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11 - Instrumentos Possíveis para Uma Intervenção Nas Cidades Parte I
11 - Instrumentos Possíveis para Uma Intervenção Nas Cidades Parte I
Mediadores de Educação
para Patrimônio
Instrumentos
possíveis
para uma intervenção
nas cidades - Parte I
Referências ................................................................................................175
1.
APRESENTAÇÃO
presente módulo tem
como objetivo apresen-
tar reflexões acerca da
Educação Patrimonial
ou Educação para o Pa-
trimônio, como possi-
bilidade de intervenção
das pessoas nas cidades,
aproximando os princi-
pais referenciais teóricos PARA OS
dessa área de atuação.
Apontaremos ainda por aqui o uso de
CURIOSOS
algumas ferramentas como os inventá-
rios participativos e sugerimos algu-
mas atividades e jogos que despertem
Hora de praticar
a atenção para as discussões acerca do
Você mesmo, neste momento,
tema. Legal, não é?
pode conversar com um familiar,
Lembremos que o patrimônio está
um vizinho, um colega da escola,
em todo lugar. Não está separado ou
aquele amigo da infância, e buscar
distante da nossa vida cotidiana. Loca-
registrar em uma folha de papel,
liza-se onde os sentidos, sentimentos e
pessoas, coisas e manifestações de
experiências de vida dos diferentes gru-
seu bairro, de hoje ou dos tempos
pos sociais afloram, criando relações de
de sua meninice.
pertencimento e identidades.
Essas lembranças podem ser
Muitos de nós habitamos em pequenas,
reconhecidas como referências
médias ou grandes cidades. Nelas, estabe-
culturais ou patrimônios
lecemos diálogos com múltiplos sujeitos
que representaram ou ainda
com quem compartilhamos lembranças,
representam a sua comunidade.
memórias e sentimentos, comuns ou não,
e determinamos as referências culturais
representativas para nós. E é nesse mo-
mento que nós definimos o que merece
ser guardado, protegido e valorizado.
2.
diação, foram consideradas e amplificadas
nos últimos 20 anos, como veremos a seguir.
Não é possível conhecer o patrimônio
cultural apenas a partir de uma visão con-
EDUCAÇÃO templativa: intervir nele é urgente! Prin-
cipalmente no processo de sensibilização
Bens Culturais
e Detentores
PATRIMONIAL OU para que outras pessoas possam se relacio-
nar com a cidade, identificando seus patri-
Já podemos falar
em bens culturais
EDUCAÇÃO PARA mônios de forma crítica, refletindo acerca e detentores, pois
dos significados que marcam muitos mo- neste ponto do nosso
O PATRIMÔNIO? mentos da história de nossas cidades. curso você já deve
estar sabendo bem
termo Educação Patri- É onde entra o nosso papel de media-
do que se trata, não
monial foi incorporado dor(a) de educação para o patrimônio, é mesmo? Mas se
no Brasil a partir dos tex- ou seja, de agente responsável por estabe- tiver dúvidas, não
tos produzidos pela mu- lecer diferentes estratégias que auxiliarão perca tempo: releia os
seóloga Maria de Lourdes na construção de significados individuais fascículos anteriores. O
Parreiras Horta, na déca- e coletivos no encontro entre os bens cul- importante é ser um(a)
ótimo(a) mediador(a)
da de 1980, como uma turais e seus detentores. e, para isso, devemos
transposição do conceito Agindo assim, assumimos a nossa fun- estudar e estarmos
inglês Heritage Educa- ção de poliglotas culturais, como afirma atentos ao mundo.
tion. Foi definido como Varine (2012), nos adaptando a públicos
“um processo permanente e sistemático distintos, independentemente de seu
de trabalho educacional centrado no Pa- grau de instrução e origem social, utili-
trimônio Cultural como fonte primária de zando linguagem adequada e acessível,
conhecimento e enriquecimento individual mas sempre determinada, encorajadora
e coletivo.” (HORTA, GRUNBERG e MONTEI- e sensibilizadora. Exemplifiquemos: as
RO, 1999, p. 6). Seus princípios metodológi- edificações (casas, prédios, monumentos)
cos foram muito utilizados nos museus de podem conter várias informações sobre o
História e de Arte, além de difundidos por contexto histórico de uma determinada
meio de publicações do Iphan (Instituto do época, como as técnicas de construção, o
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). estilo arquitetônico e as formas de ser e de
Tempos depois, alguns dos seus pres- viver utilizados no passado. Uma manifes-
supostos começaram a ser questionados tação cultural, como as rodas de capoeira,
Paisagens por vários estudiosos, sobretudo no que o cortejo de maracatu, a xilogravura etc.,
antropizadas se refere à ideia de promover uma “alfabe- pode revelar os modos de viver, saberes
São aquelas
modificadas tização cultural” dos indivíduos a partir da locais e costumes que se enraizaram e
pela ação/presença observação dos objetos, museus e paisa- se reconstruíram ao longo de um tempo.
