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Caro produtor,
Você sabia...
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Certificação da Cachaça de Alambique
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Certificação da Cachaça de Alambique
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7. Avaliação da maturação
Dicas:
• Durante o processo de maturação,
o maior acúmulo de açúcar se dá,
inicialmente, na base da cana e,
em seguida, no meio do colmo
até se igualar ao teor da base.
Neste momento, coincide com
o acúmulo na ponta, que tende
a se igualar aos demais. Assim
sendo, a cana é considerada
madura para colheita quando os
teores de sacarose da base e do
meio são praticamente iguais e
o da ponta ligeiramente menor.
Quando o teor da ponta se iguala ao do meio, a cana é considerada
madura, mas já passando para uma fase de transformação, tendendo
a vegetar ou isoporizar.
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8. Corte da cana
A colheita e o transporte da cana são
etapas muito importantes na produção da
cachaça, pois podem afetar a qualidade
da matéria-prima.
Sugere-se que o produtor que possuir
sua própria cana-de-açúcar corte
somente a quantidade de cana que vai
ser moída no dia, ou seja, em 24 horas.
O produtor que adquirir a cana-de-açúcar
de terceiros, deverá respeitar o tempo máximo de 48 horas entre a colheita e a
moagem da cana-de-açúcar, conforme determinado no RAC para cachaça.
Para evitar contaminação, a cana colhida deve ser colocada sobre palhas, o
carregamento e o transporte devem ser feitos com cuidado, evitando quebra ou
danos aos colmos, e o veículo deve estar limpo.
- O corte deverá ser efetuado - Para evitar infecções na brotação futura. Isso
sempre o mais rente ao chão. é feito com uma enxada curta.
- A cana deverá ser cortada - A região terminal do colmo das canas tem
abaixo do último colmo e baixa concentração de açúcares e maior
acima da raiz. de fibras. O processamento desta matéria-
prima poderá provocar embuchamento da
moenda, formação excessiva de espuma
na fermentação, resultando na redução do
rendimento do processo.
Dicas:
• No canavial, demarcar e colocar nome nos talhões de plantio, facilitando
registros e rastreabilidade.
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9. Moagem da cana
O RAC estabelece que as áreas de
estocagem da cana-de-açúcar devem ser
mantidas limpas e que a cana-de-açúcar
não pode ser estocada em superfície
contaminante. Estabelece, também, que o
local destinado à moagem deve ser coberto
e o piso de superfície lisa, proporcionando
condições seguras de trabalho, não sendo
permitida a presença de animais.
De preferência, essas áreas devem estar em nível elevado do terreno,
distante de currais, pocilgas e fontes produtoras de mau cheiro.
A moenda é o equipamento responsável pela extração do caldo da cana e
sua eficiência é medida pela quantidade de açúcar extraída para a produção
da cachaça.
As moendas devem receber manutenção adequada, a fim de que, na moagem
da cana, o caldo não seja contaminado com óleo ou graxa de lubrificação.
As moendas, linhas, sistema de filtração e decantação devem ter procedimentos
de limpeza documentados, não sendo permitido o uso de tração animal.
- A moenda deve estar sempre - A incrustação de bagaço nos rolos pode trazer
limpa e a cana não deve a contaminação de bactérias ao caldo.
ser estocada em superfície
- O caldo contendo óleo e/ou graxa irá para a
contaminante.
dorna de fermentação. Lá, o álcool produzido
- A moenda deve ser projetada irá dissolver (solubilizar) este óleo ou graxa,
para não contaminar o caldo produzindo compostos que irão afetar a
com óleo e graxa. qualidade final da cachaça.
- Sugere-se que a cana seja - Para retirar principalmente impurezas como
bem lavada. terra, que vão acarretar infecções indesejadas.
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Dicas:
• O prazo máximo entre o corte e a moagem é de 48 horas, conforme o RAC.
Entretanto, quanto menor for esse prazo, mais se evita a contaminação
da cana.
• Depois da moagem é necessário enxaguar a moenda e todos os seus
acessórios com água em abundância. Se você possui caldeira, leve
uma tubulação de vapor até a moenda para melhor higienizá-la. Se
trabalhar com fogo direto, lave o terno de moenda com água potável
e com bastante pressão.
• Antes de iniciar a construção é prudente fazer um projeto. Um bom projeto
resulta em uma boa instalação, o que pode gerar economia de trabalho,
de energia e de água.
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Dicas:
• Após a moagem da cana, coloque uma tela filtrante que reterá todo o
bagacilho e bagaço.
