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1. NEE Comportamentais

a) Hiperactividade

A perturbação por défice de atenção e hiperactividade ou ADHD (do inglês Attention Deficit
Hyperativity Disorder) é um problema mais comum isto em crianças e se baseia nos sintomas de
desatenção (pessoa muito distraída) e hiperactividade (pessoa muito activa, por vezes agitada,
bem alem do normal.). Alguns estudos estimam que afecte entre 1 e 5% das crianças em idade
escolar, sendo mais frequentemente diagnosticada nos rapazes. O problema é normalmente
detectado quando a criança começa a frequentar a escola, já que os sintomas de que se faz
acompanhar (actividade motora excessiva, comportamento impulsivo e problemas de atenção)
podem constituir um sério obstáculo à aprendizagem na infância. De qualquer forma, o fato de
uma criança ser muito irrequieta e exuberante não significa, forçosamente, que sofra de
hiperactividade.

Como identificar os sinais e quando se deve suspeitar de hiperactividade?

Para diagnosticar este problema, os especialistas têm em conta vários critérios. Os sinais devem
ter aparecido numa fase precoce, antes dos sete anos, e prolongar-se durante, pelo menos, seis
meses. Estes comportamentos têm de ser mais frequente ou graves do que no caso das outras
crianças da mesma idade. Além disso, estas condutas afectam a criança em mais do que um
contexto (na escola, em casa, no local de trabalho ou nas relações sociais). Assim, a uma criança
que se mostre demasiado irrequieta, distraída e faladora nas aulas, mas que consiga relacionar-se
normalmente em casa e noutras situações, não se pode diagnosticar uma perturbação por défice
de atenção e hiperactividade.
Os comportamentos mais característicos são:
 Problemas de atenção :As crianças hiperactivas têm dificuldade em concentrar-se numa
só coisa e aborrecem-se ao fim de alguns minutos à volta de uma só tarefa. Podem até
prestar atenção a actividades e coisas do seu agrado. Mas quando se trata de organizar, estar
atentas a uma tarefa ou aprender algo de novo, manifestam uma grande dificuldade,
distraindo-se facilmente com qualquer estímulo exterior.
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 Actividade motora excessiva :As crianças hiperactivas não param quietas e,


frequentemente, falam demasiado. Não conseguem manter-se sentadas calmamente: estão
constantemente a mexer ruidosamente nas canetas ou a abanar os pés. Muitas vezes, passam
o tempo a saltar impacientemente de actividade em actividade.
 Comportamento impulsivo :As crianças impulsivas mostram-se, frequentemente, incapazes
de controlar as suas reacções ou pensamentos antes de agir. Consequentemente, fazem
comentários pouco adequados ou respondem a questões antes mesmo de estas serem
completadas. A impulsividade faz com que a espera por algo que anseia ou pela sua vez se
torne insustentável. As crianças hiperactivas podem intrometer-se nas actividades das outras
ou perturbar as suas brincadeiras.

O impacto pode ter a hiperactividade

As crian ças com hiperactividade não só sofrem com os sintomas típicos da sua perturbação como
também com as consequências negativas dos seus comportamentos.
Para a criança
Talvez o maior impacto da hiperactividade nas crianças que sofrem deste distúrbio seja o facto de
serem, frequentemente, rejeitadas pelos seus colegas. As dificuldades escolares e de relacionamento
social podem ter consequências a longo prazo. Alguns estudos mostram que o número de acidentes é
mais elevado neste grupo de crianças, e, quando há uma combinação com outros distúrbios
comportamentais, as crianças hiperactivas têm um risco mais elevado de, mais tarde, virem a adoptar
comportamentos anti-sociais ou, mesmo, a abusar de drogas. Á medida que a criança cresce, vai
desenvolvendo estratégias de auto-controle que lhe permitem uma melhor adaptação e um melhor
relacionamento com o seu ambiente. Mas, em muitos casos, o impacto desta perturbação prolonga-se
na idade adulta.

