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Número e Distribuição
Não é possível determinar o número de ossos do organismo sem previamente definir o
critério adoptado visto que, por exemplo, uns autores consideram que o sacro e o
cóccix são constituídos por várias peças ósseas. Outros autores não incluem na
osteologia geral os ossículos do ouvido.
O critério que adoptamos inclui na cabeça os ossículos dos ouvidos e exclui os
ossos vormianos. Exclui nos membros superiores e inferiores os pequenos ossos
sesamóides.
Os ossos encontram-se distribuídos do seguinte modo:
Cabeça : Crânio 14
Face 14
Membros : Superior 64
Inferior 62
Morfologia Óssea
A morfologia e configuração ósseas permitem observar a existência de grupos de
ossos com aspecto semelhante, o que conduziu à sua classificação em três grandes
grupos:
- ossos longos
- ossos curtos
- ossos planos ou chatos
Esta classificação careceria de valor se, à diferença de morfologia não
correspondesse uma diferença funcional.
Assim consideram-se ossos longos os que, do ponto de vista morfológico
apresentam uma dimensão maior do que as outras duas e, do ponto de vista funcional,
funcionam como alavancas, reflectindo grande velocidade e força nos movimentos.
Estes ossos são típicos dos membros apresentando cada um deles, um corpo,
também chamado diáfise, e duas extremidades ou epífises, geralmente mais
volumosas, onde podemos encontrar superfícies que se vão articular com os ossos
vizinhos.
É o caso do fémur que, além de ter o comprimento maior do que as medidas da
espessura executa movimentos amplos.
Os ossos do metacarpo, metatarso e falanges são exemplos de ossos que também
possuem proporcionalmente maior tamanho de diáfise.
Dizem-se curtos os ossos que, do ponto de vista morfológico, apresentam as três
dimensões, comprimento, largura e espessura semelhantes.
Servem de exemplo o escafóide cárpico, o trapezóide, o cubóide, nomes de resto
apropriados, e os ossos da coluna vertebral. Estes ossos encontram-se sujeitos a
pressões possuindo portanto uma estrutura bastante sólida que permite, do ponto de
vista funcional movimentos delicados e pouco extensos.
Por último, dizem-se planos ou chatos os ossos que, do ponto de vista morfológico,
apresentam uma dimensão menor do que as outras duas, a espessura.
Estes ajudam a revestir cavidades, como é o caso dos ossos do crânio e da pelve. Os
ossos planos apresentam duas faces e bordos em número variável com a forma do
osso, que podem ser articulares ou servir de inserção para músculos.
Esta classificação não é rigorosa pois existem ossos que do ponto de vista morfológico
se classificam de longos e do ponto de vista funcional se classificam de planos.
Está neste caso a costela que, tendo uma dimensão maior do que as outras duas,
ajuda a revestir a cavidade torácica.
Caso mais complicado é o das vértebras que, apresentando uma morfologia de um
osso curto, ajudam a revestir uma cavidade, o canal vertebral, como os ossos planos
e, do ponto de vista embriológico, se comportam como ossos longos visto que se
podem observar, no osso em formação uma diáfise e duas epífises, elementos
característicos de ossos longos, como estudámos já.
Os ossos podem ainda classificar-se em pares e ímpares, encontrando-se estes
situados na linha média do corpo. Os ossos pares exigem, para serem orientados, a
definição de três parâmetros: o que fica para diante ou para trás, o que fica para cima
ou para baixo, o que fica medial ou lateral. Os ossos ímpares não necessitam da
definição do parâmetro latero-medial.
Relativamente às regiões e elementos descritivos dos ossos deve-se salientar que,
qualquer que seja a sua forma, estes apresentam sempre, faces, bordos e
extremidades.
Designam-se por eminências ou apófises as partes do osso que emergem da sua
superfície, independentemente da sua forma. Estas eminências, conforme façam parte
ou não de uma articulação, podem ser articulares ou não articulares. No caso das
eminências articulares poderemos distingui-las em tubérculos, tuberosidades,
espinhas, cristas, linhas, eminências mamilares, bossas, protuberâncias.
Da mesma forma as cavidades podem ser articulares ou não, podendo ser
classificadas as últimas, de acordo com a forma, em buracos, incisuras, goteiras,
canais, fossas, fossetas, sulcos, células, seios e cavidades.
O osso encarcera dentro de si uma substância mole, de consistência pulposa e
aspecto diverso, e que corresponde à medula óssea, responsável pela formação e
maturação dos elementos figurados (células) do sangue. Este último é verdade para
os ossos longos, onde podemos encontrar grandes diáfises que contêm canais
medulares amplos, e para ossos como as vértebras, principalmente as que possuem
um corpo maior capaz de encerrar uma loca trabeculada por tecido ósseo esponjoso.
É no interstício desta loca que se encontra a medula óssea.
Os ossos são constituídos, essencialmente, por tecido ósseo compacto e por tecido
ósseo esponjoso. O tecido compacto forma na periferia do osso uma camada contínua
que embaínha o tecido esponjoso, variando a disposição destes tecidos nos ossos
longos, curtos e planos.
O periósteo corresponde a uma membrana fibrosa que envolve o osso, com excepção
das porções articulares, e que possui um importante papel no crescimento e na
vascularização do osso.
A maioria dos ossos desenvolve-se a partir de um “molde” cartilagíneo que vai sendo
progressivamente ossificado. A cartilagem vai sendo substituída por tecido ósseo a
partir da porção central do osso. Quando o processo de ossificação se aproxima das
extremidades ósseas, forma-se uma zona de crescimento em cada uma daquelas
extremidades. A cartilagem ou linha epifisária é o ponto do osso que calcifica mais
tarde e que permite o crescimento do osso, no sentido do comprimento.
Coluna Vertebral
A coluna vertebral encontra-se situada axialmente e corresponde a uma cadeia de
ossos, flexível, com interposição de discos deformáveis, que suporta a cabeça e o
tronco. Encontra-se constituída por cinco porções que são, de cima para baixo:
cervical, torácica, lombar, sagrada e coccígea. É formada por unidades, chamadas
vértebras (7 na porção cervical; 12 na porção torácica; 5 na porção lombar; sacro;
cóccix, que perfaz 26 ossos) nas quais é possível encontrar elementos comuns,
embora de região para região a sua morfologia sofra algumas modificações. As
vértebras que constituem a coluna sagrada encontram-se soldadas numa peça única
chamada sacro e as que constituem a coluna coccígea encontram-se, do mesmo
modo, formando um único osso, o cóccix.
Anatomia de superfície
Como acima descrito, existem quatro agrupamentos morfológicos (artificiais) de
vértebras na coluna vertebral, que vão condicionar a identificação da coluna cervical,
torácica, lombar e sacro-coccígea. A posição destes agrupamentos de vértebras in
vivo permite distinguir à coluna vertebral quatro curvaturas no plano sagital (Fig. 9).
A coluna cervical é composta por sete vértebras (C1 a C7) dispostas em lordose
(concavidade posterior). À superfície é possível localizar a sétima que, como foi dito, é
proeminente.
A coluna torácica desenha uma cifose (convexidade posterior) e é constituída por doze
vértebras (T1 a T12) das quais é possível reconhecer a apófise espinhosa da quarta,
que corresponde à linha que une o ângulo superior das omoplatas, e a apófise
espinhosa da nona, que corresponde à linha de união do ângulo inferior das
omoplatas.
A coluna lombar descreve uma lordose (concavidade posterior) e é constituída por
cinco vértebras (L1 a L5). Destas é possível localizar o corpo da quarta que se
projecta na linha bi-ilíaca, isto é uma linha que une a porção mais elevada das cristas
ilíacas.
A coluna sacro-coccígea corresponde à quarta curva e descreve uma cifose
(convexidade posterior).
Uma vez em posição, as vértebras circunscrevem, por definição da conjunção dos
buracos vertebrais, o canal vertebral que aloja a medula espinhal, além de
demarcarem os limites dos buracos intervertebrais. As duas cifoses, a torácica e a
sacro-coccígea são constitucionais, estando presentes no nascimento; as lordoses são
funcionais, estabelecendo-se a primeira quando a criança inicia a marcha gatinhando
e a segunda quando assume a posição bípede. No plano frontal a coluna vertebral não
apresenta curvaturas, quando tal acontece, designa-se por escoliose.
CABEÇA
A cabeça óssea (Fig. 13) corresponde à parte mais elevada do esqueleto, sendo
também a mais complexa. É constituída por duas partes: o crânio, mais posterior e
superior, que corresponde à maior parte do volume, e a face, situada na porção
anterior e inferior.
CRÂNIO
O crânio limita uma cavidade onde se encontra alojada a parte mais nobre do sistema
nervoso central, o encéfalo. Encontra-se constituído por quatro ossos ímpares; o
frontal, o occipital, o etmóide e o esfenóide; e pelos temporais e parietais que são
pares; num total de oito ossos. Podem, por vezes, ser descritas formações ósseas
inconstantes, supranumerárias, situadas entre as pré-citadas, a que se dá o nome de
ossos vormianos.
Frontal
O frontal ocupa a parte mais anterior do crânio. É um osso chato que se orienta
colocando a face convexa para a frente e a face que apresenta duas cavidades
separadas por uma incisura para baixo. O frontal articula-se com: os parietais, o
etmóide, o esfenóide, as maxilas, os malares, os nasais e os lacrimais.
Nele se descrevem quatro faces, uma externa e uma interna, que correspondem à
escama do frontal, uma orbital e uma temporal.
A face externa (Fig. 14) é convexa e lisa apresentando, de cada lado da linha média,
duas proeminências, as eminências frontais, abaixo das quais podemos encontrar os
arcos superciliares. Entre estes, na parte inferior da linha média, podemos encontrar
uma saliência, a glabela.
Inferiormente aos arcos podemos encontrar os bordos supra-orbitários, limitados
lateralmente pelas apófises zigomáticas, de onde se destacam, superiormente, as
linhas temporais superior e inferior, que separam a face externa da face temporal.
Medialmente, podemos encontrar a porção nasal. Nesta última porção descrevemos
uma incisura nasal, em forma de V aberto em baixo, que se articula com os ossos do
nariz, maxila e ossos lacrimais, de onde se destaca inferiormente uma formação
afilada que corresponde à espinha nasal. Ao nível dos bordos supra-orbitários
podemos encontrar, na união dos dois terços laterais com o terço medial, a incisura
supra-orbitária e para dentro desta o buraco frontal.
Posteriormente à linha temporal situa-se a face temporal, que ajuda a constituir a
fossa temporal e dá inserção ao músculo com o mesmo nome.
A face interna (Fig. 15) é côncava e está em relação com os lobos anteriores do
cérebro. Na sua linha média encontra-se, de cima para baixo, um sulco sagital, para o
seio sagital superior, cujos bordos se unem para dar origem à crista do frontal. O
buraco cego encontra-se na extremidade da crista do frontal, que se continua através
da incisura etmoidal, completada pelo osso etmóide.
O bordo parietal, que separa a face interna da face externa, é fino e dentado
articulando-se em cima com os ossos parietais e em baixo com as asas maiores do
esfenóide.
Nas faces orbitárias (Fig. 16) podemos observar de cada lado da linha média as
fossas frontais semeadas de saliências e depressões, as impressões digitais e
eminências mamilonares. Esta porção orbitária, que corresponde inferiormente à face
orbitária, constitui a maior parte do tecto das órbitas, encontrando-se interrompida na
sua porção medial pela incisura etmoidal, que apresenta a forma de uma ferradura.
Esta incisura encontra-se ladeada por cavidades, as células frontais, que no vivo
completam as células etmoidais. Cada porção orbital possui uma forma
grosseiramente triangular, de base anterior, onde pode ser observada ântero-
lateralmente uma fossa para a glândula lacrimal. A incisura etmoidal é ocupada pela
lâmina crivosa do etmóide. O bordo posterior das porções orbitárias articula-se com as
asas menores do esfenóide.
Occipital
O occipital é um osso ímpar, orientando-se com a face côncava a olhar para diante e
para cima situando-se o orifício na parte inferior do osso. O grande eixo vertical é
fortemente oblíquo de cima para baixo e de trás para diante (Fig. 17 e 18). O occipital
articula-se com o esfenóide, com os parietais, com os temporais e com o atlas.
Podemos distinguir neste osso quatro porções, que se relacionam centralmente com
uma outra que é determinada pela existência de um orifício, o buraco occipital, que dá
passagem à medula espinhal, artérias vertebrais e nervos espinhais. No buraco
occipital, podemos considerar o ópistion ponto médio do bordo posterior do buraco
occipital e o básion, ponto médio do bordo anterior do buraco occipital. Póstero-
superiormente temos a porção escamosa do occipital, anteriormente a porção basilar e
lateralmente duas porções laterais.
A porção escamosa é constituída pela escama do occipital, possuindo duas faces,
uma interna e outra externa. A face externa apresenta na porção média, a
protuberância occipital externa, de onde se destacam lateralmente duas linhas, uma
superior, a linha nucal suprema, e outra inferior a linha nucal superior. Para baixo, em
direcção ao buraco occipital temos a crista occipital externa, da qual se espalha
lateralmente a partir do ponto médio a linha nucal inferior. A face interna é côncava e
nela situam-se quatro fossas – duas superiores, cerebrais, colocadas simetricamente,
e duas inferiores, cerebelosas, de igual modo, dispostas simetricamente. No centro
podemos encontrar a protuberância occipital interna, da qual se destacam;
superiormente o sulco longitudinal superior, nas margens do qual se insere a foice do
cérebro; inferiormente a crista occipital interna para a foice do cerebelo;
transversalmente os sulcos para os seios laterais, nas margens dos quais se insere a
tenda do cerebelo. Ao conjunto da protuberância occipital interna com os sulcos que
descrevemos, chama-se eminência cruciforme. Na extremidade destes últimos sulcos
encontra-se um ângulo que divide a sutura lambdóide da mastoideia.
A porção basilar encontra-se, no adulto, fundida com o esfenóide. Possui duas faces,
uma inferior, que apresenta na porção central o tubérculo faríngeo, para a rafe fibrosa
da faringe e outra superior, amplamente sulcada na zona central, que serve de cama
ao bulbo raquidiano e à porção inferior da ponte. Na periferia deste sulco central
encontram-se os sulcos dos seios petrosos inferiores.
As porções laterais são essencialmente constituídas, na sua face inferior, pelos
côndilos occipitais, que se articulam com as facetas do atlas. Estas facetas articulares,
convexas, possuem uma forma reniforme e dirigem-se obliquamente de trás para a
frente e de fora para dentro. Adiante dos côndilos podemos encontrar o canal
hipoglosso para o nervo com o mesmo nome, e atrás uma pequena fossa, a fossa
condiliana, onde podemos encontrar o buraco condiliano. Lateralmente aos côndilos
destaca-se a apófise jugular e adiante desta a incisura jugular. Na face superior das
porções laterais, sobre o canal do hipoglosso, situa-se o tubérculo jugular, cruzado de
trás para a frente por uma goteira para os IX, X e XI pares cranianos.
Esfenóide
O esfenóide é um osso ímpar, mediano e simétrico e situa-se na base do crânio.
Orienta-se colocando as apófises maiores olhando para baixo e a formação cubóide, o
corpo, olhando para trás ou, a linha que une os dois pontos mais distantes do osso é
superior e anterior. O esfenóide articula-se com todos os ossos do crânio, com os
malares, com os palatinos e com o vómer.
Descrevem-se no esfenóide um corpo, duas asas maiores, duas asas menores e duas
apófises pterigóides (Fig. 19, 20 e 21).
O corpo é cubóide e ocupa a parte central do osso. A sua face superior é marcada, da
frente para trás, por uma superfície lisa que se articula adiante com o etmóide, a
eminência esfenoidal, limitada atrás por um canal transverso, o sulco pré-quiasmático,
que conduz lateralmente aos canais ópticos. Posteriormente, podemos identificar uma
estrutura côncava, a sela turca, no fundo da qual se encontra a fossa da hipófise onde
se aloja a glândula hipofisária. A sela turca é limitada adiante pelo tubérculo da sela,
em cujas extremidades se encontram as apófises clinóides médias, e atrás por uma
superfície quadrilátera, o dorso da sela, em cujos ângulos se encontram as apófises
clinóides posteriores.
Na face anterior, que faz parte da abóbada das fossas nasais, podemos distinguir uma
crista que divide a face em dois e que participa na constituição do septo nasal, a crista
esfenoidal. De cada lado desta crista podemos encontrar os seios esfenoidais, de
forma e tamanho variáveis, que se completam em vida com os seios etmoidais
posteriores. Os seios esfenoidais encontram-se encerrados, na sua porção inferior por
lâminas ósseas, os cornetos esfenoidais.
A face inferior, mostra, na linha média, a continuação da crista esfenoidal, o rostro
esfenoidal, que juntamente com a goteira que se encontra entre as asas do vómer dá
origem ao canal esfeno-vomeriano.
A face posterior está em continuidade com o occipital.
As faces laterais dão implantação, em cima e adiante, às asas menores e em baixo e
atrás às asas maiores do esfenóide. As duas asas definem entre elas, a fissura
orbitária superior que dá passagem a vasos e nervos. Por baixo e atrás da asa maior
do esfenóide, lateralmente à sela turca, podemos encontrar uma depressão profunda,
em forma de S, que corresponde à artéria carótida interna e ao seio cavernoso, o
sulco carotídeo. Posteriormente a este sulco, próximo da entrada da artéria carótida
interna no crânio, podemos encontrar uma apófise óssea ponteaguda, a língula
esfenoidal.
As asas maiores destacam-se súpero-lateralmente do corpo do osso. Possuem três
faces: uma posterior ou cerebral, uma anterior ou orbitária e uma lateral ou temporal; e
um bordo irregular que se articula com os ossos zigomático, frontal, parietal e
temporal.
A face cerebral relaciona-se com o cérebro, correspondendo à parte anterior da fossa
média do crânio. Podemos encontrar nesta face, medialmente, o buraco redondo para
o nervo maxilar, atrás e abaixo deste, encontramos o buraco oval, que dá passagem
ao nervo mandibular e ainda um pequeno orifício, localizado inferiormente, para a
artéria meníngea média – o buraco espinhoso, que possui este nome por se relacionar
com uma apófise óssea que se projecta para baixo, a espinha do esfenóide. O bordo
irregular que se destaca para cima, a partir da espinha do esfenóide, corresponde ao
bordo escamoso, articulando-se com o osso temporal e, mais acima, com o parietal na
extremidade deste bordo. Para além das estruturas anatómicas descritas, na face
cerebral, podemos encontrar medialmente à espinha do esfenóide um sulco pouco
profundo, o sulco da trompa auditiva, para a trompa auditiva.
A face temporal é dividida em duas partes por uma crista transversal, a crista
infratemporal. Uma superior onde se inserem fibras do músculo temporal e uma
inferior para inserção de fibras musculares superiores do músculo pterigóide lateral.
A face orbital constitui a porção mais posterior da parede lateral da órbita. Em cima e
por fora articula-se com o frontal, através do bordo frontal e, em baixo e por fora com o
osso zigomático através do bordo zigomático. O bordo medial constitui o lábio inferior
da fissura orbitária superior.
As asas menores correspondem a lâminas horizontais triangulares, de vértice lateral,
situadas na porção anterior e superior do corpo do esfenóide. As asas menores
nascem do corpo do esfenóide por duas raízes: uma anterior e superior que parece
continuar-se com a eminência esfenoidal; e outra, posterior e mais inferior, que se
destaca do corpo; definindo entre si o canal óptico, por onde passa o nervo óptico. As
extremidades mediais do bordo posterior das asas menores apresentam as apófises
clinóides anteriores.
As apófises pterigóides são duas colunas ósseas, verticais, que partem da face
inferior do corpo. Cada apófise é constituida por uma lâmina medial e por uma lâmina
lateral, que se encontram separadas em baixo, pela incisura pterigóide, onde se vai
inserir a apófise piramidal do osso palatino. O espaço compreendido entre as duas
lâminas corresponde à fossa pterigóide, onde se insere o músculo pterigóide medial.
Acima desta fossa podemos encontrar a fossa escafóide e, na raiz das lâminas
pterigóides, o orifício anterior do canal pterigóide. A lâmina medial prolonga-se em
cima como uma pequena apófise vaginal e termina em baixo no gancho pterigóide. A
lâmina lateral possui, na porção média do bordo posterior, uma apófise aguda – a
apófise pterigo-espinhosa.
Etmóide
O etmóide ajuda a formar a base do crânio, situando-se por baixo do frontal, na
incisura etmoidal e adiante do esfenóide. Orienta-se dizendo que: a lâmina que
apresenta numerosos orifícios é horizontal e a apófise triangular é anterior e superior.
O etmóide articula-se com: o frontal, o esfenóide, os palatinos, os nasais, as maxilas,
os lacrimais e o vómer.
Descreve-se uma lâmina vertical, mediana, uma lâmina horizontal, que cruza a
primeira, e dois labirintos laterais que se destacam da última (Fig. 22, 23 e 24).
A lâmina horizontal, ou lâmina crivosa, possui na parte superior uma apófise
triangular, que se projecta para cima – apófise crista galli, onde está inserida a foice do
cérebro. De cada lado desta apófise a face é ligeiramente deprimida, possuindo
numerosos orifícios que dão passagem aos filetes do nervo olfactivo.
A lâmina vertical ou perpendicular cruza com a lâmina crivosa a cerca de um quarto
do seu extremo superior determinando o aparecimento da apófise crista galli. Abaixo
deste cruzamento a lâmina perpendicular participa na formação do septo nasal,
articulando-se atrás com o esfenóide, com o vómer em baixo, com os ossos nasais e
espinha nasal do frontal adiante.
Os labirintos laterais, direito e esquerdo, são sustentados pela lâmina horizontal.
Têm forma cubóide. A face medial contribui para a formação das fossas nasais, dela
se desprendem duas saliências – o corneto superior e o corneto médio. Abaixo do
corneto médio encontramos a apófise unciforme e o infundíbulo, onde desembocam, o
seio frontal, maxilar e as células etmoidais anteriores. A face superior possui células
aéreas abertas e é cruzada por dois sulcos, os canais etmoidais anterior e posterior;
estas estruturas completam-se com o osso frontal. A face lateral corresponde à lâmina
orbitária ou papirácea, que forma uma parte da parede medial da órbita.
Parietal
O parietal é um osso par, assimétrico que contribui para a constituição da abóbada
craniana ou calvaria.
É um osso chato, formado por duas faces, quatro bordos e quatro ângulos. Orienta-se
colocando a face côncava a olhar para dentro, o bordo cortante (em bisel) para baixo e
o ângulo mais agudo, relacionado com esse bordo, para diante (Fig. 25 e 26). O
parietal articula-se com: o frontal, o occipital, o outro parietal, o temporal e com o
esfenóide.
É um osso pouco marcado por acidentes, sendo de notar, na face interna, a marca dos
vasos meníngeos médios com nervuras semelhantes a uma folha de figueira, o sulco
do seio longitudinal superior e o sulco do seio sigmoideu. Na face externa podemos
encontrar as linhas temporais superior e inferior, curvas, que cruzam a face ântero-
posteriormente. Junto ao bordo superior encontra-se o orifício parietal, que dá
passagem a uma veia emissária.
Temporal
O temporal é o osso mais complexo de todo o esqueleto. Articula-se com o parietal,
com o occipital, com o esfenóide, com o malar e com a mandíbula. Orienta-se
colocando a porção em forma de escama para cima, a face convexa dessa escama,
para fora e, a apófise para a frente. Do ponto de vista de desenvolvimento, o osso
temporal tem origem em quatro partes morfologicamente distintas: parte escamosa,
petromastoideia, timpânica e estilóide.
Situa-se na porção inferior e externa do crânio e nele se esquematizam, para
descrição, quatro porções: porção escamosa, porção mastoideia, porção timpânica e
rochedo (Fig. 27, 28, 29 e 30).
A porção escamosa, como o nome indica, apresenta uma forma de escama, isto é,
aplanada e cortada, no seu bordo livre, em forte bisel.
Consideram-se duas faces e uma circunferência.
A face temporal é convexa e lisa e ajuda a formar a fossa temporal. Podemos
distinguir nela o sulco da artéria temporal média. Da sua parte inferior toma volume o
zigoma, de onde se destaca a apófise zigomática, com uma raiz anterior, convexa
ântero-posteriormente e que forma o tubérculo articular e uma raiz posterior, que se
prolonga por cima da porção timpânica: no cruzamento destas duas raízes assinala-se
o tubérculo da raiz do zigoma, para um ligamento da articulação temporomandibular.
Posteriormente ao tubérculo articular situa-se a fossa mandibular (cavidade articular),
para o côndilo mandibular, no fundo da qual podemos encontrar a fissura tímpano-
escamosa que indica o limite da porção escamosa. A extremidade anterior da apófise
zigomática é profundamente dentada e articula-se com a apófise temporal do osso
zigomático.
A face cerebral é côncava e está em relação com o cérebro.
A circunferência apresenta-se em forma de bisel dando origem na união com a porção
mastóideia a um ângulo profundamente marcado, a incisura parietal.
A porção mastoideia, mais posterior no osso temporal, possui uma face interna, uma
face externa e uma circunferência.
A face externa é rugosa e plana e termina, em baixo, por uma saliência, a apófise
mastóide que apresenta, na face interna, a incisura mastoideia para o ventre posterior
do digástrico; por dentro desta incisura encontramos o sulco occipital.
A face interna está em relação com o cerebelo e apresenta-se profundamente sulcada
pelo sulco sigmóide para o seio com o mesmo nome e atrás deste está por vezes o
buraco mastoideu.
A circunferência articula-se com o parietal e com o occipital.
A porção timpânica encontra-se localizada adiante da apófise mastóide, por baixo da
porção escamosa, sendo essencialmente constituída por um anel timpânico, aberto
póstero-superiormente, que se funde com a porção petrosa e limita o meato acústico
externo. A membrana do tímpano insere-se no anel timpânico, no sulco timpânico.
Destaca-se inferiormente um prolongamento ósseo fino que envolve a apófise
estilóide, a baínha da apófise estilóide. No adulto a porção timpânica fica integrada na
porção petrosa (rochedo).
O rochedo ou porção petrosa é muito irregular e descreve-se como uma pirâmide
quadrangular, portanto com uma base, um vértice, quatro faces e bordos. Contém o
ouvido interno.
A base dirige-se para fora, confundindo-se em quase toda a sua extensão com a
porção mastoideia. Apresenta o orifício externo do meato acústico externo, onde se
encontra o anel timpânico, como acima descrito.
O vértice apresenta o orifício anterior do canal carotidiano. Juntamente com o
esfenóide, o vértice da porção petrosa define um orifício que dá passagem à carótida
interna e a nervos, o buraco lácero.
A face anterior está em relação com o lobo temporal do cérebro, apresentando atrás
do vértice a impressão do trigémio, para o gânglio trigeminal (de Gasser); uma
eminência posterior e medial que cobre o canal semicircular superior, a eminência
arqueada; lateralmente a esta uma superfície lisa, o tegme do tímpano que cobre a
caixa do tímpano; adiante deste o sulco do nervo petroso maior que termina no hiato
do canal do nervo petroso maior; e lateralmente outro hiato, menor, que pode também
ser sulcado anteriormente, para o nervo petroso menor.
A face posterior está em relação com o cerebelo e apresenta na sua parte média o
orifício do meato acústico interno. Por cima deste podemos encontrar uma pequena
depressão, a fossa subarqueada, e atrás um pequeno orifício, escondido por uma fina
lâmina óssea, que corresponde à abertura externa do aqueduto do vestíbulo.
A face inferior ajuda, como a precedente, a constituir a base do crânio. Podemos
encontrar próximo do vértice uma abertura circular, do canal carotidiano, atrás do qual
se encontra a fossa jugular. Entre estas últimas estruturas podemos encontrar de
dentro para fora: a abertura externa do canalículo da cóclea; uma pequena depressão
para o gânglio timpânico, fóssula petrosa; e um canalículo para o nervo timpânico que
tem origem na mesma fóssula. Pode ainda encontrar-se no fundo da fossa jugular um
pequeno canalículo mastoideu para o ramo auricular do nervo vago. A apófise estilóide
ainda que independente embriologicamente (pertence ao aparelho hioideu), pode ser
descrita nesta face, por fora da fossa jugular, como um prolongamento ósseo agudo,
dando inserção a vários ligamentos e músculos. Atrás desta apófise encontramos o
buraco estilo-mastóide.
O bordo superior é sulcado, em toda a sua extensão, pelo seio petroso superior.
O bordo posterior apresenta, da frente para trás, o sulco do seio petroso inferior, a
incisura jugular do temporal, que juntamente com a fossa jugular e a incisura jugular
do occipital formam o buraco jugular, identificável na base do crânio. A incisura jugular
do temporal é dividida na sua porção média pela apófise intrajugular
O bordo anterior representa a porção óssea do canal músculo-tubárico.
Crânio em Geral
As peças que acabámos de descrever isoladamente constituem, no seu conjunto, uma
caixa óssea onde se encontra alojado o encéfalo. O exame do seu interior permite
observar duas zonas distintas, a base e a abóbada. A base, por sua vez, encontra-se
nitidamente delimitada em três compartimentos, um anterior, um médio e um posterior.
O ajustamento das várias peças origina a formação de orifícios que não são
observáveis nos ossos isolados. O andar anterior tem por limite o canal óptico e o
bordo posterior das asas menores do esfenóide. O andar médio encontra-se entre o
limite posterior do andar anterior e, posteriormente, na zona central, a lâmina
quadrilátera do esfenóide; lateralmente está limitado pelo bordo superior do rochedo.
O andar posterior parte deste até ao início da abóbada, definido por uma linha
convencional, semicircular.
No andar anterior encontra-se a parte inferior da crista do frontal, o buraco cego, a
apófise crista galli, o canal óptico; lateralmente encontram-se os canais olfactivos, a
fissura orbitária superior, os orifícios dos canais orbitários e as protuberâncias
orbitárias. No andar médio encontramos, na linha média, a sela turca e para os lados
as fossas esfeno-temporais, a depressão trigeminal (de Gasser), a fissura orbitária
superior, o buraco redondo, o buraco oval, o buraco espinhoso e os hiatos acessórios,
o buraco lácero e o orifício interno do canal carotidiano. No andar posterior encontra-
se, na linha média, o sulco basilar, o buraco occipital, a crista occipital interna, e a
protuberância occipital interna; lateralmente notam-se as fossas cerebelosas, o canal
petroso superior, o canal lateral, o canal petroso inferior, o canal auditivo interno, o
aqueduto do vestíbulo, o canal condiliano, o canal do hipoglosso, o buraco mastoideu
e o buraco jugular (Fig. 31).
