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RECIFE- 2015
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1. INTRODUÇÃO
A cachaça ou aguardente é uma bebida alcoólica bastante antiga e os primeiros indícios do seu uso foi
atribuído aos egípcios que a utilizavam na cura de moléstias, logo após, os alquimistas passaram a estudá-la
atribuindo propriedades místico-medicinais. Com o passar do tempo foi sendo disseminada pelo mundo
gerando vários tipos de destilados. Constituída principalmente por água e etanol, este tipo de destilado
apresenta ainda, em baixas concentrações, componentes secundários formados principalmente durante a
fermentação alcoólica, selecionados pelo processo de destilação e pela etapa de maturação do destilado. Tais
componentes pertencem às classes funcionais dos ácidos, ésteres, aldeídos, alcoóis e em proporções menores
formam-se também cetonas, compostos fenólicos, aminas e mercaptanas.
A fabricação de bebidas fermento-destiladas seguiu os mesmos avanços registrados para os outros
tipos de produtos biotecnológicos, isto é, evoluiu de uma concepção artesanal para um processo contendo
todos os refinamentos de uma ciência moderna. Entretanto, o critério de qualidade é ainda bastante artesanal
e depende em grande parte de testes que envolvem os sentidos do ser humano, como por exemplo, o paladar,
o olfato e visão. Como se sabe, o sabor, o odor e a aparência são critérios fundamentais, que determinam a
aprovação do produto no mercado consumidor.
O enquadramento técnico brasileiro mais apropriado para as bebidas fermento-destiladas é o descrito
no decreto 6.871/2009 do Ministério da Agricultura (MAPA) que traz uma série de considerações sobre bebidas
diversas e enfatiza cada grupo específico. De acordo com este decreto pode-se ter as seguintes afirmações:
1.2 Padronização das bebidas - A bebida deverá conter, obrigatoriamente, a matéria-prima vegetal, animal ou
mineral, responsável por sua característica sensorial, excetuando o xarope e o preparado sólido para refresco.
Algumas particularidades para esta padronização:
• O xarope e o preparado sólido para refresco que não contiverem a matéria-prima de origem vegetal
serão classificados e considerados artificiais, integrando à sua denominação o termo artificial.
• A bebida adicionada de corante e aromatizante, nos casos legalmente autorizados, observará, na
rotulagem, a indicação destes aditivos, conforme legislação específica.
• O produto concentrado, quando diluído, deverá apresentar as mesmas características fixadas nos
padrões de identidade e qualidade para a bebida na concentração normal.
1.4 Bebidas Alcoólicas Destiladas – São obtidas inicialmente por fermentação e depois destiladas, sendo em
seguida submetida a um processo de envelhecimento. Esse envelhecimento é regulado por lei, sendo realizado,
geralmente em tonéis de carvalho (até 12 anos) e sob condições de umidade e temperaturas controladas.
Durante o envelhecimento, ocorre oxidação, esterificação e absorção de substâncias do carvalho. Essas
reações, e algumas das características de cada bebida e que dará o bouquet e o paladar típico. Nas destilarias
atuais os equipamentos de destilação são de aço inox, com exceção do alambique que são de cobre. Em função
das matérias-primas, teor alcoólico, processo tecnológico e forma de consumo podem-se enquadrar estes
produtos em:
Bebida com graduação alcoólica de 38 a 54% (v/v – 20 oC), obtida do rebaixamento do teor alcoólico do
destilado alcoólico simples ou pela destilação do mosto fermentado. Deverá ter a denominação da matéria-
prima de sua origem. Se contiver açúcares em quantidade superior a seis gramas por litro e inferior a trinta
Aguardente gramas por litro será denominada de aguardente adoçada. Será considerada aguardente envelhecida se
contiver no mínimo cinqüenta por cento do produto por período não inferior a um ano, podendo ser
adicionada de caramelo para a correção da cor. Pode ser obtida do melaço, cereais, vegetais, rapadura,
melado, ou cana de açúcar.
Bebida com graduação alcoólica de 35 a 54% (v/v – 20 oC), obtida do destilado alcoólico simples de melaço,
ou da mistura dos destilados de caldo de cana-de-açúcar e de melaço, envelhecidos total ou parcialmente,
em recipiente de carvalho ou madeira equivalente, conservando suas características sensoriais peculiares. O
Rum, rhum ou ron produto poderá ser adicionado de açúcares até uma quantidade máxima de seis gramas por litro. Será
permitido o uso de caramelo para correção da cor e carvão ativado para a descoloração. O coeficiente de
congêneres não poderá ser inferior a quarenta miligramas e nem superior a quinhentos miligramas por cem
mililitros de álcool anidro. Pode ser classificado em função deste coeficiente em: rum leve ou light rum
(inferior a 200 mg/100mL em álcool anidro) e rum pesado ou heavy rum (200 a 500 mg/100 mL em álcool
anidro, obtido exclusivamente do melaço). Quando esta bebida é envelhecida pode ser denominado rum
envelhecido ou rum velho (maturação, em sua totalidade, por período mínimo de dois anos).