Para a família
Os pais de crianças hiperactivas sentem-se, muitas vezes, impotentes, desanimados, sem saber o que
fazer. Os métodos de disciplina normalmente empregues, tais como a argumentação, os castigos ou a
repreensão não funcionam com estas crianças. Frustrados, por vezes, recorrem a métodos mais
desesperados, como bater ou gritar, mesmo sabendo que tais comportamentos são pouco adequados e
não resolvem nada. Resultado: acabam por manifestar um sentimento de culpa que em nada contribui
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para o bem-estar da criança. Uma vez diagnosticado o problema e a criança submetida a um


tratamento, os constrangimentos emocionais no seio da família podem, em parte, acalmar-se. As
famílias que lidam com crianças que sofrem de hiperactividade, tal como acontece com as famílias
que cuidam de crianças com doenças crónicas (por exemplo, paralisia cerebral ou autismo)
manifestam, frequentemente, maiores níveis de frustração e problemas conjugais. Além de que as
despesas com os tratamentos destas crianças podem representar um fardo pesado para muitas
famílias.

Para a sociedade
A um nível social mais alargado, estes indivíduos necessita de uma atenção especial, com custos que
se repartem pelas estruturas de saúde, da justiça, da educação e da solidariedade social. Além disso,
esta perturbação, quando associada a outros comportamentos problemáticos, pode contribuir, numa
idade mais avançada, para manifestações de violência e criminalidade, dada a impulsividade que lhes
é característica.

Possíveis causas da hiperactividade


Continuam a decorrer investigações no sentido de encontrar melhores formas de tratamento ou
mesmo formas de prevenir a hiperactividade. Até hoje, ainda não foi encontrada uma causa única que
esteja na origem destas perturbações comportamentais. Talvez até nem exista só uma, mas antes uma
combinação de causas que origine este conjunto de sintomas. Estudos recentes têm vindo a
evidenciar, cada vez mais, várias etiologias de origem biológica, em detrimento de motivos
ambientais no seio da família.

Algumas novas técnicas para o estudo do cérebro têm permitido desenvolver teorias que defendem
que danos neurológicos e alterações genéticas podem estar na origem da hiperactividade.
Perturbações no desenvolvimento do feto também são apontadas como causas possíveis. O fato de a
mãe fumar ou consumir álcool ou outras drogas, durante a gravidez, pode prejudicar o
desenvolvimento do cérebro do feto. A presença de toxinas no ambiente (por exemplo, chumbo
presente em certos solos ou nas tintas) pode, igualmente, afectar o desenvolvimento do cérebro das
crianças. Outros estudos defendem que existe uma certa propensão genética: é frequente haver vários
casos de hiperactividade no seio de uma mesma família. Cerca de um terço dos pais com
hiperactividade têm filhos com este problema.
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Identificação e intervenção no contexto escolar

A maior parte das crianças hiperactivas consegue acompanhar as aulas normais. No entanto, se,
em conjunto com o professor, os pais chegarem à conclusão que a criança não consegue
acompanhar o ritmo poderão contactar a direcção da escola, no sentido de esta providenciar um
apoio especializado. Além de um apoio às suas necessidades educativas, estes alunos deveriam
ser orientados na sala de aula no sentido de haver um controlo do seu comportamento. As escolas
que contam com o apoio de um Serviço de Psicologia e Orientação (com profissionais
especializados) são as melhores posicionadas para articular estas necessidades.

Para professores nas salas de aula


Para ajudar as crianças com hiperactividade a adaptar-se melhor às regras de funcionamento e
conduta na sala de aula, podem ser necessárias algumas modificações. As crianças hiperactivas
podem precisar de condições especiais que as ajudem a aprender. Por exemplo, colocar a criança
numa área menos sujeita a distracções (perto do professor). Pôr um desenho em cima da
secretária da criança para lhe lembrar as regras básicas nas aulas básicas pode ser uma boa ajuda:
levantar a mão em vez de gritar ou manter-se sentado em vez de andar pela sala. Dar mais algum
tempo nos testes, para que a criança sinta que tem uma oportunidade para mostrar o que aprendeu.
Relembrar regras ou escrever instruções no quadro, enumerando o material necessário para
determinada tarefa. Utilizar o reforço das condutas positivas, elogiando os aspectos positivos e os
progressos.

