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Fonte da imagem: Cerveja Kaiser – apresentação disponível na web. Acesso em setembro de 2015.
RECIFE- 2015
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1. INTRODUÇÃO
A arte de produzir bebidas ligeiramente alcoólicas através da fermentação de materiais naturais que
contém amido, com leveduras, vem de tempos mais remotos e de diversas origens e sua química guarda
uma relação bem estreita com a indústria de panificação.
A cerveja é uma bebida não destilada obtida pela fermentação alcoólica, por ação de levedura, do
mosto de cereais (principalmente cevada) podendo receber outros materiais amiláceos como
complementos (milho, arroz, trigo, sorgo, centeio, aveia etc) além de lúpulo como realçador de
características organolépticas. A sua graduação alcoólica (relação massa/volume) varia bastante
conforme o tipo, porém está entre 3 e 8%, o teor de sólidos entre 8 e 15% e pode receber nomes
regionais dependendo da sua origem.
A cerveja é essencialmente uma solução aquosa gaseificada com gás carbônico e outros componentes
como álcool, açúcares não fermentados e dextrinas, substâncias protéicas e componentes aromáticos
derivados do malte, lúpulo e leveduras utilizadas na sua preparação. Além desses componentes
principais temos sais inorgânicos, subprodutos metabólicos de levedura, vitaminas, traços de ferro e
cobre e materiais extrativos vegetais menos conhecidos.
A preparação da cerveja é uma indústria muito antiga, desde os egípcios, romanos e povos
descendentes e outros que aprenderam esta técnica de produção.
Os tipos de cerveja de hoje, como Pilsen, Munique etc, foram criados em diversas cidades européias
antes do ano de 1850. Durante o século XXI o progresso científico tem consistido em melhorar a técnica
de fabricação do que na criação de novos tipos. Os procedimentos modernos de fabricação da cerveja
variam em detalhes de um país para outro em função do desenvolvimento tecnológico e financeiro das
empresas.
3. MATÉRIAS-PRIMAS
As matérias-primas essenciais para a fabricação da cerveja são: água, malte, lúpulo, fermento ou
levedura e outros aditivos complementares, dependendo do tipo a ser produzido.
ÁGUA
A água potável ideal para esta indústria deve conter um máximo de 25 ppm de alcalinidade, 100 a 500
ppm de sulfato de cálcio, 200 a 300 ppm de cloreto de sódio, menos de 1 ppm de ferro e manganês e
não ultrapassar os limites permitidos de cloro e flúor. O pH deve se situar na faixa de 6,5 a 7,0.
Sulfato de cálcio e cloreto de sódio devem ser adicionados à água quando não estiverem presentes nas
concentrações desejadas. O cloreto de sódio estimula a ação enzimática e melhora o gosto da cerveja.
Ferro e manganês escurecem as cervejas, tendem a produzir bebidas de gosto amargo e conferem certa
turbidez. Flúor e cloro tendem a matar a levedura. Caso não se consiga adequar às condições da água
para esta indústria é preferível usar água desmineralizada e ajustar as condições ótimas de processo.
Na lavagem das garrafas deve-se usar água de dureza zero para evitar deposições e alterações da
aparência da cerveja.
A composição média de água na cerveja é em torno de 90%.
MALTE
É o material obtido após germinação e secagem do grão amiláceo, sendo o mais tradicional para a
cerveja, o de cevada. O cereal para preparar o malte é escolhido em função do teor enzimático ou
diastásico e pela ordem temos: cevada, centeio, trigo, aveia, milho e arroz. Como o malte tradicional é o
da cevada é importante conhecer um pouco sobre a cevada. É um cereal muito antigo e difundido no
mundo; gramínea do gênero Hordeum, selecionadas devidos a características peculiares e interessantes
para a indústria cervejeira, principalmente aos altos teores de enzimas (alfa e beta amilases). O grão de
cevada é constituído por 3 capas celulósicas. A primeira (palha) é eliminada no beneficiamento, a
segunda e terceira, chamadas de cascas são muito importantes no processo da cerveja, como meio
filtrante. Abaixo das cascas vem a camada de aleurona, responsável pela síntese e liberação das enzimas
alfa e beta amilases e das proteases. O amido encontra-se acumulado no endospesma que contém o
germe.
