso.
O bordo lateral relaciona-se com o bordo inferior da mandíbula.
O bordo superior relaciona-se adiante o músculo milohioideu, atrás com o sulco
alveolo-lingual.
O bordo inferior é convexo para baixo.
A extremidade anterior situa-se um pouco atrás do ventre anterior do digástrico.
A extremidade posterior relaciona-se com o septo intermaxiloparotidiano.
No interior do espaço submandibular, a glândula relaciona-se com a veia facial, com
os nódulos linfáticos submandibulares e com a artéria facial.
Ao nível do músculo milo-hioideu, a glândula submandibular divide-se em dois
prolongamentos, um por dentro e outro por fora do músculo, sendo o último o mais
volumoso.
O canal excretor desta glândula denomina-se canal submandibular (de Wharton),
mede cerca de 4 a 5 cm e abre-se no pavimento da boca, de cada lado do freio da
língua.
A irrigação arterial é da responsabilidade das artérias facial e submentoniana. As veias
drenam para a veia facial. Os linfáticos drenam para os gânglios submandibulares. Os
nervos provêm do gânglio submaxilar, do nervo lingual e da corda do tímpano, por
intermédio do nervo lingual.

Glândula Sublingual
Situa-se no pavimento da boca, por baixo da mucosa do sulco alvéolo-lingual. É
alongada no sentido do sulco, aplanada transversalmente e ligeiramente afilada nas
suas extremidades. Pesa, aproximadamente, 3 gramas.
A glândula sublingual possui cerca de 15 a 30 canais excretores, sendo o canal
sublingual maior o mais volumoso desta glândula; nasce na face profunda da glândula,
contorna o canal submandibular, abrindo-se por fora deste, na carúncula sublingual.
Os restantes canais excretores são pequenos e curtos e denominam-se canais
sublinguais menores e terminam por fora do canal maior, ao longo da eminência
sublingual formada por esta glândula.
A irrigação arterial é realizada pela artéria sublingual. A drenagem venosa é feita pelas
veias profundas da língua. A drenagem linfática faz-se para os gânglios
submandibulares e para os da cadeia jugular interna. Os nervos são provenientes do
gânglio sublingual e da corda do tímpano, por intermédio do nervo sublingual, ramo do
nervo lingual.

As glândulas salivares possuem dois tipos principais de células, as células serosas,


cuja secreção é rica em proteínas e pobre em hidratos de carbono, e as células
mucosas cuja secreção é pobre em proteínas e rica em hidratos de carbono. Existem
ainda células que são uma combinação dos dois tipos que são designadas como
células serosas em meia-lua.
As glândulas dos lábios, região geniana e da porção anterior do pavimento da boca,
produzem uma mistura fluida, composta por secreção serosa e mucosa. Por outro
lado. As glândulas localizadas na porção posterior do palato, na faringe e na língua,
produzem uma solução mucosa viscosa que protege a membrana mucosa dessas
zonas.
As glândulas salivares major são responsáveis por 85 a 90 por cento de toda a saliva
produzida. Para além de proteínas e hidratos de carbono, a parótida segrega amilase,
uma enzima que tem um papel na digestão dos hidratos de carbono. Assim, a
capacidade de actuar como tampão da saliva, resulta da secreção iónica das
glândulas salivares. Estas secreções são recolhidas e modificadas ao longo do
complexo sistema de ductos secretórios.

A unidade funcional das glândulas salivares é o alvéolo ou ácino. Um ácino é um


conjunto de de células de forma piramidal, mucosas ou serosas ou uma combinação
das duas. Estas células secregam para um canal colector terminal. Os canais
colectores são denominados ductos intercalados ou peça secretória terminal. Todas as
glândulas salivares, major e minor, são compostas por muitos ácinos. No entanto as
glândulas major contêm mais ácinos que por sua vez se organizam em lóbulos e em
lobos.
Cada tipo de célula produz um tipo diferente de secreção. As serosas segregam
principalmente proteínas e pequenas quantidades de hidratos de carbono. Segregam
ainda grânulos de zimogenio que é um precursor da enzima amilase. A secreção
serosa é aquosa.
As células mucosas produzem uma secreção rica em hidratos de carbono e pobre em
proteínas. Esta secreção é viscosa e é designada por muco.
As glândulas salivares são glândulas merocrinas porque o seu modo principal de
excreção é feito através de pequenas vesículas membranares que alcançam o apex
da célula. Estas vesículas fundem-se com a membrana celular e são então
exteriorizadas para o lúmen dos ductos.

As parótidas contribuem com cerca de 25% do total de saliva. As submandibulares,


embora mais pequenas, produzem cerca de 60% do total de saliva. As sublinguais são
responsáveis por cerca de 5% da saliva produzida. As glândulas minor têm no seu
conjunto uma produção equivalente às sublinguais.

Saliva

Composição
Todas as glândulas salivares, major e minor contribuem para a composição da saliva.
Esta composição varia de acordo com os níveis de secreção que normalmente são
baixos durante o sono e altos, cerca de 1ml por minuto, durante a estimulação. A
secreção salivar é controlada pelo centro salivar, no cérebro e o fluxo é gerado pelo
sentido do gosto. A mastigação é controlada através de receptores localizados no
periodonto e nos músculos mastigadores. A dor na cavidade oral e na faringe pode
também induzir a secreção salivar.
A saliva possui menos iões e proteínas que o sangue. A saliva contem potássio,
cloreto de sódio, cálcio, magnésio, fósforo, carbonatos, ureia, e vestígios de amónia,
ácido úrico, glicose e lípidos. A principal proteína salivar é a amilase que é segregada
pela parótida e em menor quantidade pela submandibular. As sublinguais e as
glnândulas minor não produzem amilase. A saliva contem ainda proeinas lizossomais
e albumina. A textura viscosa da saliva resulta da presença de mucina que é uma
mistura de glicoproteinas. A saliva contem células descamadas do epitélio da cavidade
oral, linfocitos, provenientes das amígdalas e leucócitos provenientes das bolsas
gengivais.

Funções
A saliva tem como principais funções as seguintes:
Lavar as superfícies dos dentes e reduzir a possibilidade de ataque ácico que provoca
cárie dentária
Manter os tecidos da cavidade oral húmidos e proteger contra agentes irritantes e a
secura.
Auxiliar os processos de mastigação e deglutição.
Induzir proteção antibacteriana.
Colaborar na formação de película que é membrana protectora da superfície dos
dentes.
Providenciar protecção, neutralizando ácidos e actuando como tampão, prevenindo a
dissolução do esmalte.

A presença de cálcio e iões de fosfato na saliva aumenta a dureze da supefície do


esmalte dos dentes recém erupcionados e tem um papel facilitador da
remineralização.
Através da acção da amilase os hidratos de carbono são decompostos em estruturas
mais facilmente digeridas.
A saliva também melhora a percepção dos sabores, dissolvendo os alimentos numa
solução que é levada ao contacto com os corpúsculos gustativos.
A saliva contem numerosas proteínas entre as quais, lisozimas, lactoperoxidase, e
lactoferrina que têm actividade antimicrobiana.
Adicionalmente a saliva possui anticorpos (imunoglobulinas), tais como a
imunoglobulina A (IgA).
A saliva possui ainda um factor de crescimento epidérmico que tem um papel auxiliar
na cicatrização da mucosa.
Durante a maior parte do dia e durante a noite, a secreção salivar é mínima. A
secreção salivar está dependente da do sentido do gosto e da mastigação.
O sabor, o olfacto, as terminações nervosas no ligamento periodontal e nos músculos
mastigadores, têm um papel conjunto fundamental no fluxo salivar.

SISTEMA NERVOSO CENTRAL

O estudo e compreensão da organização do Sistema Nervoso só podem ser


completas se estiver presente o esquema da sua estrutura. Realmente, na unidade
histológica simples encontram-se definidos os elementos que constituem o complexo
sistema. Essa unidade é a célula nervosa a que se dá o nome de neurónio.
Esta célula é constituída por um corpo celular e vários prolongamentos entre os quais
se conta o axónio, encarregado de conduzir os estímulos. Do ponto de vista fisiológico,
o corpo do neurónio desempenha o papel de receptor e também de integrador, isto é,
recebe o estímulo e prepara a resposta.
Os neurónios encontram-se organizados em arcos reflexos em que existe um receptor,
uma via aferente, um centro (sempre constituído por um ou mais corpos celulares),
uma via eferente e um efector.
Cada célula é capaz, por isso, de dar respostas muito simples mas se estão
agrupadas as respostas são mais elaboradas. Formam-se, por isso, verdadeiros
ninhos celulares que, no caso de se encontrarem independentes se denominam
gânglios e no caso de se encontrarem no seio de tecido nervoso tomam o nome de
núcleos. Estes dois pequenos órgãos possuem já uma organização que se encontra
muito mais desenvolvida no conjunto do sistema nervoso.
Deste modo, cada neurónio, no seu arco reflexo, funciona como um pequeno sistema
nervoso, e cada gânglio ou núcleo como um pequeno sistema nervoso mais complexo.
Por outro lado, o estímulo que atinge o receptor pode passar por um arco reflexo
simples indo à medula e voltando, ou pode subir na medula, ir a um centro mais alto, e
voltar. Esta possibilidade permite que as acções de resposta possam ser
inconscientes, indo apenas à medula, ou conscientes se subirem até ao cérebro.
O estudo do sistema nervoso considera, por um lado, a existência do Sistema Nervoso
Central e do Sistema Nervoso Periférico e, por outro lado, um Sistema Nervoso da
Vida Vegetativa e um Sistema Nervoso da Vida de Relação.
Denomina-se Sistema Nervoso Central (Quadro XL) a parte do sistema nervoso que
possui corpos celulares e que está contido dentro de uma caixa óssea. A caixa a que
nos referimos é o crânio e o canal vertebral que alojam, respectivamente o encéfalo e
a medula espinal. Os prolongamentos periféricos são constituídos por axónios. Por
este motivo só o Sistema Nervoso Central tem capacidade de integração e de decisão,
sendo o periférico mero elemento de condução.
Consideram-se os seguintes segmentos:
Medula Espinhal
Tronco Cerebral
Cerebelo e Pedúnculos Cerebelosos
Cérebro

TRONCO CEREBRAL

Constitui o elemento de ligação da medula (Fig. 227) ao cérebro e ao cerebelo e é


constituído por:
Bulbo raquidiano ou mielencéfalo.
Protuberância anular, ponte ou metencéfalo.
Istmo ou mesencéfalo.

BULBO RAQUIDIANO
O bulbo raquidiano é limitado, em cima, pela protuberância anular e, em baixo, por um
plano, que passa por baixo da decussação das pirâmides e por cima do primeiro nervo
cervical.
Estes limites podem corresponder ao nível do esqueleto, em cima, à porção média da
goteira basilar e, em baixo, ao nível do bordo superior dos arcos anterior e posterior do
atlas.
A forma do bulbo é a de um tronco de cone de base maior superior, sendo achatado
de diante para trás e medindo cerca de 3 cm de maior eixo.
O bulbo raquidiano ocupa o canal raquidiano e a cavidade craniana.
Relaciona-se adiante com a goteira basilar do occipital e com a apófise odontoideia do
áxis, separado desta por ligamentos.
Atrás é coberto pelo cerebelo e, mais em baixo, corresponde ao espaço situado entre
o occipital e o arco posterior do atlas.
Lateralmente, relaciona-se com o cerebelo e com a articulação occipito-atloideia,
sendo cruzado pela artéria vertebral.
Tem forma de um tronco de cone, apresentando quatro faces, um vértice e uma base.
A face anterior apresenta na linha média a fissura mediana anterior (Fig. 227), que
termina ao nível da protuberância, no foramen cecum ou buraco cego (de Vicq d'Azyr).
Em baixo, esta fissura é interrompida por vários feixes que se entrecruzam, tomando o
nome de decussação das pirâmides.
De cada lado da fissura mediana anterior, encontram-se dois cordões brancos, as
pirâmides, que continuam os cordões anteriores da medula.
Do sulco transversal ou bulbo-protuberancial, que separa a face anterior do bulbo da
protuberância, destaca-se o nervo abducente (VI par).
As pirâmides estão separadas da face lateral do bulbo por um sulco vertical, o sulco
ventrilateral (ou ântero-lateral) (situado adiante da oliva) de onde emerge o nervo
hipoglosso (XII par).
A face posterior apresenta duas porções: a inferior, em que se descrevem os
prolongamentos dos sulcos e dos feixes grácil e cuneiforme da face posterior da
medula espinal e uma superior, em que os cordões posteriores divergem, abrindo-se o
canal do epêndima e formando o triângulo inferior do pavimento do 4º ventrículo (Fig.
228).
As faces laterais estão situadas entre a face anterior e a posterior do bulbo, ou mais
precisamente entre os sulcos ventrilateral e dorsolateral. A face lateral é constituída
pelo cordão lateral, onde se situa uma saliência ovóide, a oliva bulbar, limitada,
adiante pelo sulco ventrilateral de onde emergem as fibras do hipoglosso, atrás, pelo
sulco retroolivar, onde se origina o glossofaríngeo (IX par), o vago (X par) e o
acessório (XI par). Em cima, a oliva está separada da protuberância pela fosseta
supra-olivar de onde emergem os nervos facial e intermediário de Wrisberg (VII par).
Esta fosseta continua-se atrás por outra, a fosseta lateral do bulbo, onde se encontra a
raiz do nervo vestíbulo-coclear (VIII par).
O vértice do bulbo continua-se com a medula espinhal.

PROTUBERÂNCIA ANULAR, METENCÉFALO ou PONTE (de VARÓLIO)


A protuberância anular, metencéfalo ou ponte (de Varólio), é a porção média e mais
volumosa do tronco cerebral. Está compreendida entre o bulbo raquidiano em baixo e
os pedúnculos cerebrais ou mesencéfalo em cima. Lateralmente, continua-se pelos
pedúnculos cerebelosos médios, que ligam a protuberância ao cerebelo. Apoia-se
sobre a goteira basilar (Fig. 227 e 228).
Tem o formato cubóide, achatado no sentido ântero-posterior.
A face anterior é convexa transversalmente e apoia-se na goteira basilar. Encontra-
se, na linha média, o sulco basilar, que se relaciona com o tronco basilar.
De cada lado do sulco basilar, encontram-se os feixes piramidais.
Por fora encontra-se a emergência das raízes do nervo trigémio (V par), a grande raiz
ou sensitiva e a pequena raiz ou motora, situada adiante e por dentro da primeira.
A face posterior corresponde à porção protuberancial do pavimento do quarto
ventrículo.
A face inferior corresponde à base do bulbo raquidiano.
A face superior corresponde aos pedúnculos cerebrais.
As faces laterais confundem-se com os pedúnculos cerebelosos médios.

ISTMO ou MESENCÉFALO
É constituído por uma porção anterior, os pedúnculos cerebrais e por uma posterior, a
lâmina quadrigémia.
Pedúnculos cerebrais
São dois feixes brancos, cilíndricos, divergentes, um direito e outro esquerdo, que
unem a protuberância anular ao cérebro. Encontram-se situados, adiante sobre a
lâmina quadrilátera do esfenóide e bordo posterior da sela turca; atrás relacionando-se
com os tubérculos quadrigémeos e lateralmente com os lobos temporais e com a
circunvolução do hipocampo (Fig. 227 e 228).
Estão ligados ao cerebelo por intermédio dos pedúnculos cerebelosos superiores.
Podem distinguir-se quatro faces:
A face ântero-inferior corresponde à lâmina quadrilátera do esfenóide e à sela turca;
a face póstero-superior, que corresponde à lâmina quadrigémea; a face lateral, que
é coberta pela circunvolução do hipocampo; e a face medial onde se encontra o sulco
do oculomotor (III par), por onde emergem os filetes deste nervo.
A extremidade posterior continua-se com a face superior da protuberância anular, com
a qual se vai confundir. A extremidade anterior confunde-se com a porção inferior dos
núcleos opto-estriados.

Lâmina quadrigémia
É constituída pelos quatro tubérculos (colículos) quadrigémios, que se encontram na
face póstero-superior dos pedúnculos cerebrais.
Dispostos aos pares, de cada lado da linha mediana, os tubérculos distinguem-se em
ântero-superiores (ou craniais) e póstero-inferiores (ou caudais).
Os tubérculos quadrigémios encontram-se situados por cima do véu medular cranial
(válvula de Vieussens), por baixo da epífise ou glândula pineal e atrás da face póstero-
superior dos pedúnculos cerebrais.
Por baixo dos tubérculos quadrigémios póstero-inferiores, o sulco ântero-posterior do
sulco cruciforme termina numa saliência, o freio do véu medular cranial.
De um e doutro lado deste freio, observa-se a origem aparente do nervo troclear (IV
par), que se dirige para fora e para diante, contornando a face lateral dos pedúnculos
cerebrais.

Constituição anatómica do tronco cerebral


O tronco cerebral apresenta substância branca e substância cinzenta disposta em
núcleos. Estes núcleos podem ser divididos em núcleos dos pares cranianos e núcleos
próprios do tronco cerebral (Fig. 228).
Os núcleos dos pares craneanos constam do quadro nº XLIII.
Os núcleos próprios do tronco cerebral são:
- Núcleo grácil, cuneiforme e de Von Monakow: Estão situados na porção inferior e
posterior do bulbo. Estes três núcleos constituem a extremidade superior dos feixes do
cordão posterior com o mesmo nome.
- Oliva bulbar e núcleos para-olivares: A oliva bulbar é uma lâmina de substância
cinzenta pregueada com uma forma cilíndrica, aberta para trás, de cada um dos lados
da oliva encontram-se as para-olivas.
- Núcleos da ponte: Estão dispersos na porção ântero-lateral da ponte, obrigando a via
piramidal a dispor-se em fascículos. Estes núcleos fazem parte da grande via de
ligação entre o córtex cerebral e o cerebeloso.
- Núcleo rubro: Situa-se no mesencéfalo por baixo da lâmina quadrigémea.
- Substância negra (Locus niger): É uma formação nuclear pigmentada, formando uma
lâmina vertical na porção ântero-lateral do mesencéfalo, que separa em dois sectores.
- Pequenos núcleos mesencefálicos.
- Substância reticular: É uma ampla rede neuronal multi-sináptica que se encontra
dispersa por todo o tronco cerebral. Regula o ritmo sono/vigília, o tónus muscular e
coordena os sistemas vegetativos e somáticos do tronco cerebral.
Substância branca: As fibras de substância branca dispõem-se entre os núcleos
cinzentos. No bulbo encontramos os mesmos feixes que foram descritos na medula
espinal. Na protuberância encontramos feixes de substância branca que se podem
dividir em três grupos: fibras transversais, longitudinais e arciformes.

O tronco cerebral é vascularizado por ramos do sistema vértebro-basilar. As artérias


circunferenciais curtas e longas são a artéria cerebelosa posterior e inferior, a artéria
cerebelosa anterior e inferior, a artéria cerebelosa superior, a artéria cerebral posterior
e a artéria pôntica. Outros vasos são classificados como artérias paramedianas
originando-se na artéria basilar.

CEREBELO

É constituído por uma porção mediana estreita, ântero-posterior, o vérmis, e por duas
porções laterais volumosas, os hemisférios cerebelosos.
Podem distinguir-se no cerebelo três sistemas diferentes, cuja individualização é
condicionada pelo desenvolvimento filogenético: o arquicerebelo é a porção do
cerebelo que controla o equilíbrio; o paleocerebelo é a porção do cerebelo que regula
o tónus necessário à manutenção do indivíduo em pé; e o neocerebelo é a porção do
cerebelo que assegura a coordenação dos movimentos voluntários (Fig. 229).
Encontra-se no andar inferior da base do crânio, nas fossas cerebelosas do occipital.
Está situado atrás da protuberância anular e dos tubérculos quadrigémios, por cima do
bulbo raquidiano e por baixo do cérebro.
O cerebelo tem a forma de uma pinta de copas, cuja incisura olha para trás.
Descrevem-se três faces e uma circunferência (Fig. 230 e 231).
A face superior é côncava em todos os sentidos, apresentando, na sua linha
mediana, uma saliência longitudinal, o vérmis superior, que se estende desde a
incisura posterior, ou marsupial, até aos tubérculos quadrigémios. O vérmis superior
apresenta sulcos transversais e paralelos, com aspecto semelhante a vários anéis.
A face inferior é convexa em todos os sentidos, relacionando-se com as fossas
cerebelosas do occipital.
Na linha mediana observamos em toda a extensão, a valécula ou fissura inter-
hemisférica.
No fundo desta fissura encontra-se o vérmis inferior, com as mesmas características
do vérmis superior e com configuração semelhante.
De cada lado da valécula encontram-se os dois hemisférios cerebelosos, convexos em
todos os sentidos.
O vérmis inferior apresenta uma dilatação a pirâmide do vérmis (de Malacarne).
A face anterior é constituída por uma porção central ou ventricular e uma porção
periférica ou peduncular. A primeira corresponde ao prolongamento posterior do
quarto ventrículo, é limitado: em cima por uma porção do vérmis, a língula e ainda pelo
véu medular cranial (válvula de Vieussens). A porção periférica ou peduncular
corresponde aos três pedúnculos cerebelosos, que ligam o cerebelo aos pedúnculos
cerebrais, protuberância e bulbo.
O bordo circunferencial separa a face superior da inferior e apresenta na linha
mediana duas incisuras. Além disso, devem ser considerados sulcos de duas
naturezas, superficiais e profundos.
Os sulcos profundos delimitam os lóbulos cerebelosos e os sulcos superficiais
separam as lâminas cerebelosas. O sulco ou fissura horizontal é o mais importante
dos sulcos profundos, ocupa a metade posterior da circunferência do cerebelo,
terminando na face lateral do pedúnculo cerebeloso médio. Este sulco parece dividir o
cerebelo em duas porções, uma superior e outra inferior.
Os sulcos profundos dividem o cerebelo em unidades territoriais, os lóbulos
cerebelosos, que se distribuem pelo vérmis e pelos dois hemisférios.
No vérmis superior, de diante para trás, encontram-se: a língula, o lóbulo central, o
cúlmen, o declive e o folium. Na face superior, também de diante para trás,
encontramos: o freio da língula, a asa do lobo central, o lobo quadrangular anterior, o
lobo quadrangular posterior, o lobo semilunar superior e o lobo semilunar posterior.
No vérmis inferior, encontram-se, de diante para trás: o nódulo, a úvula, a pirâmide e
o túber. Na face inferior do hemisfério, também de diante para trás: o flóculo, o lóbulo
da amígdala, o lóbulo digástrico, o lóbulo grácil e o lóbulo semilunar inferior.

Pedúnculos cerebelosos
Os pedúnculos cerebelosos são três pares de cordões de substância branca que
unem o cerebelo ao tronco cerebral. Os pedúnculos cerebelosos superiores ligam o
cerebelo aos pedúnculos cerebrais, os médios o cerebelo à protuberância anular e os
inferiores ligam o cerebelo ao bulbo raquidiano.

Constituição anatómica do cerebelo


O cerebelo é constituído por substância cinzenta e por substância branca. A
substância cinzenta dispõe-se numa fina lâmina periférica, designada córtex
cerebeloso e em quatro pares de núcleos centrais: Núcleos do tecto (fastigiais), núcleo
globoso, emboliforme e dentado (Fig. 232).
As vias eferentes do cerebelo originam-se principalmente nos núcleos centrais, saindo
do cerebelo pelos pedúnculos cerebelosos superiores. A principal via eferente é a via
dento-rubro-tálamo-cortical, através da qual, o cerebelo controla a actividade no córtex
cerebral contralateral. Devido a esta disposição anatómica, cada hemisfério
cerebeloso faz a coordenação motora dos membros do mesmo lado do corpo (ao
contrário do que acontece com os hemisférios cerebrais).
As vias aferentes do cerebelo, entram principalmente pelos pedúnculos cerebelosos
inferiores e médios e estão sumariadas no quadro nº XLIV.
Vascularização: O cerebelo é vascularizado por três pares de artérias cerebelosas:
ínfero-posterior, ínfero-anterior e superior. A primeira é ramo da artéria vertebral e as
duas últimas são ramos da artéria basilar (Fig. 233).
CÉREBRO

O cérebro constitui a porção mais volumosa do encéfalo. Tem uma forma ovóide de
grande eixo ântero-posterior (cerca de 15 cm) e de grossa extremidade posterior. Pesa
cerca de 1 200 a 1 500 g.
Ocupa a quase totalidade da cavidade craniana. A sua porção superior, convexa,
corresponde à calote craniana e a porção inferior relaciona-se com os andares anterior
e médio de base do crânio e com a tenda do cerebelo.
É constituído pelo diencéfalo (cérebro intermédio) e pelo telencéfalo (córtex cerebral,
corpo caloso, corpo estriado e rinencéfalo).

DIENCÉFALO
O diencéfalo é constituído pelo: tálamo, hipotálamo, subtálamo e epitálamo.

Tálamo
O tálamo é um núcleo par, ovóide, de grande eixo ântero-posterior, com cerca de 4
cm, de grossa extremidade posterior (pulvinar), que se encontra localizado em cada
um dos hemisférios cerebrais e que constitui a parede do ventrículo médio.
O tálamo apresenta uma lâmina vertical de substância branca que se bifurca
anteriormente (lâmina medular interna) e que o divide em 5 grupos de núcleos: grupo
anterior, grupo da linha média, grupo medial, grupo lateral e grupo posterior.
Grupo anterior: Recebe fibras dos corpos mamilares e projecta-se para o córtex do
cíngulo.
Núcleos da linha média: Estão localizados por dentro do revestimento do 3º ventrículo
e na aderência inter-talâmica. Estão ligados ao hipotálamo, ao cerebelo e ao corpo
estriado.
Núcleos mediais: Incluem grande parte da substância cinzenta para dentro da lâmina
medular interna. Projectam-se para o córtex frontal.
Massa nuclear lateral: Constitui a maior parte do tálamo, inclui o núcleo reticular, o
ventral anterior, ventral lateral, lateral dorsal e ventral posterior que se subdivide em
ventral póstero-lateral e ventral póstero-medial.
Núcleos posteriores: Incluem o pulvinar, o núcleo geniculado medial (via acústica) e o
núcleo geniculado lateral (via óptica).
O tálamo tem inúmeras funções, entre as quais destacamos: integração e distribuição
de informação motora do cerebelo e núcleos basais para o córtex, distribuição de
todas as sensações (excepto o olfacto) às zonas corticais específicas, percepção do
tacto, temperatura e dor, nível de alerta e padrões de sono e ainda, estados de
percepção como agradável e desagradável.

Hipotálamo
Situa-se por baixo e ligeiramente à frente do tálamo; constitui o pavimento e paredes
inferiores do 3º ventrículo. Está condicionado pelo quiasma óptico, pelo túber cinéreo e
pelos corpos mamilares, que se encontram entre os pedúnculos cerebrais.
O hipotálamo pode ser dividido em três partes: supra-óptica (a mais anterior), que
contém os núcleos supra-óptico, supra-quiasmático e para-ventricular; tuberal,
imediatamente atrás da anterior, com os núcleos: ventro-medial, dorso-medial e
arqueado; e a porção mamilar, que é a mais posterior e contém o núcleo posterior e os
núcleos do corpo mamilar (Fig. 234).
O hipotálamo tem um papel importante na regulação do sistema nervoso autónomo,
libertação de hormonas pela hipófise, regulação da temperatura, ingestão de água e
alimentos, ciclo sono/vigília e na expressão de emoções (faz parte do sistema límbico).

Subtálamo
É uma pequena zona do tecido cerebral entre o tálamo e o mesencéfalo. O hipotálamo
situa-se à frente e para dentro do subtálamo, por fora encontra-se a cápsula interna. O
núcleo subtalâmico ou corpo de Luys é uma massa cilíndrica de substância cinzenta
situada por trás e por fora da substância negra do mesencéfalo.

Epitálamo
É constituído pelos trígonos da habénula, de cada lado do 3º ventrículo, pelo corpo
pineal (ou epífise) e pela comissura da habénula.

HEMISFÉRIOS CEREBRAIS/TELENCÉFALO
É formado por duas porções simétricas, os hemisférios cerebrais, com massa cinzenta
à periferia. Esta é constituída por uma porção periférica, o córtex cerebral e por uma
porção central, os núcleos cinzentos da base. Estes núcleos são vários: núcleo
caudado e lenticular que é constituído pelo pálido e pelo putámen, claustro e núcleo
amigdalino.
A substância branca encontra-se entre o córtex cerebral e os núcleos cinzentos
centrais.

Norma externa
O cérebro apresenta na linha média a fissura longitudinal, que divide o cérebro em
duas metades, os hemisférios cerebrais. Encontra-se separado do tronco cerebral pela
fissura transversa (de Bichat).
A fissura transversa (de Bichat) é um sulco ímpar e mediano que está situado na base
do cérebro.
Tem a forma de uma ferradura de concavidade anterior.
A porção média da fissura transversa está situada por baixo do esplénio do corpo
caloso e por cima dos tubérculos quadrigémios e as duas porções laterais são
constituídas pelo tálamo óptico e pela circunvolução do hipocampo.
Cada um dos hemisférios tem a forma de um prisma triangular, pelo que
descreveremos três faces, três bordos e duas extremidades.
A extremidade anterior ou frontal corresponde à fossa frontal, sendo a sua parte mais
saliente o pólo frontal. A extremidade posterior ou occipital corresponde à fossa
cerebral do occipital, sendo a sua parte mais saliente o pólo occipital. A face medial
relaciona-se com a foice do cérebro e está unida à face medial do hemisfério oposto,
pelas formações inter-hemisféricas. A face lateral é convexa em todos os sentidos e
corresponde à calote craniana. A face inferior é irregularmente plana e relaciona-se
com a base do crânio.
O bordo superior, corresponde à junção das faces lateral e medial e está em relação
com o bordo convexo da foice do cérebro e ao seio longitudinal superior. O bordo
lateral corresponde à junção das faces lateral e inferior. É interrompido pelo sulco
lateral. O bordo medial corresponde à junção das faces inferior e medial. Adiante e
atrás, este bordo é rectilíneo, apresentando uma curva de concavidade interna na sua
porção média, correspondendo esta curva ao istmo encefálico.
A superfície exterior do cérebro é percorrida por marcas mais ou menos profundas,
que dão ao cérebro um aspecto pregueado. As pregas resultantes destes sulcos – as
circunvoluções – são variáveis de indivíduo para indivíduo e no mesmo indivíduo, de
um para outro hemisfério.
Os sulcos mais profundos separam num mesmo hemisfério os lobos. Os sulcos menos
profundos, separam num lobo as circunvoluções entre si.
Os lobos cerebrais são zonas do cérebro limitadas por sulcos profundos. As
circunvoluções são zonas existentes nos lobos, limitadas por sulcos menos profundos.
Os lobos e as circunvoluções podem não estar completamente individualizados,
existindo pontes de substância nervosa que os ligam.
Na face lateral encontramos três sulcos profundos: o sulco lateral (de Silvius), o sulco
central (de Rolando) e o sulco parieto-occipital. O sulco lateral origina-se na face
inferior do cérebro, na porção lateral do espaço perfurado anterior, dirige-se para fora
alcançando o bordo lateral do hemisfério, contorna-o e passa para a face lateral,
dirige-se então para cima e para trás e termina 8 a 9 cm depois, bifurcando-se num
prolongamento anterior ou horizontal e num prolongamento posterior ou vertical (Fig.
235).
O sulco central começa no ângulo formado pelo sulco lateral com o seu
prolongamento ascendente. Daí dirige-se obliquamente para cima, formando três
joelhos e termina no bordo superior do hemisfério.
O sulco parieto-occipital situa-se na porção posterior do hemisfério. Tem origem no
seu bordo superior e dirige-se perpendicularmente para baixo.
Na face medial dos hemisférios encontramos o sulco do cíngulo, o sulco calcarino e o
sulco parieto-occipital. O sulco do cíngulo tem a forma de um S itálico. Inicia-se por
baixo do joelho do corpo caloso, circunda o joelho e a face superior do corpo caloso e
ao atingir o esplénio encurva-se para cima e termina no bordo superior do hemisfério
(Fig. 236).
O sulco calcarino situa-se na porção mais posterior da face medial dos hemisférios.
Dirige-se obliquamente para cima até ao sulco parieto-occipital.
O sulco parieto-occipital origina-se no cotovelo do sulco calcarino. Dirige-se para cima
e para trás e termina no bordo superior do hemisfério. O sulco parieto-occipital,
conjuntamente com o sulco calcarino formam um Y deitado.
Na face inferior encontramos apenas um sulco, que é a porção inicial do sulco lateral.
Inicia-se na porção lateral do espaço perfurado anterior, dirige-se para a frente e
depois encurva-se para trás até atingir o bordo lateral dos hemisférios. Apresenta, na
união do seu quarto anterior com os três quartos posteriores, a porção inicial do sulco
lateral. Adiante deste, a face inferior apresenta medialmente a fita olfactiva que
termina adiante no bulbo olfactivo e atrás nas estrias olfactivas (Fig. 237).