Bebida com graduação alcoólica de 38 a 54% (v/v – 20 oC), obtida do destilado alcoólico simples de cereais
envelhecido, parcial ou totalmente maltados, podendo ser adicionado de álcool etílico potável de origem
agrícola, ou de destilado alcoólico simples de cereais, bem como de água para redução da graduação
alcoólica e caramelo para correção da cor. O uísque pode ser denominado de: uísque malte puro ou whisky
puro malte ou pure malt whisky (elaborado exclusivamente com destilado alcoólico simples de malte
envelhecido ou Malt Whisky, com o coeficiente de congêneres não inferior a trezentos e cinqüenta
miligramas por cem mililitros em álcool anidro), uísque cortado ou blended whisky (obtido pela mistura de,
no mínimo, trinta por cento de destilado alcoólico simples de malte envelhecido ou Malt Whisky, com
Uísque, whisky ou destilados alcoólicos simples de cereais, álcool etílico potável de origem agrícola ou ambos, envelhecidos ou
whiskey não, com o coeficiente de congêneres não inferior a cem miligramas por cem mililitros, em álcool anidro),
uísque de cereais ou grain whisky (obtido a partir de cereais reconhecidos internacionalmente na produção
de uísque, sacarificados, total ou parcialmente, por diástases da cevada maltada, adicionada ou não de
outras enzimas naturais e destilada em alambique ou coluna, envelhecido por período mínimo de dois anos,
com o coeficiente de congêneres não inferior a cem miligramas por cem mililitros, em álcool anidro) e
bourbon whisky, bourbon whiskey, tennessee whisky ou tennessee whiskey, (quando for produzido nos
Estados Unidos da América de acordo com a sua legislação, sem prejuízo ao estabelecido nas características
dos demais tipos). O uísque engarrafado no território nacional somente poderá fazer uso das denominações
de origem, ou seja, scotch whisky, canadian whisky, irish whisky, bourbon whisky, tennessee whisky e outras
reconhecidas internacionalmente, quando elaborado, exclusivamente, com matérias-primas importadas a
granel, cujos destilados sejam produzidos e envelhecidos em seus respectivos países de origem e que
mantenham as características determinadas por suas legislações, podendo apenas ser adicionado de água
para redução da graduação alcoólica e de caramelo para a correção da cor. A porcentagem do destilado
alcoólico simples de malte envelhecido, de milho ou de outros cereais empregados na elaboração do uísque
será calculada em função do teor alcoólico expresso em volume, em álcool anidro.
Arac Bebida com graduação alcoólica de 36 a 54% (v/v – 20 oC), obtida pela adição ao destilado alcoólico simples
ou ao álcool etílico potável de origem agrícola, de extrato de substância vegetal aromática. A bebida poderá
ser adicionada de açúcares até trinta gramas por litro; quando a quantidade adicionada for superior a seis
gramas por litro, a sua denominação será seguida da expressão “adoçada”.
Bebida com graduação alcoólica de 36 a 54% (v/v – 20 oC), obtida de destilado alcoólico simples de fruta ou
pela destilação de mosto fermentado de fruta. A destilação deverá ser efetuada de forma que o destilado
tenha o aroma e o sabor dos elementos naturais voláteis contidos no mosto fermentado, derivados dos
Aguardente de fruta processos de fermentação ou formados durante a destilação ou em ambos. A aguardente de fruta terá a
denominação da matéria-prima de sua origem. Poderá ter as seguintes denominações: Kirchs, Dirchwassee
(aguardente de cereja), Slivowicz, Slibowika, Mirabella (aguardente de ameixa) ou Calvados (aguardente de
maçã). O produto poderá ou não ser envelhecido. O conhaque é um caso particular de aguardente de fruta
procedente da destilação do vinho de uvas.
Bebida com graduação alcoólica de 36 a 54% (v/v – 20 oC), obtida de destilado alcoólico simples de mandioca
ou pela destilação de seu mosto fermentado. A destilação deverá ser efetuada de forma que o destilado
Tiquira tenha o aroma e o sabor dos elementos naturais voláteis contidos no mosto fermentado, derivados do
processo fermentativo ou formados durante a destilação. A bebida poderá ser adicionada de açúcares até
trinta gramas por litro. Quando a quantidade adicionada for superior a seis gramas por litro, a denominação
deverá ser seguida da expressão “adoçada”.
Bebida com graduação alcoólica de quinze a trinta e cinco por cento em volume (15-35%, v/v), (v/v – 20 oC),
Sochu ou shochu obtida da destilação do mosto fermentado de arroz, adicionado ou não de tubérculo, raiz amilácea e cereal,
em conjunto ou separadamente. Poderá ser adicionado de açúcares. Quando o teor de açúcares for superior
a seis e inferior a trinta gramas por litro, a denominação deverá ser seguida da expressão “adoçada”. Será
denominado envelhecido se contiver, no mínimo, cinqüenta por cento da bebida por período não inferior a
um ano, podendo ser adicionada de caramelo para a correção da cor.
Bebida com graduação alcoólica de de 36 a 54% (v/v – 20 oC), obtida de álcool etílico potável de origem
agrícola ou de destilado alcoólico simples de origem agrícola retificado, seguidos ou não de filtração por meio
de carvão ativo, como forma de atenuar os caracteres organolépticos da matéria-prima original. Poderá ser
adicionada de açúcares até dois gramas por litro e ser aromatizada com substância natural de origem vegetal.