• Entre os itens do RAC para cachaça consta a proibição do uso de uréia
para a correção do mosto.
11. Fermentando o caldo
O preparo do fermento é o início do
processo. Além de contar com bom
fermento, é importante garantir que
ele tenha as melhores condições de
desenvolvimento, dando-lhe vantagens
sobre os fermentos indesejáveis
(contaminantes). Por isso, durante a
fermentação é importante monitorar e
controlar o processo para avaliar se está
correndo tudo bem e para determinar o final da fermentação.
Ao longo da fermentação há diversas mudanças no caldo. A liberação de
gás, com uma boa formação de espuma, e o aroma agradável do líquido são
indicadores de que tudo está indo bem. Quando a fermentação se aproxima
do final, há uma redução da espuma e liberação de gases. O ponto final é
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Dica:
• O odor da fermentação deverá lembrar o de frutas maduras. Aroma ácido,
rançoso, sulfídrico ou outro diferente é indicativo de contaminação. E o
tempo de fermentação também deverá ser igual durante a safra.
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12. Sedimentação
Com o fim da fermentação, o
fermento que está suspenso, flutuando
no líquido, tende a decantar. Esse
processo de sedimentação do fermento
é necessário para evitar a presença de
fermento dentro do destilador, o que
afeta a qualidade da cachaça, e para
aproveitar o fermento para a próxima
carga da dorna.
Para garantir que o fermento tenha “descido”, é recomendável esperar
um tempo de 2 a 3 horas depois do final da fermentação. Só então se
deve encaminhar o vinho (caldo fermentado) para a destilação. Uma
alternativa para agilizar o processo de produção é reservar uma dorna ou
tanque especificamente para armazenar o vinho durante esse tempo de
decantação.
O RAC estabelece que o vinho/mosto deve ser transportado por
tubulação, cuja inclinação permita o fluxo normal para evitar acúmulo de
produtos parados.
Dica:
• Transfira o vinho para uma outra caixa que não a dorna de fermentação, e
deixe que ele permaneça por um período curto, em temperatura ambiente,
para então mandá-lo para o alambique e destilar. Quanto mais limpo o
vinho for enviado para o alambique, mais fina será a cachaça produzida,
em termos de paladar e aroma.
13. Destilação
O caldo de cana fermentado (vinho) é composto por uma mistura de
diversos componentes sólidos, líquidos e gasosos, que devem ser separados
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Dicas:
• Para que seu alambique tenha condições de funcionar bem, verifique
se possui condição de circular água na sua torre. Se tiver, os tubos de
passagem de vapor devem estar bem dimensionados e no lugar adequado.
Se não tiver, é preciso corrigir.
• Ao iniciar a destilação deve-se atuar com pouco fogo, isto é, pouco
calor na panela.
• Outro fator muito importante é a degasagem. Ao se iniciar a destilação,
a temperatura dos vapores saídos da bica deverá estar próxima de 25ºC.
Com isso se elimina boa parte de ésteres, aldeídos, CO² e metanol.
• A serpentina poderá ser de menor diâmetro que o normal (sugere-se:
para valores menores ou iguais a 1000 l – serpentina de ¾” e para
valores maiores que 1000 l – serpentina de 1” ), pois o vapor que a
percorre nunca a encherá completamente.
14. Armazenamento
O acondicionamento da cachaça
recém destilada deve ser em recipientes
de material inerte que não influencie
negativamente no aroma e no paladar
da bebida.
O RAC estabelece que a cachaça deve
ser estocada em recipientes apropriados
de madeira, aço carbono revestido com
resina epoxídica ou polipropileno (desde
que seja apresentado laudo técnico que ateste que o material está de acordo
com o especificado na Resolução 105 de 19/05/1999, da ANVISA). É proibido o
uso de bombonas ou outros recipientes plásticos para estocagem da cachaça.
As áreas de estocagem devem atender à legislação vigente específica.
Para ser considerada envelhecida, a cachaça deve permanecer por
um período mínimo de 1 ano em recipientes de madeira recomendada,
com capacidade de, no máximo, 700 litros. Os recipientes destinados ao
envelhecimento da cachaça deverão ser lacrados e datados pelo MAPA.
O produtor pode estocar a cachaça em recipientes apropriados de aço
inoxidável ou aço carbono isolado internamente, mantendo a cachaça
branquinha, ou usar recipientes de madeira, que vão conferir cor, aroma e sabor
diferenciados.
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Dica:
• Caso seja verificado um pequeno vazamento no barril, recomenda-se a
utilização de cera de abelha no local do vazamento.