A observação da face exterior do crânio conduz à sua divisão em três zonas: a
abóbada a região temporal e a base. Na abóbada distingue-se a sutura biparietal ou
sagital e, lateralmente, as protuberâncias frontal, parietal e occipital com as
respectivas suturas: a frontoparietal ou coronal e a occipito-parietal ou lambdóide. A
região temporal situada na zona externa do crânio, está delimitada em cima, pela linha
temporal superior que parte da apófise orbitária externa e atinge o asterion; entram na
sua formação o parietal, o frontal, o temporal e a asa maior do esfenóide; o ponto de
encontro destes quatro ossos denomina-se pterion. A região da base pode dividir-se
em três zonas: uma anterior ou facial, uma média ou jugular e uma posterior ou
occipital; na anterior observa-se a espinha nasal do frontal, a lâmina perpendicular do
etmóide e a crista esfenoidal inferior; para os lados descreve-se a abóbada das fossas
nasais, os labirintos laterais do etmóide e a metade superior da órbita; a zona média
apresenta a superfície basilar do occipital, o tubérculo faríngeo e a fosseta navicular;
para os lados observam-se quatro saliências: o tubérculo zigomático, a apófise
pterigóide, o côndilo do occipital e a apófise mastóide; notam-se, ainda, o buraco
estilo-mastoideu, o buraco jugular, o orifício inferior do canal carotidiano, o aqueduto
do caracol, a fosseta condiliana anterior e o buraco jugular; na zona posterior
encontra-se o buraco occipital, a protuberância occipital externa, a crista occipital
externa e, lateralmente, a linha nucal suprema e a linha nucal superior.
No crânio temos ainda a considerar a existência dos ossos vormianos, pequenos
ossos inconstantes que ajustam as suturas.
Fontanelas
As fontanelas são zonas não ossificadas localizadas junto aos ângulos dos ossos
parietais. A fontanela anterior ou bregmática, tem forma de losango, com quatro
bordos. Localiza-se entre o osso frontal e os parietais. Encerra antes dos 2 anos de
idade. A fontanela posterior ou lambdática tem três bordos e localiza-se entre os dois
parietais e o occipital, na linha média. Encerra durante o primeiro ano de vida. Outras
fontanelas são, o pterion, localizada junto ao ângulo ântero-inferior do parietal, e o
asterion, localizada junto ao ângulo póstero-inferior do parietal.
FACE
A face é constituída por um maciço ósseo, situado imediatamente abaixo e adiante do
crânio (Fig. 32).
Na face consideram-se os seguintes ossos: duas maxilas ou maxilares, dois malares
ou zigomáticos, dois ossos lacrimais, dois palatinos, dois cornetos inferiores ou
conchas nasais inferiores, dois nasais, um vómer e uma mandíbula.
Maxila ou Maxilar
As maxilas são ossos pares, encontrando-se situadas por baixo das cavidades
orbitárias, por fora das fossas nasais e por cima da cavidade bucal. Orientam-se
dizendo que: o bordo alveolar é inferior, os álveolos menores são anteriores e a
concavidade do osso é medial. A maxila articula-se com: o frontal, o etmóide, a outra
maxila, o malar, o lacrimal, o corneto inferior e o palatino. Descrevemos neste osso,
corpo, apófise zigomática, apófise frontal, apófise alveolar e apófise palatina (Fig. 33,
34 e 35).
O corpo é grosseiramente piramidal, apresentando, como tal, quatro faces.
A face anterior apresenta na porção superior um orifício, o buraco infra-orbitário, que
representa a extremidade do canal com o mesmo nome. Inferiormente podemos
observar elevações que correspondem às raízes dos dentes, sendo a do dente canino,
a eminência canina, a mais evidente. Na porção média desta face encontra-se a
incisura nasal que circunscreve a abertura nasal anterior e a espinha nasal anterior, na
parte inferior da mesma incisura.
A face orbitária forma a maior parte do pavimento da órbita, encontrando-se na porção
média o sulco infraorbital que termina no canal com o mesmo nome.
A face infratemporal forma a parede anterior da fossa temporal. Está separada da face
anterior pela apófise zigomática. Póstero-inferiormente identifica-se a tuberosidade
maxilar, acima da qual estão as aberturas dos canais alveolares para os nervos
alveolares.
Podemos encontrar, na face nasal do corpo, o hiato maxilar, que dá acesso ao seio
maxilar, por vezes de grandes dimensões, que ocupa a maior parte do volume do
corpo da maxila. Adiante deste encontra-se um sulco largo, o sulco naso-lacrimal, que
determina com o osso lacrimal o canal nasolacrimal. Este canal permite a
comunicação da cavidade orbitária com o meato inferior da cavidade nasal.
A apófise zigomática destaca-se do corpo da maxila na união das faces anterior,
orbitária e infratemporal, com direcção lateral, para se articular com o osso zigomático.
A apófise frontal projecta-se superiormente, podendo ser descritas duas faces. A face
nasal (medial) é dividida pela crista etmoidal. A face lateral é dividida pela crista
lacrimal anterior que dá inserção a um ligamento.
A apófise alveolar é côncava para dentro e para trás, apresenta cavidades para
implantação das raízes dentárias, os alvéolos dentários, estes são divididos pelos
septos interalveolares. Nos alvéolos dentários posteriores existem septos ósseos que
separam as várias raízes.
A apófise palatina articula-se com a do lado oposto, constituindo o pavimento das
fossas nasais, e a abóbada palatina. A face superior forma a maior parte do pavimento
das fossas nasais. A face inferior é côncava e apresenta perto do bordo lateral um
sulco para os nervos e vasos palatinos maiores. Quando em posição, as apófises
palatinas determinam uma depressão anterior, a fossa incisiva, no fundo da qual está
o buraco incisivo que dá acesso ao canal incisivo. Este canal inicia-se como canal
duplo no pavimento das fossas nasais e termina, como acima descrito, num só orifício.
O bordo medial destaca-se superiormente através de uma crista nasal que se prolonga
para diante pela espinha nasal anterior, já mencionada.
Malar ou Zigomático
O malar é um osso par situado na porção mais exterior da face. Orienta-se colocando
o bordo regularmente côncavo para cima, a lâmina horizontal que se destaca desse
bordo para dentro e o ângulo mais agudo (relacionado com aquele bordo) para diante.
Articula-se com o frontal, com a maxila, com o temporal e com o esfenóide.
Apresenta três faces, lateral, temporal e orbitária, cinco bordos e duas apófises.
A face lateral apresenta o orifício zigomático-facial.
Posterior a esta temos a face temporal que toma parte na constituição da fossa
temporal, possuindo ainda uma superfície rugosa para articulação com a maxila.
Encontramos nesta face o orifício zigomático-temporal.
A face orbitária constitui a porção ântero-lateral da cavidade orbitária. Possui os
orifícios zigomático-orbitais que conduzem aos precedentes.
Para cima destaca-se a apófise frontal que se articula com o frontal e atrás com o
esfenóide.
A apófise temporal dirige-se para trás onde se articula com a apófise zigomática do
temporal para formar o arco zigomático.
Ossos Nasais
O osso nasal é par, situado de cada lado da linha média e tem duas faces e quatro
bordos. A face convexa é anterior; dos bordos mais longos, o mais curto é medial; dos
dois bordos mais curtos, o mais espesso é superior.
O bordo superior articula-se com o frontal; o bordo lateral articula-se com a apófise
frontal da maxila; o bordo inferior articula-se e continua-se com a cartilagem lateral do
nariz; o bordo medial articula-se com o do lado oposto, unindo-se ainda, de cima para
baixo com o frontal, com o etmóide e com o septo do nariz.
Ossos Lacrimais
O osso lacrimal é também par e situa-se na face medial da fossa orbitária, sendo
constituído por duas faces e quatro bordos. Orienta-se dizendo que a face que
apresenta um sulco é lateral, esse sulco é limitado por uma crista, que é posterior e
termina por uma apófise, em forma de gancho, que é inferior. A face lateral ou orbitária
é dividida longitudinalmente pela crista lacrimal, adiante da qual se encontra o sulco
lacrimal. Este sulco termina, em baixo, numa depressão, que completa, com a maxila,
a fossa do saco lacrimal. Ao nível do bordo inferior encontra-se uma saliência em
forma de gancho anterior, o gancho lacrimal, que marca o início do canal nasolacrimal.
Palatino
O palatino é também um osso par, situado por detrás da maxila, é constituído por duas
porções: uma vertical e uma horizontal. Para o orientarmos, colocamos a lâmina mais
pequena inferiormente, nesta lâmina, o bordo articular mais espesso para dentro e o
bordo não articular para trás.
A porção vertical, a lâmina perpendicular, é quadrilátera apresentando uma face
medial, ou nasal, que constitui a parede lateral posterior das fossas nasais e uma face
lateral, maxilar, que delimita o seio maxilar e a fossa pterigo-palatina. Na parte inferior
da face maxilar encontramos o sulco palatino maior que forma juntamente com o sulco
palatino maior do maxilar o canal palatino maior. Podemos encontrar, na parte superior
da porção vertical, entre as apófises orbitária, superior e anterior, e esfenoidal,
póstero-inferior, a incisura esfenopalatina.
A porção horizontal, ou lâmina horizontal, é também quadrilátera e faz parte da
abóbada palatina. Possui uma face nasal e uma face palatina. O bordo medial vai unir-
se ao do lado oposto, formando a crista nasal, que termina, atrás, na espinha nasal
posterior.
A porção óssea, na confluência posterior das duas lâminas, corresponde à apófise
piramidal.
Vómer
O vómer é um osso ímpar mediano que constitui a porção posterior do septo nasal.
Orientação: o bordo que apresenta um sulco profundo é superior e esse sulco é
posterior. O bordo superior possui um sulco profundo, entre as asas vomerianas
salientes, para o rostro esfenoidal. As asas articulam-se com as apófises esfenoidais
dos ossos palatinos e com as apófises vaginais do esfenóide. Estas condicionam,
juntamente com as apófises vaginais, a formação dos canais vomero-vaginais.
Mandíbula
A mandíbula é um osso ímpar, o único osso móvel da cabeça (Fig. 36). Distinguem-se
um corpo e duas porções laterais ou ramos mandibulares. Orienta-se colocando o
bordo alveolar para cima e a convexidade do osso para a frente.
O corpo tem a forma de uma ferradura, com duas faces, medial e lateral,
apresentando um bordo superior ou alveolar onde se articulam os dentes, distribuídos
em incisivos, caninos, pré-molares e molares segundo a fórmula: 2; 1; 2; 3 e um bordo
inferior ou base mandibular.
A parte anterior da face lateral apresenta uma crista mediana resultante da fusão das
duas porções ósseas primitivas, que se prolonga para baixo através da protuberância
mental (gnátion). Lateralmente podemos encontrar ao nível dos pré-molares o buraco
mentoniano. Destaca-se da frente para trás, de cada lado, passando por baixo do
buraco mentoniano, a linha oblíqua.
Na porção ântero-medial do corpo encontram-se duas pequenas depressões, para
inserção dos músculos digástricos, as fossas digástricas. Acima destas, encontramos
pequenas elevações ósseas, as espinhas mentonianas, duas superiores e duas
inferiores, para inserções musculares. Para trás, a face medial encontra-se dividida
pela linha milo-hioideia para o músculo com o mesmo nome; ântero-superiormente a
esta linha temos a fosseta sublingual para a glândula sublingual; póstero-inferiormente
temos a fosseta submandibular para a glândula do mesmo nome.
O ramo mandibular apresenta duas faces, quatro bordos e quatro ângulos.
A face medial apresenta o orifício superior do canal mandibular, o buraco mandibular
e, imediatamente para cima e para diante, a língula mandibular (espinha de Spix), esta
saliência é palpável no vivo e constitui uma referência importante para as anestesias
tronculares do nervo mandibular.
A face lateral presta inserção ao músculo masseter.
Dos bordos, o mais notável é o superior que apresenta uma grande incisura
mandibular, adiante da qual se situa a apófise coronóide da mandíbula e atrás, a
apófise condilar encabeçada pelo côndilo da mandíbula que se articula com o osso
temporal. A zona de transição do côndilo para o ramo, mais apertada, corresponde ao
colo, em cuja parte medial está a fosseta pterigóide para o músculo pterigoideu lateral.
O côndilo tem uma forma elíptica, em relação com o tipo de alimentação do Homem.
No bordo anterior da apófise coronóide está a crista temporal para o músculo do
mesmo nome. O bordo inferior continua-se para a frente com a base da mandíbula e
para trás encontra-se o gónion (ângulo mandibular).
Hióide
O osso hióide é um osso ímpar, mediano e simétrico, de forma côncava posterior,
constituído por uma parte mediana, o corpo, onde tem início os cornos menores, e
duas extremidades ou cornos maiores. Como dissemos, a concavidade do osso é
posterior e o bordo de onde se destacam duas apófises é superior. Podemos distinguir
no corpo, duas faces, anterior e posterior e, dois bordos, superior e inferior.
Localiza-se na parte superior do pescoço, ao nível da 4ª vértebra cervical, ligando-se
ao esterno, através dos músculos abaixadores do osso hióide, e à lingua, estando em
relação estreita com o esqueleto ósteo-fibroso deste órgão.
O corpo apresenta duas faces sendo dividida, a anterior, por uma crista horizontal e
por uma crista vertical. A crista vertical corresponde ao vestígio de uma apófise que se
prolonga pela língua em alguns animais. A face anterior e o bordo superior dão
inserção a músculos e ligamentos supra-hioideus. O bordo inferior estabelece a
ligação com algumas cartilagens da laringe e o bordo posterior com os músculos infra-
hioideus.
Os cornos maiores, na sua face superior dão inserção ao músculo constritor médio da
faringe e a algumas fibras do ligamento estilo-hioideu. A maioria das fibras deste
ligamento insere-se nos cornos menores.
Fossa infratemporal
A fossa infratemporal tem como limites, medialmente, a face lateral das apófises
pterigóides, anteriormente é limitada pela face posterior da maxila, lateralmente é
limitada pela mandíbula e pelo arco zigomático. Comunica com a fossa temporal
através do espaço existente entre o arco zigomático e o crânio. Comunica com a órbita
através da fissura orbitária inferior e com a fossa pterigomaxilar através da fissura
pterigomaxilar. Posteriormente é aberta. Nesta fossa estão alojados os músculos
pterigoideus, a artéria maxilar e os seus ramos, a artéria meníngea média, o nervo
mandibular e os seus ramos, a corda do tímpano, o plexo venoso pterigoideu.
Anatomia de superfície
O estudo da anatomia de superfície da cabeça tem sido objecto de estudo dos
antropologistas.
No que respeita ao crânio podemos palpar quase toda a calote craniana e reconhecer,
na linha média superior toda a sutura médio-frontal. Na região temporal palpa-se a
apófise mastóide e, na área frontal, as arcadas superciliares. Imediatamente para fora
destas, reconhece-se a fossa temporal. Toda a base do crânio se encontra situada
profundamente, pelo que não é possível reconhecer nenhum dos seus componentes.
Na face, além dos malares que são muito evidentes por constituírem as maçãs do
rosto, podem palpar-se as maxilas, sob os lábios superiores e seguir toda a
mandíbula, o seu bordo inferior, o corpo e ramo ascendente.
ARTROLOGIA
CABEÇA
A maioria das articulações da cabeça são suturas, tomando a maioria delas o nome
correspondente aos ossos que lhe dão origem.
Descrevemos então as seguintes suturas (Quadro VII):
Destacam-se ainda as sincondroses craneanas que se encontram em grande parte
ossificadas (Quadro VIII).
Articulação Temporomandibular
A articulação do temporal com a mandíbula merece uma atenção especial por ser a
única articulação com sinovial do crânio. A articulação temporomandibular é referida
usualmente por ATM (Fig. 55, 56 e 57).
Esta articulação, uma dupla articulação condilar, classifica-se como uma bicondilo-
meniscartrose-conjugada.
Encontra-se constituída pelas superfícies articulares da mandíbula – os côndilos e, por
duas formações dos temporais, que funcionam como uma única superfície: o tubérculo
articular, por diante, e a fossa mandibular, mais posterior.
Nos dois ossos, as superfícies são convexas pelo que existe interposição de um disco
(menisco) articular, fibro-cartilaginoso, com a forma de uma lente bicôncava, que
permite a adaptação das duas superfícies articulares. O disco é alongado
transversalmente, o que corresponde à morfologia das superfícies ósseas já
estudadas.
Como meios de união encontramos a cápsula, fina e laxa, cuja inserção se faz no
contorno das superfícies articulares e no contorno do disco interarticular. Esta última
inserção divide a cavidade num compartimento superior e num compartimento inferior.
Cada um dos compartimentos possui sinovial própria que forra a correspondente
porção interna da cápsula.
A cápsula é reforçada por um ligamento medial e um ligamento lateral, este último
mais espesso e resistente.
Existem ainda ligamentos à distância ou acessórios: o ligamento esfenomandibular, o
ligamento estilomandibular e o ligamento pterigo-espinhal, que não têm papel
relevante no mecanismo da articulação.
A mandíbula pode executar movimentos de descida e de subida, correspondentes à
abertura e fecho, de projecção para diante e para trás, ântero e retropulsão e
movimentos de lateralidade ou de didição. Estes movimentos são condicionados pela
morfologia dos côndilos e estão relacionados com o tipo de mastigação e alimentação
do Homem que, como se sabe, é omnívoro.
Anatomia de superficíe
A articulação temporomandibular em termos posicionais e de movimentos pode ser
avaliada com um articulador.
● Estruturas ósseas
● Estrutura ligamentar
● Ligamento de Temporomandibular
● Disco articular
● Estrutura retro-articular (zona de bilaminar)
● Sistema muscular
● Aparelho de sinovial e cápsula
● Anexos de ligamentares
A articulação da mandíbula com o crânio é obtida por meio de uma articulação bilateral
entre as cabeças da mandíbula e os ossos temporais do crânio.
Os ossos envolvidos na ATM representam uma disposição apenas encontrada nos
mamíferos.
Nos humanos, o processo da mastigação e da fala obriga a que a mandíbula para,
além de precisar de um movimento de dobradiça (abrir e fechar), também efectue
movimentos de protrusão, de retracção, de lateralidade, e de combinações destes.
Sendo assim, a cabeça da mandíbula assume movimentos de translação e rotação.
A cavidade articular é definida e limitada por uma cápsula articular fibrosa, contínua
com o periósteo dos ossos envolvidos na articulação e tem justaposta à sua superfície
interna a membrana sinovial. As faces articulares dos ossos são revestidas por
cartilagem hialina (as articulações temporomandibular, acromioclavicular e
esternoclavicular são excepções, no sentido em que as suas faces são revestidas por
tecido fibroso) e a cavidade articular pode ou não possuir um disco fibroso que a divide
em dois compartimentos. Os ligamentos funcionam como controladores do movimento
da articulação e os músculos agem sobre a sua estabilidade aplicada. As articulações
sinoviais são ainda classificadas pelo número de eixos em que os ossos da articulação
se podem mover e pelos formatos das faces articulares.
Os movimentos de uma articulação sinovial são iniciados e efectuados por músculos
que trabalham em conjunto, de forma coordenada. Esta coordenação é obtida, em
parte, pela enervação sensitiva da articulação, estabelecida pela lei de Hilton que
afirma que os músculos que agem sobre a articulação têm a mesma enervação que
ela.
O sistema mastigatório envolve o crânio estático que têm um arco dentário e uma
mandíbula móvel que sustenta o arco dentário inferior.
A articulação compreende as duas articulações (bilaterais) entre as cabeças da
mandíbula e a fossa mandibular da parte escamosa dos ossos temporais.
Diferente da maioria das articulações sinoviais cujas faces articulares são revestidas
por cartilagem hialina, os ossos envolvidos na ATM são revestidos por uma camada
de tecido fibroso. Esta distinção histológica é frequentemente utilizada para
argumentar que a ATM não é capaz de suportar peso. Esta característica como já foi
referida também se encontra nas articulações acromioclavicular e esternoclavicular.
Tanto a mandíbula como a clavícula são formadas a partir de um centro de ossificação
intramembranosa e não previamente na cartilagem: cartilagem que persiste nos ossos
longos para formar as cartilagens articulares após a formação dos centros de
ossificação.
A camada fibrosa consiste em fibroblastos espalhados numa camada densa e
avascular de colagénio tipo I, com a superfície da camada limitada por uma membrana
electrodensa, a lâmina splendens.
A camada fibrosa fica sobre uma zona proliferativa de células associadas à formação
da cartilagem condilar.
Algumas descrições prévias da ATM indicam que os revestimentos da superfície da
articulação consistem mais exactamente em fibrocartilagem, e não em tecido fibroso.
Apesar de ser possível, que com a idade, a camada fibrosa de revestimento possa
conter algumas células cartilaginosas, não há evidência que este seja o caso. Há uma
grande evidência, no entanto, de fibrocartilagem associada com a articulação
profundamente à camada fibrosa, em ambos os côndilos e nos tubérculos articulares.
O aparecimento deste tipo de cartilagem tem uma explicação pelo desenvolvimento.
Uma cartilagem secundária de crescimento desenvolve-se dentro do blastema
associado à ATM em desenvolvimento – a cartilagem condilar. Esta cartilagem, em
muitos aspectos, é similar à cartilagem epifisária de um osso longo em
desenvolvimento, e consiste essencialmente numa zona proliferativa de células
reprodutoras, que funcionam como as progenitoras, que fornecem células para a
cartilagem de crescimento. Tais células transformam-se em condroblastos e elaboram
uma matriz extracelular, que consiste nos proteoglicanos e no colagénio tipo II,
formando a matriz extracelular da cartilagem. Ao mesmo tempo, há aumento do
tamanho dos condroblastos. Depois da produção desta cartilagem, ocorre ossificaçãio
endocondral que envolve mineralização da cartilagem, invasão celular, perda de
condrócitos e diferenciação de osteoblastos para produzir osso na estrutura
cartilaginosa mineralizada. A única diferença neste processo, entre a cartilagem
condilar e a cartilagem epifisária é a ausência de colunas ordenadas de células
cartilaginosas, que caracterizam a cartilagem de crescimento epifisária.
Cápsula articular
Membrana sinovial
A superfície interna da cápsula articular é revestida por uma membrana sinovial. As
suas projecções ocorrem nos limites anterior e posterior da articulação de modo a
acomodar os movimentos da cápsula articular.
O volume total de liquido sinovial é aproximadamente 1 ml e tem um comportamento
não-Newtoniano, o que significa que a sua viscosidade diminui com o aumento da taxa
de cisalhamento. A carga muscular aumentada ou a alteração bioquímica do líquido
sinovial levam à perda de viscosidade e ao aumento da resistência ao atrito. Outra
função da sinovial é fornecer metabolitos ao tecido fibroso avascular associado à
articulação.
Disco articular
O disco fibroso divide a cavidade articular em dois compartimentos, e é uma estrutura
que tem um papel funcional, porque proporciona uma face articular passiva e móvel,
que recebe o movimento de translação feito pelo côndilo da mandíbula. O disco é
constituído por tecido fibroso denso e a sua forma é a mesma das faces articulares
com as quais contacta. A superfície inferior é côncava tal como a superfície superior,
as zonas posterior e anterior são mais espessas, delimitando uma zona central mais
fina. Em repouso esta zona central separa a inclinação do côndilo mandibular para
anterior da inclinação do tubérculo articular. A região mais espessa ocupa o espaço
entre o côndilo e o pavimento da fossa mandibular e a porção anterior fica ligeiramente
à frente do côndilo mandibular. Os feixes de colagénio tipo I que constituem o disco
articular são em geral dispostos frouxa e deficientemente direccionados, excepto na
região central, onde estão mais firmemente unidos sem feixes organizados. Secções
mais coronais do disco indicam que ele é mais espesso medialmente. As margens
lateral e medial do disco unem-se à cápsula articular. Na região anterior o disco divide-
se em duas lâminas; a superior estende-se para a frente, unindo-se com a cápsula e o
periósteo na inclinação do tubérculo articular para anterior, enquanto a inferior
estende-se para baixo, fixando-se na parte anterior do colo da mandíbula. Entre elas o
disco funde-se com a cápsula ou com a superfície superior das fibras musculares que
constituem o componente superior da cabeça superior do músculo pterigoideu lateral.
Na região posterior, o disco articular também se divide em duas lâminas; a superior
consiste em tecido fibroso e elástico que se funde com a cápsula articular e se fixa na
fissura timpanoescamosa. A lâmina inferior não é elástica e é formada apenas por
colagénio, dirigindo-se para baixo para se unir ao periósteo do colo da mandíbula.
Entre as duas lâminas é criado um espaço que é preenchido por tecido conjuntivo
vascular muito frouxo, esta região designa-se região bilaminar. As faixas anteriores e
posteriores do disco contêm fibrocartilagem e são adaptadas para suportar cargas
compressivas. O disco é bem vascularizado na periferia mas é avascular na região
central. Durante a função, o disco articular faz apenas movimentos relativamente
curtos e move-se de forma passiva para se posicionar melhor entre o movimento do
côndilo mandibular na fossa mandibular e o tubérculo articular. Esta adaptação é
devida ao formato do disco e à influência do músculo pterigoideu lateral.
Ligamentos
A cápsula articular é reforçada por ligamentos. Os ligamentos definem-se como
estruturas de colagénio não elásticas, que restringem e limitam os movimentos que
uma articulação pode efectuar, porque limitam a distância pela qual os ossos que
constituem a articulação podem ser separados sem causar lesão nos tecidos.
Ligamento lateral ou temporo-mandibular, é um ligamento funcional de reforço em
forma de leque que se situa na região lateral da cápsula articular, dirigindo-se
obliquamente de cima para baixo e para trás, tendo origem na face lateral do tubérculo
articular terminando na face posterior do colo da mandíbula. Funciona de maneira
similar aos ligamentos laterais de outras articulações por causa da natureza bilateral
da ATM; previne o deslocamento lateral, também evita o deslocamento medial da
articulação oposta. A posição oblíqua do ligamento limita a quantidade de
deslocamento inferior que pode ocorrer, enquanto a porção horizontal, previne e limita
o deslocamento do côndilo e do disco articular para trás. A própria cápsula articular
pode ser considerada um ligamento, assim como a lâmina inferior de fixação posterior
do disco por limitar o deslocamento do disco para a frente. A parede da cápsula
articular também é mais espessa medial e lateralmente, onde une o disco articular aos
pólos do côndilo da mandíbula por meio de dois cordões, que unem firmemente o
disco ao côndilo. O cordão lateral ao fundir-se com a componente horizontal do
ligamento lateral dá uma fixação particularmente firme. Estes dois espessamentos
podem ser considerados ligamentos colaterais da articulação, mas como envolvem
apenas o disco e o côndilo, alguns autores não os consideram.
Dois outros ligamentos são referidos nas descrições convencionais da ATM, embora
não esteja absolutamente determinado o seu papel funcional; o ligamento
esfenomandibular, que vai da espinha da mandíbula até ao osso hióide,
representando o pericôndrio residual da cartilagem de Meckel, outro é o ligamento
estilomandibular, que se estende do osso hióide até ao ângulo da mandíbula e
representa a margem livre da fascia cervical profunda.
Músculos da mastigação
Os músculos actuam sobre a articulação, para obter movimento, elevação
(encerramento), abaixamento (abertura), protrusão, retracção, lateralidade e
estabilidade.
Os movimentos da mandíbula raramente ocorrem isolados e envolvem combinações
complexas da actividade muscular.
A maioria dos movimentos articulares envolve rotação e translação, por isso, a função
dos músculos pode ser agrupada: o masseter, o pterigoideu medial, a porção anterior
do temporal e a cabeça superior do pterigoideu lateral, elevam a mandíbula.
A cabeça inferior do pterigoideu lateral, o ventre anterior do digástrico e o milo-hioideu
baixam a mandíbula.
A cabeça inferior do pterigoideu lateral e os elevadores projectam a mandíbula para a
frente – protrusão.
As fibras posteriores do temporal e os músculos elevadores retraem a mandíbula.
A lateralidade é obtida pela acção dos músculos elevadores, porção posterior do
temporal (retracção no lado de trabalho), e pterigoideu lateral (protrusão no lado
oposto).
A relação directa e indirecta da cabeça superior do pterigoideu lateral com o disco
desempenha um papel importante na sua função, daí que o disco não deva ser
comparado ao menisco encontrado noutras articulações.
A teoria aceite é que, em repouso, as fibras musculares estreitas da cabeça superior
do pterigoideu lateral mantêm em posição o disco articular, resistindo às forças
retractivas criadas pelas fibras elásticas encontradas na lamela superior que liga a
região posterior do disco articular à cápsula articular.
Enervação
É feita pelo ramo mandibular do trigémio (V), através dos nervos auriculotemporal,
temporal profundo e massetérico.
Vascularização
É feita pela artéria carótida externa através de: ramos da artéria temporal superficial,
auricular profunda, timpânica anterior, faríngea ascendente.
COLUNA VERTEBRAL
Sínfises intervertebrais
A articulação dos corpos vertebrais é do tipo sínfise, ou anfiartrose, e é constituída
pelas: superfícies ósseas dos corpos vertebrais superior e inferior; cápsula articular
que envolve toda a periferia da articulação; pelos ligamentos periféricos; e pelo disco
intervertebral que se encontra situado entre as duas vértebras (Fig. 58).
Os ligamentos periféricos são o ligamento longitudinal anterior e o ligamento
longitudinal posterior que reforçam as articulações. O anterior estende-se desde o áxis
até ao sacro passando pela face anterior dos corpos vertebrais e o posterior parte do
occipital, onde se confunde com a membrana tectória, até ao sacro e localiza-se na
face posterior dos corpos vertebrais, portanto na parte anterior do canal raquidiano.
O disco intervertebral tem a forma de uma lente biconvexa, que adere intimamente aos
corpos vertebrais. É constituído por uma porção periférica, o anel fibroso, de fibras de
tecido conjuntivo, e uma porção central, núcleo pulposo, correspondente a uma massa
gelatinosa semi-líquida.
As vértebras possuem ligamentos à distância: os ligamentos amarelos, que saltam de
lâmina para lâmina, os ligamentos interespinhosos, entre as apófises espinhosas
vizinhas, os supra-espinhosos, que unem os vértices das apófises espinhosas e, os
ligamentos intertransversos que se encontram entre as apófises transversas.
