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REVISTA MILITAR DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Vol. XXVI – 2º Quadrimestre de 2009

LANÇADOR
DE GRANADAS
C
Criada pela Portaria Ministerial no 239 de 10 de março de 1982, a Re-
vista Militar de Ciência e Tecnologia é uma revista periódica des-
tinada à “publicação de artigos, teses e noticiário, relacionados com a
pesquisa e o desenvolvimento científico do Exército e da Segurança
Nacional” (sic).

Uma leitura apressada do trecho em itálico poderia induzir


um leitor desavisado à idéia equivocada de que a RMCT destina-se à
leitura exclusiva do pessoal, militar ou civil, pertencente aos qua-
dros da Força Terrestre. Ora, tal equívoco pode ser facilmente detec-
tado se nos lembrarmos de que Segurança Nacional é um tema que
deve interessar a qualquer brasileiro que ame sua Pátria.

Um excelente exemplo da veracidade da afirmativa feita no


final do parágrafo anterior é o fato de termos recebido, inúmeras
vezes, colaboração na forma de ótimos artigos produzidos por auto-
res vinculados a empresas não estatais e instituições de ensino não
Editorial

militares. A propósito, podemos de imediato citar o caso recente


do primeiro e do segundo quadrimestres deste ano. Neles estão
presentes artigos cujo tema é justamente o projeto de uma arma, o
lançador de granadas, artigos esses redigidos por uma equipe de
professores civis a serviço da pesquisa na Universidade Federal de
Campina Grande, no nordestino Estado da Paraíba.

Obviamente, podemos admitir que, com mais forte razão,


estamos sempre aqui, na coordenação da Revista Militar de Ciência e
Tecnologia, na expectativa da chegada de artigos cuja autoria seja
de militares e civis que prestam relevantes serviços nas Organiza-
ções Militares essencialmente ligadas à área científico-tecnológica.

Oxalá, o parágrafo anterior seja compreendido como um nosso


cordial apelo aos citados colegas – colegas, sim, porquanto o redator
deste editorial está vinculado a uma OM científico-tecnoló-
gica do Exército Brasileiro – no sentido de manterem o fluxo
de generosas colaborações com a RMCT.

Por último, apresentamos especial agradecimento aos


professores Wanderley Ferreira de Amorim Júnior, Leônidas de
Andrade Oliveira e Juscelino de Farias Maribondo pelo pres-
timoso apoio à edição do presente número da nossa Revista.
Publicação de Pesquisa e
Desenvolvimento Científico-Tecnológico
do Exército Brasileiro SUMÁRIO
Revista Militar
de Ciência e Tecnologia
PESQUISA
Comandante do Exército
General de Exército Enzo Martins Peri
4 Determinação qualitativa de fenóis obtidos
Departamento de Ciência e Tecnologia da lavagem de produtos de
General de Exército Augusto Heleno Ribeiro Pereira petróleo por HPLC
Departamanto de Educação e Cultura do Exército Geraldo Beyer Machado e Whei Oh Lin
General de Exército Rui Monarca da Silveira
Editor
Coronel de Artilharia Josevaldo Souza Oliveira 12 Novas formas de ataques de distinção a cifradores:
Conselho Editorial caminhos para o futuro
Prof. Fernando Luís Cumplido Mac-Dowell da Costa, Dr. Almir Paz de Lima, José Antônio Moreira Xexéo
Prof. José Carlos Araújo dos Santos, Dr.
Prof. Gary Santos Varandas, MC e Paulo Roberto Gomes
Prof. Sérgio de Oliveira Vellozo, MC
Profa Maria Cristina Fogliatti de Sinay, Dra
Profa Maria Thereza Miranda Rocco Giraldi, Dra RESUMOS DE TESES E DISSERTAÇÕES
Prof. Ronaldo Sérgio de Biasi, Dr.
18 Doutorado
Redator
Cel QEM Roberto Miscow Filho, MC 19 Mestrado
Corpo Redatorial
Cel QEM Geraldo Magela Pinheiro Gomes, Dr. TECNOLOGIA
Cel José Paulo do Prado Dieguez, MC
Cel QEM Paulo Jorge Brandão Pereira, MC, IME 31 Concepção do sistema de alimentação de um
Redação lançador de granadas de 40mm
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Praça General Tibúrcio, 80 Leônidas de Andrade Oliveira, Wanderley Ferreira de
Praia Vermelha – Rio de Janeiro, RJ – CEP 22290-270 Amorim Júnior e Juscelino de Farias Maribondo
Tels.: (21) 2543-1215 e 2546-7080
Revisão
Ellis Pinheiro, Fabiane Monteiro, 45 Aplicações de materiais compósitos de resina
Marcio Costa e Suzana de França e fibras na engenharia de construção
Administração e Distribuição
Palácio Duque de Caxias
Luiz Antonio Vieira Carneiro
Praça Duque de Caxias, 25 – 3o andar – Ala Marcílio Dias e Ana Maria Abreu Jorge Teixeira
Rio de Janeiro, RJ – Brasil – CEP 20221-260
Tels.: (21) 2519-5707 e 2519-5715 – Fax: (21) 2519-5569
Ligação gratuita: 0800-238365
E-mail: bibliex@bibliex.com.br ou bibliex@bibliex.ensino.eb.br
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NOSSA CAPA Lançadores de granadas

Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica Entre os recursos de que


MURO Produções Gráficas dispõe o combatente nos campos
Telefax: (21) 2275-6286 de batalha atuais, tornando-o
Impressão e Acabamento mais eficiente, destaca-se
Flama Ramos Acabamento e Manuseio Gráfico Ltda-EPP o lançador de granadas portátil.
Os conceitos técnico-profissionais emitidos nas matérias assinadas são de ex- No presente número da RMCT
clusiva responsabilidade dos autores, não refletindo necessariamente a opinião da está inserido um artigo que aborda
Revista e do Exército Brasileiro.
justamente técnicas do projeto
A Revista não se responsabiliza pelos dados cujas fontes estejam devidamente
citadas. Salvo expressa disposição em contrário, é pemitida a reprodução total ou industrial da referida arma, fotos
parcial das matérias publicadas, desde que mencionados o autor e a fonte. da qual servem como ilustração
Aceita-se intercâmbio com publicações nacionais ou estrangeiras. de Nossa Capa. Agradecemos ao
Os originais deverão ser produzidos em programa Microsoft Word. As figuras
deverão ser fornecidas em separado com resolução mínima de 300dpi. Textos e ima- Professor Wanderley Ferreira
gens deverão ser entregues impressos e em disquetes e acompanhados de um de Amorim Júnior, pesquisador da
resumo e de palavras-chave. Anexar uma síntese do currículo. Universidade Federal de Campina
As referências bibliográficas devem ser feitas de acordo com as prescrições da
Grande, Paraíba, um dos
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
autores do artigo acima citado,
Assinaturas e vendas de números avulsos pela sua valiosa colaboração ao
A assinatura anual e venda de números avulsos são feitas na administração.
ceder-nos aquelas fotos.
Assinatura Anual – Brasil – R$ 40,00
PESQUISA

Determinação qualitativa de fenóis


obtidos da lavagem de
produtos de petróleo por HPLC
Geraldo Beyer Machado*
e Whei Oh Lin**

RESUMO
Desenvolvimento de método analítico por HPLC que reuniu parâmetros cromatográficos neces-
sários e suficientes para a caracterização das classes de fenóis extraídos das amostras obtidas
durante o processamento de petróleo.

PALAVRAS-CHAVE
Analise de soda gasta, fenóis, petróleo, HPLC.

Introdução des quantidades de compostos que, em virtude da


intensa radiação solar (5% de UV-B, 280-315 nm
Produtos do petróleo possuem fenóis, for- e 95% de UV-A, 315-400nm), promovem a foto-oxi-
mados durante o processo de refino do petró- dação produzindo compostos aromáticos oxi-
leo, pela oxidação hidrocarboneto, a sua con- genados, como cetonas, fenóis, aldeídos, ácidos
densação e transformação de derivados de fenol carboxílicos, sulfóxidos entre outros (LEE, 2003;
e impurezas oxigenadas. McCOLLOM, 2001).
Segundo Bennett (1996,1997), o petróleo do A presença de fenóis na água do mar é um
mar do norte é rico em fenol, cresóis e xilenóis. fator preocupante. Especial atenção tem sido
Galceran (1995) afirma que compostos fenólicos dada às atividades de produção de petróleo em
contaminam o meio ambiente por causa das apli- áreas offshore (costeiras) onde os processos de
cações industriais, empregados na produção de recuperação necessitam de grandes volumes de
matérias-primas, como plásticos, corantes, drogas, água para a manutenção da pressão do reser-
pesticidas, antioxidantes, papel e petroquímicos. vatório produtor. A consequência desse fato é a
Condições adversas como manchas de pe- contaminação por compostos fenólicos. Portan-
tróleo em águas da costa marítima contêm gran- to, o controle destas emissões no meio ambien-

* Departamento de Engenharia Química, Instituto Militar de Engenharia (IME).


* * Departamento de Engenharia Química, Instituto Militar de Engenharia (IME).

4 2o QUADRIMESTRE DE 2009
te marinho se faz necessário (OLIVEIRA, 2000). sença de derivados de fenóis impede a ação de
Apesar da sua grande importância como maté- inibidores de goma, prejudica o processo de re-
ria-prima para o conforto da vida prática, o ex- cuperação de sulfurado. A sua remoção fornece
cesso de fenóis no meio ambiente traz muitos um produto final menos prejudicial e traz mais
perigos à saúde. De acordo com a Agência de benefício ao meio ambiente.
Proteção Ambiental americana (EPA) e com a le- A “soda gasta” é uma solução resultante do
gislação da União Européia (EU), são considera- processo de tratamento de petróleo e seu pro-
dos perigosos os cresóis, nitrofenóis, clorofenóis duto por extração básica, é composta principal-
e outros fenóis complexos. mente por sais de sulfetos, mercaptanos e deri-
A EPA define que o limite máximo de fenóis vados fenólicos (Fig. 1).
na água potável é de 1 a 10 μg/l. A União Européia O objetivo deste trabalho foi desenvolver
estabelece que o limite máximo de fenóis na água método analítico por Cromatografia Líquida de
potável é de 0,1 a 0,5 μg/L. A Or-
ganização Mundial da Saúde fixou
Petróleo e produto de petróleo leve
Petróleo e produto de petróleo + H2S
um limite máximo para cada fenol. (residual) + RSH + R-C8H5OH
Tratamento com DEA
Como exemplo, o 2,4,6-triclo-
Pré-lavagem cáustica NaOH 6,8% Na2S
rofenol, 200 μg/L e o pentacloro- Unidade conversora

fenol, 9 μg/L. Para a Agência Nacio- S


Catalisador
Merox
H2S<25 ppm
Ar
nal de Vigilância Sanitária (Anvisa), Produto de
Extração com NaOH 14,8% petróleo limpo
na legislação brasileira, estabele-
Unidade de regeneração de soda
ce que o limite máximo de fenóis RSSR
na água potável é de 0,001 mg/l RC8H5OH
Soda recuperada
a 0,3 mg/L de acordo com a reso-
lução RDC 213 de 30/07/2002. O
Figura 1 – Tratamento de produtos de petróleo
Ministério da Saúde, por intermé-
dio da portaria 36 de 19/01/1990, estabelece um Alta Eficiência (HPLC) para a determinação de teor
limite na água potável de até 10 μg/L para os com- de fenóis, seus derivados e aromáticos polares,
postos fenólicos, em particular 2,4,6-triclorofenol e a classificação destes aromáticos. Os aromáticos
e clorofenóis. são isolados da soda gasta resultante do tratamen-
O petróleo cru e seus produtos de processa- to de produtos de petróleo oriunda da REPLAN
mento, nafta, gasolina, gás liquefeito, querose- (Refinaria de Paulínia, Petrobras, SP).
ne, naftas pesadas, ... etc., geralmente contêm
compostos indesejados, tais como sulfurados Experimental
leves (H2S), dióxido de carbono, mercaptanos,
fenóis, tiofenóis e olefinas. Na presença de ole- O sistema de HPLC consiste de uma bom-
finas, fenóis e oxigênio, os mercaptanos formam ba ternária Varian 9012 ternary com sistema de
gomas, que catalisam a formação de mais goma, distribuição de solventes, um injetor manual
desenvolvendo uma reação em cadeia, prejudi- Rheodyne 7125, equipado com loop para amos-
cial à qualidade de produtos de petróleo. A pre- tra de 50 ml loop, um detector Varian 9050 UV-VIS

