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LINGUAGEM E TRADIÇÃO EM HANS GEORG GADAMER

LANGUAGE AND TRADITION IN HANS GEORG GADAMER

Pedro Ramos Ventura1


Recebido em: 31/03/2014
Aprovado em: 23/03/2015

RESUMO ABSTRACT

O propósito deste artigo é compreender as rela- This paper aims to understand the relation-
ções existentes entre a linguagem e a tradição em ship between language and tradition in Hans
Hans G. Gadamer a partir das obras Verdades e G. Gadamer from the works Truth and Meth-
Métodos I e II. A compreensão ou a incompreen- od I and II. The understanding or misunder-
são, segundo Gadamer, consistem um fenôme- standing, according to Gadamer, consist in a
no de linguagem. A linguagem é autônoma, e a language phenomenon. The language is au-
língua é desenvolvida em contextos e culturas tonomous, and the language is developed in
diferentes. Cada cultura cultiva suas tradições, e different contexts and cultures. Each culture
a linguagem não está desvinculada da tradição cultivates its traditions, and language is not
cultural humana e histórica. A linguagem que te- disconnected from the human and historical
mos é também limitada quando nos deparamos cultural tradition. The language we have is
com algum tipo de fenômeno que nos causa ad- also limited when we face some kind of phe-
miração, que nos deixa “mudos” ou estupefatos, nomenon that makes us wonder, “dumb” or
isto é, sem palavras. Diante desse fenômeno, a stupefied, that is, without words. Given this
linguagem nos falta, pois não haveria palavras phenomenon, we lack the language, because
para explicar aquilo que apreendemos. Ficar sem there would be no words to explain what we
fala, segundo Gadamer, é um modo pelo qual learn. To be speechless, according to Gadam-
estamos apenas começando a dizer e não finali- er, is one way in which we are just beginning
zando nossa fala. to say and not finishing our speech.
Palavras-chave: Gadamer; Linguagem; Tradi- Keywords: Gadamer; Language; Tradition;
ção; Língua e Cultura. Language and Culture

1 Pós-graduando em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Brasil. E-mail: pedro.rvmangole@hotmail.com.

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1 Introdução gem, o conceito de tradição, o conceito


de língua, o conceito de cultura, conclu-
O presente artigo tem interesse são e referências bibliográficas.
em explorar alguns aspectos conceituais
em Verdade e Método I e II de Gadamer 2 O conceito de linguagem em Gadamer
para perceber a finalidade da linguagem
humana e o modo como esta se relacio- Para Gadamer, a linguagem não
na à tradição. Gadamer concedeu ênfase deve ser um objeto de análise delimi-
especial à tradição como princípio fun- tável por conceitos. Wittgenstein, por
damental para explicar a complexa re- exemplo, renunciou seu primeiro proje-
lação entre os diferentes contextos e as to, o da linguagem matemática, ideal e
interlocuções dos seres humanos entre perfeita, em que é possível abstrair toda
si. O intuito deste texto consiste, assim, a realidade. Para Wittgenstein, a lingua-
em mostrar pontos relevantes das ideias gem não consiste em regras e não está
filosóficas de Gadamer, abordando suas delimitada na autoridade apenas da tra-
contribuições, seus paradoxos e suas la- dição como supôs Gadamer, para que a
cunas, os quais merecem nossa atenção. linguagem consiste em regras e técnicas
A linguagem corresponde ao que de jogos linguísticos.
Gadamer chama de compreender o dizí- Há desacordos entre Gadamer e
vel e o indizível. Sendo o homem é um ser Wittgenstein, uma vez que cada qual
vivo dotado de linguagem, esta não pode parte de pressupostos epistemológicos
ser reduzida a um sistema de signos, pois condizentes com suas crenças e tradições
constitui a linguagem do próprio Ser. filosóficas. Gadamer entende que a lin-
A linguagem pertence ao Ser; o guagem vai além da linguagem simbóli-
Ser pode ser inteligível e explicitado na ca, isto é, da linguagem dizível, incluin-
linguagem, ao passo que a língua é inata, do, assim, aquilo que não se pode dizer
de modo que não se reduz à tradição ou à ou falar. Já Wittgenstein, no Tractatus
cultura, mas é própria dos agentes falantes. Philosophicus, seu primeiro e ambicio-
A linguagem consiste na prepa- so projeto, assegura que aquilo que não
ração de um instrumento com vista ao se pode dizer deve ser calado, ainda que
acordo, tal como ocorre na conversa- mais tarde apresente um pensamento dis-
ção, em que coincide com a realização tinto na obra Investigações Filosóficas.
mesma do compreender e do chegar a Para Gadamer, mais importante
um acordo com o outro. Para Gadamer, que o sistema de regras das prescrições
no entanto, a linguagem não é um ins- do jogo, ou seja, as regras que permitem
trumento ou uma ferramenta que usa- a realização da língua, é o acontecimen-
mos e descartamos a qualquer instante: to de como tomar parte nesse jogo. Já
a linguagem não é descartável, pois ela Wittgenstein tem uma preocupação com
expressa o próprio Ser. a finalidade do próprio jogo da lingua-
Diante disso, o propósito deste gem, querendo mostrar suas regras de
trabalho é discutir os conceitos de Ser, funcionamento e descrever seus diver-
linguagem, língua e cultura, consideran- sos jogos, instrumentalizando-a. Gada-
do-se que há outros filósofos contempo- mer não tem uma preocupação utilitária
râneos que se opõem ao método herme- (instrumental) do jogo, mas acredita
nêutico de Gadamer sobre a filosofia da que é no jogar e no acontecer da lin-
linguagem. Assim, quer-se comparar e guagem que esta instaura e explicita a
confrontar suas ideias e perceber quais experiência do sentido da vida humana.
os benefícios que trouxeram para a filo-
sofia e para a ciência hoje. Para isso, este Todo mundo sabe, porém, que não é
texto está subdivido em seis partes, além possível um falar terminológico, nos
desta introdução: o conceito de lingua- moldes da exatidão do cálculo em