Articulações Zigapofisárias
As articulações das apófises articulares, ou zigapofisárias, são artrodias e apresentam
morfologia variável de acordo com as regiões, já que as facetas articulares não são
iguais em toda a extensão da coluna, como vimos no capítulo da osteologia. Na região
lombar estas articulações podem ser consideradas condilartroses rudimentares.
Nelas podemos encontrar todos os elementos articulares.
A cápsula, que se insere no contorno da articulação é reforçada, na sua porção
medial, por feixes do ligamento amarelo correspondente, que cruza a articulação no
sentido sagital. Existem ainda ligamentos e sinovial, que é mais laxa na região
cervical.
Articulações Atlanto-Axiais
O áxis articula-se com o atlas através das apófises articulares, de que já conhecemos
a morfologia, constituindo as articulações atlanto-axiais laterais, com os elementos
articulares conhecidos, e através do dente do áxis constituindo a articulação atlanto-
axial mediana (Fig. 59).
Esta articulação tem como superfícies articulares a faceta do dente no atlas e a faceta
articular anterior do dente do áxis. É uma articulação do tipo trocóide de que constitui o
exemplo mais perfeito. O meio de união mais importante é constituído pelo ligamento
transverso do atlas que passa imediatamente por detrás do dente do áxis, fixando-o
contra o arco do atlas. Este ligamento é tão potente que, em caso de acidente,
mantém-se íntegro fracturando o dente do áxis, o que de certo modo tenta preservar a
medula.
Existem duas cápsulas nesta articulação, uma entre o dente e o arco anterior do atlas
e outra entre o dente e o ligamento transverso do atlas. Possui uma sinovial laxa.
Temos a considerar ainda ligamentos que unem o dente do áxis ao occipital.
Descrevem-se os ligamentos alares, bilaterais do dente até ao buraco occipital; e o
ligamento do vértice do dente, ímpar, que se estende até ao bordo anterior do mesmo
buraco. Por trás deste último ligamento e adiante da membrana tectória, que prolonga
o ligamento longitudinal posterior, encontram-se feixes longitudinais que, juntamente
com o ligamento transverso do atlas, formam uma estrutura cruciforme, o ligamento
cruciforme do atlas.
Articulação Atlanto-Occipital
O atlas além de se articular com o áxis articula-se também com a cabeça através de
uma articulação do tipo diartrose, género bicondília.
As superfícies articulares são constituídas pelos côndilos occipitais e pelas faces
articulares superiores do atlas, em forma de palmilha.
Esta articulação atlanto-occipital possui todos os elementos gerais da articulação.
Possui como auxiliares da união a membrana atlanto-occipital anterior, a posterior, e o
ligamento atlanto-occipital lateral.
MIOLOGIA
O estudo anatómico dos músculos inclui alguns elementos que convém sistematizar:
Cada músculo é constituído por uma porção avermelhada (a massa contráctil
propriamente dita), o tendão, de cor nacarada, e a inserção.
A morfologia do músculo varia com as suas funções, podendo fazer-se uma
classificação, referida mais adiante.
As aponevroses são bainhas fibrosas que envolvem músculos ou grupos de
músculos.
A inserção é a zona de contacto do músculo com o seu ponto fixo que pode localizar-
se no osso ou na pele. Neste último caso o músculo denomina-se cutâneo ou da
mímica, enquanto os primeiros se denominam músculos esqueléticos. Alguns destes
músculos inserem-se em partes moles, como é o caso do tensor da fascia lata e do
tensor da sinovial do joelho.
Alguns músculos inserem-se directamente no osso enquanto que outros o fazem por
intermédio de um ou mais tendões.
Nos primeiros, as fibras musculares continuam-se directamente com o periósseo que,
como vimos já, é ricamente inervado e vascularizado na sua capa superficial e mais
rico em células e fibras na camada profunda. Nos pontos de inserção, as fibras
musculares continuam-se com as fibras do periósseo que, por sua vez, através da
capa profunda, se continua com as fibras de Sharpey, penetrando no osso; o modo
como este processo se faz varia com o ângulo formado pelo plano do músculo com o
plano da superfície óssea; assim, quando estes dois planos descrevem um ângulo
muito fechado, a transição é menos penetrante, sendo a maioria das fibras
continuadas com o periósseo; mas à medida que o ângulo se aproxima da
perpendicularidade a penetração é mais directa; este facto desempenha um papel
importante na compreensão dos fenómenos que se processam ao nível da inserção
muscular no osso.
As relações dos dois tecidos não possuem intercepções fibrosas visto que os
elementos encarregados da vivência dos tecidos são independentes; assim os vasos e
nervos que, irrigando o músculo, se dirigem até ao osso terminam ao nível do
periósseo, havendo uma marcada diferença de riqueza vascular entre as duas capas
de periósseo.
Nos músculos em que a inserção é feita através de um tendão individualizado as fibras
musculares, ao atingirem a zona de transição, são arredondadas, continuando-se
directamente com as fibras do tecido do tendão. À medida que se caminha na direcção
do tendão o número de estriações do músculo vai diminuindo enquanto que o número
de núcleos na zona de transição é muito grande; neste sector as fibras musculares
tornam-se sucessivamente mais finas enquanto que as fibras do tendão penetram
entre elas.
A constituição, forma e função dos tendões de inserção é muito variada e estes três
aspectos estão intimamente relacionados. Os tendões longos, em forma de cordão,
como é o caso do tendão de Aquiles ou os dos extensores dos dedos são compostos
quase inteiramente por tecido fibroso branco; as fibras dispõem-se paralelamente e
estão intimamente aderidas, aparentando formar um tecido homogéneo; o único
elemento celular presente são os fibroblastos, alongados, com o eixo maior na
direcção das fibras do colagéneo. As inserções do tipo aponevrose são largas e finas
e a sua função, para além de se relacionar com a inserção muscular, é também a de
envolver músculos, constituindo um elemento contensor; o equilíbrio entre o conteúdo,
constituído pelo músculo e, o continente é perfeito, de tal modo que a sua ruptura
constitui uma situação de difícil solução; convém frisar que, embora existindo fibras
que se entrecruzam em continuidade com o músculo envolvido estas são tão laxas
que não existe uma verdadeira aderência, o que permite que as fascias deslizem
sobre o músculo. Ao contrário dos tendões longos, as suas fibras entrecruzam-se em
várias direcções, organizadas em vários planos.
Do mesmo modo que no caso da inserção directa do músculo no osso, a inserção do
tendão no osso é feita essencialmente no periósseo quando a inserção é oblíqua e
torna-se mais directa no osso à medida que se perpendiculariza.
Este facto é responsável pelos arrancamentos ósseos, como por exemplo, ao nível da
extremidade proximal do quinto metatársico pela inserção do curto peroneal.
A morfologia dos tendões propriamente ditos, bem como o seu modo de inserção no
osso e a ligação ao músculo, têm uma influência determinante no funcionamento
muscular e na resultante da força aplicada; esta inserção distribui-se ou por um tendão
só ou por dois, três ou quatro para o mesmo músculo como os do bicípede braquial,
tricípede e quadricípede.
Em tais casos, é flagrante a importância da forma e orientação da inserção bem
patenteada pela acção diversa de cada porção.
As inserções variam na forma, na extensão e na proporção entre as superfícies
muscular e tendinosa; encontram-se inserções topo a topo, peniformes, terminais, mas
em todos estes tipos a orientação das fibras musculares segue uma linha do tendão
que representa a resultante das forças aplicadas.
De tudo o que fica exposto ressaltam, no que respeita à inserção músculo-osso, dois
aspectos fundamentais: a relação da penetração das fibras no osso com o ângulo de
inserção e a independência dos elementos vasculares e nervosos do músculo dos
mesmos elementos do osso.
As consequências funcionais destes factos são importantes pois condicionam o
esforço a que o músculo pode submeter a sua inserção facto que explica muitas das
lesões provocadas a este nível.
A desinserção muscular, exercida em músculos cuja prisão se faz perpendicularmente,
arrasta habitualmente o osso enquanto que, a que se efectua em músculos cuja
inserção é oblíqua, apenas arrasta consigo a capa superficial do periósseo.
Anexos aos músculos encontramos um certo número de estruturas que lhe são
vizinhas como as bolsas serosas, que têm por finalidade almofadar a região e
protegê-la contra os traumatismos de vária natureza, as aponevroses, que não são
mais do que tendões de morfologia especial, larga e ampla, e ainda as bainhas
tendinosas.
Os músculos podem apresentar morfologias muito variadas, de acordo com a função
que lhes é pedida. Podem ser longos ou curtos, superficiais ou profundos, lineares ou
em ansa. Há músculos de formato fusiforme, peniforme, conóide, trapezóide, bicípede,
tricípede, quadricípede, deltóide. Esta morfologia impõe, em alguns casos, o nome do
músculo que, noutros casos, toma o nome da posição que ocupa, como é o caso do
grande dorsal ou do pequeno peitoral. Noutros exemplos o nome do músculo deriva da
sua acção, como é o caso do pronador redondo ou do grande adutor. Noutros casos,
ainda, é a sua orientação que lhe dá nome, como no caso do oblíquo externo ou do
transverso do abdómen.
Existe, no organismo humano, um total de 501 músculos que pesam, no adulto de 70
quilos, cerca de 30 quilos.
Tal como na osteologia e na artrologia também na miologia se pratica a divisão do
organismo em secções, ou regiões, a saber: músculos da cabeça, do pescoço, da
região posterior do tronco e do pescoço, músculos do tórax, do abdómen e dos
membros.
MÚSCULOS DA CABEÇA
Os mastigadores, que accionam a mandíbula, são quatro, todos inervados pelo nervo
trigémio: o temporal, o masseter, o pterigoideu medial e o pterigoideu lateral (Fig. 78).
O temporal insere-se, superiormente, na fossa e na fáscia temporal. Daqui as suas
fibras dirigem-se para baixo e para a frente e inserem-se na apófise coronóide da
mandíbula e no bordo anterior do ramo da mandíbula. Tem por acção elevar a
mandíbula e retrair o côndilo.
O masseter insere-se, em cima, no arco zigomático e malar e, em baixo, na face
lateral do ângulo e do ramo ascendente da mandíbula. É, também, um elevador da
mandíbula.
O pterigoideu medial insere-se, em cima, na fossa pterigoideia, na apófise piramidal
do palatino e na tuberosidade da maxila e em baixo na face medial do ângulo e ramo
ascendente da mandíbula. Faz a elevação e a protracção da mandíbula.
O pterigoideu lateral parte da grande asa do esfenóide (cabeça superior) e da
apófise pterigóide (cabeça inferior); a cabeça superior vai fixar-se na cápsula e disco
articular da ATM e a cabeça inferior no colo da mandíbula. Faz a protusão da
mandíbula e abre a boca. A cabeça superior do pterigoideu lateral é o único músculo
que abre a boca. A contracção conjugada de todos os músculos mastigadores, dos
dois lados da cabeça origina os movimentos complexos da mastigação omnívora.
Região Lateral
Na região lateral do pescoço encontram-se seis músculos: o platisma e o
esternocleidomastoideu, ambos superficiais, e quatro profundos: o escaleno anterior, o
escaleno médio, o escaleno posterior e o recto lateral da cabeça (Fig. 81 e 82).
O platisma é um músculo fino e largo cuja inserção superior se faz no bordo inferior
da mandíbula e pele da porção inferior da face, as suas fibras dirigem-se para baixo e
prendem-se na fascia que recobre o grande peitoral e o deltóide. Puxa os cantos da
boca para baixo, ajuda à depressão da mandíbula.
O esternocleidomastoideu é constituído por dois feixes com origem comum na
apófise mastóide do temporal e linha nucal superior dirigindo-se para baixo,
prendendo-se um fascículo na face anterior do manúbrio do esterno e o outro no terço
medial do bordo posterior da clavícula. Executa um movimento complexo de flexão e
rotação da cabeça de modo a que a ponta do queixo olha para o lado oposto ao
músculo contraído. Quando se contraem os dois músculos promovem a flexão da
cabeça.
O escaleno anterior (Fig. 83) prende-se nos tubérculos anteriores das apófises
transversas da 3ª à 6ª vértebras cervicais e, em baixo, no tubérculo do escaleno da 1ª
costela.
O escaleno médio insere-se, em cima, nos tubérculos anteriores das apófises
transversas das seis últimas vértebras cervicais e em baixo na face superior da 1ª
costela, atrás da artéria subclávia.
O escaleno posterior insere-se nos tubérculos posteriores das apófises transversas
das 4ª, 5ª e 6ª vértebras cervicais e em baixo, na face superior da 2ª costela. Os três
escalenos são músculos elevadores das costelas se tomam a coluna como ponto fixo
e flexores da coluna cervical se tomam como ponto fixo as costelas.
O músculo recto lateral da cabeça (Fig. 84) é um músculo muito curto que salta da
apófise transversa do atlas para a apófise jugular do occipital. Inclina lateralmente a
cabeça.
Músculos Supra-Hióides
O digástrico, como o nome indica, é constituído por dois ventres e insere-se na
apófise mastóide do temporal (ventre posterior) e na fosseta digástrica da mandíbula
(ventre anterior), o tendão central prende-se ao osso hióide por um anel fibroso. Este
músculo baixa a mandíbula e eleva o osso hióide.
O estilo-hioideu (Fig. 85) insere-se na apófise estilóide e em baixo no osso hióide,
formando um anel que fixa o tendão do digástrico. Eleva o hióide.
O milo-hioideu prende-se, em cima, na linha milo-hióide da mandíbula e em baixo no
osso hióide. Eleva também o osso hióide.
O génio-hioideu insere-se na face posterior da sínfise da mandíbula, na espinha
mentoniana e no osso hióide. Eleva também este osso.
Músculos Infra-Hióides
O esterno-hioideu insere-se no bordo inferior do osso hióide e, por outro lado, na
extremidade medial da clavícula e face posterior do manúbrio.
O omo-hioideu insere-se no bordo superior da omoplata e na parte lateral do osso
hióide.
O esternotiroideu insere-se na linha oblíqua da cartilagem tiróide da laringe e na face
posterior do manúbrio do esterno.
O tiro-hioideu insere-se na linha oblíqua da cartilagem tiróide da laringe e no bordo
inferior do hióide. Todos estes músculos têm a acção de baixar o osso hióide e o
esterno-tiroideu baixa também a laringe.
Região Pré-Vertebral
A região pré-vertebral compreende três músculos de cada lado: o longo da cabeça, o
recto anterior da cabeça e o longo do pescoço.
O longo da cabeça insere-se na apófise basilar do occipital dirigindo-se para baixo,
para os tubérculos anteriores das apófises transversas das 3ª, 4ª, 5ª e 6ª vértebras
cervicais. Faz a flexão da cabeça e do pescoço.
O recto anterior da cabeça salta da apófise basilar do occipital para as massas
laterais do atlas. É também flexor da cabeça.
O longo do pescoço insere-se nos tubérculos anteriores e face anterior do corpo das
cinco últimas vértebras cervicais e três primeiras torácicas e daí, vai prender-se no
arco anterior do atlas, nos tubérculos anteriores de C5 e C6 e nos corpos do áxis, de
C3 e de C4. É flexor e rotador do pescoço, produz também movimentos de inclinação
lateral.
ARTÉRIAS
São três os troncos que partem da convexidade do arco aórtico (Fig. 122):
Tronco braquiocefálico
Artéria carótida comum esquerda
Artéria subclávia esquerda
O tronco braquiocefálico dá, a breve trecho, origem a dois ramos terminais: a artéria
carótida comum direita e a artéria subclávia direita. Dá ainda por vezes, ainda que
em percentagem reduzida uma pequena artéria, mediana, para a tiróide, a artéria
tiroideia ima. Deste modo, da crossa da aorta saem os vasos encarregues da irrigação
da cabeça, pescoço e membros superiores. A artéria carótida comum direita tem um
trajecto igual ao da homónima esquerda.
A. tiroideia superior;
A. faríngea ascendente;
A. lingual;
A. facial;
A. occipital;
A. auricular posterior.
Artéria Maxilar
A artéria maxilar dirige-se para cima e para diante, entra na região
pterigomaxilar passando através do espaço retrocondiliano, está por
baixo da veia maxilar e do nervo auriculotemporal, atinge o transfundo da
fossa pterigomaxilar por duas vias: variedade profunda e externa ou
superficial. Dá os seguintes ramos colaterais (Fig. 124):
Artéria Subclávia
A artéria subclávia passa entre os músculos escalenos anterior e médio, no sulco da
artéria subclávia, passa por cima da primeira costela e ao chegar ao seu bordo lateral
continua-se com a artéria axilar. Durante o seu trajecto dá como ramos colaterais a
artéria vertebral, a artéria torácica interna, o tronco tirocervical e o tronco costocervical
(Fig. 129 e 130).
Artéria vertebral – origina-se por trás do escaleno anterior, dirige-se para cima, junto
à coluna vertebral, passando através dos buracos transversais de C6 a C1 e de
seguida entra no crânio através do buraco occipital (Fig. 131). Após a sua entrada no
crânio inflecte para a linha média e anastomosa-se com a do lado oposto, dando
origem à artéria basilar (que descreveremos adiante). Durante o trajecto nos buracos
transversais das vértebras dá origem a ramos radiculares e a ramos para a
musculatura da região. Depois de cruzar o buraco occipital, portanto, de se tornar
intracraneana, origina os seguintes ramos:
Ramos espinhais – artérias espinhais anterior e posterior que irrigam a
medula espinhal e meninges espinhais.
Ramo meníngeo – anterior e posterior, para a duramáter e osso da
região.
A. cerebelosa ínfero-posterior – irriga a porção póstero-inferior do
cerebelo, dando ainda ramos para o quarto ventrículo, para a amígdala
cerebelosa, para o bulbo raquidiano e pedúnculo cerebeloso inferior.
A artéria basilar, que, como referimos atrás, resulta da anastomose entre
as duas artérias vertebrais, ao nível do bulbo, para depois se continuar
para cima no sulco mediano da protuberância, origina como colaterais:
A. cerebelosa ínfero-anterior – irriga a porção ântero-inferior do cerebelo
e dá a artéria do labirinto, que acompanha o nervo vestíbulo-coclear para
o ouvido interno.
Ramos da ponte (pontinos) – ramos para a ponte (protuberância).
A. cerebelosa superior – estende-se em redor do mesencéfalo para irrigar
a porção superior do cerebelo.
Os ramos terminais da artéria basilar são as duas artérias cerebrais
posteriores (direita e esquerda) que irrigam o lobo occipital e 2/3 do lobo
temporal indo-se anastomosar com as artérias comunicantes posteriores
para formar o polígono cerebral (de Willis). As cerebrais posteriores dão
origem às artérias centrais póstero-mediais, centrais póstero-laterais,
para o terceiro ventrículo, globo pálido, tálamo e corpo pineal, dão ainda
origem a ramos talâmicos, coroideus e pedunculares. Na sua parte
terminal em que as cerebrais posteriores se estendem ao córtex posterior
dão origem à artéria occipital lateral e medial, a primeira para o lobo
temporal e a segunda para a superfície sagital da metade posterior do
cérebro.
VEIAS
É constituída pela união das duas veias braquiocefálicas direita e esquerda por
detrás da primeira cartilagem costal, daqui dirige-se obliquamente para trás e para
baixo, descrevendo uma curva de concavidade esquerda, que se adapta à
convexidade da porção ascendente do arco aórtico. No seu trajecto recebe a veia
ázigos, do sistema das veias ázigos. Termina na aurícula direita, à altura da
extremidade esternal do segundo espaço intercostal direito.
Veias Braquiocefálicas
Têm origem por detrás da extremidade medial da clavícula e resultam da união das
veias jugular interna e subclávia (Fig. 149).
Veias do cérebro
Veias sem válvulas, situadas na sua maior parte no espaço
subaracnoideu, drenam para os seios da duramáter.
Veias cerebrais superiores – veias superiores dos hemisférios cerebrais,
terminam no seio sagital superior e são provenientes das superfícies
cerebrais lateral e ântero-inferior. Recebem as veias pré-frontais, as
frontais, as parietais e as occipitais.
Veias cerebrais inferiores – veias situadas na base do cérebro que
terminam no seios cavernoso, petroso superior e transverso.
Veia cerebral média superficial – proveniente dos dois terços inferiores
dos hemisférios, termina no seio cavernoso. Recebe as veias
anastomótica superior (de Trolard), anastomose com o seio sagital
superior e, a veia anastomótica inferior (de Labbé), anastomose com o
seio transverso.
Veia basal (de Rosenthal) – origina-se no espaço perfurado anterior,
desce ao longo da fita óptica e dirige-se até à veia cerebral magna.
Recebe a veia cerebral média profunda, a veia cerebral anterior, a veia
coroideia inferior, as veias pedunculares e as veias tálamo-estriadas
inferiores.
Veia cerebral magna (de Galeno) – veia curta, situada entre a união das
duas veias cerebrais internas e o seio recto. Além das veias cerebrais
internas, que recebem as veias coroideias superiores, também recebe a
veia tálamo-estriada superior, a veia do septo lúcido, as veias posterior e
dorsal do corpo caloso.
Veias do mesencéfalo
Drenam o sangue do tronco encefálico: veia ponto-mesencefálica
posterior; veias da ponte; veias do bulbo
Veias do cerebelo
Drenam o sangue do cerebelo: veia superior do vérmis; veia inferior do
vérmis; veias superiores do cerebelo; veias inferiores do cerebelo; veia
pré-central do cerebelo; veia petrosa.
Veias da órbita
Veia oftálmica superior – tem origem na veia nasofrontal, por cima do
globo ocular, passa através da fissura orbitária superior e termina no seio
cavernoso.
Veia nasofrontal – união entre as veias supratroclear e angular.
Veias etmoidais – provenientes das células etmoidais.
Veia lacrimal – proveniente da glândula lacrimal.
Veias vorticosas – 4 ramos que perfuram a esclerótica e provêm do
globo ocular.
Veias ciliares – veias provenientes do corpo ciliar.
Veias ciliares anteriores – acompanham as artérias ciliares anteriores.
Veia central da retina – acompanha a artéria central da retina.
Veias epiesclerais – ramos situados sobre a esclerótica.
Veias palpebrais – provenientes da pálpebra superior.
Veias conjuntivais – provenientes da conjuntiva.
Veia oftálmica inferior – proveniente da pálpebra inferior e da glândula
lacrimal, une-se à veia oftálmica superior ou então termina directamente
no seio cavernoso e plexo pterigoideu.
SISTEMA LINFÁTICO
O sistema linfático é constituído por tecidos linfáticos (linfóides) e por vasos linfáticos.
Os tecidos linfáticos são um tipo especial de tecido conjuntivo que possui grande
número de linfocitos. Encontramos tecido linfático (linfóide) no timo, nos gânglios
linfáticos e no baço. O tecido linfático é essencial para a defesa imunológica do
organismo contra bactérias, vírus e também contra o cancro.
Os vasos linfáticos são canais que ajudam o sistema vascular sanguíneo a remover
líquidos e proteínas dos espaços intersticiais dos tecidos e trazê-los de volta ao
sangue. O sistema linfático é essencialmente um sistema de drenagem, não há
circulação. Encontram-se vasos linfáticos em todos os tecidos e órgãos, à excepção
do SNC, do globo ocular, do ouvido interno, da epiderme, da cartilagem e do osso.
De um modo geral, os vasos linfáticos têm pequeno calibre e acompanham o trajecto
das veias e consequentemente, na cabeça, no pescoço e nos membros, dispõem-se
num sistema superficial e noutro profundo. Possuem numerosas válvulas, que têm
como função dirigir o sentido de progressão da linfa e lhe dão um aspecto em “rosário”
(com inúmeras dilatações e estrangulamentos). O movimento e a contracção muscular
são os factores que promovem a drenagem e a circulação da linfa.
Espalhados no trajecto dos vasos linfáticos encontram-se os gânglios linfáticos, que
são órgãos de filtração que removem partículas estranhas (bactérias, vírus ou células
cancerígenas) e desenvolvem respostas imunitárias. Quase sempre estão dispostos
em grupos ou cadeias ganglionares com 3, 10 ou mais gânglios.
A linfa, de aspecto incolor, é o nome dado ao líquido intersticial após entrar nos vasos
linfáticos. No sistema linfático do intestino delgado, circula o quilo, que tem origem nos
vasos intramurais do intestino e possui um aspecto leitoso devido à existência de
glóbulos de gordura (quilomicras).
Canal torácico direito – É um canal muito curto que se origina da união dos troncos
jugular, subclávio e broncomediastínico direitos. Termina no ângulo formado entre a
veia jugular interna direita e a veia subclávia direita.
São órgãos de filtração, dispostos ao longo dos vasos linfáticos. Possuem volume e
forma variável (arredondados ou ovais). A linfa tem de fazer uma passagem pelos
gânglios linfáticos antes de entrar na corrente sanguínea. São constituídos por um
córtex, uma medula e um hilo, e ainda por vasos linfáticos aferentes e vasos linfáticos
eferentes. Os gânglios linfáticos podem aumentar de volume quando há infecções,
processos neoplásicos (malignos) ou em doenças do próprio sistema linfático. Como
se afirmou atrás, encontram-se normalmente agrupados em cadeias ganglionares.
Podemos considerar os gânglios da cabeça e pescoço, dos membros superiores, do
tórax, do abdómen, da região pélvica e dos membros inferiores.
TIMO
O timo é um dos dois órgãos linfoides primários, sendo o outro a medula óssea. É
responsável pela formação dos linfocitos T. o timo faz ainda parte do eixo
neuroendócrino do organismo.
O aspecto macroscópico do timo varia muito com a idade. É maior no recém-nascido,
até aos quinze anos de idade, no entanto mantém actividade até à velhice. É um órgão
de consistência mole, dividido em dois lobos unidos na linha média por um istmo de
tecido conjuntivo que se destaca da cápsula de cada um dos lobos. A maior parte do
volume do timo localiza-se no mediastino superior e anterior. A extremidade inferior
pode alcançar a quarta cartilagem costal. Em cima alcança com frequência o pescoço,
chegando mesmo a alcançar o pólo inferior dos lobos da glândula tiroideia. Esta
extensão cervical é explicada pela origem embrionária do timo (3ª bolsa faríngea,
bilateralmente). A sua forma é condicionada pela moldagem efectuada pelos órgãos
adjacentes. No tórax localiza-se atrás do manúbrio esternal. Existe por vezes tecido
tímico ectópico ao nível do pescoço.
Ambos os lobos possuem uma cápsula fibrosa, a partir da qual se destacam septos
que penetram até à junção cortiço-medular, e separando parcialmente os lobolos que
são irregulares.
O timo é irrigado por ramos da artéria toráxica interna e tiroideia inferior.
As veias do timo drenam para o tronco venoso bráquio-cefálico esquerdo, veia toráxica
interna e veias tiroideia inferiores.
O timo não possui vasos linfáticos aferentes, os linfáticos eferentes têm origem na
medula do timo e na junção cortiço-medular, drenando através dos espaços
extravasculares, conjuntamente com as artérias e as veias do timo.
O timo é enervado pela cadeia simpática latero-vertebral, através do gânglio cervico-
toráxico (gânglio estrelado), e através da ansa subclávia através do vago.
O timo deriva embriológicamente de várias estruturas, incluindo derivados epiteliais
das bolsas faríngeas, de células mesenquimatosas, de células hemolinfoides e de
tecido vascular.
Ao corte apresenta um córtex externo, denso, celular, contendo essencialmente
células da linagem dos limfocitos T, os timocitos, e uma medula, interna, co menos
células linfoides.
SISTEMA (APARELHO) RESPIRATÓRIO
VIAS AÉREAS
As vias aéreas são constituídas por uma série de canais, sucessivamente mais finos,
com a morfologia dos ramos de uma árvore, cuja abertura para o exterior se faz por
intermédio das fossas nasais. Assim, consideraremos as vias aéreas constituídas por:
fossas nasais, boca, faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos. A boca e a
faringe, comuns ao sistema digestivo são descritas com aquele sistema.
Nariz
O nariz é constituído por duas partes distintas, a pirâmide nasal e as fossas nasais.
A pirâmide nasal corresponde à porção externa, visível, tem a forma de pirâmide
triangular de base inferior.
Pirâmide nasal
Na pirâmide existem alguns pontos de referência, nomeadamente; o apex nasal ou
ponta, que corresponde ao ângulo livre da pirâmide nasal; o nasion, que é o ponto, no
plano sagital em que os ossos nasais se articulam com o osso frontal; o rhinion, que é
o ponto, também no plano sagital em que os ossos nasais se articulam com a porção
lateral da cartilagem septal (cartilagens triangulares ou cartilagens superiores laterais).
A raiz do nariz corresponde à inserção da parte superior do nariz à fronte. O dorso
do nariz é a linha formada pela intersecção dos dois planos das faces laterais da
pirâmide nasal. O ângulo formado entre o lábio superior e a columela designa-se por
ângulo naso-labial e o ângulo formado entre o dorso do nariz e a face designa-se por
ângulo naso-facial. As asas do nariz são eminências arredondadas localizadas na
porção inferior das faces laterais da pirâmide nasal.
As narinas, são descritas como dois orifícios de forma elíptica, na base da pirâmide
nasal, que dão acesso às fossas nasais, sendo separadas entre si, na linha média por
uma coluna de tecido mole, colocada adiante do bordo caudal do septo nasal e que se
designa por columela. As narinas dão acesso ao vestíbulo da fossa nasal, que é
limitado posteriormente por uma prega, a válvula nasal (limen nasi ou limen vestibuli),
que é determinada pelo relevo provocado na fossa nasal pelo bordo superior da
cartilagem alar. O vestíbulo da fossa nasal é revestido por pele e possui pelos,
designados por vibrissas que têm uma função de filtro. Para dentro da válvula nasal a
fossa nasal é revestida por mucosa de tipo respiratório (epitélio ciliado
pseudoestratificado com um grande número de células mucosas).
Cartilagens nasais
Descrevem-se essencialmente: a cartilagem superior lateral (triangular) que
corresponde a duas expansões laterais do bordo superior da cartilagem septal. Têm
forma triangular de base inferior e articulam-se em cima com o bordo inferior dos
ossos nasais e em baixo com o bordo superior das cartilagens alares. As cartilagens
alares ou laterais inferiores formam a ponta nasal e conferem consistência à abertura
das narinas. São constituídas por uma crus medial e uma crus lateral.
A cartilagem vómero-nasal é uma pequena barra de cartilagem localizada ao longo do
bordo inferior da cartilagem do septo.
A cartilagem septal, tal como anteriormente descrito ocupa a porção anterior do septo
nasal.
