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VIABILIDADE ECONÔMICA PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA

AGROINDÚSTRIA PRODUTORA DE CACHAÇA ARTESANAL NA CIDADE DE


CATANDUVA-SP

André Frigeri Capone, Faculdade de Tecnologia de Rio Preto,


andrefcapone@gmail.com
Mariângela Cazetta, Faculdade de Tecnologia de Rio Preto,
mariangela@fatecriopreto.edu.br

Área Temática: Economia e Gestão

RESUMO
A cachaça é uma bebida de origem brasileira, fortemente enraizada na cultura e no gosto
popular, apreciada não somente aqui, mas em diversos outros países. Através dos anos a
cachaça tem conquistado uma grande fatia no mercado de bebidas e ganhado notoriedade
entre o público apreciador da boa qualidade, quebrando o paradigma de que é um produto de
segunda linha desprovido de padrões. O objetivo deste trabalho foi a elaboração de um
projeto para montagem de uma agroindústria produtora de cachaça artesanal na cidade de
Catanduva, interior do estado de São Paulo. Para tal foram elaboradas pesquisas voltadas para
os comerciantes varejistas, foi realizado um levantamento bibliográfico e o ultimo passo foi
levantar os investimentos necessários e os custos operacionais. A partir dos estudos de
mercado e da viabilidade econômica, concluiu-se que o projeto para implantação da
agroindústria produtora de cachaça na cidade de Catanduva-SP é viável, comprovado através
dos índices: TIR, VPL e payback.
Palavras-Chave: Cachaça artesanal. Agroindústria. Viabilidade econômica.

ABSTRACT
Cachaça is a brazillian drink largely consumed and very popular in Brazil. Although it’s
brazillian origin, cachaça is known and apreciated in several contries in the world. Over the
years, cachaça has conquered a big marketshare in the beverage business, breaking the
paradigm of been a non fine product. The objective of this work was the refinement to set up a
handmade production of cachaça located in the city of Catanduva in the State of Sao Paulo.
Thereby, was elaborate a survey research for traders, it was done another research with
literature and the studies of cases in order to elaborate standards and methods to be followed
in the production process and was delve how much would be needed to start the production
and the operational costs. With the market research and the economic viability research, this
work concludes that the project is viable, verified throught some indexes : IRR, NPV and
payback.
Key Words: Artisanal cachaça. Agroindustry. Economic viability.

1. INTRODUÇÃO

No atual mundo globalizado em que vivemos ser empreendedor está cada vez mais
difícil, pois a concorrência está muito acirrada. Antes de começar um negócio é preciso

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conhecer o produto que se quer vender, mas só isso é muito pouco, será necessário muito
estudo, pesquisa, análise e planejamento. Para tanto, a elaboração de um Plano de Negócio é
indispensável, assim é possível ter o conhecimento aprofundado do negócio, dos clientes, dos
fornecedores, da concorrência, das tendências sobre o produto no futuro, da situação
financeira e principalmente do caixa. O Plano de Negócio é um documento de planejamento,
que é elaborado conforme a atividade da empresa, mas ele tem que ser flexível podendo ser
mudado a partir do início do funcionamento da empresa de acordo com as necessidades do dia
a dia.
O empreendedor que precisa buscar financiamento em bancos ou até mesmo com
investidores para abrir o seu negócio precisa de um Plano de Negócio bem detalhado, ele vai
ser a porta de entrada para colocar a sua ideia em prática.
A cachaça artesanal é um produto mais apurado por conta de sua destilação do que
comparado ao mesmo obtido de forma industrial, alcançando um ótimo padrão de qualidade,
que lhe abre um imenso mercado de consumidores e apreciadores mais exigentes. Além disso,
a exportação da cachaça ainda é muito pequena. Apenas 1% do que é produzido no país é
exportado, o que abre mais uma possibilidade de mercado.
Comumente chamada de cachaça ou pinga, a bebida é tipicamente brasileira e seu
aparecimento se confunde com o da produção açucareira no início da colonização do país. A
boa cachaça artesanal tem grande procura na zona rural e pela classe de menor poder
aquisitivo.
Entretanto, seu consumo tem se tornado cada vez maior nos centros urbanos e nas
classes mais favorecidas, estimulado pela oferta em crescimento de aguardentes com elevados
padrões de qualidade.
O objetivo do estudo, além de cumprir com a atividade obrigatória de final de curso, foi
de elaborar um Plano de Negócio, que buscou verificar a viabilidade para a instalação de um
alambique de produção de Cachaça Artesanal na cidade de Catanduva, interior de São Paulo,
avaliando os possíveis entraves relacionados à fabricação e comercialização da cachaça
artesanal, verificando aspectos técnicos, estrategistas e financeiros, detalhando através deste
plano de negócio quais os melhores métodos a serem seguidos para estar adequando o projeto
ao cenário mercadológico atual, e atuando em conformidade com as normas e leis vigentes.