2o QUADRIMESTRE DE 2009 5
e uma estação de computação Varian star chro- crico. As soluções padrões são sempre estoca-
matography workstation software 4.51. As analise das a 4oC. Essas soluções padrão servem para
por HPLC sempre é realizada à temperatura am- preparar misturas padrão de 50 ppm. Todas as
biente, com fluxo de fase móvel à 1 mL/min, e o misturas padrão foram filtradas com membrana
comprimento de onda de detecção fica na faixa Millipore FG Milex PTFE 0,22 μm.
de 254-278 nm. O espectrômetro de Infravermelho
por transformada de Fourier (FTIV) é Perkin Elmer Processo de extração
modelo 1710; o espectrômetro de UV-VIS é Varian Cinco amostras de soda gasta, recolhidas
DMS 100 e o espectrômetro de Ressonância Mag- das unidades de extração da refinaria REPLAN-
nética Nuclear é Varian Unity-300. PETROBRAS, são: R-33501 (NaOH 5,5 %), V-2241
Os compostos fenólicos e outros padrões (NaOH 3,4 %), V-2242 (NaOH 7,6 %), V 33505
foram purificados seguindo métodos convenci- (NaOH 3,7 %) e B-22530 (NaOH 4,0 %) (onde R =
onais até apresentarem pureza cromatográfica Reator; V = Vaso; B = Bomba),. Esta soda gas-
superior a 98%. Os solventes utilizados foram: ta apresenta colorações variam de castanho
metanol, clorofórmio, diclorometano e etanol claro a preto.
grau HPLC, e água purificada, deionizada. Todas Pesou-se uma alíquota da amostra (Tabela
as fases móveis foram filtradas com membrana 1) em erlenmeyer de 250 mL e adicionar 20 mL
Millipore FG Milex PTFE 0,22 μm. E dês-gasei- de água. Realizou-se a neutralização com solu-
ficados por ultrassom e sistema de vácuo. Foram ção de HCl a 2% até pH 4. Quando ocorreu for-
preparadas seguintes soluções padrão concen- mação de resíduo sólido flutuante, procedeu-se
tradas: benzeno; tolueno; etilbenzeno; naftaleno; a filtração e dissolução do mesmo em acetona
m-xileno; p-xileno; misturas de xilenos fenol; orto- ou metanol (10 mL), coletando-se a solução em
cresol; meta-cresol; para-cresol; nitrobenzeno; 2- um béquer. A solução aquosa foi transferida para
nitrofenol; 3-nitrofenol; 4-nitrofenol e ácido pí- um funil de separação e a extração foi realizada

Tabela 1 – Isolamento de material fenólico de soda gasta

amostra soda gasta (g) extrato extrato(g)


R-33501 6,000 E-R-33501 0,777
V-2241 10,530 E-V-2241 0,300
V-2242 4,530 E-V-2242 1,483
V-33505 9,087 E-V-33505 1,167
B-22530 9,734 E-B-22530 1,384

Tabela 2 – Solução de extratos fenólicos em metanol

amostra Concentração(ppm) amostra Concentração (ppm)


E-R33501 1130 E-V2242 1440
E-V2241 1200 E-V33505 1940
E-B22530 2410

6 2o QUADRIMESTRE DE 2009
em triplicata com 20 mL de diclorometano para padrão ou classe de compostos foram estu-
cada extrato (CH2Cl2 ), juntando-se posteriormen- dadas primeiramente eluições isocráticas com
te as frações. A solução do extrato foi lavada com metanol 100%, MeOH/H2O 95/05, MeOH/H2O
10 mL de água destilada e deionizada e o sobre- 90/10, MeOH/H2O 88/12 e MeOH/H2O 70/30 uti-
nadante foi separado. Adicionou-se 0,5 g de lizando-se misturas padrão do grupo I(G-I):
MgSO4 anidro e a mistura foi filtrada. No caso das benzeno, tolueno, e p-xileno; grupo II (G-II):
formações de resíduos foram reunidas as fra- benzeno, tolueno e fenol; grupo III (G-III): bezeno,
ções e procedeu-se a secagem com MgSO4 ani- tolueno, fenol e o-cresol; grupo IV (G-IV): o-
dro. O solvente foi removido restando uma mas- cresol, m-cresol, p-cresol; grupo V (V): fenol,
sa de extrato fenólico de consistência oleosa, nitrobenzeno, benzeno, tolueno; Grupo VI (G-
mostrada na Tabela 1. VI): 2-nitrofenol, 3-nitrofenol, 4-nitrofenol e fe-
Com os extratos foram preparadas soluções nol; grupo VII (G-VII): o-xileno; m-xileno e p-xileno;
em metanol utilizadas para análise no HPLC. A grupo VIII (G-VIII): 2,4,6-trinitrofenol, fenol, p-
Tabela 2 mostra as soluções dos respectivos ex- nitrofenol, m-nitrofenol, o-nitrofenol, p-cresol,
tratos fenólicos em metanol. m-cresol, o-cresol, nitrobenzeno, benzeno, to-
lueno, p-xileno e m-xileno. A Fig. 2 mostra cro-
Resultados e discussão matograma mistura padrão G-VIII sob eluição
isocrática. Observou-se que cada classe de com-
Curva de calibração postos separou-se dentro de um intervalo de
Uma curva de calibração é feita para esco- tempo de retenção numa determinada fase
lher o melhor intervalo de concentração para as móvel. Estes procedimentos tornaram possível
soluções dos padrões. O coeficiente de regressão fazer inúmeras eluições em gradiente para me-
(R2= 0,994) indicou que a faixa de concentração ade- lhorar a separação dos compostos e a sua clas-
quada para trabalhar se situa entre 10 a 150 ppm. sificação pelo tempo de retenção, estabelecen-
do, assim, a melhor condição para separação de
Biblioteca de espectro de UV e de compostos fenólicos de uma mistura. A Fig. 3
cromatograma dos padrões mostra cromatograma de gradiente da mistura
Uma biblioteca de espectros de UV foi cons- padrão G-VIII.
truída por meio de soluções padrões em metanol. Foram diferenciadas três regiões na reso-
Cromatogramas HPLC dos padrões foi estabeleci- lução dos compostos fenólicos e hidrocarbone-
do no modo isocrática utilizando metanol como sol- tos aromáticos. Cada região se baseia num de-
vente. Os espectros de UV das soluções padrão terminado intervalo de tempo e é utilizado como
tornaram possível a identificação dos picos de maior critério de distinção entre as classes estudadas.
área para consideração dos tempos de retenção Os nitrofenóis ou compostos mais polares se si-
nos cromatograma, identificando assim a substância. tuam na primeira região (C-I), enquanto os de
polaridade menor como os isômeros cresóis (al-
Desenvolvimento do método quilfenóis) aparecem na segunda região (C-II) e
Com o objetivo de se obter os melhores os apolares que são eluídos em fase móvel de
tempos de retenção e seletividade para cada polaridade mais baixa na última região (C-III).

2o QUADRIMESTRE DE 2009 7
CH

0.2000 2.532 0.2000


CH
NO1
NO1
CH
NITROFENÓIS
0.1500 0.1500 2.657

AU
AU

No2 CH
CH
2.379 O1N NO1
O1N NO1
0.1000 CRESÓIS 0.1000 1.673
1.629
NO1
NO1
2.888
CRESÓIS NO1
0.0500 0.0500

3.172
3.649
0.0000 0.0000

0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0
Filename: A:\G025 RUN Channel: 1=254 tm Tempo (min) Filename: A:\G025 RUN Channel: 1=254 tm Tempo (min)

a) 100% MeOH b) MeOH: H2O, 95:5

0.2000 0.2000
OH

OH OH

0.1500 0.1500 OH
NITROFENÓIS
OH

NITROFENÓIS
AU

OH
AU

2.288
2.803

0.1000 OH 0.1000
CH
1.561

1.574 O1N NO1 OH

2.614
OH
2.647 OH
2.201
CH 2.483
0.0500 NO1 2.410 0.0500 NO2
O1N
HIDROCARBONETOS

3.302
2.146

2.201

3.878
3.191

4.662
HIDROCARBONETOS
1.798 3.629 4.285
No2
0.0000 0.0000

0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5
Filename: A:\G025 RUN Channel: 1=254 tm Tempo (min) Filename: A:\G025 RUN Channel: 1=254 tm Tempo (min)

c) MeOH: H2O, 90;10 d) MeOH: H2O, 88:12

0.2000

0.1500 OH
AU

OH OH
OH
0.1000 OH NO1

NO2
CH
O1N NO1 NO2 3.464
OH OH
0.0500 3.955 4.188 NO2
2.978

NO2
1.597 2.272
6.732
0.0000

0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0
Filename: A:\G025 RUN Channel: 1=254 tm Tempo (min)

e) MeOH: H2O, 70:30


Fig. 2 – Cromatograma de eluição isocrática da mistura padrão G-VIII

8 2o QUADRIMESTRE DE 2009
CH
O1N NO1

No1
0.1500
CH CH
CH CH
OH
No1
100%
0.1000 OH No1
CH NO2

2.915
90%
AU

11.532
8.238
88%

34.603
34.358
No2

32.240
31.548
22.282

36.097
19.166
15.466
0.0500
5.102

16.885

20.074
18.338

20.939
50%

0.0000
Primeiro corte Segundo corte Terceiro corte
5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0 40.0
Filename: A:\G025 RUN Channel: 1=254 - 278 tm Tempo (min)

C-I C-II

Figura 3 – Cromatograma de uma mistura padrão G-VIII.


MeOH 50% 10min.; 50-88%, 3 min.; mantendo por 5 min., 88-90% 3min.;
mantendo por 5 min.; 90-100% 3min. mantendo por 11 min.

Tabela 3 – Classificação de compostos As análises dos extratos: E-R33501, E-V2241,


aromáticos da mistura G-VIII E-V2242, E-V33505 e E-B22530, realizadas por
pelo tempo de retenção espectrometria de UV, IV e RMN, mostraram que
tempo de classe de a presença de aromáticos hidroxilados, e os
retenção(t) composto seus derivados. Este estudo de caracterização
dos extratos fenólicos foi feito com o objeti-
C-I 0 – 10 min fenóis polares
vo de dar suporte à metodologia de HPLC,
fenóis alquilados; para classificação de fenóis e os relaciona-
C-II 10 – 18 min aromáticos
dos nas amostras retiradas durante o pro-
polares
cesso de refino. Adaptando o sistema de gra-
aromáticos diente desenvolvido para análises de mistu-
C-III 18 – 40 min
alquilados
ras de padrão G-VIII em HPLC, a Fig. 4 mostra
7.899

0.1000
13.904
AU

100%
15.512

19.141
16.319

90%
18.280

34.258
34.468
22.148

31.960
33.081
2.926

0.0500
31.593
2.117

88%
4.964

29.218
20.296
17.323
1.836

21.163

25.295

27.256
12.512

50%

0.0000
5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0 35.0
Filename: A:\G025 RUN Channel: 1=254 - 278 tm Tempo (min)

C-I C-II

Fig. 4 a) Cromatograma do extrato E-R33501

2o QUADRIMESTRE DE 2009 9
cromatogramas dos extratos de
2.016
soda gasta.
0.0400
O cromatograma do ex-

15.339
0.0300 100%

14.925
trato, E-R33501 (Fig. 4a), mos-
AU

90%
4.814

88%
0.0200 6.370
tra a presença de quantidade

31.127
19.587
17.513
50%

18.752

19.967

22.948

24.680

27.810
0.0100 significante de fenóis polares
0.0000
(C-I) e os fenóis alquilados (C-II)
2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0 16.0 18.0 20.0 22.0 24.0 26.0 28.0 30.0 32.0 34.0 junto com a presença de aro-
Filename: A:\G025 RUN Channel: 1=254 - 278 tm Tempo (min)
C-I C-II máticos alquilados. O extrato
Fig. 4 b) – Cromatograma do extrato E-V2241 E-V2241 (Fig. 4b) demonstra
um comportamento singular,
porém com pouco aromáticos
0.1000 alquilados. O cromatograma
do extrato E-V2242 ( Fig. 4c)
AU

100%
mostra que os fenóis polares
7.413

90%
0.0500 88%
1.976

15.340

se tornou como componentes


16.297
16.790

31.120
50% 31.357
18.796

32.966
19.591
10.117
9.746

principais, a quantidade dos


0.0000

2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0 16.0 18.0 20.0 22.0 24.0 26.0 28.0 30.0 32.0 34.0
aromáticos polares diminuiu e
Filename: A:\G025 RUN Channel: 1=254 - 278 tm Tempo (min)
C-I C-II quase não há presença de aro-
Fig. 4 c) – Cromatograma do extrato E-V2242 máticos alquilados. O croma-
tograma do extrato E-V33505
(Fig. 4d) destaca também a pre-
7.265