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símbolo matemático. É verdade que pode ser dizível e expressado por um ra-
o falar lança mão de termos. Mas ciocínio matemático, sem extrapolar os
isso significa que esses termos se limites gramaticais e da razão.
incorporam constantemente no pro- Para Wittgenstein, compreender
cesso de entendimento, recendo sua uma linguagem é dominar uma técnica,
função própria de linguagem no seio
desse processo. [...] O uso filosófi-
o que é possível por meio da observa-
co da linguagem, como vimos, não ção dos jogos de linguagem específi-
possui outra credencial a não ser que cos. Gadamer não está interessado em
se dá na linguagem (GADAMER, técnicas para compreender, dominar e
2002. p. 102). conhecer, pois compreender não signifi-
ca para ele dominar uma técnica ou um
É evidente, assim, que Gadamer conjunto de regras; o Ser que pode ser
rejeita o conceito de linguagem ou de compreendido é linguagem. Ou seja, a
língua wittgensteiniana, aliás, daquilo linguagem não é só aquela que falamos,
que se denomina o 1º Wittegenstein – existem possibilidades de extrapolar-
o da linguagem matemática. Gadamer mos os limites da razão para comuni-
compreende a linguagem como perten- carmos aquilo que ainda está por vir!
cente ao Ser, sem barreiras linguísticas
e sem delimitar o próprio Ser. Estamos Acredita-se que o aprendizado da
de acordo que não podemos delimitar linguagem consiste no fato de se
o próprio Ser! Porém, é pertinente per- dá nomes aos objetos: homens, for-
mas, cores, dores, estado de espirito,
guntar se o Ser a que Gadamer se refere
numero, etc. (WITTEGENSTEIN,
em Verdade e Método inclui também os 1999, p. 26).
animais que possuem um tipo de “ca-
pacidade racional” e cognitiva. A ques- Wittegenstein, na obra Investiga-
tão que se instaura é: o Ser é um tipo de ção Filosófica, parece mudar o curso de
“animal racional e cognoscente”? seu pensamento filosófico no que con-
Para Wittgenstein, em sua obra cerne aos signos linguísticos, outrora
Investigação Filosófica, a análise da rejeitados no Tractatus Philosophicus.
linguagem decorre da necessidade de Na Investigação Filosófica, a lingua-
observar seus diferentes usos e seus di- gem é prática e objetiva. O homem
ferentes jogos linguísticos, de modo que racional pode nomear coisas, ao passo
os homens e os filósofos devem apenas que os animais são desprovidos de tais
ver e deixar tudo como é, ou seja, não capacidades racionais, isto é, de nomear
extrapolar a linguagem, pois esta deve e fazer o uso da língua, assim como de
ser sempre comunicável. A nós, que fa- dominar a própria linguagem!
zemos parte da comunidade linguística, Para o filósofo:
não cabe inventar ou reinventar a própria
linguagem, mas apenas observar o que a palavra “este” no jogo da linguagem,
já está dado. Disso decorre que a lingua- ou a palavra “isto” na elucidação abste-
gem é estática: não sofre mudanças ou nha “isto” chama... Se se quiser evitar
transformações. No entanto, a lingua- confusão, é melhor não dizer que essas
gem é uma construção humana, de for- denominaram algo. E, estranhamen-
ma que cada grupo da comunidade lin- te, já foi dito que a palavra “este” é o
guística têm seus códigos e suas formas nome específico. Tudo que chamamos
conceptuais de comunicar. A divergência sem mais de “nome” é dito apenas num
entre Gadamer e Wittegenstein é que sentido inexato, aproximativo (WIT-
TEGENSTEIN, 1999, p. 26).
para aquele a linguagem pode extrapo-
lar os limites do Ser, enquanto que para
este a linguagem limita o Ser, ou seja, a Enquanto que para um a lingua-
linguagem é restrita apenas àquilo que gem é o próprio Ser arraigado na tradi-