2. METODOLOGIA

O trabalho foi realizado por meio do desenvolvimento de um plano de negócios para


uma cachaçaria artesanal, fazendo-se uso da pesquisa bibliográfica, da pesquisa de mercado e
do estudo da viabilidade econômica do mesmo. Os procedimentos adotados para o
desenvolvimento deste projeto foram: leitura de capítulos de livros, elaboração e aplicação de
questionário para os comerciantes da área. elaboração de um plano de negócios e a análise da
viabilidade econômica.
Os dados foram coletados de fontes primárias, utilizando a análise estatística dos
resultados obtidos. O plano de negócios foi elaborado e analisado economicamente.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 PLANO DE NEGÓCIOS

O plano de negócios tem utilidade em diversas situações, sejam elas para ampliar uma
linha de montagem, verificar a viabilidade de se atender a um novo nicho de mercado,
verificar a viabilidade de um novo negócio entre outras tantas que o ambiente corporativo
inicial ou em funcionamento necessite para se desenvolver. Mas porque fazer um plano de
negócio?
Cecconello (2008) alerta que “[...] ter uma ideia não é garantia de sucesso”. Segundo o
autor, deixar de fazer um plano de negócios corrobora para o crescimento das estatísticas de
fracassos das empresas, ou seja, das novas empresas que iniciam suas atividades cerca de 53%
não chegam ao terceiro ano de existência conforme o estudo realizado pelo Sebrae/ SP no
período de 1998 a 2004.
Bernardi (2010) destaca a importância de se desenvolver um bom plano de negócio,
para ele um bom projeto deve responder e abranger basicamente seis requisitos: Sobre a
empresa: quem somos o que vamos vender e a quem?; Sobre o mercado: Quem são os
concorrentes e qual será o diferencial da empresa?; Sobre a estratégia: para onde vai a
empresa e como fazer para atingir?; Sobre as finanças: Quanto será necessário? Como
financiar? Que resultados se esperam?; Sobre as pessoas: Qual a capacidade de gestão e
conhecimento? e, finalmente, Sobre os riscos: Quais são eles?
Ainda segundo Bernardi, (2010), ao decidir-se por qualquer empreendimento, nove
passos compreendem a preparação do planejamento: Análise do perfil do empreendedor;
origens, motivação; custos e benefícios; Tipo de negócio; Modelo do sistema; Estratégia;
Modelo de empresa; Avaliação de equilíbrio; Viabilidade econômica e fluxo de caixa;
Financiamentos e recursos; Contingências e hipóteses alternativas.
Um plano de negócio é um documento que descreve por escrito os objetivos de um
negócio e quais passos devem ser dados para que esses objetivos sejam alcançados,
diminuindo os riscos e as incertezas. Um plano de negócio permite identificar e restringir seus
erros no papel, ao invés de cometê-los no mercado (ROSA, 2007).