0.100
sença de fenóis polares (C-I),
7.843
4.867

100%
AU

90%

0.050
88% porém a fração com tempo de
19.373
15.387

19.963

24.721
13.307

19.651

31.924
12.643

22.277

27.680
14.299

29.996

retenção em volta de 7,40 mi-


18.818

23.112
16.803
17.666
11.330

50%
10.806
9.992
2.779
1.151

0.000 nutos virou componente prin-


2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0 14.0 16.0 18.0 20.0 22.0 24.0 26.0 28.0 30.0 32.0 34.0
Filename: A:\G025 RUN Channel: 1=254 - 278 tm Tempo (min) cipal em comparação com o de
C-I C-II
E-V2242 (Fig. 4c) cujo componen-
Fig. 4 d) – Cromatograma do extrato E-V33505 te principal é o tempo de reten-
ção em volta de 4,80 minutos.
A Fig. 4d mostra na pri-
5.087

meira região (C-I, t = 0 – 10min)


100%
0.1000 fenóis polares nos quais po-
8.105
2.059

90%
AU

1.970

88%
dem ser notados o fenol co-
22.683

34.439
15.445

22.299
19.190

32.326

0.0500
31.547

37.157

60%
14.052

19.996
16.930

24.402
21.303

mum (t = 4,86 min) e os fenóis


28.021
11.995

0.0000 polares saindo sobrepostos


2.0 4.0 6.0
Filename: A:\G025 RUN Channel: 1=254 - 278 tm
8.0 10.0 12.0 14.0 16.0 18.0 20.0 22.0 24.0 26.0 28.0 30.0 32.0 34.0 36.0 38.0
Tempo (min)
em volta de t = 7,84 min. Na se-
C-I C-II
gunda região (C-II, t = 10 – 18min)
Fig. 4 e) – Cromatograma do extrato E-B22530 somente três picos possuem área

10 2o QUADRIMESTRE DE 2009
que pode ser aproveitada para indicar compostos Conclusão
de menor polaridade, e tempos de retenção res- Foi desenvolvido método analítico por HPLC
pectivamente (12,642, 13,307 e 15,378min), que que reuniu parâmetros cromatográficos necessá-
sugerem a presença alquilfenóis. Na terceira re- rios e suficientes para a caracterização das classes
gião após 20 minutos de corrida, não se verificam de fenóis extraídos das amostras obtidas durante o
picos, e, em 31 minutos sai um pico relativo a al- processamento de petróleo. Os fenóis polares fo-
gum aromático alquilado em regime de fase ram separados dos fenóis menos polares, utili-
móvel com metanol 100%. zando-se a eluição em modo gradiente, que per-
O cromatograma Fig. 4e apresenta picos mitiu distinguir regiões dos cromatogramas em
sobrepostos de tempos de retenção 1,97, 2,07, que se apresentam as classes de fenóis. O método
5,07 e 8,11min que representa a presença de fe- desenvolvido é importante, pois fornece maior efi-
nóis polares. Na segunda região (C-II, t = 10 – 18 ciência em monitoramento do processo de trata-
min) com solvente de eluição mais polar pro- mento cáustico de petróleo e produtos de petróleo.
porcionando que compostos menos polares de
maior massa molar, os alquilfenóis, sejam iludi- Agradecimentos
dos. Na terceira região, C-III, com porcentagem de Ao Instituto Militar de Engenharia (IME) – Brasil
metanol maior, são eluídos os compostos apolares. e à Refinaria Paulínia, Petrobrás.

Referências

[1] B. BENNETT, B.F.J. BOWLER, S.R. LARTER, Anal. Chem.. 68 (1996) 3697.
[2] B.BENNETT, S.R. LARTER, Geochim. Et Cosmochim. Acta 61 (20)(1997) 4393
[3] M. T. GALCERAN, O. JÁUREGUI, Anal. Chim. Acta,, 304 (1995) 75
[4] T. M. McCOLLOM, J. S. SEEWALD, B. R. T. SIMONETT, Geochim. et Cosmochim. Acta, 65 (3) (2000) 455.
[5] R. F. LEE, Sci. & Technol. Bulletin, (2003) 1.
[6] R. C. G de OLIVEIRA, M. C. K. de OLIVEIRA, Bol. Téc. PETROBRAS, 43 (2), (2000) 129.
[7] L. ZHAO, H. K. LEE, J. Chromat. A, 931 (2001) 95.
[8] E. G. TOLEDO, M. D. PRAT, M. F. ALPENDURADA, J. Chromat. A, 923 (2001) .45.
[9] M. LLOMPART, M. LOURIDO, P. LANDIN, C. G. JARES, R. CELA, J. Chromat. A, 963 (2002).137.
[10] M. L. DAVI, F. GNUDI, Pergamon, 33( 1999) 3213.
[12] ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Resolução RDC 213 (2002) 30/07.
[13] C. B. HENRIQUES, M. J. LAURO, Caracterização da soda gasta da REPLAN, Relatório técnico da Petrobras UM
REPLAN, 1998.
[14] S. W. JEFFREY, R. F. C. MANTOURA, S. W. WRIGHT, Phytoplankton Pigments in Oceanography: Guide-Lines To Modern
Methods, Unesco Publishing,1995 p.410.
[15] H. SADTLER, The Sadtler Handbook of Ultraviolet Spectra, Sadtler Heyden, 1979.
[16] L. R. SNYDER, J. J. KIRKLAND, J. L. GLAJCH, Pratical HPLC Method Development, A. Wiley & Sons inc. 2a ed., N.Y, 1997.

2o QUADRIMESTRE DE 2009 11
PESQUISA

Novas formas de ataques de


distinção a cifradores:
caminhos para o futuro
Almir Paz de Lima*, José Antônio Moreira Xexéo**
e Paulo Roberto Gomes***

RESUMO
A identificação do algoritmo criptográfico partindo do conhecimento, unicamente, da cifra por ele
gerada é uma aspiração de criptanalistas e uma preocupação que atormenta os projetistas
desse tipo de algoritmo, destinados a assegurar o sigilo das informações.
Embora a identificação do algoritmo cifrador, por si só, não venha a revelar a informação embutida na
cifra, ou a chave particular usada na transformação, ela evidencia a existência de uma “assinatura”, isto
é, um padrão que caracteriza o algoritmo usado. E o domínio da elaboração desse padrão poderá
acarretar, mais cedo ou mais tarde, o desvendamento de fraquezas e a possível quebra do algoritmo.
O avanço das pesquisas em reconhecimento de padrões, largamente usado para classificação e
recuperação de informações, fornece um novo caminho para a busca de padrões em criptogramas,
permitindo correlacioná-los com os possíveis parâmetros que os originaram, tais como o algoritmo
criptográfico ou, até mesmo, a particular chave usada no processo. Os promissores resultados,
preliminarmente obtidos, e a ausência de relatos na literatura especializada em criptologia per-
mitem acreditar nesses novos caminhos para o futuro da criptanálise: o emprego de ferramentas
de inteligência artificial, com apurada sensibilidade para pesquisar e identificar padrões complexos.

Introdução gridade e a autenticação da origem, é fundamen-


tal no moderno ambiente de comunicações glo-
A confiabilidade de algoritmos criptográ- balizadas. A segurança das informações é fator
ficos, destinados que são a garantir o sigilo, a inte- imprescindível não somente para as comunica-

* Tenente-CoroneI Ref Ex, Eng/ AMAN-56, Eng Com IIVIE-63, MC ITA-69, MSc Illinois-71, é pioneiro do ensino acadêmico de
Criptografia no país, criou as Linhas de Pesquisa em Criptografia na Pós-graduação do IME em 1978.
* * Tenente-CoroneI Ref Ex, Com/AMAN-64, Eng Com/ME-72, MC IME-83, DC UFRJ-O1. É professor assistente e coordenador do
curso de Sistemas de Informação da Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora, avaliador institucional e de curso de graduação
do SINAES, professor do IME e coordenador científico do grupo de pesquisa em segurança da informação e o gerente técnico
do Grupo de Segurança da Informação do PBCT do DCT / EB.
*** Coronel RI, Com /AMAN-70, Eng Com IME-77, MC IlV1E-82, CDEM/ECEME-92. Integrante do GSUPBCT, é professor da Disciplina
Segurança da Informação para o Curso de Eng Computação/IME.

12 2o QUADRIMESTRE DE 2009
ções comerciais como para as militares. A ob- drão Americano de Criptografia de Dados (DES),
tenção e posse de conhecimentos que permi- usado por cerca de 30 anos e substituído em 2001,
tam reduzir essa confiabilidade podem repre- mediante a análise de criptogramas por ele ge-
sentar um importante fator de desequilíbrio nas rados misturado em um conjunto de criptogra-
relações comerciais ou de poder, num sentido mas de outros algoritmos.
mais amplo.
O comportamento estatístico dos algorit- Desenvolvimento
mos criptográficos, cujo tamanho da chave seja
compatível com os atuais recursos computacio- Para a descrição das pesquisas conduzi-
nais, é uma medida inicial de confiabilidade. As- das pelo GSI/IME será caracterizado o proble-
sim, a avaliação em relação aos critérios de alea- ma a ser tratado neste trabalho, a indicação
toriedade das sequências geradas por es- da solução normalmente adotada, a descrição da
ses algoritmos pode indicar, a priori, se ele não é nova solução proposta e os resultados obtidos.
seguro. Caso seja aprovado neste quesito, e en-
quanto estiver em uso, fraquezas específicas são Caracterização do problema
pesquisadas, para verificar possíveis falhas de A identificação de padrões em criptogramas
projeto que permitam minimizar o esforço da pode ser uma ferramenta poderosa para o esfor-
quebra, sem necessidade de experimentar to- ço de criptanálise, e a compreensão de como se
das as chaves possíveis (quebra por exaustão). formam esses padrões pode levar à quebra do
O desenvolvimento dos sistemas de reco- algoritmo criptográfico. Por outro lado, o domí-
nhecimento de padrões e suas mais recentes nio do comportamento dos parâmetros que acar-
aplicações permitem acreditar no sucesso do retam esses padrões pode melhorar o projeto do
emprego de técnicas de inteligência artificial, algoritmo, tornando-o resistente à criptanálise.
também no esforço de criptanálise. A constatação de que um cifrador imprime
A busca de padrões em criptogramas, iden- uma assinatura nas cifras por ele geradas pode
tificando o algoritmo criptográfico que o produ- ser indício de fraqueza e até levar ao desven-
ziu e até a separação de conjunto de criptogra- damento da informação nele ocultada. A história
mas gerados pela mesma chave, em um algo- da criptologia demonstra que toda descoberta
ritmo determinado, aponta um promissor ca- de fraqueza em um sistema criptográfico de-
minho, não só para auxiliar a criptanálise como senboca na sua quebra e no surgimento de novo
também uma valiosa ferramenta para o projeto sistema, para corrigir a debilidade evidenciada.
de cifradores confiáveis. Destarte, o sistema de substituição mono-
Neste artigo será apresentada uma descri- alfabética levou pouco tempo para exibir sua
ção dessas pesquisas, conduzidas pelo Grupo de fragilidade estrutural: os caracteres do texto ci-
Segurança da Informação do Instituto Militar de frado carregavam as medidas probabilísticas dos
Engenharia (GSUIIVIE), registradas em duas Dis- caracteres do texto claro aos quais substituíam;
sertações de Mestrado [1, 2] e um artigo na re- o sistema polialfabético, que o sucedeu, espa-
vista Cryptologia [3], procurando realçar um ex- lhava a frequência de ocorrência do caractere
pressivo resultado obtido: a identificação do Pa- do texto claro por diferentes caracteres do texto