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ção e na cultura, para outro a linguagem própria linguagem, já que o sujeito só


está reduzida a uma técnica dos falan- pode pensar dentro de uma linguagem.
tes, ou seja, àquilo que pode ser comu- A linguagem, segundo Wittegenstein,
nicável e compreendido na língua que não está presa a um modelo de crité-
se pretende falar. rio que constitui a fala. A língua, como
O homem pode se comunicar e fa- ocorre com a linguagem, pode romper
lar tudo o que pensa. É pela capacidade fronteiras, de modo que o indizível al-
de se comunicar que os sujeitos podem cança compreensão hermenêutica den-
pensar os conceitos comuns, como tam- tro de um contexto específico. Gadamer
bém viver em sociedade plural, partindo não explica se todo Ser tem a capacida-
do pressuposto de que o homem é um ser de de pensar, abstrair, julgar e concei-
dotado de linguagem. O homem é privi- tuar, bem como se o Ser é universal, isto
legiado nesse sentido se comparado ao é, não excludente.
animal não racional, que não possui a ca-
pacidade de interação comunicacional. 3 O conceito de tradição em Gadamer

A função da filosofia da linguagem e A tradição em Gadamer está in-


da ciência da linguagem por Wilhelm ter-relacionada com a linguagem. Tal re-
Von Humboldt não representou, con- lação faz parte do sujeito falante dentro
tudo, uma autentica restauração da de um contexto, de forma que o sujeito
visão aristotélica. Como seu objeto
participa dessa tradição contextual e her-
de investigação eram os idiomas dos
povos, abriu- se um caminho de co- menêutica. O que Gadamer entende por
nhecimento que pode esclarecer de tradição? Para Gadamer, a tradição é o
maneira nova e fecunda a diversidade momento da liberdade e da própria histó-
dos povos e dos tempos e a essência ria. A tradição mais autêntica e venerável
humana comum a eles subjacente. não se realiza naturalmente em virtude
Mas o que definiu aqui o horizonte da capacidade de permanência daquilo
da pergunta pelo homem e pela lin- que singularmente está aí, mas necessita
guagem foi apenas admitir no homem ser afirmada, assumida e cultivada.
uma faculdade e esclarecer o regi-
mento estrutural dessa faculdade que A tradição é essencialmente conser-
chamamos de gramatica, sintaxe, vo- vação e como tal sempre está atuante
cabulário da linguagem. No espelho nas mudanças históricas. No entanto,
da linguagem, podiam se reconhecer a conservação é um ato da razão, ain-
as cosmovisões dos povos, conhecer da que caracterizado pelo fato de não
detalhadamente a estrutura de sua atrair a atenção sobre si. Essa é a razão
cultura um bom exemplo é o conhe- por que as inovações, os planejamentos
cimento do estágio cultural da consti- intentem mostrar-se como única ação
tuição dos povos. [...] Mesmo assim, e resultado da razão. Isso, no entan-
nesse modo de pensar, o fenômeno da to, apenas parece ser assim. Inclusive
linguagem só adquire o significado quando a vida sofre suas transforma-
de um campo de expressão eminente, ções mais tumultuadas, como em tem-
no qual é possível estudar a essência po revolucionários, em meio à suposta
do homem e sua evolução na história mudança de todas as coisas conserva-se
(GADAMER, 2002, p. 175). muito mais do que era antigo do que se
poderia crer, integrando-se com o novo
Gadamer pensa a linguagem numa nova forma de validez. Em todo
como algo constituinte do sujeito, que caso, a conservação representa uma
não está limitada ou presa a nenhum conduta tão livre como a destruição e
tipo de regra ou conceito clássico. Ele a inovação. Tanto a crítica à tradição,
defende que todo pensar sobre a lingua- como a sua reabilitação romântica, fi-
gem, pelo contrário, é alcançado pela cam muito aquém de seu verdadeiro ser
histórico (GADAMER, 2002, p. 423).