Lobos e Circunvoluções
Os sulcos descritos dividem o cérebro em vários lobos: lobo frontal, lobo occipital, lobo
temporal, lobo parietal e lobo da ínsula.

Face lateral
O lobo frontal encontra-se situado na porção anterior do hemisfério cerebral,
ocupando parte das faces lateral e medial. Na face lateral, situam-se dois sulcos
paralelos ao bordo superior: o sulco frontal superior e o sulco frontal inferior, que se
bifurcam atrás, originando o sulco pré-central (Fig. 235). Estes três sulcos delimitam
quatro circunvoluções: pré-central (transversal), frontal superior, frontal média e frontal
inferior (longitudinais).
O lobo occipital tem o formato de uma pirâmide triangular e situa-se na porção
posterior do cérebro. Apresenta, na face lateral, o sulco occipital lateral, que é
horizontal e condiciona a circunvolução occipital superior e a circunvolução occipital
inferior. Por vezes, encontramos ainda o sulco semilunar (vertical), próximo do pólo
occipital, que delimita anteriormente o córtex visual.
O lobo parietal ocupa parte das faces medial e lateral do hemisfério cerebral, na face
lateral apresenta o sulco pós-central, paralelo ao sulco central e o sulco intraparietal
que é paralelo ao bordo superior. Estes 2 sulcos delimitam: a circunvolução pós-
central (transversal), parietal superior e parietal inferior (longitudinais).
O lobo temporal ocupa a parte média e inferior do hemisfério cerebral, apresentando
duas faces, uma lateral e outra inferior. Os sulcos da face lateral são o sulco temporal
superior e temporal inferior, paralelos ao sulco lateral, condicionam as circunvoluções
temporal superior, média e inferior.
O lobo da ínsula situa-se no fundo do sulco lateral. Tem uma forma piramidal (Fig.
238). A ínsula é dividida numa porção anterior, mais volumosa e, numa porção
posterior, mais pequena, pelo sulco central da ínsula.
Face medial
A estrutura mais marcante desta face é o corpo caloso, uma comissura larga,
arqueada, no fundo da fissura longitudinal que une os dois hemisférios cerebrais (Fig.
236 e 239). O corpo caloso apresenta uma curvatura anterior, o joelho, que se
continua para trás pelo corpo, que termina encurvando-se de novo para baixo e
formando o esplénio. À superfície côncava do corpo, do esplénio e do joelho prendem-
se as lâminas verticais do septo pelúcido, ocupando o espaço entre o corpo caloso e o
trígono ou fórnix, que é uma banda achatada e encurvada, também de substância
branca.
Na face medial dos hemisférios encontramos o sulco do cíngulo, o sulco calcarino e o
sulco parieto-occipital. O sulco do cíngulo tem a forma de um S itálico. Inicia-se por
baixo do joelho do corpo caloso, circunda o joelho e a face superior do corpo caloso e
ao atingir o esplénio encurva-se para cima e termina no bordo superior do hemisfério.
Para cima deste sulco, excepto na sua tremidade posterior, encontra-se a
circunvolução frontal medial à frente e o lobo para-central, atrás. A zona abaixo do
sulco do cíngulo é a circunvolução do cíngulo, que contorna o corpo caloso e à frente
se continua com a circunvolução do hipocampo.
O sulco calcarino situa-se na porção mais posterior da face medial dos hemisférios.
Dirige-se obliquamente para cima até ao sulco parieto-occipital.
O sulco parieto-occipital origina-se no cotovelo do sulco calcarino. Dirige-se para
cima e para trás e termina no bordo superior do hemisfério. O sulco parieto-
occipital, conjuntamente com o sulco calcarino formam um Y deitado.
Estes dois últimos sulcos delimitam a pré-cunha, entre o sulco do cíngulo e o sulco
parieto-occipital e a cunha, entre o sulco calcarino e o sulco parieto-occipital. Esta
última área (cunha) constitui a face medial do lobo occipital.

Face inferior
Na face inferior encontramos apenas um sulco, que é a porção inicial do sulco lateral.
Inicia-se na porção lateral do espaço perfurado anterior, dirige-se para a frente e
depois encurva-se para trás até atingir o bordo lateral dos hemisférios. Este sulco
divide esta face numa porção anterior – orbitária, e numa posterior – têmporo occipital
(Fig. 237).
A porção orbitária apresenta um sulco antero-posterior medial, o sulco olfactivo, onde
se encontra a fita e o bulbo olfactivos, sulco este que delimita a circunvolução recta.
Para fora deste sulco encontramos os sulcos orbitários, variáveis, mas geralmente
com a forma de um H, que condicionam a existência de quatro circunvoluções
orbitárias.
A porção posterior da face inferior dos hemisférios apresenta dois sulcos ântero-
posteriores, paralelos, o sulco occipito-temporal (lateral) e o sulco colateral (medial).
Estes dois sulcos condicionam a circunvolução do hipocampo e lingual, a
circunvolução occipito-temporal medial e a circunvolução occipito-temporal lateral.

Norma interna
O cérebro é constituído por substância cinzenta e substância branca. A primeira, por
sua vez, consta de uma porção periférica, o córtex cerebral, e de uma porção central,
os núcleos cinzentos centrais.
Os núcleos cinzentos centrais são constituídos pelos núcleos opto-estriados: tálamo
ou cama óptica, núcleo lenticular, núcleo caudado, claustro, núcleo amigdalino e
formações subtalâmicas.
Os núcleos do tálamo estão dispostos em cinco grupos: núcleos reticulados, núcleo
anterior, núcleos internos, núcleos laterais e núcleos posteriores (Fig. 240 e 241).
Córtex: É uma fina lâmina periférica pregueada com cerca de 3 mm de espessura e
600 g de peso. Nesta camada encontram-se cerca de 14 mil milhões de neurónios. Os
estudos fisiológicos e anatomo-patológicos permitiram localizar no córtex as áreas
funcionais, das quais, as mais importantes são: zona motora, área psicomotora,
localizações sensitivas, localizações sensoriais (olfacto, gosto, audição, visão), centros
da linguagem (imagens motoras e articulação das palavras, imagens gráficas, imagens
auditivas e imagens visuais), centro do sistema simpático.

Núcleos Cinzentos Centrais


Núcleo caudado: Tem a forma de uma vírgula deitada, com a extremidade mais
volumosa, ou cabeça anterior e a mais delgada, ou cauda, posterior. A sua face
superior é convexa e constitui a porção anterior do pavimento do ventrículo lateral.
Núcleo lenticular: Situa-se por baixo e por fora do caudado, em pleno centro oval,
mede cerca de 5 cm de maior eixo. Em corte frontal, tem uma forma triangular. Está
dividido, pela lâmina medular externa em duas porções – o pálido (medial) e o
putámen (lateral e mais volumoso).
Claustro: É uma fina lâmina de substância cinzenta, situada entre o lenticular e o
córtex da ínsula. Encontra-se separado do núcleo lenticular pela cápsula externa e do
córtex insular pela cápsula extrema.
Núcleo amigdalino: É um pequeno núcleo esférico situado junto à cauda do caudado.

Cápsula Interna: É uma lâmina espessa de substância branca (fibras mielinizadas)


que separa o núcleo lenticular do caudado e do tálamo (fig. 240 e 241). É constituída
pelo braço anterior e posterior. Em corte horizontal, tem o aspecto de um V aberto
para fora, com o joelho apontando para a linha média. O braço anterior separa o
lenticular do caudado, contendo fibras tálamo-corticais, cortico-talâmicas, fronto-
pônticas e fibras transversas. O braço posterior localiza-se entre o tálamo e o lenticular
contendo as principais vias ascendentes e descendentes.

Comissuras Inter-Hemisféricas
As grandes comissuras inter-hemisféricas são: o corpo caloso, trígono cerebral, septo
lúcido, comissura branca anterior e comissura branca posterior. Para além destas
existem ainda outras estruturas inter-hemisféricas: quiasma óptico, espaço perfurado
anterior, tuber cinéreo, hipófise, tubérculos mamilares e espaço perfurado posterior.

Cavidades Encéfalo-Medulares
O canal do epêndima depois de passar ao longo de toda a substância cinzenta da
medula, atinge a porção inferior do bulbo raquidiano e dilata-se constituindo o quarto
ventrículo, que é uma cavidade rombóide situada entre o tronco cerebral e o cerebelo.
Nesta cavidade podemos encontrar 3 orifícios que o fazem comunicar com o espaço
aracnóide, um mediano (de Magendie) e dois laterais (os buracos de Lushcka). Daí
prolonga-se para cima e para a frente, constituindo o aqueduto cerebral que, na
porção média do encéfalo, entre os tálamos ópticos e o corpo caloso, constitui o
ventrículo médio ou 3º ventrículo que se continua, através dos buracos
interventriculares (de Monro) com os ventrículos laterais. Os ventrículos laterais
encontram-se em cada um dos hemisférios cerebrais, estendendo-se da região frontal
à occipital. Podem considerar-se compostos por uma porção frontal (anterior), occipital
(posterior) e temporal (inferior). No interior destas cavidades, circula o líquor ou líquido
céfalo-raquidiano (LCR), que é um líquido derivado do plasma, semelhante a “cristal
de rocha”. O líquor é produzido nos plexos coróideus, estes plexos são granulações
acastanhadas, muito vascularizadas, que se encontram em todos os ventrículos
cerebrais.

Meninges e Líquido Céfalo-Raquidiano


O SNC é envolvido pelas meninges. Estas dispõem-se em duas camadas: a meninge
dura e a meninge mole, por sua vez constituída por aracnóide e piamáter.
Estas meninges definem espaços, um espaço extradural, entre as paredes ósseas e a
duramáter; um espaço subdural entre a duramáter e a aracnóide, e um espaço
subaracnoideu onde circula o líquido céfalo-raquidiano (LCR) ou líquor. A duramáter é
constituída por tecido fibroso e no crânio envia septos, três horizontais e dois verticais.
Os primeiros são: a tenda do cerebelo, a tenda da hipófise e a tenda olfactiva. Os dois
verticais são: a foice do cérebro e a foice do cerebelo. A piamáter é uma membrana
célulo-vascular que cobre a superfície exterior do eixo medular. A aracnóide é uma
membrana serosa, situada entre a duramáter e a piamáter. Na espessura das
meninges existem pequenas granulações, as granulações aracnóides ou corpúsculos
de Pacchioni, cuja função é reabsorver o LCR.
Os vasos sanguíneos da duramáter nutrem os ossos do crânio e formam depressões
na sua face interna – os sulcos meníngeos. A maior artéria é a meníngea média que é
ramo da artéria maxilar. As veias da duramáter acompanham as artérias
correspondentes. Para além das veias próprias, a duramáter contém umas cavidades
onde se concentra o sangue do cérebro, os seios venosos da duramáter. Estes seios
são canais venosos, não valvulados, com secção triangular, em que a túnica externa é
a própria duramáter e a interna é endotelial (vidé sistema venoso).

Vascularização Arterial do Cérebro


A vascularização arterial do cérebro faz-se à custa do polígono cerebral (de Willis),
que apresenta muitas variações (Fig. 242). Estas variações inter-individuais fazem
com que seja difícil prever a existência ou não de uma anastomose adequada, em
casos de entupimento de uma das grandes artérias cerebrais. Cada uma das grandes
artérias que vasculariza o cérebro é responsável pela irrigação de um determinado
território.
O sangue arterial para o cérebro entra no crânio por 2 pares de grandes artérias: à
frente as carótidas internas e atrás as vertebrais. O sistema vertebral vasculariza o
tronco cerebral, cerebelo, lobo occipital e parte do tálamo, enquanto que as carótidas
vascularizam o restante.

Território Vértebro-Basilar
Depois de entrar no crânio pelo buraco occipital, as duas artérias vertebrais dirigem-se
para a linha média e anastomosam-se, originando a artéria basilar; esta artéria dirige-
se para cima, ao longo do tronco cerebral e termina, na cisterna inter-peduncular,
originando as duas artérias cerebrais posteriores (direita e esquerda). Ao longo do seu
trajecto, a artéria basilar origina ramos colaterais: artéria cerebelosa ínfero-posterior,
artéria cerebelosa ínfero-anterior, artéria cerebelosa superior, artérias circunferenciais
curtas e longas (Fig. 243 e 244).

Território das Carótidas


A artéria carótida interna entra no crânio pelo canal carotidiano, quando sai deste
canal (no vértice do rochedo), penetra no seio cavernoso, encurva-se, originando o
sifão carotidiano, antes de chegar ao cérebro. Dá origem a um único ramo colateral –
a artéria oftálmica e a 4 ramos terminais – artéria cerebral anterior, cerebral média,
comunicante posterior e coroideia anterior. As duas artérias cerebrais anteriores estão
unidas anteriormente pela artéria comunicante anterior. A artéria cerebral anterior e
os seus ramos, encontram-se na face medial do hemisfério, contornando, da frente
para trás, o corpo caloso e terminando na região occipital. Irriga o lobo frontal e a face
medial do hemisfério. A artéria cerebral média ou Silviana percorre todo o sulco
lateral, correndo, obviamente, na face lateral do hemisfério cerebral, que vasculariza.
A artéria cerebral posterior contorna o tronco cerebral e dirige-se para a região
têmporo-occipital. Irriga fundamentalmente o lobo occipital e os plexos coroideus do
ventrículo médio e dos ventrículos laterais, para além da superfície inferior do lobo
temporal. A artéria coroideia anterior vasculariza os plexos coroideus dos ventrículos
laterais e algumas estruturas adjacentes.
As veias dividem-se em três sistemas: veias das circunvoluções ou superficiais, veias
profundas ou de Galeno e veias da base.
Quanto à circulação linfática, não há canais linfáticos no cérebro, i.e. a linfa circula
nos espaços intersticiais.
SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

O sistema nervoso periférico é constituído pelos nervos que se originam ou terminam


no sistema nervoso central.
Podemos considerá-lo dividido em pares craneanos, que se originam ou terminam no
crânio e, em pares raquidianos, que se originam na medula espinhal (ráquis).

NERVOS CRANIANOS
Dispõem-se em doze pares, simetricamente, de cada lado da cabeça. Podem ser
designados de I a XII ou pelo seu nome:
I par – Olfactivo
II par – Óptico
III par – Oculomotor
IV par – Troclear
V par – Trigémio
VI par – Abducente
VII par – Facial
VIII par – Vestíbulo-coclear ou estatoacústico
IX par – Glossofaríngeo
X par – Vago
XI par – Acessório
XII par - Hipoglosso

NERVO OLFACTIVO OU 1º PAR


É o nervo do olfacto, sendo constituído por múltiplos filetes que se estendem desde a
pituitária até ao bulbo olfactivo (Fig. 245).
Termina ao nível da face inferior do bulbo olfactivo, que se relaciona com a lâmina
crivada do etmóide.
Após a sua origem, os numerosos filetes que constituem o nervo olfactivo, atravessam
os diversos orifícios da lâmina crivada do etmóide, alcançando a parede superior das
fossas nasais onde se dividem em dois grupos:
Ramos laterais – destinados aos cornetos superior e médio.
Ramos mediais – destinados ao septo das fossas nasais.

NERVO ÓPTICO OU 2º PAR


É o nervo da visão e estende-se desde o globo ocular ao quiasma óptico.
Termina ao nível do angulo ântero-lateral do quiasma óptico.
Origina-se um pouco por cima e para dentro do pólo posterior do olho, dirige-se depois
para trás e para dentro, atravessando a cavidade orbitária e o canal óptico. Ao
alcançar a cavidade craniana termina ao nível do ângulo ântero-lateral do quiasma
óptico.
Na cavidade orbitária, após a sua origem, no globo ocular, o nervo apresenta a
configuração de um S itálico. Relaciona-se com a artéria oftálmica cruzando a sua face
superior, com o gânglio ciliar (oftálmico) que se situa na sua face lateral, com os vasos
e nervos ciliares e ainda com os vasos centrais da retina.
No canal óptico, o nervo encontra-se situado por dentro da artéria oftálmica.
Na porção intracraniana, o nervo repousa sobre a goteira óptica, próximo das artérias
carótida interna e oftálmica.
NERVO OCULOMOTOR OU 3º PAR
Inerva todos os músculos extrínsecos do olho, à excepção do recto lateral e do oblíquo
superior do olho (Fig. 246).
Nasce por alguns filetes, no lado medial do pedúnculo cerebral, entre a protuberância
anular e o tubérculo mamilar, ou seja, ao nível do sulco do oculomotor.
Após a sua emergência, ao nível do sulco do oculomotor, o nervo dirige-se para diante
e para fora, até alcançar a apófise clinoideia posterior. Perfura então a duramáter e
lança-se na espessura do seio cavernoso. Atravessa depois a fissura orbitária superior
e alcança a cavidade orbitária onde termina.
Após a sua saída do sulco do oculomotor, o nervo situa-se entre a artéria cerebral
posterior que está adiante e a artéria cerebelosa superior que está atrás.
No seio cavernoso, encontra-se na parede lateral deste seio, por cima dos nervos
troclear e oftálmico.
Na fissura orbitária superior, o nervo, antes ou já depois de fornecer os seus ramos
terminais, ocupa a porção mais lateral desta fissura e penetra no anel tendinoso, que é
constituido pelos dois tendões de origem do músculo recto lateral.
Ao nível da fissura orbitária superior ou já na órbita, o oculomotor divide-se em dois
ramos:
Ramo superior – termina nos músculos levantador da pálpebra
superior e recto superior.
Ramo inferior – trifurca-se e origina:
Ramo medial – para o músculo recto medial.
Ramo inferior – para o músculo recto inferior.
Ramo anterior – inerva o músculo oblíquo inferior. Deste ramo
destaca-se a raiz motora do gânglio oftálmico.

NERVO TROCLEAR OU 4º PAR


É um nervo craniano que se destina a inervar o músculo oblíquo superior do olho (Fig.
246).
O nervo troclear tem origem atrás dos tubérculos quadrigémios posteriores, de cada
lado do freio do véu medular cranial.
Após a sua origem aparente, contorna a protuberância e o pedúnculo cerebral. Dirige-
se então para diante, perfura a duramáter e penetra na espessura da parede lateral do
seio cavernoso. Percorre esta parede em toda a sua extensão, atravessa a fissura
orbitária e penetra na órbita.
Na base do encéfalo, situa-se entre o oculomotor que está situado medialmente e o
trigémio lateralmente.
Na parede lateral do seio cavernoso, encontra-se situado por baixo do oculomotor e
por cima do oftálmico.
Na fissura orbitária superior está situado na porção súpero-medial desta fissura.
Vai inervar o músculo oblíquo superior do olho.

NERVO TRIGÉMIO OU 5º PAR


É constituído por duas raízes, uma sensitiva e outra motora. Inerva os músculos
mastigadores e fornece a sensibilidade da face, órbita, fossas nasais e cavidade bucal.
A raiz motora ou pequena raiz encontra-se situada adiante e para dentro da raiz
sensitiva. A sua origem aparente encontra-se no lado lateral da face anterior da
protuberância, no ponto em que esta se confunde com o pedúnculo cerebeloso médio.
A raiz sensitiva também conhecida por grande raiz, termina no lado lateral da face
anterior da protuberância, no ponto em que esta se confunde com o pedúnculo
cerebeloso médio.
A raiz sensitiva origina-se no gânglio trigeminal (de Gasser), dirige-se depois para trás
e para dentro, para alcançar o ponto onde se localiza a sua terminação aparente.
A raiz motora encontra-se situada no lado medial da raiz sensitiva, passa por baixo do
gânglio trigeminal e termina no nervo mandibular.
O gânglio trigeminal encontra-se situado na fosseta do gânglio trigeminal na face
ântero-superior do rochedo do temporal. Apresenta a forma de um feijão, cuja
concavidade olha para cima e para dentro, onde vai terminar a grande raiz ou raiz
sensitiva do trigémio. A sua convexidade olha para baixo e para diante, dando origem
de dentro para fora, aos nervos oftálmico, maxilar e mandibular.
Cada um destes três nervos apresenta gânglios anexos. Ao nervo oftálmico encontra-
se anexo o gânglio ciliar (oftálmico), ao nervo maxilar o gânglio pterigopalatino e ao
nervo mandibular o gânglio ótico.

Nervo oftálmico e gânglio ciliar – é o mais medial dos três ramos do trigémio,
destacando-se da porção mais medial do bordo convexo do gânglio trigeminal (Fig.
247). Após a sua origem dirige-se para cima, para diante e para dentro, introduzindo-
se na parede lateral do seio cavernoso. Atravessa depois a fissura orbitária superior
que o conduz à cavidade orbitária.
Na parede lateral do seio cavernoso ocupa primeiramente a porção inferior, depois a
média e finalmente a superior. Está situado por baixo do nervo troclear e por fora da
artéria carótida interna e do nervo abducente.
Depois de ter abandonado o nervo da tenda, que se destina à tenda do cerebelo, dá
origem a três ramos que penetram na órbita através da fissura orbitária superior. Estes
ramos terminais são, o nervo nasociliar, o nervo frontal e o nervo lacrimal.
Nervo nasociliar – atravessa a fissura orbitária superior através do anel tendinoso e
alcança o buraco etmoidal anterior (Fig. 248), durante este trajecto dá origem aos
seguintes ramos colaterais:
Raiz sensitiva do gânglio ciliar
Nervos ciliares longos – em número de três ou quatro, vão alcançar o
globo ocular.
Nervo etmoidal posterior – inerva a mucosa do seio esfenoidal.
Os seus ramos terminais são:
Nervo etmoidal anterior – depois de penetrar no buraco etmoidal anterior, caminha
na face superior da lâmina crivada do etmóide e alcança as fossas nasais, através
do buraco etmoidal. Distribui-se então ao septo das fossas nasais (ramos nasais
internos, laterais e mediais), fornecendo ainda o ramo nasal lateral, que inerva a
pele do lóbulo do nariz.
Nervo infratroclear – continua o nervo nasociliar e, ao alcançar o rebordo orbitário,
dá origem a ramos palpebrais para a pálpebra superior.

Nervo frontal – penetra na órbita através da porção súpero-medial da fissura


orbitária superior, por fora do anel tendinoso. Segue a parede superior da
órbita e, ao alcançar a porção superior do rebordo orbitário, bifurca-se dando
os ramos supra-orbitário e supratroclear.
Nervo supra-orbitário – depois de penetrar no buraco supra-orbitário,
dá origem aos ramos lateral e medial que inervam a pele da região
frontal, pálpebra superior e seio frontal.
Nervo supratroclear – alcança também o rebordo da órbita e inerva a
pele do ângulo medial do olho.

Nervo lacrimal – penetra na órbita na porção mais lateral e estreita da fissura orbitária
superior. Caminha na parede lateral da cavidade orbitária, acabando por alcançar a
glândula lacrimal. Origina o ramo comunicante com o nervo zigomático e inerva a pele
do ângulo lateral do olho.

Gânglio ciliar – é um pequeno gânglio de forma quadrilátera, situado na porção lateral


do nervo óptico. Recebe ramos aferentes e envia ramos eferentes:
Ramos aferentes:
Raiz oculomotora (raiz motora) – destaca-se do nervo oculomotor e
termina no ângulo póstero-inferior do gânglio ciliar.
Ramo comunicante com o nervo nasociliar (raiz sensitiva) – origina-se
no nervo nasociliar e termina no ângulo póstero-superior do gânglio
ciliar.
Raiz simpática do gânglio ciliar – é constituída por filetes provenientes
do plexo cavernoso, que envolve a carótida interna, quando esta se
encontra situada no interior do seio cavernoso. A raiz simpática acaba
por terminar no bordo posterior do gânglio ciliar.
Ramos eferentes:
Nervos ciliares curtos – originam-se no ângulo anterior do gânglio
ciliar e depois de se unirem aos nervos ciliares longos, ramos do
nasociliar, alcançam o globo ocular.

Nervo maxilar e gânglio pterigopalatino – nasce do bordo convexo do gânglio


trigeminal, entre os nervos oftálmico e mandibular (Fig. 248 e 249). Sai do crânio pelo
buraco redondo, atravessando depois a fossa pterigomaxilar, a goteira e o canal
infraorbitários e depois alcança o buraco infraorbitário, onde termina. Durante o seu
trajecto origina os seguintes ramos:
Ramo meníngeo (médio) – destaca-se do nervo maxilar antes deste penetrar
no buraco redondo. Distribui-se à duramáter vizinha e é acompanhado pela
artéria meníngea média.
Nervos pterigopalatinos – originam-se na fossa pterigomaxilar e inervam o
gânglio pterigopalatino, constituindo as raízes descendentes deste gânglio.
Nervo zigomático – depois de se originar na fossa pterigomaxilar, penetra na
órbita através da fissura orbitária inferior. Divide-se então em dois ramos:
Ramo zigomaticotemporal – atravessa o buraco zigomáticotemporal e
inerva a pele da região temporal.
Ramo zigomaticofacial – depois de atravessar o canal zigomaticofacial
inerva a pele da região zigomática.
Nervo infraorbitário – ramo terminal, atravessa a fissura orbitária superior, a
goteira e o canal infraorbitário e finalmente o buraco infraorbitário. Durante o
seu trajecto origina:
Ramos alveolares superiores e posteriores – inervam o seio maxilar e
os molares superiores.
Ramo alveolar superior médio – inerva os pré-molares.
Ramos alveolares superiores e anteriores – inervam os incisivos,
canino, pré-molares e primeiro molar.
Plexo dentário superior – plexo situado no osso, sobre as raízes dos
dentes superiores, é constituído pelos ramos alveolares superiores.
Originam ramos dentários superiores, para os dentes, e ramos
gengivais superiores, para as gengivas.
Ramos palpebrais inferiores – inervam a pálpebra inferior.
Ramos nasais externos – inervam a face externa da asa do nariz.
Ramos nasais internos – inervam a mucosa do vestíbulo nasal.
Ramos labiais superiores – inervam o lábio superior.

Gânglio pterigopalatino – pequeno gânglio que se encontra na fossa pterigomaxilar,


próximo do buraco esfenopalatino, por baixo e por dentro do nervo maxilar. Tem como
ramos aferentes:
Nervos pterigopalatinos – são colaterais do nervo maxilar.
Nervo do canal pterigoideu – constituído por uma raiz parasimpática
(nervo petroso maior) e por uma raiz simpática (nervo petroso
profundo).
Os seus ramos eferentes são:
Ramos orbitários – alcançam a órbita através da fissura orbitária
superior, destinando-se ao periósteo de alguns ossos que constituem
a órbita, anastomosando-se com nervos que se destinam ao globo
ocular.
Nervos nasais posteriores súpero-laterais – penetram nas fossas
nasais através do buraco esfenopalatino e distribuem-se pela mucosa
dos cornetos nasais superior e médio e células etmoidais posteriores.
Nervos nasais posteriores súpero-mediais – penetram nas fossas
nasais através do buraco esfenopalatino e distribuem-se ao septo
nasal.
Nervo nasopalatino – percorre o septo nasal, atravessa o canal
incisivo e inerva a porção anterior da mucosa do palato e a gengiva
dos incisivos superiores.
Ramo faríngeo – atravessa o canal pterigopalatino e distribui-se à
mucosa da faringe.
Nervo grande palatino – atravessa o buraco palatino maior e distribui-
se à mucosa do palato duro.
Nervos pequenos palatinos – pequenos ramos que atravessam os
buracos palatinos menores e se distribuem ao palato mole.
Ramos nasais posteriores e inferiores – ramos que inervam a mucosa
dos meatos nasais médio e inferior e corneto inferior.

Nervo mandibular e gânglio ótico – origina-se no bordo convexo do gânglio


trigeminal, por fora do nervo maxilar (Fig. 250). É constituído por uma raiz sensitiva
que vem do gânglio trigeminal e por uma raiz motora que não é mais do que a raiz
motora do trigémio. Ambas as raízes, independentes, dirigem-se para fora e para
diante até alcançarem o buraco oval. Reúnem-se então para constituir um tronco
único, o nervo mandibular. Durante o seu trajecto origina os seguintes ramos:
Tronco anterior:
Ramo meníngeo – atravessa o buraco espinhoso e inerva a
duramáter, o seio esfenoidal e as células mastóideias.
Nervo massetérico – atravessa a incisura mandibular e inerva o
músculo masseter.
Nervos temporais profundos – inervam o músculo temporal.
Nervo pterigoideu lateral – inerva o músculo pterigoideu lateral.
Nervo pterigoideu medial – inerva o músculo pterigoideu medial, dá
origem ao nervo do músculo tensor do véu palatino e ao nervo do
músculo tensor do tímpano.
Nervo jugal – inerva a pele e a mucosa jugal.
Tronco posterior:
Nervo auriculotemporal – dirige-se para o colo do côndilo da
mandíbula, passa entre o pavilhão auricular e a artéria temporal
superficial e termina na região temporal. Durante o seu trajecto origina:
Nervo do canal auditivo externo – inerva a pele do canal
auditivo externo.
Ramo da membrana do tímpano – inerva a membrana do
tímpano.
Ramos parotidianos – pequenos ramos para a parótida.
Ramos anastomóticos com o nervo facial – anastomosam-se com
o nervo facial.
Nervos auriculares anteriores – inervam a pele da região anterior
do pavilhão auricular.
Ramos temporais superficiais – inervam a pele da região
temporal.
Nervo lingual – após a sua origem, introduz-se entre os dois
músculos pterigoideus, caminhando depois por baixo da mucosa do
pavimento bucal, por fora do nervo hipoglosso e por cima da glândula
submandibular (Fig. 251). Termina distribuindo-se aos dois terços
anteriores da mucosa da língua, ao véu palatino e aos gânglios
submandibular e sublingual.
Gânglio submandibular – encontra-se situado por cima da glândula
submandibular recebendo ramos aferentes do nervo lingual e
enviando ramos eferentes, que se destinam à glândula submandibular.
Gânglio sublingual – encontra-se situado entre o nervo lingual e a
glândula sublingual. Recebe ramos aferentes do nervo lingual e envia
ramos eferentes que se vão distribuir à glândula sublingual.
Durante o seu trajecto o nervo lingual dá os seguintes ramos:
Ramos do istmo das fauces – ramos para o istmo das fauces e
amígdalas palatinas.
Ramos anastomóticos para o nervo hipoglosso – anastomosam-se
com o nervo.
Ramo anastomótico com a corda do tímpano (ramo do facial) –
anastomosa-se com o nervo.
Nervo sublingual – inerva a mucosa do pavimento da boca e a
gengiva dos dentes anteriores da mandibula.
Ramos linguais – distribuem-se aos dois terços anteriores da
mucosa lingual.
Nervo alveolar inferior – após a sua origem dirige-se para baixo e
para diante até entrar no canal mandibular (Fig. 252). Percorre este
canal juntamente com os vasos alveolares inferiores, antes da sua
entrada no canal mandibular, fornece um ramo milo-hióideu, que
penetra na goteira milo-hióideia e inerva o músculo milo-hióideu e o
ventre anterior do digástrico. Durante o seu trajecto, no canal
mandibular, fornece:
Plexo dentário inferior – origina ramos dentários inferiores e
gengivais inferiores.
Nervo mentoniano – sai pelo buraco mentoniano, por baixo do
segundo pré-molar inferior. Origina ramos mentonianos e nervos
labiais inferiores.

Gânglio ótico – encontra-se situado por dentro do nervo mandibular, imediatamente


por baixo do buraco oval. Está unido ao nervo glossofaríngeo pelo nervo petroso
menor e envia fibras secretoras à glândula parótida.

NERVO ABDUCENTE OU 6º PAR


É um nervo exclusivamente motor que se destina a inervar o músculo recto lateral do
olho (Fig. 253). Origina-se na face anterior do bulbo raquidiano, no sulco bulbo-
protuberancial. Após a sua origem, dirige-se para diante e para cima até a apófise
clinóide posterior. Perfura então a duramáter e penetra no seio cavernoso que
percorre de trás para diante, acabando por alcançar a órbita através da fissura
orbitária superior.
No seio cavernoso, o nervo caminha entre o nervo oftálmico, que está por fora e a
carótida interna, que está por dentro.
Na fissura orbitária superior o nervo encontra-se situado na porção mais larga desta
fissura. Passa no anel tendinoso juntamente com o nervo oculomotor, o nervo
nasociliar e a veia oftálmica.
Ao alcançar a órbita o nervo abducente termina no músculo recto lateral do olho.