2o QUADRIMESTRE DE 2009 13
cifrado. Isso o tornou operante por mais de 300 gerador de sequências aleatórias, com distribui-
anos, mas não resistiu à constatação da forma- ção uniforme pu , mediante um teste denomina-
ção de padrões esparsos, percebidos por diligen- do de qui-quadrado. Este teste foi aplicado pela
tes observadores [4]. primeira vez, segundo está registrado na lite-
A era computacional trouxe algoritmos so- ratura, por Vaudenay sobre o Data Encryption
fisticados, que abandonaram o tratamento sobre Standard (DES), sendo chamado de “ataque de
os caracteres do texto claro e passaram a manipu- distinção” [7], em 1996 e, portanto, anterior à
lar os bites componentes dos códigos de repre- publicação dos testes do NIST,.
sentação desses caracteres. Aparentemente, en- Ueda e Terada, em 2007, no VII Simpósio
tão, de nada valem as informações sobre a fre- Brasileiro em Segurança da Informação e de Sis-
quência de ocorrência dos caracteres na linguagem temas Computacionais [8], fazem referência ao
correspondente ao texto claro, pois a difusão e a trabalho de Vaudenay como aos quatro próxi-
confusão conjugam bites de caracteres diferentes. mos artigos a seguir citados.
A suposta ausência de correlação dos carac- Em 2000, Knudsen e Meier [8] descrevem o
teres do texto claro com os da cifra gerada, por ataque de distinção ao RC6, um dos cinco candi-
causa da ausência de padrões detectáveis, per- datos finalistas à escolha do padrão avançado
mite tratar os cifradores computacionais como de criptografia de dados (AES) do governo ame-
geradores de sequências aleatórias. Daí a medi- ricano, e uma variante desse mesmo algoritmo.
da de aceitação desses cifradores estar funda- Em 2003, Ryabko [8] discorre sobre aplica-
mentada no grau de aleatoriedade das sequên- ções de teste qui-quadrado em criptografia.
cias que compõem o criptograma. O exemplo Em 2004, Takenada, Shimoyama e Koshiba
mais marcante desse tratamento é o conjunto [8] fazem uma análise teórica sobre o ataque qui-
de testes proposto pelo Nacional Institute of quadrado ao RC6.
Standard and Technology (NIST), como avaliação Em 2005, Miyaji e Takano [8], na Conferência
preliminar de cifradores [5]. Australiana em Informação, Segurança e Privaci-
dade, discorrem sobre o sucesso de um ataque
Ataques de distinção a cifradores usando testes qui-quadrado sobre o RC6.
Os testes relacionados com aleatoriedade,
disponibilizados pelo NIST, foram usados no re- Um novo caminho se configura
cente processo de escolha do padrão avançado Na procura de fraquezas em algoritmo
de criptografia de dados do governo americano criptográfico projetado para uso institucional, o
[6]. Por se tratar de medidas de aleatoriedade das GSI/IME enveredou por um caminho até então
sequências geradas, esse fato reforçou a imagem desconhecido, ao menos não publicado na lite-
dos cifradores como geradores de sequências ratura especializada. A proximidade com grupo
aleatórias, induzindo processos estatísticos de de pesquisa em Linguística proporcionou uma
análise dos algoritmos criptográficos. aplicação inovadora de técnicas de recuperação
Medidas estatísticas distinguem um gera- de informações em criptanálise [1].
dor de sequências aleatórias, com uma probabi- Em 2006, Oliveira, Xexéo e Carvalho publica-
lidade de distribuição px desconhecida, de um ram um primeiro artigo na revista Cryptologia [3],

14 2o QUADRIMESTRE DE 2009
descrevendo uma aplicação de técnicas de DES e AES (disponíveis em http://www.cos.ufrj.
agrupamento e classificação de informações br/-william/ TextosLegiveis.rar). A razão de se
em criptologia. optar pelo modo ECB está no propósito de estu-
Em 2007, no trabalho seguinte do grupo, dar o comportamento do conjunto algoritmo-
Souza [2] ampliou os resultados obtidos em Car- chave e não de seu modo de operação.
valho, realizando exaustivos experimentos para Foram geradas, aleatoriamente, 10 chaves
otimizar os parâmetros envolvidos nas diversas de 64 bites para o DES, 10 chaves de 128 bites
medidas. Além disso, usou redes neurais para para o AES_128, 10 com 192 bites para o AES-192
classificar criptogramas, segundo o algoritmo e e 10 de 256 bites para o AES 256.
as chaves empregadas. Cada um dos 30 textos foi cifrado com cada
Desse trabalho de Souza foi selecionado uma das 10 chaves para os quatro cifradores,
um experimento, adiante descrito, para consoli- obtendo-se 1.200 criptogramas.
dar conceitos deduzidos em experimentos an- Cada criptograma foi tratado de forma a
teriores, e no qual se demonstrou que a partir de ser representado no modelo Espaço de Vetores
criptogramas é possível identificar os algoritmos [ 10, 11 ], compondo o corpus criptus, pronto para
criptográficos que os produziram. ser submetido ao processo de agregação que,
Para o experimento foram gerados 1.200 se atuasse com perfeição, deveria gerar 40 gru-
criptogramas obtidos da criptografia da Bíblia, pos de 30 criptogramas, correspondendo aos
em inglês [9], separada em 30 subtextos de exa- quatro cifradores com 10 chaves cada.
tamente 1.024 baites (1 KB), pelos cifradores: DES, O processo de agregação valeu-se da me-
com 10 chaves de 64 bites (56 bites úteis) for- dida de similaridade conhecida como Ângulo do
necendo 300 criptogramas; e AES, com 10 cha- Cosseno e para critério de parada foi adotado o
ves de 128 bites, fornecendo 300 criptogramas, valor de similaridade a partir de 0,001. A técnica
10 chaves de 192 bites, fornecendo 300 cripto- de agrupamento foi a Hierárquica Aglomerativa
gramas e 10 chaves de 256 bites, fornecendo e o método o Single-link [11].
300 criptogramas. O experimento foi conduzido em quatro
Usando ferramentas de Inteligência Artifi- fases. Cada fase considerou o elemento léxico
cial, esse conjunto foi reagrupado em subcon- básico do criptograma, chamado “criptotermo”
juntos procurando identificar o cifrador/chave e equivalente à palavra do texto claro, como sen-
que os geraram, conforme o item a seguir. do de tamanho diferente. Na fase-1, o criptoter-
mo foi de 64 bites, na fase-2, de 128, na fase-3,
Descrição do experimento escolhido de 192 e, na fase-4, de 256, seguindo o tamanho
O texto da Bíblia, em inglês, foi submetido a das chaves requeridas pelos algoritmos usados.
um separador de textos que, a partir do pará-
grafo inícial, separou 30 subtextos (numerados de Resultados do experimento
1 a 30) de tamanho igual a 1 KB (disponíveis em Na fase-1, com criptotermos de 64 bites, os
http://www.cos.ufi7.br/-william/TextosL egiveis.rar). resultados foram:
Esses 30 textos claros foram cifrados no modo — para o DES foram separados 10 grupos
Livro Eletrônico de Códigos (ECB) pelos algoritmos com 30 criptogramas cada, correspondendo

2o QUADRIMESTRE DE 2009 15
cada grupo a uma das 10 chaves usadas. Tanto a de similaridade a partir de 0,001 deva ser reduzi-
medida de precisão quanto a taxa de recupe- do em função do tamanho do criptotermo, além
ração foram de 100%, significando que todos de aumentar o tamanho do texto a ser cifrado.
os elementos foram corretamente classifica- Tanto na fase-3 como na fase-4 foram obti-
dos e todos os elementos que se desejava jun- dos 1.200 grupos, não havendo nenhuma agre-
tar foram parar no mesmo grupo, ou seja, su- gação, nem mesmo as detectadas com os parâ-
cesso absoluto; metros anteriores, e que as pesquisas necessi-
— para o AES_128 foram obtidos 220 gru- tam ser aprofundadas.
pos, sendo 22 para cada chave usada e, desses
22, 18 grupos de um único criptograma ( corres- Conclusão
pondentes aos textos claros 3, 4, 5, 6, 7, 9, 10, 12,
13, 14, 15, 18, 20, 21, 22, 23, 27, 30), dois grupos Comparado aos testes estatísticos atual-
com dois criptogramas cada (correspondentes mente empregados, como o do qui-quadrado,
aos pares de texto claro 1-2 e 11-29), um grupo que aceita o cifrador como gerador de sequên-
com três criptogramas (correspondentes aos cias aleatórias, dentro de intervalos de confian-
textox claros 16-17-19) e um grupo com cinco ça previamente estabelecidos, o método descri-
criptogramas (correspondentes aos textos cla- to neste trabalho representa um novo para-
ros 8-24-25-26-28). Essa associação de grupos se digma, que pode levar a resultados difíceis de
repetiu em todas as chaves, levando à conjectura, se prever nestes primeiros passos da pesquisa.
a ser explorada em próximas pesquisas, de que Na fase-1 do experimento está sintetizada a
a afinidade pode ter sido influenciada, também, força do método. Embora o objeto de estudo te-
pelos textos claros que os originaram, nha sido o DES, já substituído como padrão de
— tanto para o AES_192 quanto para o AES criptografia pelo Rijndael [12], deve-se lembrar que
256 o comportamento foi exatamente o mes- permaneceu em uso por cerca de 30 anos, sofren-
mo do AES_128, reforçando a conjectura de que do os mais variados tipos de ataques criptanalíticos.
a chave não influiu na agregação. E o sucesso do experimento foi de 100%, incluindo
Na fase-2, com criptotermos de 128 bites, o agrupamento correto dos criptogramas obtidos
os resultados foram: por chaves diferentes. Este fato é de grande rele-
— para o DES e os três AES foram separa- vância, pois relaciona chaves usadas com os pa-
dos 22 grupos para cada chave com o padrão drões detectados.
exatamente igual ao descrito para os três AES Das demais fases pode-se concluir que os pa-
da fase-1. É interessante notar que foi perdida a râmetros envolvidos, tais como tamanho do tex-
sensibilidade, para o DES, demonstrada com o to, criptotermo, critério de parada, correlação dos
criptotermo igual a 64 bites da fase-1. Por outro textos claros, dentre outros, precisam ser mais bem
lado, não aumentou a sensibilidade, que a intui- manipulados, para se chegar a um conhecimen-
ção poderia apontar, para o AES_128, mostran- to mais profundo sobre seus comportamentos.
do que o tamanho do criptotermo é um fator As pesquisas prosseguem, visando a um refi-
crítico no processo de agregação. Pode ser ad- namento dos resultados. Ao se ajustar os parâ-
mitido, ainda, que o critério de parada com valor metros em função de algoritmo-chave poder-se-á

16 2o QUADRIMESTRE DE 2009
adotar uma metodologia similar ao processo de — reagrupar os criptogramas e reestruturar
garimpagem, com a aplicação de peneiras cada o corpus criptus;
vez mais finas: — repetir a fase anterior, agora para o AES-
— em uma primeira etapa, retirar os cripto- 128, ou o próximo algoritmo do grupo, até que
gramas gerados pelo DES, se houver; todos sejam identificados.

Referências

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Mestrado – Instituto Militar de Engenharia.
[2] SOUZA, W. A. R. de (2007). Identificação de padrões em criptogramas usando técnicas de classificação de textos.
Dissertação de Mestrado – Instituto Militar de Engenharia. Disponível em: http://www.cos.ufrj.br/-william/teseI ME.pdf
[3] OLIVEIRA C. M., XEXÉO J. A. M. e CARVALHO C. A. B. (2006) Clustering and Categorization Applied to Cryptology.
Cryptologia vo130, p 266-280, 2006.
[4] SING, S. (2001), O Livro dos Códigos; A ciência do sigilo – do antigo Egito à criptografia quântica. Editora Record.
[5] RUKHIN A. et al.(2001), “A Statistical Test Suite for Random and Pseudorandom Number Generators for
Cryptographic Applications”, NIST.
[6] SOTO (1999). “Randomness Testing of the Advanced Encryption Standard Candidate Algorithms”, NIST.
[7] VAUDENAY S. (1996) An Experiment on DES Statistical Cryptanalysis. ACM Conferenceof Computer and
Communications Security, pages 139-147.
[8] UEDA, T. K. e TERADA, R. (2007). Uma Versão Mais Forte do Algoritmo RC6 contra a criptoanálise x2. VII Simpósio
Brasileiro em Segurança da Informação e de Sisteams Computacionais.
[9] BIBLE (2005), “Bible in basic english”, Disponível: http://www.o-bible.com/bbe.html [capturado 13 dez. 2005].
[10] RASMUSSEN, E. (1992), “Clustering algorithms”. In Information retrieval: data structures and algorithms, Edited by
William Frakes and Ricardo Yates, Prentice Hall, p. 419-442.
[11] YATES, R.B. e NETO, B. R. (1999), Modern information retrieval. Addison
[12] NIST (2001). Federal Information Processing Standard, publication 197 (FIPS 197): Announcing the advanced
encryption standard (AES). Washington D. C.