Apesar da vodca brasileira ter a opção de ser obtida por destilação simples, sabe-se que a bebida, tanto a
produzida no Brasil como em outros países, é tradicionalmente preparada a partir do chamado “neutral
Vodca, vodka ou spirit”, “neutral alcohol” ou, como conhecido no Brasil, o álcool neutro. É virtualmente isento de qualquer
wodka impureza (produtos secundários da fermentação) e seu nome “neutro” decorre do odor típico de álcool,
diferente, portanto, de um álcool que contenha traços de alguma impureza. Mesmo assim, dependendo da
aplicação, pode-se tolerar a presença de traços de algumas impurezas. A vodca pode ser classificada como
uma bebida destilada não congenerica, ou seja, que não possui padrões definidos relacionados à matéria-
prima da qual o mosto fermentado foi obtido. Desta forma, a mesma pode ser proveniente da retificação de
um destilado obtido de diferentes matérias-primas de origem agrícola. Por este motivo, a matéria-prima e o
processo de fermentação tem menor influência na qualidade da bebida do que o grau de retificação
necessário para a obtenção da pureza desejada do álcool potável.
Bebida com graduação alcoólica de 35 a 54% (v/v – 20 oC), obtida de destilado alcoólico simples de cereal,
Genebra redestilado total ou parcialmente na presença de bagas de zimbro (Juniperus communis), misturado ou não
com álcool etílico potável de origem agrícola, podendo ser adicionada de outra substância aromática natural,
e de açúcares na proporção de até quinze gramas por litro, podendo ser adicionada de caramelo para
correção da cor. As características organolépticas do zimbro deverão ser perceptíveis, mesmo quando
atenuadas.
Bebida com graduação alcoólica de 35 a 54% (v/v – 20 oC), obtida pela retificação de destilado alcoólico
Steinhaeger simples de cereal ou pela retificação do álcool etílico potável, adicionado de substância aromática natural,
em ambos os casos provenientes de um mosto fermentado contendo bagas de zimbro (Juniperus communis).
Bebida com graduação alcoólica de 35 a 54% (v/v – 20 oC), obtida pela destilação ou redestilação de álcool
etílico potável de origem agrícola, na presença de sementes de alcarávia (Carum carvi), ou pela aromatização
Aquavit, akuavit ou do álcool etílico potável de origem agrícola, retificado com extrato de sementes de alcarávia, podendo, em
acquavitae ambos os casos, ser adicionada outra substância vegetal aromática. A bebida poderá ser adicionada de
açúcares até trinta gramas por litro e, quando a quantidade adicionada for superior a seis gramas por litro,
sua denominação será seguida da expressão “adoçada”.
Bebida com graduação alcoólica de 35 a 54% (v/v – 20 oC), obtida pela retificação do destilado alcoólico
Corn ou korn simples de cereal ou pela retificação de uma mistura mínima de trinta por cento de destilado alcoólico
simples de cereal com álcool etílico potável de origem agrícola, podendo ser aromatizada com substância
natural de origem vegetal.
Bebida com graduação alcoólica de 15 a 54% (v/v – 20 oC), com percentual de açúcar superior a trinta gramas
por litro, com a seguinte composição: álcool etílico potável de origem agrícola, destilado alcoólico simples de
origem agrícola, bebida alcoólica ou mistura de um ou mais produtos anteriores, podendo ser adicionados de
extrato ou substância de origem vegetal ou animal ou mistura deles e opcionalmente acrescidos de
aromatizante, saborizante, corante outro aditivo ou mistura dos citados. O licor que tiver o nome da
substância de origem animal ou vegetal deverá conter esta substância, sendo proibida a sua substituição.
Pode ser denominado de: seco (conter mais de trinta gramas por litro e no máximo cem gramas por litro de
açúcares), fino ou doce (conter mais de cem gramas por litro e no máximo trezentos e cinqüenta gramas por
Licor litro de açúcares), creme (conter mais de trezentos e cinqüenta gramas por litro de açúcares) e escarchado
ou cristalizado (saturado de açúcares parcialmente cristalizados). As denominações licor de café, de cacau, de
chocolate, de laranja, de ovo, de doce de leite e outras somente serão permitidas aos licores que, em suas
preparações, predomine a matéria-prima que justifique essas denominações. São permitidas, ainda, as
denominações Cherry, Apricot, Peach, Curaçau, Prunelle, Maraschino, Peppermint, Kümmel, Noix, Cassis,
Ratafia, Anis e as demais de uso corrente, aos licores elaborados principalmente com as frutas, plantas ou
partes delas, desde que justifiquem essas denominações. O licor que contiver por base mais de uma
substância vegetal e, não havendo predominância de alguma delas, poderá ser denominado genericamente
de licor de ervas, licor de frutas ou outras denominações que caracterizem o produto. Poderá denominar-se
Advocat, Avocat , Advokat ou Advocaat o licor à base de ovo, admitindo-se para essa bebida graduação
alcoólica mínima de quatorze por cento em volume a vinte graus Celsius. O licor que contiver lâminas de ouro
puro poderá ser denominado licor de ouro. O licor de anis que contiver, no mínimo, trezentos e cinqüenta
gramas por litro de açúcares poderá ser denominado de Anisete. O licor preparado por destilação de cascas
de frutas cítricas, adicionado ou não de substância aromatizante ou saborizante, ou ambas, poderá
denominar-se triple sec ou extra-seco, independentemente de seu conteúdo de açúcares. O licor que
contiver em sua composição, no mínimo, cinqüenta por cento em volume de conhaque, uísque, rum ou
Bebida com graduação alcoólica de 0,5 a 54%, (v/v – 20 oC), com a seguinte composição: álcool etílico potável
de origem agrícola, destilado alcoólico simples de origem agrícola, bebida alcoólica ou mistura de um ou mais
produtos citados podendo ser adicionados de bebida não-alcoólica, suco de fruta, fruta macerada, xarope de
fruta, leite, ovo, outra substância de origem vegetal ou animal ou mistura desses produtos citados. As
bebidas alcoólicas que contiverem vinho ou derivados da uva e do vinho em sua composição serão reguladas
pelo Decreto n. 8.198 de 20 de fevereiro de 2014. Poderão ser adicionadas de açúcares e aditivos e ser
gaseificada; neste caso, a graduação alcoólica não poderá ser superior a quinze por cento em volume, a vinte
Bebida alcoólica graus Celsius. As bebidas com graduação alcoólica de quinze a trinta e seis por cento em volume, a vinte
mista ou coquetel graus Celsius, e com, no mínimo, cinqüenta gramas de açúcares por litro poderá ser denominada de batida,
(cocktail) devendo ser elaborada com: aguardente de cana, álcool etílico potável de origem agrícola, destilado alcoólico
simples de cana-de-açúcar, bebidas destiladas ou mistura de um ou mais produtos citados podendo ser
adicionadas de suco, polpa de fruta, outra substância de origem vegetal ou animal ou mistura das citadas.
