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ABORDAGEM NEUROPSICOLÓGICA NA
PARALISIA CEREBRAL: ASPECTOS DA
AVALIAÇÃO E REABILITAÇÃO
APROACH NEUROPSYCHOLOGICAL
CEREBRAL PALSY: ASPECTS OF THE
EVALUATION AND REHABILITATION
Resumo
O presente artigo traz um panorama sobre abordagem neuropsicológica na
paralisia cerebral, evidenciando uma série de questionamentos acerca das
funções neuropsicológicas envolvidas como também, retratando aspectos da
avaliação e reabilitação. A neuropsicologia estuda as relações entre o cérebro,
o comportamento e os processos mentais buscando a relação entre cognição,
comportamento e atividades no sistema nervoso em condições normais ou
patológicas. Essas disfunções ou patologias por sua vez, podem estar
relacionadas ao desenvolvimento anormal do sistema nervoso ou adquiridas
no curso da vida. Partindo desse pressuposto, a presente pesquisa teve como
objetivo primordial investigar as funções neuropsicológicas envolvidas na
paralisia cerebral do tipo ataxia cerebelar fomentando discussões sobre
aspectos da avaliação e reabilitação. Trazem em seu bojo como metodologia,
uma pesquisa de cunho bibliográfica em bases de dados através dos
descritores ataxia cerebelar, neuropsicologia e reabilitação fundamentada em
artigos relacionados ao tema. Os resultados dos estudos demonstraram que
pacientes com paralisia cerebral além de apresentarem um comprometimento
motor, apresentam comprometimento em funções cognitivas como memória,
atenção, linguagem, como também problemas associados.
Descritores: Ataxia cerebelar. Neuropsicologia. Reabilitação.
Abstract
This paper presents an overview of neuropsychological approach in cerebral
palsy, showing a series of questions about the neuropsychological functions
involved as well, portraying aspects of assessment and rehabilitation.
Neuropsychology studies the relationship between cognition, behavior and
activities in the nervous system under normal or pathological. These
pathologies or dysfunctions in turn can be related to abnormal development
of the nervous system or acquired in the course of life. Based on this
assumption, this study aimed to investigate the primary neuropsychological
functions involved in cerebral palsy cerebellar ataxia type stimulating
discussions on aspects of assessment and rehabilitation. Bring in its wake as a
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Psicóloga, Especialista em Neuropsicologia pela Faculdade Christus. Especialista em Educação Especial
e Inclusiva. Atua na área da Reabilitação de Crianças com Necessidades Especiais e Avaliação
Neuropsicológica.
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Psicóloga, Doutorado e Mestrado em Psiquiatria e Psicologia Médica, Especialista em Neuropsicologia.
Professora Orientadora do curso de Neuropsicologia da Faculdade Christus.
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Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15.
1 INTRODUÇÃO
Vale ressaltar que, optamos neste estudo pelo uso da expressão Paralisia
Cerebral em vez do termo clínico específico, ou seja, Encefalopatia Crônica da Infância
– ECI. Para Paz (2003), esse termo permite que, uma numerosa gama de afecções, com
etiologias e quadros clínicos extremamente variados, possa ser incluída. Esse grupo de
afecções tem em comum o fato de acometer o sistema nervoso em uma fase em que ele
é ainda imaturo, de apresentar um substrato lesional, anatomopatológico, que não sofre
mais modificações após sua instalação, ainda que possa apresentar variações do quadro
clínico.
Ressalta-se então, que este artigo traz em seu bojo uma pesquisa bibliográfica
tendo como objetivo primordial investigar as funções neuropsicológicas envolvidas na
paralisia cerebral do tipo ataxia cerebelar fomentando discussões sobre aspectos da
avaliação e reabilitação neuropsicológica. A metodologia utilizada para confecção
deste artigo consiste na revisão de literatura, ocorrida no período de novembro á janeiro
de 2011 compilando visões de diferentes autores evidenciadas nesse tipo de
acometimento. Salientando-se em sua estrutura conceitos, causas, incidência, tipos e
classificação.
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2 PARALISIA CEREBRAL
Para Fuentes et al (2009), essas disfunções ou patologias por sua vez, podem
estar relacionadas ao desenvolvimento anormal do sistema nervoso ou adquiridas no
curso da vida. Estudos como de Muszkat, (2005) e Vilanova (1998) são referências para
refletirmos que a neuropsicologia também se baseia nos princípios da neuroplasticidade
que está presente nas aquisições durante o desenvolvimento da criança e do jovem, no
aprendizado de novas experiências ao longo da vida e após lesão cerebral. Assim, á
medida que se expressa o curso do desenvolvimento infantil, também ocorrerão
diferentes expressões do potencial de modificabilidade do cérebro pela experiência. No
entanto, a plasticidade se insere numa perspectiva maturacional, assim como o próprio
desenvolvimento notadamente nas perturbações do neurodesenvolvimento, como
acidentes vasculares, lesões traumáticas pré-natal, ou pós-natal, epilepsia, tumores
cerebrais etc.
Para Rapin (2000) o cérebro imaturo pode ser adversamente atingido a qualquer
momento, desde a fertilização até a maturidade, porque distúrbios genéticos ou
adquiridos podem desorganizar programas de desenvolvimento, ou infligir danos
físicos. Entre as causas são malformações cerebrais, infecções ou acidentes vasculares
cerebrais intra ou extra-uterinos, traumas ou lesões anóxico-isquêmica peri -natais, que
podem ou não ocasionar graves distúrbios motores.