As fossas nasais
Parede lateral
Da parede lateral destacam-se três ou por vezes quatro conchas nasais (cornetos)
que se designam de baixo para cima como concha nasal, inferior, média, superior e
suprema. O espaço entre a face lateral da concha nasal e a parede lateral da fossa
nasal é designado por meato.
O espaço remanescente por trás das conchas nasais é designado por meato naso
faríngeo.
Na porção anterior da parede lateral e adiante das conchas nasais são descritos, o
agger nasi que é uma saliência entre a concha nasal média e o dorso nasal e é um
ponto de referência para localização do saco lacrimal.
O sulco olfactório localiza-se acima do agger nasi e estende-se até à porção olfactória
da fossa nasal.
O atrium do meato médio é uma depressão localizada abaixo e atrás do agger nasi,
que conduz ao meato médio e que se situa acima e à frente da inserção da concha
nasal inferior.
Na zona anterior do meato inferior, imediatamente por baixo do bordo inferior do
corneto inferior, existe o orifício inferior do canal lácrimo-nasal. Por vezes este orifício
apresenta uma prega mucosa, a plicalacrimalis ou válvula de Hasner.
No meato médio há a referir por vezes, a presença de uma concha bullosa que
corresponde à uma porção pneumatizada do corneto médio, em continuidade com as
células etmoidais. Pode ainda descrever-se paradoxal, o que significa que tem a
convexidade lateral em vez de medial.
Na parte mais alta do meato médio, descreve-se o recesso frontal, onde se localiza o
orifício do seio frontal.
O ramo descendente do meato médio estende-se do recesso frontal para baixo e para
trás e compreende a bulla etmoidal, o processo uncinato (apófise semilunar) e o hiato
semilunar.
A bulla etmoidal é uma saliência arredondada no meato médio e determinada pela
presença da maior célula etmoidal. O recesso supra bullar está localizado acima da
bulla.
O recesso esfenoetmoidal fica entre os cornetos superior e supremo, quando este
existe, e a face anterior do corpo do esfenóide.
Seios peri-nasais
Os seios peri nasais são revestidos por uma mucosa de tipo respiratório em que os
cílios batem na direcção do ostium. Esta mucosa é no entanto mais fina e menos
vascularizada que a das fossas nasais.
Seio frontal
Tem dimensões e volume muito variável (média: 7 ml de vol). Pode apresentar septos
no seu interior, apresentando normalmente duas extensões, uma superior e uma
posterior. Os dois seios frontais são habitualmente assimétricos. A comunicação com
a fossa nasal pode efectuar-se através de um canal (canal naso-frontal) ou
directamente através de um ostium.
Células etmoidais
As células etmoidais, localizadas no interior das massas laterais, ocupam o espaço
compreendido entre a parede medial da órbita e a parede lateral da fossa nasal. O seu
número é muito variável (3 a 18) e o volume médio do conjunto destas células é de
14ml. As células etmoidais são divididas em anteriores e posteriores, sendo que as
anteriores abrem-se no meato médio e as posteriores abrem-se nos meatos superior e
supremo nas paredes das massas laterais do etmóide existem frequentemente
hemicélulas que são completadas por hemicélulas dos ossos, frontal, maxila, lacrimal,
esfenóide e palatino. A maior célula etmoidal designa-se por bulla ethmoidalis. A maior
célula do grupo posterior (célula de Onodi) é um ponto de referência do nervo óptico
durante cirurgia.
Por vezes existe uma célula junto ao orifício de drenagem do seio maxilar (célula de
Haller) e por vezes uma outra junto à zona de drenagem do seio frontal (bulla frontal),
que podem ocluir a drenagem destes seios.
Seio esfenoidal
Os seios esfenoidais direito e esquerdo são normalmente assimétricos, bem como o
septo que os separa. Raramente podem comunicar entre si. O seio esfenoidal está
adjacente, em cima à fossa cerebral média e à sela turca e glândula pituitária
(hipófise). Lateralmente relaciona-se com o seio cavernoso, com a carótida interna e
nervo óptico. Na parede do seio esfenoidal existe em 40% dos casos uma
proeminência, determinada pela passagem do nervo óptico, podendo este estar
deiscente. Existe uma outra proeminência, determinada pela passagem da artéria
carótida interna, podendo esta artéria também estar deiscente. O limite posterior do
seio esfenoidal está adjacente à fossa cerebral posterior. O limite inferior corresponde
à parede póstero-superior da naso-faringe. O pavimento pode apresentar uma
saliência determinada pela passagem do nervo vidiano. A parede anterior apresenta
os orifícios de cada um dos seios esfenoidais que se abrem no recesso
esfenoetmoidal, por cima e atrás da concha nasal superior. Podem existir dois ostia
em cada um dos seios.
LARINGE
Anatomia da laringe
Aspectos com implicações clínicas e cirúrgicas
Cartilagens da laringe
A laringe integra um conjunto de cartilagens de que destacamos alguns dados
morfológicos. A cartilagem tiroideia é formada por duas lâminas quadriláteras
abertas em ângulo diedro de abertura posterior. O bordo superior da cartilagem é
convexo na sua porção anterior e côncavo na sua porção posterior e dá inserção à
membrana tiro-hioideia. A projecção cutânea do bordo anterior desta cartilagem
constitui a proeminência laríngea (maçã de Adão). Na sua face lateral é descrita a
linha oblíqua que dá inserção aos músculos esternotiroideu, tirohioideu e constritor
inferior da faringe. Da extremidade superior do bordo posterior de cada lâmina da
cartilagem tiroideia destaca-se, o corno superior que dá inserção ao ligamento
tirohioideu lateral. Este ligamento contém no seu interior a cartilagem triticial. Da
extremidade inferior do bordo posterior da lâmina destaca-se o corno inferior que
apresenta uma faceta que se articula com a porção póstero-lateral da cartilagem
cricoideia. A superfície interna é coberta por mucosa. Anteriormente dá inserção ao pé
da cartilagem epiglote. Superiormente e de cada lado inserem-se os ligamentos
vestibular e vocal e os músculos vocais.
A cartilagem cricoideia forma um anel completo, e localiza-se por baixo da
cartilagem tiroideia. A sua porção anterior, mais estreita, é designada por arco
cricoideu e dá inserção aos músculos, cricotiroideu, anteriormente e ao músculo
constritor inferior da faringe, posteriormente. A porção posterior, mais espessa, é
designada como lâmina cricoideia.
Na porção póstero-superior da lâmina cricoideia existe uma faceta que se articula com
a base da cartilagem aritnoideia.
A cartilagem epiglote localiza-se na porção superior da laringe, atrás da lingua e do
osso hióide. Apresenta-se perfurada por pequenos orifícios que contém glândulas
mucosas. A extremidade inferior é designada por petiolo e encontra-se unido à
cartilagem tiroideia através do ligamento tiro-epiglótico. Por cima do peciolo descreve-
se o tubérculo epiglótico. A epiglote está unida anteriormente ao osso hioide através
do ligamento hio-epiglótico. A porção mais alta da epiglote é livre e coberta por uma
mucosa que se reflecte para a base da língua e para a parede lateral da faringe,
formando as pregas glosso-epiglóticas mediana e laterais e entre elas as valéculas
glosso-epiglóticas.
Nas cartilagens aritnoideias temos a referir, o processo vocal que dá inserção à
extremidade posterior da verdadeira corda vocal e que se projecta da base da
cartilagem, o processo muscular que se projecta lateral e posteriormente a partir da
base da cartilagem, e que dá inserção aos músculos cricoaritnoideu posterior e crico-
aritnoideu lateral. O apex articula-se com a cartilagem corniculada ou de Santorini.
Na base descreve-se a faceta articular para a cartilagem cricoideia.
Espaços laríngeos
As cartilagens, os ligamentos e as membranas da laringe, determinam a formação de
espaços virtuais, os espaços laríngeos. Descrevem-se assim: o espaço
préepiglótico, limitado anteriormente pela cartilagem tiroidiea, superiormente pela
valécula e pelo ligamento tiroepiglótico mediano, posteriormente pela face anterior da
epiglote e lateralmente continua-se com o espaço periglótico; o espaço periglótico é
limitado anteriormente pelo pericôndrio que reveste internamente a cartilagem
tiroideia, o cone elástico e a membrana quadrangular, medialmente é limitado pelo
ventrículo laríngeo e posteriormente por uma reflexão da mucosa do seio piriforme; o
espaço subglótico é limitado em cima pela corda vocal e superiormente e
lateralmente pelo cone elástico. Descreve-se ainda o espaço de Reinke, entre a
mucosa e o músculo vocal.
Músculos da laringe
Os músculos da laringe são divididos em intrínsecos e extrínsecos.
Os músculos extrínsecos movem a laringe como uma unidade, fazendo-a ascender ,
descender ou ocupar uma posição mais anterior, a deglutição ou a fonação. Dividem-
se em quatro grupos. O primeiro é constituído pelos músculos infra-hioideus que são o
omohioideu, o esternohioideu, e o tirohioideu que baixam a laringe. O segundo grupo é
constituído pelos músculos estilo-hioideu, digástrico e milo-hioideu que elevam a
laringe. O terceiro grupo é constituído pelo estilo-faríngeo e pelo palato-faríngeo, que
elevam a faringe e a laringe. O grupo quatro integra os músculos constritores médio e
inferior da faringe.
Os músculos intrínsecos alteram a forma e as dimensões do adito laríngeo e da glote.
Os músculos intrínsecos da laringe são todos enervados pelo nervo laríngeo inferior
ou recorrente, com excepção do músculo crico-tiroideu que é enervado pelo ramo
externo do nervo laríngeo superior.
Os músculos intrínsecos são: o cricotiroideu, que é um tensor e secundariamente um
adutor das cordas vocais; o músculo cricoaritnoideu posterior, que é um abdutor das
cordas vocais; o músculo cricoaritnoideu lateral, adutor das cordas vocais e com acção
ao cricoaritnoideu posterior; o músculo interaritnoideu adutor da porção mais posterior
das cordas vocais; os músculos aritnoideus oblíquos, adutores das cordas vocais;
músculo tiroaritnoideu externo, que é um antagonista dos músculos crico-tiroideu e
cricoaritnoideu posterior, sendo um adutor das falsas cordas vocais; músculo
tiroaritnoideu interno ou músculo vocal, que é adutor e tensor das cordas vocais.
Mucosa da laringe
A laringe é recoberta por epitélio de tipo respiratório, com excepção da metade
superior da face posterior da epiglote, da porção superior das pregas aritnoepiglóticas
e das cordas vocais.
Artérias da laringe
A laringe é irrigada pelas artérias, laríngea superior, laríngea inferior e artéria
cricotiroideia. A artéria laríngea superior é ramo da artéria tiroideia superior, tendo
origem junto ao polo superior do lobo lateral da glândula tiroideia. Após a sua origem
passa horizontalmente pela porção posterior da membrana tiro-hioideia juntamente
com o ramo interno do nervo laríngeo superior. Atravessa de seguida a membrana, por
baixo do nervo e corre por baixo deste na submucosa da parede lateral e do
pavimento do seio piriforme. Irriga a mucosa e os músculos da laringe. A artéria
laríngea inferior é ramo da artéria tiroideia inferior. Corre ao longo do trajecto do nervo
laríngeo inferior até à face posterior da articulação crico-tiroideia, penetrando a laringe
através de um orifício profundo, relativamente ao bordo inferior do músculo constritor
inferior da faringe (área de Killian-Jamieson). Irriga a mucosa e músculos e
anastomosa-se com ramos da artéria laríngea superior. A artéria crico-tiroideia é ramo
da artéria tiroideia superior e origina-se ao nível da membrana crico-tiroideia.
Veias da laringe
São constituídas essencialmente pelas veias laríngeas superior e inferior que
apresentam um trajecto semelhante às artérias, drenando para as veias tiroideias
superior e inferior, respectivamente.
Linfáticos da laringe
A rede linfática da laringe é muito rica, excepto ao nível das cordas vocais. Os
linfáticos da laringe são divididos nas regiões supra-glótica e infra-glótica, não
existindo qualquer anastomose linfática entre estas duas regiões. Ambas as regiões
para a região lateral do pescoço. Os linfáticos da região supra-glótica percorrem o
pavimento do seio piriforme e acompanham a artéria laríngea superior, drenando para
os gânglios jugulares superiores. Alguns destes vasos linfáticos drenam para os
gânglios prélaríngeos. A rede linfática subglótica é menos rica e drena através da
membrana crico-tiroideia para os gânglios laríngeos anteriores (gânglios de Delfos).
Alguns destes vasos eferentes alcançam os gânglios pré e peri-traqueais, estes
últimos acompanham o trajecto do nervo recorrente. Alguns vasos linfáticos
acompanham a artéria laríngea inferior e o nervo recorrente, alcançando a partir daí os
gânglios linfáticos cervicais profundos inferiores. Alguns vasos linfáticos podem drenar
directamente para os gânglios da fossa supra-clavicular.
Nervos da laringe
Referem-se os nervos laríngeo superior e o nervo laríngeo inferior ou recorrente.
O nervo laríngeo superior é ramo colateral do nervo vago. Corre medialmente às
artérias carótidas interna e externa e divide-se em dois ramos, um externo e um
interno. O ramo externo dirige-se para baixo e para diante ao longo da face lateral do
músculo constritor inferior da faringe. Ao longo do seu trajecto fornece um ramo para o
músculo constritor inferior e enerva o músculo crico-tiroideu. Tem uma relação de
proximidade estreita com a artéria tiroideia superior. O ramo interno, passa entre o
músculo tiro-hioideu e a membrana tiro-hioideia, penetrando a membrana tiro-hioideia
acompanhado pela artéria laríngea superior. O nervo laríngeo superior enerva parte da
base da língua, as valéculas, a epiglote, o seio piriforme, o vestíbulo, as bandas
vestibulares e o ventrículo laríngeo. Enerva ainda a região posterior da laringe e
anterior da faringe, ao nível da cartilagem cricoideia.
O nervo laríngeo inferior ou recorrente é igualmente ramo colateral do nervo vago.
Após a sua origem tem um trajecto ascendente, percorrendo o sulco traqueo-
esofágico, acompanhando o bordo posterior do lobo lateral da glândula tiroideia, sendo
a sua face anterior, na maior parte dos casos, cruzada pela artéria tiroideia inferior.
Penetra a laringe, acompanhado pela artéria laríngea inferior, imediatamente atrás da
articulação crico-tiroideia. Divide-se em dois ramos, anterior e posterior, podendo esta
divisão efectuar-se antes do nervo penetrar na laringe. O ramo anterior passa acima a
à frente da porção mais lateral dos músculos crico-aritnoideu lateral e tiro-aritnoideu. O
ramo posterior enerva os músculos crico-aritnoideu, aritnoideu transverso e aritnoideu
oblíquo.
O sistema digestivo é constituído pelo tubo digestivo e seus anexos (Fig. 185).
TUBO DIGESTIVO
Vascularização e Inervação
As artérias responsáveis pela vascularização desta região são ramos da artéria
maxilar (artérias bucais, sub-orbitárias, alveolares, mentonianas), da artéria facial e da
artéria temporal superficial (artéria transversa da face).
A drenagem venosa é feita pelas veias faciais, que constituem o tronco tributário
principal; pela veia temporal superficial e, profundamente, pelo plexo pterigoideu.
A linfa desta zona é drenada para os gânglios parotidianos e submandibulares.
Os nervos das bochechas são motores e sensitivos. Os ramos motores provêm do
nervo facial; os ramos sensitivos provêm do nervo trigémio (nervo bucal e nervo
infra-orbitário).
Parede Inferior
Constitui o chamado pavimento da boca e é dela que emerge a língua.
Descreveremos o sulco alveolo-lingual e a língua.
Sulco Alveolo-Lingual
É o espaço compreendido entre a língua e a arcada dentária inferior; nesta porção
do pavimento da boca encontram-se os dois músculos milo-hióides, que formam o
“diafragma oris”; e uma prega músculo-membranosa, que se fixa à língua – o freio
da língua – (referido adiante); de cada lado deste freio existe a eminência
sublingual (correspondente às glândulas sublinguais) e a prega sublingual
(correspondente ao canal das glândulas submandibulares).
Corpúsculos gustativos
São estruturas epiteliais microscópicas em forma de barril, que contêm quimio
receptores celulares, em contacto, através de sinapses com ramos dos nervos
gustativos. São muito numerosos em todos os tipos de papilas linguais, excepto nas
papilas filiformes. Os corpúsculos gustativos não se encomtram apenas nas papilas
mas existem dispersos por toda a superfície dorsal da língua, e ainda, raramente, na
epiglote e na face inferior do palato mole.
Cada corpúsculo gustativo está unido por uma sinapse, a um dos três nervos
cranianos que veiculam o sentido do gosto, isto é, o nervo facial, o glosso-faríngeo ou
o vago. Estas estruturas partilham algumas características fisiológicas com os
neurónios, por exemplo, a geração do potencial de acção e a transmissão sináptica,
sendo assim comunmente referidos como paraneurónios.
Existe uma considerável variação na distribuição dos corpúsculos gustativos, no
Humano. São mais abundantes nas porções mais posteriores da língua,
particularmente em redor das paredes das papilas circunvaladas (valadas) e dos seus
sulcos circundantes onde existem em média 250 corpúsculos por cada uma das 8 a 12
papilas. Mais de mil corpúsculos encontram-se distribuídos nos bordos laterais da
língua, mais particularmente junto à porção mais posterior das papilas foliáceas. São
raros nas papilas fungiformes. Os existentes na epiglote e no palato mole
desaparecem quase por completo durante o desenvolvimento pós natal.
Discriminação gustativa
Os receptores gustativos detectam quatro categorias principais de sensasões
gustativas, classificadas como: salgado, doce, amargo e ácido.
Foram sugeridas outras qualidades gustativas como o sabor metálico e o umami (
sabor japonês tipificado pelo glutamato de sódio).
Embora seja frequentemente postulado que algumas áreas particulares da língua
sejam especializadas para detectar estes diferentes sabores, as evidências científicas
indicam que todas as áreas da língua são capazes de responder a todos os estímulos
gustativos.
Cada fibra nervosa aferente está largamente conectada com corpúsculos gustativos
distantes uns dos outros e pode responder a vários estímulos químicos. Alguns
respondem aàs quatro categorias clássicas, outros a um número menor ou apenas a
uma. Dentro de uma classe particular de sabores, os receptores são
diferenciadamente sensíveis a uma grande variedade de substâncias químicas. No
entanto, cada corpúsculo isolado é apenas capaz de detectar um número restrito de
substâncias químicas em solução aquosa.
É particularmente difícil separar as percepções do sabor e do olfacto. As mucosas das
cavidades oral e nasal são contínuas e estão em comunicação, e assim, muito do que
é percepcionado como sabor é resultante de odores transportados por via aérea que
passam pela cavidade oral e são transportados através da naso-faringe até à área
olfactiva, nas fossas nasais.
Músculos da Língua
São dezassete músculos (Fig. 188), dos quais oito são pares e apenas um, o
músculo longitudinal superior, é ímpar. Podem classificar-se em três grupos,
segundo a sua origem:
a) Músculos com origem nos ossos vizinhos:
músculo genioglosso
músculo hioglosso
músculo estiloglosso
b) Músculos com origem nos órgãos próximos (faringe):
músculo palatoglosso
músculo amigdaloglosso
músculo longitudinal superior
músculo longitudinal inferior
porção glossofaringea do músculo constritor superior da faringe
c) Músculos com origem na própria língua:
músculo transverso
Os músculos linguais permitem os seguintes movimentos da língua:
Protrusão – Este movimento é feito pelos músculos genioglossos de ambos os lados,
actuando em conjunto.
Retrusão – É permitido pelos músculos estiloglosso e hioglosso de ambos os lados,
actuando em conjunto.
Depressão – Deve-se aos músculos hioglosso e genioglosso dos dois lados
contraindo-se em conjunto.
Retrusão e elevação do 1/3 posterior da língua – É produzido pelos músculos
estiloglosso e palatoglosso de ambos os lados, actuando em conjunto.
As gengivas são compostas por tecido fibroso denso, intimamente ligado ao periósteo
das apófises alveolares, envolvendo o colo dos dentes. Estão cobertas por membrana
mucosa lisa e vascular, com sensibilidade limitada. À volta do colo dos dentes, esta
membrana apresenta numerosas papilas e reflecte-se em direcção ao alvéolo, onde se
continua pela membrana perióstica destas cavidades. Estão também unidas ao dente
pela inserção epitelial de Gottlieb que, com a idade se vai descolando, dirigindo-se até
ao ápice radicular.
Entre o epitélio gengival e o esmalte do dente encontra-se um pequeno sulco que
circunda a coroa do dente – o sulco gengival.
Consideram-se duas gengivas, uma superior e uma inferior:
A gengiva superior separa a abóbada palatina da bochecha e do lábio superior;
A gengiva inferior separa a parede inferior da boca, da bochecha e do lábio
inferior.
A mucosa gengival, tal como os relevos ósseos sobre os quais se estende, apresenta,
tanto em cima como em baixo, uma forma de ferradura de concavidade posterior.
FARINGE
É bem desenvolvida em cima, local onde substitui o músculo constritor superior que,
ao nível do recesso faríngeo não alcança a base do crânio. O espaço entre o músculo
constritor superior e a base do crânio é conhecido como seio de Morgagni.
A aponevrose faríngea espessa-se ao nível das amígdalas palatinas onde forma um
leito tonsilar (amigdalino) fibroso. Esta aponevrose torna-se menos espessa na
porção inferior da faringe. Em cima insere-se no tubérculo faríngeo do occipital,
lateralmente no occipital e na porção petrosa do osso temporal. Dai, vira em sentido
antero-medial, junto à espinha do esfenoide, inserindo-se ao longo da porção
cartilagínea da trompa auditiva (trompa de Eustáquio). Em seguida separa os
músculos, elevador e tensor do palato. Em baixo insere-se ao nível da rafe
pterigomandibular, extremidade posterior da linha milo-hióideia da mandíbula, osso
hióide e cartilagem tiroideia.
Parede muscular
A parede muscular é recoberta por uma fina fascia. Encontra-se separada da fascia
prevertebral por um tecido conjuntivo laxo que forma o espaço retrofaríngeo. Este
espaço retrofaríngeo estende-se para ambos os lados entre a faringe e os músculos
pterigoideus mediais, constituindo o espaço laterofaríngeo.
As porções da faringe
Nasofaringe
Orofaringe
A orofarínge continua-se adiante com a cavidade oral, através do istmo das fauces ou
istmo orofaríngeo. É limitada em cima pelo bordo posterior do palato mole,
lateralmente pelos arcos palatinos, inferiormente pela porção posterior da face
superior da língua. Por baixo do istmo das fauces, a sua parede anterior é formada
pela porção mais posterior do dorso da língua. Posteriormente à base da língua, vê-se
o bordo livre da cartilagem epiglote da laringe, que se encontra unida à língua por três
pregas, as pregas glosso-epiglóticas, mediana e laterais. Entre estas pregas
encontram-se as valéculas glosso-epiglóticas.
A amígdala lingual é um conjunto irregular de tecido lifoide que se localiza na base da
língua, ao nível da submucosa. A amígdala lingual, ao contrário das amígdalas
palatinas, não tem uma cápsula fibrosa.
Na parede lateral da orofaringe descrevem-se os arcos palatinos, também designados
como pilares amigdalinos. As amígdalas palatinas localizam-se entre os arcos
palatinos. O arco anterior, ou prega glosso-palatina, apresenta no seu interior o
músculo palato-glosso. O arco posterior é mais proeminente estendendo-se desde o
palato mole até à parede postero-lateral da orofaringe. Apresenta no seu interior o
músculo palato-faríngeo.
Amígdalas palatinas
As amígdalas palatinas são a maior estrutura lifoide do anel de Waldeyer. São
constituídas por tecido linfoide e possuem uma cápsula fibrosa. A cápsula está unida
aos músculos da faringe por um tecido conjuntivo laxo, o que permite a dissecção da
amígdala e sua cápsula, do músculo, através do espaço perifaringeo. Apresentam na
sua superfície numerosas criptas, as criptas amigdalinas.
A loca amigdalina é limitada pelos músculos constritor superior da faringe e palato-
faríngeo. O IX par craniano, o nervo glosso-faríngeo passa profundamente a estes
músculos.
A apófise estiloideia, pode eventualmente ter um comprimento exagerado, alcançando
a fossa amigdalina e pode ser assim, causa de patologia.
As artérias que se destinam às amígdalas palatinas penetram maioritariamente, o
órgão junto ao seu pólo inferior.
A drenagem venosa das amígdalas é feita maioritariamente para a veia lingual.
Os linfáticos das amígdalas palatinas são constituídos por uma rede muito rica que
drena preferencialmente para os gânglios linfáticos profundos superiores, gânglios
submandibulares e gânglios cervicais superficiais.
Laringo-faringe ou Hipofaringe
Esta parte da faringe termina, em cima, ao nível do osso hióide, em baixo, ao nível do
bordo inferior da cartilagem cricoideia da laringe, local onde se estreita para se
continuar com a extremidade superior do esófago. Postero-lateralmente é limitada pelo
osso hióide e pela cartilagem tiroideia da laringe e anteriormente é limitada:
lateralmente pela mucosa da face medial da cartilagem tiroideia, medialmente pela
laringe, superiormente pela epiglote e pelo aditus laríngeo, inferiormente pela face
posterior das cartilagens aritnoideias e pelas pregas anexas a estas cartilagens, e
ainda pela cartilagem cricoideia e pelos músculos que nela se inserem e que são
recobertos posteriormente pela mucosa da faringe.
Seio piriforme
É uma estrutura descrita na hipofaringe e que é limitado lateralmente pela cartilagem
tiroideia e pela membrana tiro-hioideia, medialmente pela prega aritnoepiglótica,
cartilagem aritnoideia e cartilagem cricoideia, em cima pelas pregas glosso-epiglóticas
e posteriormente é aberto para a restante hipofaringe.
Músculos da faringe
Os músculos da faringe dividem-se em dois grupos. Os músculos circulares (músculos
constritores) e os músculos longitudinais.
Todos os músculos da faringe são enervados pelo nervo glosso-faríngeo, IX par
craniano, à excepção do músculo estilo-faríngeo. Os músculos da faringe recebem
também enervação do X par craniano, nervo vago.
Enervação da faringe
Artérias da faringe
A faringe é irrigada pela artéria faríngea ascendente, ramo da artéria carótida externa.
Recebe ainda ramos da artéria tiroideia superior, da artéria tiroideia inferior, da artéria
do canal pterigoideu (artéria vidiana), um ramo da artéria maxilar, um ramo da artéria
esfeno-palatina e pelas artérias tonsilares.
Veias da faringe
A drenagem venosa é feita para o plexo faríngeo que é formado pela confluência das
veias da faringe. O plexo faríngeo comunica em cima com o plexo pterigoideu e em
baixo com as veias tiroideia superior e lingual, ou directamente com a veia facial ou a
veia jugular interna.
Existe um segundo plexo faríngeo, localizado junto à mucosa da faringe e que
comunica com as veias superficiais da língua e drena para as veias laríngeas
superiores e para as veias esofágicas.
Linfáticos da faringe
A mucosa da faringe possui uma rede linfática muito rica, particularmente na zona da
amígdala palatina. Os linfáticos da parede superior da nasofaringe e da parede
posterior drenam para o gânglio latero-faríngeo que é um gânglio constante, medial
em relação à carótida interna.
Os linfáticos da região tonsilar drenam directamente para os gânglios cervicais
profundos. Também os linfáticos do seio piriforme e de toda a hipofaringe drenam para
os gânglios cervicais profundos.
O plexo linfático da parede posterior recebe os linfáticos das fossas nasais.
Os linfáticos da faringe drenam ainda para os gânglios retro-faríngeos.
ESÓFAGO
Artérias do esófago
O esófago cervical é irrigado pela artéria tiroideia inferior. O esófago torácico é irrigado
pelas artérias brônquicas e pelas artérias esofágicas, que são três ou quatro artérias
que se originam da face anterior da aorta. A porção inferior do esófago torácico e o
esófago abdominal é irrigada por ramos das artérias frénicas e ramos da artéria
gástrica esquerda. Existe uma grande quantidade de anastomoses entre estes vasos,
formando-se uma rede vascular esofágica.
Veias do esófago
A drenagem venosa do esófago é feita para um plexo venoso submucoso e depois
para um plexo venoso peri-esofágico. As veias esofágicas originam-se a partir deste
plexo. As veias do esófago torácico drenam essencialmente para as veias ázigos.
Existe também alguma drenagem para as veias brônquicas. O esófago cervical drena
para a veia tiroideia inferior. A porção abdominal do esófago drena para a veia gástrica
esquerda e daí para a veia porta.
As anastomoses existentes entre as veias esofágicas e a veia gástrica esquerda, põe
em comunicação a circulação da veia cava e a circulação da veia porta, constituindo
uma anastomose porto-cava. Em caso de hipertensão na veia porta, estas
anastomoses vão permeabilizar, levando à formação de varizes esofágicas. As varizes
esofágicas podem ser observadas em exame endoscópico, visto localizarem-se
superficialmente a nível da lâmina própria.
Linfáticos do esófago
O esófago possui uma rica rede linfática submucosa. Os vasos linfáticos eferentes da
região cervical drenam para os gânglios cervicais profundos, quer directamente, quer
através dos gânglios para-traqueais. Os vasos linfáticos do esófago torácico drenam
para os gânglios mediastínicos posteriores. Os da porção abdominal do esófago,
drenam para os gânglios linfáticos gástricos esquerdos. Alguns vasos linfáticos
esofágicos podem drenar directamente para o canal torácico.
Enervação
A porção superior do esófago é enervada por ramos do nervo laríngeo recorrente
(laríngeo inferior) e por fibras simpáticas pós ganglionares que alcançam o esófago,
percorrendo as artérias tiroideias inferiores. A porção inferior do esófago é enervada
pelo plexo esofágico que é uma rede de fibras do sistema nervoso autónomo e que
contem fibras simpáticas e para-simpáticas. As fibras motoras são fornecidas pelo
nervo vago. Este nervo fornece ainda fibras secreto-motoras para as glândulas da
mucosa esofágica e fibras sensitivas.
Existem fibras viscerais aferentes que veiculam a dor e que caminham pelas fibras
simpáticas dos primeiros quatro segmentos da medula espinal. Estes segmentos
recebem também fibras aferentes do coração. Este facto explica o porquê de ser por
vezes difícil distinguir clinicamente entre dor esofágica e cardíaca.