Com graduação alcoólica de quatro a quatorze por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida pela
mistura de dois ou mais fermentados de frutas e sucos de frutas, adicionada de açúcares e aditivos poderá
ser denominada de fermentado de frutas misto, e quando adicionada de dióxido de carbono, de fermentado
de frutas misto gaseificado. Com graduação alcoólica de quinze a trinta e seis por cento em volume, a vinte
graus Celsius, elaborada com cachaça, limão e açúcar, poderá ser denominada de caipirinha (bebida típica do
Brasil), facultada a adição de água para a padronização da graduação alcoólica e de aditivos. O limão poderá
ser adicionado na forma desidratada. O produto à base de suco ou extrato vegetal, isolados ou em conjunto,
com ou sem aroma, adicionado de água potável e, opcionalmente, de aditivos e açúcares será denominado
"preparado líquido ou sólido para ...", acrescido da nomenclatura da bebida alcoólica a ser elaborada. A
bebida prevista anteriormente, quando adicionado de açúcares, deverá ter a designação adoçada acrescida à
sua denominação. Não é permitida a utilização de aditivo que confira à bebida alcoólica mista característica
sensorial semelhante ao vinho ou ao derivado da uva e do vinho.
Bebida com graduação alcoólica de 4 a 38% (v/v – 20 oC), tendo, obrigatoriamente, como ingrediente vinho
ou derivado da uva e do vinho em quantidade inferior a cinqüenta por cento do volume, com a seguinte
Coquetel composto composição: bebida alcoólica, álcool etílico potável de origem agrícola, destilado alcoólico simples de origem
agrícola ou mistura de um ou mais produtos citados podendo ser adicionado de bebida não-alcoólica, suco de
fruta, outra substância de origem vegetal ou animal ou mistura destes citados. Os coquetéis não poderão
assemelhar-se ao vinho por meio de aroma, sabor, denominação ou designação de venda, bem como
apresentar em sua rotulagem elementos alusivos ao vinho e a uva, tais como: ramagens e cachos de uva, ou
nela constarem termos e expressões como: vinho; com vinho; suave; tinto; branco; e outras próprias do
produto vinho, bem como denominações dos derivados da uva e do vinho, excetuada a lista de ingredientes
permitidos. O Coquetel composto poderá ser adicionado de açúcares e aditivos.
Bebida alcoólica por mistura com graduação alcoólica de 13 a 18% (v/v – 20 oC), obtida da maceração ou
infusão de substância vegetal, adicionada de álcool etílico potável de origem agrícola, com adição ou não de
açúcares. Bebida alcoólica de jurubeba é a bebida alcoólica composta obtida pela mistura de macerado
Bebida alcoólica alcoólico de jurubeba (Solanum paniculatum L.), com álcool etílico potável de origem agrícola e,
composta opcionalmente, de aromatizante natural e aditivo, podendo ser adicionada de açúcares, caso em que será
denominada suave ou doce, quando contiver mais de seis gramas de açúcares por litro. Bebida alcoólica de
gengibre é a bebida alcoólica composta obtida pela mistura de macerado alcoólico de rizoma de gengibre
(Zingiber officinalis Rosc.), com álcool etílico potável de origem agrícola e, opcionalmente, de aromatizante
natural e aditivo, podendo ser adicionada de açúcares, caso em que será denominada suave ou doce, quando
contiver mais de seis gramas de açúcares por litro, devendo apresentar sabor e aroma das substâncias
naturais do rizoma. As demais bebidas alcoólicas compostas serão denominadas "bebida alcoólica composta
de ...", acrescida do nome do vegetal utilizado.
Bebida com graduação alcoólica de 38 a 54% (v/v – 20 oC), resultante da adição de substância de origem
Aguardente vegetal ou animal na aguardente ou no destilado alcoólico simples ou na mistura destes ingredientes
composta alcoólicos. Poderá ser adicionada de caramelo para correção da cor, de açúcares na quantidade inferior a
trinta gramas por litro e de aditivos.
Produto com graduação alcoólica mínima de 95% (v/v – 20 oC), obtido pela destilo-retificação de mosto
Álcool etílico potável proveniente unicamente de matéria-prima de origem agrícola, de natureza açucarada ou amilácea, resultante
de origem agrícola da fermentação alcoólica, como também o produto da retificação de aguardente ou de destilado alcoólico
simples. Na denominação do álcool etílico potável de origem agrícola, quando houver referência à matéria-
prima utilizada, o álcool deverá ser obtido exclusivamente dessa matéria-prima. O álcool etílico potável de
origem agrícola poderá ser hidratado para o seu envelhecimento.