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Gadamer postula que a tradição Para Gadamer, é importante refletir


deve ser assumida pelos sujeitos, pois é sobre o método epistemológico dominan-
nela que o indivíduo se assumiu como te a fim de saber se a consciência histórica
tal. A tradição é um ato puramente de conseguiu diferenciar nossos comporta-
conservação daquilo que valorizamos. mentos científicos quanto àquele com-
Disso decore que a tradição é um ato portamento natural em relação ao passa-
racional e um desenrolar histórico, que do. Nosso comportamento em relação ao
está em constantes mudanças, as quais só passado, insiste Gadamer, é de confirmar
ocorrem em função do homem racional. constantemente a tradição.
Contudo, a tradição, em outros contex-
tos, não provoca mudança no homem Antes, encontramos sempre em tradi-
tal como pretende Gadamer. Os valores ções, e esse nosso estar dentro delas
morais, assim como os vários tipos pos- não é um comportamento objetiva-
síveis de racionalidades, contrapõem-se dor, de tal modo que o que diz a tradi-
ção fosse pensado como estranho ou
ao pensamento gadameriano.
alheio - isso já é sempre algo próprio,
John McDowell2, em seu livro exemplar e intimidamente, um reco-
Mind and World (Mente e Mundo, nhecer-se, no qual, para nosso juízo
1942) discorda de Gadamer quanto ao histórico posterior, quase já não se
conceito de tradição. Por alguma razão, divisa conhecimento, porém a mais
McDowell não desenvolve a questão. singela e inocente transformação da
Gadamer recorre à história e à tradição tradição (GADAMER, 2002, p. 423).
para subsidiar suas argumentações.
Para o filósofo, Gadamer argumenta que a tra-
dição, assim como a linguagem, é algo
Os costumes são dotados livremente, que faz parte da subjetividade dos su-
mas não criados por livre inspiração jeitos. Porém, a tradição, como é o caso
nem sua validez nela se fundamen- da linguagem, constantemente passa por
ta. É isso, precisamente que deno- mudanças. “O efeito da tradição que
minamos tradição: o fundamento
sobrevive e, os efeitos da investigação
de sua validez. E nossa divida para
com o romantismo é justamente essa histórica formam uma unidade de efei-
correção do Aufklarung, no sentido to, cuja análise só poderia encontrar uma
de reconhecer que, à margem dos trama de efeitos recíprocos” (GADA-
fundamentos da razão, a tradição MER, 2002, p. 435). Em outras palavras,
conserva algum direito e determina o que Gadamer pretende dizer é: existe
amplamente as nossas instituições e uma reciprocidade entre o comporta-
comportamentos. A superioridade da mento histórico e o da tradição, de modo
ética antiga sobre a filosofia moral que o efeito de um é também o efeito de
da idade moderna se caracteriza pre- outro. Portanto, tanto a tradição como o
cisamente pelo fato de que, com base comportamento histórico são insepará-
no caráter indispensável da tradição,
veis no contexto hermenêutico.
ela fundamenta a passagem da ética
à política, a arte, legislação correta Habermas, outro filósofo que ob-
(GADAMER, 2002, p. 421-422). jeta o conceito de tradição gadameria-
na, defende que a tradição não pode ter
um peso absoluto, pois essa seria uma
concepção ingênua de que a tradição
não perde sua força pela ação da cons-
2 É um filósofo contemporâneo que foi membro do University College da
Universidade de Oxford. Atualmente, é professor na Universidade de Pitts- ciência histórico-factual.
burgh e pesquisa filosofia da mente e filosofia da linguagem. Na década de
1970, investigou a semântica da linguagem natural. Seu trabalho foi muito
Segundo Habermas:
influenciado por Ludwig Wittgenstein, Peter Strawson, David Wiggins,
Gareth Evans, Wilfrid Sellars e vários outros pensadores. Seu mais recente
trabalho em filosofia é: Mind and World, em que há uma explicação con-
Que em el fondo Gadamer sostiene
troversa sobre a justificação empírica de crenças, desde as críticas de Hegel una autocomprensión de la herma-
a Kant, sendo fortemente Influenciado por Richard Rorty.

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néutica que absolutiza el peso de pela própria humanidade, pois entende


