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Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.
São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
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3. Referencial Teórico
3.1 O Significado de qualidade
Conforme destaca Paladini (2008), cotidianamente, perguntando-se a diversas pessoas o
significado de qualidade não se chega a um consenso pela sua aplicabilidade e utilização por
parte da sociedade, a qual possui pontos de vista próprios em relação ao termo. Qualidade é
uma palavra de difícil definição, devido ao subjetivismo e ao uso genérico com que é
empregada. Em seu sentido genérico, segundo Ferreira (2009), é definida como “propriedade,
atributo ou condição das coisas ou das pessoas capaz de distingui-las das outras e de lhes
determinar a natureza”.
Garvin (2001) demonstra que existem 05 (cinco) abordagens para definição do termo
qualidade. No Quadro 1, a seguir, tem-se essas definições:
Abordagem Definição
Transcendental É absoluta e reconhecível; É sinônimo de excelência inata.
Baseada no É uma variável precisa e mensurável oriunda dos atributos do produto que lhe acrescenta
produto valor, sem considerar a questão preço; É também ausência de falhas.
Baseada no É uma variável subjetiva; É a adequação ao uso; É a conformidade às exigências do
usuário cliente, em satisfazer seus desejos e necessidades.
Baseada na É uma variável precisa e mensurável, oriunda do grau de conformidade do planejado com o
produção executado, ou seja, conformidade às especificações/ requisitos do projeto original.
Abordagem de difícil aplicação, pois mistura dois conceitos distintos: excelência e valor,
Baseada no
destacando as lacunas qualidade versus preço; Grau de excelência a um preço aceitável, ou
valor
seja, maior relação custo-benefício.
Fonte: Carvalho et al. (2005) adaptado de Garvin (2001).
Quadro 1 – Definições do termo qualidade
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ver Campos, 1996) e o gerenciamento da rotina (ver Campos, 1994) que direciona o foco
organizacional às metas da organização (aperfeiçoamento contínuo).
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Elemento Descrição
Liderança e apoio Prover liderança no processo de mudança, exemplaridade e motivação da força de
da alta direção trabalho da organização.
Relacionamento Concentrar as atividades com foco nos clientes e estabelecer canais de comunicação,
com os clientes visando a levantar suas necessidades e níveis de satisfação.
Gestão da força Aplicar os princípios da gestão de recursos humanos, com base em um sistema de
de trabalho trabalho em equipe.
Relação com os Utilizar práticas de seleção e qualificação de fornecedores, bem como meios de medição
fornecedores de desempenho. Estabelecer relação de longo prazo com fornecedores.
Gestão por Definir os processos-chave da organização, promover práticas preventivas, auto-
processos inspeção, utilizando planos de controle e utilização de métodos estatísticos na produção.
Projeto de Envolver todas as áreas funcionais no processo de desenvolvimento de produto, visando
produto a desenvolver um produto que venha a satisfazer aos requisitos dos clientes.
Fatos e dados da Disponibilizar os dados e informações relativas à qualidade, como parte de um sistema
qualidade de gestão transparente e de fácil visualização.
Fonte: Adaptado de Carvalho et al. (2005) e Correia et al. (2006).
Quadro 3 - Elementos do TQM
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Nos objetivos da norma está definido que “os requisitos especificados destinam-se
primordialmente à obtenção da satisfação do cliente pela prevenção de não-conformidades em
todos os estágios” (ABNT, 2002).
Para Roth (1998) a obtenção da satisfação do cliente encerra um conceito mais amplo do que
apenas garantir a conformidade do produto. Ao longo dos vinte requisitos apresentados na
norma, pode-se notar que a intenção é de fato mais abrangente e sistêmica do que supõem
algumas interpretações. A seguir é realizada uma breve descrição de alguns elementos
presentes no processo de implantação de um sistema da qualidade, denominados de requisitos.
3.5.3 O Sistema de Documentação
O sistema de documentação exigido pode ser hierarquizado em quatro níveis, conforme o
Quadro 4 a seguir:
A documentação do SGQ deve sempre agregar valor, sendo ferramenta e não barreira à
realização dos processos de trabalho. A documentação é o instrumento que permite a
comunicação dos propósitos da organização e a consistência das ações, fornecendo
referências mais objetivas para a orientação dos trabalhos e estabelecimento da memória da
organização (MARANHÃO, 2001).
3.5.4 Princípios da Gestão da Qualidade para a série ISO 9000:2000
A revisão terminada em dezembro de 2000 da série ISO 9000 foi baseada nos seguintes
princípios (MARANHÃO, 2001; LEITE, 2006; CORREIRA, 2006): (i) Foco no cliente; (ii)
Liderança; (iii) Engajamento das pessoas; (iv) Abordagem de processos; (v) Abordagem
sistêmica para a gestão; (vi) Melhoria contínua; (vii) Tomada de decisão baseada em fatos; e
(viii) Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores. Portanto, esses princípios
mostram total aderência com aqueles relacionados ao TQM já apresentados anteriormente.
3.5.5 O Processo de Implantação e Certificação
No contexto da competição global, no Brasil e no mundo, as empresas vêm sofrendo forte
pressão para demonstrarem que seus sistemas de qualidade garantem o cumprimento das
especificações, assegurados pela padronização dos processos e produtos. O fator qualidade é,
então, critério apenas qualificador no ambiente concorrencial. Nestas circunstâncias, surge um
campo fértil para oferta de soluções rápidas por serviços de consultorias especializadas na
implantação de sistemas de qualidade (ROTH, 1998).