Raw grain whisky Destilado alcoólico de cereal com graduação alcoólica de 54 a 95% (v/v – 20 oC), envelhecido em tonéis de
carvalho com capacidade máxima de setecentos litros, por período mínimo de dois anos.
Produto com graduação alcoólica de 54 a 95% (v/v – 20 oC), destinado à elaboração de bebida alcoólica e
obtido pela destilação simples ou por destilo-retificação parcial seletiva de mosto ou subproduto proveniente
unicamente de matéria-prima de origem agrícola de natureza açucarada ou amilácea, resultante da
fermentação alcoólica. A destilação deverá ser efetuada de forma que o destilado apresente aroma e sabor
provenientes da matéria-prima utilizada, dos derivados do processo fermentativo e dos formados durante a
destilação. Mosto é a uma mistura de origem vegetal ou animal que contém elemento amiláceo ou açucarado
passível de transformar-se, mediante fermentação alcoólica, em álcool etílico. Ao mosto fermentável poderão
Destilado alcoólico ser adicionadas substâncias destinadas a favorecer o processo de fermentação, desde que ausentes no
simples de origem destilado, sendo proibido o emprego de álcool de qualquer natureza. O destilado alcoólico simples terá a
agrícola denominação da matéria-prima de sua origem, observada a classificação de cana-de-açúcar, de melaço, de
cereal, de fruta, de tubérculo ou de outros vegetais e não deverá conter aditivo em desacordo com a
legislação. Destilado alcoólico simples de cana-de-açúcar (produto obtido pelo processo de destilação do
mosto fermentado de cana-de-açúcar). Destilado alcoólico simples de cana-de-açúcar destinado à produção
da aguardente de cana (produto obtido pelo processo de destilação simples ou por destilo-retificação parcial
seletiva do mosto fermentado do caldo de cana-de-açúcar com graduação alcoólica superior a cinqüenta e
quatro e inferior a setenta por cento em volume, a vinte graus Celsius). Destilado alcoólico simples de melaço
Para o Brasil, algumas das mais conhecidas e consumidas bebidas destiladas são a cachaça ou aguardente, o
uísque, o rum, o conhaque, a vodca e o gim, que serão detalhas a seguir:
2.2 UISQUE
o
Bebida com graduação alcoólica de 38 a 54% (v/v – 20 C), obtida do destilado alcoólico simples de cereais
envelhecido, parcial ou totalmente maltados, podendo ser adicionado de álcool etílico potável de origem
agrícola, ou de destilado alcoólico simples de cereais, bem como de água para redução da graduação alcoólica
e caramelo para correção da cor. O uísque pode ser denominado de: uísque malte puro ou whisky puro malte
ou pure malt whisky (elaborado exclusivamente com destilado alcoólico simples de malte envelhecido ou Malt
Whisky, com o coeficiente de congêneres não inferior a trezentos e cinqüenta miligramas por cem mililitros em
álcool anidro), uísque cortado ou blended whisky (obtido pela mistura de, no mínimo, trinta por cento de
CEVADA
MALTAGEM/
ÁGUA MOAGEM
MOSTURAÇÃO /
COZIMENTO RESÍDUOS
ÁGUA
MOSTO ADEQUADO
PREPARAÇÃO
DO LEVEDURAS
FERMENTO FERMENTAÇÃO
VINHO
INSUMOS
CO-PRODUTOS E
CALOR DESTILAÇÃO RESÍDUOS
UÍSQUE IMATURO
ENVELHECIMENTO
OU MATURAÇÃO / INSUMOS
CORTES OU
MISTURA
UÍSQUE ENVELHECIDO
EMBALAGENS FILTRAÇÃO /
ENGARRAFAMENTO
UÍSQUE COMERCIAL
2.3 RUM
o
Bebida com graduação alcoólica de 35 a 54% (v/v – 20 C), obtida do destilado alcoólico simples de melaço, ou
da mistura dos destilados de caldo de cana-de-açúcar e de melaço, envelhecidos total ou parcialmente, em
recipiente de carvalho ou madeira equivalente, conservando suas características sensoriais peculiares. O
produto poderá ser adicionado de açúcares até uma quantidade máxima de seis gramas por litro. Será
permitido o uso de caramelo para correção da cor e carvão ativado para a descoloração. O coeficiente de
congêneres não poderá ser inferior a quarenta miligramas e nem superior a quinhentos miligramas por cem
mililitros de álcool anidro. Pode ser classificado em função deste coeficiente em: rum leve ou light rum (inferior
a 200 mg/100mL em álcool anidro) e rum pesado ou heavy rum (200 a 500 mg/100 mL em álcool anidro, obtido
exclusivamente do melaço). Quando esta bebida é envelhecida pode ser denominado rum envelhecido ou rum
velho (maturação, em sua totalidade, por período mínimo de dois anos).
O processo produtivo do rum pode ser ilustrado através do fluxograma da página seguinte:
Matérias-primas - Os substratos empregados exclusivamente para a fabricação do rum são derivados do
processo de fabricação do açúcar; em primeiro lugar os caldos ou garapas (clarificados ou não), as espumas
oriundas do processo de concentração, os resíduos das destilações e o melaço.