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Segundo Araújo (2009), em seu estudo sobre paralisia cerebral, enfatiza que PC
foi descrito pela primeira vez por Little nos seus trabalhos iniciais entre 1843 a 1862,
ligando a encefalopatia crônica a diversas causas, estabelecendo-se assim, relação com
problemas ocorridos durante a gestação e o parto, dentre eles a asfixia neonatal. Não
existe um fator dominante especifico para as causas da paralisia cerebral e, a maioria
dos casos de PC ocorre por causas desconhecidas durante a gestação (pré-natal).
Schwartzman (2004) sugere que as complicações durante o parto (causas peri- natais),
antes consideradas como as mais frequentes, são as menos importantes, e hoje os
problemas pré-natais são tidos como uma das principais causas de PC.
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O meio ambiente por sua vez, não é apenas o substrato ou localidade para esta
comunicação. O organismo sofre modificações em sua estrutura física e funcional,
incluindo seus padrões de desenvolvimento maturacional e ontogenético, modificando
padrões de conexões de acordo com as várias influências. Assim falar em
desenvolvimento é falar em aprendizagem e em plasticidade cerebral. Mello (2005 p.29)
compreende que,
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Souza, (2005) afirma que a forma espástica com quadriplegia apresenta algumas
sequelas como a deficiência visual, auditiva e crises convulsivas com frequência. A
paralisia cerebral com diplegia leva a comprometimentos motores mais suaves, se
comparada com as citadas acima, pode haver deficiência auditiva e visual. Essas
crianças ou adultos podem se movimentar com mais facilidade, muitas delas chegam a
andar, sentar, são mais independentes.
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Hare, Durham e Green (2000) complementam que a maior parte das ataxias
congênticas tem origem pré-natal, frequentemente genética, embora as lesões
hemorrágicas cerebelares adquiridas já tenham sido descritas. As imagens do encéfalo
na variedade familial podem revelar anormalidades de desenvolvimento, em especial do
verme do cerebelo.
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2.2 INCIDÊNCIA
A real frequência de PC não é bem definida, pois depende dos critérios de inclusão que
não são uniformes, além de ser variável de região para região, na dependência dos
cuidados pré e perinatais. Em países subdesenvolvidos, a incidência deve ser maior que
nos países do primeiro mundo, em decorrência de causas passíveis de prevenção de PC,
especialmente as perinatais. Estima-se que por um ano surjam 4.500 novos casos de PC
nos EUA e que a incidência seria de aproximadamente 0,3% da população (PAZ, 2003,
p.884)
Nesse contexto esses autores colocam que, a real incidência é ainda muito
questionada principalmente considerando-se que
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3 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
Nesse contexto, o processo de avaliação inicia com uma entrevista clínica onde o
histórico do paciente é investigado (escolaridade, ocupação, antecedentes familiares e
história da doença) e esses parâmetros são utilizados na análise de resultados e na
interpretação do impacto cognitivo das doenças neurológicas (MADER-JOAQUIM,
2010, p.49). A avaliação pode ser estruturada por meio de baterias fixas, mas isso ocorre
geralmente dentro de uma demanda específica. As baterias fixas são desejáveis e
praticamente obrigatórias em pesquisas clínicas, portanto a escolha dos testes deve ser
suficientemente abrangente para cobrir a investigação das funções comumente
comprometidas nas doenças a serem investigadas retrata o autor.
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Para Miranda, Borges e Rocca (2010), a maturação neurológica dos bebês e seu
consequente papel no desenvolvimento cognitivo tem sido objeto de inúmeras
pesquisas. Está cada vez mais claro o papel de estruturas cerebrais específicas que
influenciam diferentes aspectos da cognição. A memória implícita, por exemplo, parece
desenvolver-se mais cedo e amadurecer mais rapidamente que a memória explicita.
Durante os primeiros meses de vida, a memória para procedimentos se desenvolve a
partir do estriado, e um precursor da memória explícita (no hipocampo) parece já
desempenhar um papel importante na lembrança dos bebês de imagens ou sons.
Segundo Vilibor e Vaz (2010), estudos em crianças com paralisia cerebral foram
encontrados alterações de quociente de inteligência (QI), alterações na linguagem,
percepção visual, auditiva, somatosensorial e funções executivas. Entretanto, crianças
com PC do tipo Atetose no qual a lesão é sub-cortical pode ter comprometimento físico
grave, mas a cognição é preservada como percepção auditiva, linguagem, raciocínio se
forem exposta a um ambiente enriquecido e à interação social intensa desenvolvem com
muito mais facilidade. Nesse contexto enfatizam que:
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4 REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Cabe sugerir um estudo com maior rigor em amostra maiores de grupo controle
de pessoas com paralisia cerebral do tipo Ataxia e investigar com clareza, através de
testes, a avaliação e reabilitação das funções neuropsicológicas envolvidas. Nota-se que
por ser um tipo raro de paralisia não é muito estudada nem mencionada, pois seu
aspecto cognitivo não se apresenta muito comprometido, devendo incluir-se nas escolas
e na sociedade para uma melhor adaptação.
REFERÊNCIAS
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Revista Científica CENSUPEG, nº. 1, 2013, p. 2-15.
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