la tradición. La absolutizacón de la que a tradição pode sofrer um tipo de
tradicion mantiene la concepción manipulação semântica, chegando a apa-
ingênua de que las tradiciones no recer como mais um produto na esfera
pierden su fuerza por la acción de capitalista. Habermas critica Gadamer,
la consciência histórico- efectual.
Sin embargo, de hecho la reflexión
afirmando que “transforma a intelecção
desplaza el peso desde la autorida- da estrutura preconceitual da compreen-
de incontestada de las tradiciones são numa reabilitação do preconceito en-
hacia el poder de la razón. La refle- quanto tal” (HABERMAS, 1987, p. 16).
xión es capz de desvelar la aparente A tradição é um conceito que deli-
absolutez de la tradición. Ya que la mita determinado grupo de agentes mo-
reflexión hace consciente la génesis rais, mas não implica necessariamente
de tradición a la que ella misma per- códigos infalíveis. A tradição moderna
tenece y sobre la que se vuelve, está valoriza a troca de experiência, em um
capacitada para romper el dogma- contexto em que o avanço da tecnologia
tismo del mundo vivido, su caráter vem quebrando paradigmas e preconcei-
incontestable. Hay uma via para la
crítica (apud ORAA, 2000, p. 499).
tos e confrontando nossa visão de mun-
do, levando-nos a redesenhar e ponderar
Habermas não concorda com a nossa maneira de conceber o mundo. O
ideia de que a tradição é absoluta e fe- intercâmbio de conhecimentos cientí-
chada. Para ele, o caminho da reflexão ficos é essencial, porque interconecta o
pode abrir portas para novas ideias e mundo e rompe aos poucos com os mo-
novas formas de ver o mundo e a pró- delos hegemônicos de certas crenças ar-
pria história. A reflexão consciente pos- raigadas nas tradições. Isso só acontece
sibilita verificar os modelos, os rótulos, quando a reflexão expande seu horizonte
as crenças e os dogmas e confrontá-los para além daquilo que já está dado.
com pressupostos capazes de responder
aos paradoxos filosóficos, o que constitui 4 O conceito de língua
exercício próprio do filosofar. Habermas
[...] as línguas são produtos da força
linguística originária do espírito hu-
defende um concepto de reflexión mano, e cada língua está em condi-
donde la razón realiza la experiência ções de alcançar o objetivo geral que
del retorno sobre si misma y encuen- se procura com essa força natural do
tra em su próprio senso um dinamis- homem. Mas isso não exclui, e até
mo crítico, emancipador, respecto legitima, o fato de que a compara-
a las concepciones dogmáticas (in- ção das línguas procura um padrão
terés por la emancipación) (apud de perfeição, segundo a qual elas se
ORAA, 2000, p. 500). diferenciam. Pois é comum a todas
as línguas “o impulso a dar existên-
A crítica de Habermas a Gada- cia na realidade à ideia da perfeição
mer é em relação à tradição. Gadamer linguística” e a tarefa do linguista se
limita o exercício do pensamento filo- orienta precisamente em investigar
sófico, fazendo da tradição uma auto- até que ponto e com que meios se
ridade máxima para reflexão acerca do aproximam as diversas línguas a esta
pensamento filosófico. Segundo Ha- ideia (GADAMER, 1997, p. 638).
bermas, a consciência histórico-factual
está aberta e em constante dinamismo: O ponto de partida de Gadamer é
sua força reside na insondável capaci- mostrar que o conceito de língua é ori-
dade da racionalidade humana. ginário do próprio homem, o que quer
Habermas critica a tradição como dizer que a língua se manifesta a partir
a teoria do produto simbólico elaborado do esforço humano, tem um objetivo

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geral e busca um padrão de aperfeiçoa- Wittegenstein, na obra Investiga-


