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Consultório Na Rua

Cuidando da População em Situação de Rua


Renata Viviane Neves da Silva - CRP. 02/14.324
Psicóloga do Consultório na Rua de Paulista-PE
Especialista em Saúde Mental pelo Programa de Residência
Multiprofissional em Saúde Mental da UPE-PE
Mestranda do Programa de Psicologia Práticas e Inovação em Saúde
Mental da UPE-PE
Que espero ao final dessa conversa?
Entedimentos sobre...

Perfil da população em situação de rua


Organização das políticas de saúde para essa
população
Processo de trabalho do Consultório na Rua

Estratégias de cuidado com esse público


De quem
estamos
falando?
Fenômeno antigo, complexo e presente no mundo inteiro

Fonte: Instagram @tonidagostinho


Origem ligada ao renascimento das cidades como fruto
do surgimento do capitalismo
Fim do regime servil, não tinha trabalho, nem habitação e
nem comida para todos. Destino: trabalhar e viver na rua
Para poder público, dentro de uma lógica liberal, trata-se
de um problema social que requer ações governamentais
pautadas na retirada dessa população da rua (higienismo)
e no seu isolamento. Repressão e assistencialismo
Evoluir para garantia da proteção social, firmando o
acesso dessa população ao direito humano à vida e à
dignidade
Morador de rua x Situação de rua
População de rua não inclui somente aqueles que moram
na rua, mas se estende às pessoas que fazem da rua o seu
espaço de vida e tem uma relação com ela (seja econômica,
afetiva ou cultural).

Fonte: Instagram @vilechargista


Conceito de população em situação de rua (Decreto nº 7.053/2009 - Regulamenta a Política Nacional Para
População em Situação de Rua/PNPR)

Utilização (permanente ou Grupo populacional heterogêneo


temporária) de lugares públicos
e áreas degradas como espaço
de moradia e de sustento Em comum, a pobreza extrema

PSR
Vínculos familiares
Utilização de unidades de interrompidos ou fragilizados
acolhimento para
pernoite temporário ou
como moradia provisória Inexistência de moradia
convencional regular
Censo POP Rua (2007)
Exercem alguma atividade remunerada (70%), sendo estas:
catador de materiais recicláveis, flanelinha, construção civil,
limpeza e carregador/estivador

Sabe ler e escrever (74%), não sabe escrever


(17%), assinam apenas o próprio nome (8%) 5 Pedir dinheiro como principal meio para

4 6 sobrevivência (15%)

Afrodescendentes (autodeclaração) Níveis de renda: a maioria (52%) recebe


69%
3 7 entre R$ 20,00 a R$ 80,00 semanais
Perfil
Razões de ida para rua: problemas de
Entre 25 e 44 anos PSR
2 8 alcoolismo e/ou outras drogas ( 3 5 , 5 % ) ,
d e s e m p re go ( 2 9 , 8 % ) , d e s ave n ç a s c o m
pai/mãe/irmãos (29,1%)
Predominantemente masculina
82% 1 9 Principais problemas de saúde citados:
hipertensão (10,1%), problema
psiquiátrico/mental (6,1%), HIV-AIDS (5,1%),
problema de visão/cegueira (4,6%)
Como a
saúde pública
tem atuado
com essa
população?
Bases legais e normativas da política públicas para população em situação de rua

2009 - Decreto Presidencial nº 7.053


Institui a Política Nacional para População em Situação de Rua

2011 - Portaria MS/GM nº 122


Define diretrizes para organização e funcionanto das Equipes de

Fonte: Instagram @crisvector


Consultório na Rua

2011 - Portaria MS/GM nº 2.488


Institui a Política Nacional de Atenção Básica/PNAB

2011 - Portaria MS/GM nº 3.088


Cronologia Institui a Rede de Atenção Psicossocial/RAPS
Integra a seção das Políticas
Voltadas à Saúde de Segmentos
Populacionais
Sistema Único de Saúde
SUS

É considerada de Atenção Básica


Integralidade para População Específica
Política Nacional de Atenção Básica
PNAB

Integra o componente de
RAPS Atenção Básica

Rede de Atenção Psicossocial


Consultório
na Rua
Consultório DE Rua x Consultório NA Rua
Funcionamento

Os horários de atendimento devem Equipe formada por, no mínimo, 04


levar em conta a dinâmica das profissionais
pessoas em situação de rua (nível superior e médio)
(abordagens noturnas são previstas)

