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Apelação Cível - Turma Espec. III - Administrativo e Cível


Nº CNJ : 0182347-41.2014.4.02.5101 (2014.51.01.182347-9)
RELATOR : Desembargador Federal RICARDO
PERLINGEIRO
APELANTE : L. I. R. COMERCIO VAREJISTA DE
ELETRODOMESTICOS LTDA
ADVOGADO : MG091166 - LEONARDO DE LIMA NAVES E
OUTROS
APELADO : INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA,
QUALIDADE E TECNOLOGIAINMETRO
PROCURADOR : PROCURADOR FEDERAL
ORIGEM : 26ª Vara Federal do Rio de Janeiro
(01823474120144025101)

EMENTA
APELAÇÃO. MULTA DO INMETRO. LEI Nº 9.933/1999.
AUSÊNCIA DA ETIQUETA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO
DE ENERGIA (ENCE) EM PRODUTO OFERECIDO À
VENDA. AUTO DE INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE.
PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE.
OBSERVÂNCIA. VALOR DA PENALIDADE FIXADA DENTRO
DOS PARÂMETROS DO ART. 9º DA LEI N.º 9.933/99.
1. Apelação interposta em face de sentença que, nos autos de
ação ordinária objetivando a declaração de nulidade de multa
administrativa ou a redução do valor da penalidade, julgou
improcedentes os pedidos.
2. A comercialização de produtos eletrodomésticos sem a
Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) constitui
violação às normas do INMETRO. É legítimo o auto de
infração lavrado contra quem expõe à venda produto sem a
etiqueta nacional de conservação de energia em
descumprimento aos dispositivos da Lei nº 9.933/99 e normas
técnicas (Regulamento Específico para uso da ENCE). Não
importa se a ilegalidade se deu por culpa do fabricante, uma
vez que tal fator não afasta a obrigação legal da apelante de
ofertar todos os seus produtos em total conformidade com a
legislação do INMETRO.
3. O auto de infração é conciso, contudo foi devidamente
fundamentado e motivado, tendo sido individualizados os
eletrodomésticos comercializados em desacordo com o
regulamento, identificados por meio de seus modelos, série e
marcas, além de elencar a respectiva legislação infringida –
artigos 1º e 5º da Lei nº 9.933/99 e artigo 2º da
Portaria INMETRO nº 267/2008.
4. No que concerne aos argumentos de violação ao devido
processo legal e à razoabilidade/proporcionalidade dos atos
administrativos, ressalte-se que os atos de fiscalização se
amoldam à Lei 9.933/99 e Portaria INMETRO nº 267/2008,
havendo comprovação de que, após o procedimento de
fiscalizatório, foi conferido prazo para a apresentação
de defesa administrativa.
5. A imposição de multa em valor R$ 11.664,00 (onze mil,
seiscentos e sessenta e quatro reais) mostra-se atenta aos
critérios da Lei nº 9.933/99, considerando o cenário de
lavratura do auto infração, no qual foram constatadas
irregularidades em outras mercadorias em exposição,
tratando-se a autuada de empresa de grande porte.
6. Honorários majorados, no caso concreto de 10% para 10,5%
do valor da causa, na forma do art. 85, § 11, do CPC/2015, por
não se tratar de causa complexa, atendendo ao caráter dúplice
da norma, na exegese do STJ, assim elevando 0,5% a título de
caráter inibitório do recurso.
7. Apelação não provida.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as


acima indicadas, decide a 5ª Turma Especializada do Tribunal
Regional Federal da 2ª Região, por unanimidade, negar
provimento à apelação, na forma do relatório e do voto,
constantes dos autos, que ficam fazendo parte do presente
julgado.
Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 2017 (data do julgamento).

RICARDO PERLINGEIRO
Desembargador Federal
Apelação Cível - Turma Espec. III - Administrativo e Cível
Nº CNJ : 0182347-41.2014.4.02.5101 (2014.51.01.182347-9)
RELATOR : Desembargador Federal RICARDO
PERLINGEIRO
APELANTE : L. I. R. COMERCIO VAREJISTA DE
ELETRODOMESTICOS LTDA
ADVOGADO : MG091166 - LEONARDO DE LIMA NAVES E
OUTROS
APELADO : INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA,
QUALIDADE E TECNOLOGIAINMETRO
PROCURADOR : PROCURADOR FEDERAL
ORIGEM : 26ª Vara Federal do Rio de Janeiro
(01823474120144025101)
RELATÓRIO
Cuida-se de apelação, atribuída a minha relatoria por
distribuição ao órgão julgador, interposta por L.I.R.
COMÉRCIO VAREJISTA DE ELETRODOMÉSTICOS LTDA.
em face de sentença que, nos autos de ação ordinária por ela
ajuizado contra o INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA,
QUALIDADE E TECNOLOGIA – INMETRO, objetivando a
anulação de débito relativo à multa constituída e cobrada em
processo administrativo, após ter sido constatada a
comercialização de produto com irregularidades, julgou
improcedente o pedido.
Em suas razões de recurso, sustenta a apelante que não houve
contraditório durante o processo administrativo que impôs a
multa em questão, sendo nulo o auto de infração lavrado. Alega
que o fabricante do produto seria o responsável pela infração.
Não foram apresentados contrarrazões, conforme certidão de
fl. 400.
Parecer do Ministério Público Federal opinando pela não
intervenção no presente feito (fl. 407).
É o relatório. Peço dia para julgamento.
RICARDO PERLINGEIRO
Desembargador Federal
Apelação Cível - Turma Espec. III - Administrativo e Cível
Nº CNJ : 0182347-41.2014.4.02.5101 (2014.51.01.182347-9)
RELATOR : Desembargador Federal RICARDO
PERLINGEIRO
APELANTE : L. I. R. COMERCIO VAREJISTA DE
ELETRODOMESTICOS LTDA
ADVOGADO : MG091166 - LEONARDO DE LIMA NAVES E
OUTROS
APELADO : INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA,
QUALIDADE E TECNOLOGIAINMETRO
PROCURADOR : PROCURADOR FEDERAL
ORIGEM : 26ª Vara Federal do Rio de Janeiro
(01823474120144025101)