3.2 CACHAÇA ARTESANAL

As cachaças industriais são controladas por empresas e a cana-de-açúcar é cultivada em


grandes áreas, enquanto a cachaça artesanal é fabricada em um pequeno alambique familiar,
denominado engenho, onde é produzida com matéria prima oriunda de plantações próprias,
onde normalmente não se utilizam agrotóxicos, a colheita é manual e sem queima da cana
(GABRIEL, 2010).
Geralmente esses produtores são representados por empresas familiares que muitas
vezes tem na produção da cachaça uma complementação de renda, onde se associa com outras
atividades agrícolas, como milho, feijão, café, leite (SEBRAE, 2008).
Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE, 2010), os produtores denominados “artesanais” são pequenos produtores que
destilam a cachaça em alambiques, com uma produção anual de até 20.000 litros. Ainda
segundo dados do SEBRAE-SP, no ano de 2010 a produção anual estimada dos pequenos
produtores foi de 300 milhões de litros.

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O agronegócio da cachaça “artesanal” é composto por produtores distribuídos em dois
grupos: o das empresas regularizadas e o das informais. Estas últimas caracterizam-se por
serem desarticuladas e sem regras de convivência com a concorrência. Sendo assim, partem
para a competição predatória, não se preocupando com a qualidade do produto produzido e
vendendo muitas vezes até por preços abaixo do custo de produção (SEBRAE, 2010).
Do ponto de vista biológico, o processo para fabricação de cachaça artesanal constitui-
se de duas etapas principais: na primeira é preparado o inoculo, chamado também de “pé-de-
cuba” onde micro-organismos são multiplicados em condições apropriadas, para garantir o
desenvolvimento adequado da segunda etapa, que corresponde à conversão de açúcares em
álcool e gás carbônico, fase que é chamada de fermentação (MALTA, 2006).
A fermentação é natural ou espontânea, sem adição de aditivos químicos com o uso do
chamado fermento caipira que é responsável por um produto com qualidade sensorial própria,
fator este que requer técnicas adequadas e assepsia por parte do produtor (GABRIEL, 2010).
O fermento selecionado que é constituído de leveduras isoladas das dornas de
fermentação promove resultados melhores, mas exige técnicas apropriadas para sua
multiplicação, instalação adequada e assepsia, o que requer maior investimento e técnica do
produtor (GABRIEL, 2010).

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 ESTUDO DE MERCADO

Dentre os estabelecimentos visitados para realização da pesquisa, 100% disseram


comercializar algum tipo de aguardente. A proporcionalidade encontrada para os diferentes
estabelecimentos dentro da zona de pesquisa foi de 37% bares; 40% mercearias; 3%
supermercados; 3% restaurantes e 17% lojas especializadas. A distribuição dos
estabelecimentos visitados por região foi a seguinte. Zona norte: bares (10%); mercearias
(7%); restaurantes (3%). Zona sul: mercearias (13%); bares (7%). Zona leste: bares (10%);
mercearia (7%); supermercado (3%). Zona oeste: bares e mercearias (10%). Centro: lojas
especializadas (17%); mercearias (3%).
Ao serem questionados sobre o que se tornava muito importante na hora da compra da
aguardente junto ao fornecedor, todos afirmaram que o preço é seguramente, o quesito mais
importante na hora da compra. A seguir, os gestores dos estabelecimentos visitados
estabeleceram que a ordem para os quesitos mais importantes é esta: industrial (60%); marca
(47%); origem (33%); artesanal (27%); embalagem (20%); envelhecida (17%); branca (7%).
Ao serem questionados sobre quais itens seriam menos importante na hora da compra às
respostas foram: 30% para cachaça artesanal, 17% para envelhecida, 13% para embalagem,
7% para origem, 7% para industrial, 3% para branca e 3% para marca.
Em seguida, foi apresentada uma lista das marcas comercializadas, que se dividem entre
cachaças industriais e artesanais. Os entrevistados apresentaram os seguintes dados: 97% dos
estabelecimentos afirmaram comercializar outras marcas além das citadas abaixo, 87%
afirmaram comercializar a cachaça Velho Barreiro, seguido por 83% para Ypióca e
Pirassununga 51, 70% para Seleta, 53% para Canarinha, 47% para Salinas e 37% das
afirmações para Sagatiba. Todos os estabelecimentos afirmaram comprar suas bebidas à
vista.