NERVO FACIAL OU 7º PAR


Inerva todos os músculos cutâneos da cabeça e do pescoço, os músculos dos
ossículos do ouvido e, alguns dos músculos do véu palatino (Fig. 254). Por intermédio
de um dos seus ramos, a corda do tímpano, faz a secreção salivar. O nervo facial é
constituído por uma raiz motora, que constitui o nervo facial propriamente dito e, por
uma raiz sensitiva que constitui o nervo intermediário.
O nervo facial propriamente dito, nasce na fosseta lateral do bulbo, por fora do
abducente. O intermediário origina-se no gânglio geniculado, que se relaciona com o
nervo facial no aqueduto do facial e, termina na fosseta lateral do bulbo, entre o nervo
facial propriamente dito e o vestibulococlear.
O nervo facial, após a sua origem aparente, ao nível da fosseta lateral do bulbo, dirige-
se para cima, para fora e para diante e penetra no canal auditivo, que percorre. Segue
depois o aqueduto do facial e torna-se extra-craniano através do buraco estilo-
mastóideu. Durante este trajecto, é acompanhado pela artéria estilo-mastoideia.
Depois de sair pelo buraco estilo-mastóideu entra na glândula parótida onde origina os
seus ramos terminais.
O nervo intermediário, origina-se no gânglio geniculado, que se localiza no aqueduto
do facial. Caminha depois neste aqueduto e no canal auditivo interno. Neste canal
encontra-se situado por baixo do facial e por cima do vestibulococlear e, depois,
alcança a fosseta lateral do bulbo.
Durante o seu trajecto, dá os seguintes ramos:
Nervo do músculo do estribo (nervo estapédico) – inerva o músculo do
estribo.
Corda do tímpano – após a sua origem, cerca de 5 mm acima do buraco
estilomastoideu, lança-se no canal posterior da corda, que o conduz à
porção póstero-superior da caixa do tímpano. Atravessa de trás para
diante a caixa do tímpano e sai desta para se introduzir no canal anterior
da corda. Ao sair deste canal, a corda do tímpano, torna-se extra-
craniana e termina no nervo lingual.
Ramo anastomótico com o plexo timpânico.
Ramo anastomótico com o vago – depois da sua origem, dirige-se para
trás e percorre um canal que alcança a fossa jugular, terminando no
gânglio superior do nervo vago.
Nervo auricular posterior – destaca-se por baixo do canal
estilomastoideu. Dirige-se para cima e passa entre a apófise mastóide e
o canal auditivo externo. Origina, durante o seu trajecto, os seguintes
ramos:
Ramo occipital – inerva a porção occipital do músculo occipito
frontal.
Ramo auricular – inerva os músculos do pavilhão auricular.
Ramo digástrico – inerva o ventre posterior do digástrico.
Ramo estilo-hióideu – inerva o músculo homónimo.
Ramo anastomótico com o nervo glossofaríngeo – depois de
contornar a veia jugular interna termina no nervo glossofaríngeo.
Plexo parotidiano – plexo do nervo facial, situado entre os lobos da parótida.
Ramos temporais – ramos que se dirigem para cima, passam por cima
da arcada zigomática e inervam os músculos cutâneos entre as
pálpebras e o pavilhão auricular.
Ramos zigomáticos – inervam a porção lateral do músculo orbicular das
pálpebras e os músculos cutâneos situados entre as pálpebras e a boca.
Ramos jugais – inervam o músculo bucinador e a musculatura em redor da
boca,
Ramo lingual – ramo inconstante.
Ramo marginal da mandíbula – dirige-se para a região mentoniana e
inerva os músculos cutâneos localizados por baixo da boca.
Ramo cervical (do pescoço) – inerva o músculo platisma e anastomosa-
se com o nervo transverso do pescoço.

NERVO VESTIBULOCOCLEAR OU 8º PAR


É constituído por duas porções: o nervo coclear, destinado a transmitir aos centros
nervosos as impressões auditivas e o nervo vestibular, que transmite as impressões
destinadas à manutenção do equilíbrio (Fig. 255).
Este nervo, termina por duas raízes, a raiz vestibular que termina na fosseta lateral do
bulbo, imediatamente por fora dos nervos facial e intermediário e, a raiz coclear, que
termina por fora da raiz vestibular.
O nervo vestibulococlear é constituído pela fusão dos nervos vestibular e coclear. O
nervo coclear origina-se no caracol. O nervo vestibular origina-se no vestíbulo e nos
canais semicirculares. Estes dois nervos fundem-se depois, originando o nervo
vestibulococlear.
No canal auditivo interno, o nervo vestibulococlear encontra-se situado na porção
inferior deste canal. A face superior do nervo apresenta o aspecto de uma goteira que
se relaciona com os nervos intermediário e facial. A artéria labiríntica encontra-se
também no canal auditivo interno e relaciona-se com este nervo.

NERVO GLOSSOFARÍNGEO OU 9º PAR


É um nervo misto, constituído por fibras motoras, que inervam os músculos da faringe
e véu do paladar e por fibras sensitivas para a mucosa da língua e da faringe (Fig.
256).
O nervo glossofaríngeo origina-se no sulco lateral do bulbo, por baixo do nervo
vestibulococlear e por cima do vago. Após a sua origem, dirige-se para diante e para
fora, até alcançar o buraco jugular. Atravessa este buraco com os nervos vago e
acessório e a veia jugular interna, encontrando-se separado destes por uma
fibrocartilagem.
Ao tornar-se extracraniano, passa entre a veia jugular interna e a artéria carótida
interna e depois de se relacionar com a parede lateral da faringe, alcança a base da
lingua, onde termina.
Durante o seu trajecto apresenta dois gânglios: o gânglio superior que se encontra na
fosseta petrosa por cima do buraco jugular e o gânglio inferior, o mais desenvolvido,
que se situa atrás do nervo glossofaríngeo, imediatamente por baixo do buraco
jugular.
Durante o seu trajecto origina:
Nervo timpânico – nasce do lado lateral do gânglio superior e, depois de
penetrar no canal timpânico, alcança o promontório.
Intumescência timpânica – células ganglionares no trajecto do nervo
timpânico.
Plexo timpânico – plexo nervoso situado na mucosa que cobre o
promontório da caixa do tímpano, é constituído pelo nervo timpânico, pelo
plexo carotídeo interno e pelo ramo anastomótico com o plexo timpânico
do nervo facial. Origina o ramo tubário para a trompa auditiva e o ramo
caroticotimpânico, que alcança o canal carotidiano e termina no plexo
que envolve a carótida interna.
Ramo anastomótico com o ramo auricular do nervo vago – origina-se
no gânglio inferior e anastomosa-se com o ramo auricular do nervo vago.
Ramos faríngeos – inervam os músculos, a mucosa e os vasos da faringe.
Ramo do músculo estilofaríngeo – inerva este músculo.
Ramo do seio carotidiano – vão constituir o plexo carotidiano
conjuntamente com ramos provenientes do vago e simpático.
Ramo do músculo estiloglosso – inerva este músculo.
Ramos amigdalinos – inervam a amígdala palatina.
Ramos linguais – ramos terminais que inervam a mucosa da língua
atrás do V lingual.

NERVO VAGO OU 10º PAR


É o mais importante dos nervos cranianos, inervando órgãos do pescoço, tórax e
abdómen (Fig. 256 e 257). Tem origem no sulco lateral do bulbo, por baixo do
glossofaríngeo e por cima do acessório.
O nervo vago estende-se desde o bulbo até à cavidade abdominal. Sai do crânio pelo
buraco jugular, o glossofaríngeo está adiante e o espinhal e a veia jugular interna
atrás. No pescoço está situado atrás da veia jugular interna e da artéria carótida
interna. Uma bainha fibrosa envolve estas três estruturas, até ao tórax. O grande
simpático está situado atrás e por fora.
No tórax, as relações são diferentes à direita e à esquerda. À direita relaciona-se com
a face anterior da artéria subclávia, caminhando depois entre o esófago e a traqueia,
para seguidamente se aplicar contra a face posterior do esófago. À esquerda, cruza a
face anterior da crossa da aorta, passando depois atrás do brônquio esquerdo e
colocando-se adiante do esófago.
No abdómen, o nervo vago esquerdo situa-se na face anterior do estômago e o vago
direito na face posterior do estômago.
No decurso do seu trajecto o nervo vago, apresenta dois gânglios: o gânglio superior
(gânglio jugular), que se situa próximo do buraco jugular e o gânglio inferior (gânglio
plexiforme), ao nível da região cervical.
Durante o seu longo trajecto origina os seguintes ramos:
Ramo meníngeo – inerva a duramáter vizinha do buraco jugular.
Ramo auricular – origina-se no gânglio superior, passa pelo buraco
mastoideu, sai através da fissura timpanomastoideia e inerva a face
posterior do pavilhão auricular. Anastomosa-se com um ramo do
glossofaríngeo.
Ramos faríngeos – estes ramos, juntamente com ramos que provêm do
glossofaríngeo, fornecem o plexo faríngeo que vai inervar os músculos e
a mucosa da faringe.
Ramos cardíacos cervicais superiores – vão contribuir para a
constituição do plexo cardíaco.
Nervo laríngeo superior – depois de nascer por baixo do gânglio
inferior, alcança a laringe e divide-se em:
Ramo lateral – inerva a mucosa infraglótica da laringe.
Ramo medial – atravessa, junto com a artéria laríngea superior a
membrana tirohióideia e inerva a mucosa da epiglote, das pregas
aríteno-epiglóticas e da porção inferior da laringe.
Ramos cardíacos cervicais inferiores – vão contribuir para a
constituição do plexo cardíaco.
Nervo laríngeo recorrente – origina-se ao nível do orifício superior do
tórax, voltando depois para cima, até alcançar a laringe dando o nervo
laríngeo inferior (ramo terminal). À direita, contorna a artéria subclávia,
segue o bordo direito do esófago e alcança a face posterior da laringe.
À esquerda, contorna a crossa da aorta e caminha entre o esófago e a
traqueia. Dá origem a:
Ramos traqueais – para a traqueia.
Ramos esófagicos – para o esófago.
Ramos faríngeos – para a faringe.
Ramos cardíacos torácicos – constituem o plexo cardíaco.
Ramos brônquicos – para os brônquios.
Plexo pulmonar – situado adiante e atrás do hilo pulmonar. Inerva os
brônquios, os vasos e a pleura.
Plexo esofágico – plexo nervoso situado à volta do esófago, é formado
pelos dois vagos.
Tronco vagal anterior – plexo nervoso anterior, pouco desenvolvido.
Tronco vagal posterior – plexo nervoso posterior, muito desenvolvido.
Ramos gástricos anteriores – ramos que se estendem desde o tronco
vagal anterior até à face anterior do estômago.
Ramos gástricos posteriores – ramos que se estendem desde o
tronco vagal posterior até à face posterior do estômago.
Ramos hepáticos – dirigem-se para o fígado.
Ramos celíacos – ramos destinados ao plexo celíaco.
Ramos renais – dirigem-se para o plexo renal.

NERVO ACESSÓRIO OU 11º PAR


É um nervo motor. Destina-se aos músculos esternocleidomastoideu e trapézio, por
intermédio de um dos ramos, enquanto que o outro se une ao nervo vago (Fig. 258).
Apresenta uma origem dupla. As raízes cranianas (porção vagal) nascem no sulco
lateral do bulbo, por baixo das raízes do nervo vago. As raízes espinhais (porção
espinhal) destacam-se do cordão lateral da espinal medula, adiante da linha de
emergência das raízes posteriores dos nervos raquidianos.
Os filetes que constituem o nervo reúnem-se para dar origem ao nervo acessório. Os
filetes superiores dirigem-se horizontalmente para fora, os filetes médios obliquamente
para cima e para fora e os filetes inferiores quase verticalmente para cima. Os filetes
que constituem as raízes espinhais penetram no crânio através do buraco occipital.
Unem-se então às raízes cranianas, constituindo um tronco que se dirige para fora e,
ao chegar ao buraco jugular, sai do crânio para terminar na região cervical.
Na porção craniana e no buraco jugular o nervo acessório está situado atrás do vago.
Depois de sair do crânio divide-se dando origem a dois ramos:
Ramo interno – lança-se na porção súpero-lateral do gânglio inferior do nervo
vago.
Ramo externo – passa por baixo dos músculos digástrico e estilo-
hióideu, contorna depois a carótida e chega à face profunda do
esternocleidomastoideu que inerva. Atravessa depois este músculo indo
inervar o músculo trapézio.

NERVO HIPOGLOSSO OU 12º PAR


Inerva os músculos da região infra-hióideia, o músculo génio-hióideu e todos os
músculos da língua. É também um nervo exclusivamente motor (Fig. 260).
Nasce no sulco ventrilateral que se encontra adiante da oliva bulbar. Após a sua
origem neste sulco, o nervo hipoglosso alcança o buraco do hipoglosso, chega ao
pescoço e termina ao nível da base da língua.
Na sua porção intracraniana está situado entre a artéria vertebral que está adiante e a
artéria cerebelosa inferior e posterior que está atrás.
Por baixo do crânio passa entre a veia jugular interna e a artéria carótida interna
acabando por alcançar o bordo anterior do esternocleidomastoideu. Ao nível do
grande corno do osso hióide, relaciona-se com a faringe medialmente e com a
glândula submandibular lateralmente. Neste seu trajecto, o nervo é acompanhado pela
artéria lingual. Ao chegar ao bordo posterior do milo-hióideu distribui-se à face inferior
da língua, originando os ramos linguais que inervam os músculos estiloglosso,
hioglosso, genioglosso e os músculos intrínsecos da língua.
NERVOS RAQUIDIANOS

São 31 pares de nervos mistos (motores e sensitivos) que têm origem aos diferentes
níveis da coluna vertebral e que saem do ráquis pelos buracos intervertebrais.
Os nervos raquidianos originam-se pela união de uma raiz anterior com uma raiz
posterior. A raiz anterior é motora e origina-se no corno anterior da medula espinhal,
enquanto que a raiz posterior é sensitiva e termina no corno posterior.
As duas raízes unem-se antes de saírem do canal medular e dão origem ao nervo
espinhal (ou raquidiano) (Fig. 259). Normalmente encontramos um gânglio nervoso
adstrito à raiz posterior antes da união das duas. Após a sua saída do ráquis, pelo
buraco intervertebral, o nervo espinhal bifurca-se dando origem a um ramo dorsal ou
posterior e a um ramo ventral ou anterior.
Os ramos dorsais dirigem-se para o dorso e enervam a musculatura e a pele da
região. Os ramos ventrais ou anteriores, de uma forma geral, formam redes ou plexos
nervosos, junto à coluna vertebral. Estes plexos consistem em redes nervosas
constituídas por anastomoses entre as diferentes raízes. Deste modo, vamos
descrever: o plexo cervical, o plexo braquial, o plexo lombar e o plexo sagrado. Na
região torácica, os nervos mantêm-se independentes uns dos outros, não formando
plexos.

PLEXO CERVICAL
Os ramos ventrais dos quatro primeiros nervos cervicais unem-se para constituir o
plexo cervical. Cada um destes ramos recebe um ou mais ramos comunicantes do
tronco simpático. Este plexo localiza-se à frente do elevador da omoplata e do
escaleno médio e por baixo da veia jugular interna e do esternocleidomastoideu (Fig.
260). O plexo cervical dispõe-se numa série irregular de ansas, de onde partem os
nervos:
A ansa cervical é formada por duas raízes, anterior e posterior. A raiz anterior é o
ramo anterior de C2 que se anastomosa com o hipoglosso (XII par) e que se une à raiz
posterior que tem origem nos ramos anteriores de C2 e C3. Inerva os músculos infra-
hioideus.
O nervo occipital menor distribui-se à pele da região ínfero-lateral da nuca.
O nervo grande auricular inerva a pele do ângulo da mandíbula.
O nervo transverso cervical destina-se à pele da região anterior do pescoço.
O nervo supraclavicular vai inervar a pele da região inferior do pescoço e superior do
tórax.
O nervo suboccipial origina-se a partir do ramo posterior de C1 e inerva o
semiespinhal da cabeça, o grande e o pequeno recto posterior da cabeça e os
oblíquos superior e inferior da cabeça.
O nervo occipital maior origina-se pela união dos ramos posteriores de C2 e C3.
Inerva os músculos oblíquo inferior da cabeça, semiespinhal da cabeça, esplénio e
longuíssimo da cabeça, dá também ramos sensitivos para a pele da região posterior
da nuca.
O nervo acessório espinhal resulta da união das raízes laterais de C1 a C4 e
também de C5. Dirige-se para cima, entra no crânio pelo buraco occipital e junta-se à
raiz craneana para constituir o nervo acessório (XI par).
O nervo frénico tem a sua principal origem no ramo anterior de C4, podendo receber
anastomoses do ramo anterior de C3 e de C5 (Fig. 261). Dirige-se para baixo, adiante
do escaleno anterior, entra no mediastino posterior cruzando, por trás, a veia
subclávia. O nervo frénico direito acompanha a veia cava superior, aurícula direita e
veia cava inferior, atravessa o diafragma através do orifício da veia cava inferior. O
nervo frénico esquerdo passa adiante da crossa da aorta, da artéria pulmonar
esquerda. Passa então por fora da aurícula e do ventrículo esquerdo atravessando o
diafragma isoladamente através de um orifício existente na porção carnuda do
músculo. Ambos os nervos frénicos (direito e esquerdo) dão ramos para a pleura
mediastínica, para o pericárdio, para a pleura diafragmática, para o peritoneu
diafragmático e para o diafragma (face superior e inferior).

O sistema nervoso autónomo é a parte do sistema nervoso que regula e controla o


funcionamento dos órgãos.
Este sistema pode ser subdividido em simpático e parasimpático. De um modo geral o
simpático prepara o organismo para situações de emergência.
Sob o ponto de vista anatómico existem grandes diferenças entre o sistema simpático
e o parasimpático. Ambos os sistemas possuem gânglios nervosos periféricos mas, no
caso do simpático esses gânglios estão dispostos junto à coluna vertebral enquanto
que os gânglios nervosos parasimpáticos se localizam junto aos órgãos que inervam.
Por conseguinte, as fibras pré-ganglionares, de ligação ao sistema nervoso central,
simpáticas são curtas e as parasimpáticas são longas.
Também a região onde as fibras pré-ganglionares saem do sistema nervoso central é
diferente. No caso do sistema simpático, as fibras pré-ganglionares saem da medula
pelas raízes anteriores dos pares raquidianos de T1 a L2. As fibras pré-ganglionares
do sistema parasimpático saem do sistema nervoso central com os 3º, 7º, 9º, 10º e 11º
pares craneanos e com os 2º, 3º e 4º nervos sagrados.

SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO


O sistema nervoso simpático dispõe-se em dois troncos ganglionares látero-vertebrais
desde a base do crânio até ao cóccix. Na região cervical, encontra-se sobre o corpo
das vértebras, por detrás da carótida, na região torácica relaciona-se com a cabeça
das costelas e com a pleura, na região lombar relaciona-se com o bordo anterior do
grande psoas e na região sagrada encontra-se por dentro dos buracos sagrados.
Podemos dividir o sistema nervoso simpático em regiões: craneano, cervical, torácico,
lombar e pélvico.
O simpático craneano provém, fundamentalmente, do nervo carotidiano interno que
acompanha a artéria e que é um prolongamento do tronco simpático acima do gânglio
cervical superior. Este nervo forma o plexo carotidiano que se continua por plexos
dispostos à volta da artéria cerebral anterior, cerebral média e oftálmica. Encontramos
também um plexo simpático disposto em torno da artéria vertebral. O simpático
craneano inerva os vasos sanguíneos, as glândulas sudoríparas, os músculos
dilatadores da pupila e o músculo levantador da pálpebra superior.
O simpático cervical é constituído por três gânglios: cervical superior (ligado a C1,
C2, C3 e C4), cervical médio (ligado a C5 e C6) e cervical inferior (ligado a C7 e C8).
Estes gânglios simpáticos cervicais dão ramos para todos os nervos cervicais e dão
ramos arteriais para as artérias da vizinhança. Dão também ramos cardíacos, que vão
descer até ao tórax e participar na formação dos plexos cardíacos superficial e
profundo e, ramos para a laringe e faringe.

ÓRGÃOS DOS SENTIDOS

Os órgãos dos sentidos constituem meios de contacto do organismo com o


mundo exterior.
O capítulo que estuda os órgãos dos sentidos é a estesiologia.
Serão descritos os órgãos do tacto, do paladar, do olfacto, da visão e da audição.

TACTO
O sentido do tacto reside na pele (Fig. 278), havendo zonas de sensibilidade
específica a que correspondem vias de condução e projecções cerebrais também
específicas.
A pele é essencialmente constituída por uma camada epitelial, a epiderme, e por uma
camada conjuntiva, mais profunda, a derme. A derme relaciona-se de maneira
diferente, nas várias zonas do corpo, com os tegumentos subjacentes: tecido adiposo,
fáscia superficial e tecido celular subcutâneo. A pele possui uma superfície acidentada
cruzada por sulcos e pregas, e orifícios que colocam em comunicação as vias
digestiva, respiratória, genital e urinária, com o exterior. Encontramos ainda os orifícios
das glândulas mamárias, sudoríparas e sebáceas.
Existem nas camadas profundas da pele, vários tipos de receptores, adaptados à
percepção de cada tipo de sensação, como por exemplo: terminações nervosas livres
(dor e frio), corpúsculos de Meissner (tacto delicado), corpúsculos de Pacini (vibração),
entre outros.
Os tipos de sensibilidade são genericamente divididos em: sensibilidade táctil
protopática (sensibilidade grosseira); sensibilidade táctil epicrítica (sensibilidade de
discriminação fina); e sensibilidade termo-álgica (sensibilidade ao calor e ao frio e
sensibilidade à dor).
A capacidade discriminatória do tacto varia de região para região da pele, sendo
máxima na ponta dos dedos das mãos, e muito reduzida por exemplo na região
paramediana do dorso.

PALADAR
O sentido do gosto ou paladar é fornecido por receptores gustativos localizados
fundamentalmente na língua, nas papilas gustativas já descritas, mas também na
faringe, epiglote e até andar superior da laringe até ao nível das cordas vocais.
Os receptores gustativos (sensoriais), específicos para os paladares, contêm células
que originam potenciais de acção quando estimuladas quimicamente por substâncias
solúveis na saliva. Considera-se que há quatro paladares básicos que estimulam com
intensidade diferente, cada tipo de célula receptora: doce, amargo, salgado, ácido. Da
estimulação, combinada de diversas formas, dos vários tipos de receptores, resulta a
riqueza de sensações do paladar. Ao nível da língua os diferentes tipos de células do
paladar não se distribuem homogeneamente. É comummente aceite que, as células
com maior afinidade para o doce localizam-se na ponta da língua; para o amargo, na
parte posterior; para o ácido nas partes laterais; para o salgado em toda a superfície
da língua, mas com incidência especial para as porções ântero-laterais. Conforme
anteriormente exposto esta distribuição não é absoluta e é limitada por uma série de
factores conforme descritos noutro capítulo.
Para além da inervação sensorial, responsável pelo paladar, encontramos ainda na
mucosa lingual, tal como na pele, receptores sensitivos (via da sensibilidade
somática), sensíveis ao tacto, pressão, dor, calor e frio, que nos parecem importantes
referir aqui para melhor compreensão de todo o mecanismo de inervação da língua,
sensorial e sensitivo.
São quatro, os nervos fundamentais na condução das vias sensitiva e sensorial, cujos
territórios apesar de definidos se sobrepõem. São o trigémio (V), o facial (VII), o
glossofaríngeo (IX) e o vago (X).
Ao nível dos dois terços anteriores da língua a inervação é assegurada pelo nervo
lingual, ramo do V par craneano. Este ramo do trigémio contém fibras associadas do
nervo facial, que lhe aferem via corda do tímpano, e que são responsáveis pela via
sensorial relacionada com o sabor ácido e o salgado. As fibras do nervo lingual que
pertencem ao trigémio são responsáveis pela sensibilidade.
No terço posterior, para trás das papilas valadas, as sensações gustativas são
conduzidas pelo IX par craneano, nervo glossofaríngeo, sendo esta zona de carácter
discriminativo em relação à identificação dos alimentos. O vago terá participação na
sensibilidade gustativa da zona epiglótica.
O IX e o X participam ainda com ramos sensitivos no plexo faríngeo para a inervação
da região mais posterior da língua.
Estes nervos conduzem a informação gustativa até núcleos específicos do tronco
cerebral (Fig. 279). Aí fazem sinapse com novos neurónios destinados ao tálamo. No
tálamo originam-se os últimos neurónios das vias gustativas, com destino à porção
mais inferior da circunvolução pós-central do cérebro. Há um certo paralelismo entre
esta via e a via da sensibilidade somática da face e da boca.

OLFACTO
Os órgãos receptores do olfacto encontram-se reunidos na área olfactiva, uma área
com cerca de 2cm2, localizada na parte superior da mucosa de cada fossa nasal (Fig.
280). Esta zona tem uma coloração amarelada devido ao seu conteúdo em lípidos.
Na membrana olfactiva encontram-se cerca de 1 milhão de células ciliadas cobertas
com muco, que se reúnem em ramos cada vez maiores, que atravessam a lâmina
crivosa do etmóide para terminarem no bulbo olfactivo. As moléculas voláteis
presentes no ar inspirado, dissolvem-se no muco e, por estimulação química, geram
potenciais de acção nas células receptoras.
As vias olfactivas, iniciam-se a nível da mancha olfactiva. O corpo celular destes
neurónios bipolares, encontra-se no bulbo olfactivo, que está separado da fossa nasal
apenas pela lâmina crivosa do etmóide. Daqui as informações olfactivas são enviadas
através da fita olfactiva, ao rinencéfalo (sistema límbico) a fim de serem processadas.
Calcula-se que, tal como para o paladar, existam células específicas para odores
básicos. Neste caso são sete: canforado, almiscarado, floral, mentolado, etéreo,
picante e pútrido. Da combinação destes sete odores básicos resulta o olfacto.

VISÃO
O sentido da visão é servido por um órgão fundamental, o globo ocular. Para além do
globo ocular, descrevem-se os órgãos anexos ao globo ocular: as pálpebras, as
sobrancelhas, os músculos extrínsecos do globo ocular, as conjuntivas e o aparelho
lacrimal.

Globo Ocular
O globo ocular localiza-se na porção anterior da cavidade orbitária, mais perto da
parede lateral da órbita, encontra-se envolvido por gordura – a gordura peri-orbitária.
Descrevem-se no globo ocular, um polo anterior e um polo posterior, a partir do qual
se define o diâmetro ântero-posterior, um equador, que é o maior círculo perpendicular
ao eixo ântero-posterior e, meridianos. O eixo ântero-posterior dos globos oculares,
diverge de trás para a frente. Este ângulo, designado, ângulo de divergência é de
cerca de 10º.
O globo ocular é composto por três camadas ou túnicas concêntricas, a túnica fibrosa,
a túnica vascular e a túnica nervosa, que são descritas de fora para dentro. Para além
destas túnicas, descrevem-se os meios transparentes, que são, o humor aquoso, o
cristalino ou lente, e o corpo vítreo (Fig. 281).

Camada Externa (túnica fibrosa do olho)

Esclerótica

A camada externa ou esclerótica é uma camada de tecido fibroso (substância própria


da esclerótica) que constitui a parte branca do olho. Estende-se pelos três quartos
posteriores do globo ocular e continua-se na região anterior, por uma estrutura
transparente e convexa, a córnea.
Considera-se a esclerótica como uma esfera oca, com uma espessura entre 0,5 e
1mm. Descrevem-se as superfícies externa e interna, e dois orifícios, anterior e
posterior.
Na superfície externa inserem-se os músculos extrínsecos do globo ocular.
A superfície interna está em contacto com a coroideia, encontrando-se unida a esta
por uma camada de tecido conjuntivo laxo, a lâmina fusca da esclerótica.
A abertura posterior corresponde ao orifício de passagem do nervo óptico. Em redor
deste orífício encontram-se outros, mais pequenos, correspondentes aos nervos e
artérias ciliares. Na parte profunda deste orifício encontramos a lâmina crivosa.
A abertura anterior corresponde à inserção da córnea, formando o sulco escleral. Na
porção mais lateral e posterior desta linha, existe um pequeno canal, o seio venoso da
esclerótica (canal de Schlemm), por onde é reabsorvido o humor aquoso.

Córnea
A córnea é uma membrana transparente, que constitui o segmento anterior da túnica
fibrosa do olho e que se insere na abertura anterior da esclerótica.
Constitui um segmento de esfera na qual descrevemos uma superfície, ou face,
anterior, uma superfície, ou face, posterior e uma circunferência. A face anterior está
em relação com o meio exterior e encontra-se coberta por um fino epitélio, a que se dá
o nome de epitélio anterior da córnea. Este epitélio continua-se com outro, o da
conjuntiva palpebral, através de uma linha de transição que se denomina anel
conjuntival. O ponto mais saliente desta face corresponde ao vértice da córnea. A face
posterior está em contacto com o humor aquoso, através do epitélio posterior da
córnea. A circunferência é designada por limbo esclerocorneano.
A córnea não é irrigada. A córnea é constituída por uma substância própria da córnea
e por um epitélio que a recobre e que se renova continuamente. Este mecanismo
permite que pequenos traumatismos da córnea cicatrizem sem deixar qualquer
sequela.
A córnea é inervada pelo nervo trigémio (V par).

Camada Média (túnica vascular do olho)

Coróide
A esclerótica é interiormente revestida por uma membrana ricamente vascularizada e
pigmentada, designada por coróide ou coroideia.
A coróide representa um segmento de esfera oco, entre a esclerótica e a retina. Tem
uma cor escura. Consideramos na sua descrição, uma face externa, uma face interna
e duas aberturas.
A face externa é convexa e está separada da lâmina fusca da esclerótica pela lâmina
supracoroideia.
A face interna é côncava e relaciona-se com a retina através da lâmina basal da
coroideia. Entre as duas lâminas descritas na coróide encontramos a camada vascular
e coroidocapilar, esta última mais profunda.
A abertura posterior dá passagem ao nervo óptico.
A abertura anterior também designada bordo anterior da coroideia, localiza-se um
pouco adiante do equador do globo ocular, e continua-se anteriormente com o corpo
ciliar. A linha de separação destas duas estruturas designa-se por ora serrata.
Corpo ciliar
Na porção anterior da camada coroideia descreve-se o corpo ciliar (Fig. 281 e 282).
No corpo ou zona ciliar descrevem-se, uma porção superior, que forma o músculo
ciliar e uma porção posterior que constitui os processos ciliares.
O músculo ciliar tem a forma de um anel aplanado. Observado em corte, tem forma
triangular, correspondendo o seu vértice à ora serrata, e a base olha para a pupila.
Este músculo, possui fibras meridionais, fibras circulares e fibras radiais que cruzam
as outras porções musculares desde a parte interna à parte externa.
Os processos ciliares são uma série de pregas situadas na porção posterior do
músculo ciliar. Este conjunto constitui a coroa ciliar. Nos processos ciliares é produzido
o humor aquoso.

Íris
Na porção mais anterior da coróide descrevemos a íris.
A íris situa-se atrás da córnea e apresenta uma abertura no centro, a pupila.
As faces anterior e posterior relacionam-se com as câmaras anterior e posterior do
olho, respectivamente. Descrevemos uma margem pupilar, que rodeia a pupila,
correspondendo ao pequeno anel da íris, e uma margem ciliar, grande anel da íris, que
corresponde à inserção ciliar da íris e ao ângulo iridocorneano.
A íris é constituída por um estroma iridiano e por fibras musculares lisas, divididas
entre um músculo esfíncter e um músculo dilatador, que regulam o diâmetro da pupila
conforme as condições de luminosidade. A dilatação da pupila designa-se por
midríase e a sua constrição designa-se por miose. Identificam-se fibras radiais que,
quando se contraem, aumentam o diâmetro da pupila e fibras circulares que têm o
efeito oposto.
É irrigada por dois círculos arteriais um maior e outro menor, resultantes da
anastomose de ramos das artérias ciliares posteriores largas e curtas.
A íris contém pigmento em quantidade variável de pessoa para pessoa, que determina
a cor dos olhos.