15. Envase
A cachaça deve ser envasada em embalagens adequadas que garantam a
integridade do produto. Todo produto destinado ao envase deve ser filtrado e
o local e os equipamentos limpos e higienizados.
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Dica importante:
• Sempre faça suas medições, de álcool ou açúcar, observando a
temperatura do que vai medir. Essa temperatura deve ser a mesma
indicada no equipamento, geralmente 20ºC.
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20. Rastreabilidade
O produtor deve ter rastreabilidade das garrafas produzidas até o ponto
de venda, de forma a viabilizar, quando necessário, a retirada do produto do
mercado. A rastreabilidade deve ser demonstrada pelo produtor e verificada
pelo OCP por meio dos registros de todas as etapas de produção da cachaça.
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24. Infrações
Serão consideradas infrações no âmbito do sistema de certificação:
a) Ofertar produtos com Selo de Identicação da Conformidade fora dos
padrões de qualidade estabelecidos no RAC.
b) Usar o Selo de Identicação da Conformidade em produtos não
certificados.
c) Não informar ou prestar falsas informações a respeito dos produtos
certificados.
d) Impedir o acesso dos auditores aos documentos e registros de seu
sistema.
e) Reincidir nos ilícitos “a” e “b” no período de vigência do contrato com
o OCP.
Infração Sanção
Situação “a” - advertência, por escrito, com exigência de plano de ação corretiva
Situação “b” - advertência, por escrito, com exigência de plano de ação corretiva
Situação “c” - advertência, por escrito, com exigência de plano de ação corretiva
Situação “d” - advertência, por escrito, com exigência de plano de ação corretiva
- suspensão da autorização para uso do Selo de Identificação da
Conformidade até a implementação da ação corretiva verificada
pelo OCP
Situação “e” - cancelamento da certificação
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27. Glossário
INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial.
SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
RAC: Regulamento de Avaliação da Conformidade.
OCP: Organismo de Certificação de Produto.
PNCC: Programa Nacional de Certificação de Cachaça.
Avaliação da Conformidade: processo sistematizado, com regras pré-
estabelecidas, devidamente acompanhado e avaliado, de forma a propiciar
adequado grau de confiança de que um produto, processo ou serviço, ou
ainda um profissional, atende a requisitos pré-estabelecidos por normas ou
regulamentos, com o menor custo possível para a sociedade.
Álcoois superiores: provenientes da degradação de aminoácidos e pelo
metabolismo do próprio açúcar. São considerados superiores os álcoois que
possuem de 3 a 5 carbonos em sua molécula.
Aldeídos: produto obtido durante o processo fermentativo.
Bagacilho: pequenos pedaços do colmo da cana, produzidos durante
sua moagem.
Cachaça: é a denominação típica e exclusiva da aguardente de cana
produzida no Brasil, com graduação alcoólica de trinta e oito por cento
em volume a quarenta e oito por cento em volume, a vinte graus Celsius,
obtida pela destilação do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar com
características sensoriais peculiares, podendo ser adicionada de açúcares até
seis gramas por litro, expressos em sacarose.
Cachaça Adoçada: é a bebida definida como cachaça e que contém açúcares
em quantidade superior a 6g/l (seis gramas por litro) e inferior a 30g/l (trinta
gramas por litro), expressos em sacarose.
Cachaça Envelhecida: é a bebida definida como cachaça e que contém, no
mínimo, 50% (cinquenta por cento) de cachaça envelhecida em recipiente de
madeira apropriado, com capacidade máxima de 700 (setecentos) litros, por
um período não inferior a 1 (um) ano.
Cachaça Premium: é a bebida definida como cachaça e que contém 100%
(cem por cento) de cachaça envelhecida em recipiente de madeira apropriado,
com capacidade máxima de 700 (setecentos) litros, por um período não inferior
a 1 (um) ano.
Cachaça Extre Premium: é a bebida definida como cachaça Premium
envelhecida por um período não inferior a 3 (três) anos.
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Equipe Técnica
Sebrae: Fenaca:
Andressa Prudêncio Viana Murilo Albernaz
Aníbal Sales Bastos
Hulda Oliveira Giesbrecht Consultor do Inmetro:
João Bosco Faria
Inmetro:
Flávia M. Tinell Consultores do Sebrae:
Luciane Lobo Agenor Maccari Júnior
Paula S. Pinto Fabíula Melissa Stela
Zulmar Teixeira
Produtor:
Engels Machado Maciel
Fotos
Banco de imagens do Sebrae/RS
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