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Sobre a quantidade em litros consumida em seus estabelecimentos, 73% afirmaram
consumir mais de 25 litros de cachaça mensalmente, 20% afirmam consumir entre 20 e 25
litros, 3% entre 10 e 15 litros, e 3% afirma consumir menos de 10 litros mensais.

4.2 LOCALIZAÇÃO E TAMANHO

A localização proposta para a agroindústria será na propriedade Olhos d’água localizada


na área rural do município de Catanduva – SP. A escolha da propriedade foi em função da
mesma já trabalhar no cultivo da cana de açúcar há vários anos e ter todos os equipamentos
necessários para o plantio e colheita. A propriedade conta também com um barracão de
180m² que passará por uma adequação para instalação do alambique. Na figura 1, é possível
visualizar a localização da agroindústria que tem como ponto de acesso a Rod. Comendador
Pedro Monteleone, seguindo por 6,2 km na Est. Municipal de Catanduva.

Figura 1: Localização da Agroindústria. Fonte: Google Maps, 2016

4.3 MATERIAIS DIRETOS

A cana de açúcar usada no processo de fabricação da cachaça será produzida na própria


propriedade, juntamente com o milho utilizado na fermentação. Na Tabela 1, observa-se o
valor aproximado de materiais diretos e sua quantidade necessária mensalmente para
produção.

Tabela 1: Materiais diretos referentes à produção de um mês.


Materiais diretos mensais (R$)
Quant. Especificação Valor unitário Total
36 Cana de açúcar em toneladas 35,78 1.288,08
1 Milho em sacas de 50 kg 35,00 35,00
1 Fermento prensado embalagem de 1 kg 11,10 11,10
3.600 Garrafa de vidro incolor 1000 ml 0,99 3.564,00
3.600 Tampa de rosca 0,19 684,00
3.600 Rótulo 0,10 360,00
Total 5.942,18
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

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O período de produção será aproximadamente de 180 dias, com uma jornada de
trabalho de 8 horas diárias, operando de segunda-feira a sábado. A tabela 2 descreve a rotina
produtiva na agroindústria.

Tabela 2: Produtos e subprodutos obtidos diariamente na agroindústria.


Produtos e subprodutos obtidos
Cana em toneladas Mosto em litros Bagaço em kg Cachaça em litros Vinhaça em litros
1,5 900 375 150 720
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

4.4 VIABILIDADE ECONÔMICA


a) Investimento

A tabela 3 descreve as necessidades de investimento e seus respectivos valores, que


foram divididos em despesas pré-operacionais para elaboração do projeto, investimentos
fixos, que leva em consideração investimentos já existente e investimentos a serem realizados,
e o capital de giro para três meses de operação. O investimento total calculado para
realização do projeto é de R$177.856,77.

Tabela 3: Investimentos necessários.


Necessidade de Investimento (R$)
Descrição Total
1. Despesas pré-operacionais
Honorários de engenheiro para elaboração de projetos técnicos 300,00
Honorários de consultor para elaboração do Plano de Negócio 100,00
Registro, alvarás, licenças 1.000,00
2. Investimentos fixos
Investimento já existente 23.400,00
Instalações (construção/reforma) 51.217,38
Máquinas e equipamentos 65.325,40
Móveis e utensílios 2.091,00
Serviços - Instalação Máquinas 800,00
Veículos 22.825,00
3. Capital de giro (3 meses)
Estoque de materiais diretos (matéria prima) 4.002,54
Custo fixo inicial
Água, luz e telefone 450,00
Material de limpeza 800,00
Manutenção & conservação 800,00
Seguros 150,00
Mão de obra indireta c/encargos 4.281,44
Outros (% sobre subtotal) 3% 314,50
Total (1+2+3) 177.856,77
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

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b) Depreciação

Na tabela 4 é estimado o valor da depreciação anual das maquinas, equipamentos,


instalações e outros investimentos aplicados na agroindústria. O cálculo estimou uma
depreciação anual para os itens citados na tabela abaixo de R$20.450,79.