do homem. gens antropizadas. Logo, o patrimônio ajuda a caracterizar Intervenção
Denise Grispum foi uma das primeiras a um contexto sociocultural, as identida- Interação,
formular novas proposições para o desen- des individuais e coletivas, como pode participação, tomada
de posição com
volvimento de uma Educação para o Pa- transmitir valores para as próximas gera-
o objetivo de influir
trimônio (2000). Embora essa terminologia ções. A educação para patrimônio, por- no desenvolvimento
não tenha sido largamente incorporada aos tanto, é um instrumento importante para local, regional
textos acadêmicos e documentos técnicos uma intervenção nas cidades, por nos ou nacional.
E qual a diferença
entre memória e história?
Baseados no pensador francês
Pierre Nora (1993), podemos
entender que esses termos não
são sinônimos, embora tenham
semelhanças, pois ambos são
dimensões da produção humana
fazer entender que os bens culturais são que lidam com lembranças,
testemunhos de quem fomos, de quem esquecimentos e identidades
somos e de quem queremos ser. (individuais e coletivas).
Para desenvolver atividades efetivas de A memória, no entanto,
educação para o patrimônio, o ideal é que é uma ação vivenciada no cotidiano,
elas se integrem à vida das pessoas desde espontaneamente atualizada no
seus primeiros momentos de existência. tempo presente, aberta à dialética
Discutimos e repetimos aqui muitas da lembrança e do esquecimento,
vezes que o reconhecimento e a preser- vulnerável a manipulações, que
vação de patrimônios não cabem apenas precisa de múltiplas modalidades de
ao poder público. Devemos atuar como lugares (materiais e imateriais) para
educadores na comunidade, fazendo com tomar forma. É o reino do absoluto.
que ela se aproprie desses patrimônios e Já a história é uma ação intelectual,
exerça o seu poder de resguardar, trans- escrita, que possui métodos de
mitir e ressignificá-los, deixando de lado produção, demanda análise e
uma postura passiva das lamentações por discurso crítico. É atualizada no
vê-los abandonados e/ou quase destruí- presente como uma reconstrução
dos. Não é isso o que assistimos nas redes sempre problemática e incompleta
sociais quando se noticiam a derrubada do pretérito. Pode usar a memória
daquele imóvel antigo e raro? Lamentos e como fonte de pesquisa,
pronto. Só isso? além de outros documentos.
A educação patrimonial ou para o pa- Deve fazer emergir lembranças
trimônio deve ser, desse modo, um me- e esquecimentos simultaneamente
canismo importante na construção da e, sobretudo, não deve estar a
cidadania, por ser uma prática que se pre- serviço de manipulações
ocupa em assegurar que os habitantes da de qualquer natureza.
cidade tenham voz e desempenhem o seu
papel de protagonistas na construção do
conhecimento e de ações relacionados às
suas memórias e histórias.
UNIVERSIDADE ABERTA
DO NORDESTE (UANE)
Viviane Pereira
Gerente Pedagógica
Marisa Ferreira
Coordenadora de Cursos
Joel Bruno
Designer Educacional
Thifane Braga
Secretária Escolar
CURSO FORMAÇÃO DE MEDIADORES
DE EDUCAÇÃO PARA PATRIMÔNIO
Raymundo Netto
Coordenador Geral, Editorial e Revisor
Cristina Holanda
Coordenadora de Conteúdo
Amaurício Cortez
Editor de Design e Projeto Gráfico
Miqueias Mesquita
Diagramador
Daniel Dias
Ilustrador
Thaís de Paula
Produtora
ISBN: 978-85-7529-951-7 (Coleção)
ISBN: 978-85-7529-962-3 (Fascículo 11)
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