O professor pode ensinar técnicas que permitam à criança lembrar-se daquilo que tem de fazer:
quando tiver dúvidas acerca de determinada tarefa, pode ver as instruções que estão escritas no
quadro, levantar a mão e perguntar ao professor ou, simplesmente, perguntar calmamente a um
colega. Ensinar a dividir uma tarefa em várias etapas e a fazer uma coisa de cada vez. Mas também é
importante que os colegas não sintam que aquela criança tem direito a privilégios especiais, quando,
ainda por cima, apresenta um pior comportamento. Se for necessário, o professor pode estender as
modificações às outras crianças.
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b) Comportamentos Agressivos
Ninguém pode negar que muitas crianças (alunos), durante o seu processo de crescimento e por
diversas razões, esbarram com dificuldades de vária ordem, quer no relacionamento, quer na
comunicação com os outros, exibindo comportamentos considerados desajustados, perturbadores
ou mesmo associais. Porque surgem estes comportamentos? As causas são muito variadas.
Vejamos algumas:
- A organização físico-intelectual do indivíduo (problemas cerebrais, deficiência
intelectual, anomalias genéticas)
- Tentativa do aluno chamar a atenção do professor.
- Inadaptação à Escola ou ao próprio docente.
- O contexto comunitário, cultural e familiar em que a criança vive e que tem igualmente
muita influência no aparecimento destes comportamentos, pai ou a mãe estão quanto mais a
contribuir decisivamente para a prevenção de comportamentos anti-sociais do seu filho, quanto
menos este «tiver de viver angustiado com os problemas de emprego, saúde e habitação».

- Carências económicas e culturais. É verdade, que crianças com comportamentos


inadequados, existem em todas as classes sociais, mas é inegável que se destacam pelo seu
número e gravidade, nas camadas mais baixas da sociedade. Na verdade as carências económicas
e culturais, o alcoolismo e a droga, bem como a proveniência de minorias socioculturais
favorecem o aparecimento e agravamento destes comportamentos.

- Causas imputáveis à própria escola, nos casos em que escolas onde os professores não
supervisionem as várias dependências escolares e não falem com os alunos, não se configurará
neles a consciência mútua do cumprimento e aplicação das regras expressas no Regulamento da
Escola. Aulas mal organizadas, leccionadas por docentes exibindo comportamentos pouco
dignificantes em relação aos alunos, tornam estes indisciplinados e fazem neles desenvolver a
revolta, a inadaptação e atitudes desviantes.
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2. NEE VISUAIS

A visão é um dos sentidos que nos ajuda a compreender o mundo à nossa volta, ao mesmo tempo
que nos dá significado para os objectos, conceitos e ideias. A comunicação por meio de imagens
e elementos visuais relacionados é denominada "comunicação visual". Os humanos empregam-
na desde o amanhecer dos tempos. Na realidade, ela é predadora de todas as linguagens escritas.

A deficiência visual é a perda ou redução da capacidade visual em ambos os olhos, com carácter
definitivo, não sendo susceptível de ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes e/ou
tratamento clínico ou cirúrgico.
De entre os deficientes visuais, podemos ainda distinguir os portadores de cegueira e os de visão
subnormal. Chama-se visão subnormal (ou baixa visão) à alteração da capacidade funcional
decorrente de factores como rebaixamento significativo da acuidade visual, redução importante
do campo visual e da sensibilidade aos contrastes e limitação de outras capacidades.

Causas da deficiência visual


 Congénitas: amaurose congénita de Leber, malformações oculares, glaucoma congénito,
catarata congénita.
 Adquiridas: traumas oculares, catarata, degeneração senil de mácula, glaucoma,
alterações relacionadas à hipertensão arterial ou diabetes.

Como identificar?
Desvio de um dos olhos;
Não seguimento visual de objectos;
Não reconhecimento visual de pessoas ou objectos;
Baixo aproveitamento escolar;
Atraso de desenvolvimento.·
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Sinais de alerta
-Olhos vermelhos, inflamados ou lacrimejantes;
-Pálpebras inchadas ou com pus nas pestanas;
-Esfregar os olhos com frequência;
-Fechar ou tapar um dos olhos, sacode a cabeça ou estende-a para a frente;
-Segura os objectos muito perto dos olhos;
-Inclina a cabeça para a frente ou para trás, pisca ou semicerra os olhos para ver os objectos que
estão longe ou perto;
-Quando deixa cair objectos pequenos, precisa de tactear para os encontrar;
-Cansa-se facilmente ou distrai-se ao aplicar a vista muito tempo.