Tabela 4: Depreciação anual dos investimentos


Depreciação Anual (R$)
Recurso Valor Vida útil Taxa anual - % Depreciação anual
Obras civis 74.617,38 25 a 30 anos 3,5 2.611,61
Máquinas & equipamentos 65.325,40 5 anos 20 13.065,08
Móveis & utensílios 2.091,00 10 anos 10 209,10
Veículos 22.825,00 5 anos 20 4.565,00
Total da depreciação anual 20.450,79
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

c) Mão de Obra Processo Produtivo

Fica definido através da tabela 5 o número de funcionários necessários para o processo


de produção, respeitando as dimensões da agroindústria. O alambique contará com dois
auxiliares de produção para realizar as tarefas produtivas. O custo com a mão de obra
produtiva para o período de um ano ficará entorno de R$58.672,80.

Tabela 5: Mão de obra necessária para produção.


Mão de obra processo produtivo (R$)
Função Valor unitário Quantidade Valor total mensal
Auxiliar de produção 1.124,00 2 2.248,00
Motorista entregador 1.124,00 1 1.124,00
Subtotal 3.372,00
Encargos Sociais – 45% 1.517,40
Valor total da mão de obra de produção direta anual 58.672,80
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

d) Mão de Obra Administrativa

A mão de obra administrativa contará com um auxiliar administrativo para cuidar das
referidas questões ligadas ao auxílio da gestão do negócio. Os gastos com mão de obra
administrativa ficará em torno de R$17.125,78 conforme apresentado na tabela 6.

Tabela 6: Mão de obra administrativa.


Mão de obra administrativa (R$)
Função Quantidade Valor total mensal
Auxiliar administrativo 1 984,24
Encargos sociais – 45% 442,91
Valor total da mão de obra administrativa anual 17.125,78
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

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e) Custo Fixo

Na tabela 7 é possível observar os itens que compõem o custo fixo de operação da


agroindústria no período de um ano. O custo fixo anual foi estimado em R$ 44.176,56.

Tabela 7: Custo fixo anual na agroindústria.


Custo Fixo (R$)
Descrição Custo anual
Despesas administrativas 17.125,78
Manutenção e conservação 500,00
Seguro + IPA veículo 2.800,00
Energia elétrica 480,00
Telefone 360,00
Material de limpeza 1.560,00
Material de escritório 600,00
Taxa de licença 300,00
Depreciação 20.450,79
Total dos custos fixos anuais 44.176,56
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

f) Custos Variáveis

O custo variável é formado através da soma do custo da matéria prima necessária,


materiais diretos, transporte e mão de obra direta. Na tabela 8 nota-se que o custo variável
unitário para o primeiro ano ficou entorno de R$5,28 / litro, diferente dos demais períodos por
não haver despesas com transporte e vendas no primeiro ano. Para os demais anos o custo
unitário calculado foi de aproximadamente R$5,85 / litro.

Tabela 8: Custo variável de produção.


Custos variáveis
Descrição 1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano 5º Ano
Matéria prima 8.000,00 8.000,00 8.000,00 8.000,00 8.000,00
Mão de obra direta 58.672,80 58.672,80 58.672,80 58.672,80 58.672,80
Frete próprio 11.375,00 22.750,00 22.750,00 22.750,00 22.750,00
Embalagens 27.648,00 27.648,00 27.648,00 27.648,00 27.648,00
TOTAL 105.695,80 117.070,80 117.070,80 117.070,80 117.070,80
Custo variável unitário 5,28 5,85 5,85 5,85 5,85
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

g) Receitas

As receitas da agroindústria serão obtidas através da comercialização de dois produtos,


a cachaça branca e a cachaça envelhecida. O primeiro ano será dedicado à produção da
cachaça, não havendo receita neste período por conta da maturação, ou envelhecimento do

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produto. Para os demais anos é esperada uma receita líquida aproximada de R$241.305,60
conforme apresentado na tabela 9.

Tabela 9: Receita anual com vendas.