A composição média do grão de cevada é de 15% de umidade, 10% de proteína, 1,5% de matéria graxa,
66,4% de carboidratos, 4,5% de fibras e 2,6% de cinzas. Além de amido, existem outros carboidratos,
predominando a sacarose. A fração de amido apresenta 24% de amilose e 76% de amilopectina,
podendo chegar-se a 47% de amilose por melhoramento genético. Deve-se escolher cevada com
equilíbrio em proteínas e amido para garantir uma qualidade satisfatória da cerveja produzida.
LÚPULO
É uma árvore trepadeira (Humulus lupulus) que pode atingir 7 m de altura, de natureza dióica (produz
flores femininas e masculinas) em plantas diferentes. As de interesse na indústria cervejeira são as de
FERMENTO
São leveduras responsáveis pela transformação dos açúcares fermentescíveis do mosto em etanol e gás
carbônico, sendo o gênero Sacharomyces o mais usado, especialmente as espécies cerevisiae e uvarum.
Selecionam-se, inicialmente em laboratório, as leveduras que consigam uma melhor adaptação para as
condições de processo. As leveduras devem permanecer em suspensão em fase ativa da fermentação e
então flocular e sedimentar, permitindo sem dificuldade a separação rápida da cerveja clarificada do
sedimento. Quando a levedura flocular, formará agrupamentos que irão ao fundo da dorna dando
origem a fermentações baixas; se não flocular, poderá subir à superfície dando origem a fermentações
altas.
Os fermentos são culturas puras de leveduras que são renovadas após um certo número de
fermentações (de quatro a seis ciclos), entre os quais são lavadas com água acidulada (pH em torno de
2,5) com ácido fosfórico, tartárico ou perssulfato de amônio, para eliminar os contaminantes. Quando as
leveduras mostram sinais de declínio, são descartadas e prepara-se um novo inóculo.
ADITIVOS COMPLEMENTARES
São substâncias intencionalmente adicionadas para produzir cervejas mais leves que as produzidas com malte puro,
melhorar a estabilidade coloidal (turvação e floculação) e diminuir os custos de produção. Os principais aditivos
utilizados na indústria cervejeira são:
Xarope de high maltose – é uma matéria-prima proveniente do milho (xarope de milho), com alto teor de maltose
(entre 45 e 60%), além de outros açúcares em menor quantidade como a glicose (2 a 7%), maltotriose (25 a 30%) e
dextrinas (9 a 23%). Esse xarope tem a função de corrigir a concentração de açúcar no mosto e sua adição é feita no
cozinhador. O uso desse xarope é adequado, pois a maltose é 60 a 70% menor em doçura que a sacarose evitando
um gosto adocicado exagerado na cerveja. A alta maltose está substituindo adjuntos tradicionais como o arroz e
milho por ser mais estável, ter grau de pureza maior, ser mais fácil de processar e armazenamento mais
prolongado, otimizando assim o processo cervejeiro.
Caramelo de milho – é utilizado para ajuste da cor da cerveja, podendo ser incorporado no cozimento, ou antes, da
filtração final da cerveja.
Acidificante do mosto – o mais comumente usado é o ácido lático e não existe limite para sua adição, desde que
torne o pH do mosto ideal para a fermentação (entre 5,1 e 5,3).
Conservante - o mais utilizado é o anidrido sulfuroso por sua facilidade de incorporação e baixo custo. O anidrido
sulfuroso inibe as desidrogenases (que causam oxidações), além de atacar distintos pontos da estrutura enzimática
da célula, que permitirá uma esterilização e maior vida útil da cerveja até o consumo.
Antioxidantes – deve-se obedecer à legislação vigente de cada país, sendo, no Brasil, os mais empregados os
sulfitos e o ácido ascórbico.