Camada Interna (túnica nervosa do olho)

Retina
A camada interna existe apenas do corpo ciliar para trás e é a camada nervosa
designada por retina.
A retina divide-se em duas porções, uma posterior, designada por retina visual ou
simplesmente retina, onde há transformação do estímulo luminoso em impulso
nervoso e, uma porção anterior, designada por retina não visual. A linha de união entre
estas duas porções é designada por ora serrata e corresponde à zona descrita
anteriormente.
A retina pode ser observada através do exterior com um instrumento designado
oftalmoscópio. Na porção posterior da retina descreve-se a papila óptica que é uma
zona circular de cor branca e que corresponde ao ponto de saída do nervo óptico do
globo ocular. Fisiologicamente esta zona corresponde a um ponto cego (escotoma). A
partir do centro da papila observam-se os ramos da artéria central da retina e as veias
convergentes. Estes vasos ocupam o interior do nervo óptico a este nível.
Para fora da papila observa-se a fosseta central (fóvea central), de cor mais escura do
que a retina circundante, rodeada por uma outra zona circular, a mácula, que
corresponde ao ponto de maior discriminação visual.
A retina apresenta, entre outros, dois tipos de células, os cones, responsáveis pela
percepção das cores e os bastonetes, responsáveis pela visão a preto e branco.
O globo ocular é essencialmente irrigado pelas artérias ciliares longas posteriores,
pelas artérias ciliares curtas posteriores e pela artéria central da retina. Esta última dá
origem a ramos arteriolares temporais superior e inferior, ramos arteriolares nasais
superior e inferior, ramos arteriolares maculares superior e inferior e a arteríola medial
da retina. A drenagem venosa é essencialmente assegurada pelos ramos homónimos
das arteríolas para a veia central da retina e pelas veias vorticosas.

Meios Transparentes do Olho

Cristalino
O cristalino ou lente (Fig. 281), é uma lente biconvexa que se localiza imediatamente
atrás da pupila da íris, na qual se identificam duas faces, anterior e posterior, dois
pólos, anterior e posterior e um equador. É um corpo essencialmente elástico o que
permite que o seu diâmetro seja variável, contribuindo assim para a focagem das
imagens.
O cristalino é composto pela substância do cristalino, na qual se identifica uma zona
central, núcleo, e uma zona periférica, córtex. É envolvido por uma cápsula
transparente, a cápsula do cristalino, à qual estão presos ligamentos, designados no
seu conjunto por zônula ciliar (de Zinn). A zônula ciliar está unida no seu contorno
lateral ao corpo ciliar, pelas fibras zonulares. Entre as últimas encontramos os espaços
zonulares preenchidos por humor aquoso.
A opacificação do cristalino é designada por catarata e é uma causa frequente de
cegueira.

Corpo Vítreo
O corpo vítreo é a massa transparente, constituído por aproximadamente 98% de
água, de consistência gelatinosa que ocupa o espaço entre a retina e a face posterior
do cristalino. Tem forma esferóide, apresentando uma depressão na sua parte
anterior. O corpo vítreo é constituído por duas porções. Uma membrana de cobertura,
a membrana vítrea e um conteúdo, o humor vítreo.
A membrana vítrea é uma película fina que envolve o corpo vítreo em toda a sua
extensão. À frente, ao nível do cristalino, e atrás, ao nível da papila, reflecte-se sobre
si mesma, penetrando no canal hialiodeu e revestindo as suas paredes.
O humor vítreo é uma substância gelatinosa, contida no interior da membrana vítrea,
que é limitado atrás pela retina e adiante pelo corpo ciliar, pela zônula ciliar e pelo
cristalino. Ajuda a manter a forma esférica do globo ocular e participa na refracção da
luz. Não é uma substância homogénea, estando dividido por um duplo sistema de
fendas, umas circulares e outras radiárias, em numerosos segmentos, fazendo
lembrar, uma fragmentação em casca de cebola ou em gomos de laranja.

Canal hialoideu
O humor vítreo é atravessado de diante para trás por um canal central, o canal
hialoideu (de Cloquet). Durante a vida embrionária este canal é ocupado por uma
artéria, hialoideia, cujo tronco se vai converter na artéria central da retina.

Câmaras do Olho e Humor Aquoso


O humor aquoso preenche a câmara anterior do olho, que é a região limitada
anteriormente pela face profunda da córnea e posteriormente pela face anterior da íris.
Preenche também a câmara posterior do olho, que é a região limitada entre a face
posterior da íris, face anterior da zônula ciliar e face anterior da lente não exposta pela
pupila. Tal como o humor vítreo, participa na refracção da luz.
O humor aquoso é produzido pelos processos ciliares, na câmara posterior. Daí,
circula para a câmara anterior em direcção ao ângulo iridocorneano, onde é
reabsorvido através do seio venoso da esclerótica. O humor aquoso é o principal
responsável pela manutenção da tensão intraocular. Um excesso na sua produção ou
défice na sua reabsorção, conduz a um quadro de hipertensão intraocular, designado
por glaucoma.

Estruturas Anexas ao Globo Ocular


As estruturas anexas ao globo ocular compreendem os músculos do globo ocular, as
pálpebras, as sobrancelhas ou supercílios, a conjuntiva e o aparelho lacrimal (Fig.
283).

Músculos do globo ocular


Uma característica importante dos olhos é não serem estáticos. O ser humano tem a
capacidade de, sem mover a cabeça, modificar o seu campo visual. Isto significa que
cada olho é mobilizado por um conjunto de músculos, os músculos oculomotores, que
se inserem no globo ocular e nos ossos da cavidade orbitária, por um anel tendinoso
comum (de Zinn).
Estes músculos estão em íntima relação com uma membrana conjuntiva, a baínha do
globo ocular (de Tenon). A baínha do globo ocular ou fáscia orbitária é uma membrana
conjuntiva que cobre toda a porção esclerótica do olho, moldando-se sobre esta.
Para além desta descreve-se ainda a periórbita, que corresponde ao periósseo da
órbita.
Em cada olho há seis músculos oculomotores: recto superior e recto inferior, que
deslocam o olho verticalmente para cima e para baixo; recto medial e recto lateral,
que deslocam o olho horizontalmente para dentro e para fora; músculo oblíquo
superior e músculo oblíquo inferior, responsáveis pelos movimentos de rotação do
olho. O músculo oblíquo superior possui um tendão intermédio que se insere na
tróclea, uma cartilagem fibrosa existente na parede medial, sobre a qual se reflecte
para se ir inserir na parte posterior do globo ocular (Fig. 284).
Sobre o músculo recto superior existe ainda o músculo elevador da pálpebra superior
que se insere na face posterior da pálpebra superior através de duas lâminas uma
superficial e uma profunda (Fig. 285).
Todos os músculos, o globo ocular e o nervo óptico encontram-se rodeados por tecido
adiposo que forma o corpo adiposo da órbita.
Os globos oculares executam movimentos síncronos, o que permite manter os eixos
dos dois olhos sempre paralelos.
A inervação dos músculos extrínsecos do olho é feita da seguinte forma: o recto lateral
é inervado pelo VI par; o oblíquo superior é inervado pelo IV par e os restante pelo III
par.

Sobrancelhas
As sobrancelhas ou supercílios, são proeminências arqueadas e revestidas de pelos,
localizadas sobre as pálpebras.

Pálpebras
As pálpebras são estruturas que protegem os olhos das agressões externas e que
ajudam a lubrificar a córnea.
As pálpebras são duas, superior e inferior com uma face anterior e uma face posterior,
com um bordo livre que determina entre si a fenda palpebral cujos limites são as
comissuras palpebrais medial e lateral.
São constituídas por uma camada superficial de pele, uma camada muscular, que
constitui o músculo orbicular dos olhos (porção palpebral) e por uma lâmina fibrosa,
profunda em relação ao músculo, que se denomina, tarso.
O tarso possui numerosas glândulas tarsais que se abrem por pequenos orifícios no
bordo livre das pálpebras. Adiante destes e ainda no bordo livre, existem numerosos
pelos, os cílios palpebrais, vulgarmente designados por pestanas, que são mais
numerosos na pálpebra superior e que possuem uma curvatura especial. Na
vizinhança dos cílios encontramos ainda glândulas sebáceas e ciliares.

Conjuntiva
A conjuntiva é uma membrana mucosa que reveste a face posterior da pálpebra
(túnica conjuntiva palpebral), que se reflecte sobre a esclerótica (túnica conjuntiva
bulbar) e, que termina ao nível do contorno da córnea, no anel conjuntival, como acima
referido. As duas túnicas formam fundos de saco, superior e inferior, por onde se
deslocam as lágrimas da glândula lacrimal para os canalículos lacrimais.
A conjuntiva é ricamente vascularizada e muito fina, deixando observar a esclerótica.
A sua inflamação é designada conjuntivite.

Aparelho Lacrimal
O aparelho lacrimal é constituído pela glândula lacrimal, que produz as lágrimas,
localizada na porção superior e lateral da órbita. Descrevem-se na glândula duas
porções uma orbitária e uma palpebral (Fig. 286).
As lágrimas são drenadas para a conjuntiva e daí para o ângulo medial do olho, onde
se concentram no lago lacrimal. Encontramos nessa zona uma pequena elevação da
mucosa a que se dá o nome de carúncula lacrimal, em cujos pólos superior e inferior,
os pontos lacrimais, tem início o sistema de drenagem lacrimal. Os canalículos
lacrimais superior e inferior recolhem a lágrima e desembocam no saco lacrimal. O
saco lacrimal continua-se com o canal lacrimonasal, que se abre no meato inferior da
fossa nasal, pondo em comunicação as cavidades orbitária e nasal (Fig. 287).

AUDIÇÃO
O ouvido pode dividir-se em três porções: ouvido externo, ouvido médio e ouvido
interno.

Ouvido Externo
O ouvido externo é a parte mais lateral do ouvido. É constituído pela orelha ou
pavilhão auricular e pelo canal auditivo externo.

Orelha (Pavilhão auricular)


A orelha localiza-se nas partes laterais da cabeça, adiante da apófise mastóide do
osso temporal e atrás da articulação temporomandibular (Fig. 288).
É constituída por um esqueleto cartilagíneo, recoberto por pele. Na face lateral
descreve-se uma escavação, a concha da orelha, ao redor da qual se descrevem
várias formações: o hélix, que forma o bordo circunferencial da cartilagem auricular,
adiante deste, descrevendo uma circunferência menor, o antélix; o trágus que é uma
lâmina de forma triangular adiante do orifício do canal auditivo externo e, o antitragus,
igualmente uma formação triangular localizada junto à extremidade inferior do antélix e
atrás do orifício do canal auditivo externo. Por baixo destas formações, encontra-se o
lóbulo da orelha que é desprovido de cartilagem e possui uma rede capilar muito rica.
A orelha apresenta uma configuração apropriada à recepção de ondas sonoras que
depois orienta para o canal auditivo externo.

Canal Auditivo Externo


O canal auditivo externo inicia-se no poro auditivo externo e prolonga-se até à
membrana do tímpano (Fig. 289).
Tem uma forma cilíndrica, aplanado de frente para trás, descrevendo-se quatro
paredes. Parede anterior, em relação com a articulação temporomandibular, a parede
posterior que corresponde à apófise mastóide, a parede superior que corresponde à
cavidade craniana e a parede inferior que corresponde à glândula parótida.
Tem a forma de S itálico com cerca de 2,5 cm de comprimento.
Apresenta uma porção lateral cartilagínea e uma porção medial óssea. A porção óssea
corresponde ao canal auditivo externo, ósseo, descrito na porção petrosa do osso
temporal. Apresenta uma porção mediana mais estreita, conhecida como istmo do
canal auditivo externo.
Na sua metade lateral (externa), apresenta numerosas glândulas que produzem
cerúmen (cera), substância que serve para lubrificar e proteger o ouvido.
O canal auditivo externo é revestido por pele muito fina e que sofre facilmente
lacerações em caso de traumatismo externo. O canal auditivo externo é muito sensível
à dor, não só pela inervação da pele que o recobre mas principalmente por ser muito
fácil a estimulação dolorosa do osso subjacente que é extraordinariamente sensível.
No fundo do canal auditivo externo encontra-se a membrana do tímpano. Esta
estrutura separa o ouvido externo do ouvido médio.
É constituída por três camadas, uma externa, cutânea, uma média, fibrosa e uma
interna, mucosa. Possui uma forma circular, com 9 a 11 mm de diâmetro e com o
centro deprimido. Apresenta duas porções, uma superior, a porção flácida, em que
está ausente a camada fibrosa e, outra, que representa 4/5 do contorno da membrana,
a porção tensa.
A zona central deprimida, referida acima, o umbigo malear, corresponde ao vértice do
cabo do martelo, que se prolonga para cima através da estria malear até à eminência
malear, originada pela apófise lateral do martelo.
Na porção ântero-inferior, descreve-se o triângulo luminoso que se altera em caso de
retracção ou perfuração da membrana.
A membrana do tímpano é limitada no seu contorno, por um ligamento fibroso, circular,
o anel fibrocartilaginoso, que se insere no sulco timpânico. Este anel, bem como o
sulco, são interrompidos ao nível da porção flácida.

Ouvido Médio ou Caixa do Tímpano


O ouvido médio ou caixa do tímpano é uma cavidade em forma de lente bicôncava,
que se encontra para dentro da membrana do tímpano e para fora das estruturas que
constituem o ouvido interno (Fig. 289).
Para facilidade de descrição, consideram-se no ouvido médio, seis paredes.
A parede tegmentar (superior) separa o ouvido médio da cavidade craniana.
A parede jugular (inferior), é anfractuosa e relaciona-se com a fossa jugular, na
parede membranosa (lateral), descreve-se a face medial da membrana do tímpano, e
na sua porção superior a parede lateral do ático timpânico que é porção superior da
caixa do tímpano.
Na parede mastoideia (posterior), existe um pequeno orifício de forma triangular, o
ádito do antro que faz comunicar o ouvido médio com a maior célula mastoideia, o
antro mastoideu e a partir deste com as restantes células mastoideias. Ainda nesta
parede, descreve-se a eminência piramidal, no vértice da qual se insere o músculo do
estribo, uma pequena incisura para o ramo horizontal da bigorna, a abertura timpânica
do canalículo da corda do tímpano e ainda o seio timpânico posterior, fosseta profunda
e de difícil acesso cirúrgico.
Na parede labiríntica (medial), descrevemos uma porção mediana elevada, o
promontório, que corresponde à espira basal do caracol e duas janelas, a janela do
caracol (redonda) e a janela do vestíbulo (oval). Na parede carotidiana (anterior),
abre-se o orifício da trompa auditiva (de Eustáquio), que estabelece a comunicação
entre o ouvido médio e a nasofaringe.
No interior da caixa do tímpano, descrevem-se três pequenos ossículos: o martelo, a
bigorna, e o estribo. Estes ossículos articulam-se entre si, constituindo uma cadeia que
se estende desde a membrana do tímpano, onde se prende o cabo do martelo, até à
janela do vestíbulo, que é ocupada pela base do estribo. Esta cadeia ossicular tem a
função de transmitir e ampliar, os sons desde a membrana do tímpano até à janela do
vestíbulo. Este processo é auxiliado por dois pequenos músculos, o músculo tensor do
tímpano e o músculo do estribo, que é o mais pequeno músculo estriado do corpo
humano.
A caixa do tímpano é atravessada pela corda do tímpano que é ramo no nervo facial
(VII par) e tem importância nas vias gustativas. Na parede posterior (mastoideia) da
caixa do tímpano, descreve-se o aqueduto do facial por onde passa o nervo facial.
A caixa do tímpano é revestida em toda a sua extensão por mucosa. Esta mucosa
está intimamente aderente ao periósseo e reveste os ossículos e os ligamentos aí
existentes.

Cadeia Ossicular
Os ossículos da caixa do tímpano estão articulados entre si, formando uma cadeia que
se estende desde a membrana do tímpano, até à janela do vestíbulo (Fig. 290).
O martelo, apresenta a cabeça, que é a porção mais volumosa do osso e que se
localiza na sua parte superior. É redonda, lisa e, na sua porção póstero-medial,
encontra-se uma faceta articular elíptica para a bigorna. Por baixo da cabeça,
apresenta uma porção apertada, o colo. O cabo do martelo, destaca-se do colo, dirige-
se para baixo, na espessura da membrana do tímpano e termina na zona do umbigo
da membrana do tímpano, por uma porção em forma de espátula.
O martelo, apresenta ainda as apófises lateral e anterior. A apófise lateral é uma
pequena eminência que se destaca da porção ínfero-lateral do colo. A apófise anterior
(de Raw) tem a forma de uma espinha e vai desde a porção anterior do colo até à
porção lateral da cisura petrotimpânica.
A bigorna, localiza-se para dentro do martelo e apresenta o corpo e dois ramos. O
corpo está localizado no ático timpânico, tal como a cabeça do martelo, tem uma
forma cubóide, ligeiramente aplanado transversalmente. Na parte anterior do corpo,
existe uma pequena faceta articular, ligeiramente côncava, para a cabeça do martelo.
Os dois ramos, dividem-se em curto e longo. O ramo curto é horizontal e dirige-se para
trás para a parede mastoideia da caixa do tímpano. O ramo longo, dirige-se para baixo
e depois para dentro, terminando por uma pequena porção abaulada, a apófise
lenticular, que apresenta uma pequeníssima faceta articular para o estribo.
O estribo, assemelha-se a um estribo de montar, descrevendo-se, a cabeça, a base
ou platina e os ramos. A cabeça é a porção mais lateral do osso e articula-se com a
apófise lenticular da bigorna. A base ou platina, é uma lâmina óssea que se aloja na
janela do vestíbulo, tem forma oval de grande eixo transversal e a sua extremidade
posterior é ligeiramente mais espessa. Os ramos são dois, um anterior e um posterior
e unem a base à cabeça. No ponto de união dos ramos à cabeça, existe um ligeiro
estrangulamento designado por colo.
Os ossículos do ouvido estão articulados entre si, dando-se o nome de articulação
incudo-malear à união entre a bigorna e o martelo; articulação incudo-estapédica à
união bigorna-estribo; e articulação tímpano-estapédica à união tímpano-estribo, ao
nível da janela do vestíbulo. Estas articulações são uniões do tipo sindesmose e
possuem ligamentos de reforço.
Sobre a trompa auditiva descrevemos o canal do músculo tensor do tímpano, onde se
encontra o músculo com o mesmo nome que se vai inserir no cabo do martelo. O
músculo do estribo origina-se num canal ósseo na parede mastoideia e fixa-se na
cabeça do estribo, tendo por função amortecer as vibrações do estribo.

Trompa Auditiva (de Eustáquio)


A trompa auditiva é um canal que põe em comunicação a caixa do tímpano, com a
faringe. É constituída por duas porções, uma lateral, porção óssea e uma medial,
formada por partes moles – a porção mole ou fibrocartilagínea. A trompa dirige-se
obliquamente de trás para diante, de fora para dentro e de cima para baixo (Fig. 289).
As porções óssea e fibrocartilagínea, formam entre si um ângulo muito aberto para
baixo e para diante. O seu calibre varia, seguindo a trompa de fora para dentro, a
trompa vai-se tornando mais estreita, até ao início da porção fibrocartilagínea (istmo).
A partir deste ponto, volta a alargar até à faringe.
A trompa está revestida por mucosa, que se continua com a mucosa da caixa do
tímpano e com a mucosa da rinofaringe ou nasofaringe. A trompa auditiva tem um
papel fundamental no equilíbrio de pressões entra a caixa do tímpano e a naso-faringe
e consequentemente entre as duas faces da membrana do tímpano. A abertura e o
encerramento da trompa auditiva são controlados pelos músculos, tensor do
palato e elevador do palato, que são músculos do palato mole. Assim uma
integridade funcional do palato mole é fundamental para uma audição normal.
A trompa auditiva, durante a primeira infância tem um pequeno comprimento e um
grande diâmetro relativos. Com o avançar da idade, a trompa auditiva vai-se
alongando e adquirindo a sua configuração final. Este facto explica parcialmente a
grande frequência de otites agudas durante a primeira infância, com as bactérias a
progredirem facilmente a partir da naso-faringe até ao ouvido médio.

Ouvido Interno
Tal como o ouvido médio, o ouvido interno está contido na porção petrosa do osso
temporal.
O ouvido interno engloba um conjunto de canais ósseos, descritos no interior da
porção petrosa do osso temporal, designados por labirinto ósseo. No interior do
labirinto ósseo, suspenso por tecido conjuntivo, encontra-se um conjunto de
estruturas, com forma semelhante ao anterior, designadas por labirinto membranoso
(Fig. 291).
O labirinto ósseo apresenta uma porção posterior, o vestíbulo, à qual corresponde o
labirinto vestibular da porção membranosa (labirinto membranoso), onde se encontram
órgãos com funções no equilíbrio, e uma porção anterior óssea, a cóclea (caracol),
onde se encontra o canal coclear (do labirinto membranoso), órgão fundamental no
sentido da audição.
Ao nível do labirinto vestibular (labirinto membranoso) existem duas dilatações, o
utrículo e o sáculo, ligados pelo canal utrículo-sacular, que são estruturas implicadas
na percepção de acelerações lineares, nomeadamente ao nível das máculas utricular
e sacular correspondentes a áreas sensoriais. Do sáculo destaca-se o canal
endolinfático (aqueduto do vestíbulo) que termina ao nível do saco endolinfático
situado na face posterior da porção petrosa do temporal.
Descrevem-se ainda, no labirinto vestibular, os canais semicirculares, em número de
três, um anterior, um lateral e um posterior. Os canais semicirculares são estruturas
implicadas na percepção das acelerações circulares, estando cada um posicionado
perpendicularmente ao outro, nos três planos do espaço. Têm a forma de tubos
curvos, em arco de círculo. Os canais semicirculares partem do vestíbulo, ao nível do
utrículo e voltam ao vestíbulo, ao mesmo nível. Assim cada um apresenta dois
orifícios, um dilatado, orifício ampular, e um não dilatado, designado por orifício não
ampular.
Os canais semicirculares anterior e posterior têm uma extremidade não ampular
comum, a que se dá o nome de ramo membranoso comum. O canal semicircular
lateral termina no utrículo, na sua extremidade não ampular, através do ramo
membranoso simples. Às terminações ampulares dá-se o nome de ramos
membranosos ampulares.
Os canais semicirculares encontram-se revestidos por um epitélio. Nas ampolas
encontramos uma dilatação de consistência gelatinosa, a cúpula, à qual se sobrepõem
células neuro-epiteliais de carácter sensorial.
O vestíbulo, porção óssea onde se encontra o labirinto vestibular, relaciona-se com o
ouvido médio, através da janela da cóclea que se encontra ocluída com uma
membrana (membrana timpânica secundária) e também através da janela do
vestíbulo, que se encontra encerrada pela base do estribo. O vestíbulo apresenta duas
escavações correspondentes ao sáculo e ao utrículo, respectivamente, o recesso
esférico e o recesso elíptico. Apresenta ainda, como acima descrito, canais
semicirculares ósseos, ampolas ósseas e ramos ósseos, correspondentes aos do
labirinto membranoso. Ao nível das máculas sacular e utricular do labirinto
membranoso a superfície óssea apresenta numerosas perfurações para passagem de
fibras nervosas. Estas áreas tomam o nome de máculas crivosas.
Na porção anterior do labirinto ósseo descreve-se a cóclea ou caracol. A cóclea tem
uma forma espiral, com duas espiras e meia e um eixo ósseo, o modíolo. O vértice do
modíolo é designado por helicotrema e corresponde ao ponto de comunicação das
rampas vestibular e timpânica.
A cóclea contém dentro de si um conjunto de três canais paralelos enrolados em
hélice: rampa vestibular, rampa timpânica, e o canal coclear (Fig. 292).
Enquanto que as duas primeiras contêm um líquido semelhante ao líquido céfalo-
raquidiano, a perilinfa, o canal coclear contém endolinfa, líquido com baixa
concentração de sódio, e elevada concentração de potássio, ao invés do que acontece
na perilinfa. O espaço perilinfático está em contacto com o espaço subaracnóideu
através do canal perilinfático (aqueduto coclear), situado na vizinhança da transição
vestíbulo-coclear.
A endolinfa é produzida na estria vascular, localizada na parede lateral do canal
coclear. Circula por aquele canal, pelo sáculo, ao qual está unido pelo ductus
reuniens, pelo utrículo e pelos canais semicirculares. Finalmente passa para o canal
endolinfático que percorre até ao saco endolinfático, onde é reabsorvida. Um excesso
de produção ou um défice na reabsorção da endolinfa, conduz a uma hipertensão nos
espaços endolinfáticos, com consequências no equilíbrio e na audição, de que é
exemplo a doença de Menière.
A rampa vestibular e o canal coclear estão separados por uma membrana
extremamente fina, a membrana vestibular. O canal coclear está separado da rampa
timpânica pela lâmina basilar. Na lâmina basilar localiza-se o órgão espiral (de Corti) –
o órgão encarregue da conversão das ondas sonoras em impulsos nervosos. Deste
orgão destacam-se fibras nervosas para o modíolo (núcleo central da cóclea), através
dos canais longitudinais modiolares, onde tem origem o nervo coclear.
O ouvido interno está na origem do nervo vestibulococlear, VIII par craniano, com as
suas porções coclear e vestibular, ligadas respectivamente à audição e ao equilíbrio.

ORGÃOS ENDÓCRINOS (GLÂNDULAS ENDÓCRINAS)

O sistema endócrino é constituído por um certo número de glândulas, ditas de


secreção interna porque lançam o seu produto de secreção – as hormonas –
directamente no sangue, ou seja, no meio interno.
Contam-se, entre as glândulas de secreção interna a hipófise, a tiróide, as
paratiróides, as supra-renais, as gónadas (ovário e testículo) e o pâncreas endócrino.
As gónadas foram já estudadas a propósito dos aparelhos reprodutores; e o pâncreas
foi referido nos anexos de aparelho digestivo.
A inter-relação dos sistemas nervoso e endócrino, tanto estrutural como
funcionalmente, é exemplificada pelo hipotálamo, que integra ambos os sistemas e é o
local principal onde as suas actividades se combinam. A despeito das suas funções
nervosas, o hipotálamo também é endócrino, produzindo, por neuro-secreção um
grande número hormonas que controlam a actividade da adeno-hipófise e que
constituem a secreção da neuro-hipófise. É, no entanto, referenciado com maior
detalhe no capítulo do sistema nervoso.

HIPÓFISE
A hipófise tem a forma e o tamanho aproximado de uma ervilha. É ímpar e mediana.
Situa-se atrás do quiasma óptico, adiante dos corpos mamilares, estando em relação,
através do infundíbulo, com o hipotálamo e encontra-se encerrada na loca hipofisária,
por sua vez contida na sela turca.
É constituída por um lobo anterior ou adeno-hipófise, um lobo posterior ou neuro-
hipófise e um lobo intermédio, muito desenvolvido em alguns animais mas atrófico no
Homem (Fig.293).
O lobo anterior ou adeno-hipófise é o mais volumoso, sendo altamente vascular e
constituído por células epiteliais de forma e tamanho variados, dispostas em cordões
ou folículos irregulares, separados uns dos outros por numerosos capilares sinusóides.
Pelo menos sete hormonas são sintetizadas e libertadas pela adeno-hipófise.
O lobo posterior, ou neuro-hipófise deriva do pavimento do terceiro ventrículo; é um
lobo nervoso que funciona como uma via de excreção dos produtos de secreção
elaborados pelo hipotálamo.
A hipófise é vascularizada pelas artérias hipofisárias, ramos da carótida interna. As
veias constituem uma rede muito desenvolvida que se estende para o hipotálamo e
constitui um sistema porta venoso – o sistema porta hipotálamo-hipofisário (Fig. 294).

Hipófise faríngea
É uma formação inconstante, situada na espessura da mucosa da abóbada faríngea.
Ocupa a linha média e apresenta a forma de um corpo alongado no sentido sagital,
dirigindo-se obliquamente de cima para baixo e de trás para diante. Identificamo-la,
num corte sagital, adiante da bolsa de Luschka e da amígdala faríngea.

TIRÓIDE

A glândula tiroideia é uma víscera sólida, muito vascularizada, relacionada com a


fascia pré-traqueal. Encontra-se firmemente aderente a esta o que provoca a sua
elevação e abaixamento durante a deglutição. Possui uma cápsula fibrosa própria que
está em continuidade com o estroma da glândula.
Genericamente a tiroideia consiste em dois lobos laterais, direito e esquerdo, unidos
na linha média pelo istmo tiroideu. Cada um dos lobos estende-se desde meia altura
da cartilagem tiroideia da laringe até ao sexto anel traqueal. Os lobos têm uma forma
piramidal de vértice superior e base inferior. As dimensões da glândula são com
frequência, muito alteradas em caso de patologia.
Os lobos relacionam-se pela sua face medial com as cartilagens tiroideia e cricoideia,
com o músculo crico-tiroideu (tensor das cordas vocais e enervado pelo nervo laríngeo
superior), com o músculo constritor inferior da faringe, com a traqueia, com o esófago,
com o ramo externo do nervo laríngeo superior e com o nervo laríngeo inferior (nervo
recorrente).
Os lobos relacionam-se atrás com a artéria carótida comum (carótida primitiva), com a
artéria tiroideia inferior e com o músculo longus cervicis (longo do colo). A sua face
anterior é coberta pelos músculos esterno-cleido-hioideu, esterno-tiroideu e omo-
hioideu. Este conjunto é ainda recoberto pelo músculo esterno-cleido-mastoideu.
Ocasionalmente o istmo tiroideu poderá estar ausente. O istmo tiroideu pode ser
considerado como um faixa de tecido tiroideu, com largura, altura e espessura
variáveis, situado adiante dos segundo, terceiro e quarto anéis traqueais, firmemente
aderente a estes através de uma fascia de tecido fibroso, e recoberto pela pele e pela
fascia cervical superficial (aponevrose cervical superficial). O istmo encontra-se mais
próximo do polo inferior do que do polo superior.
Do bordo superior do istmo tiroideu, destaca-se com frequência uma projecção de
tecido tiroideu, (pirâmide de Lalouette ou lobo piramidal) que se encontra unida ao
osso hioide através de um ligamento fibroso normalmente designado por ligamento
elevador da glândula tiroideia.
Ao longo de todo o trajecto do canal tireo-glosso que se estende desde a base da
língua (vértice do V lingual) até ao bordo superior do istmo, passando por trás do
corpo do osso hióide, poderá ser encontrado tecido tiroideu.

Artérias:
A glândula tiroideia é irrigada pela artéria tiroideia superior, primeiro ramo colateral
da artéria carótida externa. Ao alcançar o polo superior do lobo lateral da glândula a
artéria dá os seus três ramos terminais, um medial, que normalmente se anastomosa
com o mesmo ramo contra lateral, um ramo lateral e um ramo posterior.
A artéria tiroideia inferior é um ramo constante do tronco tiro bicervico escapular que
inclui também as artérias, cervical transversa, cervical ascendente e supra escapular.
Este tronco por sua vez é um dos ramos ascendentes da artéria subclávia. A artéria
tiroideia inferior percorre o bordo medial do músculo escaleno anterior e ao nível da
sexta vértebra cervical, curva-se no sentido medial, cruza posteriormente o nervo vago
(X par) e a artéria carótida comum. Passa adiante dos vasos vertebrais e alcança o
bordo posterior do lobo lateral da glândula.
A artéria tiroideia média (de Newbaüer) é um ramo inconstante do arco aórtico e que
existe em cerca de trinta por cento dos casos. O seu calibre é muito variável, desde
uma pequena arteríola até uma artéria de calibre razoável que caminha sobre a face
anterior da traqueia alcançando o bordo inferior do istmo tiroideu.

Veias:
As veias da tiroideias formam um plexo localizado na face anterior da glândula. À
medida que estas veias deixam a glândula, formam três troncos principais, que se
passam a designar como veias tiroideias superior, média e inferior.
A veia tiroideia superior é o único tronco venoso que acompanha o trajecto da artéria
com o mesmo nome. Esta veia abandona a glândula junto ao polo superior do lobo
lateral, acompanha o bordo do músculo omo-hioideu, cruza a face anterior da artéria
carótida comum (carótida primitiva) e termina na vertente medial da veia jugular
interna ou como parte do tronco venoso tiro-linguo-faringo-facial.
A veia tiroideia média não tem artéria satélite. Deixa a glândula a cerca de meia altura
do lobo lateral, cruza a face profunda do músculo omo-hioideu e termina na veia
jugular interna.
As veias tiroideias inferiores, em número variável, têm origem no polo inferior do lobo
lateral e no bordo inferior do istmo, dirigem-se para baixo, adiante da face anterior da
traqueia e apresentam com frequência anastomoses entre si. Estas veias terminam
na veia inominada esquerda.