mento. Para Humboldt3 (apud GADA- ções Filosóficas, incorpora outra filoso-
MER, 2002, p. 638), “existe diferença fia da linguagem, não mais utilizando a
de perfeição entre as línguas, não há um tradição para justificar a autoridade do
modelo prévio da qual submete à força conhecimento. Nessa obra, defende que
do complexo fenômeno da língua”. a língua ou a palavra nada mais é que
um tipo de jogo sem regras. Para ele,
[...] entre o indivíduo e a língua exis- não existe limite na língua ou na pala-
te uma relação mútua que confere vra: “o emprego da palavra não está re-
ao homem, face a língua, uma cer- gulamentado; o jogo que jogamos com
ta liberdade. Tampouco se engana, ela não está regulamentado. Ele não
com respeito ao fato de que é uma
está inteiramente limitado por regras”
liberdade limitada, na medida em
que cada língua, face ao lado em (WITTGENSTEIN, 1999, p. 236).
cada caso, forma um modo peculiar Para Gadamer, o conceito de lín-
de existência, que faz que nela se ex- gua não pode representar uma abstra-
perimente, com particular nitidez e ção, como é o caso das regras formais
vivacidade, “até que ponto, inclusive que Humboldt defende, já que a forma
o passado mais longínquo, continua linguística e o seu conteúdo na tradição,
vinculando-se ao sentimento do pre- de nenhuma forma, podem ser separa-
sente, já que a língua passou pelas dos da experiência hermenêutica. Gada-
sensações das gerações anteriores e mer sustenta a ideia de que cada língua
conservou em si o hálito daquelas”. é uma “acepção do mundo”, ou seja,
Humboldt consegue conservar a
não é uma qualidade de representante
vida histórica do espírito, inclusive
na linguagem concebida como for- de um determinado tipo de língua, mas
ma. A fundamentação do fenômeno uma virtude daquilo que foi dito e trans-
da linguagem no conceito da força mitido por meio da tradição.
linguística confere ao conceito da Humboldt aproxima-se de Ga-
forma interior uma legitimação pró- damer no que concerne à essência da
pria que faz justiça à mobilidade linguagem, ao defender que esta é uma
histórica da vida da linguagem (GA- realização viva do falar. Humboldt e
DAMER, 2002, p. 640). Wittegenstein objetam, no entanto, a
tradição como constituinte da fala ou da
Para Humboldt, a linguagem hu- linguagem; não há limite para a dialo-
mana é como um sistema governado por galização da palavra.
regras, e não uma coleção de palavras Segundo Gadamer,
e frases acompanhadas de significados.
Humboldt vai de encontro a Gadamer Humboldt reconheceu a essência da
no que diz respeito às regras fechadas da linguagem, como a realização viva
linguagem. Para Gadamer, a língua ou a do falar, a energia linguística, rom-
linguagem é desprovida de regras fecha- pendo assim com o dogmatismo dos
das, de modo que é o Ser em si mesmo gramáticos. Partindo do conceito da
que se manifesta a partir da linguagem. força, que guia todo seu pensamento
Esta é, assim, o próprio Ser, e a língua sobre a linguagem, corrige também,
de um modo especial, a questão da
pode estar carregada de significados, po- origem da linguagem, que estava
dendo expressar o dizível e o indizível. particularmente sobrecarregada por
Humboldt parte de pressuposto questionamentos teológicos. [...]
de que a linguagem ou a língua tem um Face a essa classe de construções,
padrão de regras; já Gadamer acredita ele sublinha, com razão, que a lin-
que a linguagem faz parte da vida histó- guagem é humana desde seu come-
rica dos indivíduos. ço. Essa constatação não somente
modifica o sentido da questão da
3 Wilhelm von Humboldt (1767-1835), filósofo da linguagem.

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origem da linguagem. Ela é a base A língua é um instrumento próprio


de uma perspectiva antropológica de do homem falante que está no mundo. O
amplo alcance (2002, p. 642). indivíduo só compreende a si mesmo a
partir de sua língua: é ela que nos cons-
A linguagem não é um apetrecho titui como sujeitos pertencentes a uma
humano, mas indica que o homem tem o mesma comunidade de fala. A língua
mundo e está no mundo. Para o homem, não é um sistema fechado, representado
o mundo está “aí como mundo” de forma apenas por signos, mas vai além de seus
que não há existência para nenhum outro limites conceituais linguísticos. Tanto
ser vivo nele posto. A existência do mun- Humboldt quanto Gadamer contribuíram
do está constituída linguisticamente, tal para os estudos linguísticos, cada qual
como acreditava Humboldt ao defender com seus pressupostos teóricos. Gadamer
que as línguas são acepções de mundo. explicitou em várias passagens de suas re-
flexões que a linguagem ou a língua é, por
A humanidade originária da lingua- essência, a linguagem da conversação e
gem significa, pois, ao mesmo tempo, que os indivíduos, em qualquer contexto,
a linguisticidade originária do estar
no mundo do homem. [...] ter o mun-
possuem essa capacidade conversacional.
do quer dizer comportar-se para com No caso de surdos, mudos e pessoas em
o mundo. Mas comportar-se para estado de degeneração mental, caberia
com o mundo exige, por sua vez, que questionar se estes também possuem tais
nos mantenhamos tão livres, face ao capacidades para a comunicação conver-
que nos vem ao encontro a partir do sacional que traspassam os limites da lin-
mundo, que conseguimos pô-lo ante guagem, da língua e do próprio Ser.
nós tal como é. Essa capacidade é
tanto ter mundo como ter linguagem 5 O conceito de cultura em Gadamer
(GADAMER, 2002, p. 643).
[...] a herança cultural dos povos é an-
A linguagem afirma ao indiví- tes de tudo uma tradição de formas e
duo que pertence a uma comunidade artes de domínio, de ideias, de liber-
linguística uma espécie de existência dade, teleologias de ordem etc. Quem
individual ou autônoma, que introduz o poderá negar que nossas possibilida-
indivíduo, quando este nela cresce, em des humanas mais próprias não con-
uma relação com o mundo e em deter- sistem simplesmente no dizer? Deve-
minado comportamento com relação a ríamos admitir que toda experiência
do mundo estruturada na linguagem
ele (mundo). A linguagem gadameriana
experimenta o mundo e não a lingua-
não afirma uma existência autônoma gem. O que articulamos no debate a
face ao mundo que fala por meio dela. cerca da linguagem não constitui um
“Não somente o mundo é o mundo, ape- encontro com a realidade? O encon-
nas, na medida em que a linguagem só tro com o domínio e a falta de liber-
tem a verdadeira existência no fato de dade leva à formação de nossas ideias
que nela se representa o mundo” (GA- políticas (GADAMER, 2002, p. 239).
DAMAER, 2002, p. 235).
Para Gadamer, Para Gadamer, as culturas dos
povos são expressas em suas tradições.
O entendimento sobre uma língua Tais tradições são uma espécie de artes
não é o caso normal do entendimen- de “dominação”, em que as culturas
to, mas o caso especial de um acordo sublevam suas ideias e visões de mun-
com respeito a um instrumento, com do, ora em um espírito criativo, ora em
respeito a um sistema de signos que um espírito de liberdade ou de opressão.
não têm seu ser na conversação, mas
que serve como meio a objetivos in-
Estar no mundo, diz Gadamer, é estar
formativos (2002, p. 648). em um mundo de experiência pré-es-