Cloreto de cálcio – é adicionado à mosturação como fonte de cálcio e serve para corrigir o pH através de reação de
tamponação com os fosfatos provenientes da água cervejeira, como co-fator enzimático e auxiliar de coagulação
das leveduras no final da fermentação, facilitando sua remoção e reaproveitamento para outro ciclo.
CEVADA
ÁGUA ADJUNTOS
MALTAGEM/
MOAGEM/
CALOR MOSTURAÇÃO
MOSTO ADEQUADO
PREPARAÇÃO
DO LEVEDURAS
FERMENTO FERMENTAÇÃO
INSUMOS
CERVEJA VERDE
INSUMOS
FILTRAÇÃO/
MATURAÇÃO/ RESÍDUOS
POLIMENTO
CERVEJA MADURA
ENVASE/ CALOR
EMBALAGENS PASTEURIZAÇÃO
CERVEJA PASTEURIZADA
ARMAZENAMENTO
CERVEJA COMERCIAL
MALTAGEM
É uma operação opcional da indústria cervejeira. Por questões de custo/benefício é muito mais viável a
compra do malte de maltarias.
A Maltagem ou Malteação consiste na preparação do malte através da umidificação ou maceração do
grão do cereal (normalmente a cevada) com água para favorecer o processo de germinação. Após o
MOAGEM
Consiste no esmagamento do malte em cilindros ou rolos semelhantes aos usados em panificação. A
moagem deve ser controlada para evitar grãos muito finos (dificulta a filtração) ou muito grossos
(dificulta a extração e hidrólise do amido). Pode ser feita a seco (mais eficiente na extração) ou a úmido
(por borrifamento de água fria para evitar moagem drástica, além de tornar a casca mais resistente na
passagem pelos moinhos). A moagem prepara o grão para a mosturação aumentando a superfície de
contato entre a levedura e o mosto através da otimização do tamanho dos grãos adequados para
melhorar a hidrólise do amido. Quando se utilizam complementos de malte estes são moídos e
cozinhados fora para incorporação no mosto.
MOSTURAÇÃO
É a operação de juntar o malte moído com a água cervejeira e complementos para formar o mosto. O
mosto é um líquido constituído de um complexo de substâncias em solução e em suspensão, originadas
das matérias-primas empregadas podendo atingir de 65% de sólidos totais extraídos do malte e 80 a
90% de sólidos totais extraídos dos complementos (arroz ou milho). A mosturação promove a
gomificação e hidrólise do amido, além da degradação de proteínas, através do controle de temperatura
e pH deste mosto. Pode ser feita por dois processos: infusão e decocção.
No método da infusão, mais simples e tradicional, o malte e a água são juntados para formar uma pasta.
Pode ser feito por temperatura ascendente ou descendente. Na temperatura ascendente o malte é
o o
aquecido com água quente (38 a 50 C) e elevado gradualmente até 65-70 C e mantido por 1 hora para
o
promover a sacarificação do amido, sendo aquecido até 75 C para inativar as enzimas. Na temperatura
o
descendente o malte e a água já são misturados e mantidos a 77 C. Com adição de mais malte é
o
resfriado para 70-65 C e mantidos nessa temperatura para sacarificação do amido.
Na decocção, mais utilizado para fermentações profundas ou baixas, o mosto é tratado de forma
o
semelhante ao de infusão de temperatura ascendente. O malte e a água são misturados a cerca de 40 C
e em seguida procede-se a cortes (1/3) do mosto é aquecido externamente e retornado ao original,
o
sucessivas vezes (1 a 3) até que o mosto total atinja a temperatura de 75 C. O aquecimento fora
desativa enzimas, porém sacarifica o amido facilitando a ação das enzimas diastásicas.
o
A temperatura do mosto favorece as transformações: a 50 C ocorre completa proteólise e
o o
peptonização, a 60-65 C ocorre sacarificação pela beta-amilase e a 70-75 C ocorre a dextrinização do
amido pela alfa-amilase e completa extração.