Ficará responsável por Dispor de uma sala em


território de cobertura unidade de Atenção Básica
(1 equipe para cada 80 a CnaR para apoio da equipe
1000 pessoas em SR) (reuniões, insumos/materiais)

Ter um transporte que facilite o Atende os diferentes problemas de


acesso às PSR e que auxilie no saúde da PSR e realiza busca ativa de
traslado destes aos serviços usuári@s de drogas
(atend. itinerante, in loco ou nas UBS/CAPS/UPA)
Ações do CnaR - Paulista
CADASTRAMENTOS
Cadastro individual eSUS + Cadastro território
eSUS + Cadastro Cartão Nacional SUS
BUSCA ATIVA + ACOLHIMENTO
Novas usuárias/osC + Familiares +
Usuárias/os cadastradas/os
ACOMPANHAMENTO IN LOCO
Orientação em saúde + Escuta qualificada +
Distribuição de insumos + Pré-natal + Teste rápido +
Curativos
CUIDADO COMPARTILHADO +
MATRICIAMENTO
Ate n d i m e nto s co n j u nt o s co m o u t ro s
equipamentos de saúde (CAPS, eSF, UPA,
Policlínica, Hospital/Maternidade

ARTICULAÇÕES INTERSETORIAIS
CRAS/CREAS (proteção social, inserção em
benefícios sócioassistenciais,
encaminhamento para retirada de
documentações), Serviços de atendimento à
mulher vítima de violência doméstica
PARTICIPAÇÃO EM COLEGIADOS E
GRUPOS DE TRABALHO
Municipais e Estaduais
Entre a
clínica e a
política
S.D.S. (60 anos). Em situação de rua há mais de 5 anos. Motivo:
morte dos genitores, venda da casa pelo irmão, conflito com
este. Adoecimento mental (?), sem histórico de uso de SPA.
Sem acompanhamento de saúde. Denúncias da vizinhaça e
cobrança para providências. (Não) desejo de sair da rua.
Re c u s a d e i n s e r ç ã o e m b e n e f í c i o s s ó c i oa s s i s te n c i a i s .
Estratégias com CAPS III e com eSF. Intervenção pela via do
sofrimento psíquico ou construção de vínculo a partir do
cotidiano dela?

G.L.S (60 anos). Em situação de rua há 2 anos. Motivo: não


esclarecido (andarilho?). Relato de ter família em Olinda e
Camaragibe. Adoecimento mental (?), sem histórico de uso de
SPA. Abordagem via atendimento de saúde na ESF. Intenção de
i ns eri -l o numa C o mu n i d a d e Te r a p ê u t i c a p e l a e C n a R .
Intervenção da psicóloga
Que esses histórias me suscitam?

Entre o sujeito e o cidadão: o que as políticas públicas tem a oferecer nem sempre é o que sujeito quer deseja?

Ação de segurança pública (imediatista e higienista) ≠ Ação de cuidado e proteção social (as decisões devem ser
demandadas e pactuadas com o sujeito, abordagem não-violenta)

Furor sanandi (desejo de curar): armadilha para atuação profissional?


Grupo PSR ( jovens adultos e adultos). Casais e indivíduos (fixos)
que compartilham um espaço público para moradia e fazem
uso de drogas (crack e álcool, principalmente). Circulação de
transeuntes para uso da droga. Local com cons tantes
abordagens policiais e de seguranças particulares (por vezes,
bastante violentas). Convivem entre conflitos e relações de
parcerias. Disponibilidade para cuidados em saúde. Demandas
de saúde diversas (integralidade do cuidado). Respeito à
atuação das profissionais.

Que esse história me suscita?

Risco de abordagem de cunho moralista-pedagógico

Importância das ações de Redução de Danos

Necessidade de atuação para além das intervenções psicossociais (familiariza-se com temas sobre tratamento de tuberculose, IST,
protocolos de acompanhamento pré-natal, fluxos para retirada de documentos). Entre o núcleo profissional e campos de saberes.

Atendimentos de psicologia: setting à céu aberto. Inventar novas formas de atendimento

Compromisso social, ético e político


Leituras recomendadas (disponíveis para download)
Dúvidas Partilhas

Sugestões
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