Por ser um subproduto, o melaço ou mel final é o substrato mais conveniente para a fermentação alcoólica em
função de seu preço relativamente mais baixo que o caldo de cana e pela facilidade de poder usá-lo
diretamente após sua diluição com água. Os melaços constituem um líquido escuro, viscoso e doce,
subproduto da fabricação do açúcar cristal ou do açúcar demerara, resultante das etapas de centrifugação ou
decantação do açúcar bruto. Pode ser utilizado para produção de álcool, em especial o etanol, como matéria-
prima para fabricar aguardentes, rum, fermentos biológico ou usado como ração para animais.
A escolha do melaço depende, além do preço, de parâmetros importantes, a saber: teor ideal de açúcares
totais (55-56%) e açúcares redutores (52,2-53,2%), teor de cinzas inferior a 8%, compostos nitrogenados entre
1 e 1,5%, gomas menor que 2% e substâncias não fermentáveis inferior a 3%. Todas essas características
dependerão da variedade de cana, tipo de solo e condições climáticas, dos métodos de cultivo, colheita,
moagem e técnicas de recuperação de açúcar.
Preparo do mosto - Para uso na produção do rum, o melaço precisa ser clarificado ou diluído com água para
obtenção de um teor de sólidos solúveis adequado (14-18 °Brix) e um pH ajustado para 4,0-5,5 (por meio da
adição de ácido sulfúrico ou nítrico) a fim de diminuir a possibilidade de ataque bacteriano. Outros tratamentos
podem ser aplicados ao melaço a fim de melhorar sua qualidade, tais como: remoção de sólidos suspensos por
meio de filtração ou por decantação (tornando o melaço mais claro), pasteurização para eliminação de
microrganismos indesejados e adição de nutrientes (como sulfato de amônia) antes da inoculação de
leveduras.
MOSTURAÇÃO /
ÁGUA FILTRAÇÃO DEDRITOS
ÁGUA
MOSTO ADEQUADO
PREPARAÇÃO
DO FERMENTO FERMENTAÇÃO LEVEDURAS
VINHO
INSUMOS
DESTILAÇÃO CO-PRODUTOS E
CALOR RESÍDUOS
RUM IMATURO
ENVELHECIMENTO /
INSUMOS
TRATAMENTOS E
AJUSTES
RUM ENVELHECIDO
EMBALAGENS ENGARRAFAMENTO
RUM COMERCIAL
Fermentação - Após o preparo do mosto de melaço, o mesmo é inoculado com cepas selecionadas de
leveduras. Nos primeiros momentos da fermentação se emprega uma forte aeração destinada a incrementar a
população de leveduras (2-3h). O tempo de fermentação varia entre 24 e 30h e é mantida numa faixa de
temperatura entre 30 e 33°C. O avanço da fermentação é monitorado mediante o controle do Brix do mosto. A
contaminação bacteriana é o principal problema que afeta os rendimentos da fermentação do rum, seguida do
aparecimento da acroleína formada pela reação do glicerol produzido pelas leveduras com o β-
hidroxipropionaldeído sintetizados por contaminantes bacterianos. Os tanques de fermentadores são
geralmente construídos em madeira, vidro, aço inoxidável, aço carbono ou mesmo de fibra reforçada. Do
ponto de vista higiênico, o aço inoxidável é o material de melhor escolha.
Destilação - O processo de destilação do rum tem o objetivo primário de separar do vinho (mosto fermentado)
todo o álcool produzido na fermentação alcoólica; e adicionalmente, garantir, mediante operação correta, a
passagem dos congêneres favoráveis em quantidades adequadas para o produto final. A destilação do rum é
realizada por dois métodos: batelada (duas etapas de destilação ou bidestilação) e por destilação contínua.
Runs pesados são normalmente produzidos por destilação em batelada, enquanto runs leves são normalmente
produzidos por destilação contínua.
2.4 CONHAQUE
Segundo a legislação brasileira, o conhaque é enquadrado como uma aguardente de frutas, conforme as
o
condições: Bebida com graduação alcoólica de 36 a 54% (v/v – 20 C), obtida de destilado alcoólico simples de
fruta ou pela destilação de mosto fermentado de fruta. A destilação deverá ser efetuada de forma que o
destilado tenha o aroma e o sabor dos elementos naturais voláteis contidos no mosto fermentado, derivados
dos processos de fermentação ou formados durante a destilação ou em ambos. A aguardente de fruta terá a
denominação da matéria-prima de sua origem. O conhaque é um caso particular de aguardente de fruta
procedente da destilação do vinho de uvas. A figura seguinte ilustra rapidamente o processo produtivo.
UVAS SELECIONADAS
MOSTURAÇÃO /
ÁGUA FILTRAÇÃO DEDRITOS
ÁGUA
MOSTO ADEQUADO
VINHO
INSUMOS
CO-PRODUTOS E
CALOR DESTILAÇÃO RESÍDUOS
CONHAQUE IMATURO
ENVELHECIMENTO /
INSUMOS
TRATAMENTOS E
AJUSTES
CONHAQUE ENVELHECIDO
EMBALAGENS ENGARRAFAMENTO
CONHAQUE COMERCIAL
DESTILADO
ALCOÓLICO OU
ETANOL NEUTRO
ÁGUA POTÁVEL
MISTURA/DILUIÇÃO
VODCA IMPURA
AJUSTES / INSUMOS
FILTRAÇÃO
VODCA POLIDA
EMBALAGENS ENGARRAFAMENTO
VODCA COMERCIAL
Ressalte-se que o tratamento com carvão ativo não será essencialmente para fazer uma boa ou má qualidade
da vodca, mas sim a retificação do álcool neutro empregado.