Receitas anuais (R$)
Produto Quantidade em litros Preço unitário Receita total
Cachaça Branca 16.000 12,00 192.000,00
Cachaça Envelhecida 4.000 16,00 64.000,00
Receita Bruta (1) 256.000,00
Deduções (2) 14.694,40
Receita líquida de vendas (1 – 2) 241.305,60
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

h) Fluxo de Caixa

A tabela 10 apresenta o fluxo de caixa com plano de negocio para os cinco primeiros
anos de operação da agroindústria.

Tabela 10: Fluxo de caixa sem valor residual.


Fluxo de caixa (R$)
Despesas
Ano Receitas Depreciação LAIR Fluxo de Caixa Líquido
Custo Fixo Custo Variável
1 - 44.176,56 105.695,80 20.450,79 -170.323,15 -149.872,36
2 241.305,60 44.176,56 117.070,80 20.450,79 59.607,45 80.058,24
3 241.305,60 44.176,56 117.070,80 20.450,79 59.607,45 80.058,24
4 241.305,60 44.176,56 117.070,80 20.450,79 59.607,45 80.058,24
5 241.305,60 44.176,56 117.070,80 20.450,79 59.607,45 80.058,24
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

i) Taxa Interna de Retorno

A Taxa Interna de Retorno (TIR) foi de 6,6% (Tabela 11), resultando em um Valor
Presente Líquido foi de R$4.870,97 no quinto ano (Tabela 11) conforme apresentado a seguir:
Tabela 11: Taxa interna de retorno de capital.
Ano Fluxo de caixa líquido (R$)
Inicial -154.456,77
1 -149.872,36
2 80.058,24
3 80.058,24
4 80.058,24
5 132.261,06
TIR = 6,6%
VPL = 4.870,97
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

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j) Payback

O payback encontrado foi de 4,95 (Tabela 12) à uma taxa de desconto de 6% ao ano, o
que significa um retorno do investimento em menos de cinco anos.

Tabela 12: Payback de pagamento dos investimentos.


Taxa de juros à 6%
Ano 0 1 2 3 4 5
Fluxo de Caixa -154.456,77 -149.872,36 80.058,24 80.058,24 80.058,24 132.261,06
Fluxo de Caixa
-154.456,77 -141.389,02 71.251,54 67.218,44 63.413,62 98.833,16
Descontado
Fluxo de Caixa
-154.456,77 -295.845,79 - 224.594,25 -157.375,81 -93.962,19 4.870,97
Acumulado
Mudança de sinal 0 0 0 0 0 1
Payback Descontado - - - - 4,95
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

k) Ponto de Equilíbrio

A tabela 13 apresenta o ponto de equilíbrio, que vem a ser o valor necessário para cobrir
minimamente os custos fixos anuais da agroindústria. A empresa deve obter um caixa
mínimo de R$36.299,31 para honrar seus compromissos fixos de operação. Sendo então
necessária a venda anual mínima de 454 litros de cachaça envelhecida e 2.420 litros de
cachaça branca.

Tabela 13: Ponto de equilíbrio em reais.


Produção Cachaça Envelhecida Cachaça Branca Soma
Ano 1, 2, 3, 4, 5 4.000 16.000 20.000
Preço unitário de venda - R$ 16,00 12,00 -
Custo Variável unitário - R$ 5,28 5,28 5,28
% DE VENDAS - R$ 99,00% 99,00% -
RECEITA TOTAL - R$ 64.000,00 192.000,00 256.000,00
Margem de Contribuição - R$ 42.860,84 107.443,36 150.304,20
Margem Contribuição - % 66,97% 55,96% -
MC PONDERADA - % 66,30% 55,40% 121,7%
PE financeiro com plano = CF / MC% 36.299, 31
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

l) Cronograma de vendas

A capacidade produtiva anual será de 20000 litros, em um cenário ideal a estimativa de


vendas diária para cachaça branca é de 67 unidades de 1000 ml. Já para a envelhecida a
estimativa é de 17 unidades de 1000 ml. A estimativa de vendas é baseada em uma jornada
de trabalho dentro do horário comercial (7h30 as 18h), operando de segunda à sexta-feira (20
dias mensais).