Glândula Parótida
É a mais volumosa das glândulas salivares (Fig. 197). Situa-se atrás do ramo
ascendente da mandíbula, numa escavação profunda, o espaço parotidiano, por baixo
do canal auditivo externo, adiante das apófises mastóide e estilóide e dos músculos
que aí se inserem. O seu peso aproximado é de 25 gramas. Apresenta uma forma
prismática triangular, portanto, consideramos: uma face lateral, uma anterior, uma face
posterior, uma extremidade superior, uma extremidade inferior, um bordo anterior, um
bordo medial e um bordo posterior.
A face lateral é convexa e está coberta pela aponevrose cervical superficial que se
estende adiante da bainha do esternocleidomastoideu até à aponevrose massetérica.
A face anterior tem a forma de um canal vertical, côncavo para diante. Relaciona-se,
de fora para dentro, com o bordo posterior do masséter e sua aponevrose, com o
bordo posterior do ramo ascendente da mandíbula, com o pterigoideu medial e seu
revestimento aponevrótico.
A face posterior olha para trás, para baixo e para dentro. Relaciona-se, de fora para
dentro, com o bordo anterior do esternocleidomastoideu, com o digástrico, com o
estilo-hioideu e com o estiloglosso.
A extremidade superior relaciona-se adiante com a articulação temporomandibular e
atrás com o canal auditivo externo.
A extremidade inferior repousa sobre o septo fibroso que separa a parótida da
glândula submandibular.
O bordo anterior relaciona-se com a face lateral do masseter. É deste bordo que
emerge o canal da glândula.
O bordo medial segue o ligamento estilomaxilar.
O bordo posterior relaciona-se com o bordo anterior do esternocleidomastoideu.
O canal excretor da glândula parótida é o canal parotidiano (de Sténon). Tem o seu
trajecto na bochecha. O orifício de abertura deste canal, no interior da cavidade bucal,
situa-se ao nível dos molares superiores.
O nervo facial VII par craniano, após a saída da base do crânio pelo buraco estilo-
mastoideu, penetra na glândula parótida. No interior da glândula o nervo origina os
seus ramos terminais. Embora não exista uma separação morfológica, a passagem
deste nervo pela glândula permite definir dois lobos, um superficial, para fora do nervo
e um profundo, para dentro do nervo e seus ramos.
As artérias que vascularizam a parótida são os ramos parotidianos da carótida externa
e da auricular posterior. As veias drenam para a jugular externa. Os linfáticos
terminam nos gânglios linfáticos parotidianos. Os nervos provêm do nervo aurículo-
temporal, ramo auricular do plexo cervical superficial e do simpático anexo à carótida
externa.
Glândula Submandibular
Situa-se na porção lateral da região supra-hioideia e ocupa a depressão compreendida
entre a face medial da mandíbula e os músculos supra-hióideus, por um lado e, a face
lateral da base da língua e da faringe, por outro (Fig. 198). Apresenta a forma de uma
amêndoa e pesa, aproximadamente, 7 gramas.
Consideramos a existência de três faces, três bordos e duas extremidades.
A face lateral superior relaciona-se com a fossa submandibular e, atrás desta, com a
face medial do pterigoideu medial.
A face lateral inferior é revestida pela aponevrose cervical superficial, o platisma e a
pele.
A face medial ou profunda relaciona-se adiante com os músculos digástrico,
milohioideu e hioglosso, com o nervo hipoglosso, e, por intermédio do músculo
hioglosso, com a artéria lingual; atrás relaciona-se com a parede lateral da faringe,
cruzada a este nível pelo músculo estiloglosso.
O bordo lateral relaciona-se com o bordo inferior da mandíbula.
O bordo superior relaciona-se adiante o músculo milohioideu, atrás com o sulco
alveolo-lingual.
O bordo inferior é convexo para baixo.
A extremidade anterior situa-se um pouco atrás do ventre anterior do digástrico.
A extremidade posterior relaciona-se com o septo intermaxiloparotidiano.
No interior do espaço submandibular, a glândula relaciona-se com a veia facial, com
os nódulos linfáticos submandibulares e com a artéria facial.
Ao nível do músculo milo-hioideu, a glândula submandibular divide-se em dois
prolongamentos, um por dentro e outro por fora do músculo, sendo o último o mais
volumoso.
O canal excretor desta glândula denomina-se canal submandibular (de Wharton),
mede cerca de 4 a 5 cm e abre-se no pavimento da boca, de cada lado do freio da
língua.
A irrigação arterial é da responsabilidade das artérias facial e submentoniana. As veias
drenam para a veia facial. Os linfáticos drenam para os gânglios submandibulares. Os
nervos provêm do gânglio submaxilar, do nervo lingual e da corda do tímpano, por
intermédio do nervo lingual.
Glândula Sublingual
Situa-se no pavimento da boca, por baixo da mucosa do sulco alvéolo-lingual. É
alongada no sentido do sulco, aplanada transversalmente e ligeiramente afilada nas
suas extremidades. Pesa, aproximadamente, 3 gramas.
A glândula sublingual possui cerca de 15 a 30 canais excretores, sendo o canal
sublingual maior o mais volumoso desta glândula; nasce na face profunda da glândula,
contorna o canal submandibular, abrindo-se por fora deste, na carúncula sublingual.
Os restantes canais excretores são pequenos e curtos e denominam-se canais
sublinguais menores e terminam por fora do canal maior, ao longo da eminência
sublingual formada por esta glândula.
A irrigação arterial é realizada pela artéria sublingual. A drenagem venosa é feita pelas
veias profundas da língua. A drenagem linfática faz-se para os gânglios
submandibulares e para os da cadeia jugular interna. Os nervos são provenientes do
gânglio sublingual e da corda do tímpano, por intermédio do nervo sublingual, ramo do
nervo lingual.
Saliva
Composição
Todas as glândulas salivares, major e minor contribuem para a composição da saliva.
Esta composição varia de acordo com os níveis de secreção que normalmente são
baixos durante o sono e altos, cerca de 1ml por minuto, durante a estimulação. A
secreção salivar é controlada pelo centro salivar, no cérebro e o fluxo é gerado pelo
sentido do gosto. A mastigação é controlada através de receptores localizados no
periodonto e nos músculos mastigadores. A dor na cavidade oral e na faringe pode
também induzir a secreção salivar.
A saliva possui menos iões e proteínas que o sangue. A saliva contem potássio,
cloreto de sódio, cálcio, magnésio, fósforo, carbonatos, ureia, e vestígios de amónia,
ácido úrico, glicose e lípidos. A principal proteína salivar é a amilase que é segregada
pela parótida e em menor quantidade pela submandibular. As sublinguais e as
glnândulas minor não produzem amilase. A saliva contem ainda proeinas lizossomais
e albumina. A textura viscosa da saliva resulta da presença de mucina que é uma
mistura de glicoproteinas. A saliva contem células descamadas do epitélio da cavidade
oral, linfocitos, provenientes das amígdalas e leucócitos provenientes das bolsas
gengivais.
Funções
A saliva tem como principais funções as seguintes:
Lavar as superfícies dos dentes e reduzir a possibilidade de ataque ácico que provoca
cárie dentária
Manter os tecidos da cavidade oral húmidos e proteger contra agentes irritantes e a
secura.
Auxiliar os processos de mastigação e deglutição.
Induzir proteção antibacteriana.
Colaborar na formação de película que é membrana protectora da superfície dos
dentes.
Providenciar protecção, neutralizando ácidos e actuando como tampão, prevenindo a
dissolução do esmalte.
TRONCO CEREBRAL
BULBO RAQUIDIANO
O bulbo raquidiano é limitado, em cima, pela protuberância anular e, em baixo, por um
plano, que passa por baixo da decussação das pirâmides e por cima do primeiro nervo
cervical.
Estes limites podem corresponder ao nível do esqueleto, em cima, à porção média da
goteira basilar e, em baixo, ao nível do bordo superior dos arcos anterior e posterior do
atlas.
A forma do bulbo é a de um tronco de cone de base maior superior, sendo achatado
de diante para trás e medindo cerca de 3 cm de maior eixo.
O bulbo raquidiano ocupa o canal raquidiano e a cavidade craniana.
Relaciona-se adiante com a goteira basilar do occipital e com a apófise odontoideia do
áxis, separado desta por ligamentos.
Atrás é coberto pelo cerebelo e, mais em baixo, corresponde ao espaço situado entre
o occipital e o arco posterior do atlas.
Lateralmente, relaciona-se com o cerebelo e com a articulação occipito-atloideia,
sendo cruzado pela artéria vertebral.
Tem forma de um tronco de cone, apresentando quatro faces, um vértice e uma base.
A face anterior apresenta na linha média a fissura mediana anterior (Fig. 227), que
termina ao nível da protuberância, no foramen cecum ou buraco cego (de Vicq d'Azyr).
Em baixo, esta fissura é interrompida por vários feixes que se entrecruzam, tomando o
nome de decussação das pirâmides.
De cada lado da fissura mediana anterior, encontram-se dois cordões brancos, as
pirâmides, que continuam os cordões anteriores da medula.
Do sulco transversal ou bulbo-protuberancial, que separa a face anterior do bulbo da
protuberância, destaca-se o nervo abducente (VI par).
As pirâmides estão separadas da face lateral do bulbo por um sulco vertical, o sulco
ventrilateral (ou ântero-lateral) (situado adiante da oliva) de onde emerge o nervo
hipoglosso (XII par).
A face posterior apresenta duas porções: a inferior, em que se descrevem os
prolongamentos dos sulcos e dos feixes grácil e cuneiforme da face posterior da
medula espinal e uma superior, em que os cordões posteriores divergem, abrindo-se o
canal do epêndima e formando o triângulo inferior do pavimento do 4º ventrículo (Fig.
228).
As faces laterais estão situadas entre a face anterior e a posterior do bulbo, ou mais
precisamente entre os sulcos ventrilateral e dorsolateral. A face lateral é constituída
pelo cordão lateral, onde se situa uma saliência ovóide, a oliva bulbar, limitada,
adiante pelo sulco ventrilateral de onde emergem as fibras do hipoglosso, atrás, pelo
sulco retroolivar, onde se origina o glossofaríngeo (IX par), o vago (X par) e o
acessório (XI par). Em cima, a oliva está separada da protuberância pela fosseta
supra-olivar de onde emergem os nervos facial e intermediário de Wrisberg (VII par).
Esta fosseta continua-se atrás por outra, a fosseta lateral do bulbo, onde se encontra a
raiz do nervo vestíbulo-coclear (VIII par).
O vértice do bulbo continua-se com a medula espinhal.
ISTMO ou MESENCÉFALO
É constituído por uma porção anterior, os pedúnculos cerebrais e por uma posterior, a
lâmina quadrigémia.
Pedúnculos cerebrais
São dois feixes brancos, cilíndricos, divergentes, um direito e outro esquerdo, que
unem a protuberância anular ao cérebro. Encontram-se situados, adiante sobre a
lâmina quadrilátera do esfenóide e bordo posterior da sela turca; atrás relacionando-se
com os tubérculos quadrigémeos e lateralmente com os lobos temporais e com a
circunvolução do hipocampo (Fig. 227 e 228).
Estão ligados ao cerebelo por intermédio dos pedúnculos cerebelosos superiores.
Podem distinguir-se quatro faces:
A face ântero-inferior corresponde à lâmina quadrilátera do esfenóide e à sela turca;
a face póstero-superior, que corresponde à lâmina quadrigémea; a face lateral, que
é coberta pela circunvolução do hipocampo; e a face medial onde se encontra o sulco
do oculomotor (III par), por onde emergem os filetes deste nervo.
A extremidade posterior continua-se com a face superior da protuberância anular, com
a qual se vai confundir. A extremidade anterior confunde-se com a porção inferior dos
núcleos opto-estriados.
Lâmina quadrigémia
É constituída pelos quatro tubérculos (colículos) quadrigémios, que se encontram na
face póstero-superior dos pedúnculos cerebrais.
Dispostos aos pares, de cada lado da linha mediana, os tubérculos distinguem-se em
ântero-superiores (ou craniais) e póstero-inferiores (ou caudais).
Os tubérculos quadrigémios encontram-se situados por cima do véu medular cranial
(válvula de Vieussens), por baixo da epífise ou glândula pineal e atrás da face póstero-
superior dos pedúnculos cerebrais.
Por baixo dos tubérculos quadrigémios póstero-inferiores, o sulco ântero-posterior do
sulco cruciforme termina numa saliência, o freio do véu medular cranial.
De um e doutro lado deste freio, observa-se a origem aparente do nervo troclear (IV
par), que se dirige para fora e para diante, contornando a face lateral dos pedúnculos
cerebrais.
CEREBELO
É constituído por uma porção mediana estreita, ântero-posterior, o vérmis, e por duas
porções laterais volumosas, os hemisférios cerebelosos.
Podem distinguir-se no cerebelo três sistemas diferentes, cuja individualização é
condicionada pelo desenvolvimento filogenético: o arquicerebelo é a porção do
cerebelo que controla o equilíbrio; o paleocerebelo é a porção do cerebelo que regula
o tónus necessário à manutenção do indivíduo em pé; e o neocerebelo é a porção do
cerebelo que assegura a coordenação dos movimentos voluntários (Fig. 229).
Encontra-se no andar inferior da base do crânio, nas fossas cerebelosas do occipital.
Está situado atrás da protuberância anular e dos tubérculos quadrigémios, por cima do
bulbo raquidiano e por baixo do cérebro.
O cerebelo tem a forma de uma pinta de copas, cuja incisura olha para trás.
Descrevem-se três faces e uma circunferência (Fig. 230 e 231).
A face superior é côncava em todos os sentidos, apresentando, na sua linha
mediana, uma saliência longitudinal, o vérmis superior, que se estende desde a
incisura posterior, ou marsupial, até aos tubérculos quadrigémios. O vérmis superior
apresenta sulcos transversais e paralelos, com aspecto semelhante a vários anéis.
A face inferior é convexa em todos os sentidos, relacionando-se com as fossas
cerebelosas do occipital.
Na linha mediana observamos em toda a extensão, a valécula ou fissura inter-
hemisférica.
No fundo desta fissura encontra-se o vérmis inferior, com as mesmas características
do vérmis superior e com configuração semelhante.
De cada lado da valécula encontram-se os dois hemisférios cerebelosos, convexos em
todos os sentidos.
O vérmis inferior apresenta uma dilatação a pirâmide do vérmis (de Malacarne).
A face anterior é constituída por uma porção central ou ventricular e uma porção
periférica ou peduncular. A primeira corresponde ao prolongamento posterior do
quarto ventrículo, é limitado: em cima por uma porção do vérmis, a língula e ainda pelo
véu medular cranial (válvula de Vieussens). A porção periférica ou peduncular
corresponde aos três pedúnculos cerebelosos, que ligam o cerebelo aos pedúnculos
cerebrais, protuberância e bulbo.
O bordo circunferencial separa a face superior da inferior e apresenta na linha
mediana duas incisuras. Além disso, devem ser considerados sulcos de duas
naturezas, superficiais e profundos.
Os sulcos profundos delimitam os lóbulos cerebelosos e os sulcos superficiais
separam as lâminas cerebelosas. O sulco ou fissura horizontal é o mais importante
dos sulcos profundos, ocupa a metade posterior da circunferência do cerebelo,
terminando na face lateral do pedúnculo cerebeloso médio. Este sulco parece dividir o
cerebelo em duas porções, uma superior e outra inferior.
Os sulcos profundos dividem o cerebelo em unidades territoriais, os lóbulos
cerebelosos, que se distribuem pelo vérmis e pelos dois hemisférios.
No vérmis superior, de diante para trás, encontram-se: a língula, o lóbulo central, o
cúlmen, o declive e o folium. Na face superior, também de diante para trás,
encontramos: o freio da língula, a asa do lobo central, o lobo quadrangular anterior, o
lobo quadrangular posterior, o lobo semilunar superior e o lobo semilunar posterior.
No vérmis inferior, encontram-se, de diante para trás: o nódulo, a úvula, a pirâmide e
o túber. Na face inferior do hemisfério, também de diante para trás: o flóculo, o lóbulo
da amígdala, o lóbulo digástrico, o lóbulo grácil e o lóbulo semilunar inferior.
Pedúnculos cerebelosos
Os pedúnculos cerebelosos são três pares de cordões de substância branca que
unem o cerebelo ao tronco cerebral. Os pedúnculos cerebelosos superiores ligam o
cerebelo aos pedúnculos cerebrais, os médios o cerebelo à protuberância anular e os
inferiores ligam o cerebelo ao bulbo raquidiano.
O cérebro constitui a porção mais volumosa do encéfalo. Tem uma forma ovóide de
grande eixo ântero-posterior (cerca de 15 cm) e de grossa extremidade posterior. Pesa
cerca de 1 200 a 1 500 g.
Ocupa a quase totalidade da cavidade craniana. A sua porção superior, convexa,
corresponde à calote craniana e a porção inferior relaciona-se com os andares anterior
e médio de base do crânio e com a tenda do cerebelo.
É constituído pelo diencéfalo (cérebro intermédio) e pelo telencéfalo (córtex cerebral,
corpo caloso, corpo estriado e rinencéfalo).
DIENCÉFALO
O diencéfalo é constituído pelo: tálamo, hipotálamo, subtálamo e epitálamo.
Tálamo
O tálamo é um núcleo par, ovóide, de grande eixo ântero-posterior, com cerca de 4
cm, de grossa extremidade posterior (pulvinar), que se encontra localizado em cada
um dos hemisférios cerebrais e que constitui a parede do ventrículo médio.
O tálamo apresenta uma lâmina vertical de substância branca que se bifurca
anteriormente (lâmina medular interna) e que o divide em 5 grupos de núcleos: grupo
anterior, grupo da linha média, grupo medial, grupo lateral e grupo posterior.
Grupo anterior: Recebe fibras dos corpos mamilares e projecta-se para o córtex do
cíngulo.
Núcleos da linha média: Estão localizados por dentro do revestimento do 3º ventrículo
e na aderência inter-talâmica. Estão ligados ao hipotálamo, ao cerebelo e ao corpo
estriado.
Núcleos mediais: Incluem grande parte da substância cinzenta para dentro da lâmina
medular interna. Projectam-se para o córtex frontal.
Massa nuclear lateral: Constitui a maior parte do tálamo, inclui o núcleo reticular, o
ventral anterior, ventral lateral, lateral dorsal e ventral posterior que se subdivide em
ventral póstero-lateral e ventral póstero-medial.
Núcleos posteriores: Incluem o pulvinar, o núcleo geniculado medial (via acústica) e o
núcleo geniculado lateral (via óptica).
O tálamo tem inúmeras funções, entre as quais destacamos: integração e distribuição
de informação motora do cerebelo e núcleos basais para o córtex, distribuição de
todas as sensações (excepto o olfacto) às zonas corticais específicas, percepção do
tacto, temperatura e dor, nível de alerta e padrões de sono e ainda, estados de
percepção como agradável e desagradável.
Hipotálamo
Situa-se por baixo e ligeiramente à frente do tálamo; constitui o pavimento e paredes
inferiores do 3º ventrículo. Está condicionado pelo quiasma óptico, pelo túber cinéreo e
pelos corpos mamilares, que se encontram entre os pedúnculos cerebrais.
O hipotálamo pode ser dividido em três partes: supra-óptica (a mais anterior), que
contém os núcleos supra-óptico, supra-quiasmático e para-ventricular; tuberal,
imediatamente atrás da anterior, com os núcleos: ventro-medial, dorso-medial e
arqueado; e a porção mamilar, que é a mais posterior e contém o núcleo posterior e os
núcleos do corpo mamilar (Fig. 234).
O hipotálamo tem um papel importante na regulação do sistema nervoso autónomo,
libertação de hormonas pela hipófise, regulação da temperatura, ingestão de água e
alimentos, ciclo sono/vigília e na expressão de emoções (faz parte do sistema límbico).
Subtálamo
É uma pequena zona do tecido cerebral entre o tálamo e o mesencéfalo. O hipotálamo
situa-se à frente e para dentro do subtálamo, por fora encontra-se a cápsula interna. O
núcleo subtalâmico ou corpo de Luys é uma massa cilíndrica de substância cinzenta
situada por trás e por fora da substância negra do mesencéfalo.
Epitálamo
É constituído pelos trígonos da habénula, de cada lado do 3º ventrículo, pelo corpo
pineal (ou epífise) e pela comissura da habénula.
HEMISFÉRIOS CEREBRAIS/TELENCÉFALO
É formado por duas porções simétricas, os hemisférios cerebrais, com massa cinzenta
à periferia. Esta é constituída por uma porção periférica, o córtex cerebral e por uma
porção central, os núcleos cinzentos da base. Estes núcleos são vários: núcleo
caudado e lenticular que é constituído pelo pálido e pelo putámen, claustro e núcleo
amigdalino.
A substância branca encontra-se entre o córtex cerebral e os núcleos cinzentos
centrais.
Norma externa
O cérebro apresenta na linha média a fissura longitudinal, que divide o cérebro em
duas metades, os hemisférios cerebrais. Encontra-se separado do tronco cerebral pela
fissura transversa (de Bichat).
A fissura transversa (de Bichat) é um sulco ímpar e mediano que está situado na base
do cérebro.
Tem a forma de uma ferradura de concavidade anterior.
A porção média da fissura transversa está situada por baixo do esplénio do corpo
caloso e por cima dos tubérculos quadrigémios e as duas porções laterais são
constituídas pelo tálamo óptico e pela circunvolução do hipocampo.
Cada um dos hemisférios tem a forma de um prisma triangular, pelo que
descreveremos três faces, três bordos e duas extremidades.
A extremidade anterior ou frontal corresponde à fossa frontal, sendo a sua parte mais
saliente o pólo frontal. A extremidade posterior ou occipital corresponde à fossa
cerebral do occipital, sendo a sua parte mais saliente o pólo occipital. A face medial
relaciona-se com a foice do cérebro e está unida à face medial do hemisfério oposto,
pelas formações inter-hemisféricas. A face lateral é convexa em todos os sentidos e
corresponde à calote craniana. A face inferior é irregularmente plana e relaciona-se
com a base do crânio.
O bordo superior, corresponde à junção das faces lateral e medial e está em relação
com o bordo convexo da foice do cérebro e ao seio longitudinal superior. O bordo
lateral corresponde à junção das faces lateral e inferior. É interrompido pelo sulco
lateral. O bordo medial corresponde à junção das faces inferior e medial. Adiante e
atrás, este bordo é rectilíneo, apresentando uma curva de concavidade interna na sua
porção média, correspondendo esta curva ao istmo encefálico.
A superfície exterior do cérebro é percorrida por marcas mais ou menos profundas,
que dão ao cérebro um aspecto pregueado. As pregas resultantes destes sulcos – as
circunvoluções – são variáveis de indivíduo para indivíduo e no mesmo indivíduo, de
um para outro hemisfério.
Os sulcos mais profundos separam num mesmo hemisfério os lobos. Os sulcos menos
profundos, separam num lobo as circunvoluções entre si.
Os lobos cerebrais são zonas do cérebro limitadas por sulcos profundos. As
circunvoluções são zonas existentes nos lobos, limitadas por sulcos menos profundos.
Os lobos e as circunvoluções podem não estar completamente individualizados,
existindo pontes de substância nervosa que os ligam.
Na face lateral encontramos três sulcos profundos: o sulco lateral (de Silvius), o sulco
central (de Rolando) e o sulco parieto-occipital. O sulco lateral origina-se na face
inferior do cérebro, na porção lateral do espaço perfurado anterior, dirige-se para fora
alcançando o bordo lateral do hemisfério, contorna-o e passa para a face lateral,
dirige-se então para cima e para trás e termina 8 a 9 cm depois, bifurcando-se num
prolongamento anterior ou horizontal e num prolongamento posterior ou vertical (Fig.
235).
O sulco central começa no ângulo formado pelo sulco lateral com o seu
prolongamento ascendente. Daí dirige-se obliquamente para cima, formando três
joelhos e termina no bordo superior do hemisfério.
O sulco parieto-occipital situa-se na porção posterior do hemisfério. Tem origem no
seu bordo superior e dirige-se perpendicularmente para baixo.
Na face medial dos hemisférios encontramos o sulco do cíngulo, o sulco calcarino e o
sulco parieto-occipital. O sulco do cíngulo tem a forma de um S itálico. Inicia-se por
baixo do joelho do corpo caloso, circunda o joelho e a face superior do corpo caloso e
ao atingir o esplénio encurva-se para cima e termina no bordo superior do hemisfério
(Fig. 236).
O sulco calcarino situa-se na porção mais posterior da face medial dos hemisférios.
Dirige-se obliquamente para cima até ao sulco parieto-occipital.
O sulco parieto-occipital origina-se no cotovelo do sulco calcarino. Dirige-se para cima
e para trás e termina no bordo superior do hemisfério. O sulco parieto-occipital,
conjuntamente com o sulco calcarino formam um Y deitado.
Na face inferior encontramos apenas um sulco, que é a porção inicial do sulco lateral.
Inicia-se na porção lateral do espaço perfurado anterior, dirige-se para a frente e
depois encurva-se para trás até atingir o bordo lateral dos hemisférios. Apresenta, na
união do seu quarto anterior com os três quartos posteriores, a porção inicial do sulco
lateral. Adiante deste, a face inferior apresenta medialmente a fita olfactiva que
termina adiante no bulbo olfactivo e atrás nas estrias olfactivas (Fig. 237).
Lobos e Circunvoluções
Os sulcos descritos dividem o cérebro em vários lobos: lobo frontal, lobo occipital, lobo
temporal, lobo parietal e lobo da ínsula.
Face lateral
O lobo frontal encontra-se situado na porção anterior do hemisfério cerebral,
ocupando parte das faces lateral e medial. Na face lateral, situam-se dois sulcos
paralelos ao bordo superior: o sulco frontal superior e o sulco frontal inferior, que se
bifurcam atrás, originando o sulco pré-central (Fig. 235). Estes três sulcos delimitam
quatro circunvoluções: pré-central (transversal), frontal superior, frontal média e frontal
inferior (longitudinais).
O lobo occipital tem o formato de uma pirâmide triangular e situa-se na porção
posterior do cérebro. Apresenta, na face lateral, o sulco occipital lateral, que é
horizontal e condiciona a circunvolução occipital superior e a circunvolução occipital
inferior. Por vezes, encontramos ainda o sulco semilunar (vertical), próximo do pólo
occipital, que delimita anteriormente o córtex visual.
O lobo parietal ocupa parte das faces medial e lateral do hemisfério cerebral, na face
lateral apresenta o sulco pós-central, paralelo ao sulco central e o sulco intraparietal
que é paralelo ao bordo superior. Estes 2 sulcos delimitam: a circunvolução pós-
central (transversal), parietal superior e parietal inferior (longitudinais).
O lobo temporal ocupa a parte média e inferior do hemisfério cerebral, apresentando
duas faces, uma lateral e outra inferior. Os sulcos da face lateral são o sulco temporal
superior e temporal inferior, paralelos ao sulco lateral, condicionam as circunvoluções
temporal superior, média e inferior.
O lobo da ínsula situa-se no fundo do sulco lateral. Tem uma forma piramidal (Fig.
238). A ínsula é dividida numa porção anterior, mais volumosa e, numa porção
posterior, mais pequena, pelo sulco central da ínsula.
Face medial
A estrutura mais marcante desta face é o corpo caloso, uma comissura larga,
arqueada, no fundo da fissura longitudinal que une os dois hemisférios cerebrais (Fig.
236 e 239). O corpo caloso apresenta uma curvatura anterior, o joelho, que se
continua para trás pelo corpo, que termina encurvando-se de novo para baixo e
formando o esplénio. À superfície côncava do corpo, do esplénio e do joelho prendem-
se as lâminas verticais do septo pelúcido, ocupando o espaço entre o corpo caloso e o
trígono ou fórnix, que é uma banda achatada e encurvada, também de substância
branca.
Na face medial dos hemisférios encontramos o sulco do cíngulo, o sulco calcarino e o
sulco parieto-occipital. O sulco do cíngulo tem a forma de um S itálico. Inicia-se por
baixo do joelho do corpo caloso, circunda o joelho e a face superior do corpo caloso e
ao atingir o esplénio encurva-se para cima e termina no bordo superior do hemisfério.
Para cima deste sulco, excepto na sua tremidade posterior, encontra-se a
circunvolução frontal medial à frente e o lobo para-central, atrás. A zona abaixo do
sulco do cíngulo é a circunvolução do cíngulo, que contorna o corpo caloso e à frente
se continua com a circunvolução do hipocampo.
O sulco calcarino situa-se na porção mais posterior da face medial dos hemisférios.
Dirige-se obliquamente para cima até ao sulco parieto-occipital.
O sulco parieto-occipital origina-se no cotovelo do sulco calcarino. Dirige-se para
cima e para trás e termina no bordo superior do hemisfério. O sulco parieto-
occipital, conjuntamente com o sulco calcarino formam um Y deitado.
Estes dois últimos sulcos delimitam a pré-cunha, entre o sulco do cíngulo e o sulco
parieto-occipital e a cunha, entre o sulco calcarino e o sulco parieto-occipital. Esta
última área (cunha) constitui a face medial do lobo occipital.
Face inferior
Na face inferior encontramos apenas um sulco, que é a porção inicial do sulco lateral.
Inicia-se na porção lateral do espaço perfurado anterior, dirige-se para a frente e
depois encurva-se para trás até atingir o bordo lateral dos hemisférios. Este sulco
divide esta face numa porção anterior – orbitária, e numa posterior – têmporo occipital
(Fig. 237).
A porção orbitária apresenta um sulco antero-posterior medial, o sulco olfactivo, onde
se encontra a fita e o bulbo olfactivos, sulco este que delimita a circunvolução recta.
Para fora deste sulco encontramos os sulcos orbitários, variáveis, mas geralmente
com a forma de um H, que condicionam a existência de quatro circunvoluções
orbitárias.
A porção posterior da face inferior dos hemisférios apresenta dois sulcos ântero-
posteriores, paralelos, o sulco occipito-temporal (lateral) e o sulco colateral (medial).
Estes dois sulcos condicionam a circunvolução do hipocampo e lingual, a
circunvolução occipito-temporal medial e a circunvolução occipito-temporal lateral.
Norma interna
O cérebro é constituído por substância cinzenta e substância branca. A primeira, por
sua vez, consta de uma porção periférica, o córtex cerebral, e de uma porção central,
os núcleos cinzentos centrais.
Os núcleos cinzentos centrais são constituídos pelos núcleos opto-estriados: tálamo
ou cama óptica, núcleo lenticular, núcleo caudado, claustro, núcleo amigdalino e
formações subtalâmicas.