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quematizado, “dialogando com outras A pergunta, então, é: o que é uma


pessoas, pessoas que pensam diferente, cultura? Tal questão nos leva a pensar em
aceitando um novo exame crítico e no- um processo das manifestações sociais
vas experiências” (2002, p. 25). de um determinado grupo de pessoas,
É importante ressaltar, assim, que que “compartilham os mesmos pres-
nossas experiências no mundo nos permi- supostos hermenêuticos de mundo”. A
tem dialogar com os outros e nos perce- cultura faz parte, assim, de um contexto
bermos no outro. Esse outro que se apre- hermenêutico, interpretado em um contí-
senta a nós também carrega uma bagagem nuo processo de movimentos e manifes-
de experiências que podem ser comparti- tações das mais variadas formas do Ser.
lhadas, levando a reflexões sobre nossas Para Gadamer, cultura é o contex-
construções ideológicas e políticas. to histórico-hermenêutico, em que os in-
O conceito de cultura é também divíduos se compreendem a partir de sua
traduzido por Gadamer como contexto, historicidade, dentro de um determinado
e contexto, em Gadamer, é uma questão contexto. Segundo ele, a hermenêutica
hermenêutica. A hermenêutica não é ape- não trata apenas das questões de inter-
nas o estudo de interpretação de texto, pretação de texto, pois, sendo ontológi-
mas da maneira como cada povo se arti- ca, discute também o próprio Ser – o Ser
cula a partir de suas próprias realidades, que precisa ser compreendido fora e den-
que não são homogêneas, manifestando- tro de um contexto histórico e cultural.
se nas mais variadas formas culturais.
Segundo o filósofo, 6 Considerações finais

A linguagem é histórica, é o repositório Portanto, Gadamer reveste-se da


do modo de ver de toda a nossa cultu- autoridade da tradição para sustentar suas
ra. Resumindo, a própria interpretação ideias filosóficas. A tradição gadameriana
é histórica, e se tentarmos fazer dela é essencialmente conservação e, como tal,
qualquer outra coisa acrescentando-lhe
sempre está atuante nas mudanças históri-
ou tirando-lhe algo, empobrecemos a
interpretação e empobrecemos a nós cas. No entanto, “a conservação é um ato da
mesmo (GADAMER, 2002, p. 255). razão, ainda que caracterizado pelo fato de
não atrair a atenção sobre si” (GADAMER,
A cultura dos povos manifesta-se 2002, p. 345). Esse é o motivo pelo qual as
na linguagem, na forma de interpretar o inovações e os planejamentos intentam se
mundo e a história. A história, por con- apresentar como única ação e resultado da
seguinte, não é carregada das mesmas razão. Isso, no entanto, apenas parece ser
experiências, mas pode ser compartilha- assim. Inclusive quando a vida sofre suas
da à medida que estamos abertos para transformações mais tumultuadas, como
escutar e aprender com as experiências em tempo revolucionários, em meio à su-
de outros. Nessa perspectiva, Gadamer posta mudança de todas as coisas, conser-
sustenta que a cultura é mediada por es- va-se muito mais do que se poderia crer, in-
ses jogos tradicionais da compreensão tegrando uma nova forma de validez. “Em
hermenêutica, em que interpretamos e todo caso, a conservação representa uma
compreendemos uns aos outros. conduta tão livre como a destruição e a ino-
O movimento hermenêutico pos- vação. Tanto a crítica a tradição, como a sua
sibilita a realização do todo dos indiví- reabilitação romântica, ficam muito aquém
duos. Isso significa que o jogo da cul- de seu verdadeiro Ser histórico” (HABER-
tura não está preso a um modelo único MAS; 1987, p. 27).
de viver, pois permite que todos joguem Para Gadamer, a ciência deve es-
e participem. Dessa forma, todos são tar atrelada à autoridade da tradição, já
participantes na construção de uma so- que o conhecimento científico depende
ciedade e todos fazem parte do jogo. desse reconhecimento, sem o qual não há