2.6. GIM
A palavra "gin" é uma contração da palavra holandesa para zimbro, "genebra". Os primeiros gins originaram-se
a cerca de 450 anos na Holanda. É uma bebida destilada à base de cereais. Posteriormente passa por um
processo de infusão com zimbro e outras especiarias. Tem teor alcoólico entre 40 e 50 graus, dependendo da
marca (teor semelhante a outras aguardentes como vodca, uísque ou cachaça). Teve origem nos Países Baixos,
no século XVII, mas adquiriu sua forma atual na Inglaterra. O gim é conhecido por ser uma aguardente
aromática. Cada marca se destaca por sua combinação única de ingredientes, dos quais as bagas de zimbro são
obrigatórias, por lei. Outros ingredientes podem ser utilizados por cada marca para obter características
próprias. Entre os ingredientes mais usados, além do zimbro, estão a canela, cascas de frutas cítricas, sementes
de coentro, pimenta da Jamaica, raiz de alcaçuz, pimenta do reino, cássia, cascas de laranja, farinha de
amêndoa e outros.
o
Pela legislação brasileira, o gim é uma bebida com graduação alcoólica de 35 a 54%, (v/v – 20 C), obtida pela
redestilação de álcool etílico potável de origem agrícola, na presença de bagas de zimbro (Juniperus
communis), com adição ou não de outra substância vegetal aromática, ou pela adição de extrato de bagas de
zimbro, com ou sem outra substância vegetal aromática, ao álcool etílico potável de origem agrícola e, em
ambos os casos, o sabor do zimbro deverá ser preponderante, podendo ser adicionada de açúcares até quinze
gramas por litro. O gim será denominado de: destilado (obtido exclusivamente por redestilação), london dry
(obtido por destilação seca), seco ou dry (contiver até seis gramas de açúcares por litro) e doce, old ton ou
cordial (contiver acima de seis e até quinze gramas de açúcares por litro).
Algumas classificações - O gim pode ser classificado em diversos tipos, tais como: Genebra, London dry gin, Old
tom gin, Plymouth gin, Sloe gin, Steinhager, Gin tinto, dentre outros. Eis algumas as características desses
produtos:
Genebra – produzido nos Países Baixos, é incolor, mas por vezes cor-de-palha devido ao caramelo adicionado
na sua composição. É destilado quatro vezes seguidas pelo processo de destilação pot still.
London Dry Gin – é o tipo de gim mais conhecido mundialmente. No processo de destilação, recebe infusão de
ingredientes aromáticos, como zimbro (obrigatório por lei), sementes de coentro e outros. Em sua fabricação,
não pode ter adição de essências nem de adoçantes.
Old Tom Gin – ancestral do “london dry”, o “old tom” tem adição de açúcar na composição final. Seu sabor faz
lembrar a genebra.
Plymouth Gin – gim produzido na cidade de Plymouth, no Sul da Inglaterra. É conhecido por ter um sabor
marcante entre o amadeirado e o terroso, com menor predominância do zimbro. Originalmente era produzido
ESPECIÁRIAS ESCOLHIDAS
(ZIMBRO, CANELA, ERVA
DOCE ...
DESTILADO
MACERAÇÃO/ RESÍDUOS
ALCOÓLICO OU
ETANOL NEUTRO MISTURA
VINHO
CO-PRODUTOS E
CALOR DESTILAÇÃO RESÍDUOS
GIM IMPURO
AJUSTES / INSUMOS
FILTRAÇÃO
GIM POLIDO
EMBALAGENS ENGARRAFAMENTO
GIM COMERCIAL
A maneira tradicional de fazer gim é macerar o mix botânico em álcool de cereais e, em seguida, a mistura é re-
destilada em alambiques de cobre de uma forma semelhante ao conhaque e uísque. Alguns produtores mais
modernos usam um processo mais rápido chamado "composição a frio", onde uma mistura altamente
concentrada de mix botânico é macerada em álcool de cereais e destilado para dar ao álcool potável um sabor
extremamente forte. Este é então diluído com álcool de cereal mais neutro para atingir o nível exigido de sabor
proporcionado pelos condimentos do mix. Alguns dos gins mais atraentes são feitos por vaporização do álcool
potável e deixando-o passar através do mix botânico para arrastar as suas características peculiares. Todos os
gins são diluídos com água antes do engarrafamento.
O gim destilado é normalmente produzido em lotes usando alambiques. O alambique é normalmente
o
preenchido com destilado alcoólico neutro ou etanol potável diluído a 45-60 GL, e, em seguida, as bagas de
zimbro e outros produtos vegetais são adicionados. Os frutos e vegetais podem ser adicionados diretamente ao
solvente produtor (“espírito”), quer na forma solta, ou contido dentro de um saco de algodão. Em alternativa,
as plantas podem ser misturadas suspensas acima da superfície do líquido, quer dentro de um saco de algodão
ou num bastidor de malha de arame.
No processo de destilação do gim o alambique é aquecido por vapor de água através de uma calandra
indiretamente no seu fundo. O destilado vindo nos primeiros minutos de fluxo é normalmente descartado
Processos Biotecnológicos Industriais – Sávio Pereira – IFPE - 2015 Página 28
como cabeças de reprocessamento. O principal volume do destilado é então tomado como produto, e a porção
o
final de destilação abaixo de uma predeterminada prova (de cerca de 45 GL) é descartado como caudas para
reprocessamento. O produto obtido do alambique é então enviado para a diluição e engarrafamento.