Os núcleos do tálamo estão dispostos em cinco grupos: núcleos reticulados, núcleo
anterior, núcleos internos, núcleos laterais e núcleos posteriores (Fig. 240 e 241).
Córtex: É uma fina lâmina periférica pregueada com cerca de 3 mm de espessura e
600 g de peso. Nesta camada encontram-se cerca de 14 mil milhões de neurónios. Os
estudos fisiológicos e anatomo-patológicos permitiram localizar no córtex as áreas
funcionais, das quais, as mais importantes são: zona motora, área psicomotora,
localizações sensitivas, localizações sensoriais (olfacto, gosto, audição, visão), centros
da linguagem (imagens motoras e articulação das palavras, imagens gráficas, imagens
auditivas e imagens visuais), centro do sistema simpático.
Comissuras Inter-Hemisféricas
As grandes comissuras inter-hemisféricas são: o corpo caloso, trígono cerebral, septo
lúcido, comissura branca anterior e comissura branca posterior. Para além destas
existem ainda outras estruturas inter-hemisféricas: quiasma óptico, espaço perfurado
anterior, tuber cinéreo, hipófise, tubérculos mamilares e espaço perfurado posterior.
Cavidades Encéfalo-Medulares
O canal do epêndima depois de passar ao longo de toda a substância cinzenta da
medula, atinge a porção inferior do bulbo raquidiano e dilata-se constituindo o quarto
ventrículo, que é uma cavidade rombóide situada entre o tronco cerebral e o cerebelo.
Nesta cavidade podemos encontrar 3 orifícios que o fazem comunicar com o espaço
aracnóide, um mediano (de Magendie) e dois laterais (os buracos de Lushcka). Daí
prolonga-se para cima e para a frente, constituindo o aqueduto cerebral que, na
porção média do encéfalo, entre os tálamos ópticos e o corpo caloso, constitui o
ventrículo médio ou 3º ventrículo que se continua, através dos buracos
interventriculares (de Monro) com os ventrículos laterais. Os ventrículos laterais
encontram-se em cada um dos hemisférios cerebrais, estendendo-se da região frontal
à occipital. Podem considerar-se compostos por uma porção frontal (anterior), occipital
(posterior) e temporal (inferior). No interior destas cavidades, circula o líquor ou líquido
céfalo-raquidiano (LCR), que é um líquido derivado do plasma, semelhante a “cristal
de rocha”. O líquor é produzido nos plexos coróideus, estes plexos são granulações
acastanhadas, muito vascularizadas, que se encontram em todos os ventrículos
cerebrais.
Território Vértebro-Basilar
Depois de entrar no crânio pelo buraco occipital, as duas artérias vertebrais dirigem-se
para a linha média e anastomosam-se, originando a artéria basilar; esta artéria dirige-
se para cima, ao longo do tronco cerebral e termina, na cisterna inter-peduncular,
originando as duas artérias cerebrais posteriores (direita e esquerda). Ao longo do seu
trajecto, a artéria basilar origina ramos colaterais: artéria cerebelosa ínfero-posterior,
artéria cerebelosa ínfero-anterior, artéria cerebelosa superior, artérias circunferenciais
curtas e longas (Fig. 243 e 244).
NERVOS CRANIANOS
Dispõem-se em doze pares, simetricamente, de cada lado da cabeça. Podem ser
designados de I a XII ou pelo seu nome:
I par – Olfactivo
II par – Óptico
III par – Oculomotor
IV par – Troclear
V par – Trigémio
VI par – Abducente
VII par – Facial
VIII par – Vestíbulo-coclear ou estatoacústico
IX par – Glossofaríngeo
X par – Vago
XI par – Acessório
XII par - Hipoglosso
Nervo oftálmico e gânglio ciliar – é o mais medial dos três ramos do trigémio,
destacando-se da porção mais medial do bordo convexo do gânglio trigeminal (Fig.
247). Após a sua origem dirige-se para cima, para diante e para dentro, introduzindo-
se na parede lateral do seio cavernoso. Atravessa depois a fissura orbitária superior
que o conduz à cavidade orbitária.
Na parede lateral do seio cavernoso ocupa primeiramente a porção inferior, depois a
média e finalmente a superior. Está situado por baixo do nervo troclear e por fora da
artéria carótida interna e do nervo abducente.
Depois de ter abandonado o nervo da tenda, que se destina à tenda do cerebelo, dá
origem a três ramos que penetram na órbita através da fissura orbitária superior. Estes
ramos terminais são, o nervo nasociliar, o nervo frontal e o nervo lacrimal.
Nervo nasociliar – atravessa a fissura orbitária superior através do anel tendinoso e
alcança o buraco etmoidal anterior (Fig. 248), durante este trajecto dá origem aos
seguintes ramos colaterais:
Raiz sensitiva do gânglio ciliar
Nervos ciliares longos – em número de três ou quatro, vão alcançar o
globo ocular.
Nervo etmoidal posterior – inerva a mucosa do seio esfenoidal.
Os seus ramos terminais são:
Nervo etmoidal anterior – depois de penetrar no buraco etmoidal anterior, caminha
na face superior da lâmina crivada do etmóide e alcança as fossas nasais, através
do buraco etmoidal. Distribui-se então ao septo das fossas nasais (ramos nasais
internos, laterais e mediais), fornecendo ainda o ramo nasal lateral, que inerva a
pele do lóbulo do nariz.
Nervo infratroclear – continua o nervo nasociliar e, ao alcançar o rebordo orbitário,
dá origem a ramos palpebrais para a pálpebra superior.
Nervo lacrimal – penetra na órbita na porção mais lateral e estreita da fissura orbitária
superior. Caminha na parede lateral da cavidade orbitária, acabando por alcançar a
glândula lacrimal. Origina o ramo comunicante com o nervo zigomático e inerva a pele
do ângulo lateral do olho.
São 31 pares de nervos mistos (motores e sensitivos) que têm origem aos diferentes
níveis da coluna vertebral e que saem do ráquis pelos buracos intervertebrais.
Os nervos raquidianos originam-se pela união de uma raiz anterior com uma raiz
posterior. A raiz anterior é motora e origina-se no corno anterior da medula espinhal,
enquanto que a raiz posterior é sensitiva e termina no corno posterior.
As duas raízes unem-se antes de saírem do canal medular e dão origem ao nervo
espinhal (ou raquidiano) (Fig. 259). Normalmente encontramos um gânglio nervoso
adstrito à raiz posterior antes da união das duas. Após a sua saída do ráquis, pelo
buraco intervertebral, o nervo espinhal bifurca-se dando origem a um ramo dorsal ou
posterior e a um ramo ventral ou anterior.
Os ramos dorsais dirigem-se para o dorso e enervam a musculatura e a pele da
região. Os ramos ventrais ou anteriores, de uma forma geral, formam redes ou plexos
nervosos, junto à coluna vertebral. Estes plexos consistem em redes nervosas
constituídas por anastomoses entre as diferentes raízes. Deste modo, vamos
descrever: o plexo cervical, o plexo braquial, o plexo lombar e o plexo sagrado. Na
região torácica, os nervos mantêm-se independentes uns dos outros, não formando
plexos.
PLEXO CERVICAL
Os ramos ventrais dos quatro primeiros nervos cervicais unem-se para constituir o
plexo cervical. Cada um destes ramos recebe um ou mais ramos comunicantes do
tronco simpático. Este plexo localiza-se à frente do elevador da omoplata e do
escaleno médio e por baixo da veia jugular interna e do esternocleidomastoideu (Fig.
260). O plexo cervical dispõe-se numa série irregular de ansas, de onde partem os
nervos:
A ansa cervical é formada por duas raízes, anterior e posterior. A raiz anterior é o
ramo anterior de C2 que se anastomosa com o hipoglosso (XII par) e que se une à raiz
posterior que tem origem nos ramos anteriores de C2 e C3. Inerva os músculos infra-
hioideus.
O nervo occipital menor distribui-se à pele da região ínfero-lateral da nuca.
O nervo grande auricular inerva a pele do ângulo da mandíbula.
O nervo transverso cervical destina-se à pele da região anterior do pescoço.
O nervo supraclavicular vai inervar a pele da região inferior do pescoço e superior do
tórax.
O nervo suboccipial origina-se a partir do ramo posterior de C1 e inerva o
semiespinhal da cabeça, o grande e o pequeno recto posterior da cabeça e os
oblíquos superior e inferior da cabeça.
O nervo occipital maior origina-se pela união dos ramos posteriores de C2 e C3.
Inerva os músculos oblíquo inferior da cabeça, semiespinhal da cabeça, esplénio e
longuíssimo da cabeça, dá também ramos sensitivos para a pele da região posterior
da nuca.
O nervo acessório espinhal resulta da união das raízes laterais de C1 a C4 e
também de C5. Dirige-se para cima, entra no crânio pelo buraco occipital e junta-se à
raiz craneana para constituir o nervo acessório (XI par).
O nervo frénico tem a sua principal origem no ramo anterior de C4, podendo receber
anastomoses do ramo anterior de C3 e de C5 (Fig. 261). Dirige-se para baixo, adiante
do escaleno anterior, entra no mediastino posterior cruzando, por trás, a veia
subclávia. O nervo frénico direito acompanha a veia cava superior, aurícula direita e
veia cava inferior, atravessa o diafragma através do orifício da veia cava inferior. O
nervo frénico esquerdo passa adiante da crossa da aorta, da artéria pulmonar
esquerda. Passa então por fora da aurícula e do ventrículo esquerdo atravessando o
diafragma isoladamente através de um orifício existente na porção carnuda do
músculo. Ambos os nervos frénicos (direito e esquerdo) dão ramos para a pleura
mediastínica, para o pericárdio, para a pleura diafragmática, para o peritoneu
diafragmático e para o diafragma (face superior e inferior).
TACTO
O sentido do tacto reside na pele (Fig. 278), havendo zonas de sensibilidade
específica a que correspondem vias de condução e projecções cerebrais também
específicas.
A pele é essencialmente constituída por uma camada epitelial, a epiderme, e por uma
camada conjuntiva, mais profunda, a derme. A derme relaciona-se de maneira
diferente, nas várias zonas do corpo, com os tegumentos subjacentes: tecido adiposo,
fáscia superficial e tecido celular subcutâneo. A pele possui uma superfície acidentada
cruzada por sulcos e pregas, e orifícios que colocam em comunicação as vias
digestiva, respiratória, genital e urinária, com o exterior. Encontramos ainda os orifícios
das glândulas mamárias, sudoríparas e sebáceas.
Existem nas camadas profundas da pele, vários tipos de receptores, adaptados à
percepção de cada tipo de sensação, como por exemplo: terminações nervosas livres
(dor e frio), corpúsculos de Meissner (tacto delicado), corpúsculos de Pacini (vibração),
entre outros.
Os tipos de sensibilidade são genericamente divididos em: sensibilidade táctil
protopática (sensibilidade grosseira); sensibilidade táctil epicrítica (sensibilidade de
discriminação fina); e sensibilidade termo-álgica (sensibilidade ao calor e ao frio e
sensibilidade à dor).
A capacidade discriminatória do tacto varia de região para região da pele, sendo
máxima na ponta dos dedos das mãos, e muito reduzida por exemplo na região
paramediana do dorso.
PALADAR
O sentido do gosto ou paladar é fornecido por receptores gustativos localizados
fundamentalmente na língua, nas papilas gustativas já descritas, mas também na
faringe, epiglote e até andar superior da laringe até ao nível das cordas vocais.
Os receptores gustativos (sensoriais), específicos para os paladares, contêm células
que originam potenciais de acção quando estimuladas quimicamente por substâncias
solúveis na saliva. Considera-se que há quatro paladares básicos que estimulam com
intensidade diferente, cada tipo de célula receptora: doce, amargo, salgado, ácido. Da
estimulação, combinada de diversas formas, dos vários tipos de receptores, resulta a
riqueza de sensações do paladar. Ao nível da língua os diferentes tipos de células do
paladar não se distribuem homogeneamente. É comummente aceite que, as células
com maior afinidade para o doce localizam-se na ponta da língua; para o amargo, na
parte posterior; para o ácido nas partes laterais; para o salgado em toda a superfície
da língua, mas com incidência especial para as porções ântero-laterais. Conforme
anteriormente exposto esta distribuição não é absoluta e é limitada por uma série de
factores conforme descritos noutro capítulo.
Para além da inervação sensorial, responsável pelo paladar, encontramos ainda na
mucosa lingual, tal como na pele, receptores sensitivos (via da sensibilidade
somática), sensíveis ao tacto, pressão, dor, calor e frio, que nos parecem importantes
referir aqui para melhor compreensão de todo o mecanismo de inervação da língua,
sensorial e sensitivo.
São quatro, os nervos fundamentais na condução das vias sensitiva e sensorial, cujos
territórios apesar de definidos se sobrepõem. São o trigémio (V), o facial (VII), o
glossofaríngeo (IX) e o vago (X).
Ao nível dos dois terços anteriores da língua a inervação é assegurada pelo nervo
lingual, ramo do V par craneano. Este ramo do trigémio contém fibras associadas do
nervo facial, que lhe aferem via corda do tímpano, e que são responsáveis pela via
sensorial relacionada com o sabor ácido e o salgado. As fibras do nervo lingual que
pertencem ao trigémio são responsáveis pela sensibilidade.
No terço posterior, para trás das papilas valadas, as sensações gustativas são
conduzidas pelo IX par craneano, nervo glossofaríngeo, sendo esta zona de carácter
discriminativo em relação à identificação dos alimentos. O vago terá participação na
sensibilidade gustativa da zona epiglótica.
O IX e o X participam ainda com ramos sensitivos no plexo faríngeo para a inervação
da região mais posterior da língua.
Estes nervos conduzem a informação gustativa até núcleos específicos do tronco
cerebral (Fig. 279). Aí fazem sinapse com novos neurónios destinados ao tálamo. No
tálamo originam-se os últimos neurónios das vias gustativas, com destino à porção
mais inferior da circunvolução pós-central do cérebro. Há um certo paralelismo entre
esta via e a via da sensibilidade somática da face e da boca.
OLFACTO
Os órgãos receptores do olfacto encontram-se reunidos na área olfactiva, uma área
com cerca de 2cm2, localizada na parte superior da mucosa de cada fossa nasal (Fig.
280). Esta zona tem uma coloração amarelada devido ao seu conteúdo em lípidos.
Na membrana olfactiva encontram-se cerca de 1 milhão de células ciliadas cobertas
com muco, que se reúnem em ramos cada vez maiores, que atravessam a lâmina
crivosa do etmóide para terminarem no bulbo olfactivo. As moléculas voláteis
presentes no ar inspirado, dissolvem-se no muco e, por estimulação química, geram
potenciais de acção nas células receptoras.
As vias olfactivas, iniciam-se a nível da mancha olfactiva. O corpo celular destes
neurónios bipolares, encontra-se no bulbo olfactivo, que está separado da fossa nasal
apenas pela lâmina crivosa do etmóide. Daqui as informações olfactivas são enviadas
através da fita olfactiva, ao rinencéfalo (sistema límbico) a fim de serem processadas.
Calcula-se que, tal como para o paladar, existam células específicas para odores
básicos. Neste caso são sete: canforado, almiscarado, floral, mentolado, etéreo,
picante e pútrido. Da combinação destes sete odores básicos resulta o olfacto.
VISÃO
O sentido da visão é servido por um órgão fundamental, o globo ocular. Para além do
globo ocular, descrevem-se os órgãos anexos ao globo ocular: as pálpebras, as
sobrancelhas, os músculos extrínsecos do globo ocular, as conjuntivas e o aparelho
lacrimal.
Globo Ocular
O globo ocular localiza-se na porção anterior da cavidade orbitária, mais perto da
parede lateral da órbita, encontra-se envolvido por gordura – a gordura peri-orbitária.
Descrevem-se no globo ocular, um polo anterior e um polo posterior, a partir do qual
se define o diâmetro ântero-posterior, um equador, que é o maior círculo perpendicular
ao eixo ântero-posterior e, meridianos. O eixo ântero-posterior dos globos oculares,
diverge de trás para a frente. Este ângulo, designado, ângulo de divergência é de
cerca de 10º.
O globo ocular é composto por três camadas ou túnicas concêntricas, a túnica fibrosa,
a túnica vascular e a túnica nervosa, que são descritas de fora para dentro. Para além
destas túnicas, descrevem-se os meios transparentes, que são, o humor aquoso, o
cristalino ou lente, e o corpo vítreo (Fig. 281).
Esclerótica
Córnea
A córnea é uma membrana transparente, que constitui o segmento anterior da túnica
fibrosa do olho e que se insere na abertura anterior da esclerótica.
Constitui um segmento de esfera na qual descrevemos uma superfície, ou face,
anterior, uma superfície, ou face, posterior e uma circunferência. A face anterior está
em relação com o meio exterior e encontra-se coberta por um fino epitélio, a que se dá
o nome de epitélio anterior da córnea. Este epitélio continua-se com outro, o da
conjuntiva palpebral, através de uma linha de transição que se denomina anel
conjuntival. O ponto mais saliente desta face corresponde ao vértice da córnea. A face
posterior está em contacto com o humor aquoso, através do epitélio posterior da
córnea. A circunferência é designada por limbo esclerocorneano.
A córnea não é irrigada. A córnea é constituída por uma substância própria da córnea
e por um epitélio que a recobre e que se renova continuamente. Este mecanismo
permite que pequenos traumatismos da córnea cicatrizem sem deixar qualquer
sequela.
A córnea é inervada pelo nervo trigémio (V par).
Coróide
A esclerótica é interiormente revestida por uma membrana ricamente vascularizada e
pigmentada, designada por coróide ou coroideia.
A coróide representa um segmento de esfera oco, entre a esclerótica e a retina. Tem
uma cor escura. Consideramos na sua descrição, uma face externa, uma face interna
e duas aberturas.
A face externa é convexa e está separada da lâmina fusca da esclerótica pela lâmina
supracoroideia.
A face interna é côncava e relaciona-se com a retina através da lâmina basal da
coroideia. Entre as duas lâminas descritas na coróide encontramos a camada vascular
e coroidocapilar, esta última mais profunda.
A abertura posterior dá passagem ao nervo óptico.
A abertura anterior também designada bordo anterior da coroideia, localiza-se um
pouco adiante do equador do globo ocular, e continua-se anteriormente com o corpo
ciliar. A linha de separação destas duas estruturas designa-se por ora serrata.
Corpo ciliar
Na porção anterior da camada coroideia descreve-se o corpo ciliar (Fig. 281 e 282).
No corpo ou zona ciliar descrevem-se, uma porção superior, que forma o músculo
ciliar e uma porção posterior que constitui os processos ciliares.
O músculo ciliar tem a forma de um anel aplanado. Observado em corte, tem forma
triangular, correspondendo o seu vértice à ora serrata, e a base olha para a pupila.
Este músculo, possui fibras meridionais, fibras circulares e fibras radiais que cruzam
as outras porções musculares desde a parte interna à parte externa.
Os processos ciliares são uma série de pregas situadas na porção posterior do
músculo ciliar. Este conjunto constitui a coroa ciliar. Nos processos ciliares é produzido
o humor aquoso.
Íris
Na porção mais anterior da coróide descrevemos a íris.
A íris situa-se atrás da córnea e apresenta uma abertura no centro, a pupila.
As faces anterior e posterior relacionam-se com as câmaras anterior e posterior do
olho, respectivamente. Descrevemos uma margem pupilar, que rodeia a pupila,
correspondendo ao pequeno anel da íris, e uma margem ciliar, grande anel da íris, que
corresponde à inserção ciliar da íris e ao ângulo iridocorneano.
A íris é constituída por um estroma iridiano e por fibras musculares lisas, divididas
entre um músculo esfíncter e um músculo dilatador, que regulam o diâmetro da pupila
conforme as condições de luminosidade. A dilatação da pupila designa-se por
midríase e a sua constrição designa-se por miose. Identificam-se fibras radiais que,
quando se contraem, aumentam o diâmetro da pupila e fibras circulares que têm o
efeito oposto.
É irrigada por dois círculos arteriais um maior e outro menor, resultantes da
anastomose de ramos das artérias ciliares posteriores largas e curtas.
A íris contém pigmento em quantidade variável de pessoa para pessoa, que determina
a cor dos olhos.
Retina
A camada interna existe apenas do corpo ciliar para trás e é a camada nervosa
designada por retina.
A retina divide-se em duas porções, uma posterior, designada por retina visual ou
simplesmente retina, onde há transformação do estímulo luminoso em impulso
nervoso e, uma porção anterior, designada por retina não visual. A linha de união entre
estas duas porções é designada por ora serrata e corresponde à zona descrita
anteriormente.
A retina pode ser observada através do exterior com um instrumento designado
oftalmoscópio. Na porção posterior da retina descreve-se a papila óptica que é uma
zona circular de cor branca e que corresponde ao ponto de saída do nervo óptico do
globo ocular. Fisiologicamente esta zona corresponde a um ponto cego (escotoma). A
partir do centro da papila observam-se os ramos da artéria central da retina e as veias
convergentes. Estes vasos ocupam o interior do nervo óptico a este nível.
Para fora da papila observa-se a fosseta central (fóvea central), de cor mais escura do
que a retina circundante, rodeada por uma outra zona circular, a mácula, que
corresponde ao ponto de maior discriminação visual.
A retina apresenta, entre outros, dois tipos de células, os cones, responsáveis pela
percepção das cores e os bastonetes, responsáveis pela visão a preto e branco.
O globo ocular é essencialmente irrigado pelas artérias ciliares longas posteriores,
pelas artérias ciliares curtas posteriores e pela artéria central da retina. Esta última dá
origem a ramos arteriolares temporais superior e inferior, ramos arteriolares nasais
superior e inferior, ramos arteriolares maculares superior e inferior e a arteríola medial
da retina. A drenagem venosa é essencialmente assegurada pelos ramos homónimos
das arteríolas para a veia central da retina e pelas veias vorticosas.
Cristalino
O cristalino ou lente (Fig. 281), é uma lente biconvexa que se localiza imediatamente
atrás da pupila da íris, na qual se identificam duas faces, anterior e posterior, dois
pólos, anterior e posterior e um equador. É um corpo essencialmente elástico o que
permite que o seu diâmetro seja variável, contribuindo assim para a focagem das
imagens.
O cristalino é composto pela substância do cristalino, na qual se identifica uma zona
central, núcleo, e uma zona periférica, córtex. É envolvido por uma cápsula
transparente, a cápsula do cristalino, à qual estão presos ligamentos, designados no
seu conjunto por zônula ciliar (de Zinn). A zônula ciliar está unida no seu contorno
lateral ao corpo ciliar, pelas fibras zonulares. Entre as últimas encontramos os espaços
zonulares preenchidos por humor aquoso.
A opacificação do cristalino é designada por catarata e é uma causa frequente de
cegueira.
Corpo Vítreo
O corpo vítreo é a massa transparente, constituído por aproximadamente 98% de
água, de consistência gelatinosa que ocupa o espaço entre a retina e a face posterior
do cristalino. Tem forma esferóide, apresentando uma depressão na sua parte
anterior. O corpo vítreo é constituído por duas porções. Uma membrana de cobertura,
a membrana vítrea e um conteúdo, o humor vítreo.
A membrana vítrea é uma película fina que envolve o corpo vítreo em toda a sua
extensão. À frente, ao nível do cristalino, e atrás, ao nível da papila, reflecte-se sobre
si mesma, penetrando no canal hialiodeu e revestindo as suas paredes.
O humor vítreo é uma substância gelatinosa, contida no interior da membrana vítrea,
que é limitado atrás pela retina e adiante pelo corpo ciliar, pela zônula ciliar e pelo
cristalino. Ajuda a manter a forma esférica do globo ocular e participa na refracção da
luz. Não é uma substância homogénea, estando dividido por um duplo sistema de
fendas, umas circulares e outras radiárias, em numerosos segmentos, fazendo
lembrar, uma fragmentação em casca de cebola ou em gomos de laranja.
Canal hialoideu
O humor vítreo é atravessado de diante para trás por um canal central, o canal
hialoideu (de Cloquet). Durante a vida embrionária este canal é ocupado por uma
artéria, hialoideia, cujo tronco se vai converter na artéria central da retina.
Sobrancelhas
As sobrancelhas ou supercílios, são proeminências arqueadas e revestidas de pelos,
localizadas sobre as pálpebras.
Pálpebras
As pálpebras são estruturas que protegem os olhos das agressões externas e que
ajudam a lubrificar a córnea.
As pálpebras são duas, superior e inferior com uma face anterior e uma face posterior,
com um bordo livre que determina entre si a fenda palpebral cujos limites são as
comissuras palpebrais medial e lateral.
São constituídas por uma camada superficial de pele, uma camada muscular, que
constitui o músculo orbicular dos olhos (porção palpebral) e por uma lâmina fibrosa,
profunda em relação ao músculo, que se denomina, tarso.
O tarso possui numerosas glândulas tarsais que se abrem por pequenos orifícios no
bordo livre das pálpebras. Adiante destes e ainda no bordo livre, existem numerosos
pelos, os cílios palpebrais, vulgarmente designados por pestanas, que são mais
numerosos na pálpebra superior e que possuem uma curvatura especial. Na
vizinhança dos cílios encontramos ainda glândulas sebáceas e ciliares.
Conjuntiva
A conjuntiva é uma membrana mucosa que reveste a face posterior da pálpebra
(túnica conjuntiva palpebral), que se reflecte sobre a esclerótica (túnica conjuntiva
bulbar) e, que termina ao nível do contorno da córnea, no anel conjuntival, como acima
referido. As duas túnicas formam fundos de saco, superior e inferior, por onde se
deslocam as lágrimas da glândula lacrimal para os canalículos lacrimais.
A conjuntiva é ricamente vascularizada e muito fina, deixando observar a esclerótica.
A sua inflamação é designada conjuntivite.
Aparelho Lacrimal
O aparelho lacrimal é constituído pela glândula lacrimal, que produz as lágrimas,
localizada na porção superior e lateral da órbita. Descrevem-se na glândula duas
porções uma orbitária e uma palpebral (Fig. 286).
As lágrimas são drenadas para a conjuntiva e daí para o ângulo medial do olho, onde
se concentram no lago lacrimal. Encontramos nessa zona uma pequena elevação da
mucosa a que se dá o nome de carúncula lacrimal, em cujos pólos superior e inferior,
os pontos lacrimais, tem início o sistema de drenagem lacrimal. Os canalículos
lacrimais superior e inferior recolhem a lágrima e desembocam no saco lacrimal. O
saco lacrimal continua-se com o canal lacrimonasal, que se abre no meato inferior da
fossa nasal, pondo em comunicação as cavidades orbitária e nasal (Fig. 287).
AUDIÇÃO
O ouvido pode dividir-se em três porções: ouvido externo, ouvido médio e ouvido
interno.
Ouvido Externo
O ouvido externo é a parte mais lateral do ouvido. É constituído pela orelha ou
pavilhão auricular e pelo canal auditivo externo.
Cadeia Ossicular
Os ossículos da caixa do tímpano estão articulados entre si, formando uma cadeia que
se estende desde a membrana do tímpano, até à janela do vestíbulo (Fig. 290).
O martelo, apresenta a cabeça, que é a porção mais volumosa do osso e que se
localiza na sua parte superior. É redonda, lisa e, na sua porção póstero-medial,
encontra-se uma faceta articular elíptica para a bigorna. Por baixo da cabeça,
apresenta uma porção apertada, o colo. O cabo do martelo, destaca-se do colo, dirige-
se para baixo, na espessura da membrana do tímpano e termina na zona do umbigo
da membrana do tímpano, por uma porção em forma de espátula.
O martelo, apresenta ainda as apófises lateral e anterior. A apófise lateral é uma
pequena eminência que se destaca da porção ínfero-lateral do colo. A apófise anterior
(de Raw) tem a forma de uma espinha e vai desde a porção anterior do colo até à
porção lateral da cisura petrotimpânica.
A bigorna, localiza-se para dentro do martelo e apresenta o corpo e dois ramos. O
corpo está localizado no ático timpânico, tal como a cabeça do martelo, tem uma
forma cubóide, ligeiramente aplanado transversalmente. Na parte anterior do corpo,
existe uma pequena faceta articular, ligeiramente côncava, para a cabeça do martelo.
Os dois ramos, dividem-se em curto e longo. O ramo curto é horizontal e dirige-se para
trás para a parede mastoideia da caixa do tímpano. O ramo longo, dirige-se para baixo
e depois para dentro, terminando por uma pequena porção abaulada, a apófise
lenticular, que apresenta uma pequeníssima faceta articular para o estribo.
O estribo, assemelha-se a um estribo de montar, descrevendo-se, a cabeça, a base
ou platina e os ramos. A cabeça é a porção mais lateral do osso e articula-se com a
apófise lenticular da bigorna. A base ou platina, é uma lâmina óssea que se aloja na
janela do vestíbulo, tem forma oval de grande eixo transversal e a sua extremidade
posterior é ligeiramente mais espessa. Os ramos são dois, um anterior e um posterior
e unem a base à cabeça. No ponto de união dos ramos à cabeça, existe um ligeiro
estrangulamento designado por colo.
Os ossículos do ouvido estão articulados entre si, dando-se o nome de articulação
incudo-malear à união entre a bigorna e o martelo; articulação incudo-estapédica à
união bigorna-estribo; e articulação tímpano-estapédica à união tímpano-estribo, ao
nível da janela do vestíbulo. Estas articulações são uniões do tipo sindesmose e
possuem ligamentos de reforço.
Sobre a trompa auditiva descrevemos o canal do músculo tensor do tímpano, onde se
encontra o músculo com o mesmo nome que se vai inserir no cabo do martelo. O
músculo do estribo origina-se num canal ósseo na parede mastoideia e fixa-se na
cabeça do estribo, tendo por função amortecer as vibrações do estribo.
Ouvido Interno
Tal como o ouvido médio, o ouvido interno está contido na porção petrosa do osso
temporal.
O ouvido interno engloba um conjunto de canais ósseos, descritos no interior da
porção petrosa do osso temporal, designados por labirinto ósseo. No interior do
labirinto ósseo, suspenso por tecido conjuntivo, encontra-se um conjunto de
estruturas, com forma semelhante ao anterior, designadas por labirinto membranoso
(Fig. 291).
O labirinto ósseo apresenta uma porção posterior, o vestíbulo, à qual corresponde o
labirinto vestibular da porção membranosa (labirinto membranoso), onde se encontram
órgãos com funções no equilíbrio, e uma porção anterior óssea, a cóclea (caracol),
onde se encontra o canal coclear (do labirinto membranoso), órgão fundamental no
sentido da audição.