O pH do mosto é controlado entre 5,5 e 5,8 pois as enzimas alfa-amilase (5,6 a 5,8) e a beta-amilase
(5,5) atuam melhor nessa faixa favorecendo a dextrinização e sacarificação à maltose, além de favorecer
o
a proteólise. Elas começam a ser desnaturadas a cerca de 70 C, sendo que a alfa-amilase resiste mais
o
sofrendo desnaturação apenas a 75 C.
FERVURA
o
É um cozimento ou aquecimento do mosto com o lúpulo numa temperatura em torno de 100 C durante
2 a 3 horas. Essa fervura objetiva estabilizar e concentrar o mosto até a concentração de sólidos
desejáveis, promover sua esterilização, destruir as enzimas, coagular certas proteínas que são
precipitadas como flocos (trub), modificar o odor do malte e extrair o tanino das resinas do lúpulo
(reação com proteína) e o odor do lúpulo, ou seja, estabilizar a aromatização. Ocorre caramelização de
açúcares além de diversas reações químicas entre os componentes do mosto. A adição do lúpulo pode
ser feita no meio, final ou parceladamente durante a fervura para evitar a total volatilização dos óleos
essenciais, responsáveis em parte, pelo aroma da cerveja.
CONDICIONAMENTO
O mosto aromatizado proveniente da fervura é resfriado de modo a permitir a absorção de ar suficiente
para facilitar o início da fermentação. Esse resfriamento é feito em trocadores de calor decrescendo de
o
80 para 8 a 10 C. Essa operação promove precipitações de complexos de proteínas com resinas e
o
taninos (reação de cold break), que se inicia a 65 C. Deve-se ter muito cuidado na condução desta etapa
para evitar infecções por bactérias e penetração de leveduras selvagens.
FERMENTAÇÃO
6 8
O mosto resfriado é misturado com o fermento (leveduras de 10 a 10 células/mL) em dornas fechadas
o
ou abertas e mantido a 18 C por 10 a 12 horas. A fermentação mais usada ainda é a tradicional ou
intermitente com dornas fechadas para coletar o gás carbônico produzido nesta etapa. As dornas
fechadas permitem um maior controle de temperatura, formação e manutenção de compostos
responsáveis pelo sabor e aroma da cerveja, além de melhorar sua estabilização. Pode-se realizar esta
operação em dornas abertas (tipo Ale) para melhor limpeza da espuma (krausen). A fermentação
classicamente é a conversão dos açúcares fermentescíveis em álcool etílico e gás carbônico com
desprendimento de calor.
O processo de fermentação pode ser diferenciado em função do tipo da cerveja produzida:
o o
Tipo Ale – A temperatura inicial é de 15 C variando-se até 20 C, mantida por refrigeração, realizada
durante 5 a 7 dias. No primeiro dia as mudanças são mais significativas em temperatura e formação de
espuma abundante constituída de material protéico, resinas e células de leveduras (retirada para
manter qualidade da cerveja) e vão diminuindo nos demais dias. As leveduras são retiradas na fase mais
vigorosa e podem servir de inóculo para outras fermentações.
o o
Tipo Lager – A temperatura inicial é de 4 a 8 C e atingindo, no máximo, 15 C. Pode ocorrer aeração
inicial do mosto para favorecer crescimento das leveduras e evitar infecções. O tempo médio de
fermentação é de 7 a 12 dias. Um diferencial desse processo é que após formação de uma fina camada
de espuma, o mosto é transferido para dornas fechadas para finalizar a fermentação.
As fermentações em temperaturas mais baixas produzem cervejas de melhor qualidade organoléptica e
estabilidade.
Quanto menor o tempo de fermentação, menor o risco de contaminações e quanto ao pH varia de 5,2 a
4,1, podendo chegar, em alguns casos a 3,8 (pH favorável ao crescimento das leveduras).
o o
No final da fermentação a temperatura decresce de 10 a 7 C (tipo Ale) e 6 a 2 C (tipo Lager) e entra na
fase complementar ou de alterações profundas com floculação e decantação de leveduras (quebra) e
formação da “cerveja verde”.