Nervos:
A glândula é enervada pelo nervo laríngeo superior e pelo nervo laríngeo inferior
(recorrente), ambos ramos do nervo vago (X par).
O nervo laríngeo superior, após cruzar a artéria carótida interna pela sua face
posterior, divide-se em dois ramos, interno e externo. O ramo interno, o mais
volumoso, acompanha parte do trajecto da artéria tiroideia superior, perfura a
membrana tiro-hioideia junto ao bordo posterior do músculo tiro-hioideu. É um nervo
sensitivo e fornece fibras para o seio piriforme (goteira faringo-laríngea) e para a
mucosa supraglótica, tendo importância fisiológica no controlo da deglutição. O ramo
externo do nervo laríngeo superior, acompanha igualmente a artéria tiroideia superior
mas localiza-se num plano mais profundo. Passa por trás do polo superior do lobo
lateral e distribui-se aos músculos crico-tiroideu e constritor inferior da faringe. É um
nervo motor com importância na tensão das cordas vocais o que condiciona o timbre e
o volume da voz. A sua lesão provoca disfonia que no entanto na maior parte das
vezes é transitória.
O nervo laríngeo inferior (recorrente) é uma estrutura de vital importância na cirurgia
da glândula tiroideia. O seu trajecto apresenta variações, de tal forma que o nervo
pode penetrar na glândula, pode cruzar a face posterior da glândula ou pode percorrer
o sulco traqueo-esofágico. Durante a cirurgia, com o lobo lateral repuxado para a linha
média, o nervo apresenta uma posição mais anterior e mediana colocando-se
habitualmente na porção póstero-lateral na traqueia, abandonando o sulco traqueo-
esofágica. Este nervo passa de forma constante, atrás da articulação formada entre o
corno inferior da cartilagem tiroideia da laringe e a cartilagem cricoideia. À direita o
nervo cruza a primeira porção da artéria subclávia, vira para cima e dirige-se para a
linha média atrás desta artéria e da carótida comum (carótida primitiva) e caminha no
sulco traqueo-esofágico. Ascende neste sulco até à glândula e cruza, ou é cruzado,
pela artéria tiroideia inferior. Após alcançar o bordo inferior do músculo constritor
inferior da faringe, penetra na laringe, na porção lateral da membrana crico-tiroideia.
O nervo por vezes bifurca-se antes de penetrar na laringe.
É um nervo essencialmente motor, enervando todos os músculos intrínsecos da
laringe, nomeadamente dilatadores, constritores e tensores das cordas vocais, à
excepção do crico-tiroideu. Fornece ainda a enervação sensitiva da subglote. Do lado
esquerdo, após a sua origem no nervo vago, o nervo emerge da cavidade torácica
após ter passado por baixo do arco aórtico, ascendendo de seguida no pescoço pelo
sulco traqueo-esofágico.
Como forma de referenciar o nervo recorrente, foi descrito por M. M. Simon um
triângulo cuja base é formada pela artéria tiroideia inferior, o bordo posterior é formado
pela artéria carótida comum e o bordo anterior é formado pelo próprio nervo
recorrente. A fiabilidade desta referência é naturalmente condicionada pelas variantes
anatómicas descritas anteriormente.
A enervação simpática da glândula deriva dos gânglios simpáticos cervicais. As fibras
nervosas formam um plexo que alcança a glândula juntamente com as artérias
tiroideias superior e inferior.

Drenagem linfática:
A tiroideia é drenada por dois conjuntos de vasos linfáticos, que se poderão
sistematizar de forma simples como ascendentes e descendentes, individualizando-se
em cada um destes os linfáticos mediais e os laterais.
O grupo medial dos linfáticos ascendentes deixa o bordo superior do istmo e alcança
os gânglios linfáticos localizados na membrana crico-tiroideia, conhecidos como
gânglios pré laríngeos (ou de Delfos). Os linfáticos ascendentes laterais, deixam a
porção lateral e superior da glândula e acompanham a artéria tiroideia superior,
alcançando em seguida a cadeia cervical profunda, nomeadamente a cadeia da veia
jugular interna. Os linfáticos descendentes mediais, alcançam os gânglios linfáticos
pré-traqueais. Finalmente os linfáticos descendentes laterais passam na face profunda
da tiroide até alcançarem os pequenos gânglios linfáticos localizados ao longo do
nervo recorrente, constituindo a cadeia do nervo recorrente.
GLÂNDULAS PARATIROIDEIAS

As glândulas paratiroideias são pequenos corpos de cor amarelo torrada, cujo número
e localização é variável. Mais frequentemente existem uma superior e uma inferior em
cada lado, localizadas em qualquer posição desde a face posterior da faringe até ao
mediastino superior. Têm normalmente o tamanho de uma pequeníssima ervilha e
estão mais frequentemente localizadas entre o bordo posterior do lobo lateral e a
lâmina pretraqueal da fascia pretraqueal. As paratiroideias localizam-se, total ou
parcialmente dentro da capsula da glândula tiroideia podendo mesmo ser
intraparenquimatosas. A localização intratiroideia é mais frequente nas paratiroideias
superiores.
As glândulas paratiroideias são irrigadas por ramos da artéria tiroideia média que
correm junto à cápsula da glândula tiroideia.

DEGLUTIÇÃO E FONAÇÃO

A fonação e a deglutição são processos complexos que dependem de uma série de


acções fisiológicas e interacções entre a cavidade oral, a orofaringe e a laringe.

Deglutição

A sequência de acções motoras envolvidas na deglutição é vagamente previsível,


embora tenha sido demonstrado que o “timing” relativo destes acontecimentos varia
conforme o tamanho e a consistência do bolo (bolus) alimentar e se se trata de sólidos
ou líquidos.
A deglutição pode ser sistematizada em quatro estádios: a preparação oral, a fase
oral, a fase faríngea e a fase esofágica. Cada estádio depende da integridade da
função neurológica e de uma sucessão interactiva de movimentos coordenados. Assim
sendo, qualquer alteração neurológica ou estrutural que altere estes padrões afecta a
fonação e a deglutição.
Antes da deglutição, é necessária uma fase de preparação oral do bolo alimentar. Este
facto requer uma transição suave e eficaz entre o início da mastigação do bolo
alimentar efectuada pelos dentes, a mistura do bolo alimentar com saliva, com a ajuda
da acção da língua neste processo, até se formar uma massa coesa, manejável, que
possa ser transportada posteriormente através da cavidade oral até à faringe.
Este processo desencadeia um movimento de deglutição, particularmente ao nível da
área dos arcos das fauces, iniciando-se assim a fase faríngea da deglutição.
Embora a propulsão do bolo alimentar pela língua é uma indicação de que o processo
de deglutição teve início, existem, na cavidade oral outros fenómenos menos óbvios
que no entanto deverão ocorrer com a precisão e a velocidade adequadas para
assegurar uma transição eficiente para a faringe. Desde o momento em que o
alimento é colocado na boca, até que o bolo alimentar seja deglutido, a oclusão labial
assegura que os alimentos sólidos ou líquidos não saiam da boca. Durante este
processo, a via aérea nasal deverá estar permeável permitindo assim a respiração. O
bolo alimentar deverá ser mantido entre a face dorsal da língua e a porção anterior do
palato duro, antes do início da fase faríngea. Os movimentos da língua controlam os
movimentos do bolo alimentar, contendo-o conta os rebordos alveolares e afastando-o
do pavimento da boca. Em seguida são executados movimentos de lateralização e
mastigação, implicando movimentos da mandíbula com a colaboração dos dentes,
propulsionando o bolo para a faringe. Neste tempo o bolo alimentar toma uma forma
alongada no sentido ântero-posterior.
Durante o estádio de preparação oral a língua também subdivide o alimento após a
mastigação, repartindo-o em pequenas quantidades que podem ser deglutidas
sequencialmente.
A adequada contracção da musculatura bucal encerra o vestíbulo bucal, prevenindo o
escape de comida para os espaços entre a mandíbula e a bochecha.
Se não houver mastigação activa durante a preparação oral, o palato mole é rebaixado
e posicionado anteriormente de forma a prevenir a passagem de alimento da cavidade
oral para a faringe.
No entanto, durante a mastigação activa, o palato mole não é puxado para baixo e
para a frente, permitindo assim que algum material se espalhe sobre a base da língua.
Este processo é normal durante a mastigação activa mas não deve ocorrer quando o
bolo alimentar é retido na cavidade oral, imediatamente antes da deglutição.
A deglutição faríngea raramente é desencadeada por este facto de algum material
alcançar a base da língua. No entanto, se parte do bolo alimentar entrar na laringe,
desencadeia-se a deglutição. Esta situação acontece normalmente quando a fase oral
da deglutição não é iniciada correctamente. Naturalmente neste caso pode
desencadear-se tosse para proteger as vias aéreas.

A fase oral é iniciada quando a língua inicia a propulsão do bolo alimentar para trás. O
bolo rola sobre si próprio, da frente para trás ou estira-se ao longo da cavidade oral.
A face dorsal da língua conforma-se em sulco, criando como que uma rampa que
facilita o movimento do bolo para trás, ao longo da cavidade oral.

A adequada pressão exercida pela língua contra o palato é fundamental para que não
haja escape de partes do bolo nem que fiquem resíduos alimentares para trás, à
medida que o bolo alimentar progride através da cavidade oral em direcção à faringe.
Tipicamente, a fase oral da deglutição dura menos de 1,5 segundos, sendo
ligeiramente prolongado quando a viscosidade do bolo é maior.

A fase faríngea da deglutição é desencadeada quando os receptores sensitivos da


orofaringe e da língua são estimulados, enviando informação ao córtex cerebral e
tronco cerebral.
As acções das estruturas da cavidade oral empurram o bolo posteriormente até ser
estimulada a área entre os arcos palato-glossos e o ponto em que a base da língua
cruza o bordo inferior da mandíbula. Neste ponto é onde termina a fase oral e se inicia
a fase faríngea da deglutição.

O início da fase faríngea requer a presença de comida, bem como o desencadear de


actividade faríngea e laríngea que visa proteger a via aérea. Estas acções de
protecção da via aérea precedem a propulsão posterior da língua e estão associadas
com a actividade da cavidade oral.

Fonação

A produção de voz e a inteligibilidade da voz produzida dependem de uma sequência


altamente precisa e rápida de mudanças da forma e configuração do trajecto vocal,
provocadas por movimentos coordenados dos articuladores da cavidade oral,
nomeadamente os lábios, a língua e o palato mole. O local do contacto da articulação
vocal pode ser bilabial, com contacto primário anterior, para sons como P, B, ou M; ou
pode ser velar (palato) quando é necessário produzir os sons K ou G.
A graduação entre um som nasal ou vocal depende do grau de coartação imposta pelo
tracto vocal, mediante a acção do palato mole, o que requer que o palato mole assuma
uma posição mais baixa para a produção de consoantes nasais, tais como M e N.
Por outro lado, o efeito valvular da laringe requer a abertura ou encerramento das
pregas vocais (cordas vocais), para que seja produzida a distinção vocal entre os sons
B, T, D e K, G.
Neste caso, o contacto articulatório permanece o mesmo para cada par de
consoantes, mas a activação da vibração ou produção de som faz a distinção. No caso
de vogais, a forma da língua e a sua altura, tornam-se os factores determinantes na
distinção entre elas.
Os lábios, cuja função vegetativa é conter os alimentos na cavidade oral, são os
articuladores mais visíveis na articulação das vogais e de algumas consoantes. Na
produção das vogais, os lábios abrem-se ao mesmo tempo que a mandíbula desce
para a produção da vogal /a/, e vão-se encerrando, progressivamente, com a subida
da mandíbula para a produção das vogais /ε/, /e/, /i/,/‫כ‬/, /o/, e /u/. O arredondamento
labial é uma característica secundária na produção das vogais /‫כ‬/, /o/, e /u/ (Mateus e
tal., 1990). A protusão labial tem o efeito acústico de baixar as frequências de todos os
formantes afectando sobretudo os mais altos (Laver, 1980). Os lábios encerram para a
produção das bilabiais (/b/, /p/, /m/) e o lábio inferior aproxima-se dos dentes incisivos
superiores para a produção das fricativas (/f/ e /v/) (Mateus el.al. 1990). Os lábios
participam também na mímica facial, aspecto muito importante na comunicação não
verbal.
A língua é um órgão muito móvel, capaz de ajustamentosfinos e precisos que facilitam
e controlam a mastigação, deglutição, articulação e fonação. Relativamente à função
da língua na articulação, a língua é dividida em quatro zonas. A coroa, (apex e
lâmina), o dorso ou corpo que se subdivide em região pré-dorsal, dorsal e pós-dorsal,
e a raiz
Assim, qualquer alteração patológica da cavidade oral tenderá a afectar a fonação e
em última análise a inteligibilidade.
É aceite que a vibração das cordas vocais, a fonação, resulta de várias forças e
acções sobre as cordas vocais, pela combinação da pressão expiratória dos pulmões,
do efeito de Bernoulli aquando da passagem da corrente aérea e das propriedades
elásticas dos tecidos.
Designa-se como ciclo vocal a sequência de addução e abdução das cordas vocais.
O número de vezes por segundo que cada ciclo glótico é repetido corresponde à
frequência fundamental.
A articulação verbal é o resultado da mificação do som laríngeo (fonação) no tracto
vocal em sons identificados como vogais, consoantes ou outras unidades fonológicas
de linguagem. (I. Guimarães, 2006)
Anatomia Sistemática do Crânio e Pescoço

Anatomia Topográfica

Em grego, TOPOS significa lugar ou região e grafos, escrita. Anatomia topográfia é o


capítulo da anatomia que estuda o corpo humano por regiões. Geralmente, em livros
de anatomia, encontramos o corpo descrito por sistemas: digestivo, respiratório, etc..
Na anatomia topográfica, a descrição é feita por regiões. Por ex.: se o tema for a
região temporal, será feita a descrição das estruturas: pele, tecido celular subcutâneo,
músculos, osso, etc.

Crânio
O crânio é constituído por duas partes: o neurocrânio ou cavidade craniana e o
viscerocrânio ou esqueleto facial.
A fronteira entre estas duas regiões é feita por um plano que passa pela raiz do nariz e
se estende pelo limite superior das órbitas, até ao meato auditivo externo.

Ossificação do crânio
Existem dois processos de ossificação dos ossos do crânio. Um forma o condrocrânio
e o outro forma o desmocrânio.
No condrocrânio existe substitição de cartilagem por osso, é a ossificação encondral
que existe essencialmente nos ossos da base do crânio.
No desmocrânio existe ossificação membranosa, isto é o tecido ósseo é formado
directamente por condensação de tecido conjuntivo. A ossificação membranosa ocorre
essencialmente na abóbada craniana.
Os ossos chatos do crânio são formados por uma lâmina externa de osso compacto, a
tábua externa, por uma lâmina interna de osso compacto, a tábua interna e entre as
duas, uma camada de osso esponjoso, o diploe.

No interior de alguns ossos do crânio, existem cavidades, que formam os seios peri-
nasais. O osso temporal contém os órgãos sensoriais da audição e do equilíbrio e
ainda células mastoideias.

A superfície externa do crânio é coberta pelo pericrânio e a superfície interna é


revestida pelo endocrânio ou duramater.

Calvaria ou abóboda craniana


A calvaria ou abóboda craniana é constituída pelo osso frontal, ossos parietais,
escama do osso temporal e escama do osso occipital.
Observam-se pela superfície externa, a sutura coronal, que separa o frontal dos
parietais. Entre os parietais existe a sutura sagital, que se estende da sutura coronal
até à sutura lambdoide, isto é, a sutura entre os parietais e a escama do occipital. Na
calote craniana descrevem-se de frente para trás, as eminências frontais, lateralmente
as eminências parietais, de cada lado da linha média e à frente da sutura lambdoide,
os buracos parietais.

Vista lateral do crânio


Na face lateral do crânio descreve-se o plano orbitomeatal, entre o rebordo orbitário
inferior e o contorno superior do meato auditivo externo. Para cima deste plano, no
neurocrânio, descreve-se a fossa temporal. Nesta localiza-se a face lateral da porção
vertical da escama do osso temporal, a porção superior da face lateral da grande asa
do esfenóide e parte do osso parietal. No viscerocrânio, descreve-se acima da órbita,
a arcada superciliar. Abaixo desta existe o rebordo supraorbitário, com a incisura
supra orbitária.
Por baixo do plano orbitomeatal descreve-se de trás para a frente, a porção
mastoideia do osso temporal com o processo mastoideu, o meato auditivo externo, a
arcada zigomática, a face lateral do osso zigomático, a face lateral do ramo montante
da mandíbula e a face lateral da maxila.

Vista posterior do crânio


Em vista posterior, observam-se os dois parietais, a porção posterior da sutura sagital
e a sutura labdoide. Na linha média descreve-se a protuberância occipital externa e
lateralmente, as linhas nucais superior e inferior. lateralmente ao occipital, descreve-se
o processo mastoideu, onde por vezes existe o buraco mastoideu onde passa uma
veia emissária.

Vista anterior do crânio


Em vista frontal observa-se todo o viscerocrânio ou esqueleto facial. A fronte é
formada pelo osso frontal (porção escamosa). Na linha média, entre as arcadas
supraciliares descrevemos a glabela, a abaixo das arcadas, o rebordo supraorbitário,
no qual se descreve o buraco ou incisura supra orbitaria. Entre as órbitas existem os
ossos nasais e o processo frontal da maxila. Por baixo da cavidade orbitaria e
lateralmente, estão localizados os ossos zigomáticos. Imediatamente por baixo do
contorno orbitário inferior está localizado o buraco infra orbitário. Na zona da maxila
descrevem-se a bossa canina e a fossa canina.
O processo zigomático destaca-se do ângulo lateral do osso zigomático.
Na mandíbula, destaca-se na linha média o mento e de cada lado deste, ao nível do
segundo pré-molar, o buraco mentoniano.

Superfície externa da base do crânio


A superfície externa da base do crânio consiste numa porção anterior ou visceral e
numa porção posterior ou neural.
A porção anterior é formada de cada lado pela apófise palatina da maxila, pela lâmina
horizontal do osso palatino, pela apófise alveolar da maxila e pelo osso zigomático. Na
linha média existe a sutura palatina que termina anteriormente no buraco incisivo.
O vómer separa as coanas. As duas apófises palatinas encontram-se fundidas na
linha média formando a sutura palatina, que termina anteriormente no canal incisivo.
A sutura incisiva, dirige-se obliquamente do canal incisivo até ao segundo dente
incisivo.
Na porção póstero-lateral do palato duro encontram-se os canais palatinos maior e
menor.
A porção posterior da base do crânio, consiste nas faces inferiores dos ossos,
esfenóide, temporal e occipital. Os processos pterigoideus formam os bordos laterais
das coanas. Entre as asas destas apófises descreve-se a fossa pterigoideia e a fossa
escafoideia.
Na linha média encontra-se a face inferior do corpo do esfenóide e lateralmente a esta,
a face inferior da grande asa com a crista infra temporal. Atrás do corpo do esfenóide,
encontra-se a face inferior da porção basilar do occipital, atrás desta o buraco occipital
(foramen magnum), limitado lateralmente pelos côndilos do occipital. Na porção mais
posterior encontra-se a face inferior da escama do occipital.

Superfície interna da base do crânio


Esta superfície é dividida em três fossas.
A fossa anterior apresenta na linha média a apófise crista gali do etmóide e de cada
lado desta as lâminas cribiformes. Lateralmente descrevem-se as bossas orbitárias do
frontal e atrás destas as faces superiores das pequenas asas do esfenóide, cujo bordo
posterior marca o limite desta fossa. Na linha média o limite posterior é o jugo
esfenoidal.
A fossa média estende-se desde o limite posterior da anterior até ao sulco do seio
petroso superior. Nela são descritos, a fenda orbitaria superior, a face superior da
grande asa do esfenóide e a porção anterior ao seio petroso superior da face
endocraniana do rochedo. Na linha média encontram-se a goteira óptica e a sela turca,
cujo rebordo posterior marca o limite posterior na linha média desta fossa.
A fossa posterior estende-se desde o limite anterior da média até ao seio transverso
(seio lateral). Na linha média descrevem-se de diante para trás e na linha média, o
sulco basilar, o buraco occipital, a crista occipital interna. Nas porções laterais,
descrevem-se os buracos jugulares, as fossas cerebelosas do occipital e os seios
sigmoides.

Fossa pterigopalatina (pterigomaxilar)


Esta fossa tem uma forma piramidal e é limitada pela maxila, pelo palatino e pelos
processos pterigoides do esfenóide.
Localiza-se para dentro da fissura pterigomaxilar e abaixo do apex da órbita.
É mais larga em cima e reduz a sua largura progressivamente de cima para baixo,
terminando no canal pterigopalatino (canal palatino maior).
É limitada anteriormente pela parede posterior da maxila, posteriormente o limite é a
base do processo pterigoide e a porção inferior da parte anterior da grande asa do
esfenóide. Medialmente o limite é a face lateral da lâmina vertical do palatino, que
separa a fossa da cavidade nasal. Na parte mais alta desta face existe o buraco
esfenopalatino. Superiormente a fossa é limitada pelo esfenóide e pelo processo
orbitário do palatino. Lateralmente a fissura pterigomaxilar divide a fossa
pterigomaxilar da fossa infratemporal.
A fossa pterigomaxilar apresenta oito aberturas que a fazem comunicar com outras
regiões: a fissura orbitária inferior, a fissura pterigomaxilar, o buraco esfenopalatino, o
buraco redondo, o canal vidiano, o canal faríngeo, o canal pterigopalatino maior e o
canal pterigopalatino menor.

Fossa infra temporal


A fossa infra temporal tem como limites, medialmente, a face lateral das apófises
pterigoideias, anteriormente é limitada pela face posterior da maxila, lateralmente é
limitada pela mandíbula e pelo arco zigomático.
Comunica com a fossa temporal através do espaço existente entre o arco zigomático e
o crânio. Comunica com a órbita através da fissura orbitária inferior e com a fossa
pterigomaxilar através da fissura pterigomaxilar.
Posteriormente é aberta.
Nesta fossa estão alojados os músculos pterigoideus, a artéria maxilar e os seus
ramos, a artéria meníngea média, o nervo mandibular e os seus ramos, a corda do
tímpano, o plexo venoso pterigoideu.

Ossos acessórios do crânio


São ossos supranumarários, inconstantes, independentes e localizados entre os
outros ossos do crânio.
São designados por ossos epactais ou ossos vormianos ou de sutura se localizados
entre outros ossos do crânio.
Alguns destes ossos têm nomes e localizações próprias. Por exemplo, o osso incarial
localiza-se na parte mais alta da escama do occipital, o osso apical, localiza-se acima
do osso incarial na região da fontanela posterior, o osso bregmático localiza-se na
região da fontanela anterior. Estes ossos podem ser confundidos com linhas de
fractura em Rx.
Fontanelas
As fontanelas são zonas não ossificadas localizadas junto aos ângulos dos ossos
parietais.
A fontanela anterior ou bregmática, tem forma de losango, com quatro bordos.
Localiza-se entre o osso frontal e os parietais. Encerra antes dos 2 anos de idade.
A fontanela posterior ou lambdática tem três bordos e localiza-se entre os dois
parietais e o occipital, na linha média. Encerra durante o primeiro ano de vida.
Outras fontanelas são, o pterion, localizada junto ao ângulo ântero inferior do parietal,
e o asterion, localizada junto ao ângulo póstero inferior do parietal.

Espaço laterofaríngeo e retrofaríngeo


O espaço laterofaríngeo e retrofaríngeo é delimitado por expansões da fascia cervical.
Encontra-se subdividido em espaços préestiloideu, retroestiloideu e retrofaríngeo.
Este espaço é atravessado pelos grandes vasos do pescoço. Numa posição mais
posterior encontra-se o tronco simpático, que se divide ao nível do gânglio cervical
superior no nervo jugular e no nervo da carótida interna.
O nervo vago, após a sua passagem pelo buraco jugular localiza-se no sulco posterior
formado pelos grandes vasos cervicais.

Fossa retromandibular
A fossa retromandibular é limitada pelo ramo da mandíbula, pelo ventre posterior do
digástrico e por uma estreita banda fibrosa da fascia cervical. Nesta fossa está contido
o lobo profundo da glândula parótida.
No fundo da fossa retromandibular encontra-se a artéria carótida externa. Esta artéria
é acompanhada pela veia retromandibular que é formada pela reunião das veias
temporal superficial e temporal. A artéria auricular posterior ascende numa posição
posterior à veia retromandibular. No limite superior da fossa retromandibular a artéria e
a veia temporal superficial cruzam o nervo aurículo-temporal, que emerge da fossa
infratemporal e enerva a pele da região temporal posterior e parte do pavilhão
auricular.
Anatomia Topográfica do Pescoço

O pescoço encontra-se dividido pelo músculo esternocleidomastoideu e pelo feixe


vasculo-nervoso do pescoço, em dois espaços.
Estes espaços, embora sejam de forma piramidal, são designados por triângulos
posterior e anterior do pescoço.
O triângulo anterior é limitado pela linha média anterior do pescoço (linea alba), pelo
bordo inferior da mandíbula e pelo bordo anterior do músculo esternocleidomastoideu.
O triângulo anterior é ainda subdividido em triângulos mais pequenos, pelo ventre
posterior do músculo digástrico e pelo ventre superior do músculo omohioideu. Assim,
é possível descrever os triângulos submentoniano, submandibular, carotídeo e
muscular.
O triângulo submentoniano é limitado lateralmente pelo ventre anterior do músculo
digástrico, pelo bordo inferior da mandíbula e pelo corpo do osso hióide. O pavimento
deste triângulo é formado pelo músculo milohióideu. Este espaço é preenchido
essencialmente com gordura e gânglios linfáticos. O triângulo submandibular é
limitado pelo bordo inferior da mandíbula e pelos dois ventres do músculo digástrico. O
pavimento deste espaço é formado pelo músculo milohióideu, o músculo hioglosso e o
músculo constrictor médio da faringe. Este espaço é ainda subdividido pelo músculo
milohióideu no espaço supramilohióideu, que contém a glândula sublingual, e no
espaço inframilohióideu que contém a glândula submandibular e gânglios linfáticos.
Outras estruturas, tais como o nervo lingual, o nervo hipoglosso, a artéria facial e a
veia facial atravessam este triângulo.
O triângulo carotídeo é limitado pelo ventre posterior do músculo digástrico, pelo bordo
anterior do músculo esternocleidomastoideu e pelo ventre superior do músculo
omohióideu. A artéria carótida comum, a veia jugular interna, o nervo vago, o tronco
simpático, a ansa cervical e gânglios linfáticos da cadeia jugular, localizam-se neste
espaço.
O triângulo muscular é limitado pelo ventre superior do músculo omohióideu, pelo
bordo anterior do músculo esternocleidomastoideu e pela linha cervical média (linea
alba). A glândula tiroide, as glândulas paratioroides, a traqueia, o esófago e os
músculos infrahióideos estão contidos neste espaço.

O triângulo posterior é limitado pelo bordo posterior do músculo


esternocleidomastoideu, pelo bordo superior da clavícula e pelo bordo anterior do
músculo trapézio.
O pavimento do triângulo posterior é formado pelos músculos escalenos, pelo músculo
levantador da escápula e pelo músculo splenius capitis.
Este triângulo é ainda subdividido em dois triângulos menores pelo ventre inferior do
músculo omohióideu, pelo triângulo occipital em cima e pelo triângulo
omoclavicular em baixo.
O triângulo occipital contém o nervo acessório espinhal e vários ramos dos plexos,
cervical e braquial.
O triângulo subclávio corresponde à fossa supraclavicular e contém estruturas
linfáticas, parte do canal torácico esquerdo e a artéria cervical transversa (a transversa
colli).
Vasos sanguíneos do pescoço

Artérias do pescoço
Artéria carótida comum
A artéria carótida comum localiza-se por baixo do músculo esternocleidomastoideu e é
acompanhada pela veia jugular interna e pelo nervo vago, constituindo o feixe vasculo-
nervoso do pescoço.
A artéria carótida comum ascende no pescoço, no interior da baínha do feixe vasculo-
nervoso e é cruzada pelo ventre superior do músculo omo-hióideu e pelas veias
tiorideias superior e média. A veia jugular interna localiza-se superficialmente
relativamente à artéria. O nervo vago localiza-se no sulco posterior, formado pela veia
jugular interna e pela carótida comum.
Na sua extremidade superior a artéria carótida apresenta uma dilatação, conhecida
como seio carotídeo.
Ao nível da bifurcação da artéria carótida comum, existe um pequno corpusculo,
avermelhado, localizado por trás da bifurcação, o corpo carotídeo. O corpo carotídeo é
um baroreceptor, sensível a variações da pressão arterial, mas também a pressão
directa, exercida durante intervenções cirúrgicas ou até actos clínicos.
A artéria carótida comum termina ao nível do bordo superior da cartilagem tiroideia,
bifurcando-se em artéria carótida interna e artéria carótida externa.

Artéria carótida interna


A artéria carótida interna ascende no pescoço, no interior da bainha do feixe vasculo-
nervoso do pescoço, desde a sua origem até penetrar na base do crânio no canal
carotidiano.
À medida que ascende no pescoço, é cruzada pelo nervo hipoglosso, pela artéria
occipital e pelo ventre posterior do músculo digástrico e pelos músculos estilo-hióideu,
estilo-faríngeo e estilo-glosso.
A artéria carótida externa localiza-se anteriormente e medialmente à carótida interna,
ao longo de todo o seu trajecto cervical.
O lobo profundo da glândula parótida fica situado imediatamente por dentro da artéria
carótida interna. A veia jugular interna fica situada externamente à artéria, no entanto,
à medida que esta ascende no pescoço, a veia passa a ter uma localização posterior.
O nervo hipoglosso passa imediatamente acima da bifurcação da artéria carótida
comum.
O nervo vago fica por trás da artéria carótida interna.
O nervo acessório espinhal passa atrás e lateralmente relativamente à artéria. Passa
superficialmente à veia jugular interna mas pode passar profundo relativamente a esta.

Artéria carótida externa


A artéria carótida externa origina-se a partir da bifurcação da artéria carótida comum e
localiza-se por for a do feixe vasculo-nervoso do pescoço.
Após a bifurcação passa por trás do ventre posterior do músculo digástrico e dirige-se
à glândula parótida. Por trás do côndilo da mandíbula divide-se nos seus ramos
terminais, a artéria maxilar e a artéria temporal superficial.
Ao longo do seu trajecto a artéria carótida externa origina vários ramos.
A artéria tiroideia superior tem origem imediatamente abaixo do grande corno do osso
hióide. A artéria descreve um arco anterior e em seguida desce em direcção ao pólo
superior da glândula tiroideia. Entre os ramos que origina descrevemos a artéria
laríngea superior que se origina na porção arqueada da artéria tiroideia superior. Após
a sua origem a artéria laríngea superior dirige-se para a frente, em direcção ao
músculo tiro-hióideu, conjuntamente com a veia laríngea superior e o ramo interno do
nervo laríngeo superior, formando-se assim o feixe neurovascular laríngeo que perfura
a membrana tiro-hióideia e vasculariza e enerva muitos dos músculos da laringe.
A artéria faríngea ascendente é uma pequena artéria que se origina na face posterior
da artéria carótida externa. Fornece ramos para a faringe, para os músculos pré-
vertebrais, para o ouvido médio e para as meninges.
A artéria lingual origina-se da face anterior da artéria carótida externa, ao nível do
grande corno do osso hióide. Passa profundamente ao nervo hipoglosso e ao ventre
posterior do músculo digástrico, dirigindo-se em seguida ao músculo hio-glosso.
A artéria facial origina-se na face anterior da artéria carótida externa, imediatamente
acima da artéria lingual. Passa profundamente ao ventre posterior do músculo
digástrico. Em seguida entra no triângulo submandibular, onde se localiza a glândula
submandibular. A artéria facial cruza o bordo inferior da mandíbula e ascende na face
percorrendo o bordo anterior do músculo masseter. No seu trajecto origina vários
ramos: a artéria palatina ascendente, a artéria tonsilar, vários ramos para a glândula
submandibular e a artéria submentoniana.
A artéria occipital tem origem na face posterior da artéria carótida externa. Dirige-se
para trás e depois para cima e para trás, ao longo do bordo inferior do ventre posterior
do músculo digástrico, em direcção à região occipital, onde termina.
A artéria auricular posterior tem origem na parede posterior da artéria carótida externa,
ao nível do bordo superior do ventre posterior do músculo digástrico. Tem um trajecto
arqueado, lateralmente e penetra no sulco entre o canal auditivo externo e o processo
mastoideu.
Veias do pescoço

Veia jugular anterior


A veia jugular anterior é formada pela união das veias submental e sublabial. Tem
origem por baixo do mento, tem um trajecto descendente, junto alinha média, na fascia
superficial. Acima do esterno, as duas veias jugulars anteriores normalmente
anastomosam-se através do arco jugular. Imediatamente acima da clavícula as veias
jugulars anteriores viram lateralmente, terminando na veia jugular externa. A veia
jugular anterior repousa superficialmente ao músculo platisma na sua metade superior
e profundamente ao músculo na sua porção inferior.