Ao nível do labirinto vestibular (labirinto membranoso) existem duas dilatações, o
utrículo e o sáculo, ligados pelo canal utrículo-sacular, que são estruturas implicadas
na percepção de acelerações lineares, nomeadamente ao nível das máculas utricular
e sacular correspondentes a áreas sensoriais. Do sáculo destaca-se o canal
endolinfático (aqueduto do vestíbulo) que termina ao nível do saco endolinfático
situado na face posterior da porção petrosa do temporal.
Descrevem-se ainda, no labirinto vestibular, os canais semicirculares, em número de
três, um anterior, um lateral e um posterior. Os canais semicirculares são estruturas
implicadas na percepção das acelerações circulares, estando cada um posicionado
perpendicularmente ao outro, nos três planos do espaço. Têm a forma de tubos
curvos, em arco de círculo. Os canais semicirculares partem do vestíbulo, ao nível do
utrículo e voltam ao vestíbulo, ao mesmo nível. Assim cada um apresenta dois
orifícios, um dilatado, orifício ampular, e um não dilatado, designado por orifício não
ampular.
Os canais semicirculares anterior e posterior têm uma extremidade não ampular
comum, a que se dá o nome de ramo membranoso comum. O canal semicircular
lateral termina no utrículo, na sua extremidade não ampular, através do ramo
membranoso simples. Às terminações ampulares dá-se o nome de ramos
membranosos ampulares.
Os canais semicirculares encontram-se revestidos por um epitélio. Nas ampolas
encontramos uma dilatação de consistência gelatinosa, a cúpula, à qual se sobrepõem
células neuro-epiteliais de carácter sensorial.
O vestíbulo, porção óssea onde se encontra o labirinto vestibular, relaciona-se com o
ouvido médio, através da janela da cóclea que se encontra ocluída com uma
membrana (membrana timpânica secundária) e também através da janela do
vestíbulo, que se encontra encerrada pela base do estribo. O vestíbulo apresenta duas
escavações correspondentes ao sáculo e ao utrículo, respectivamente, o recesso
esférico e o recesso elíptico. Apresenta ainda, como acima descrito, canais
semicirculares ósseos, ampolas ósseas e ramos ósseos, correspondentes aos do
labirinto membranoso. Ao nível das máculas sacular e utricular do labirinto
membranoso a superfície óssea apresenta numerosas perfurações para passagem de
fibras nervosas. Estas áreas tomam o nome de máculas crivosas.
Na porção anterior do labirinto ósseo descreve-se a cóclea ou caracol. A cóclea tem
uma forma espiral, com duas espiras e meia e um eixo ósseo, o modíolo. O vértice do
modíolo é designado por helicotrema e corresponde ao ponto de comunicação das
rampas vestibular e timpânica.
A cóclea contém dentro de si um conjunto de três canais paralelos enrolados em
hélice: rampa vestibular, rampa timpânica, e o canal coclear (Fig. 292).
Enquanto que as duas primeiras contêm um líquido semelhante ao líquido céfalo-
raquidiano, a perilinfa, o canal coclear contém endolinfa, líquido com baixa
concentração de sódio, e elevada concentração de potássio, ao invés do que acontece
na perilinfa. O espaço perilinfático está em contacto com o espaço subaracnóideu
através do canal perilinfático (aqueduto coclear), situado na vizinhança da transição
vestíbulo-coclear.
A endolinfa é produzida na estria vascular, localizada na parede lateral do canal
coclear. Circula por aquele canal, pelo sáculo, ao qual está unido pelo ductus
reuniens, pelo utrículo e pelos canais semicirculares. Finalmente passa para o canal
endolinfático que percorre até ao saco endolinfático, onde é reabsorvida. Um excesso
de produção ou um défice na reabsorção da endolinfa, conduz a uma hipertensão nos
espaços endolinfáticos, com consequências no equilíbrio e na audição, de que é
exemplo a doença de Menière.
A rampa vestibular e o canal coclear estão separados por uma membrana
extremamente fina, a membrana vestibular. O canal coclear está separado da rampa
timpânica pela lâmina basilar. Na lâmina basilar localiza-se o órgão espiral (de Corti) –
o órgão encarregue da conversão das ondas sonoras em impulsos nervosos. Deste
orgão destacam-se fibras nervosas para o modíolo (núcleo central da cóclea), através
dos canais longitudinais modiolares, onde tem origem o nervo coclear.
O ouvido interno está na origem do nervo vestibulococlear, VIII par craniano, com as
suas porções coclear e vestibular, ligadas respectivamente à audição e ao equilíbrio.
HIPÓFISE
A hipófise tem a forma e o tamanho aproximado de uma ervilha. É ímpar e mediana.
Situa-se atrás do quiasma óptico, adiante dos corpos mamilares, estando em relação,
através do infundíbulo, com o hipotálamo e encontra-se encerrada na loca hipofisária,
por sua vez contida na sela turca.
É constituída por um lobo anterior ou adeno-hipófise, um lobo posterior ou neuro-
hipófise e um lobo intermédio, muito desenvolvido em alguns animais mas atrófico no
Homem (Fig.293).
O lobo anterior ou adeno-hipófise é o mais volumoso, sendo altamente vascular e
constituído por células epiteliais de forma e tamanho variados, dispostas em cordões
ou folículos irregulares, separados uns dos outros por numerosos capilares sinusóides.
Pelo menos sete hormonas são sintetizadas e libertadas pela adeno-hipófise.
O lobo posterior, ou neuro-hipófise deriva do pavimento do terceiro ventrículo; é um
lobo nervoso que funciona como uma via de excreção dos produtos de secreção
elaborados pelo hipotálamo.
A hipófise é vascularizada pelas artérias hipofisárias, ramos da carótida interna. As
veias constituem uma rede muito desenvolvida que se estende para o hipotálamo e
constitui um sistema porta venoso – o sistema porta hipotálamo-hipofisário (Fig. 294).
Hipófise faríngea
É uma formação inconstante, situada na espessura da mucosa da abóbada faríngea.
Ocupa a linha média e apresenta a forma de um corpo alongado no sentido sagital,
dirigindo-se obliquamente de cima para baixo e de trás para diante. Identificamo-la,
num corte sagital, adiante da bolsa de Luschka e da amígdala faríngea.
TIRÓIDE
Artérias:
A glândula tiroideia é irrigada pela artéria tiroideia superior, primeiro ramo colateral
da artéria carótida externa. Ao alcançar o polo superior do lobo lateral da glândula a
artéria dá os seus três ramos terminais, um medial, que normalmente se anastomosa
com o mesmo ramo contra lateral, um ramo lateral e um ramo posterior.
A artéria tiroideia inferior é um ramo constante do tronco tiro bicervico escapular que
inclui também as artérias, cervical transversa, cervical ascendente e supra escapular.
Este tronco por sua vez é um dos ramos ascendentes da artéria subclávia. A artéria
tiroideia inferior percorre o bordo medial do músculo escaleno anterior e ao nível da
sexta vértebra cervical, curva-se no sentido medial, cruza posteriormente o nervo vago
(X par) e a artéria carótida comum. Passa adiante dos vasos vertebrais e alcança o
bordo posterior do lobo lateral da glândula.
A artéria tiroideia média (de Newbaüer) é um ramo inconstante do arco aórtico e que
existe em cerca de trinta por cento dos casos. O seu calibre é muito variável, desde
uma pequena arteríola até uma artéria de calibre razoável que caminha sobre a face
anterior da traqueia alcançando o bordo inferior do istmo tiroideu.
Veias:
As veias da tiroideias formam um plexo localizado na face anterior da glândula. À
medida que estas veias deixam a glândula, formam três troncos principais, que se
passam a designar como veias tiroideias superior, média e inferior.
A veia tiroideia superior é o único tronco venoso que acompanha o trajecto da artéria
com o mesmo nome. Esta veia abandona a glândula junto ao polo superior do lobo
lateral, acompanha o bordo do músculo omo-hioideu, cruza a face anterior da artéria
carótida comum (carótida primitiva) e termina na vertente medial da veia jugular
interna ou como parte do tronco venoso tiro-linguo-faringo-facial.
A veia tiroideia média não tem artéria satélite. Deixa a glândula a cerca de meia altura
do lobo lateral, cruza a face profunda do músculo omo-hioideu e termina na veia
jugular interna.
As veias tiroideias inferiores, em número variável, têm origem no polo inferior do lobo
lateral e no bordo inferior do istmo, dirigem-se para baixo, adiante da face anterior da
traqueia e apresentam com frequência anastomoses entre si. Estas veias terminam
na veia inominada esquerda.
Nervos:
A glândula é enervada pelo nervo laríngeo superior e pelo nervo laríngeo inferior
(recorrente), ambos ramos do nervo vago (X par).
O nervo laríngeo superior, após cruzar a artéria carótida interna pela sua face
posterior, divide-se em dois ramos, interno e externo. O ramo interno, o mais
volumoso, acompanha parte do trajecto da artéria tiroideia superior, perfura a
membrana tiro-hioideia junto ao bordo posterior do músculo tiro-hioideu. É um nervo
sensitivo e fornece fibras para o seio piriforme (goteira faringo-laríngea) e para a
mucosa supraglótica, tendo importância fisiológica no controlo da deglutição. O ramo
externo do nervo laríngeo superior, acompanha igualmente a artéria tiroideia superior
mas localiza-se num plano mais profundo. Passa por trás do polo superior do lobo
lateral e distribui-se aos músculos crico-tiroideu e constritor inferior da faringe. É um
nervo motor com importância na tensão das cordas vocais o que condiciona o timbre e
o volume da voz. A sua lesão provoca disfonia que no entanto na maior parte das
vezes é transitória.
O nervo laríngeo inferior (recorrente) é uma estrutura de vital importância na cirurgia
da glândula tiroideia. O seu trajecto apresenta variações, de tal forma que o nervo
pode penetrar na glândula, pode cruzar a face posterior da glândula ou pode percorrer
o sulco traqueo-esofágico. Durante a cirurgia, com o lobo lateral repuxado para a linha
média, o nervo apresenta uma posição mais anterior e mediana colocando-se
habitualmente na porção póstero-lateral na traqueia, abandonando o sulco traqueo-
esofágica. Este nervo passa de forma constante, atrás da articulação formada entre o
corno inferior da cartilagem tiroideia da laringe e a cartilagem cricoideia. À direita o
nervo cruza a primeira porção da artéria subclávia, vira para cima e dirige-se para a
linha média atrás desta artéria e da carótida comum (carótida primitiva) e caminha no
sulco traqueo-esofágico. Ascende neste sulco até à glândula e cruza, ou é cruzado,
pela artéria tiroideia inferior. Após alcançar o bordo inferior do músculo constritor
inferior da faringe, penetra na laringe, na porção lateral da membrana crico-tiroideia.
O nervo por vezes bifurca-se antes de penetrar na laringe.
É um nervo essencialmente motor, enervando todos os músculos intrínsecos da
laringe, nomeadamente dilatadores, constritores e tensores das cordas vocais, à
excepção do crico-tiroideu. Fornece ainda a enervação sensitiva da subglote. Do lado
esquerdo, após a sua origem no nervo vago, o nervo emerge da cavidade torácica
após ter passado por baixo do arco aórtico, ascendendo de seguida no pescoço pelo
sulco traqueo-esofágico.
Como forma de referenciar o nervo recorrente, foi descrito por M. M. Simon um
triângulo cuja base é formada pela artéria tiroideia inferior, o bordo posterior é formado
pela artéria carótida comum e o bordo anterior é formado pelo próprio nervo
recorrente. A fiabilidade desta referência é naturalmente condicionada pelas variantes
anatómicas descritas anteriormente.
A enervação simpática da glândula deriva dos gânglios simpáticos cervicais. As fibras
nervosas formam um plexo que alcança a glândula juntamente com as artérias
tiroideias superior e inferior.
Drenagem linfática:
A tiroideia é drenada por dois conjuntos de vasos linfáticos, que se poderão
sistematizar de forma simples como ascendentes e descendentes, individualizando-se
em cada um destes os linfáticos mediais e os laterais.
O grupo medial dos linfáticos ascendentes deixa o bordo superior do istmo e alcança
os gânglios linfáticos localizados na membrana crico-tiroideia, conhecidos como
gânglios pré laríngeos (ou de Delfos). Os linfáticos ascendentes laterais, deixam a
porção lateral e superior da glândula e acompanham a artéria tiroideia superior,
alcançando em seguida a cadeia cervical profunda, nomeadamente a cadeia da veia
jugular interna. Os linfáticos descendentes mediais, alcançam os gânglios linfáticos
pré-traqueais. Finalmente os linfáticos descendentes laterais passam na face profunda
da tiroide até alcançarem os pequenos gânglios linfáticos localizados ao longo do
nervo recorrente, constituindo a cadeia do nervo recorrente.
GLÂNDULAS PARATIROIDEIAS
As glândulas paratiroideias são pequenos corpos de cor amarelo torrada, cujo número
e localização é variável. Mais frequentemente existem uma superior e uma inferior em
cada lado, localizadas em qualquer posição desde a face posterior da faringe até ao
mediastino superior. Têm normalmente o tamanho de uma pequeníssima ervilha e
estão mais frequentemente localizadas entre o bordo posterior do lobo lateral e a
lâmina pretraqueal da fascia pretraqueal. As paratiroideias localizam-se, total ou
parcialmente dentro da capsula da glândula tiroideia podendo mesmo ser
intraparenquimatosas. A localização intratiroideia é mais frequente nas paratiroideias
superiores.
As glândulas paratiroideias são irrigadas por ramos da artéria tiroideia média que
correm junto à cápsula da glândula tiroideia.
DEGLUTIÇÃO E FONAÇÃO
Deglutição
A fase oral é iniciada quando a língua inicia a propulsão do bolo alimentar para trás. O
bolo rola sobre si próprio, da frente para trás ou estira-se ao longo da cavidade oral.
A face dorsal da língua conforma-se em sulco, criando como que uma rampa que
facilita o movimento do bolo para trás, ao longo da cavidade oral.
A adequada pressão exercida pela língua contra o palato é fundamental para que não
haja escape de partes do bolo nem que fiquem resíduos alimentares para trás, à
medida que o bolo alimentar progride através da cavidade oral em direcção à faringe.
Tipicamente, a fase oral da deglutição dura menos de 1,5 segundos, sendo
ligeiramente prolongado quando a viscosidade do bolo é maior.
Fonação
Anatomia Topográfica
Crânio
O crânio é constituído por duas partes: o neurocrânio ou cavidade craniana e o
viscerocrânio ou esqueleto facial.
A fronteira entre estas duas regiões é feita por um plano que passa pela raiz do nariz e
se estende pelo limite superior das órbitas, até ao meato auditivo externo.
Ossificação do crânio
Existem dois processos de ossificação dos ossos do crânio. Um forma o condrocrânio
e o outro forma o desmocrânio.
No condrocrânio existe substitição de cartilagem por osso, é a ossificação encondral
que existe essencialmente nos ossos da base do crânio.
No desmocrânio existe ossificação membranosa, isto é o tecido ósseo é formado
directamente por condensação de tecido conjuntivo. A ossificação membranosa ocorre
essencialmente na abóbada craniana.
Os ossos chatos do crânio são formados por uma lâmina externa de osso compacto, a
tábua externa, por uma lâmina interna de osso compacto, a tábua interna e entre as
duas, uma camada de osso esponjoso, o diploe.
No interior de alguns ossos do crânio, existem cavidades, que formam os seios peri-
nasais. O osso temporal contém os órgãos sensoriais da audição e do equilíbrio e
ainda células mastoideias.
Fossa retromandibular
A fossa retromandibular é limitada pelo ramo da mandíbula, pelo ventre posterior do
digástrico e por uma estreita banda fibrosa da fascia cervical. Nesta fossa está contido
o lobo profundo da glândula parótida.
No fundo da fossa retromandibular encontra-se a artéria carótida externa. Esta artéria
é acompanhada pela veia retromandibular que é formada pela reunião das veias
temporal superficial e temporal. A artéria auricular posterior ascende numa posição
posterior à veia retromandibular. No limite superior da fossa retromandibular a artéria e
a veia temporal superficial cruzam o nervo aurículo-temporal, que emerge da fossa
infratemporal e enerva a pele da região temporal posterior e parte do pavilhão
auricular.
Anatomia Topográfica do Pescoço
Artérias do pescoço
Artéria carótida comum
A artéria carótida comum localiza-se por baixo do músculo esternocleidomastoideu e é
acompanhada pela veia jugular interna e pelo nervo vago, constituindo o feixe vasculo-
nervoso do pescoço.
A artéria carótida comum ascende no pescoço, no interior da baínha do feixe vasculo-
nervoso e é cruzada pelo ventre superior do músculo omo-hióideu e pelas veias
tiorideias superior e média. A veia jugular interna localiza-se superficialmente
relativamente à artéria. O nervo vago localiza-se no sulco posterior, formado pela veia
jugular interna e pela carótida comum.
Na sua extremidade superior a artéria carótida apresenta uma dilatação, conhecida
como seio carotídeo.
Ao nível da bifurcação da artéria carótida comum, existe um pequno corpusculo,
avermelhado, localizado por trás da bifurcação, o corpo carotídeo. O corpo carotídeo é
um baroreceptor, sensível a variações da pressão arterial, mas também a pressão
directa, exercida durante intervenções cirúrgicas ou até actos clínicos.
A artéria carótida comum termina ao nível do bordo superior da cartilagem tiroideia,
bifurcando-se em artéria carótida interna e artéria carótida externa.
Veia facial
A veia facial cruza o bordo inferior da mandíbula e reúne-se com a veia
retromandibular. Para lá deste ponto, a veia passa a designar-se, veia facial comum.
Ao nível da bifurcação carotídea, a veia facial comum une-se à veia jugular interna.
Veias linguais
As veias linguais seguem duas vias. A veia dorsal da lingual passa profundamente ao
músculo hioglosso, acompanhada pela artéria lingual. A artéria lingual profunda corre
sob a mucosa da face ventral da porção móvel da língua. A veia dorsal drena para a
veia jugular interna ao nível do grande corno do osso hiópide. A artéria lingual
profunda reúne-se com a veia sublingual e segue o trajecto do nervo hipoglosso sobre
a face superior do músculo hioglosso. Esta veia reúne-se com a veia dorsal da língua
ou drena directamente para a veia jugular interna.
Plexo cervical
Ramos profundos
Entre os ramos profundos do plexo cervical, sublinhamos o nervo frénico. O nervo
frénico constitui o único nervo motor do diafragma. O nervo, forma uma ansa à volta
do bordo lateral do músculo escaleno anterior e em seguida desce, atravessando a
face anterior deste músculo, encontrando-se neste trajecto, coberto pela fascia
prevertebral, profundo em relação à artéria cervical transversa. Penetra no opérculo
toráxico, profundo em relação à veia subclávia e superficial à artéria subclávia. Podem
existir algumas fibras nervosas adjecentes ao tronco principal, que são designadas por
nervos frénicos acessórios.
Nervo glosso-faríngeo
Este nervo sai da base do crânio pelo buraco jugular. Imediatamente abaixo do buraco
jugular o nervo glossofaríngeo encontra-se localizado anteriormente relativamente ao
nervo vago e ao nervo acessório espinhal. Em seguida, dirige-se para a frente entre as
artérias carótida interna e carótida externa. Após este trajecto, forma uma ansa à volta
do músculo estilofaríngeo e passa entre o músculo constrictor superior e o músculo
constrictor médio da faringe, enervando de seguida a amígdala palatina, a mucosa da
faringe, os músculos constrictores da faringe e o terço posterior da mucosa da língua.
Nervo vago
O nervo vago sai da base do crânio através do buraco jugular. Em seguida o nervo
dirigige-se para baixo, no feixe vasculo-nervoso do pescoço e penetra no torax, na
base do pescoço. Ao longo do seu trajecto no pescoço, o nervo encontra-se localizado
no sulco formado pela veia jugular interna e pela artéria carótida comum,
profundamente relativamente a estas estruturas.
Entre os ramos do nervo vago, alguns são importantes refernciar durante as
dissecções cervicais.
O nervo laríngeo superior, origina-se do gânglio inferior do vago. Em seguida, passa
profundamente às artérias carótidas interna e externa, alcançando de seguida a
laringe. Divide-se em ramos interno e externo. O ramo interno, fornece a enervação
sensitive da região supraglótica. O ramo externo, percorre a superfície externa do
músculo constrictor inferior da faringe, juntamente com a artéria tiroideia, enervando o
músculo cricotiroideu da laringe que é um tensor das cordas vocais.
O nervo laríngeo recorrente direito, ou laríngeo inferior, tem origem no nervo vago,
adiante da artéria subclávia, no interior do tórax. Após a sua origem, descreve uma
ansa atrás da artéria e em seguida ascende no pescoço, em direcção à laringe, no
sulco traqueo-esofágico. Penetra na laringe, na porção lateral da membrana crico-
traqueal.
O nervo laríngeo recorrente esquerdo, tem a sua origem no tórax, a partir dom nervo
vago, quando o nervo vago cruza o arco aórtico. Após a sua origem, ascende no
pescoço, no sulco traqueo-esofágico, alcança a laringe que penetra na porção lateral
da membrana crico-traqueal.
Os nervos laríngeos recorrentes, enervam a mucosa da subglote e todos os músculos
intrínsecos da laringe, com excepção do músculo cricotiroideu.
Nervo Hipoglosso
O nervo hipoglosso sai d a cavidade craniana através do canal hipoglosso do osso
occipital e emerge profundamente relativamente ao feixe vasculo-nervoso do pescoço.
Em seguida dirige-se para baixo, profundo em relação ao ventre posterior do músculo
digástrico para emergir entre a veia jugular interna e a artéria carótida interna. Em
seguida, dirige-se para a frente, cruzando o nervo vago e as artérias carótidas interna
e externa, fazendo uma ansa à volta da artéria occipital. Dirige-se em seguida à face
profunda da glândula submandibular alcançando a face superior do músculo
hioglosso.
Entre os ramos do nervo hipoglosso destacamos a raiz superior da ansa cervical (ansa
cervicalis) que sai do tronco principal do nervo quando este cruza a artéria occipital.
Passa inferiormente na face anterior do feixe vasculo-nervoso do pescoço e une-se à
raiz inferior da ansa cervical (ansa cervicalis). A ansa cervical, enerva todos os
músculos infra-hioideus, com excepção do músculo tiro-hióideu. A ansa cervical
também é por vezes designada por ansa do hipoglosso.
Tronco Simpático Cervical
O tronco simpatico cervical estende-se desde a base do crÂnio até à artéria subclávia.
Encontra-se localizado Antero-lateralmente à coluna vertebral e inclui três gânglios
simpáticos cervicais.
O gânglio cervical superior é o mais volumoso e encontra-se atrás do feixe vasculo-
nervoso do pescoço, ao nível do atlas e do axis. Repousa sobre o músculo
longuíssimo do pescoço (longus coli). As fibras pós ganglionares penetram na
cavidade craniana conjuntamente com a artéria carótida interna.
O gânglio cervical médio localiza-se ao nível da apófise transversa da sexta vértebra
cervical. Este gânglio é inconstante.
O gânglio cervical inferior localiza-se posteriormente à artéria vertebral, ao nível da
primeira vertebra torácica.
A lesão do tronco simpatico cervical causa enoftalmia, ptose palpabral, miose e
anidrose do olho homolateral (Sindrome de Horner).
Plexo Faríngeo
Esta estrutura encontra-se na superfície externa do músculo constrictor médio da
farínge. É essencialmente constituído por fibras provenientes do gânglio símpatico
cervical superior, mas também por fibras dos nervos, vago e glosso-faríngeo. Este
plexo enerva os músculos faríngeos e os músculos do palato mole.
Linfáticos do pescoço
O pescoço tem um extenso sistema linfático que consiste numa rede linfática muito
rica e muito anastomosada de canais linfáticos que drenam para gânglios linfáticos
distribuídos por todo o pescoço.
Anatomicamente os grupos de gânglios linfáticos do pescoço foram divididos em
superficiais e profundos.
Os grupos superficiais encontram-se dispersos pelo pescoço e variam imenso em
número e localização. Os linfáticos superficiais drenam a pele para gânglios linfáticos
superficiais localizados à volta do pescoço e ao longo das veias jugulares externa e
anteriores.
Linfáticos superficiais
Os linfáticos superficiais consistem nos grupos ganglionares, submental,
submandibular, parotidiano, mastoideu e occipital. Estes grupos formam um círculo à
volta da parte mais alta do pescoço, com uma rede muito rica de canais linfáticos
anastomosando-os. Este facto justifica a presença de metástases contralaterais,
mesmo em presença de pequenos tumores e deverá ser tido em conta durante a
realização de celulectomias cervicais.
Os gânglios jugulares esternos e os gânglios jugulares anteriores completam os
grupos ganglionares incluídos nos linfáticos superficiais do pescoço.
Estas cadeias cervicais profundas, incluem a cadeia da veia jugular interna, a cadeia
do nervo acessório espinhal, a cadeia da artéria cervical transversa, retrofaríngea e
cadeias linfáticas cervicais anteriores profundas, localizadas à volta da laringe, da
traqueia e designados por gânglios prélaríngeos, pré e paratraqueais e retrofaríngeos.
A maior parte destes linfáticos profundos estão associados à veia jugular interna e
localizam-se à volta do feixe vasculo-nervoso do pescoço.
A cadeia jugular interna é formada por um número variável de gânglios, habitualmente
cerca de trinta, localizados ao longo da cadeia da veia jugular interna. Estes gânglios
podem ser divididos em anteriores e posteriores. Os posteriores localizam-se sobre os
músculos escalenos e os anteriores encontram-se sobre a face anterior da veia jugular
interna.
A cadeia ganglionar da veia jugular interna drena a pele da região occipital e as
estruturas superficiais e profundas da região anterior da cabeça e do pescoço. O
gânglio jugulodigástrico também designado por gânglio de Küttner localiza-se na
intersecção do músculo digástrico e da veia jugular interna. É um gânglio constante
que drena a amígdala palatina e a base da língua.
O gânglio de Poirier é um outro gânglio, localizado no ponto de cruzamento do
músculo omohióideu e veia jugular interna. Drena a língua e a região submental.
Por razões práticas a cadeia da veia jugular interna pode ser dividida num grupo
superior e num grupo inferior separados pelo cruzamento entre o músculo omohióideu
e o feixe vasculo-nervoso do pescoço.
A cadeia do nervo acessório espinhal acompanha o nervo e confunde-se na sua
porção inferior com a cadeia da artéria cervical transversa. Drena a linfa das regiões
mastoideia e occipital.
A cadeia cervical transversa corre ao longo da artéria com o mesmo nome e recebe os
vasos linfáticos da cadeia do acessório espinhal.
Canal torácico
O canal torácico esquerdo é o vaso linfático mais importante do organismo. É
frequentemente encontrado durante procedimentos cirúrgicos na fosa supraclavicular
e raiz do pescoço, nomeadamente durante celulectomias cervicais.
O canal torácico tem origem na reunião dos dois canais linfáticos lombares, na região
lombar. Após a sua origem, ascende na cavidade abdominal, atravessa o diafragma,
atravessa o mediastino e penetra na raiz do pescoço, à esquerda. Em seguida, faz um
arco sobre a artéria subclávia e adiante da artéria vertebral. Passa sob o feixe
vasculonervoso do pescoço e drena no sistema venoso, no ponto de união entre as
veias subclávia e jugular interna. Podem ocorrer múltiplas variações na porção
terminal do canal. O canal torácico pode ascender até cinco centímetros acima da
clavícula.
No lado direito do pescoço, na sua raiz, o tronco da veia jugular, o tronco da cervical
transversa e o tronco subclávio, unem-se, formando o canal torácico direito, que drena
para o sistema venoso no ponto de união das veias jugular interna e subclávia direitas.
Nível VII: Gânglios mediastínicos superiores. Este grupo é considerado como uma
àrea adicional, descrita por alguns autores. Nele são incluídos os gânglios
mediastínicos superiores localizados atrás da fúrcula esternal.
Aponevroses cervicais
Consideram-se duas aponevroses no pescoço: a aponevrose cervical superficial
(fascia cervical superficial) e a aponevrose cervical profunda (fascia cervical profunda).
A fascia cervical superficial corresponde ao tecido conjuntivo, localizado
imediatamente sob a derme. No pescoço, a fascia superficial divide-se para envolver o
músculo platima.
Na face, a fascia superficial também envolve os músculos da expressão facial
(cutâneos da face).
Existe um plano localizado sob o músculo platysma que, se respeitado, permite o
levantamento de retalhos cutâneos, durante cirurgias do pescoço.
Noções gerais
Após a fecundação, o ovo ou zigoto formado, vai iniciar um processo de divisão celular
originando a mórula, ainda na trompa uterina. A mórula, aumentando de tamanho, por
divisão celular, passa a designar-se, blastocisto. Assim se inicia o período proliferativo
do desenvolvimento que se estende entre as zero e as duas semanas de gestação. A
este período proliferativo segue-se o período embrionário, entre as duas e as oito
semanas e finalmente, o período fetal, entre as oito semanas e os nove meses de
gestação.
Esta evolução é possível devido à indução, que se define como o processo em que
uma célula indiferenciada recebe instruções de organizadores específicos que vão
produzir efeitos morfogénicos. O organizador é a parte de um embrião que influencia
uma outra parte para a sua diferenciação histológica e morfológica.
Substâncias químicas designadas por, factores de crescimento, induzem as células a
iniciar processos celulares específicos, incluindo síntese de DNA de forma temporal e
espacial específicas.
Durante o período proliferativo, ocorre a implantação e a formação do disco
embrionário. Durante o período embrionário, os vários tipos de tecidos diferenciam-se
e organizam-se para formar os órgãos e os sistemas.
Por volta da oitava semana, o embrião apresenta uma forma mais Humana, iniciando-
se o período fetal que se estende até ao nascimento.
Cada uma das camadas do disco embrionário vai prosseguir o seu desenvolvimento.
O disco embrionário vai sofrer um processo de alongamento, cefálico e caudal.
Simultaneamente, vai existir um processo de alargamento das extremidades laterais
do disco embrionário, que vão englobando a vesícula vitelina, agora designada por
vesícula umbilical, e o endoblasto. O endoblasto vai formar o revestimento interno do
intestino primitivo e permanece ligado ao exterior do embrião pelo canal onfalo-
mesentérico, que por sua vez irá originar o cordão umbilical.