Normalmente não há armazenamento ou mistura de diferentes lotes de gin.
Na preparação de gim concentrado o processo de destilação é o mesmo que para o gim destilado, mas uma
quantidade muito maior de mix botânico é adicionada ainda no alambique. O gim concentrado é, então,
simplesmente misturado com álcool neutro antes de ser engarrafado.
Essências de gim são preparadas por mistura de óleos essenciais e extratos de outros derivados de bagas de
zimbro e mix botânico. Com a introdução de essências de gim altamente concentrada, é possível usar tão
pouco como 0,01% em volume da essência, numa mistura com álcool neutro.
Algumas marcas internacionalmente conhecidas de gim são produzidas por todos os três métodos (ou seja,
destilação, concentração de mistura, e essência de mistura) em diferentes países, sem variação apreciável no
sabor e odor quando os procedimentos normais de controle de qualidade são usados.
Tal como acontece com a vodka, grande cuidado deve ser tomado no manuseio e engarrafamento do gin. Ao
contrário da vodka, no entanto, o problema não está neste produto em pegar sabores de outros. O risco é a
contaminação de outros produtos com gin. Se não for possível utilizar um conjunto dedicado de tanques e
equipamentos de engarrafamento, tudo que vem em contacto com gin deve ser cuidadosamente lavado antes
de se usar para produzir qualquer outra bebida.
O gim pode sofrer variações de produção em função da sua origem, sendo muito comum em países como
Holanda, Inglaterra, Alemanha, França, dentre outros e possuem características sensoriais ligeiramente
distintas, pois a obrigação das bagas de zimbro é obrigatória em sua composição para fornecer os óleos
essenciais formadores do bouquet da bebida. Eis algumas considerações sobre ele na tabela seguinte:
A elaboração usa bagas de zimbro moídas ao malte (de cevada maltada ou de 70% de cereais
não maltados (milho e centeio) e 30% de malte de cevada). O destilado obtido possui
graduação alcoólica entre 45 e 48 oGL e elevado coeficiente de congêneres, bem diferente do
Holanda - Genever que prevê a legislação brasileira.
Elaborado com um mosto fermentado composto por 75% de milho, 15% de cereal maltado e
10% por cereais diversos. Após destilação e retificação, apresenta graduação alcoólica de 90
o
GL sendo diluído com água até 60oGL para que seja re-destilado em alambique na presença de
Inglaterra – Gin bagas de zimbro ou mistura delas com sementes de coentro, anis, amêndoas amargas, erva-
doce, alcaçuz, casca de laranjas doces e amargas etc. Este destilado aromatizado tem sua
concentração alcoólica corrigida para 60 oGL com água destilada.
A elaboração é como se fosse uma aguardente de zimbro por meio da destilação do mosto de
bagas frescas ou secas – esmagadas, tratadas com água quente e inoculadas com leveduras –
Alemanha - Steinhaeger que fermenta por 10 a 14 dias. O óleos residual presente em elevada quantidade no destilado é
separado por filtração, e o destilado final, um produto de elevada qualidade, utilizado para
aromatizar o álcool retificado na proporção de 1:10, produzindo o produto comercial.
O gim é à base de alguns dos mais famosos cocktails e bebidas no mundo, como o Dry Martini.
O gim e a genebra podem ser considerados como bebidas semelhantes, pois contém obrigatoriamente bagas
de zimbro como matéria-prima obrigatória na sua produção. Para alguns historiadores o gim (origem inglesa)
deriva da genebra (origem holandesa).
Processos Biotecnológicos Industriais – Sávio Pereira – IFPE - 2015 Página 29
3 LEGISLAÇÃO NACIONAL SOBRE BEBIDAS FERMENTO-DESTILADAS
5 REFERÊNCIAS
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de Ciências Exatas e Tecnologia. Centro Universitário de Belo Horizonte – Uni-BH
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Lorena. Apostila.
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out.dez. 2007
VENTURINI FILHO, V. G (coordenador). Bebidas Alcoólicas: Ciência e Tecnologia - São Paulo: Editora Blucher, vol. 1, 461 p, 2010.
5. Que procedimentos operacionais e analíticos deveriam ser realizados para obter um mosto para a
unidade de fermentação para a produção de aguardente usando composição mista de caldo de cana e
melaço? Explique detalhado.
6. Admita o processo produtivo de fabricação da cachaça, partindo da cana de açúcar, dividido nas
seguintes etapas: condicionamento da matéria-prima, extração, fermentação e destilação. Escolha,
em cada etapa, um parâmetro analítico essencial para o controle de qualidade total nesta produção.
9. Faça um confronto entre os processos tecnológicos de fabricação do gin de origens alemã e francesa
buscando alicerce científico nos estudos de química aplicada (orgânica, bioquímica, análise orgânica e
outras que julgar pertinente).
10. Que características comuns poderiam ser associadas ao gim comparado aos chás? Justifique
baseando-se no aspecto de bebidas e sua natureza intrínseca.
11. Comente sobre os principais requisitos necessários para produção de uma cachaça de qualidade.
12. Escreva pelo menos 5 equações envolvidas na maturação ou envelhecimento de uma bebida
fermento-destilada, explicando sua importância favorável ou desfavorável no produto final.