2o QUADRIMESTRE DE 2009 17
RESUMOS DE TESES E DISSERTAÇÕES

filmes de HAP cristalinos à temperatura ambien-

Doutorado te. Este sistema também evita a retropulve-


rização catódica do oxigênio do filme deposi-
tado e promove a sua cristalização à tempera-
tura ambiente.
FILMES FINOS CRISTALINOS DE Alvos de HAP altamente puros e cristalinos
HIDROXIAPATITA: UMA ABORDAGEM e com 25mm de diâmetro foram especialmente
ORIGINAL COM MAGNETRON produzidos para o sistema RAMS. Esses alvos
SPUTTERING DE ALVOS OPOSTOS foram usados para o crescimento de filmes finos
de HAP em diferentes substratos como Si(001),
Autor: Alexandre Mello de Paula Silva Si(111), SiO2 e titânio policristalino.
Orientadores: Carlos Luiz Ferreira (IME) e Alexandre Análises usando difração de raios X com
M. Rossi (CBPF) equipamento convencional e síncrotron, refleti-
Curso: Ciência dos Materiais vidade de raios X, espectrometria de infraver-
Tese defendida no IME, em 11/12/07 melho por transformada de Fourier, microsco-
pia de força atômica e microscopia eletrônica
A hidroxiapatita (HAP) é um dos materiais de varredura (MEV) com espectroscopia de dis-
cerâmicos mais importantes para a regenera- persão de energia mostraram que os filmes fi-
ção de tecidos ósseos. Em adição, a HAP ainda nos depositados por RAMS eram de HAP este-
tem sido largamente utilizada para a absorção quiométrica e altamente cristalina, com super-
de metais pesados, experimentos de catálise e fície lisa e homogênea. Por outro lado, resulta-
como um biomaterial no recobrimento de im- dos de espectroscopia de fotoelétrons de raios X
plantes metálicos. revelaram uma superfície de HAP deficiente em
Filmes cerâmicos crescidos por radio fre- cálcio que foi também encontrada por outros
quency magnetron sputtering (RFMS) e outras téc- autores na superfície da HAP pura em pó.
nicas de deposição têm mostrado uma alta qua- A biocompatibilidade dos filmes de HAP
lidade de superfície com boa adesão a substra- foi investigada com experimentos in vitro. As
tos metálicos. Entretanto, todas essas técnicas e culturas de osteoblastos de ratos e humanos
os métodos normais de RFMS produzem reco- mostraram que estas células rapidamente se
brimentos que precisam de recozimento em al- aderem, espalham e proliferam sobre a superfí-
tas temperaturas depois da deposição. Em adi- cie dos filmes. Essas células também experimen-
ção, esses recobrimentos desenvolvem outras taram uma mudança contínua em sua morfo-
fases de fosfatos de cálcio. logia assim que proliferavam sobre diferentes
Neste trabalho, filmes de HAP cristalina fo- formas de substratos e interfaces. Simultanea-
ram produzidos à temperatura ambiente, usan- mente, essas células geraram fortes tensões no
do uma abordagem original com magnetron plano dos filmes que foram observadas pelas fra-
sputtering em ângulo reto (RAMS). Este siste- turas nas imagens de MEV. Esses experimentos
ma foi especialmente projetado e construído demonstram que RAMS é uma técnica promis-
para aumentar a taxa de deposição e produzir sora de recobrimento em aplicações biomédicas.

18 2o QUADRIMESTRE DE 2009
Mestrado para o pavimento analisado por Preussler (1983)
se aproximam dos medidos em campo. Para os
analisados por Pinto (1991), os resultados em três
seções se aproximam dos medidos em campo, e,
MODELAGEM NUMÉRICA PARA nas outras duas seções houve grandes dife-
PAVIMENTAÇÃO FLEXÍVEL PELO MÉTODO renças, porém estas deflexões são frutos de en-
DOS ELEMENTOS FINITOS saios dinâmicos e as do programa são de cargas
estáticas. Então estes resultados devem ser com-
Autor: 1o Ten Fábio Grisolia de Ávila parados qualitativamente.
Orientadores: TC Marcelo Rodrigues Leão Silva e Concomitantemente, esta diferença pode ser
Maj Marco Aurélio Chaves Ferro justificada pela adoção de valores não represen-
Curso: Pós-Graduação em Engenharia de Transportes tativos para o módulo de resiliência de cada ca-
Tese defendida no IME, em 14/01/08 mada da estrutura durante a análise, pois o mes-
mo é fortemente dependente do grau de com-
Considerando a substituição entre os mé- pactação e de sua umidade, entre outros fatores.
todos de dimensionamento de pavimentos, este
trabalho tem por objetivo propor uma modela-
gem para o mesmo por intermédio do método MODOS DE FALHA DOS COMPONENTES
dos elementos finitos e compará-la com resul- DA VIA PERMANENTE FERROVIÁRIA E
tados experimentais obtidos em campo. SEUS EFEITOS NO MEIO AMBIENTE
Com esse intuito, é apresentada a evolu-
ção dos métodos de cálculo de tensões e defor- Autor: Marcelo do Vale Coimbra
mações em pavimentos. Em seguida são descri- Orientadores: Maria Cristina Fogliatti de Sinay e
tos para o método dos elementos finitos sua for- Prof. Marcelo Prado Sucena
mulação, suas características e os tipos que po- Curso: Pós-Graduação em Engenharia de Transportes
dem ser utilizados para pavimentos. Posterior- Tese defendida no IME, em 03/01/08
mente, são apresentadas as definições e as pro-
priedades desta estrutura estratificada, sendo A proposta deste trabalho é apresentar um
realizada sua modelagem por meio de elementos procedimento que proporciona a visão sistêmica
axissimétricos do método dos elementos finitos. de modos de falha de uma Via Permanente tipo,
Por intermédio do uso da linguagem de pro- associando-os aos efeitos negativos sobre o meio
gramação C++, implementa-se o modelo pro- ambiente. Esta é a tônica principal do trabalho e
posto em um software intitulado de AXIPAV, o a contribuição que se pretende oferecer.
primeiro programa de elementos finitos axissi- A expansão da estrutura ferroviária brasilei-
métricos de oito nós que utiliza módulo de re- ra conseguida depois do processo de concessão
siliência. Esse modelo é validado pela compara- vem proporcionando importantes ganhos de pro-
ção com pavimentos analisados por Preussler dutividade às diversas empresas de transporte
(1983) apud Silva (1995) e por Pinto (1991). Pode- de carga que atuam no setor. Este crescimento na
se concluir que os valores da deflexão obtidos produção do transporte submete a Via Permanente

2o QUADRIMESTRE DE 2009 19
a maiores solicitações, o que contribui para ace- argila, usadas na confecção do agregado artifi-
lerar a degradação dos componentes que a cons- cial de argila calcinada, de dosagem pelo méto-
titui, sendo imprescindível a sua manutenção. do de Marshall e ensaios de módulo de resiliên-
Esta atividade, além de evitar o colapso, assegu- cia e resistência à tração em concreto asfáltico
ra o nível de serviço desejado e garante maior com argila calcinada.
vida útil dos equipamentos. Os solos foram estabilizados com agrega-
Para isto é necessário reavaliar questões do artificial de argila calcinada nas proporções
técnicas de manutenção buscando novas me- variando entre 15% e 85%, em massa, compac-
todologias. Entre as técnicas contemporâneas de tados em energias modificada e intermediária.
análise de falha, a Análise dos Modos de Falha, O concreto asfáltico analisado na presente pes-
dos Efeitos e da Criticidade (FMECA), incorpora- quisa apresentava argila calcinada em sua fra-
da a Manutenção Centrada na Confiabilidade ção graúda de mistura de pétreos.
(MCC), revela-se uma ferramenta bastante útil Os resultados desses ensaios foram anali-
para realizar a análise sistemática dos compo- sados e serviram como subsídios para a cons-
nentes de um determinado sistema, e avaliar a trução de uma pista experimental com revesti-
maneira pela qual eles falham em cumprir suas mento em concreto asfáltico com agregado ar-
funções e os efeitos na segurança, na operação, tificial de argila calcinada. A pista experimental
na economia e no meio ambiente. teve sua bacia de deflexão levantada com o uso
de viga Benkelman para avaliação estrutural do
pavimento construído. Além disso, foi feita a
EMPREGO DE AGREGADO ARTIFICIAL DE análise de estruturas teóricas de pavimento
ARGILA CALCINADA EM PAVIMENTAÇÃO asfáltico com ou sem agregado artificial de ar-
gila calcinada empregando o modelo de Hogg.
Autor: Cap QEM Renato Araújo dos Santos Concluiu-se que, à luz das normas preconiza-
Orientadores: Prof. José Renato Moreira da Silva das e especificações de serviço de pavimentação
de Oliveira, Prof. Luiz Antônio Vieira Carneiro do DNIT (Departamento Nacional de Infraestru-
e Prof. Salomão Pinto tura de Transportes), o uso de agregado artificial
Curso: Pós-Graduação em Engenharia de Transportes de argila calcinada em pavimentação é uma boa
Tese defendida no IME, em 11/02/08 alternativa para a construção de sub-base, base
e revestimento asfáltico, particularmente em re-
Este trabalho teve por objetivo avaliar o giões do país onde agregados pétreos são escassos.
uso de agregado artificial de argila calcinada em
misturas solo-agregados e concreto asfáltico
para pavimentação rodoviária. EXTRAÇÃO SEMIAUTOMÁTICA
Um programa experimental foi realizado e DE FEIÇÕES PONTUAIS EM ESTEREOPARES DE
consistiu nos ensaios de índice Suporte Califór- SENSORES ORBITAIS PASSIVOS
nia, módulo de resiliência e deformação perma-
nente em solos tropicais estabilizados com argila Autor: Felipe André Lima Costa
calcinada, de caracterização das amostras de Orientador: Prof. Dr. Oscar Ricardo Vergara

20 2o QUADRIMESTRE DE 2009
Curso: Mestrado em Engenharia Cartográfica é conhecida como quantitativa e fornece o nú-
Tese defendida no IME, em 13/12/07 mero de feições pontuais extraídas dentro dos
limiares de 1, 2, 3 e 4 pixels de erro. Os resultados
Extração de feições pontuais é uma técnica mostraram percentuais de acertos acima de 70%,
tradicionalmente estudada em Visão Compu- com limiares de 2, 3 e 4 pixels, para a maioria dos
tacional. Com o advento da geração de estereo- estereopares testados. O caso menos favorável
pares através de câmeras presentes em sistemas foi apresentado por um dos estereopares do
orbitais, faz-se necessária a adaptação desta téc- sensor IKONOS 2, com taxa de acertos acima de
nica ao Sensoriarnento Remoto. A proposta des- 50% para um limiar de dois pixels. Assim, o méto-
ta dissertação objetiva o desenvolvimento de um do desenvolvido pode ser utilizado como ferra-
método que permita a extração de feições pon- menta no ambiente de produção como alternati-
tuais em estereopares de sensores orbitais passi- va aos aplicativos comerciais que buscam a ex-
vos de média e alta resoluções e, para tal finalida- tração de feições pontuais, seja para registro de
de, são desenvolvidos três algoritmos. O primeiro imagens, seja para aplicações cartográficas em
algoritmo é o de reamostragem da linha epipolar, estereopares de média e alta resoluções.
onde não é necessária a utilização dos parâmetros
de atitude do sensor, sendo um procedimento
para redução da paralaxe vertical que se mostra ANÁLISE DE PARÂMETROS SELECIONADOS
eficiente para estereopares com uma relação BIH DE GERADORES TERMOELÉTRICOS
entre 0,6 e 1,0. O segundo é o algoritmo de corre- À RADIOISÓTOPOS (RTG)
lação, que permite a extração de feições pontuais
utilizando o coeficiente de correlação de Pearson. Autor: 1o Ten Gladson Silva Fontes
Para os estereopares de média resolução, os valo- Orientadores: Claudio Luiz de Oliveira – Ph.D. e
res de correlação encontraram-se entre os limia- Carlos Frederico Estrada Alves - D.C.
res de 0,8 e 1,0, e, para os estereopares de alta Curso: Engenharia Nuclear
resolução, estes valores se encontraram entre os Tese defendida no IME, em 11/01/08
limiares de 0,5 e 1,0. O terceiro algoritmo desen-
volvido é o de relaxação probabilística que possi- Geradores Termoelétricos à Radioisótopos
bilita a extração de feições pontuais quando hou- (RTG) são geradores de energia elétrica que ob-
ver ambiguidade, ou seja, geração de falsos posi- têm sua potência por intermédio do decaimento
tivos. Este algoritmo se baseia na métrica das dis- radioativo. Esses tipos de geradores têm aplica-
tâncias euclidianas utilizando as feições pontuais ção semelhante às baterias e destacam-se no uso
da vizinhança como suporte para a extração da como fontes de energia ininterrupta em satéli-
feição pontual de interesse. Ainda no escopo da tes, sondas espaciais e instalações remotas, tri-
dissertação, foi elaborado um ensaio visando à puladas ou não.
análise posicional estatística do método. A primei- Sistemas de potência por radioisótopo têm
ra análise é a qualitativa e se baseia no erro médio suprido naves espaciais com energia primária
quadrático entre as feições extraídas pelo méto- para muitas missões espaciais desde 1961. Nesta
do e as feições pontuais de referência. A segunda dissertação foi feita uma análise sobre algumas

2o QUADRIMESTRE DE 2009 21
características de semicondutores e radioisó- drico com volume de 500cm3, do tipo câmara de
topos aplicados em RTGs, incluindo uma análise ionização, utilizando-se materiais de fácil aquisição
de sensibilidade relacionada à configuração dos e baixo custo. Baseado na fundamentação teórica
semicondutores no RTG, lançando os fundamen- pesquisada, o projeto em questão foi submetido a
tos para o desenvolvimento de futuras pesquisas. sucessivos testes, utilizando-se uma fonte de 137Cs,
O trabalho mostra a importância da conver- e medições sistemáticas com um eletrômetro tria-
são direta de energia para a matriz energética xial para leitura de corrente gerado pelo campo de
mundial, ilustra as fontes de energia conhecidas, radiação. Também foi feito o levantamento da radi-
descreve os principais sistemas de conversão di- ação de fundo do local onde ocorreram as medi-
reta de energia e as possíveis aplicações deste tipo ções para posterior compensação. Tendo em vista
de conversão. a sensibilidade dessa câmara de ionização, foi ob-
São apresentados os principais efeitos rela- servada uma grande dificuldade em realizar tais
cionados com este gerador, analisado um de seus medidas por causa da influência do meio.
principais componentes, o par termoelétrico, e Depois da realização das medidas, foi apli-
definidos os tipos de geradores termoelétricos. cado o método estatístico tipo “t” para constatar
Como responsáveis pela geração de energia, as a eficiência do detector. Também por meio de
fontes radioisotópicas são objeto de uma abor- cálculos, foi feito o levantamento da atividade
dagem abrangente e conceitual, incluindo os ti- correspondente à leitura da corrente realizado
pos de decaimento e os processos de interação pelo detector e comparado com a atividade no-
da radiação com a matéria. São abordados os cri- minal da fonte de 137Cs, para assim confirmar a
térios de seleção de radioisótopos, o método de reprodutibilidade do detector.
cálculo da massa nuclear para geração da energia Concluiu-se o bom funcionamento do proje-
requerida e o emprego da blindagem nos RTG. to em questão com a possibilidade de ampliação
em trabalho futuros.

DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL
DE UMA CÂMARA DE IONIZAÇÃO EFEITO DA IRRADIAÇAO GAMA SOBRE
AS CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS, SENSORIAIS
Autor: Rodrigo de Oliveira Teixeira E MICROBIOLÓGICAS DO FEIJÃO-FRADINHO
Orientador: Rex Nazaré Alves, D.Sc. IME (Vigna unguiculata (L.) Walp)
Curso: Engenharia Nuclear
Tese defendida no IME, em 10/ 01/08 Autor: Luciana Boher e Souza
Orientador: Keila dos Santos Cople Lima, D.Sc. IME
A análise da radiação pode ser realizada com Co-orientador: Maysa Joppert Coelho, Ph. D. IME
a ajuda de equipamentos capazes de detectar e Curso: Engenharia Nuclear
registrar sua presença. Este processo é realizado Tese defendida no IME em 07/03/08
pelo resultado produzido da interação da radiação
com um meio sensível de um medidor. Neste tra- O feijão-fradinho (Vigna unguiculata (L.)
balho foi produzido um detector de formato cilín- Walp) constitui-se em um dos principais compo-

22 2o QUADRIMESTRE DE 2009
nentes da dieta alimentar do Norte e do Nor- CÁLCULOS NEUTRÔNICOS DE REATORES
deste pelo elevado conteúdo de proteínas, car- TÉRMICOS A QUATRO GRUPOS DE
boidratos, vitaminas, minerais e fibras. O pro- ENERGIA APLICANDO OS MÉTODOS DO
cesso de irradiação é indicado como alternati- ALBEDO E DA DIFUSÃO (“CITATION”)
va no controle de pragas e aumenta a vida útil
do produto. Estudou-se o efeito da radiação Autor: Thiago Nascimento Barbosa
gama (0,5; 1,0; 2,5; 5,0 e lO,OkGy) de um irradiador Orientador: Ronaldo Glicério Cabral
com fonte de césio-137 nas características quí- Curso: Engenharia Nuclear
micas, sensoriais e microbiológicas em grãos de Tese defendida no IME, em 12/02/08
feijão-fradinho crus e prontos para o consumo,
depois da irradiação e durante o armazena- O método do Albedo tem como caracterís-
mento de 30, 60 e 180 dias. Análises de aminoá- tica principal o acompanhamento das correntes
cidos, oligossacarídeos, tiamina (vitamina B1), neutrônicas, permitindo uma análise detalhada
sensoriais, porcentagem fúngica, potencial dos fenômenos físicos de interação entre os nêu-
toxicológico de fungos e de micotoxinas foram trons e os núcleos dos materiais que compõem
realizadas nos grãos controle (sem irradiação) o conjunto núcleo-refletor.
e nos irradiados. Neste trabalho o método é aplicado para
Para as doses de radiação empregadas não quatro grupos de energia, nos quais vários algo-
ocorreram alterações significativas nos teores de ritmos foram desenvolvidos e integrados a um
aminoácidos. A combinação dos processos de programa computacional, denominado ALBE4G,
cocção e irradiação ocasionou redução dos teo- em linguagem FORTRAN. O programa tem a fi-
res de oligossacarídeos causadores de flatulência. nalidade de obter dados numéricos assim como
Os teores de tiamina não apresentaram diferen- coeficientes de núcleo e refletor (representantes
ças significativas entre os diversos tratamentos das interações neutrônicas), absorções, transmis-
e a amostra controle. Sensorialmente, a salada sões e fator de multiplicação de nêutrons (keff ).
de feijão-fradinho foi considerada aceita, não ten- As frações totais de absorção e transmissão bem
do sido percebida diferença significativa entre como o keff representam os resultados compara-
os produtos controle e irradiados. A radiação tivos concordantes dos quais foram encontra-
gama reduziu significativamente a presença de dos desvios relativos de keff que giraram em tor-
fungos do gênero Aspergillus a partir da dose de no de 0,2% e 0,6%. Os resultados obtidos pelo
2,SkGy. Não foram detectadas aflatoxinas nas código nuclear ALBE4G e o CITATION apresenta-
amostras controle e irradiadas. ram excelente concordância.
A irradiação do feijão-fradinho é uma al- Por fim pode-se concluir que o método do
ternativa eficaz e segura no combate a perdas Albedo é uma poderosa ferramenta de análise
provocadas pela presença de pragas e de fun- neutrônica para reatores térmicos e rápidos,
gos, auxilia na redução de substâncias antinu- gerando assim resultados complementares
tricionais, não alterando significativamente os àqueles obtidos por códigos nucleares proba-
teores de aminoácidos e de tiamina e as carac- bilísticos como SCALE 5 ou por determinísticos
terísticas sensoriais exigidas pelo consumidor. como CITATION e ANISN.

2o QUADRIMESTRE DE 2009 23
MODELAGEM DA ASSINATURA TÉRMICA SOLUÇÕES FUNDAMENTAIS PARA
DE UM CARRO DE COMBATE A TRANSFERÊNCIA DE CALOR
EM MICROCANAIS POR MEIO DA TÉCNICA
Autor: 1o Ten Aline Menezes dos Santos DA TRANSFORMAÇÃO INTEGRAL
Orientador: Prof. Rodrigo Otávio de Castro
Guedes – Ph. D. Autor: Felipe Pires da Silva Abrão
Curso: Engenharia Mecânica Orientadores: Rodrigo Otávio de Castro Guedes e
Tese defendida no IME em 11/01/08 Francesco Scofano Neto
Curso: Engenharia Mecânica
Nesta dissertação, analisa-se de forma sim- Tese defendida no IME, em 18/01/08
plificada a assinatura térmica de um carro de
combate utilizando a linguagem da ferramen- Há grande interesse atual em se estudar
ta computacional “MATLAB”. Assim, são execu- microcanais com o intuito de aplicá-los no resfria-
tadas a modelagem e a validação em um estu- mento de dispositivos eletrônicos. O objetivo
do de caso para a viatura de combate sobre la- deste trabalho é determinar quantidades de in-
gartas Leopard 1 A 1, atualmente em emprego teresse prático em um escoamento em desen-
pelo Exército Brasileiro, oferecendo-se uma es- volvimento térmico em microcanais sujeitos a
timativa sobre quais são as medidas a serem condições de contorno de variação exponencial
tomadas para redução significativa de sua assi- de temperatura ou fluxo de calor em relação à
natura térmica. direção do escoamento. Duas geometrias foram
Neste trabalho, verifica-se a assinatura tér- consideradas: tubo de seção circular e placas pla-
mica do carro de combate por meio da utiliza- nas paralelas. A metodologia adotada consistiu
ção de uma metodologia proposta inicialmen- na Técnica da Transformação Integral Clássica,TTIC,
te por Richardson (1998), em que é gerada uma auxiliada pelo Método da Filtragem. Concluiu-se
expressão simplificada para o contraste térmi- que há real necessidade de se incluir a dissipação
co de um alvo que, por sua vez, é empregado viscosa na formulação de problemas térmicos em
num modelo que simula o desempenho do sis- microcanais, visto que sua ausência ocasiona des-
tema de imageamento térmico. A viatura de vios significativos nos resultados encontrados.
combate Leopard, a exemplo do que foi execu-
tado com a viatura Challenger por Richardson
e King (2000), foi dividida em várias áreas e to- IMPLEMENTAÇÃO DE UMA METODOLOGIA
mada a média das temperaturas em cada uma PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO
dessas áreas para cada situação meteoroló- EM SISTEMAS INERCIAIS PUROS
gica da paisagem e funcionamento ou não
da viatura. Desta forma, conduziu-se um es- Autor: 1o Ten Jonas Luís de Souza Pinto
tudo de caso para a viatura Leopard 1 A 1 no Orientador: Prof. Geraldo Magela Pinheiro Gomes,
qual prediz-se a capacidade de um sensor in- Dr. ENSAE do IME
fravermelho em detectar o veículo, fornecendo Curso: Engenharia Elétrica
subsídios para reduzir a sua assinatura térmica. Tese defendida em 04/12/07

24 2o QUADRIMESTRE DE 2009
Este trabalho apresenta uma ferramenta ESTABILIZAÇÃO SIMULTÂNEA POR
computacional que auxilia na análise, no projeto CONTROLADORES DE ORDEM PREFIXADA:
e na especificação de sistemas inerciais e no de- SOLUÇÃO BASEADA NO
senvolvimento de sensores inerciais. Esta ferra- MÉTODO DAS PROJEÇÕES ALTERNADAS
menta é desenvolvida a partir de uma metodo-
logia para cálculo e propagação de incertezas em Autor: José Ricardo Cabral Avelar
um algoritmo, composto por um conjunto de Orientador: Decílio de Medeiros Sales, Dr. Eng.
equações diferenciais. Curso: Engenharia Elétrica
A partir de dados estatísticos dos parâ- Tese defendida no IME, em 14/12/07
metros dos modelos de giroscópios e acelerô-
metros (deriva sistemática, fator de escala, de- Este trabalho trata do problema de alfaes-
salinhamento...) e de perfis dinâmicos associa- tabilização simultânea de plantas com múltiplas
dos à missão que se deseja cumprir, essa ferra- entradas e saídas, por controladores de ordem
menta calcula e gera envelopes de incertezas das prefixada, utilizando como base o método das
informações de navegação e de estabilização (la- projeções alternadas.
titude, longitude, altura, rolamento, arfagem, O objetivo é não apenas solucionar proble-
rumo...), ao longo desse perfil dinâmico, com um mas específicos, mas desenvolver uma metodo-
nível de confiabilidade de 95,45%. logia generalizada, eficiente e confiável para cál-
culo de um único controlador que estabilize as
Software várias plantas envolvidas no sistema. Um algorit-
Parâmetros Algorítmos de navegação Informações mo computacional foi proposto para implemen-
do modelo de navegação
Algorítmos de estabilização
dos
Incerteza combinada
tar a metodologia desenvolvida e proporcionar
acelerômetros
Envelopes
Incerteza expandida de incerteza resultados que permitam avaliar a sua eficiência
Parâmetros Modelo de calibração
do modelo
dos acelerômetros
ao ser empregada em diversos casos da literatu-
dos Análise de
giroscópios Modelo de calibração sensibilidade ra especializada.
dos giroscópios
O trabalho apresenta, inicialmente, um es-
Tipo de perfil
tudo das ferramentas a serem utilizadas na me-
dinâmico compatível
com a missão todologia, e um estudo de sua aplicação para
solução de problemas de uma única planta, para
Este software ajudará o projetista avaliar se posterior aperfeiçoamento e adaptação ao pro-
o conjunto de sensores utilizados em um sistema blema multiplanta. Em seguida, é feita uma apre-
inercial está adequado às especificações da mis- sentação formal do problema a ser resolvido,
são. Também será possível analisar a sensibilida- é apresentada a metodologia existente (para
de das informações de navegação e de estabiliza- uma única planta) e é proposta a nova metodo-
ção em relação a um determinado parâmetro do logia (para várias plantas), ressaltando as mu-
sensor inercial isoladamente. Dessa forma, será danças realizadas.
possível separar os parâmetros mais sensíveis dos O método proposto é testado em diversos
sensores à realização da missão e direcionar os es- modelos, tanto acadêmicos quanto reais, resultan-
forços de projeto para melhorar esses parâmetros. do em sistemas alfaestáveis em malha fechada.