Veia jugular externa


Esta veia tem origem na confluência das veias retromandibular e auricular posterior.
Inicia-se no interior da glândula parótida, próximo do ângulo da mandíbula. Após a sua
origem dirige-se obliquamente cruzando a superfície externa do músculo
esternocleidomastoideu. É acompanhada na porção superior do seu trajecto pelo
nervo grande auricular. Repousa superficialmente no pescoço, na camada superficial
da fascia cervical e profundamente relativamente ao músculo platisma. A veia jugular
externa termina na veia subclávia ou raramente na veia jugular interna.

Veia jugular posterior


Esta veia tem origem na região occipital. Drena a região da nuca e termina a meia
altura da veia jugular externa.

Veia jugular interna


A veia jugular interna é a maior veia do pescoço. Tem origem na base do crânio, na
fossa jugular, sendo a continuação do seio sigmoide.
Após a sua origem, a veia jugular interna desce no pescoço recebendo várias veias
tributárias. Na sua porção superior, localiza-se em posição postero-lateral
relativamente à carótida interna, da qual está separada pelo plexo carotídeo do tronco
simpático. À medida que desce no pescoço, passa gradualmente para a face lateral da
carótida interna. Ao nível do bordo superior da cartilagem tiroideia, a veia jugular
interna coloca-se lateralmente à artéria carótida comum, no interior do feixe vasculo-
nervoso do pescoço, conjuntamente com a artéria e com o nervo vago. No interior do
feixe vasculo-nervoso do pescoço, cada estrutura está separada da adjacente por um
septo fibroso. Na base do pescoço a veia coloca-se anteriormente à artéria.

Seio petroso inferior e veia occipital


Na sua porção superior a veia jugular interna recebe como aferentes, o seio petroso
inferior e a veia occipital. Esta última é muito variável e pode reduzir-se a apenas
tributário da veia vertebral.

Plexo faríngeo e ramo comunicante


Junto ao ângulo da mandíbula, a veia jugular interna recebe várias veias do plexo
faríngeo. Por vezes, a este nível, recebe um ramo comunicante da veia jugular
externa.

Veia facial
A veia facial cruza o bordo inferior da mandíbula e reúne-se com a veia
retromandibular. Para lá deste ponto, a veia passa a designar-se, veia facial comum.
Ao nível da bifurcação carotídea, a veia facial comum une-se à veia jugular interna.

Veias linguais
As veias linguais seguem duas vias. A veia dorsal da lingual passa profundamente ao
músculo hioglosso, acompanhada pela artéria lingual. A artéria lingual profunda corre
sob a mucosa da face ventral da porção móvel da língua. A veia dorsal drena para a
veia jugular interna ao nível do grande corno do osso hiópide. A artéria lingual
profunda reúne-se com a veia sublingual e segue o trajecto do nervo hipoglosso sobre
a face superior do músculo hioglosso. Esta veia reúne-se com a veia dorsal da língua
ou drena directamente para a veia jugular interna.

Veia tiroideia superior


A veia tiorideia superior acompanha o trajecto da artéria tiroideia superior. Origina-se
no polo superior dos lobos laterais da glândula tiroideia e recebe no seu trajecto as
veias, laríngea superior e crico-tiroideia.
Frequentemente, a veia tiroideia superior, a veia lingual e a veia facial formam um
tronco comum, o tronco tirolinguofacial que cruza o nervo hipoglosso e drena na veia
jugular interna ao nível do grande corno do osso hióide.

Veia tiroideia inferior


Esta veia tem origem no bordo lateral da glândula tiroideia e drena para a veia jugular
interna, ao nível da face lateral da superfície da glândula tiroideia.
Nervos do pescoço

Plexo cervical

Ramos superficiais ou cutâneos


Os ramos superficiais ou cutâneos do plexo cervical emergem por trás e a meia altura
do bordo posterior do músculo esternocleidomastoideu, numa zona conhecida como
ponto de Erb.
Estes ramos fornecem a enervação sensitiva da pele do pescoço e são os seguintes:
O nervo occipital menor, que enerva a pele acima e atrás do pavilhão auricular. O
nervo grande auricular, que surge por trás do músculo esternocleidomastoideo e
passa na face superficial deste músculo e profundamente relativamente ao músculo
platisma. Este nervo fornece a enervação sensitiva da pele da pele que recobre a
mastoide, o pavilhão auricular, o ângulo da mandíbula e a região parotidiana. O nervo
cervical transverso, passa transversalmente, e quase horizontalmente pelo músculo
esternocleidomastoideu e enerva a pele da região anterior do pescoço. O nervo
supraclavicular dirige-se para baixo e enerva a região supraclavicular.

Ramos profundos
Entre os ramos profundos do plexo cervical, sublinhamos o nervo frénico. O nervo
frénico constitui o único nervo motor do diafragma. O nervo, forma uma ansa à volta
do bordo lateral do músculo escaleno anterior e em seguida desce, atravessando a
face anterior deste músculo, encontrando-se neste trajecto, coberto pela fascia
prevertebral, profundo em relação à artéria cervical transversa. Penetra no opérculo
toráxico, profundo em relação à veia subclávia e superficial à artéria subclávia. Podem
existir algumas fibras nervosas adjecentes ao tronco principal, que são designadas por
nervos frénicos acessórios.

Ansa cervicalis (ansa cervical ou ansa do hipoglosso)


A ansa cervical é formada pela união do ramo descendente (descendens hypoglossi) ,
também conhecido como ramo superior da ansa cervical, e pelo ramo inferior da ansa
cervical que é ramo profundo do plexo cervical. Os ramos superior e inferior,
anastomosam-se para formar a ansa cervical, que se localiza profundamente
relativamente ao músculo esternocleidomastoideu e superficial à artéria carótida
comum e à veia jugular interna. A ansa cervical enerva todos os músculos infra
hióideus à excepção do músculo tirohióideu.

Ramo marginal mandibular do nervo facial


Este nervo fornece a enervação motora do lábio inferior e do mento. Percorre um
trajecto quase paralelo ao bordo inferior da mandíbula, profundo relativamente à fascia
cervical mas superficial à artéria facial e à veia facial.

Nervo glosso-faríngeo
Este nervo sai da base do crânio pelo buraco jugular. Imediatamente abaixo do buraco
jugular o nervo glossofaríngeo encontra-se localizado anteriormente relativamente ao
nervo vago e ao nervo acessório espinhal. Em seguida, dirige-se para a frente entre as
artérias carótida interna e carótida externa. Após este trajecto, forma uma ansa à volta
do músculo estilofaríngeo e passa entre o músculo constrictor superior e o músculo
constrictor médio da faringe, enervando de seguida a amígdala palatina, a mucosa da
faringe, os músculos constrictores da faringe e o terço posterior da mucosa da língua.

Nervo acessório espinhal


O nervo acessório espinhal tem duas raízes, uma espinhal e uma craniana. A raiz
craniana do nervo acessório espinhal une-se ao nervo vago e sai da cavidade
craniana pelo buraco jugular na base do crânio. A porção espinhal do nervo acessório
espinhal, faz uma ansa para trás imediatamente após passar no buraco jugular,
virando de seguida para fora, em direcção à veia jugular interna, cruzando a face
anterior desta veia.
Por vezes, pode ser medial à veia jugular interna. Dirige-se para a porção superior do
músculo esternocleidomastoideu e em seguida penetra no triânguloposterior do
pescoço. Cruza o triângulo posterior obliquamente, relacionando-se com a face
anterior do músculo elevador da escápula, pentrando em seguida no músculo trapézio,
onde termina.

Nervo vago
O nervo vago sai da base do crânio através do buraco jugular. Em seguida o nervo
dirigige-se para baixo, no feixe vasculo-nervoso do pescoço e penetra no torax, na
base do pescoço. Ao longo do seu trajecto no pescoço, o nervo encontra-se localizado
no sulco formado pela veia jugular interna e pela artéria carótida comum,
profundamente relativamente a estas estruturas.
Entre os ramos do nervo vago, alguns são importantes refernciar durante as
dissecções cervicais.
O nervo laríngeo superior, origina-se do gânglio inferior do vago. Em seguida, passa
profundamente às artérias carótidas interna e externa, alcançando de seguida a
laringe. Divide-se em ramos interno e externo. O ramo interno, fornece a enervação
sensitive da região supraglótica. O ramo externo, percorre a superfície externa do
músculo constrictor inferior da faringe, juntamente com a artéria tiroideia, enervando o
músculo cricotiroideu da laringe que é um tensor das cordas vocais.
O nervo laríngeo recorrente direito, ou laríngeo inferior, tem origem no nervo vago,
adiante da artéria subclávia, no interior do tórax. Após a sua origem, descreve uma
ansa atrás da artéria e em seguida ascende no pescoço, em direcção à laringe, no
sulco traqueo-esofágico. Penetra na laringe, na porção lateral da membrana crico-
traqueal.
O nervo laríngeo recorrente esquerdo, tem a sua origem no tórax, a partir dom nervo
vago, quando o nervo vago cruza o arco aórtico. Após a sua origem, ascende no
pescoço, no sulco traqueo-esofágico, alcança a laringe que penetra na porção lateral
da membrana crico-traqueal.
Os nervos laríngeos recorrentes, enervam a mucosa da subglote e todos os músculos
intrínsecos da laringe, com excepção do músculo cricotiroideu.

Nervo Hipoglosso
O nervo hipoglosso sai d a cavidade craniana através do canal hipoglosso do osso
occipital e emerge profundamente relativamente ao feixe vasculo-nervoso do pescoço.
Em seguida dirige-se para baixo, profundo em relação ao ventre posterior do músculo
digástrico para emergir entre a veia jugular interna e a artéria carótida interna. Em
seguida, dirige-se para a frente, cruzando o nervo vago e as artérias carótidas interna
e externa, fazendo uma ansa à volta da artéria occipital. Dirige-se em seguida à face
profunda da glândula submandibular alcançando a face superior do músculo
hioglosso.
Entre os ramos do nervo hipoglosso destacamos a raiz superior da ansa cervical (ansa
cervicalis) que sai do tronco principal do nervo quando este cruza a artéria occipital.
Passa inferiormente na face anterior do feixe vasculo-nervoso do pescoço e une-se à
raiz inferior da ansa cervical (ansa cervicalis). A ansa cervical, enerva todos os
músculos infra-hioideus, com excepção do músculo tiro-hióideu. A ansa cervical
também é por vezes designada por ansa do hipoglosso.
Tronco Simpático Cervical
O tronco simpatico cervical estende-se desde a base do crÂnio até à artéria subclávia.
Encontra-se localizado Antero-lateralmente à coluna vertebral e inclui três gânglios
simpáticos cervicais.
O gânglio cervical superior é o mais volumoso e encontra-se atrás do feixe vasculo-
nervoso do pescoço, ao nível do atlas e do axis. Repousa sobre o músculo
longuíssimo do pescoço (longus coli). As fibras pós ganglionares penetram na
cavidade craniana conjuntamente com a artéria carótida interna.
O gânglio cervical médio localiza-se ao nível da apófise transversa da sexta vértebra
cervical. Este gânglio é inconstante.
O gânglio cervical inferior localiza-se posteriormente à artéria vertebral, ao nível da
primeira vertebra torácica.
A lesão do tronco simpatico cervical causa enoftalmia, ptose palpabral, miose e
anidrose do olho homolateral (Sindrome de Horner).

Plexo Faríngeo
Esta estrutura encontra-se na superfície externa do músculo constrictor médio da
farínge. É essencialmente constituído por fibras provenientes do gânglio símpatico
cervical superior, mas também por fibras dos nervos, vago e glosso-faríngeo. Este
plexo enerva os músculos faríngeos e os músculos do palato mole.
Linfáticos do pescoço

O pescoço tem um extenso sistema linfático que consiste numa rede linfática muito
rica e muito anastomosada de canais linfáticos que drenam para gânglios linfáticos
distribuídos por todo o pescoço.
Anatomicamente os grupos de gânglios linfáticos do pescoço foram divididos em
superficiais e profundos.
Os grupos superficiais encontram-se dispersos pelo pescoço e variam imenso em
número e localização. Os linfáticos superficiais drenam a pele para gânglios linfáticos
superficiais localizados à volta do pescoço e ao longo das veias jugulares externa e
anteriores.

Linfáticos superficiais
Os linfáticos superficiais consistem nos grupos ganglionares, submental,
submandibular, parotidiano, mastoideu e occipital. Estes grupos formam um círculo à
volta da parte mais alta do pescoço, com uma rede muito rica de canais linfáticos
anastomosando-os. Este facto justifica a presença de metástases contralaterais,
mesmo em presença de pequenos tumores e deverá ser tido em conta durante a
realização de celulectomias cervicais.
Os gânglios jugulares esternos e os gânglios jugulares anteriores completam os
grupos ganglionares incluídos nos linfáticos superficiais do pescoço.

Os gânglios submentais, dois ou três gânglios, estão localizados no espaço na linha


média, entre os ventres anteriores dos dois músculos digástricos e o osso hióide.
Drenam a pele da região mentoniana e a parte central da pele do lábio inferior, a
mucosa da porção central do lábio inferior, a região mentoniana da mandíbula, a parte
anterior do pavimento da boca e a ponta da língua.

Os gânglios submentonianos estão localizados ao longo do bordo inferior da


mandíbula. Encontram-se sobre a glândula submandibular. Embora raramente, por
vezes podem existir gânglios intracapsulares. Este facto explica a necessidade de
incluir a glândula submandibular nas celulectomias cervicais desta zona.

Os gânglios occipitais drenam a pele da região occipital. Parte dos linfáticos


superficiais e profundos da nuca podem também drenar para os gânglios occipitais.

Os gânglios mastoideus estão localizados sobre e à volta do processo mastoideu.


Drenam o ouvido médio, o canal auditivo externo e parte da pele da região temporal.

O grupo parotídeo é dividido em gânglios superficiais e gânglios profundos. Os


gânglios superficiais localizam-se sobre a face externa da glândula parótida. Os
profundos localizam-se no interior da glândula parótida e acompanham o trajecto das
veias retromandibular e jugular externa.
Estes gânglios drenam a pele da região frontal e temporal, o pavilhão auricular, o
ouvido médio, as palpebras e a face interna da fossa nasal.

Os gânglios jugulares externos localizam-se ao longo do trajecto da veia jugular


externa e drenam o lobulo da orelha e a glândula parótida para a cadeia da veia
jugular interna.

Os gânglios jugulares anteriores correm paralelamente à veia jugular anterior e


drenam a área infrahióideia para os gânglios inferiores da cadeia jugular interna.
Linfáticos profundos
Os linfáticos profundos drenam órgãos tais como a glândula tiroide, a laringe, a porção
cervical da traqueia, a porção cervical do esófago e a faringe para os gânglios das
cadeias cervicais profundas.

Estas cadeias cervicais profundas, incluem a cadeia da veia jugular interna, a cadeia
do nervo acessório espinhal, a cadeia da artéria cervical transversa, retrofaríngea e
cadeias linfáticas cervicais anteriores profundas, localizadas à volta da laringe, da
traqueia e designados por gânglios prélaríngeos, pré e paratraqueais e retrofaríngeos.

A maior parte destes linfáticos profundos estão associados à veia jugular interna e
localizam-se à volta do feixe vasculo-nervoso do pescoço.
A cadeia jugular interna é formada por um número variável de gânglios, habitualmente
cerca de trinta, localizados ao longo da cadeia da veia jugular interna. Estes gânglios
podem ser divididos em anteriores e posteriores. Os posteriores localizam-se sobre os
músculos escalenos e os anteriores encontram-se sobre a face anterior da veia jugular
interna.
A cadeia ganglionar da veia jugular interna drena a pele da região occipital e as
estruturas superficiais e profundas da região anterior da cabeça e do pescoço. O
gânglio jugulodigástrico também designado por gânglio de Küttner localiza-se na
intersecção do músculo digástrico e da veia jugular interna. É um gânglio constante
que drena a amígdala palatina e a base da língua.
O gânglio de Poirier é um outro gânglio, localizado no ponto de cruzamento do
músculo omohióideu e veia jugular interna. Drena a língua e a região submental.
Por razões práticas a cadeia da veia jugular interna pode ser dividida num grupo
superior e num grupo inferior separados pelo cruzamento entre o músculo omohióideu
e o feixe vasculo-nervoso do pescoço.
A cadeia do nervo acessório espinhal acompanha o nervo e confunde-se na sua
porção inferior com a cadeia da artéria cervical transversa. Drena a linfa das regiões
mastoideia e occipital.
A cadeia cervical transversa corre ao longo da artéria com o mesmo nome e recebe os
vasos linfáticos da cadeia do acessório espinhal.

O grupo ganglionar retrofaríngeo localiza-se ao lateralmente ao espaço retrofaríngeo e


drena a fossa nasal, os seios perinasais, a nasofaringe, a orofaringe, o palato mole e o
ouvido médio.

A cadeia anterior profunda inclui os gânglios prétraqueais, paratraqueais, peritiroideus,


prélaríngeos (de Delphos) e gânglios que acompanham o trajecto dos nervos
recorrentes.
As cadeias profundas anteriores drenam a subglote, a traqueia cervical e a glândula
tiróide.

Canal torácico
O canal torácico esquerdo é o vaso linfático mais importante do organismo. É
frequentemente encontrado durante procedimentos cirúrgicos na fosa supraclavicular
e raiz do pescoço, nomeadamente durante celulectomias cervicais.

O canal torácico tem origem na reunião dos dois canais linfáticos lombares, na região
lombar. Após a sua origem, ascende na cavidade abdominal, atravessa o diafragma,
atravessa o mediastino e penetra na raiz do pescoço, à esquerda. Em seguida, faz um
arco sobre a artéria subclávia e adiante da artéria vertebral. Passa sob o feixe
vasculonervoso do pescoço e drena no sistema venoso, no ponto de união entre as
veias subclávia e jugular interna. Podem ocorrer múltiplas variações na porção
terminal do canal. O canal torácico pode ascender até cinco centímetros acima da
clavícula.
No lado direito do pescoço, na sua raiz, o tronco da veia jugular, o tronco da cervical
transversa e o tronco subclávio, unem-se, formando o canal torácico direito, que drena
para o sistema venoso no ponto de união das veias jugular interna e subclávia direitas.

Classificação dos gânglios linfáticos do pescoço


Por questões práticas, os gânglios linfáticos do pescoço podem ser divididos em várias
regiões, no entanto deverá ser tido sempre em consideração que existe uma enorme
rede anastomótica entre os vários grupos e cadeias ganglionares.
Em 1991, a American Academy of Otolaryngology – Head and Neck Surgery propôs
uma classificação que se tornou o padrão em cirurgia da cabeça e pescoço.
O objectivo desta classificação é, a definição de fronteiras anatómicas de grupos de
gânglios linfáticos que permitem a classificação das celulectomias cervicais. Assim, o
pescoço foi dividido em seis níveis, como a seguir exposto.

Nível I: Gânglios Submentonianos e Submandibulares, incluindo gânglios linfáticos


localizados no triângulo formado pelo ventre anterior do músculo digástrico e pelo osso
hióide, inferiormente (submental) e entre os dois ventres do músculo digástrico e o
bordo inferior da mandíbula (submandibular).
Nível II: Gânglios jugulares superiores, contendo os gânglios localizados no terço
superior da veia jugular interna e na porção proximal do nervo acessório espinhal. Este
nível estende-se desde a base do crânio em cima, até ao osso hióide e à bifurcação
da carótida, em baixo. O limite posterior é o bordo posterior do músculo
esternocleidomastoideu. O limite anterior é o bordo lateral do músculo esternohióideu.
Nível III: Gânglios jugulares médios, que incluem os gânglios localizados ao longo
do terço médio da veia jugular interna. As fronteiras deste grupo são, o osso hióide, e
a bifurcação da carótida, em cima, o bordo inferior da cartilagem cricoide e o
cruzamento do músculo omohióideu e da veia jugular interna, em baixo, o bordo
posterior do músculo esternocleidomastoideu, atrás e o bordo lateral do do músculo
esternohióideu, anteriormente.

Nível IV: Gânglios jugulares inferiores, compreendendo os gânglios linfáticos


localizados ao longo do terço inferior da veia jugular interna, desde o músculo
omohióideu em cima, até à clavícula em baixo. O bordo posterior corresponde ao
bordo posterior do músculo esterno cleido mastoideu e o limite anterior é o bordo
lateral do músculo esternohióideu.

Nível V: Gânglios do triângulo cervical posterior, incluindo gânglios


supraclaviculares, bem como gânglios localizados ao longo da metade inferior do
trajecto do nervo acessório espinhal e da artéria cervical transversa. Os limites são, o
bordo anterior do músculo trapézio, atrás, o bordo posterior do músculo
esternocleidomastoideu, à frente, a clavícula, em baixo e o ponto de convergência dos
músculos esternocleidomastoideu e trapézio, em cima.

Nível VI: Gânglios do compartimento anterior, incluindo os gânglios linfáticos que


circundam as estruturas viscerais da linha média do pescoço, desde o osso hióide até
à fúrcula esternal. Este nível contém os gânglios paratraqueais, prélaríngeos (de
Delphos), gânglios peritiroideus, e gânglios localizados ao longo do trajecto dos nervos
recorrentes laríngeos (laríngeos inferiores). Os limites são, o osso hióide, em cima, a
fúrcula esternal, em baixo e as artérias carótidas lateralmente.

Nível VII: Gânglios mediastínicos superiores. Este grupo é considerado como uma
àrea adicional, descrita por alguns autores. Nele são incluídos os gânglios
mediastínicos superiores localizados atrás da fúrcula esternal.
Aponevroses cervicais
Consideram-se duas aponevroses no pescoço: a aponevrose cervical superficial
(fascia cervical superficial) e a aponevrose cervical profunda (fascia cervical profunda).
A fascia cervical superficial corresponde ao tecido conjuntivo, localizado
imediatamente sob a derme. No pescoço, a fascia superficial divide-se para envolver o
músculo platima.
Na face, a fascia superficial também envolve os músculos da expressão facial
(cutâneos da face).
Existe um plano localizado sob o músculo platysma que, se respeitado, permite o
levantamento de retalhos cutâneos, durante cirurgias do pescoço.

A fascia cervical profunda é a chave mestra da dissecção cervical. Circunda o


pescoço e envolve as suas várias estruturas.
Consideram-se diferentes camadas na fascia cervical profunda: A camada superficial
da fascia cervical profunda, a camada profunda da fascia cervical profunda e a
camada média da fascia cervical profunda, também conhecida como fascia
prétraqueal.

A camada superficial envolve o pescoço, com excepção da fascia superficial, do


platisma e da pele. inicia-se nas apófises espinhosas e no ligamento nucal. Em
seguida, divide-se para envolver os músculos trapézio, esternocleidomastoideo, a
glândula parótida, o músculo omohióideu e os músculos infrahióideus.
Em cima, encontra-se unida à protuberância occipital, às linhas nucais superiores, ao
vértice do processo mastoideu, ao arco zigomático, ao ângulo da mandíbula, ao corpo
da mandíbula e à sínfise mentoniana. Lateralmente, divide-se para envolver a glândula
parótida.
Anteriormente, passa da mandíbula para o osso hióide e daí para o esterno.
Inferiormente, une-se ao esterno, à clavícula, ao acromion e à espinha da omoplata.
Na linha média, ao nível do seu limite inferior, a fascia divide-se em duas camadas,
formando um espaço conhecido por espaço supra esternal de Burns. As veias
superficiais do pescoço, nomeadamente as veias jugulares anterior e externa,
encontram-se dentro ou sobre, a camada superficial da fascia cervical profunda.

A camada profunda da fascia cervical profunda é também conhecida como fascia


prevertebral. Esta fascia também tem origem ao nível das apófises espinhosas das
vértebras cervicais e do ligamentum nucae. Em cima, estende-se até à base do crânio,
ao nível do buraco jugular e do canal carotidiano; contorna os músculos prévertebrais
e cobre os músculos escalenos, o splenius e o elevador da escápula. Em seguida,
passa em frente dos corpos vertebrais e forma uma camada espessa que recebe o
nome de fascia prévertebral. Esta camada da fascia forma o pavimento do triângulo
posterior do pescoço e proporciona uma superfície onde, a faringe, o esófago, o nervo
acessório espinhal e outros órgãos cervicais deslizam durante os movimentos do
pescoço e a deglutição.
Uma parte desta camada, estende-se entre o processo estiloideu e o ângulo da
mandíbula, constituindo o ligamento estilo-mandibular.
O feixe vásculo-nervoso do pescoço, é envolvido por uma estrutura aponevrótica, de
forma cilíndrica, que une as camadas superficial e profunda. Envolve a artéria carótida,
a veia jugular interna e o nervo vago. Esta bainha vascular estende-se desde a base
do crânio até à base do pescoço.
Espaços viscerais do pescoço
A divisão em compartimentos, efectuada pela presença das fascias cervicais, permite
a excisão de gânglios linfáticos cervicais e outras estruturas, tais como vasos
sanguíneos, nervos, músculos e glândulas, dissecando e removendo os limites destas
secções limitados pelas fascias.
Quando existe uma inflamação, ou uma infecção, esta tenderá a expandir-se através
de um espaço visceral, antes de se extender ao espaço adjacente.
Os espaços viscerais acima do osso hióide não são contíguos com os espaços abaixo
do osso hióide, com a excepção dos espaços retrofaríngeo e préevertebral.
Os espaços viscerais são sistematizados da seguinte forma:
Espaço submentoniano; localizado entre os ventres anteriores do músculos
digástricos.
Espaço submandibular; localizado entre os ventres do músculo digástrico e o
músculo milohióideu. Contém a glândula submandibular e comunica anteriormente
com o espaço submentoniano.
Espaço peritonsilar ou intrafaríngeo; localiza-se entre a a superfície interna dos
músculos constrictores da faringe e a mucosa faríngea.
Espaço parafríngeo; Este espaço estende-se desde a base do crânio até ao osso
hióide e é limitado lateralmente pelos músculos pterigoideus e pela glândula parótida e
medialmente pelos músculos constrictores da farige.
Espaço prétraqueal; estende-se desde o bordo superior da cartilagem tiroideia até ao
mediastino superior. Encontra-se entre a fascia visceral e a traqueia e a cartilagem
tiroideia. Estende-se à volta das faces laterais destas estruturas até à parede anterior
do esófago.
Espaço retrofaríngeo; Este espaço está localizado por trás da faringe e adiante da
fascia prévertebral. É considerado como sendo uma extensão posterior do espaço
parafaríngeo. Comunica inferiormente com o espaço retrovisceral, e a partir daí com o
mediastino.
Espaço retrovisceral; localiza-se entre a parede posterior do esófago e a fascia
prévertebral. Continua-se com o espaço retrofaríngeo em cima estende-se em baixo
até ao mediastino.
Espaço prévertebral; É limitado pela fascia prévertebral, anteriormente e pela coluna
vertebral posteriormente. Localiza-se entre os espaços retrovisceral e retrofaríngeo.
EMBRIOLOGIA DA CABEÇA E DO PESCOÇO

Noções gerais
Após a fecundação, o ovo ou zigoto formado, vai iniciar um processo de divisão celular
originando a mórula, ainda na trompa uterina. A mórula, aumentando de tamanho, por
divisão celular, passa a designar-se, blastocisto. Assim se inicia o período proliferativo
do desenvolvimento que se estende entre as zero e as duas semanas de gestação. A
este período proliferativo segue-se o período embrionário, entre as duas e as oito
semanas e finalmente, o período fetal, entre as oito semanas e os nove meses de
gestação.
Esta evolução é possível devido à indução, que se define como o processo em que
uma célula indiferenciada recebe instruções de organizadores específicos que vão
produzir efeitos morfogénicos. O organizador é a parte de um embrião que influencia
uma outra parte para a sua diferenciação histológica e morfológica.
Substâncias químicas designadas por, factores de crescimento, induzem as células a
iniciar processos celulares específicos, incluindo síntese de DNA de forma temporal e
espacial específicas.
Durante o período proliferativo, ocorre a implantação e a formação do disco
embrionário. Durante o período embrionário, os vários tipos de tecidos diferenciam-se
e organizam-se para formar os órgãos e os sistemas.
Por volta da oitava semana, o embrião apresenta uma forma mais Humana, iniciando-
se o período fetal que se estende até ao nascimento.

Durante o período proliferativo, e após a implantação, formam-se duas cavidades no


interior do blastocisto. A cavidade amniótica e a vesícula vitelina primitiva ou cavidade
exocelómica. Entre estas forma-se o disco embrionário, numa primeira fase, durante a
segunda semana de gestação, o disco embrionário didérmico, e durante a terceira
semana, o disco embrionário tridérmico, que se virá a transformar no embrião.

O disco embrionário tridérmico, é formado por três camadas: a ectoderme, a


mesoderme e a endoderme.
A ectoderme irá originar o sistema nervoso, os melanocitos, os epitélios sensoriais do
olho, do nariz e do ouvido, a epiderme, o cabelo e as unhas, a glândula mamária e as
glândulas cutâneas, os epitélios dos seios perinasais, a mucosa das cavidades oral e
nasal, as glândulas intraorais e o esmalte dentário.
A mesoderme vai originar os músculos, o osso, a cartilagem, o sangue, a dentina, a
polpa dentária, o cimento e o ligamento periodontal.
A endoderme dá origem ao epitélio do tracto gastrointestinal e às suas glândulas
anexas.

Durante a terceira semana de desenvolvimento, de cada lado da linha média da


ectoderme, surgem as cristas neurais e entre elas a goteira neural. Estas cristas
desenvolvem-se, e acabam por se fundir na linha média, envolvendo a goteira neural
que assim se transforma no tubo neural. A porção cefálica deste tubo neural vai
originar o cérebro e a porção caudal vai originar a medula espinhal. O tubo neural vai
originar as cavidades encéfalo-medulares e o canal do epêndima.

Os nervos cranianos têm origem a partir de células da crista neural, na região


correspondente ao tronco cerebral.

Entre a quarta e a oitava semana do desenvolvimento, período que se designa por,


período embrionário, cada uma das três camadas vai dar origem a um certo número
de tecidos específicos e de órgãos. Em termos gerais podemos dizer ao final do
período embrionário os principais órgãos e sistemas estão já formados. Durante este
período a forma do embrião muda consideravelmente e as principais formas exteriores
do corpo são já identificáveis ao fim do segundo mês.

Cada uma das camadas do disco embrionário vai prosseguir o seu desenvolvimento.
O disco embrionário vai sofrer um processo de alongamento, cefálico e caudal.
Simultaneamente, vai existir um processo de alargamento das extremidades laterais
do disco embrionário, que vão englobando a vesícula vitelina, agora designada por
vesícula umbilical, e o endoblasto. O endoblasto vai formar o revestimento interno do
intestino primitivo e permanece ligado ao exterior do embrião pelo canal onfalo-
mesentérico, que por sua vez irá originar o cordão umbilical.

O intestino primitivo apresenta na sua extremidade cefálica, a membrana buco-


faríngea, que mais tarde se rompe entrando em contacto com a cavidade amniótica,
originando assim a comunicação entre a cavidade bucal primitiva e a faringe. A
abertura cefálica do intestino primitivo é designada por estomódio e é o primórdio
embrionário da cavidade oral.