O Papel da escola e da comunidade

Além da família, a escola e a sociedade também podem (e devem) contribuir no sentido de


ajudar a enfrentar os obstáculos colocados pela deficiência. A escola é uma das grandes aliadas
na luta pela integração. Nesse espaço, as questões relacionadas a preconceitos, mitos e estigmas
podem ser debatidas e analisadas por todos: professores, alunos e funcionários.

Ao abrir suas portas igualmente para os que enxergam e os que não enxergam, a escola deixa de
reproduzir a separação entre deficientes e não-deficientes que há na sociedade.

Os portadores de deficiência frequentemente ficam segregados, escondidos, e a maioria das


pessoas não entra em contacto directo com eles. Por isso, ao encontrar uma pessoa com
deficiência, esses indivíduos ficam inseguros, sem saber o que fazer, e às vezes acabam tomando
atitudes defensivas e preconceituosas.

Ao se tornar um espaço de inclusão, a escola promove trocas enriquecedoras para toda a equipe
escolar, incluindo os alunos e suas famílias. A fonte de informações mais importante para o
educador traçar sua directriz de acção junto ao educando é saber como ele é (como percebe, age,
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pensa, fala e sente). O deficiente visual percebe a realidade que está a sua volta por meio de seu
corpo, na sua maneira própria de ter contacto com o mundo que o cerca.

Para conhecer o deficiente visual e seus significados (interesses e conhecimentos) e habilidades,


é necessário acompanhá-lo nesse trajecto percorrido pelo seu corpo, prestando atenção ao
referencial perceptual que ele irá revelar, que não é o da visão.

Partindo dos próprios caminhos perceptuais dos deficientes visuais, o educador pode oferecer-
lhes oportunidades para entrarem em contacto com novos objectos, pessoas e situações e, assim,
saber (ou aprender).
Aprender é aqui entendido como a capacidade humana de receber, colaborar, organizar novas
informações e, a partir desse conhecimento transformado, agir de forma diferente do que se fazia
antes. Aprende-se numa relação com o outro ser humano e/ou com as coisas a seu redor. (Masini,
1993)
O convívio com pessoas portadoras de deficiência (de qualquer tipo) contribui para facilitar a
quebra de tabus e de estigmas, favorecendo a plena inclusão do portador de deficiência na
sociedade e auxiliando a família a lidar com essa deficiência.

Todos os que rodeiam o deficiente visual precisam se conscientizar de que suas relações
interpessoais podem ser saudáveis e baseadas na reciprocidade, pois ele é uma pessoa total e
capaz.

O portador de visão subnormal deve utilizar auxílios ópticos adequados e materiais adaptados a
suas necessidades especiais, como por exemplo os textos com letras ampliadas. Na sala de aula,
o professor precisa estar atento para planificar a melhor posição (localização da carteira em
relação à lousa, à janela etc.) do aluno, de forma a facilitar sua aprendizagem.

Não há uma regra única: tudo vai depender do grau de visão da criança e do tipo de patologia
que ela tem. Dependendo do grau de visão, o aluno aprenderá o sistema braille, ou disporá de
textos com letras escritas em tamanho maior que o comum (tipos ampliados) e com maior espaço
entre as linhas.
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3. NEE Auditiva

A audição, tal como os restantes sentidos, é muito importante para o nosso desenvolvimento
como indivíduo, como parte da sociedade. Já antes do nosso nascimento, a audição é o primeiro
sentido a ser apurado, através do diálogo da mãe com o seu bebé, dos novos sons, do
conhecimento do mundo que nos rodeia.

É através desta que comunicamos com o mundo e este se comunica connosco, desenvolvendo
assim a nossa identidade, os nossos sentimentos, a compreensão do mundo que está à nossa
volta, os vínculos sociais, as interacções intra e inter – pessoais e, não esquecendo, o modo como
manifestamos os nossos anseios e necessidades.

A deficiência auditiva, trivialmente conhecida como surdez, consiste na perda parcial ou total
da capacidade de ouvir, isto é, um indivíduo que apresente um problema auditivo.