SOCIAIS E HUMANAS, SANTA MARIA, v. 28, n. 01, jan/abr 2015, p. 46 - 55


LINGUAGEM E TRADIÇÃO EM HANS GEORG GADAMER 55

prestígio nenhum diante da comunidade dá origem a uma liberdade que só acon-


científica. Há algumas objeções diretas tece nesse intercâmbio diacrônico por
e indiretas, como é o caso de McDowell, meio da dialogização com o outro. Isto é,
Habermas, Wittegenstein e Humboldt, a língua não se configura apenas na sua
para quem a tradição não é autoridade ab- utilidade, pois expressa o próprio Ser.
soluta e inquestionável, sem a qual não se Para Humboldt, a língua é fixada por re-
faz ciência. Para Habermas, por exemplo, gras, sendo é instrumento utilitário para a
o caminho da reflexão é capaz de elucidar convivência humana. Gadamer não nega
o aparente dogma da tradição. A dogma- que a língua é para o uso humano, mas
tização da tradição gadameriana pode ser, não parte do pressuposto humboldeano.
então, rompida se ela se abrir para o cam- Portanto, somos diferentes cultu-
po da reflexão mediada por uma razão ralmente, de forma que cada povo tem
desprovida de preconceitos. suas peculiaridades. Por esse motivo
Qual é a gênese da filosofia de Ga- restringir uma cultura a partir de uma
damer? A hermenêutica é seu bojo filosó- única peculiaridade é empobrecer o
fico, mas não a hermenêutica tradicional ser humano, que, embora se configure
cristã, que se preocupa em interpretar na própria linguagem, é culturalmente
textos sagrados. Gadamer, nesse sentido, multiforme e complexo hermeneutica-
deu grande salto, pois propôs uma herme- mente. Gadamer restringiu o Ser apenas
nêutica plural, que passa da interpretação à linguagem e à tradição; o Ser perpas-
e compreensão de texto a uma reflexão sa a linguagem e a tradição. A pergunta
ontológica do sujeito e do Ser. Esse sujei- que surge, então, é: o que é o Ser? O Ser
to se compreende não mais a partir de um de Gadamer não passa de uma represen-
contexto fechado, mas sim das várias for- tação, de um estilo de linguagem, por-
mas possíveis de entender o mundo, com que o Ser não diz nada sobre o próprio
o auxílio da hermenêutica que extrapola homem se não o conceito em si mesmo,
as compreensões das relações humanas e sem apresentar um sentido para descre-
dos limites impostos pela linguagem, que ver, de fato, a essência do próprio Ser.
abarca significados. Desse modo, tem-se
uma ressignificação do sujeito, do dizível Referências
e do indizível, em contraposição a Witt-
genstein, para quem o homem, diante do
que não pode ser dito, deve se calar. 1. HABERMAS, J. Dialética e Herme-
Por outro lado, Gadamer ampliou nêutica. Porto Alegre: Ed. L&PM, 1987.
horizontes nos campos da filosofia da lin- 2. HANS, G. G. Verdade e Método.
guagem, trazendo contribuições neces- Traços fundamentais de uma herme-
sárias para compreensões culturais das nêutica filosófica. 4. ed. Petrópolis: Ed.
línguas. Para o filósofo, a língua é inata Vozes. 2002.
e histórica; e a história evolui no tempo
e no espaço, de forma que, tal como é a 3. ______. Verdade e Método I. Petró-
língua, não está presa a um sistema de polis: Ed. Vozes. 2002.
regras. Gadamer não nega o signo como 4. ______. Verdade e Método II. Pe-
manifestação da fala, mas defende que a trópolis: Ed. Vozes. 2002.
língua é um ato cultural e hermenêutico,
que não tem limites ontológicos e que, 5. ORAA, J. M. A. Pensar Con Gada-
portanto, não pode ficar reduzida somen- mer y Habermas. Faculdade de Filoso-
te a signos e a regras normativas. fia da U. C. P. Braga, 2000
Gadamer não abandona por abso- 6. WITTEGENSTAIN, L. Investiga-
luto a gramática normativa, porém não ções Filosóficas. São Paulo: Ed. Nova
faz da língua um instrumento utilitário Cultura, 1999.
como meio para um fim único: a língua

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