Imediatamente atrás da membrana orofaríngea, origina-se o intestino faríngeo,


primórdio da faringe e na parede anterior deste, forma-se um canal, o esboço traqueal
que irá originar a laringe, a traqueia e toda a árvore brônquica.

Desenvolvimento da região orofacial


Durante a quarta semana de desenvolvimento, o embrião é um disco plano que se
encurva na sua extremidade anterior à medida que o cérebro, na sua porção mais
anterior e dorsal, se expande e aumenta de volume. Entre o cérebro e o coração,
desenvolve-se uma fosseta, que se tornará na cavidade oral ou estomódio.
Sob esta fosseta forma-se o primeiro arco faríngeo, designado por arco mandibular.
Os tecidos da região maxilar que formam as bochechas, crescem a partir deste
primeiro arco. Por baixo do arco mandibular desenvolvem-se quatro outros arcos ou
barras, entre a quarta e a sétima semana de desenvolvimento. Este segundo arco é
designado arco hioideu.
Estes arcos paralelos entre si são importantes no desenvolvimento da face e do
pescoço. Cada um deles contém vasos sanguíneos, músculos, nervos, e elementos
esqueléticos.
Os vasos sanguíneos do arco aórtico, que percorrem o interior de cada arco faríngeo,
e que percorrem o trajecto entre o coração e o cérebro, são importantes no
desenvolvimento crânio-facial.
O primeiro, segundo e quinto destes vasos sanguíneos desaparecem. O vaso do
terceiro arco assume o papel de transporte dos nutrientes para os tecidos do primeiro
e do segundo arco. Este vaso do terceiro arco também irá mudar o suprimento
sanguíneo para a face, da carótida interna para a carótida externa.
Os músculos provêem de cada arco faríngeo: os músculos do arco mandibular irão
originar os músculos mastigadores; os músculos do segundo arco irão formar os
músculos da face; e os músculos do terceiro e quarto arcos transformar-se-ão nos
músculos constritores da faringe.
Os nervos cranianos penetram em cada uma destas massas musculares. O quinto
nervo penetra no arco mandibular para enervar os músculos mastigatórios. O sétimo
nervo enerva os músculos do segundo arco, e os outros nervos cranianos vão enervar
músculos do pescoço.
Em cada arco desenvolve-se igualmente tecido cartilagíneo: A cartilagem de Meckel
no primeiro arco, a cartilagem hioideia superior no segundo arco, a cartilagem hioideia
inferior no terceiro arco, e as cartilagens laríngeas no quarto arco. As cartilagens da
base do crânio formam-se com o intuito de suportar o cérebro. A partir destas
cartilagens formam-se a cápsula auditiva e a cápsula olfactiva.
Todos os acontecimentos acima descritos decorrem entre a quarta e a sétima
semanas de desenvolvimento embrionário.

Desenvolvimento da orofaringe
A orofaringe é composta pela cavidade oral primitiva e pela zona do intestino anterior
designada por faringe. O esboço oral aparece pela quarta semana do desenvolvimento
embrionário, na altura em que a placa neural se encurva em sentido ventral e as
pregas neurais dão origem ao telencéfalo.
Esta curvatura cefalo-caudal empurra o coração no sentido ventral e o saco vitelino
encerra, formando um tubo alongado, designado como intestino anterior.
O aprofundar da fosseta oral, aparece assim, entre o telencéfalo e o coração. Esta
estrutura vai diferenciar-se na cavidade oral.
No fundo da fosseta oral, encontra-se a membrana orofaríngea, que se rompe por
altura da quinta semana, fazendo comunicar a cavidade oral com a estrutura tubular
que é o intestino anterior. De seguida transforma-se na orofaringe.
O arco mandibular vai crescer lateralmente à fosseta oral. Por cima deste, desenvolve-
se o processo maxilar que vai dar origem à região geniana (bochechas).
O coração, que vai aumentando o seu volume, fica nesta fase posicionado por baixo
do arco mandibular, e está já localizado no tórax. O coração começa a bater aos 23
dias de vida embrionária. Após o início dos batimentos cardíacos, o sangue é forçado
a deslocar-se no interior dos vasos sanguíneos, nesta zona em particular, pelos vasos
dos arcos faríngeos, irrigando a face, o pescoço e o cérebro.
A face, em formação, vai ter agora um período de desenvolvimento intenso,
destacando-se do telencéfalo e pressionando o tórax e o coração.

Desenvolvimento dos arcos faríngeos


Os arcos faríngeos são assim designados porque durante o seu desenvolvimento se
constituem como barras de tecidos que se enrolam à volta da faringe.
Cada arco é separado do seguinte por sulcos verticais, de cada lado do pescoço.
Estes sulcos aparecem à quinta semana.
No interior da faringe, também existem sulcos, designados por bolsas faríngeas, e que
separam os arcos pelo seu lado faríngeo. Estas bolsas faríngeas correspondem às
fendas faríngeas descritas na face externa do pescoço.
Os cinco arcos e as respectivas fendas, assemelham-se a guelras dos peixes e dos
anfíbios.
O primeiro arco é designado, arco mandibular porque está na origem da formação do
osso mandibular, dos músculos da mastigação, dos respectivos nervos e irrigação
sanguínea.
O segundo arco, o arco hioideu, forma os músculos da face, vasos sanguíneos e o
osso hióide.
O terceiro, o quarto e o quinto arco, consistem em pares de barras de tecido, direitas e
esquerdas, que não se unem na linha média, pela presença do coração.
Os arcos vão-se tornando progressivamente mais pequenos, da frente para trás. A
superfície exterior de cada arco é recoberta com tecido da ectoderme. A superfície
interior do primeiro arco e a cobertura da face anterior do segundo arco vão
igualmente ser revestidas por tecido da ectoderme. Esta ectoderme vai constituir o
revestimento epitelial da cavidade oral.
No entanto, a superfície faríngea dos quatro arcos restantes, é recoberta por
endoderme, que está em continuidade com o epitélio do tubo gastrointestinal.
Os interiores dos arcos vão dar origem aos vasos sanguíneos, músculos, nervos,
cartilagens e ossos que vão ter um papel fundamental no desenvolvimento da face.

Sulcos faríngeos e bolsas faríngeas


O primeiro sulco faríngeo, aprofunda-se para se tornar o canal auditivo externo. A
membrana no fundo deste canal origina a membrana do tímpano. O ouvido médio e a
trompa auditiva (Trompa de Eustáquio) desenvolvem-se a partir da primeira bolsa
faríngea.
Após a quinta semana, os sulcos faríngeos deixam de ser visíveis externamente. Isto
deve-se ao crescimento dos tecidos do segundo e do quinto arcos, que crescem sobre
os outros arcos, acabando por contactar entre si. Este crescimento envolve os sulcos
e os arcos externamente. No entanto, as estruturas internas permanecem e vão ter um
papel no desenvolvimento subsequente.
O revestimento endotelial das bolsas faríngeas diferencia-se em vários órgãos.
A segunda bolsa faríngea vai dar origem às amígdalas palatinas.
A terceira vai originar as glândulas paratiroideias inferiores e o timo.
A quarta vai dar origem às glândulas paratiroideias superiores.
A quinta vai transformar-se no corpo ultimobranquial que vai estar na origem das
células parafoliculares da glândula tiroideia.

Desenvolvimento das estruturas vasculares


Cada arco faríngeo contém um arco aórtico que se entende desde o coração, através
dos arcos, até à face, cérebro e regiões posteriores do corpo. Estes arcos unem as
artérias, carótida interna e externa primitivas. Alguns destes arcos desaparecem, mas
outros, como os vasos do terceiro arco vão originar as artérias carótidas comuns. As
carótidas comuns fornecem sangue para a carótida interna e daí para a cabeça,
pescoço e cérebro. No entanto, à sétima semana, a circulação da face muda da
carótida interna para a carótida externa. A carótida interna continua a fornecer o
sangue para o cérebro.

Desenvolvimento dos músculos e dos nervos


As células musculares do primeiro arco formam-se durante a quinta semana,
estendendo-se através do arco mandibular, alcançando as localizações respectivas
durante a sexta e a sétima semanas. À décima semana, os músculos do segundo arco
formam uma faixa larga e fina que se estende sobre a face até à região auricular
posterior. À medida que estes músculos crescem sobre a face, desenvolvem-se em
vários grupos musculares e inserem-se nas estruturas ósseas que se vão formando na
face. Por outro lado, os músculos do arco mandibular permanecem no primeiro arco e
vão originar os músculos mastigadores. Todos eles vão ter inserção na mandíbula.
Os músculos constritores da faringe vão desenvolver-se a partir do quarto arco.
Os nervos desenvolvem-se em conjunto com as fibras musculares. Ao final da sétima
semana as fibras do quinto nervo já penetraram na massa muscular do arco
mandibular, tal como o sétimo nervo penetra na massa muscular do segundo arco. O
sétimo nervo enerva o músculo estilo-hioideu, o músculo do estribo e o ventre
posterior do músculo digástrico.
O nervo glossofaríngeo (IX), penetra no terceiro arco e enerva o estilo-faríngeo e o
constritor superior da faringe.
O vago (X), enerva os músculos do quarto arco, que são os constritores inferior e
médio da faringe e os músculos da laringe.
A língua relaciona-se com o IX, que veicula o sentido do gosto a partir dos corpúsculos
gustativos localizados no terço posterior da língua, e com o VII que veicula o sentido
do gosto dos dois terços anteriores da língua. O V é o nervo sensitivo dos dois terços
anteriores da língua.

Desenvolvimento cartilaginoso do esqueleto facial


Os primeiros elementos do esqueleto a formar-se na área crânio-facial são, a cápsula
cartilaginosa nasal (etmóide), o esfenóide, as cápsulas óticas (auditivas), e as
cartilagens basioccipitais. Todas estas cartilagens têm origem num tecido cartilagíneo
contínuo, localizado na linha média, por baixo do cérebro. Na região anterior, a
cápsula nasal contém o órgão do olfacto. Lateralmente as cápsulas óticas protegem os
órgãos da audição. A cartilagem esfenoidal localiza-se posteriormente relativamente
ao etmóide. Atrás do esfenóide localiza-se a cartilagem occipital. A cartilagem
contínua acima referida vai subdividir-se e originar os vários ossos que se vão
designar no seu conjunto como base do crânio. Estas cartilagens transformam-se em
osso por ossificação encondral.
A calote craniana por sua vez é formada por ossificação membranosa.
Outros ossos da face desenvolvem-se sobre a cápsula nasal e são designados por:
premaxila, maxila, zigomático e porção petrosa do osso temporal. Todos estes
ossos aparecem inicialmente como pequenos centros de ossificação. Posteriormente
desenvolvem-se para cima, para trás e para cima, até aos tecidos que circundam a
órbita. Os ossos maxilares, crescem também no sentido da linha média para sustentar
a abóbada palatina. A altura da maxila é em parte devida ao crescimento em
comprimento das raízes dos dentes.

Desenvolvimento da mandíbula
A mandíbula cresce lateralmente na cartilagem do primeiro arco. Tem ainda um
crescimento posterior até alcançar o côndilo cartilagíneo. Em conjunto, o corpo da
mandíbula e o côndilo cartilagíneo substituem a cartilagem de Meckel.
A mandíbula forma-se a partir de várias unidades: uma unidade condiliana que entra
na constituição da articulação, permitindo os movimentos da mandíbula; o corpo, que
é o centro de todo o desenvolvimento e função da mandíbula; o processo angular
que se desenvolve por resposta aos músculos pterigoideu lateral e masseter; o
processo coronóide que responde ao desenvolvimento e inserção do músculo
temporal; o processo alveolar que responde ao desenvolvimento dos dentes. Em
conjunto estas estruturas vão originar a mandíbula.

Desenvolvimento da face e do palato


A face humana inicia o seu desenvolvimento durante a quarta semana de gestação e
prolonga-se até à sétima semana. O palato começa a encerrar durante a oitava
semana.
A face desenvolve-se a partir de tecidos que circundam a fosseta oral. A região frontal
desenvolve-se a partir da área frontal, sobre a fosseta oral. O nariz desenvolve-se
mais tardiamente também a partir desta área que passa então a designar-se como
área fronto-nasal. Por baixo da fosseta oral está localizado o arco mandibular a partir
do qual se forma a mandíbula. Lateralmente à fosseta oral encontram-se os processos
maxilares, direito e esquerdo que se desenvolvem a partir do arco mandibular. O
tecido da região geniana (bochechas) tem origem a partir destes processos. No interior
da cavidade oral forma-se o palato que irá separar a cavidade oral da fossa nasal. De
início o segmento palatal forma-se a partir do segmento nasal médio. Este segmento
forma a primeira separação entre as fossas nasais e a cavidade oral. Em seguida,
formam-se os processos palatinos que se fundem na linha média, anteriormente.
Simultaneamente, a língua desenvolve-se a partir do pavimento da boca. A língua
cresce rapidamente, estendendo-se até à fossa nasal. Os processos palatinos têm que
crescer sobre a língua de forma a se fundirem na linha média.
EMBRIOLOGIA DO DENTE

Generalidades

Apesar de cada dente se desenvolver como uma estrutura independente e de se


formarem finalmente tipos dentários morfologicamente diferentes, isto é, incisivos,
caninos, pré-molares e molares, o processo de desenvolvimento do dente,
denominado odontogénese, é basicamente o mesmo. Inicia-se como resultado da
interacção entre o epitélio oral e o ectomesenquima subjacente, originando a banda
epitelial primária e, a seguir, a lâmina dentária. Os gérmens dentários seguem,
subsequentemente, as fases de botão, chapéu, sino, coroa e raiz. A formação
específica dos diferentes tecidos que constituirão o dente e as suas estruturas de
suporte inicia-se a partir da fase de sino. Desse modo, esses processos recebem
denominações também específicas. Assim, dentinogénese, amelogénese,
cementogénese e osteogénese correspondem, respectivamente, à formação de
dentina, esmalte, cimento e osso.

Estádios do desenvolvimento dentário


Embora a formação do dente seja um processo contínuo, é caracterizada por etapas
(fases) distintas conhecidas como fase de botão, fase de chapéu, fase de sino, fase de
coroa e fase de raiz.
Fase de Botão (A fase de botão representa o verdadeiro início da formação de cada
dente)
Á sexta semana de vida intra-uterina, a camada basal do epitélio oral (estomódio)
prolifera rapidamente e forma uma estrutura em forma de “C”, a lâmina dentária,
disposta ao longo da maxila e da mandíbula, como uma crista longitudinal. Esta lâmina
fica mais espessa e origina um número de prolongamentos que penetram no
mesênquima subjacente.
Após a proliferação uniforme ao longo das futuras arcadas, a lâmina dentária passa a
apresentar, em alguns locais, actividades mitóticas diferenciadas. Como resultado, a
partir de oitava semana de vida intra-uterina, em cada arcada, originam-se dez
pequenos “botões” que invadem o ectomesênquima, representando o início da
formação dos gérmens dos dentes decíduos.

Fase de Chapéu (A fase de chapéu é caracterizada pela intensa proliferação de


células epiteliais)
Com a continuação da proliferação epitelial, o botão não contínua a crescer
uniformemente, apresentando um crescimento desigual e adoptando uma forma que
se assemelha a um chapéu. No centro da sua parte mais profunda, o capuz epitelial
apresenta uma concavidade, sob a qual é observada uma maior concentração de
células ectomesenquimatosas do que na fase anterior.
Uma vez estabelecida a fase de chapéu, observam-se vários componentes no gérmen
dentário. A porção epitelial, que a partir desta fase apresenta várias regiões distintas,
denomina-se órgão do esmalte, porque é responsável pela formação do esmalte
dentário.
Distinguimos no “chapéu”uma camada externa, o epitélio dentário externo, uma
camada interna, o epitélio dentário interno e uma parte central de tecido laxo, o
retículo estrelado.
Ao mesmo tempo o ectomesênquima aumenta o seu grau de condensação de maneira
que se observa claramente uma massa de células muito próximas umas das outras.
Essa condensação celular, denomina-se papila dentária, a partir desta fase do
desenvolvimento, é a responsável pela formação da dentina e da polpa.
Ainda nesta fase de chapéu, o ectomesênquima que rodeia tanto o órgão do esmalte
como a papila dentária, sofre uma condensação de forma que as suas células
alinham-se à volta do gérmen em desenvolvimento, formando uma cápsula que o
separa do restante ectomesênquima da maxila e da mandíbula. Essa condensação
periférica, denominada folículo ou saco dentário, é a responsável pela formação do
periodonto de inserção do dente, isto é, do cimento, do ligamento periodontal e do
osso alveolar. Ainda nesta fase, capilares penetram o folículo dentário, sobretudo na
região adjacente ao epitélio externo do órgão do esmalte. Desta forma, a nutrição da
porção epitelial do gérmen dentário provém da vascularização do folículo.

Fase de Sino (Nesta fase iniciam-se os processos de morfogénese e diferenciação


celular)
Após a fase de chapéu, a proliferação das células epiteliais vai diminuindo e o órgão
do esmalte começa a apresentar o aspecto de um sino com uma concavidade mais
acentuada e, consequentemente, com as margens mais aprofundadas. No entanto,
quando diminui a divisão celular no órgão do esmalte e nas células
ectomesenquimatosas, ocorre a diferenciação das diversas células do gérmen
dentário.
As células mesenquimatosas da papila, adjacentes à camada dentária interna,
diferenciam-se em odontoblastos. Estas células produzem a pré-dentina, que é
depositada imediatamente abaixo da camada dentária interna. Com o tempo, a pré-
dentina calcifica e transforma-se em dentina definitiva. Com o espessamento contínuo
da camada de dentina, os odontoblastos passam para a papila. A camada de
odontoblastos persiste durante a vida do dente e produz continuamente pré-dentina,
que se transforma em dentina. As restantes células da papila dentária formam a polpa
dentária.
Entretanto, as células epiteliais da camada dentária interna diferenciam-se em
ameloblastos (células formadoras de esmalte). Estas células produzem longos prismas
de esmalte que são depositados sobre a dentina.
A camada de contacto entre o esmalte e a dentina é conhecida por junção amelo-
dentinária.

Fase de Coroa (Também denominada fase avançada de sino, corresponde à


deposição de dentina e esmalte da coroa do futuro dente)
Quando, por aposição de novas camadas, o esmalte se espessa, os ameloblastos
retiram-se para o retículo estrelado, até chegarem à camada epitelial dentária externa.
Aqui, regridem, deixando uma membrana temporária fina (a cutícula dentária) na
superfície do esmalte. Após a erupção esta membrana desaparece.
A fase de coroa caracteriza-se pela deposição de dentina, de fora para dentro
(centrípeta), e de esmalte, de dentro para fora (centrífuga).
A formação da dentina precede sempre a formação do esmalte.

Fase de Raiz (A fase de raiz ocorre enquanto o dente erupciona)


A formação da raiz do dente inicia-se pouco antes da erupção da coroa. As camadas
epiteliais interna e externa, que estão apostas na região do colo, penetram no
mesênquima subjacente e formam a bainha epitelial radicular de Hertwig.
As células da papila dentária em contacto com esta bainha diferenciam-se em
odontoblastos, que formam uma camada de dentina contínua com a da coroa. À
medida que mais dentina é depositada no interior da camada existente, a câmara
pulpar estreita e finalmente forma um canal contendo os vasos sanguíneos e os
nervos do dente.
As células mesenquimatosas, localizadas no exterior do dente e em contacto com a
dentina da raiz, diferenciam-se em cimentoblastos. Estas células produzem uma fina
camada de osso especializado, o cimento, que é depositado sobre a dentina da raiz.
Por fora da camada de cimento, o mesênquima dá origem ao ligamento periodontal.
As fibras deste ligamento estão incluídas no cimento por uma das extremidades e na
parede óssea do alvéolo pela outra (fig..). Deste modo, o ligamento fixa o dente
firmemente em posição e simultaneamente funciona como um amortecedor dos
choques.
Com o crescimento da raiz, a coroa é gradualmente empurrada para a cavidade oral.
A erupção dos dentes decíduos ocorre 6 a 24 meses após o nascimento.

Os “botões” dos dentes permanentes localizam-se no lado lingual do dente de leite e


formam-se durante o 3º mês de desenvolvimento. Estes “botões”, que se desenvolvem
de um modo similar aos de leite, permanecem “adormecidos” até ao 6ºano de vida. Aí,
começam a crescer, empurrando o dente de leite correspondente. À medida que o
dente permanente cresce, a raiz do dente de leite é reabsorvida pelos osteoclastos.

Considerações Clínicas

As malformações dentárias podem estar relacionadas com variações no tamanho, na


forma, no número ou na estrutura.
Ocasionalmente, os dois incisivos inferiores já estão erupcionados na altura do parto.
Usualmente estão mal-formados, possuem pouco esmalte e não têm raiz.
Embora as anomalias dos dentes sejam principalmente hereditárias, os factores
ambientais, como a rubéola, a sífilis e a irradiação são descritas como causadoras de
anomalias dentárias. Formas dentárias anormais (tais como incisivos Hutchinson e
molares em forma de amora) podem resultar de sífilis congénita.
Macrodontia refere-se a um dente aumentado e microdontia a um dente muito
reduzido em tamanho. A microdontia pode acompanhar fendas labiais ou palatinas, a
Síndrome de Ehlers-Danlos, desordens da hipopituitária e desordens ectodérmicas.
Quanto ao número, hipodontia (oligodontia) é uma redução do número de dentes, e os
dentes mais frequentemente ausentes são os terceiros molares permanentes, os
incisivos laterais superiores permanentes e os segundos pré-molares. Anodontia
refere-se à completa ausência de dentes e é muito rara. Hiperdontia é um aumento do
número de dentes, tanto pelo aparecimento de dentes supranumerários (que não têm
morfologia normal), como de dentes suplementares (que têm morfologia normal). Um
mesiodens na região média da maxila é um exemplo de dente supranumerário( fig..).
Dentes supranumerários múltiplos podem estar associados a displasia cleidocraniana.
A displasia ectodérmica (anomalia genética recessiva ligada ao cromossoma X)
relaciona-se com muitos distúrbios craniofaciais. Os dentes são frequentemente
reduzidos quanto ao tamanho e ao número e têm um formato cónico (fig..).
ANATOMIA DENTÁRIA

DENTIÇÃO DECÍDUA

GENERALIDADES
A dentição decídua também chamada de dentição primária ou de leite é formada por
vinte dentes (cinco por quadrante), isto é, um incisivo central, um incisivo lateral, um
canino e dois molares, dispostos pelos quatro quadrantes. Na dentição decídua não
existem pré-molares.
Assim a fórmula dentária da dentição decídua é:

2 I 1 C 2 M
2 I 1 C 2 M

Podemos observar na tabela abaixo a idade de erupção dos dentes decíduos:

Incisivos Centrais Inferiores 6 Meses


Incisivos Laterais Inferiores 7 Meses
Incisivos Centrais Superiores 7 Meses
Incisivos Laterais Superiores 9 Meses
Primeiros Molares Inferiores 12 Meses
Primeiros Molares Superiores 14 Meses
Caninos Inferiores 16 Meses
Caninos Superiores 18 Meses
Segundos Molares Inferiores 20 Meses
Segundos Molares Superiores 24 Meses

DIFERENÇAS ENTRE DENTES DECÍDUOS E DENTES PERMANENTES

Os dentes decíduos são mais pequenos que os dentes permanentes, excepção feita
para os dois molares de leite, cujo diâmetro mesio-distal, é maior que o dos pré-
molares.
As coroas dos dentes decíduos são mais pequenas que as dos dentes permanentes.
As raízes dos dentes temporários são mais finas e longas que as dos dentes
definitivos.
Os dentes temporários apresentam um colo anatómico mais estreito, que os dentes
permanentes.
Os dentes temporários apresentam uma coloração mais esbranquiçada.
O esmalte destes dentes apresenta-se mais delgado e com uma espessura uniforme
que o esmalte dos dentes permanentes.
A dentina presente entre o esmalte e as câmaras pulpares tem uma espessura
reduzida, em particular no segundo molar inferior.
As câmaras pulpares destes dentes são grandes e apresentam uns cornos pulpares
altos.
Nos molares as raízes são marcadamente divergentes e afilam-se rapidamente para o
ápice.
CARACTERISTICAS ANATÓMICAS DOS DENTES DECÍDUOS

INCISIVOS
Os incisivos decíduos são em número de oito, quatro na maxila e quatro na
mandíbula, são os únicos que apresentam um diâmetro mesio-distal superior à altura
da sua coroa e fazem a sua erupção por volta dos 6 a 9 meses.

INCISIVO CENTRAL SUPERIOR


Observado pelo lado vestibular o incisivo central superior, apresenta um bordo livre
rectilíneo, no seu quarto cervical a superfície vestibular é convexa e ligeiramente
aplanada no seu quarto oclusal, sendo os contornos das raízes convergentes.
A face lingual é mais estreita que a vestibular, as cristas marginais são bem
desenvolvidas, a raiz é mais estreita na sua face lingual e é fortemente convexa.
As faces mesial e distal são semelhantes.
A face oclusal apresenta um bordo livre rectilíneo e um diâmetro mesio-distal é
superior ao vestibulo-lingual.
A câmara pulpar é muito volumosa, apresenta três cornos pulpares alinhados no
sentido mesio-distal.

INCISIVO LATERAL SUPERIOR


O diâmetro mesio-distal do incisivo lateral superior é menos importante que a altura da
coroa. O ângulo coronário distal é mais arredondado, o bordo livre é rectilíneo na face
vestibular.
A raiz é mais longa que a do central e o ápice é desviado igualmente do lado
vestibular.
O contorno coronário oclusal é mais arredondado que o do incisivo central.

INCISIVO CENTRAL INFERIOR


A face vestibular da coroa é plana na sua porção oclusal e fortemente convexa junto
ao colo.
A raiz é cónica e o ápice pontiagudo.
A face lingual é côncava e é circunscrita pelo cíngulo.
As faces mesial e distal são semelhantes.
A face oclusal apresenta um bordo livre que a divide em duas metades, o contorno
vestibular é circular e o lingual é estreito devido à convergência das faces proximais
(mesial e distal).
A câmara pulpar é muito desenvolvida ao nível do colo.

INCISIVO LATERAL INFERIOR


Os incisivos laterais inferiores têm poucas diferenças dos incisivos centrais.
A coroa tem uma forma mais arredondada no lado distal da face vestibular, o bordo
livre continua a ser rectilíneo, apresentando do lado da face oclusal uma ligeira
concavidade.

CANINOS
Os caninos decíduos são em número de quatro, dois maxilares e dois mandibulares e
fazem a sua erupção entre os 16 e18 meses.

CANINO SUPERIOR
Na face vestibular nota-se uma redução do diâmetro mesio-distal até ao colo do dente,
os contornos mesial e distal são diferentes.
As faces proximais divergem fortemente a partir do colo. Na parte oclusal elas
convergem para uma cúspide muito aguda.
A face vestibular é muito convexa.
A raiz é cónica de superfície convexa, longa e de ápice arredondado.
A face lingual apresenta os mesmos elementos que o canino permanente, e tem umas
faces bem marcadas.
Nas faces proximais as cristas marginais têm um contorno convexo do lado lingual.
Na face oclusal, o contorno distal na cúspide é mais curto que o contorno mesial.
A câmara pulpar segue efectivamente os contornos gerais do dente, o corno pulpar é
projectado para a cúspide.

CANINO INFERIOR
O canino inferior difere pouco do canino superior.
A coroa do canino inferior é mais plana que a do superior.

MOLARES
Os molares decíduos são em número de oito e erupcionam entre 1 a 2 anos e meio, o
primeiro molar erupciona primeiro que o segundo molar, a erupção do canino dá-se
entre as erupções dos dois molares.
Os molares decíduos são substituídos pelos pré-molares.

1ºMOLAR SUPERIOR
É o mais atípico dos molares decíduos e permanentes. Normalmente este dente tem
duas cúspides (uma vestibular e outra lingual), no entanto sobre a face distal das
cúspides podemos diferenciar duas cúspides mais pequenas semelhantes às cúspides
disto-lingual e disto-vestibular.
Ao nível da face vestibular a coroa é larga e pouco elevada. As faces proximais
convergem fortemente para o colo e são convexas, a cúspide mésio-vestibular é
pouco marcada. Quando há cúspide disto-vestibular, ela está ao mesmo nível que a
mésio-vestibular.
O colo em volta da cúspide mésio-vestibular apresenta uma concavidade coronária, a
coroa é mais alta em mesial do que em distal.
A superfície da coroa é convexa no terço cervical.
As raízes são em número de três (duas vestibulares e uma lingual) são finas e
alongadas. A raiz mesial é a mais longa das duas raízes vestibulares.
As faces proximais (mesial e distal), na face mesial os contornos coronários são
fortemente curvos no seu terço cervical, especialmente no lado vestibular. A cúspide
lingual é a mais aguda. Das três raízes só as raízes mésio-vestibular e lingual são
visíveis.
A face distal é mais estreita que a mesial, nesta face as três raízes são visíveis.
A face oclusal é mais larga no lado mesial que do lado distal, o ângulo mésio-
vestibular é fortemente agudo por causa da existência de uma proeminência cervical
que é característica neste dente.
A cavidade pulpar apresenta uma câmara com três ou quatro cornos e três canais, um
lingual e os outros mésio e disto vestibular.

1º MOLAR INFERIOR
Este dente tem normalmente cúspides (duas cúspides vestibulares e duas cúspides
linguais), podendo apresentar uma quinta cúspide disto-vestibular.na face vestibular a
coroa é muito larga e pouco alta. O contorno mesial é rectilíneo, enquanto o contorno
distal é convexo. As cúspides vestibulares são mais individualizadas que as do molar
superior.
A superfície vestibular da coroa é convexa no seu terço cervical, enquanto os dois
terços oclusais são aplanados.
As raízes são em número de duas (uma mesial e outra distal), nascem de um tronco
radicular curto e divergem nos dois terços cervicais.
Na face lingual a cúspide mésio-lingual é a mais importante em tamanho, ela
representa dois terços desta face, é mais aguda que qualquer outra cúspide deste
dente. A cúspide disto-lingual está separada da mesial por uma ligeira depressão.
As faces proximais (mesial e distal) , a característica mais importante na face mesial é
a proeminência cingular mésio-vestibular da coroa. Na face distal o colo é rectilíneo e
a altura da coroa vestibular e lingual é idêntica a raiz mesial é convergente no terço
apical e tem m ápice arredondado, a raiz distal é mais estreita e curta e apresenta um
ápice mais pontiagudo.
A face oclusal tem a forma de um losango, o sulco mésio-distal separa as cúspides
vestibulares das cúspides linguais. O sulco vestibulo-lingual vestibular é mais mesial
que o sulco intercúspido lingual.
A cavidade pulpar apresenta uma câmara pulpar com quatro cornos, onde o corno
mésio-vestibular é o mais volumoso e ocupa uma grande parte da câmara. O corno
mésio-lingual é também muito desenvolvido. Tem três canais (dois na raiz mesial e um
na raiz distal.

2º MOLAR SUPERIOR
As suas características assemelham-se com o 1º molar definitivo.
Tem uma forte convexidade no terço cervical coronário, um tronco radicular menor que
o molar definitivo, raízes divergentes.
Na face oclusal a face lingual é mais estreita que a face vestibular e por conseguinte
as faces proximais convergem.
A cavidade pulpar apresenta uma câmara e três canais. A câmara pulpar tem quatro
cornos, o corno mésio-vestibular é mais volumoso e proeminente.

2º MOLAR INFERIOR
Assemelha-se ao 1º molar inferior definitivo.
A coroa é mais alongada no sentido mésio-distal em comparação com a altura da
coroa.
A cavidade pulpar apresenta normalmente 5 cornos pulpares, os cornos mesiais são
mais largos , o mais pequeno é o corno pulpar distal.
Tem três canais, dois mesiais e um canal distal.
DENTIÇÃO PERMANENTE (DEFINITIVA ou 2ª DENTIÇÃO)

1º Pré-molar inferior:

- Início da calcificação – 1 e 3/4 a 2 anos


- Formação da coroa – 5 a 6 anos
- Idade da erupção – 10 a 12 anos
- Formação da raiz – 12 a 13 anos

- Face vestibular:
É parecida com a face vestibular de um canino mas com uma cúspide menos aguda.
O contorno mesial da coroa na sua porção cervical é ligeiramente côncava, o seu
vértice está situado no terço oclusal da altura coronária.
O contorno distal da coroa é igualmente ligeiramente concavo na sua porção cervical,
o seu vértice está situado a metade da altura da coroa.
O vértice da cúspide está centrado ou ligeiramente para mesial. A aresta mesial é
convexa e a distal é côncava e mais comprida.
As faces proximais convergem na direcção cervical.
A face vestibular é mais convexa que a dos pré-molares maxilares, apresenta três
lóbulos vestibulares em que o mais desenvolvido é o centro-vestibular.
A raiz é convexa, de forma cónica e termina por um ápice pontiagudo.