É considerado surdo todo o individuo cuja audição não é funcional no dia-a-dia, e considerado
parcialmente surdo todo aquele cuja capacidade de ouvir, ainda que deficiente, é funcional com
ou sem prótese auditiva.

Qual a diferença entre surdez e deficiência auditiva?

Por vezes, as pessoas confundem surdez com deficiência auditiva. Porém, estas duas noções não
devem ser encaradas como sinónimos. A surdez, sendo de origem congénita, é quando se nasce
surdo, isto é, não se tem a capacidade de ouvir nenhum som. Por consequência, surge uma série
de dificuldades na aquisição da linguagem, bem como no desenvolvimento da comunicação.

Por sua vez, a deficiência auditiva é um défice adquirido, ou seja, é quando se nasce com uma
audição perfeita e que, devido a lesões ou doenças, a perde. Nestas situações, na maior parte dos
casos, a pessoa já aprendeu a se comunicar oralmente. Porém, ao adquirir esta deficiência, vai ter
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de aprender a comunicar de outra forma.

Em certos casos, pode-se recorrer ao uso de aparelhos auditivos ou a intervenções cirúrgicas


(dependendo do grau da deficiência auditiva) a fim de minimizar ou corrigir o problema.

Tipos de deficiência auditiva


• Deficiência Auditiva Condutiva
• Deficiência Auditiva Sensório-Neural
• Deficiência Auditiva Mista
• Deficiência Auditiva Central / Disfunção Auditiva Central / Surdez Central

Deficiência Auditiva Condutiva

A perda de audição condutiva afecta, na maior parte das vezes, todas as frequências do som.
Contudo, por outro lado, não se verifica uma perda de audição severa.
Este tipo de perda de capacidade auditiva pode ser causado por doenças ou obstruções existentes
no ouvido externo ou no ouvido interno. A surdez condutiva pode ter origem numa lesão da
caixa do tímpano ou do ouvido médio. É vulgar nos adultos a perda de audição condutiva, devido
ao depósito de cerúmen (cera) no canal auditivo externo. Nas crianças, a otite média, uma
inflamação do ouvido médio, é a causa mais comum de perda de audição condutiva.

Deficiência Auditiva Sensorio-Neural

A perda de audição neurossensorial resulta de danos provocados pelas células sensoriais


auditivas ou no nervo auditivo. Este tipo de perda pode dever-se a um problema hereditário num
cromossoma, assim como, pode ser causado por lesões provocadas durante o nascimento ou por
lesões provocadas no feto em desenvolvimento, tal como acontece quando uma grávida contrai
rubéola.
A sujeição a ruídos excessivos e persistentes aumenta a pressão numa parte do ouvido interno – o
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labirinto – e pode resultar numa perda de audição neurossensorial. Essa perda pode variar entre
ligeira e profunda. Nestes casos, o recurso à amplificação do som pode não solucionar o
problema, uma vez que é possível que se verifique distorção do som.

Deficiência Auditiva Mista

Na deficiência auditiva mista verifica-se, conjuntamente, uma lesão do aparelho de transmissão e


de recepção, ou seja, quer a transmissão mecânica das vibrações sonoras, quer a sua
transformação em percepção estão afectadas/perturbadas. Esta deficiência ocorre quando há
alteração na condução do som até ao órgão terminal sensorial ou do nervo auditivo. A surdez
mista ocorre quando há ambas as perdas auditivas: condutivas e neurossensoriais.

Deficiência Auditiva Central / Disfunção Auditiva Central / Surdez Central

A deficiência auditiva Central, Disfunção Auditiva Central ou Surdez Central não é,


necessariamente, acompanhada de uma diminuição da sensibilidade auditiva. Contudo
manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na percepção e compreensão das quaisquer
informações sonoras. Este tipo de deficiência é determinado por uma alteração nas vias centrais
da audição. Tal, decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora
no tronco cerebral, ou seja, no Sistema Nervoso Central.

4. NEE Motrizes

A deficiência motora é a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo


humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de
paraplégica –perda total das funções motoras dos membros inferiores, paraparesia, monoplegia,
monoparesia, tetraplégica, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência
de membro, paralisia cerebral – lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso central, tendo
como consequência alterações psicomotoras, podendo ou não causar deficiência mental,
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nanismo, membros com deformidade congénita ou adquirida, excito as deformidades estéticas e


as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções.