Desenvolvimento da orofaringe
A orofaringe é composta pela cavidade oral primitiva e pela zona do intestino anterior
designada por faringe. O esboço oral aparece pela quarta semana do desenvolvimento
embrionário, na altura em que a placa neural se encurva em sentido ventral e as
pregas neurais dão origem ao telencéfalo.
Esta curvatura cefalo-caudal empurra o coração no sentido ventral e o saco vitelino
encerra, formando um tubo alongado, designado como intestino anterior.
O aprofundar da fosseta oral, aparece assim, entre o telencéfalo e o coração. Esta
estrutura vai diferenciar-se na cavidade oral.
No fundo da fosseta oral, encontra-se a membrana orofaríngea, que se rompe por
altura da quinta semana, fazendo comunicar a cavidade oral com a estrutura tubular
que é o intestino anterior. De seguida transforma-se na orofaringe.
O arco mandibular vai crescer lateralmente à fosseta oral. Por cima deste, desenvolve-
se o processo maxilar que vai dar origem à região geniana (bochechas).
O coração, que vai aumentando o seu volume, fica nesta fase posicionado por baixo
do arco mandibular, e está já localizado no tórax. O coração começa a bater aos 23
dias de vida embrionária. Após o início dos batimentos cardíacos, o sangue é forçado
a deslocar-se no interior dos vasos sanguíneos, nesta zona em particular, pelos vasos
dos arcos faríngeos, irrigando a face, o pescoço e o cérebro.
A face, em formação, vai ter agora um período de desenvolvimento intenso,
destacando-se do telencéfalo e pressionando o tórax e o coração.
Desenvolvimento da mandíbula
A mandíbula cresce lateralmente na cartilagem do primeiro arco. Tem ainda um
crescimento posterior até alcançar o côndilo cartilagíneo. Em conjunto, o corpo da
mandíbula e o côndilo cartilagíneo substituem a cartilagem de Meckel.
A mandíbula forma-se a partir de várias unidades: uma unidade condiliana que entra
na constituição da articulação, permitindo os movimentos da mandíbula; o corpo, que
é o centro de todo o desenvolvimento e função da mandíbula; o processo angular
que se desenvolve por resposta aos músculos pterigoideu lateral e masseter; o
processo coronóide que responde ao desenvolvimento e inserção do músculo
temporal; o processo alveolar que responde ao desenvolvimento dos dentes. Em
conjunto estas estruturas vão originar a mandíbula.
Generalidades
Considerações Clínicas
DENTIÇÃO DECÍDUA
GENERALIDADES
A dentição decídua também chamada de dentição primária ou de leite é formada por
vinte dentes (cinco por quadrante), isto é, um incisivo central, um incisivo lateral, um
canino e dois molares, dispostos pelos quatro quadrantes. Na dentição decídua não
existem pré-molares.
Assim a fórmula dentária da dentição decídua é:
2 I 1 C 2 M
2 I 1 C 2 M
Os dentes decíduos são mais pequenos que os dentes permanentes, excepção feita
para os dois molares de leite, cujo diâmetro mesio-distal, é maior que o dos pré-
molares.
As coroas dos dentes decíduos são mais pequenas que as dos dentes permanentes.
As raízes dos dentes temporários são mais finas e longas que as dos dentes
definitivos.
Os dentes temporários apresentam um colo anatómico mais estreito, que os dentes
permanentes.
Os dentes temporários apresentam uma coloração mais esbranquiçada.
O esmalte destes dentes apresenta-se mais delgado e com uma espessura uniforme
que o esmalte dos dentes permanentes.
A dentina presente entre o esmalte e as câmaras pulpares tem uma espessura
reduzida, em particular no segundo molar inferior.
As câmaras pulpares destes dentes são grandes e apresentam uns cornos pulpares
altos.
Nos molares as raízes são marcadamente divergentes e afilam-se rapidamente para o
ápice.
CARACTERISTICAS ANATÓMICAS DOS DENTES DECÍDUOS
INCISIVOS
Os incisivos decíduos são em número de oito, quatro na maxila e quatro na
mandíbula, são os únicos que apresentam um diâmetro mesio-distal superior à altura
da sua coroa e fazem a sua erupção por volta dos 6 a 9 meses.
CANINOS
Os caninos decíduos são em número de quatro, dois maxilares e dois mandibulares e
fazem a sua erupção entre os 16 e18 meses.
CANINO SUPERIOR
Na face vestibular nota-se uma redução do diâmetro mesio-distal até ao colo do dente,
os contornos mesial e distal são diferentes.
As faces proximais divergem fortemente a partir do colo. Na parte oclusal elas
convergem para uma cúspide muito aguda.
A face vestibular é muito convexa.
A raiz é cónica de superfície convexa, longa e de ápice arredondado.
A face lingual apresenta os mesmos elementos que o canino permanente, e tem umas
faces bem marcadas.
Nas faces proximais as cristas marginais têm um contorno convexo do lado lingual.
Na face oclusal, o contorno distal na cúspide é mais curto que o contorno mesial.
A câmara pulpar segue efectivamente os contornos gerais do dente, o corno pulpar é
projectado para a cúspide.
CANINO INFERIOR
O canino inferior difere pouco do canino superior.
A coroa do canino inferior é mais plana que a do superior.
MOLARES
Os molares decíduos são em número de oito e erupcionam entre 1 a 2 anos e meio, o
primeiro molar erupciona primeiro que o segundo molar, a erupção do canino dá-se
entre as erupções dos dois molares.
Os molares decíduos são substituídos pelos pré-molares.
1ºMOLAR SUPERIOR
É o mais atípico dos molares decíduos e permanentes. Normalmente este dente tem
duas cúspides (uma vestibular e outra lingual), no entanto sobre a face distal das
cúspides podemos diferenciar duas cúspides mais pequenas semelhantes às cúspides
disto-lingual e disto-vestibular.
Ao nível da face vestibular a coroa é larga e pouco elevada. As faces proximais
convergem fortemente para o colo e são convexas, a cúspide mésio-vestibular é
pouco marcada. Quando há cúspide disto-vestibular, ela está ao mesmo nível que a
mésio-vestibular.
O colo em volta da cúspide mésio-vestibular apresenta uma concavidade coronária, a
coroa é mais alta em mesial do que em distal.
A superfície da coroa é convexa no terço cervical.
As raízes são em número de três (duas vestibulares e uma lingual) são finas e
alongadas. A raiz mesial é a mais longa das duas raízes vestibulares.
As faces proximais (mesial e distal), na face mesial os contornos coronários são
fortemente curvos no seu terço cervical, especialmente no lado vestibular. A cúspide
lingual é a mais aguda. Das três raízes só as raízes mésio-vestibular e lingual são
visíveis.
A face distal é mais estreita que a mesial, nesta face as três raízes são visíveis.
A face oclusal é mais larga no lado mesial que do lado distal, o ângulo mésio-
vestibular é fortemente agudo por causa da existência de uma proeminência cervical
que é característica neste dente.
A cavidade pulpar apresenta uma câmara com três ou quatro cornos e três canais, um
lingual e os outros mésio e disto vestibular.
1º MOLAR INFERIOR
Este dente tem normalmente cúspides (duas cúspides vestibulares e duas cúspides
linguais), podendo apresentar uma quinta cúspide disto-vestibular.na face vestibular a
coroa é muito larga e pouco alta. O contorno mesial é rectilíneo, enquanto o contorno
distal é convexo. As cúspides vestibulares são mais individualizadas que as do molar
superior.
A superfície vestibular da coroa é convexa no seu terço cervical, enquanto os dois
terços oclusais são aplanados.
As raízes são em número de duas (uma mesial e outra distal), nascem de um tronco
radicular curto e divergem nos dois terços cervicais.
Na face lingual a cúspide mésio-lingual é a mais importante em tamanho, ela
representa dois terços desta face, é mais aguda que qualquer outra cúspide deste
dente. A cúspide disto-lingual está separada da mesial por uma ligeira depressão.
As faces proximais (mesial e distal) , a característica mais importante na face mesial é
a proeminência cingular mésio-vestibular da coroa. Na face distal o colo é rectilíneo e
a altura da coroa vestibular e lingual é idêntica a raiz mesial é convergente no terço
apical e tem m ápice arredondado, a raiz distal é mais estreita e curta e apresenta um
ápice mais pontiagudo.
A face oclusal tem a forma de um losango, o sulco mésio-distal separa as cúspides
vestibulares das cúspides linguais. O sulco vestibulo-lingual vestibular é mais mesial
que o sulco intercúspido lingual.
A cavidade pulpar apresenta uma câmara pulpar com quatro cornos, onde o corno
mésio-vestibular é o mais volumoso e ocupa uma grande parte da câmara. O corno
mésio-lingual é também muito desenvolvido. Tem três canais (dois na raiz mesial e um
na raiz distal.
2º MOLAR SUPERIOR
As suas características assemelham-se com o 1º molar definitivo.
Tem uma forte convexidade no terço cervical coronário, um tronco radicular menor que
o molar definitivo, raízes divergentes.
Na face oclusal a face lingual é mais estreita que a face vestibular e por conseguinte
as faces proximais convergem.
A cavidade pulpar apresenta uma câmara e três canais. A câmara pulpar tem quatro
cornos, o corno mésio-vestibular é mais volumoso e proeminente.
2º MOLAR INFERIOR
Assemelha-se ao 1º molar inferior definitivo.
A coroa é mais alongada no sentido mésio-distal em comparação com a altura da
coroa.
A cavidade pulpar apresenta normalmente 5 cornos pulpares, os cornos mesiais são
mais largos , o mais pequeno é o corno pulpar distal.
Tem três canais, dois mesiais e um canal distal.
DENTIÇÃO PERMANENTE (DEFINITIVA ou 2ª DENTIÇÃO)
1º Pré-molar inferior:
- Face vestibular:
É parecida com a face vestibular de um canino mas com uma cúspide menos aguda.
O contorno mesial da coroa na sua porção cervical é ligeiramente côncava, o seu
vértice está situado no terço oclusal da altura coronária.
O contorno distal da coroa é igualmente ligeiramente concavo na sua porção cervical,
o seu vértice está situado a metade da altura da coroa.
O vértice da cúspide está centrado ou ligeiramente para mesial. A aresta mesial é
convexa e a distal é côncava e mais comprida.
As faces proximais convergem na direcção cervical.
A face vestibular é mais convexa que a dos pré-molares maxilares, apresenta três
lóbulos vestibulares em que o mais desenvolvido é o centro-vestibular.
A raiz é convexa, de forma cónica e termina por um ápice pontiagudo.
- Face lingual:
A superfície coronal é mais estreita em lingual que em vestibular, é convexa e ocupa a
metade cervical da altura da coroa. Apresenta uma cúspide pontiaguda e pouco
desenvolvida. A metade oclusal da face lingual é constituída pela vertente interna da
cúspide vestibular.
- Face mesial:
Tem a forma de losango, o contorno vestibular é fortemente convexo, o contorno
lingual é ligeiramente convexo e mais baixo que o vestibular. O contorno oclusal é
formado pela justaposição das convexidades das arestas internas das cúspides
vestibular e lingual.
A crista marginal mesial forma o ponto de contacto mesial.
A superfície mesial da raiz é convexa e apresenta frequentemente um sulco
longitudinal.
- Face distal:
Os contornos coronal e radicular são idênticos aos da face mesial. A crista marginal é
menos inclinada e mais alta.
- Face oclusal:
O contorno vestibular forma um “V” aberto para lingual.
A face mesial é mais curta e mais convexa que a face distal
A face lingual é fortemente convexa e limitada à cúspide lingual.
A vertente interna da cúspide vestibular é o constituinte principal desta face, ocupa 2/3
vestibulares da face oclusal.
A vertente interna da cúspide lingual ocupa o terço lingual da face oclusal.
O sulco intercuspidiano principal une as fossas marginais mesial e distal e desenha
uma curva de concavidade vestibular.
2º Pré-molar inferior:
- Início da calcificação – 2 e 1/4 a 2 e ½ anos
- Formação da coroa – 6 a 7 anos
- Idade da erupção – 11 a 12 anos
- Formação da raiz – 13 a 14 anos
- Face vestibular:
Apresenta uma cúspide menos aguda que a do 1º pré-molar, os contornos mesial e
distal são mais arredondados e convexos, o ponto de contacto é mais cervical, a
descrição desta face é igual à do 1º pré-molar.
- Face lingual:
Esta face difere se for de um pré-molar de duas cúspides (uma vestibular e outra
lingual) ou de três cúspides (uma vestibular e duas linguais).
- Face mesial:
A crista marginal mesial é paralela ao plano oclusal, a superfície mesial é convexa.
- Face distal:
A crista marginal é mais baixa, a superfície da coroa é convexa assim como a da raiz.
- Face oclusal:
O contorno vestibular têm a forma de “V” aberto para lingual.
No caso de pré-molar com três cúspides:
As faces proximais são ligeiramente convergentes para lingual ou sensivelmente
paralelas. A face mesial é mais comprida e mais aplanada que a face distal.
A cúspide vestibular ocupa 2/3 da face oclusal, é limitada pelo sulco principal mésio-
distal intercúspideo que forma uma curva de concavidade vestibular, este sulco
apresenta a forma de “Y”.
1º Molar Inferior
- Face Vestibular:
A coroa tem a forma trapezoidal de grande base oclusal.
Desta vista são visíveis as cinco cúspides, três vestibulares (mesio-vestibular, centro-
vestibular e disto-vestibular) e duas linguais (mesio-lingual e disto-lingual).
O contorno mesial é convexo e o ponto de contacto está situado no ¼ oclusal da altura
da coroa.
O contorno distal é fortemente convexo na sua metade oclusal e concâvo junto ao
colo, o ponto de contacto distal é mais cervical.
O contorno oclusal é limitado pelas arestas cúspideas. A cúspide mesio-vestibular é a
mais volumosa das três cúspides vestibulares e a mais pequena é a cúspide disto-
vestibular.
A superfície vestibular é convexa no seu 1/3 cervical e no seus 2/3 oclusais
encontramos os três lobos que vão constituir as três cúspides, o lobo mesio-vestibular
é separado do centro-vestibular pelo sulco intercuspideo mesio-vestibular e este
termina na fossa vestibular, os lobos centro-vestibular e disto-vestibular estão
separados pelo sulco intercuspideo disto-vestibular e este termina numa fosseta.
Das duas raízes a mesial é a mais comprida e larga. A bifurcação das duas raízes faz-
se no 1/3 cervical da altura da raiz.
- Face Lingual:
A coroa tem a forma trapezoidal de grande base oclusal. As duas cúspides linguais
(mesio e disto-linguais) são visíveis, são as duas sensivelmente do mesmo tamanho e
maiores que as vestibulares.
Os contornos mesial e distal são idênticos aos da face vestibular.
A superfície lingual têm menos relevos que a superfície vestibular, o sulco
intercuspideo lingual termina na metade da altura da coroa e separa esta face em dois
lobos linguais.
- Face Mesial:
A coroa tem a forma trapezoidal de grande base cervical.
O contorno vestibular é convexo no seu ¼ cervical, o contorno contorno lingual é
convexo nos ¾ cervical e convexo no ¼ oclusal.
A crista marginal mesial é constituída pelas arestas mesiais das duas cúspides
mesiais e o ponto de contacto encontra-se no 1/3 oclusal e centrado no diâmetro
vestíbulo-lingual.
A superfície mesial da raiz mesial é convexa mas apresenta um sulco longitudinal
mediano.
- Face Distal:
Os contornos da coroa e da raiz são idênticos aos da face mesial.
A crista marginal é constituída pelas arestas distais das duas cúspides distais e têm a
forma de um acento circunflexo invertido. O ponto de contacto é ao centro da face
distal no sentido vestíbulo-lingual e no ¼ oclusal da altura da coroa.
A superfície distal da raiz apresenta uma depressão longitudinal bem marcada.
- Face Oclusal:
A coroa têm a forma hexagonal, o diâmetro mesio-distal é o maior.
A face mesial é ligeiramente convexa e a face distal é fortemente convexa e mais
estreita que a mesial.
A face oclusal propriamente dita está limitada pelas arestas cuspideas e marginais.
Apresenta cinco cúspides que são por ordem decrescente de tamanho: mesio-lingual,
disto-lingual, mesio-vestibular, centro-vestibular e disto-vestibular).
O sulco principal intercuspideo mesio-distal separa as cúspides vestibulares das
linguais, é formado por dois segmentos um distal e outro mesial.
Existem ainda três sulcos principais periféricos na direcção vestíbulo-lingual que
separam as cúspides mesiais e distais, dois destes sulcos são vestibulares, um mesio-
vestibular e outro disto-vestibular, o outro sulco é lingual e separa as duas cúspides
linguais.
Na intersecção dos sulcos intercuspideos vestíbulo-lingual e mesio-distal encontra-se
a fossa central mesial. A fossa central distal nasce da intersecção do sulco disto-
vestibular com o sulco mesio-distal.
Ainda se pode observar uma fossa marginal mesial e outra distal.
2º Molar Inferior
- Face Vestibular:
A superfície coronária é fortemente convexa no 1/3 cervical e nos 2/3 oclusais
apresenta os dois lobos das cúspides vestibulares que estão separadas pelo sulco
intercuspideo vestibular, estes dois lobos são idênticos.
A superfície radicular das duas raízes vestibulares é convexa e as duas raízes estão
dirigidas para distal e são idênticas.
- Face Lingual
A convergência lingual das faces proximais coronárias e radicular é menos marcada
que no 1º molar inferior.
As faces proximais convergem menos até ao colo que as do 1º molar inferior.
- Face Mesial
A convexidade vestibular é mais marcada do que no 1º molar inferior. O ponto de
contacto é na parte vestibular do 1/3 médio.
A superfície da raiz mesial pode apresentar uma ligeira depressão longitudinal, mas é
geralmente convexa.
- Face Distal
A crista marginal têm a forma de um acento circunflexo invertido. O ponto de contacto
é ao centro da face distal.
A raiz distal é mais é mais pequena que a mesial e a sua superfície é convexa.
-Face Oclusal
O contorno oclusal é rectangular e é limitado pelas arestas cuspideas e marginais.
Apresenta quatro cúspides (mesio-vestibular, disto-vestibular. mesio-lingual e disto-
lingual).
O sulco principal mesio-distal separa as cúspides vestibulares das linguais, é
geralmente rectilíneo ou pode apresentar duas concavidades linguais.
O sulco principal periférico vestibular separa as duas cúspides vestibulares, nasce na
fossa central e termina na face vestibular.
O sulco principal periférico lingual separa as duas cúspides linguais, nasce na fossa
central e termina na face lingual.
Apresenta ainda duas fossas marginais, uma mesial e outra distal.
3º Molar Inferior
- Face Vestibular
As cúspides vestibulares são arredondadas e são em número de duas. A superfície
vestibular da coroa apresenta dois lobos que estão separados por um sulco curto.
Os contornos mesial e distal são fortemente convexos e o ponto de contacto é a meia
altura da coroa.
As raízes são em número de duas, geralmente pouco desenvolvidas e às vezes estão
unidas.
- Face Lingual
Os contornos cuspideos das duas cúspides linguais são mais agudos do que os das
cúspides vestibulares.
- Face Mesial
Os contornos vestibular e lingual são convexos. A superfície mesial coronal e radicular
apresenta-se convexa.
- Face Distal
Contornos idênticos à face mesial. A raiz distal é menos volumosa que a raiz mesial. A
superfície distal coronal e radicular apresenta-se convexa.
- Face Oclusal
A forma geral da coroa é idêntica à do 2º molar inferior, mas mais arredondada. O
contorno mesial é fortemente convexo e mais comprido que o contorno distal que
também é convexo.
Apresenta quatro cúspides separadas pelos sulcos principais que formam uma cruz e
por inúmeros sulcos acessórios.
1º Prémolar Superior:
- Inicio da calcificação – 1 e 1/2 a 1 e 3/4 anos
- Formação da coroa – 5 a 6 anos
- Idade da erupção – 10 a 11 anos
- Formação da raiz – 12 a 13 anos
- Face Vestibular:
Convexa, de forma ovóide, semalhante à do canino superior, mas com uma cúspide
menos aguda. Apresenta uma proeminência no sentido cérvico-oclusal, crista
vestibular, que delimita de ambos os lados, no terço ocluasal, duas depressões
verticais. A cúspide vestibular está deslocada para distal sendo a vertente mesial da
cúspide maior que a vertente distal.
- Face Palatina:
Convexa e mais estreita que a vestibular. a cúspide é mais curta que a vestibular,
apresentando-se inclinada para mesial.
- Face Mesial:
Apresenta uma depressão no 1/3 cervical. A cúspide vestibular é maior que a palatina.
A crista marginal mesial é concava e é mais oclusal do que a crista marginal distal.
O ponto de contacto situa-se no 1/3 médio no sentido cervico-oclusal
- Face Distal:
Semelhante à face mesial mas é ligeiramente convexa.
A crista marginal é mais cervical que a crista marginal mesial.
O ponto de contacto é no 1/3 médio no sentido cervico-oclusal.
- Face Oclusal:
Apresenta duas cúspides, uma vestibular e outra palatina, as cúspides apresentam
vertentes mesial e distal que se unem na ponta da cúspide de um lado e na crista
marginal do outro.
A unir as duas cúspides observamos a crista transversa que é formada pelas cristas
trangulares das duas cúspides.
Apresentam sulcos central, suplementar mesio-vestibular, suplementar mesio-palatino,
suplementar disto-vestibular e suplementar disto-palatino e as fossas trangular mesial
e triangular distal. O sulco central encontra-se no sentido mesio-distal e termina em
mesial e em distal nas fossas triangulares respectivas. A fossa triangular mesial é
maior e mais profunda que a triangular distal.
Geralmente o 1º prémolar superior apresenta duas raízes (vestibular e palatina). Pode
apresentar só uma ou ainda três.
2º Prémolar Superior:
- Inicio da calcificação – 2 a 2 e 1/4 anos
- Formação da coroa – 6 a 7 anos
- Idade da erupção – 10 a 12 anos
- Formação da raiz – 12 a 14 anos
- Face Vestibular:
É convexa e apresenta a meio da coroa uma elevação, crista vestibular, menos
pronunciada do que no 1º prémolar.
Observamos a cúspide vestibular, sendo as vertentes menos altas que no 1º prémolar,
sendo a vertente mesial menor que a vertente distal.
- Face Palatina:
Convexa e mais estreita que a vestibular, a cúspide palatina é quase do mesmo
tamanho que a cúspide vestibular e inclinada para mesial.
- Face Mesial:
A cúspide vestibular é ligeiramente maior que a palatina.
A crista marginal é pouco concava e é mais oclusal que a distal.
O ponto de contacto encontra-se na união dos 1/3 médio e oclusal.
- Face Distal:
Semelhante à face mesial. A crista marginal distal é mais cervical que a crista marginal
mesial.
O ponto de contacto situa-se no 1/3 médio.
- Face Oclusal:
Apresenta a forma oval e obervamos duas cúspides, vestibular e palatina.
A unir as duas cúspides observamos a crista transversa que é formada pelas cristas
trangulares das duas cúspides.
Apresentam sulcos central, suplementar mesio-vestibular, suplementar mesio-palatino,
suplementar disto-vestibular e suplementar disto-palatino e as fossas trangular mesial
e triangular distal. O sulco central encontra-se no sentido mesio-distal e termina em
mesial e em distal nas fossas triangulares respectivas. A fossa triangular distal é maior
e mais profunda que a triangular mesial.
Apresenta uma raiz em 90% dos casos, pode ainda apresentar duas raízes ou então
duas raízes fundidas com bifurcação terminal.
1º Molar Superior
- Inicio da calcificação – à nascença
- Formação da coroa – 2 e ½ a 3 anos
- Idade da erupção – 6 a 7 anos
- Formação da raiz – 9 a 10 anos
- Face Vestibular:
É larga, arredondada e convexa. Apresenta duas cúspides, mesio-vestibular e disto-
vestibular, sendo a mesio-vestibular a mais volumosa. Entre as duas cúspides
observa-se um sulco, sulco vestibular, que se estende até ao 1/3 médio terminando
numa depressão. Esta face é dividida em dois lóbulos, vestíbulo-mesial e vestíbulo-
distal pelo sulco vestibular.
- Face Palatina:
É mais larga no sentido mesio-distal que a face vestibular. observamos duas cúspides,
mesio-palatina e disto-palatina, sendo a mesio-palatina a maior. Podemos ainda
encontraruma 5ª cúspide, mesio-palatina ou tubérculo de Carabelli. Entre as cúspides
encontramos um sulco, o sulco palatino, que divide esta face em lóbulo mesial e lóbulo
distal.
- Face Mesial:
É curta e larga no sentido vestíbulo-palatino. Observam-se duas cúspides, mesio-
vestibular e mesio-palatina, sendo a mesio-palatina a maior.
A crista marginal mesial é côncava.
O ponto de contacto situa-se na união dos 1/3 médio e oclusal.
- Face Distal:
Esta face é mais estreita no sentido vestíbulo-palatino do que a face mesial. São
visíveis desta face todas as cúspides. Das cúspides distais a mais pequena é a disto-
palatina.
A crista marginal distal é mais côncava e mais curta no sentido vestíbulo-palatino que
a crsita marginal mesial.
O ponto de contacto situa-se no 1/3 médio.
- Face Oclusal:
O contorno é quadrilátero, maior no sentido vestibulo-palatino que no mesio-distal. O
lado distal é mais estreito que o mesial.
Oservam-se cinco cúspides que por ordem decrescente de tamanho são: mesio-
palatina, mesio-vestibular, disto-vestibular, disto-palatina e tubérculo de Carabelli.
Nesta face encontramos os sulcos vestibular, central, transverso e obliquo distal e as
fossas central, triangular mesial, triangular distal e distal.
A fossa central é a maior e está no centro da face oclusal e daqui partem os sulcos
vestibular, central e transverso. O sulco central termina na fossa triangular mesial, o
sulco transverso termina na fossa triangular distal. A fossa distal encontra-se entre as
cúspides mesio-palatina e disto-palatina. O sulco obliquo distal parte da fossa
triangular distal e estende-se entre as cúspides disto-palatina e mesio palatina e
continua pela face palatina. O sulco vestibular parte da fossa central e continua pela
face vestibular.
A crista transversa une as cristas triangulares das cúspides mesio-vestibular e mesio-
palatina e a crista obliqua (ponte de esmalte) une as cristas triangulares das cúspides
disto-vestibular e mesio-palatina.
O 1º molar superior apresenta três raízes: mesio-vestibular, disto-vestibular e palatina.
A raiz palatina é a maior das três e a disto-vestibular a mais pequena.
2º Molar Superior
- Inicio da calcificação – 2 e ½ a 3 anos
- Formação da coroa – 7 a 8 anos
- Idade da erupção – 12 a 13 anos
- Formação da raiz – 14 a 16 anos
- Face Vestibular:
Convexa, larga e arredondada. Mais larga na união dos 1/3 médio e oclusal do que no
1/3 cervical. Encontram-se duas cúspides, mesio-vestibular e disto-vestibular, sendo a
maior a mesio-vestibular. entre as cúspides observa-se um sulco, o sulco vestibular,
que divide a face em dois lóbulos, o vestíbulo-mesial e o vestíbulo-distal.
- Face Palatina:
O 1/3 cervical é mais estreito do que o 1/3 médio. Encontramos duas cúspides, a
mesio-palatina e a disto-palatina, sendo a maior a mesio-palatina.
Entre as cúspides observa-se um sulco , o sulco palatino, que divide esta face em dois
lóbulos, o mesio-palatino e o disto-palatino.
- Face Mesial
Apresenta as duas cúspides mesio-vestibular e mesio-palatina sendo a maior a mesio-
palatina. A crista marginal mesial é mais comprida no sentido vestíbulo-palatino e é
mais oclusal que a crista marginal distal.
O ponto de contacto situa-se na união do 1/3 médio e oclusal.
- Face Distal
Apresenta-se mais estreita que a face mesial. Observam-se as cúspides disto-
vestibular e disto-palatina, sendo a maior a disto-vestibular.
A crista marginal distal é pequena e côncava e é mais cervical que a crista marginal
mesial.
O ponto de contacto situa-se no 1/3 médio da sua parte média.
-Face Oclusal
O contorno é quadrilátero, maior no sentido vestibulo-palatino que no mesio-distal. O
lado distal é mais estreito que o mesial.
Oservam-se quatro cúspides que por ordem decrescente de tamanho são: mesio-
palatina, mesio-vestibular, disto-vestibular e disto-palatina.
Nesta face encontramos os sulcos vestibular, central, transverso e obliquo distal e as
fossas central, triangular mesial, triangular distal e distal.
A fossa central é a maior e está no centro da face oclusal e daqui partem os sulcos
vestibular, central e transverso. O sulco central termina na fossa triangular mesial, o
sulco transverso termina na fossa triangular distal. A fossa distal encontra-se entre as
cúspides mesio-palatina e disto-palatina. O sulco obliquo distal parte da fossa
triangular distal e estende-se entre as cúspides disto-palatina e mesio palatina e
continua pela face palatina. O sulco vestibular parte da fossa central e continua pela
face vestibular.
A crista transversa une as cristas triangulares das cúspides mesio-vestibular e mesio-
palatina e a crista obliqua (ponte de esmalte) une as cristas triangulares das cúspides
disto-vestibular e mesio-palatina.
O 2º molar superior apresenta três raízes: mesio-vestibular, disto-vestibular e palatina.
A raiz palatina é ligeiramente maior e a mais pequena é a disto-vestibular.
3º Molar Superior
Este dente é muito variável na sua forma, pode ser semelhante ao 1º molar ou ao 2º
molar.
- Face Vestibular
Esta face presenta-se mais estreita e menos alta que a do 2º molar superior.
Apresenta duas cúspides, a disto-vestibular e a mesio-vestibular.
- Face Palatina
Geralmente este dente apresenta uma única cúspide palatina, larga e aguda.
- Face Mesial
A crista marginal mesial é paralela ao plano cuspideo.
- Face Distal
A crista marginal distal tem uma forma de acento circunflexo com concavidade oclusal
e é mais cervical.
- Face Oclusal
A linha de contorno desta face é triangular com o vértice palatino, quando apresenta 3
cúspides e igual ao 2º molar superior quando apresenta quatro cúspides.
DENTES INCISIVOS
DENTES CANINOS
São os dentes mais longos, e possuem a raiz mais comprida de todos os dentes. A
sua coroa e a sua raiz são fortemente convexas. As cristas marginais são convexas
em todos os sentidos. São dentes com uma grande estabilidade, que permitem uma
importante ancoragem radicular. A impressão da raiz do canino corresponde à
eminência canina da maxila.