Além disso, para Cansanção et al. (2003), Campos et al. (2009) e Schramm (2008), uma
empresa que já possui um SGQ corretamente implantado e que pretenda agregar valor a ele,
pode também agregar outros sistemas de gestão baseados em modelo normalizados, dos quais
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pode-se destacar: (i) Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14001); (ii) Sistema de Gestão de
Saúde e Segurança Ocupacional (OHSAS 18001); e (iii) Sistema de Gestão para
Responsabilidade Social (NBR 16001).
Diversas são as vantagens de se implantar um sistema de gestão da qualidade baseado na
norma ISO 9000, porém, o grande objetivo deve ser a melhoria da qualidade e da
competitividade frente ao mercado consumidor, que com isso, deve-se aumentar a
lucratividade da empresa. A certificação deve ser uma conseqüência de melhorias e não o
foco do projeto (MARANHÃO, 2001).
Existem especificamente algumas razões que levam uma empresa a implantar um SGQ
baseado na norma ISO 9000: (i) Competitividade no mercado; (ii) Conscientização da alta
administração; (iii) Razões contratuais com clientes e (iv) Modismo.
Confirmado o desejo de se adotar um sistema de qualidade baseado na norma ISO 9000, a
organização seguirá várias etapas, dentre as quais pode-se citar as seguintes:
a) Definição da política da qualidade;
b) Análise do sistema de qualidade da empresa e determinação das mudanças que devem ser
feitas;
c) Treinamento e conscientização dos funcionários envolvidos com a implantação;
d) Desenvolvimento e implantação dos procedimentos necessários ao sistema da qualidade;
e) Seleção de um órgão certificador. Como exemplo, podemos citar o Bureau Veritas
Quality International (BVQI) e a Fundação Carlos Alberto Vanzolini (FCAV);
f) Pré-auditoria para avaliar o sistema de qualidade implantado;
g) Eliminação das eventuais não-conformidades;
h) Auditoria final e certificação.
Foi possível confirmar que as três principais melhorias ocasionadas com a implantação do
SGQ, baseado na norma ISO 9001:2000, em ordem decrescente, foram:
Maior controle feito através da padronização dos processos, os quais têm por finalidade
manter as melhorias realizadas nos processos da organização, o que garante a qualidade
dos produtos disponibilizados no mercado;
Redução dos desperdícios e conseqüentemente dos custos inerentes tanto a infra-estrutura
da administração quanto aos canteiros de obra;
Maior integração entre os processos e dos agentes envolvidos no sistema organizacional.
Segundo as respostas fornecidas pela equipe gerencial dos sistemas de gestão da qualidade
das construtoras, após a certificação foi possível evidenciar melhorias internas baseados em
alguns indicadores, tais como:
Para aproximadamente 67% dos entrevistados o número de acidentes reduziu, indicando
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que se obteve um ganho em relação aos cuidados na execução dos serviços por conta da
implantação dos procedimentos operacionais padrão para execução dos mesmos;
Em relação à rotatividade, praticamente não se alterou ou alterou muito pouco o que ainda
é considerado normal para esse setor, em virtude das contratações temporárias ocasionadas
pela sazonalidade desse tipo de sistema;
Para 66,7% dos respondentes o índice de reclamações reduziu o que já era esperado com a
implantação do SGQ, porém uma minoria (16,6%) expôs um leve aumento desse
indicador, o que sugere o desenvolvimento de uma revisão nesse indicador e uma análise
mais criteriosa por parte das empresas;
Aproximadamente, 85,0% dos respondentes disseram que o índice de retrabalho reduziu,
mostrando a eficiência na padronização dos procedimentos e processos relacionados à
execução dos serviços;
Para 83,3% deles em se tratando do absenteísmo (atrasos e faltas), praticamente esse
indicador não se alterou. Apenas 16,7% disseram que houve uma redução, o que não
influencia no SGQ;
As interrupções nos canteiros de obra deveriam reduzir com a implantação do SGQ, porém
as respostas demonstram que elas se mantiveram bem equilibradas entre não houve
alteração (50%) e aumentou pouco (33,33%). Essa segunda informação sugere que devem
ser elaboradas revisões nos procedimentos da qualidade.
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Não estão nem aí para o assunto, estão interessados apenas em cobrar resultados.
Essas respostas demonstram para a liderança das empresas que existe a necessidade de
maiores investimentos da parte deles principalmente no que se refere a disponibilização de
tempo para tratar de assuntos relacionados ao SGQ que possibilitem uma maior motivação
dos colaboradores para com isso conseguirem gerar melhorias mais sólidas.
4. Considerações Finais
Conforme descrito inicialmente, este trabalho referiu-se a uma pesquisa que teve como
objetivo a identificação dos principais pontos fortes e fracos dos SGQs de cinco empresas
certificadas, que exploram o ramo da construção civil no município de Caruaru–PE.
Com base nessa pesquisa pôde-se concluir, então, que em relação ao funcionamento do SGQ
baseado na norma ISO 9001:2000 as empresas pesquisadas apresentaram os pontos fortes e as
oportunidades de melhorias listadas a seguir.
a) Pontos fortes:
b) Oportunidades de melhorias:
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assegurar a conformidade com a norma, mas não checam a eficácia desses procedimentos.
Referências
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Fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 9001:2000-Sistema de gestão da qualidade:
Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 9004:2000-Sistema de gestão da qualidade:
Diretrizes para melhorias de desempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
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