POLIMENTO
Compreendem algumas operações de adequação da cerveja ao gosto do consumidor e incluem etapas
como clarificação, carbonatação e filtração. A maior parte da clarificação é obtida através da filtração,
porém, grande parte dos materiais coloidais são depositados gradativamente durante o tempo de
maturação da cerveja. Após a clarificação a cerveja é carbonatada usando gás carbônico de alta pureza
(mínimo de 99,5%) de forma a permanecer no produto final em torno de 0,45 a 0,52%. O gás absorvido
pela cerveja expulsa o oxigênio, que é o grande responsável por sua desestabilização e reações
secundárias de degradação.
A cerveja carbonatada é clarificada por filtração em filtros de diatomácea, filtros de polivinilpirrolidona
(PVP) ou filtros de celulose, dependendo do tipo e local de fabricação. Após a filtração (ou filtrações),
recomenda-se deixar a cerveja estabilizar por pelo menos 24 horas, para ser embalada devendo-se não
exceder o limite de 10 células residuais de leveduras por 100 mL de cerveja.
EMBALAGEM
É uma etapa diferenciadora do produto comercial. Se envasado em latas ou garrafas ela será
denominada cerveja. Se embalada em barris, será denominado chope.
A preocupação maior com a etapa de embalagem é com a qualidade sanitária de equipamentos,
recipientes de envase e pessoal de operação para evitar contaminações e degradações prejudiciais ao
produto e ao fabricante.
No caso do chope, o recipiente mais adequado é o barril de aço inoxidável, o produto deve ser mantido
sob temperatura baixa e sua vida útil é cerca de 30 dias. A filtração para esse produto deve ser mais
criteriosa, ultrafiltração por membrana retentora de leveduras residuais e bactérias nocivas. Pode-se
utilizar também agentes microbicidas inofensivos para o ser humano, como o benzoato de sódio em
concentrações não superiores a 12 mg/L.
PASTEURIZAÇÃO
É um processo clássico de tratamento de conservação de alimentos ou similares, por uso de calor em
recipientes herméticos. No caso da cerveja, em latas ou garrafas. O processo consiste basicamente em
o
aquecer, em túnel de pasteurização, a cerca de 60 C por um período (em geral associado ao
deslocamento ao longo do comprimento do túnel) necessário para eliminação de microrganismos
patogênicos ou degradadores do produto e enzimas seguido de um posterior resfriamento. A técnica é
RESOLUÇÃO RDC Nº. 65, DE 29 DE NOVEMBRO DE 2011. Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA). Dispõe sobre a aprovação de uso de aditivos alimentares para fabricação de cervejas.
O Decreto 6871/2009 contempla aspectos das cervejas entre os artigos 36 ao 43, conforme transcrição a seguir:
Art. 36. Cerveja é a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte de cevada e
água potável, por ação da levedura, com adição de lúpulo.
o
§ 1 O malte de cevada usado na elaboração de cerveja e o lúpulo poderão ser substituídos por seus respectivos
extratos.
o
§ 2 Malte é o produto obtido pela germinação e secagem da cevada, devendo o malte de outros cereais ter a
designação acrescida do nome do cereal de sua origem.
o
§ 3 Extrato de malte é o resultante da desidratação do mosto de malte até o estado sólido, ou pastoso, devendo,
quando reconstituído, apresentar as propriedades do mosto de malte.
o
§ 4 Parte do malte de cevada poderá ser substituído por adjuntos cervejeiros, cujo emprego não poderá ser
superior a quarenta e cinco por cento em relação ao extrato primitivo.
o
§ 5 Consideram-se adjuntos cervejeiros a cevada cervejeira e os demais cereais aptos para o consumo humano,
malteados ou não-malteados, bem como os amidos e açúcares de origem vegetal.