Considera-se deficiência motora qualquer défice ou anomalia que tenha como consequências
uma dificuldade, alteração e/ou a não existência de um determinado movimento considerado
normal no ser humano. As alterações dos movimentos podem ter origem em alterações dos
grupos musculares, da estrutura óssea, da estrutura ósseo - articular ou em anomalias do Sistema
Nervoso Centra. Podem ter um carácter definitivo (estável, isto é, que não sofre alterações com o
tempo) ou evolutivo (que tem tendência a modificar-se ao longo do tempo).

Podemos considerar a Deficiência Motora como uma perda de capacidades, afectando


directamente a postura e/ou movimento, fruto de uma lesão congénita ou adquirida nas estruturas
reguladoras e efectoras do movimento do sistema nervoso. Considera-se uma pessoa portadora
de deficiência motora, de carácter permanente, ao nível dos membros superiores ou inferiores,
quando tiver uma incapacidade igual ou superior a 60%. Ou por outras palavras, a deficiência
motora é uma disfunção física ou motora, a qual poderá ser congénita ou adquirida, transitória ou
permanente.

Dependendo de cada problemática e severidade, as pessoas com deficiência motora podem ser
consideradas como alunos com Necessidades Educativas Especiais. Estes poderão apresentar
limitações ao nível das articulações e estrutura óssea, da função muscular e do movimento
(reflexos motores, reacções motoras involuntárias, controlo do movimento voluntário,
movimentos involuntários e padrões de marcha). A Deficiência Motora afecta o indivíduo: na
sua mobilidade; na coordenação motora; na fala.

A criança com Deficiência Motora

As crianças com deficiência motora apresentam limitações ao nível dos estímulos afectivos e
sensório - motores. Estes aspectos conduzem, por sua vez, a limitações na aquisição de
competências básicas em cada uma das etapas de desenvolvimento. As crianças com deficiência
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motora ficam impedidas de explorar o meio que as rodeia, facto que irá afectar e condicionar as
suas capacidades cognitivas e de personalidade.

A criança com Deficiência Motora e a Escola:


 Promover a independência do aluno mas tendo sempre presente as suas limitações e
necessidades;
 Procurar soluções específicas adequadas a cada caso;
 Dialogar com a criança tendo em atenção o seu campo de visão (pode ser incómodo estar
sempre com a cabeça levantada);
 Deslocar a cadeira de rodas com prudência para não magoarmos outras pessoas;
 Promover a entreajuda entre todos (pais, professores, auxiliares);
 Esclarecer e informar-se acerca do problema do aluno;

Causas principais da deficiência motora

As causas da deficiência física nos jovens ou adultos, pode resultar de um acidente vascular
cerebral (derrame), de traumatismo craniano, de lesão medular ou de amputação. Sendo que a
violência urbana, que tem sido tão focalizada pela média, como acidentes no trânsito ou de
trabalho, está se tornando a principal causa da deficiência física. São muitas as causas das
deficiências motoras e normalmente dividem-se em dois grupos fundamentais, de acordo com a
sua origem: Deficiências motoras que têm origem em lesões cerebrais e Deficiências motoras
com origem não cerebral causadas por factores externos (como por exemplo, traumatismos) ou
por factores internos (como por exemplo reumatismos, tuberculose óssea, entre outras).

Deficiências motoras de origem cerebral

A paralisia cerebral pode dar origem a diferentes situações clínicas que trazem sempre muitas
dificuldades para a pessoa. Trata-se de uma alteração do movimento e da postura, que aparece no
primeiro ano de vida, devido a uma lesão não progressiva (que não evolui) do cérebro. Sabe-se
que grande parte das lesões cerebrais no período pré-natal (antes do nascimento) aparece entre os
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cinco e os sete meses de vida intra-uterina. No entanto, ainda não existe um conhecimento claro
das suas causas. Parece ser evidente que certas infecções como a rubéola podem provocar ou
favorecer o aparecimento de alterações circulatórias e de lesões vasculares. As lesões cerebrais
perinatais (período que tem início quinze dias antes do parto e se prolonga quinze dias após o
nascimento da criança) que podem dar origem a paralisias cerebrais são aquelas que resultam de
falta de oxigénio no cérebro (abnóxias) e de hemorragias cerebrais. Estas são apenas algumas das
causas no período peri natal.