2o QUADRIMESTRE DE 2009 25
IDENTIFICAÇÃO LINEAR A PARÂMETROS procedimento recursivo de estimação dos es-
VARIANTES NO TEMPO tados de um sistema, sendo que estes estados
DE SISTEMAS NÃO LINEARES serão os coeficientes do modelo LPV que se
deseja identificar.
Autor: Cap Wagner José Moreira A metodologia foi testada em modelos
Orientador: TC Paulo César Pellanda, Dr. ENSAE acadêmicos (massa-mola-amortecedor de 2a e
Curso: Engenharia Elétrica 4a ordens), modelos no domínio aeroespacial
Tese defendida no IME, em 29/01/2008 (míssil não linear e Veículo Lançador de Satéli-
tes – VLS) e sistemas com ruídos na saída.
Este trabalho aborda a identificação Linear a
Parâmetros Variantes (LPV) no tempo de sistemas
não lineares. EXTRAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS PARA
É desenvolvida uma metodologia analítica IDENTIFICAÇÃO DE HELICÓPTEROS
para identificação de modelos LPV. Considerando EM RADARES DE DEFESA ANTIAÉREA
que um sistema não linear pode ser representa-
do por uma equação diferença variante no tem- Autor: 1o Ten Heraldo Cesar Alves Costa
po, a variação dos seus coeficientes é aproximada Orientador: TC Marcílio Castro de Matos
por um polinômio dependente de um parâmetro Curso: Engenharia Elétrica
B, cujos valores, aliados a um conjunto de dados Tese defendida em 08/01/08
de entrada e de saída, supõem-se conhecidos.
Com o objetivo de minimizar uma função cus- A capacidade de identificar helicópteros é
to quadrático médio, constrói-se um Sistema de uma característica bastante desejável em rada-
Equações Lineares (SEL) que, ao ser resolvido, re- res de defesa antiaérea, como uma forma alter-
sulta nos coeficientes do modelo LPV identificado. nativa de determinar se um alvo é amigo ou ini-
Os resultados obtidos inicialmente foram migo. Entretanto, essa ainda é uma tarefa desafi-
melhorados realizando-se uma identificação por adora para qualquer sistema de radar. O méto-
partes, dividindo-se os dados em intervalos me- do clássico para identificação de helicópteros
nores de tempo. Assim, chega-se a um conjun- utiliza o quociente entre o comprimento das
to de modelos que representam o sistema ori- pás e o número de pás do rotor principal, no
ginal, em vez de um modelo único. Apesar dis- qual duas características do sinal são medidas:
so, a continuidade na região de transição entre o tempo entre picos consecutivos no domínio
modelos é garantida. do tempo e a velocidade da ponta da pá, no
O método é então estendido a sistemas domínio da frequência. Infelizmente, essas ca-
multivariáveis do tipo MISO (do inglês Multiple racterísticas são difíceis de serem medidas em
Inputs Single Output), sendo que o número de ecos de alvos reais com altos níveis de ruído.
coeficientes a serem identificados aumenta de Este trabalho mostra as dificuldades para reali-
acordo com o número de entradas do sistema. zar estas medidas, determina a frequência de
Por fim, mostra-se que a identificação pode repetição de pulso necessária para a obtenção
ser realizada utilizando um Filtro de Kalman, do eco do helicóptero sem falseamento, apre-

26 2o QUADRIMESTRE DE 2009
senta uma nova forma de modelagem do eco manda de combustível e seu valor ótimo para o
de helicóptero, propõe uma nova forma de aná- cumprimento da missão.
lise de sinal complexo utilizando Transformada Alguns resultados de ensaios específicos
Wavelet Contínua e um novo método para a foram apresentados, ilustrando diversos cená-
medição do tempo entre picos. rios em operações empregando-se VANTs na
qual é feita uma análise crítica e exibida as di-
versas funcionalidades que a metodologia em-
UTILIZAÇÃO DA VERIFICAÇÃO pregada possibilita.
DE MODELOS PARA O PLANEJAMENTO DE A figura abaixo exemplifica uma análise so-
MISSÕES DE VEÍCULOS bre a região alcançável de um VANT em seu teatro
AÉREOS NÃO TRIPULADOS de operações, bem como realiza o detalhamento
sobre a região de possível falta de combustível,
Autor: George Souza Costa como também a região de possível perda de traje-
Orientador: Antonio Eduardo Carrilho da Cunha, tória do VANT por causa da perturbação do vento.
Dr. Eng.
Curso: Engenharia Elétrica Esboço da região alcançável via dados do PHAVER

Tese defendida no IME em 29/02/08 1000


900 Falta de combustível (b)
Saída de trajetória (a)
800
Coordenada retangular y

Este trabalho tratou do planeja- 700


600

mento de missões de veículos aéreos 500


a) b)
400
não tripulados (VANTs) por intermé- 300
200
dio da aplicação de técnicas de verifi- 100

cação de modelos dinâmicos híbridos. 0

200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 2200
O objetivo no planejamento de Coordenada retangular x

missões consiste basicamente em de-


terminar, com segurança, a exequibilidade das NOVAS CONTRIBUIÇÕES À VERIFICAÇÃO
operações realizadas com VANTs, baseados na AUTOMÁTICA DE
modelagem híbrida das características desses LOCUTOR PARA FINS FORENSES
veículos, como também das missões que deve-
rão realizar. Autor: Jorge Frederico Vieira Campos Flores
Dentro dessa perspectiva foi desenvolvi- Orientador: José Antonio Apolinário Junior
da uma ferramenta, fruto de uma implemen- Curso: Engenharia Elétrica
tação que integrou o MATLAB e o PHAVER, na Tese defendida no IME em11/02/2008
qual a partir das informações de parâmetros
inerentes ao VANT e de sua respectiva missão Esta dissertação aborda contribuições à
foi possível avaliar toda a região alcançável pelo Verificação Automática de Locutor (VAL) inde-
veículo no teatro de operações, bem como a pendente do texto para fins forenses. Foi realiza-
influência do ambiente – o vento –, conjunta- do um estudo prévio do mecanismo de produ-
mente com a possibilidade de avaliação da de- ção da fala, das principais características dos sinais

2o QUADRIMESTRE DE 2009 27
de voz em âmbito forense (pitch e formantes), de o ganho de verossimilhança dos modelos GMM
características de reconhecimento de áudio e fala obtido em duas situações: EM-RP versus EM e
que foram introduzidas no estudo da VAL (coefi- EM-GA versus EM.
cientes de tonalidade, SFM, SCF e SSC) e dos coe-
ficientes mel-cepstrais (MFCC) e de suas duas
primeiras derivadas (coeficientes delta e delta- EFEITOS DO TRATAMENTO TÉRMICO COM
delta, respectivamente). Foi estudado, ainda, o CdCl2 SOBRE FILMES FINOS DE CdS
mecanismo de extração de características com
sincronismo por períodos de pitch. Autor: Gisele Duarte Caboclo
Para o contexto forense, foi estudado tam- Orientador: Leila Rosa de Oliveira Cruz
bém o estado da arte dos protocolos de perícia Curso: Ciência dos Materiais
fonética atualmente existentes no Brasil. Ao fim Tese defendida no IME, em 14/02/08
desse estudo, implementou-se uma técnica que
emprega histogramas dos formantes extraídos Filmes de sulfeto de cádmio (CdS) com es-
dos sinais de voz, conhecida como Distribuição pessuras em torno de 1000Å foram depositados
de Formantes a Tempo Longo (LTF). por banho químico — chemical bath deposition
Sob o ponto de vista matemático, foram (CBD) sobre substratos de vidro recobertos com
estudadas as técnicas que dão suporte às avalia- um filme fino condutor transparente de óxido de
ções de VAL: a estimação ML dos parâmetros estanho dopado com flúor (SnO2:F). A tempera-
dos modelos GMM (algoritmo EM), uma nova tura do banho e a concentração dos reagentes
técnica de estimação ML do modelo GMM base- foram variadas com o intuito de entender suas in-
ada na redução de dimensão utilizando matri- fluências sobre as propriedades dos filmes. O au-
zes de projeção selecionadas via algoritmos ge- mento da concentração dos reagentes e da tem-
néticos (EM-GA) e uma técnica anteriormente peratura deu origem a filmes mais espessos. Altas
proposta que emprega projeção aleatória (EM- temperaturas também promoveram filmes mais
RP). Também foi realizado um estudo dos Discri- uniformes, com melhores propriedades ópticas.
minantes de Fisher sob o aspecto de avaliação Os filmes finos de CdS foram submetidos a
das características mais discriminativas na ta- tratamentos térmicos a diferentes temperatura
refa de verificação. na faixa de 350°C–450°C, na presença de cloreto
Os resultados da avaliação da VAL, com su- de cádmio (CdCl2). Com o intuito de isolar os efei-
porte da análise do Discriminante de Fisher, são tos do CdCI2, outras amostras foram submetidas
mostrados em três fases distintas: na primeira, é a recozimentos, à mesma temperatura na ausên-
avaliada a VAL pela técnica LTF; na segunda, são cia de CdCl2. A incorporação de CdCl2 durante o
avaliados os modelos GMM (via algoritmo EM tratamento térmico foi realizada de três formas
simples) das características MFCC, SSC, SCF, tona- diferentes: por imersão das amostras na solução
lidade e SFM de forma isolada e em conjunto; de CdCl2 por exposição das amostras a vapor de
finalmente, na terceira, é avaliado o ganho de CdCI2 e por deposição de um filme de CdCI2 so-
desempenho do algoritmo EM-GA sobre os al- bre a superfície das amostras. Os resultados mos-
goritmos EM e EM-RP e sua correspondência com traram que o CdCl2 possui um importante pa-

28 2o QUADRIMESTRE DE 2009
pel no crescimento dos grãos, na cristalização, nomos. A idéia principal de agentes em um siste-
na transição da fase cúbica para a fase hexago- ma multiagentes é que um comportamento glo-
nal e na melhoria das propriedades ópticas. Ape- bal inteligente possa ser alcançado a partir dos
sar de os tratamentos térmicos a vapor e por comportamentos individuais dos mesmos. Fun-
imersão terem sido mais eficientes em promo- cionalidades de sistemas estão sujeitos à compo-
ver estas alterações, tratamentos térmicos com sição explícita no decorrer de seus respectivos de-
depósito de um filme de CdCl2 foram menos seve- senvolvimentos, revelando código espalhado e
ros, originando filmes mais contínuos e uniformes. entrelaçado, principalmente entre requisitos fun-
Células solares foram fabricadas utilizando cionais e não funcionais. O paradigma de orienta-
filmes tratados e não tratados de CdS. Os resulta- ção a aspectos procura evitar este tipo de proble-
dos não foram conclusivos, por causa dos diver- ma, oferecendo uma entidade chamada aspecto,
sos fatores limitantes agindo fora da camada de de maneira que a composição entre módulos seja
CdS, tais como: alta resistência em série e retifica- realizada fora do contexto da aplicação.Tais módulos
ção do contato de fundo. Contudo, uma melhoria são conhecidos como características transversais.
na corrente de curto-circuito foi observada nas Este trabalho tem como objetivo apresen-
células que utilizavam o CdS tratado, o que de- tar a plataforma AspectualJADE para promover
ve estar relacionada às propriedades superiores a modularização de características transversais
da camada de janela de CdS tratada com CdCl2. em sistemas multiagentes, por intermédio do
paradigma de orientação a aspectos. A platafor-
ma AspectualJADE propõe uma integração entre
ASPECTUALJADE: UMA PLATAFORMA PARA o framework para desenvolvimento de agentes,
DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS o JADE e a linguagem para desenvolvimento de
MULTIAGENTES COM MODULARIZAÇÃO DE aspectos, o AspectJ. Além disso, provê um mode-
CARACTERÍSTICAS TRANSVERSAIS lo de composição baseado nas abstrações, como
agentes, aspectos, planos e ações; e nos relacio-
Autor: João Alberto Neves dos Santos Filho namentos horizontais e verticais propostos pelo
Orientador: Ricardo Choren Noya framework ACROSS. Uma prova de conceito foi
Curso: Sistemas de Computação realizada para mostrar o modelo de composi-
Tese defendida no IME, em 21/12/2007 ção apresentado pela plataforma AspectualJADE.