o
§ 6 Quando se tratarem de açúcares vegetais diferentes dos provenientes de cereais, a quantidade máxima de
açúcar empregada em relação ao seu extrato primitivo será:
I - na cerveja clara, menor ou igual a dez por cento em peso;
II - na cerveja escura, menor ou igual a cinqüenta por cento em peso, podendo conferir ao produto acabado as
características de adoçante; e
III - na cerveja extra, menor ou igual a dez por cento do extrato primitivo.
o
§ 7 Carboidratos transformados são os derivados da parte amilácea dos cereais obtidos por meio de
transformações enzimáticas.
o
§ 8 Mosto cervejeiro é a solução, em água potável, de carboidratos, proteínas, glicídios e sais minerais, resultantes
da degradação enzimática dos componentes da matéria-prima que compõem o mosto.
o
§ 9 Mosto lupulado é o mosto fervido com lúpulo ou seu extrato, e dele apresentando os princípios aromáticos e
amargos, ficando estabelecido que:
I - lúpulo são os cones da inflorescência do Humulus lupulus, em sua forma natural ou industrializada, aptos para o
consumo humano; e
II - extrato de lúpulo é o resultante da extração, por solvente adequado, dos princípios aromáticos ou amargos do
lúpulo, isomerizados ou não, reduzidos ou não, devendo o produto final estar isento de solvente.
§ 10. Extrato primitivo ou original é o extrato do mosto de malte de origem da cerveja.
Art. 37. Das características de identidade da cerveja deverá ser observado o seguinte:
I - a cor da cerveja deverá ser proveniente das substâncias corantes do malte da cevada, sendo que:
a) para corrigir ou intensificar a cor da cerveja, é permitido o uso do corante caramelo, e de corantes naturais
previstos em legislação específica;
b) na cerveja escura será permitido somente o uso de corante caramelo; e
7. REFERÊNCIAS
Santos, M. S. Cervejas e refrigerantes. São Paulo: CETESB, 2005. 58 p. (Série P + L) Disponível em:
<http://www.cetesb.sp.gov.br>.
2. Considere os produtos cervejeiros comerciais: chopes e cervejas. O que existe em comum entre eles
no processamento? E o que os diferenciam? Explique.
3. Indique 5 testes analíticos que um responsável técnico deveria escolher para dar o aval positivo de
um lote de cerveja do tipo Pilsen para o envase e comercialização. Explique a importância de cada teste.
4. A maturação é uma operação essencial para qualificação das cervejas. Liste as principais vantagens,
os requisitos necessários e as dificuldades encontradas nesta operação unitária. Escreva possíveis
equações de reações envolvidas nesta operação explicando suas conseqüências positivas ou negativas.
5. Microrganismos são rotulados cotidianamente como espécies “maléficas” para o ser humano.
Critique ou ratifique esta informação transpondo o seu raciocínio para a tecnologia cervejeira. Explique
e exemplifique.
6. É muito comum com o avanço da tecnologia o uso de matérias-primas alternativas, seja de caráter
permitido ou fraudulento, para baratear e aumentar lucros. Sobre esta citação, construa uma tabela de
forma generalizada, mostrando os principais produtos usados para as duas situações citadas para as
cervejas comerciais.
7. Liste as principais matérias-primas usadas para a produção das cervejas. Comente sobre as
particularidades do seu condicionamento até a condição final de substrato acético.
9. Sobre a fermentação alcoólica cervejeira, responda: (a) Quais os principais microrganismos utilizados
nesta operação, indicando aspectos positivos e negativos. (b) Escreva e explique sobre as principais
reações bioquímicas envolvidas desde uma matéria-prima amilácea.
10. Escreva as estruturas químicas dos principais compostos secundários produzidos durante a
fermentação alcoólica indicando as suas características físico-químicas e consequências positivas ou
negativas das suas presenças na cerveja comercial.
11. Comente sobre os principais requisitos necessários para produção de uma cerveja de qualidade.
12. O fluxograma genérico de produção de cervejas (página 5) mostra as principais operações unitárias
necessárias. Comente sobre cada operação em termos de finalidades e conseqüências em caso de
desvios operacionais.