Causas pós-natais
As causas mais frequentes de lesão cerebral são os traumatismos crânio encefálicos, infecções
como as meningites bacterianas e tuberculosas.

Deficiência motora de origem não cerebral


Existem vários tipos de deficiências motoras de origem não cerebral, com causas também muito
diferentes:
 Deficiências motoras temporárias
As mais frequentes são aquelas que resultam de traumatismos, especialmente os cranianos. São
especialmente frequentes durante a infância e a adolescência. Na infância são sobretudo
consequência de acidentes ocorridos nos períodos do recreio na escola e no trajecto casa – escola
-casa. Na adolescência têm como causas principais a prática de desportos violentos e a utilização
de duas rodas. As consequências são normalmente muito graves. Apesar do traumatismo poder
não dar origem a qualquer paralisia, o indivíduo pode apresentar gestos e expressão verbal lentos
e descoordenados. Acontecem muitas vezes perdas de memória e alterações no comportamento.

 Deficiências motoras definitivas


Como exemplo de deficiências motoras definitivas podemos salientar as paralisias. As paralisias
podem resultar de lesões cerebrais ou de lesões da medula. As suas causas são variáveis e podem
ser congénitas (que já nascem com a pessoa) ou adquiridas, por exemplo, através de
traumatismos.
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Na maioria dos casos, a inteligência fica preservada. Na escola inclusiva com deficientes
motoras Nos dias de hoje muito se tem falado em educação inclusiva. Sabemos que as escolas
ainda têm muito que evoluir no que diz respeito a esse assunto, não só para acolher alunos com
deficiência visual, mas alunos com outros tipos de deficiência.

Há necessidade de capacitação de professores e em fazer adaptações para melhor receber esses


alunos. Na sociedade moderna em que vivemos, onde recebemos estímulos visuais a todo
instante, a pessoa com Deficiência Motora além de encontrar-se em desvantagem, ainda sofre
com muitas dificuldades nos seus aspectos motor, social e emocional.

A educação inclusiva, especificamente relativa às pessoas com deficiência, é um assunto muito


discutido. Busca-se constantemente atingir a qualidade para todos os envolvidos: alunos com
deficiência e seus familiares, professores e equipe escolar, e a comunidade de modo geral.

Portanto, uma mudança na prática, se faz necessária. Incluir alunos com deficiência na rede
regular de ensino, é bem mais que inseri-los em sala de aula, é dar a eles oportunidades de
desenvolvimento, de acordo com as suas necessidades e individualidade, e este é um grande
desafio. Associada a esse aspecto, a formação do professor é um factor que merece atenção.

A docência, como uma profissão aprendida, não se esgota na formação; aí ela é inicial, pois
continua no restante da vida, no trabalho nas escolas. Assim, tanto a graduação quanto a
educação continuada do educador deve incluir, além da informação sobre a deficiência, a
experiência com o aluno com deficiência, pois o esclarecimento e a convivência podem auxiliar
na construção da imagem da pessoa com deficiência como alguém que tem deficiência que lhe
causa limites, como tem também potencialidades a serem desenvolvidas. As diferenças e
necessidades decorrentes devem ser respeitadas para eliminar as restrições de participação social
e educacional.
O efectivo acompanhamento, aliado ao trabalho conjunto entre professores da classe comum,
sala de recursos e também das instituições especializadas com a sua experiência na área, poderão
promover um trabalho profícuo.
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Na busca de uma sociedade mais interactiva nos deparamos com a acessibilidade um factor
integrante do processo inclusivo constituindo um desafio a ser superado, pois são muitas
dificuldades e barreiras encontradas no acesso e nas práticas pedagógicas dos professores.
O desafio não é apenas colocar alunos com necessidades especiais dentro de uma mesma sala de
aula e sim fazer com que essa educação inclusiva proporcione a esses alunos uma evolução no
seu desenvolvimento educacional e pessoal, e os faça sentir inclusos numa sociedade que deveria
ser igual para todos.

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