- Face lingual:
A superfície coronal é mais estreita em lingual que em vestibular, é convexa e ocupa a
metade cervical da altura da coroa. Apresenta uma cúspide pontiaguda e pouco
desenvolvida. A metade oclusal da face lingual é constituída pela vertente interna da
cúspide vestibular.

- Face mesial:
Tem a forma de losango, o contorno vestibular é fortemente convexo, o contorno
lingual é ligeiramente convexo e mais baixo que o vestibular. O contorno oclusal é
formado pela justaposição das convexidades das arestas internas das cúspides
vestibular e lingual.
A crista marginal mesial forma o ponto de contacto mesial.
A superfície mesial da raiz é convexa e apresenta frequentemente um sulco
longitudinal.

- Face distal:
Os contornos coronal e radicular são idênticos aos da face mesial. A crista marginal é
menos inclinada e mais alta.

- Face oclusal:
O contorno vestibular forma um “V” aberto para lingual.
A face mesial é mais curta e mais convexa que a face distal
A face lingual é fortemente convexa e limitada à cúspide lingual.
A vertente interna da cúspide vestibular é o constituinte principal desta face, ocupa 2/3
vestibulares da face oclusal.
A vertente interna da cúspide lingual ocupa o terço lingual da face oclusal.
O sulco intercuspidiano principal une as fossas marginais mesial e distal e desenha
uma curva de concavidade vestibular.

2º Pré-molar inferior:
- Início da calcificação – 2 e 1/4 a 2 e ½ anos
- Formação da coroa – 6 a 7 anos
- Idade da erupção – 11 a 12 anos
- Formação da raiz – 13 a 14 anos

- Face vestibular:
Apresenta uma cúspide menos aguda que a do 1º pré-molar, os contornos mesial e
distal são mais arredondados e convexos, o ponto de contacto é mais cervical, a
descrição desta face é igual à do 1º pré-molar.

- Face lingual:
Esta face difere se for de um pré-molar de duas cúspides (uma vestibular e outra
lingual) ou de três cúspides (uma vestibular e duas linguais).

- Pré-molar de três cúspides:


A face lingual é tão larga como a face vestibular, a cúspide mésio lingual é a mais alta
e volumosa e está separada da disto-lingual pelo sulco principal intercuspideo.

- Pré-molar de duas cúspides:


A face lingual é manos larga que a face vestibular, as faces proximais são convexas.
A cúspide única têm a mesma altura da cúspide mésio-lingual do tipo três cúspides. O
vértice da cúspide é centrado. A superfície lingual é convexa.

- Face mesial:
A crista marginal mesial é paralela ao plano oclusal, a superfície mesial é convexa.

- Face distal:
A crista marginal é mais baixa, a superfície da coroa é convexa assim como a da raiz.

- Face oclusal:
O contorno vestibular têm a forma de “V” aberto para lingual.
No caso de pré-molar com três cúspides:
As faces proximais são ligeiramente convergentes para lingual ou sensivelmente
paralelas. A face mesial é mais comprida e mais aplanada que a face distal.
A cúspide vestibular ocupa 2/3 da face oclusal, é limitada pelo sulco principal mésio-
distal intercúspideo que forma uma curva de concavidade vestibular, este sulco
apresenta a forma de “Y”.

No caso de pré-molar com duas cúspides:


As faces proximais são convergentes para lingual, a face mesial é mais larga e
aplanada que a face distal.
As arestas cuspideas internas juntam-se no sulco intercuspideo principal mésio-distal
e formam uma crista transversal, o sulco principal termina nas fossas marginais mesial
e distal.

1º Molar Inferior

- Início da calcificação – à nascença


- Formação da coroa – 2 e ½ a 3 anos
- Idade da erupção – 6 a 7 anos
- Formação da raiz – 9 a 10 anos

- Face Vestibular:
A coroa tem a forma trapezoidal de grande base oclusal.
Desta vista são visíveis as cinco cúspides, três vestibulares (mesio-vestibular, centro-
vestibular e disto-vestibular) e duas linguais (mesio-lingual e disto-lingual).
O contorno mesial é convexo e o ponto de contacto está situado no ¼ oclusal da altura
da coroa.
O contorno distal é fortemente convexo na sua metade oclusal e concâvo junto ao
colo, o ponto de contacto distal é mais cervical.
O contorno oclusal é limitado pelas arestas cúspideas. A cúspide mesio-vestibular é a
mais volumosa das três cúspides vestibulares e a mais pequena é a cúspide disto-
vestibular.
A superfície vestibular é convexa no seu 1/3 cervical e no seus 2/3 oclusais
encontramos os três lobos que vão constituir as três cúspides, o lobo mesio-vestibular
é separado do centro-vestibular pelo sulco intercuspideo mesio-vestibular e este
termina na fossa vestibular, os lobos centro-vestibular e disto-vestibular estão
separados pelo sulco intercuspideo disto-vestibular e este termina numa fosseta.
Das duas raízes a mesial é a mais comprida e larga. A bifurcação das duas raízes faz-
se no 1/3 cervical da altura da raiz.

- Face Lingual:
A coroa tem a forma trapezoidal de grande base oclusal. As duas cúspides linguais
(mesio e disto-linguais) são visíveis, são as duas sensivelmente do mesmo tamanho e
maiores que as vestibulares.
Os contornos mesial e distal são idênticos aos da face vestibular.
A superfície lingual têm menos relevos que a superfície vestibular, o sulco
intercuspideo lingual termina na metade da altura da coroa e separa esta face em dois
lobos linguais.

- Face Mesial:
A coroa tem a forma trapezoidal de grande base cervical.
O contorno vestibular é convexo no seu ¼ cervical, o contorno contorno lingual é
convexo nos ¾ cervical e convexo no ¼ oclusal.
A crista marginal mesial é constituída pelas arestas mesiais das duas cúspides
mesiais e o ponto de contacto encontra-se no 1/3 oclusal e centrado no diâmetro
vestíbulo-lingual.
A superfície mesial da raiz mesial é convexa mas apresenta um sulco longitudinal
mediano.

- Face Distal:
Os contornos da coroa e da raiz são idênticos aos da face mesial.
A crista marginal é constituída pelas arestas distais das duas cúspides distais e têm a
forma de um acento circunflexo invertido. O ponto de contacto é ao centro da face
distal no sentido vestíbulo-lingual e no ¼ oclusal da altura da coroa.
A superfície distal da raiz apresenta uma depressão longitudinal bem marcada.

- Face Oclusal:
A coroa têm a forma hexagonal, o diâmetro mesio-distal é o maior.
A face mesial é ligeiramente convexa e a face distal é fortemente convexa e mais
estreita que a mesial.
A face oclusal propriamente dita está limitada pelas arestas cuspideas e marginais.
Apresenta cinco cúspides que são por ordem decrescente de tamanho: mesio-lingual,
disto-lingual, mesio-vestibular, centro-vestibular e disto-vestibular).
O sulco principal intercuspideo mesio-distal separa as cúspides vestibulares das
linguais, é formado por dois segmentos um distal e outro mesial.
Existem ainda três sulcos principais periféricos na direcção vestíbulo-lingual que
separam as cúspides mesiais e distais, dois destes sulcos são vestibulares, um mesio-
vestibular e outro disto-vestibular, o outro sulco é lingual e separa as duas cúspides
linguais.
Na intersecção dos sulcos intercuspideos vestíbulo-lingual e mesio-distal encontra-se
a fossa central mesial. A fossa central distal nasce da intersecção do sulco disto-
vestibular com o sulco mesio-distal.
Ainda se pode observar uma fossa marginal mesial e outra distal.

2º Molar Inferior

- Inicio da calcificação – 2 e ½ a 3 anos


- Formação da coroa – 7 a 8 anos
- Idade da erupção – 11 a 13 anos
- Formação da raiz – 14 a 15 anos

- Face Vestibular:
A superfície coronária é fortemente convexa no 1/3 cervical e nos 2/3 oclusais
apresenta os dois lobos das cúspides vestibulares que estão separadas pelo sulco
intercuspideo vestibular, estes dois lobos são idênticos.
A superfície radicular das duas raízes vestibulares é convexa e as duas raízes estão
dirigidas para distal e são idênticas.

- Face Lingual
A convergência lingual das faces proximais coronárias e radicular é menos marcada
que no 1º molar inferior.
As faces proximais convergem menos até ao colo que as do 1º molar inferior.

- Face Mesial
A convexidade vestibular é mais marcada do que no 1º molar inferior. O ponto de
contacto é na parte vestibular do 1/3 médio.
A superfície da raiz mesial pode apresentar uma ligeira depressão longitudinal, mas é
geralmente convexa.

- Face Distal
A crista marginal têm a forma de um acento circunflexo invertido. O ponto de contacto
é ao centro da face distal.
A raiz distal é mais é mais pequena que a mesial e a sua superfície é convexa.

-Face Oclusal
O contorno oclusal é rectangular e é limitado pelas arestas cuspideas e marginais.
Apresenta quatro cúspides (mesio-vestibular, disto-vestibular. mesio-lingual e disto-
lingual).
O sulco principal mesio-distal separa as cúspides vestibulares das linguais, é
geralmente rectilíneo ou pode apresentar duas concavidades linguais.
O sulco principal periférico vestibular separa as duas cúspides vestibulares, nasce na
fossa central e termina na face vestibular.
O sulco principal periférico lingual separa as duas cúspides linguais, nasce na fossa
central e termina na face lingual.
Apresenta ainda duas fossas marginais, uma mesial e outra distal.

3º Molar Inferior

- Inicio da calcificação – 8 a 10 anos


- Formação da coroa – 12 a 16 anos
- Idade da erupção – 17 a 21 anos
- Formação da raiz – 18 a 25 anos
Este dente é muito variável na sua forma, pode ser semelhante ao 1º molar ou ao 2º
molar.

- Face Vestibular
As cúspides vestibulares são arredondadas e são em número de duas. A superfície
vestibular da coroa apresenta dois lobos que estão separados por um sulco curto.
Os contornos mesial e distal são fortemente convexos e o ponto de contacto é a meia
altura da coroa.
As raízes são em número de duas, geralmente pouco desenvolvidas e às vezes estão
unidas.

- Face Lingual
Os contornos cuspideos das duas cúspides linguais são mais agudos do que os das
cúspides vestibulares.

- Face Mesial
Os contornos vestibular e lingual são convexos. A superfície mesial coronal e radicular
apresenta-se convexa.

- Face Distal
Contornos idênticos à face mesial. A raiz distal é menos volumosa que a raiz mesial. A
superfície distal coronal e radicular apresenta-se convexa.

- Face Oclusal
A forma geral da coroa é idêntica à do 2º molar inferior, mas mais arredondada. O
contorno mesial é fortemente convexo e mais comprido que o contorno distal que
também é convexo.

Apresenta quatro cúspides separadas pelos sulcos principais que formam uma cruz e
por inúmeros sulcos acessórios.

1º Prémolar Superior:
- Inicio da calcificação – 1 e 1/2 a 1 e 3/4 anos
- Formação da coroa – 5 a 6 anos
- Idade da erupção – 10 a 11 anos
- Formação da raiz – 12 a 13 anos

- Face Vestibular:
Convexa, de forma ovóide, semalhante à do canino superior, mas com uma cúspide
menos aguda. Apresenta uma proeminência no sentido cérvico-oclusal, crista
vestibular, que delimita de ambos os lados, no terço ocluasal, duas depressões
verticais. A cúspide vestibular está deslocada para distal sendo a vertente mesial da
cúspide maior que a vertente distal.

- Face Palatina:
Convexa e mais estreita que a vestibular. a cúspide é mais curta que a vestibular,
apresentando-se inclinada para mesial.

- Face Mesial:
Apresenta uma depressão no 1/3 cervical. A cúspide vestibular é maior que a palatina.
A crista marginal mesial é concava e é mais oclusal do que a crista marginal distal.
O ponto de contacto situa-se no 1/3 médio no sentido cervico-oclusal

- Face Distal:
Semelhante à face mesial mas é ligeiramente convexa.
A crista marginal é mais cervical que a crista marginal mesial.
O ponto de contacto é no 1/3 médio no sentido cervico-oclusal.

- Face Oclusal:
Apresenta duas cúspides, uma vestibular e outra palatina, as cúspides apresentam
vertentes mesial e distal que se unem na ponta da cúspide de um lado e na crista
marginal do outro.
A unir as duas cúspides observamos a crista transversa que é formada pelas cristas
trangulares das duas cúspides.
Apresentam sulcos central, suplementar mesio-vestibular, suplementar mesio-palatino,
suplementar disto-vestibular e suplementar disto-palatino e as fossas trangular mesial
e triangular distal. O sulco central encontra-se no sentido mesio-distal e termina em
mesial e em distal nas fossas triangulares respectivas. A fossa triangular mesial é
maior e mais profunda que a triangular distal.
Geralmente o 1º prémolar superior apresenta duas raízes (vestibular e palatina). Pode
apresentar só uma ou ainda três.

2º Prémolar Superior:
- Inicio da calcificação – 2 a 2 e 1/4 anos
- Formação da coroa – 6 a 7 anos
- Idade da erupção – 10 a 12 anos
- Formação da raiz – 12 a 14 anos

- Face Vestibular:
É convexa e apresenta a meio da coroa uma elevação, crista vestibular, menos
pronunciada do que no 1º prémolar.
Observamos a cúspide vestibular, sendo as vertentes menos altas que no 1º prémolar,
sendo a vertente mesial menor que a vertente distal.

- Face Palatina:
Convexa e mais estreita que a vestibular, a cúspide palatina é quase do mesmo
tamanho que a cúspide vestibular e inclinada para mesial.

- Face Mesial:
A cúspide vestibular é ligeiramente maior que a palatina.
A crista marginal é pouco concava e é mais oclusal que a distal.
O ponto de contacto encontra-se na união dos 1/3 médio e oclusal.

- Face Distal:
Semelhante à face mesial. A crista marginal distal é mais cervical que a crista marginal
mesial.
O ponto de contacto situa-se no 1/3 médio.

- Face Oclusal:
Apresenta a forma oval e obervamos duas cúspides, vestibular e palatina.
A unir as duas cúspides observamos a crista transversa que é formada pelas cristas
trangulares das duas cúspides.
Apresentam sulcos central, suplementar mesio-vestibular, suplementar mesio-palatino,
suplementar disto-vestibular e suplementar disto-palatino e as fossas trangular mesial
e triangular distal. O sulco central encontra-se no sentido mesio-distal e termina em
mesial e em distal nas fossas triangulares respectivas. A fossa triangular distal é maior
e mais profunda que a triangular mesial.
Apresenta uma raiz em 90% dos casos, pode ainda apresentar duas raízes ou então
duas raízes fundidas com bifurcação terminal.

1º Molar Superior
- Inicio da calcificação – à nascença
- Formação da coroa – 2 e ½ a 3 anos
- Idade da erupção – 6 a 7 anos
- Formação da raiz – 9 a 10 anos

- Face Vestibular:
É larga, arredondada e convexa. Apresenta duas cúspides, mesio-vestibular e disto-
vestibular, sendo a mesio-vestibular a mais volumosa. Entre as duas cúspides
observa-se um sulco, sulco vestibular, que se estende até ao 1/3 médio terminando
numa depressão. Esta face é dividida em dois lóbulos, vestíbulo-mesial e vestíbulo-
distal pelo sulco vestibular.

- Face Palatina:
É mais larga no sentido mesio-distal que a face vestibular. observamos duas cúspides,
mesio-palatina e disto-palatina, sendo a mesio-palatina a maior. Podemos ainda
encontraruma 5ª cúspide, mesio-palatina ou tubérculo de Carabelli. Entre as cúspides
encontramos um sulco, o sulco palatino, que divide esta face em lóbulo mesial e lóbulo
distal.

- Face Mesial:
É curta e larga no sentido vestíbulo-palatino. Observam-se duas cúspides, mesio-
vestibular e mesio-palatina, sendo a mesio-palatina a maior.
A crista marginal mesial é côncava.
O ponto de contacto situa-se na união dos 1/3 médio e oclusal.

- Face Distal:
Esta face é mais estreita no sentido vestíbulo-palatino do que a face mesial. São
visíveis desta face todas as cúspides. Das cúspides distais a mais pequena é a disto-
palatina.
A crista marginal distal é mais côncava e mais curta no sentido vestíbulo-palatino que
a crsita marginal mesial.
O ponto de contacto situa-se no 1/3 médio.

- Face Oclusal:
O contorno é quadrilátero, maior no sentido vestibulo-palatino que no mesio-distal. O
lado distal é mais estreito que o mesial.
Oservam-se cinco cúspides que por ordem decrescente de tamanho são: mesio-
palatina, mesio-vestibular, disto-vestibular, disto-palatina e tubérculo de Carabelli.
Nesta face encontramos os sulcos vestibular, central, transverso e obliquo distal e as
fossas central, triangular mesial, triangular distal e distal.
A fossa central é a maior e está no centro da face oclusal e daqui partem os sulcos
vestibular, central e transverso. O sulco central termina na fossa triangular mesial, o
sulco transverso termina na fossa triangular distal. A fossa distal encontra-se entre as
cúspides mesio-palatina e disto-palatina. O sulco obliquo distal parte da fossa
triangular distal e estende-se entre as cúspides disto-palatina e mesio palatina e
continua pela face palatina. O sulco vestibular parte da fossa central e continua pela
face vestibular.
A crista transversa une as cristas triangulares das cúspides mesio-vestibular e mesio-
palatina e a crista obliqua (ponte de esmalte) une as cristas triangulares das cúspides
disto-vestibular e mesio-palatina.
O 1º molar superior apresenta três raízes: mesio-vestibular, disto-vestibular e palatina.
A raiz palatina é a maior das três e a disto-vestibular a mais pequena.

2º Molar Superior
- Inicio da calcificação – 2 e ½ a 3 anos
- Formação da coroa – 7 a 8 anos
- Idade da erupção – 12 a 13 anos
- Formação da raiz – 14 a 16 anos

- Face Vestibular:
Convexa, larga e arredondada. Mais larga na união dos 1/3 médio e oclusal do que no
1/3 cervical. Encontram-se duas cúspides, mesio-vestibular e disto-vestibular, sendo a
maior a mesio-vestibular. entre as cúspides observa-se um sulco, o sulco vestibular,
que divide a face em dois lóbulos, o vestíbulo-mesial e o vestíbulo-distal.

- Face Palatina:
O 1/3 cervical é mais estreito do que o 1/3 médio. Encontramos duas cúspides, a
mesio-palatina e a disto-palatina, sendo a maior a mesio-palatina.
Entre as cúspides observa-se um sulco , o sulco palatino, que divide esta face em dois
lóbulos, o mesio-palatino e o disto-palatino.

- Face Mesial
Apresenta as duas cúspides mesio-vestibular e mesio-palatina sendo a maior a mesio-
palatina. A crista marginal mesial é mais comprida no sentido vestíbulo-palatino e é
mais oclusal que a crista marginal distal.
O ponto de contacto situa-se na união do 1/3 médio e oclusal.

- Face Distal
Apresenta-se mais estreita que a face mesial. Observam-se as cúspides disto-
vestibular e disto-palatina, sendo a maior a disto-vestibular.
A crista marginal distal é pequena e côncava e é mais cervical que a crista marginal
mesial.
O ponto de contacto situa-se no 1/3 médio da sua parte média.

-Face Oclusal
O contorno é quadrilátero, maior no sentido vestibulo-palatino que no mesio-distal. O
lado distal é mais estreito que o mesial.
Oservam-se quatro cúspides que por ordem decrescente de tamanho são: mesio-
palatina, mesio-vestibular, disto-vestibular e disto-palatina.
Nesta face encontramos os sulcos vestibular, central, transverso e obliquo distal e as
fossas central, triangular mesial, triangular distal e distal.
A fossa central é a maior e está no centro da face oclusal e daqui partem os sulcos
vestibular, central e transverso. O sulco central termina na fossa triangular mesial, o
sulco transverso termina na fossa triangular distal. A fossa distal encontra-se entre as
cúspides mesio-palatina e disto-palatina. O sulco obliquo distal parte da fossa
triangular distal e estende-se entre as cúspides disto-palatina e mesio palatina e
continua pela face palatina. O sulco vestibular parte da fossa central e continua pela
face vestibular.
A crista transversa une as cristas triangulares das cúspides mesio-vestibular e mesio-
palatina e a crista obliqua (ponte de esmalte) une as cristas triangulares das cúspides
disto-vestibular e mesio-palatina.
O 2º molar superior apresenta três raízes: mesio-vestibular, disto-vestibular e palatina.
A raiz palatina é ligeiramente maior e a mais pequena é a disto-vestibular.

3º Molar Superior

- Inicio da calcificação – 7 a 9 anos


- Formação da coroa – 12 a 16 anos
- Idade da erupção – 17 a 21 anos
- Formação da raiz – 18 a 25 anos

Este dente é muito variável na sua forma, pode ser semelhante ao 1º molar ou ao 2º
molar.
- Face Vestibular
Esta face presenta-se mais estreita e menos alta que a do 2º molar superior.
Apresenta duas cúspides, a disto-vestibular e a mesio-vestibular.
- Face Palatina
Geralmente este dente apresenta uma única cúspide palatina, larga e aguda.
- Face Mesial
A crista marginal mesial é paralela ao plano cuspideo.
- Face Distal
A crista marginal distal tem uma forma de acento circunflexo com concavidade oclusal
e é mais cervical.
- Face Oclusal
A linha de contorno desta face é triangular com o vértice palatino, quando apresenta 3
cúspides e igual ao 2º molar superior quando apresenta quatro cúspides.

DENTES INCISIVOS

No Homem, os dentes incisivos são oito (quatro na maxila e quatro na mandíbula).

Existem dois incisivos de cada lado do plano sagital mediano:


- O incisivo central é o mais próximo da linha média;
- O incisivo lateral é o que está imediatamente a distal do central;

Os seus germens diferenciam-se a partir da lâmina dentária secundária. Estes dentes


erupcionam entre os 6 e os 9 anos. Normalmente, o incisivo central mandibular (ou
inferior) é o primeiro a erupcionar, seguido do seu homólogo maxilar (ou superior); os
incisivos laterais aparecem mais tarde. A calcificação completa destes dentes ocorre
por volta dos 9-11 anos.
Os incisivos, juntamente com os caninos, constituem o grupo dos dentes anteriores.
No seu conjunto, têm um papel importante na estéctica facial, pois estão largamente
expostos nas expressões faciais. Na articulação de alguns fonemas, estes dentes são
também muito importantes.

Caracteres comuns aos dentes incisivos


São dentes monorradiculares com a raiz cónica.
A coroa tem forma de bisel e a sua função é a de cortar os alimentos.
Consideramos na coroa a existência de cinco faces e um bordo cortante ou bordo
livre.
As faces são a vestibular, lingual, mesial e distal. A face cervical é imaginária e os
seus limites são os do colo do dente.
O bordo livre dos incisivos encontra-se numa direcção mesio-distal e é rectilíneo. Ele
resulta da união das faces vestibular e lingual.
Na altura da erupção, o bordo livre dos incisivos apresenta-se dividido em três
segmentos distintos pelas incisuras oclusais.
A face lingual apresenta uma saliência cingular cervical e convexa. Esta face é
limitada por duas cristas marginais, mesial e distal, convexas no sentido mesio-distal e
côncavas sobre o eixo cervico-oclusal.
A face vestibular é convexa.
A cavidade pulpar é simples; a câmara pulpar apresenta habitualmente três cornos
pulpares que correspondem aos três segmentos descritos no bordo livre do dente no
indivíduo jovem. Com a idade, estes cornos pulpares atrofiam e formam um único
corno arredondado.

Incisivos maxilares/ Incisivos mandibulares


O incisivo lateral superior (ou maxilar) é menor que o incisivo central superior (ou
maxilar). Ao contrário, na mandíbula, o incisivo lateral é maior que o incisivo central.
Os incisivos superiores apresentam dimensões maiores no sentido vestíbulo-lingual e
mesio-distal do que os incisivos inferiores.
As características dimensionais das coroas reflectem-se também na morfologia
radicular.
Os incisivos inferiores são os dentes definitivos menores que existem na boca.
Vestibularmente, as coroas dos incisivos mandibulares são simétricas e os seus
ângulos mesio-oclusal e disto-oclusal são semelhantes. Ao inverso, as coroas dos
incisivos maxilares são assimétricas, sendo a porção distal a mais arredondada.

INCISIVO CENTRAL SUPERIOR


Este dente tem o comprimento total de 23,5mm, sendo a altura da coroa de 10,5mm e
o seu maior diâmetro de 8,5mm.
Face vestibular (ou labial): a coroa é mais estreita no terço cervical, aumentando a sua
largura à medida que nos aproximamos do terço incisal.
O ângulo mesio-incisal é ligeiramente arredondado, e quando os dois bordos dos
dentes se juntam, formam um ângulo aproximadamente recto.
O ângulo disto-incisal é mais arredondado e forma um ângulo mais ou menos obtuso.
A face distal é mais convexa do que a face mesial.
A coroa é mais alongada do que larga.
Os pontos de contacto do dente são diferentes em mesial e distal:
Em mesial, a área de contacto é no terço incisal, muito perto do bordo incisal.
Em distal é próximo da junção do terço incisal com o terço médio.
Na face lingual: encontramos o cíngulo muito desenvolvido e localizado ao centro, com
inclinação para distal.
As linhas marginais, mesial e distal, apresentam variações na sua proeminência de
indivíduo para indivíduo.
A linha marginal mesial é mais comprida do que a distal devido à posição do cíngulo.
A fossa lingual apresenta-se superficial nalguns dentes e profunda noutros.
A coroa observada pela face mesial tem a forma de cunha ou bisel, o formato ideal
para a sua função de corte.
A face distal apresenta também a forma de bisel, e a curvatura da linha cervical é
menor na superfície distal do que na mesial.
O bordo livre ou incisal é ligeiramente curvado de mesial para distal, e a sua
convexidade é vestibular.

INCISIVO LATERAL SUPERIOR


A altura total deste dente é de, aproximadamente, 22mm, correspondendo 9mm ao
comprimento da coroa.
Da face vestibular podemos constatar que a coroa do incisivo lateral é mais estreita,
em cerca de 2mm, do que a coroa do incisivo central; enquanto que a raiz é mais
comprida (0,5mm) no incisivo lateral.
A forma da coroa é menos simétrica do que a do incisivo central superior.
Os ângulos mesio-incisal e disto-incisal são mais arredondados no incisivo lateral. O
ângulo mesio-incisal é mais agudo e o ângulo disto-incisal é mais largo.
O ponto de contacto mesial está numa posição mais incisal do que o ponto de
contacto distal.
A face lingual é mais estreita do que a vestibular. O cíngulo é menor do que o do
central, e está quase sempre centrado em relação à linha do eixo radicular, e não
distalizado como no central.
Na face mesial a curvatura da linha cervical é profunda, com cerca de 2,5mm.

INCISIVO CENTRAL INFERIOR (OU MANDIBULAR)


Mede cerca de 21,5mm de comprimento, dos quais, 9mm pertencem à altura da coroa.
A coroa deste dente é muito simétrica, os ângulos mesio-incisal e disto-incisal são
pouco arredondados.
Na face lingual a coroa é mais estreita do que na face vestibular. O cíngulo é pequeno
e convexo.
A face distal é semelhante à face mesial.

INCISIVO LATERAL INFERIOR (OU MANDIBULAR)


O incisivo lateral mandibular tem um comprimento total de 23,5mm. A altura da coroa
é de, aproximadamente, 9,5mm.
A coroa deste incisivo não apresenta a simetria bilateral do central.
O ângulo disto-incisal é notoriamente mais arredondado do que o mesio-incisal, o que
ajuda a distinguir o incisivo lateral direito do esquerdo.
A superfície labial (ou vestibular) é ligeiramente convexa no terço incisal; a superfície
lingual é ligeiramente côncava.

DENTES CANINOS

São em número de quatro, dois na maxila e dois na mandíbula; portanto, um em cada


hemi-arcada. A sua erupção ocorre por volta dos 9-12 anos. O canino mandibular
precede o canino maxilar. A maturação destes destes termina entre os 12 e os 15
anos.
Os caninos são os elementos distais do grupo dos dentes anteriores. Para a maioria
dos mamíferos, eles têm sido indispensáveis para a sobrevivência da espécie e
adquiriram um desenvolvimento excepcional (carnívoros).
A coroa tem a forma de cone, portanto com uma única cúspide. A sua função é a de
rasgar os alimentos. São monoradiculares.
Tal como nos incisivos, na coroa destes dentes, consideramos a existência de cinco
faces e um bordo livre.
As faces são a vestibular, lingual, mesial e distal. A face cervical é imaginária e
limitada pelo colo do dente.
O bordo livre dos caninos resulta do encontro da crista mesio-distal que termina em
ponta, formando uma cúspide.

Caracteres comuns aos caninos

São os dentes mais longos, e possuem a raiz mais comprida de todos os dentes. A
sua coroa e a sua raiz são fortemente convexas. As cristas marginais são convexas
em todos os sentidos. São dentes com uma grande estabilidade, que permitem uma
importante ancoragem radicular. A impressão da raiz do canino corresponde à
eminência canina da maxila.

CANINO SUPERIOR (OU MAXILAR)


É um dente de transição entre os incisivos e os pré-molares. Assim, na sua metade
mesial, faz lembrar um incisivo, e na sua metade distal, um pré-molar.
A raiz é cónica e convexa com inclinação distal, no terço apical curva fortemente para
distal na maioria dos casos.
Mede, aproximadamente, 27mm de comprimento, sendo que, em média, a altura da
coroa é de 10mm.
Numa perspectiva vestibular, o diâmetro mesio-distal ao nível do colo é estreito
(5,5mm). Esta dimensão aumenta ao nível dos pontos de contacto (8mm), para
diminuir à medida que se aproxima do vértice da cúspide.
É mais estreito em lingual do que em vestibular.
Os acidentes (saliências) da face lingual são geralmente bem marcados. O cíngulo é
alongado no sentido cervico-oclusal e prolonga-se através de uma crista de esmalte
até à proximidade da ponta da cúspide.
As cristas marginais, mesial e distal, são bem marcadas.
Na face lingual existe a fossa lingual mesial e a fossa lingual distal, divididas pela
crista de esmalte que prolonga o cíngulo até à ponta da cúspide.
Numa vista mesial, a coroa tem uma forma cónica característica dos dentes anteriores,
sendo o maior diâmetro desta face no terço cervical.
O bordo vestibular é regularmente convexo do colo até ao vértice da cúspide. O bordo
lingual forma um “S”. A convexidade do cíngulo, regular, ocupa a metade cervical da
altura da coroa, e a concavidade da crista do esmalte estende-se sobre a metade
oclusal.
A superfície distal é mais marcada do que a superfície mesial.
Observado por oclusal, o diâmetro vestíbulo-lingual do canino é mais importante do
que o mesio-distal. A coroa é nitidamente dividida numa porção vestibular e numa
porção lingual pelos bordos cuspidianos.

CANINO INFERIOR (OU MANDIBULAR)


O canino mandibular é semelhante ao canino maxilar, a sua coroa é alongada
verticalmente, e mede, aproximadamente, 11mm. O comprimento total deste dente é
de 27 mm, em média.
Os pontos de contacto são mais altos, e, em mesial situa-se na metade oclusal do
terço oclusal da coroa. No contorno distal observa-se um ângulo pouco marcado na
junção entre a raiz e a coroa; e o ponto de contacto situa-se na união do terço oclusal
com o terço médio.
O canino inferior apresenta, por vezes, um desdobramento da raiz, que pode ser
apenas um ápex bifurcado, ou constituir uma verdadeira raiz vestibular e uma raiz
lingual bem definidas.
Numa perspectiva mesial, o contorno vestibular do canino mandibular é fortemente
convexo; e o contorno lingual apresenta o cíngulo pouco marcado.
Na face oclusal, a diferença entre o diâmetro vestíbulo-lingual e o diâmetro mesio-
distal é bem mais marcada do que no canino maxilar.

Você também pode gostar