VOTO
O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL
RICARDO PERLINGEIRO:
(RELATOR)
Como relatado, cuida-se de apelação interposta por L.I.R.
COMÉRCIO VAREJISTA DE ELETRODOMÉSTICOS LTDA.
em face de sentença que, nos autos de ação ordinária por ela
ajuizado contra o INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA,
QUALIDADE E TECNOLOGIA – INMETRO, objetivando a
anulação de débito relativo à multa constituída e cobrada em
processo administrativo, após ter sido constatada a
comercialização de produto com irregularidades, julgou
improcedente o pedido.
Regular o apelo, dele conheço.
É legítimo o auto de infração lavrado contra quem expõe à
venda produto sem a etiqueta nacional de conservação de
energia em descumprimento aos dispositivos da Lei
nº 9.933/99 e normas técnicas (Regulamento Específico para
uso da ENCE). Não importa se a ilegalidade se deu por culpa
do fabricante, uma vez que tal fator não afasta a obrigação legal
da apelante de ofertar todos os seus produtos em total
conformidade com a legislação do INMETRO. Portanto, a
responsabilidade pelos produtos comercializados sem a
Etiqueta Nacional de Conservação de Energia é da própria
empresa autuada.
Com efeito, verifica-se que o auto de infração (fls. 30/31) é
conciso, contudo foi devidamente fundamentado e motivado,
tendo sido individualizados os eletrodomésticos
comercializados em desacordo com o regulamento,
identificados por meio de seus modelos, série e marcas, além
de elencar a respectiva legislação infringida – artigos 1º e 5º da
Lei nº 9.933/99 e artigo 2º da Portaria INMETRO nº
267/2008.
Nessa toada, não resta demonstrada, portanto, a suposta
irregularidade acerca da ausência de individualização dos
produtos.
Outrossim, o auto de infração contém todos os requisitos
formais à sua confecção, tendo sido exarado por órgão
competente a tanto e devidamente motivado, presentes a
descrição do produto e a infração detectada, assim como os
dispositivos violados e o prazo para defesa, tendo sido o
Apelante devidamente notificado a apresentá-la, como se
constata dos documentos de fls. 349/352.
No que concerne aos argumentos de violação ao devido
processo legal e à razoabilidade/proporcionalidade dos atos
administrativos, ressalte-se que os atos de fiscalização se
amoldam à Lei 9.933/99 e Portaria INMETRO nº 267/2008,
havendo comprovação de que, após o procedimento de
fiscalizatório, foi conferido prazo para a apresentação
de defesa administrativa.
Com a edição da Lei nº 10.295/2001, o INMETRO, passou a
estabelecer programas de avaliação de conformidade na área
de eficiência energética, entre os quais o programa de
etiquetagem, que fornece informações sobre o desempenho dos
produtos, considerando atributos como eficiência energética e
ruído.
Tal medida se insere, ainda, no Plano Nacional de Eficiência
Energética adotado pelo Ministério de Minas e Energia.
Nesse contexto, a aplicação de sanções pelo descumprimento
de tais diretrizes encontra supedâneo no art. 8º da
Lei 9933/99, que assim dispõe:
Art. 8.º - Caberá ao Inmetro e às pessoas jurídicas de direito
público que detiverem delegação de poder de polícia processar
e julgar as infrações, bem assim aplicar aos infratores, isolada
ou cumulativamente, as seguinte penalidades:
I - advertência;
II - multa;
III - interdição;
IV - apreensão;
V – inutilização”
A dosimetria da penalidade de multa, por sua vez, está prevista
no art. 9º da referida lei:
Art. 9.º - A pena de multa, imposta mediante procedimento
administrativo, obedecerá os seguinte valores:
I - nas infrações leves, de R$ 100,00 (cem reais) até R$
50.000,00 (cinqüenta mil reais); II - nas infrações graves, de
R$ 200,00 (duzentos reais) até R$ 750.000,00 (setecentos e
cinqüenta mil reais);
III – nas infrações gravíssimas, de R$ 400,00 (quatrocentos
reais) até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil
reais).
§ 1o Para a gradação da pena, a autoridade competente deverá
considerar os seguintes fatores:
I - a gravidade da infração;
II - a vantagem auferida pelo infrator;
III - a condição econômica do infrator e seus antecedentes;
IV - o prejuízo causado ao consumidor; e
V - a repercussão social da infração.
No caso, a imposição de multa em valor de R$ 11.664,00 (onze
mil, seiscentos e sessenta e quatro reais) mostra-se atenta aos
critérios da Lei nº 9.933/99, considerando o cenário de
lavratura do auto infração, no qual foram constatadas
irregularidades em outras mercadorias em exposição,
tratando-se a autuada de empresa de grande porte.
Conclui-se, assim, pela higidez da autuação, mantendo-se a
penalidade aplicada.
Voto pela majoração dos honorários em prol da apelada, no
caso concreto de 10% para 10,5% (dez e meio por cento) do
valor atualizado da causa, na forma do art. 85, § 11,
do CPC/2015, por não se tratar de causa complexa, atendendo
ao caráter dúplice da norma, na exegese do STJ, assim
elevando 0,5% a título de caráter inibitório do recurso.
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO À APELAÇÃO.
É como voto.
RICARDO PERLINGEIRO
Desembargador Federal

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