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Tabela 14: Cronograma da venda da cachaça e lucro obtido por período.
Produto 1000 ml (R$) unitário (R$) diário (R$) semanal (R$) mensal
Cachaça Branca 66 12 792 3.960 15.840
Cachaça Envelhecida 17 16 272 1.360 5.440
Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base no material pesquisado e com a elaboração deste plano de negócio foi
possível identificar uma perspectiva de mercado extremamente favorável para a produção de
cachaça no Brasil, uma vez que a bebida é patrimônio cultural do país, sendo apreciada
também no estrangeiro, com uma crescente demanda ano após ano. No estado de São Paulo
apesar de atualmente ainda ser baixa a diferenciação e valorização por conta dos comerciantes
entre cachaça artesanal e a industrial, é uma realidade que tem mudado bruscamente, uma vez
que o público apreciador da bebida vem mudando, exigindo e dando preferência para um
produto de boa qualidade e valor agregado, forçando assim o mercado a mudar seus conceitos
sobre a cachaça.
Através do material estudado identificou-se que existem diferenças significativas entre
cachaça industrial e artesanal, onde a primeira existe como um modelo empresarial voltado
para produção em grande escala e sem valor agregado. Já a cachaça artesanal é voltada como
uma segunda fonte de renda familiar para os produtores, como no caso do engenho Olhos
D’água, mas como constatado através deste plano de negócio, pode ser transformado em um
negócio altamente lucrativo sem haver a perda das características ditas artesanais de produção
e qualidade.
Foi possível também identificar uma tendência de “downsize” do setor, onde o foco
passa a ser na produção em menor escala, mas com qualidade e controle de processos. O que
cria uma vantagem competitiva para este projeto, uma vez que a agroindústria foi projetada
para operar dentro das normas e procedimentos de qualidade. Outra vantagem competitiva
neste projeto é de que o layout e o maquinário foram dimensionados em 25% para além da
capacidade produtiva estimada, estando disponível quando a empresa já estiver se
estabelecido no mercado, uma possível expansão na produção sem requerer muitas mudanças.
A partir do estudo de mercado e da viabilidade econômica, concluiu-se que o projeto de
implantação da agroindústria produtora de cachaça na cidade de Catanduva-SP é viável, com
TIR de 6,6%, VPL de R$4.870,97 e Payback de 4,95.

REFERÊNCIAS

BERNARDI, L., A. Manual de empreendedorismo e gestão: fundamentos estratégias e


dinâmicas. São Paulo: Atlas, 2010.
CECCONELLO, A., R. A construção do plano de negócios: percurso metodológico para:
concretização da oportunidade, estruturação do projeto conceptual, compreensão do contexto,
definição do negócio, desenvolvimento da estratégia, dimensionamento das operações,
projeção de resultados, análise de viabilidade. São Paulo: Saraiva, 2008.

Jales - SP, 06 a 08 de outubro de 2016


VIII Sintagro – Simpósio Nacional de Tecnologia em Agronegócio
GABRIEL, A. V. M. D. Influência do tipo de fermento e do envelhecimento sobre a
qualidade da cachaça artesanal orgânica. Tese de Mestrado. Universidade Federal de São
Carlos, Centro de Ciências Agrárias, Araras, SP, Brasil, 2010.
MALTA, H. L. Estudos de parâmetros de propagação de fermento (Saccharomyces
cerevisiae) para produção de cachaça de alambique. Tese de Mestrado. Faculdade de
Farmácia da UFMG. Belo Horizonte, MG, 2006.
ROSA, C. A. Como elaborar um plano de negócio. Brasília: Sebrae, 2007. Disponível em
<http://www.sebrae.com.br/momento/quero-abrir-umnegocio/vou-abrir/consulte-a-
viabilidade/plano-denegocio/integra_bia/ident_unico/1440>. Acesso em: 07 Mar., 2016.
SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Cachaça artesanal,
estudos de mercado Sebrae/ESPM, 2008.
______. Cachaça: um negócio brasileiro. 2.ed. São Paulo: Ramos, 2010.

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VIII Sintagro – Simpósio Nacional de Tecnologia em Agronegócio

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