Com o aumento da complexidade de siste-


mas, cada vez torna-se mais necessária a presen- DOMINIUM: UMA ABORDAGEM PARA
ça de entidades que possuam a capacidade de REGULAR SMA EM AMBIENTES
autonomia, ou seja, a capacidade de tomar deci- DINÂMICOS E GEORREFERENCIADOS
sões sem a interação humana ou de outros siste-
mas previamente desenvolvidos para este fim. Autor: Pier-Giovanni Taranti (Capitão de Corveta – MB)
Para atender a esta demanda, Sistemas Mul- Orientador: Ricardo Choren Noya
tiagentes disponibilizam agentes, que são entida- Curso: Mestrado em Sistemas e Computação
des computacionais com comportamentos autô- Tese defendida no IME, em 05/12/07

2o QUADRIMESTRE DE 2009 29
Em um sistema multiagente (SMA) não é possí- transgressão de normas (enforcement); bibliotecas
vel prever, em tempo de projeto, o conjunto de de verificações e consequências utilizadas nas tare-
todas as interações entre agentes ou entre es- fas de verificação de normas e enforcement; e um
tes e o ambiente. Isto fica ainda mais difícil, pois o banco de dados com suporte geográfico (GisBD).
ambiente pode possuir características de dinâ-
mica próprias, ou seja, pode alterar seu estado
no decorrer do tempo, sendo necessário aos agen- DETECÇÃO DE ANOMALIAS
tes perceber estas mudanças. Além disso, o am- EM TRÁFEGO HTTP
biente pode representar o mundo físico, conten-
do, portanto, representação geográfica virtual de Autor: Ten Emanuel José Pacheco Freire
objetos ou regiões que afetem o processo deci- Orientadores: Maj Ronaldo Moreira Salles, Ph.D. e
sório do agente. Prof Artur Ziviani, Dr.
No entanto, para que seja possível construir Curso: Sistemas e Computação
SMA fidedignos é necessário limitar a incerteza Tese defendida no IME, em18/01/08
causada pela autonomia dos agentes a níveis acei-
táveis e conhecidos. SMA regulados são siste- O presente trabalho apresenta uma meto-
mas nos quais existem normas que limitam as dologia para a detecção de fluxos anômalos em
ações dos agentes, orientando suas decisões. tráfego HTTP. Considera-se como anomalias o trân-
Existem diversas abordagens para regular SMA, sito de algum outro protocolo pelas portas reser-
mas estas não consideram, especificamente, a vadas para HTTP. A metodologia foi avaliada com
existência de SMA onde o ambiente é dinâmico dados reais coletados a partir de um provedor de
e georreferenciado. acesso Internet para o caso de fluxos de voz sobre
Este trabalho apresenta uma arquitetura IP (VoIP) presentes em tráfego HTTP. Os resulta-
para regular SMA em ambientes dinâmicos e dos experimentais mostraram uma boa eficiência
georreferenciados, chamada Dominium. A arqui- do algoritmo para detecção VoIP, obtendo uma
tetura é composta por: um modelo conceitual ca- detecção de 90% dos fluxos possíveis de serem
paz de representar o domínio do sistema; um identificados com aproximadamente 2% de fal-
componente de regulação que tem por fim infor- sos positivos ou uma detecção de 100% de flu-
mar os agentes da aplicação a que normas eles xos VoIP com uma taxa de falsos positivos de até
estão sujeitos, verificar se os mesmos as estão 5%. Também foi avaliada nossa proposta em uma
cumprindo e executar medidas previstas para simulação de detecção em tempo real.

30 2o QUADRIMESTRE DE 2009
TECNOLOGIA

Concepção do sistema de
alimentação de um lançador
de granadas de 40mm
Leônidas de Andrade Oliveira*,
Wanderley Ferreira de Amorim Júnior**,
e Juscelino de Farias Maribondo***
RESUMO
A assimetria gerada pelo crime organizado e o terrorismo exige o desenvolvimento de equipamentos
com características especiais pelas forças de segurança do Estado. Os lançadores de granadas multitiro
de assalto são considerados equipamentos essenciais no combate a essas ameaças. O objetivo deste
trabalho é a concepção do sistema de alimentação de um lançador de granadas de 40mm. O projeto de
concepção escolhido se desenvolveu por meio de uma série de estágios do processo de projeto. Foram
geradas 12 concepções de dispositivos para compor o sistema. A partir da aplicação de critérios técnicos
foi escolhida uma concepção para ser apresentada ao final deste trabalho. Esta concepção apresen-
tada torna possível a construção de um protótipo de lançador de granadas de fabricação nacional.

PALAVRAS-CHAVE
Lançador de granadas, mecanismo de rotação, ação tipo revólver, sistema de alimentação de armas de fogo.

Introdução gentes, destacando-se: busca e isolamento, corte


de seus canais de suprimento, controle de locali-
As características das ameaças à Soberania dades habitadas e de pontos dominantes, “limpe-
Nacional mudaram consideravelmente no mundo za” de territórios ocupados e para escolta de com-
nos últimos anos. A contraposição ao crime orga- boios. Os futuros combates poderão se realizar em
nizado e ao terrorismo assumiu maior importân- áreas adversas, como cidades ou regiões monta-
cia, o que levou ao desenvolvimento de uma nova nhosas, e, frequentemente, o inimigo poderá usar
linha de armamentos de características especiais. inocentes como escudo. Essas considerações leva-
O combate ao crime organizado e ao terro- ram inicialmente à definição das características bá-
rismo apresenta uma série de tarefas bem abran- sicas desejáveis para o desenvolvimento de uma
nova geração de armas.
A maioria das armas utilizadas no controle
* leonidasandrade@yahoo.com.br
* * engenheiromec@yahoo.com.br de distúrbios ressente-se do fato de serem “de
*** juscelin@dem.ufcg.edu.br um só tiro”, ou seja, exigem carregamento depois

2o QUADRIMESTRE DE 2009 31
de cada disparo. Nas últimas décadas, entretanto, baseados em dois princípios de funcionamen-
já começam a surgir algumas armas que arma- to: sistema de ação revólver (revolver action
zenam vários cartuchos em seus carregadores, type) e o sistema tipo CWS (clockwork-type spring
permitindo aos policiais que as portam disparar ou tipo mola para mecanismo de relógio) que
em sequência rápida, utilizando inclusive vários ti- usa uma mola espiral como acionamento ou pro-
pos de munição a partir de um mesmo carregador. pulsão (driving). Esses sistemas serão descritos
Para a solução desse problema é necessário a seguir.
o desenvolvimento de uma arma antidistúrbio
que elimina a necessidade de recarga depois de Sistema do Tipo Ação Revólver
cada disparo.
Trata-se de um lançador de granadas semiauto- Os primeiros revólveres eram realmente pe-
mático com alta cadência de tiro e elevada precisão, quenos canhões (uma bola de ferro era arremes-
tendo um tambor rotativo contendo seis cartuchos sada com a explosão da pólvora dentro de um
e que pode facilmente ser reabastecido a qual- tubo), inclusive com o problema de ter de se
quer tempo, permitindo que o atirador aproveite recarregar a pólvora e a bala de metal a cada
a qualquer interrupção na ação para recarregar a disparo. O americano Samuel Colt, então com
arma com sua capacidade máxima de munição. apenas 21 anos, patenteou em 1835 um novo
O papel dos lançadores de granadas vem se tipo de arma com tambor, uma peça cilíndrica
tornando cada vez mais difundido. Eles permitem o que armazena as munições e gira a cada dispa-
engajamento de uma ampla variedade de alvos ro, deixando a arma pronta para o tiro seguinte.
com um mínimo de esforço e um máximo de efeito. Surgia então o revólver moderno.
Surge, portanto, a necessidade de estudo e O princípio do sistema tipo ação revólver
obtenção de tecnologia para o desenvolvimento basicamente consiste nas seguintes ações: quan-
de um lançador de granadas nacional que possa do se aciona o gatilho, entra em cena um siste-
assegurar às Forças Armadas brasileiras a capaci- ma de alavancas e molas para acionar o percus-
dade ofensiva adequada para o cumprimento dos sor e girar o tambor. Impulsionado pela explo-
seus atributos. são da pólvora, o projetil sai do cano. O funciona-
Diante do exposto este trabalho tem por mento desse sistema pode ser mais bem com-
objetivo apresentar a concepção de um meca- preendido, a seguir:
nismo de rotação do tambor de um lançador de O funcionamento do revólver é todo mecânico.
granadas 40mm, com vistas a proporcionar co- O disparo de cada tiro depende de um sistema
nhecimentos necessários ao desenvolvimento de alavancas e molas que interliga e muda a posi-
de um modelo nacional desse tipo de armamento. ção de três peças essenciais: o gatilho (1), o marte-
lo ou cão (2) e o tambor (3).
Mecanismos de Rotação do
Quando o gatilho (1) é acionado, o “cão” ou
Tambor de Alimentação dos Lançadores
martelo (2) do revólver é empurrado para trás (sen-
de Granadas de Assalto
tido da seta) e o tambor (3), local onde ficam arma-
Os mecanismos de rotação do tambor de zenadas as munições, é rotacionado, colocando em
alimentação desses lançadores de granadas são posição de disparo uma das munições, Figura 1.

32 2o QUADRIMESTRE DE 2009
cia e da arte relacionada aos instrumentos de me-
dição de tempo. Relógios e cronógrafos são exem-
plos de instrumentos usados para medir o tem-
po. Os profissionais especializados em horologia
são chamados horologistas.
Qual a relação entre horologia e os lançado-
res de granadas? A concepção do mecanismo de
rotação do tambor de alimentação do lançador
de granadas mostrado nesse trabalho tem suas
Figura 1 – Mecanismo de giro e disparo
bases de concepção atribuídas a um mecanismo
do sistema ação tipo revólver
de acúmulo de energia elástica do tipo CWS, o
Uma mola (4) é o elemento de máquina res- qual obedece ao mesmo princípio de funcio-
ponsável pelo movimento inverso do martelo namento dos mecanismos usados em relógios.
(sentido da seta), ou seja, o martelo desloca-se em Esse mecanismo tem como princípio básico a
direção à base da munição com grande velocida- utilização de molas espirais como acumulador
de, Figura 2. Dessa forma o projetil é disparado. de energia elástica, conforme mostrado na Fig. (3).

Figura 2 – Retorno do martelo depois


Figura 3 – Mecanismo de acúmulo de energia
do disparo do projetil
elástica usado em relógios

Sistema do Tipo CWS (Clockwork Spring) Metodologia

O processo de projeto
Um mecanismo de acúmulo de energia elás-
tica, de pouco peso, compacto, de baixo custo e O projeto de um equipamento militar ou de
capaz de realizar trabalho é o mecanismo usado qualquer outro produto industrial é um proces-
em relógios cujo princípio de funcionamento é ba- so especializado de resolução de problemas. Nes-
seado na utilização de uma mola espiral. Vide Fig. (3). te estudo o processo desenvolveu-se por intermé-
O estudo desse tipo de mecanismo nesta dio de uma série de estágios do processo de pro-
aplicação: relógio faz parte de uma área de estu- jeto denominados de fases.
do chamada horologia ou ciência horologística. Na Fig. (4) apresenta-se o processo de proje-
Em outras palavras, horologia é o estudo da ciên- to e seus estágios principais no desenvolvimento

2o QUADRIMESTRE DE 2009 33
mais normas técnicas relacionadas ao tema de
INÍCIO DO
estudo, visando entre outros aspectos seguran-
NECESSIDADE, DESEJO, FALTA
PROJETO
ça operacional, confiabilidade, eficiência e eficácia.
Na fase do projeto detalhado, desenvolve-
FASE 1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
se todos os desenhos das partes, subconjuntos
FASE 2 PROJETO CONCEITUAL e conjunto informando ajustes, tolerâncias, aca-
bamentos, pesos, materiais, quantidades etc.
FASE 3 PROJETO PRELIMINAR Na fase seguinte, construção de protótipo
e testes busca-se obter a solução física, concreta,
FASE 4 PROJETO DETALHADO
para a necessidade inicial do problema de proje-
CONSTRUÇÃO DE to, a fim de que sejam levantados dados técni-
FASE 5 PROTÓTIPO E TESTES
cos reais de seu funcionamento e da sua segu-
NÃO SIM
FIM DO
rança operacional, com vista a comparar parâ-
Aprovado?
PROJETO
metros destinados a aprová-lo ou encaminhá-lo
a novas melhorias.
Figura 4. Processo metodológico aplicado no No estudo em questão foram desenvolvi-
desenvolvimento do trabalho
das as duas primeiras fases, a saber: Fase 1 – Defi-
da concepção de projeto proposto por este tra- nição do problema; e Fase 2 – Projeto conceitual, as
balho: Definição do Problema, Projeto Conceitual, quais podem ser mais bem visualizadas na Fig. (5).
Projeto Preliminar, Projeto Detalhado, Constru-
ção de Protótipo e Testes.
INÍCIO DO
A fase de definição do problema tem por PROJETO
NECESSIDADE, DESEJO, FALTA

objetivo maior levantar informações técnicas


FASE 1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
pertinentes ao entendimento da necessidade a
atender e com isso obter dados para o estabele- FASE 2: Projeto conceitual
cimento das chamadas especificações de proje-
Etapa 2.1 ABSTRAIR O PROBLEMA
to, ou seja, o guia, o “mapa” para o desenvolvi-
mento do projeto. Etapa 2.2 PROCURAR PRINCÍPIOS
DE SOLUÇÃO
Na fase de concepção, busca-se visualizar
ELABORAR VARIANTES
a melhor solução de projeto para a necessida- Etapa 2.3 CONSTRUTIVAS

de a atender. Para tanto procura-se abstrair ESCOLHER A MELHOR


Etapa 2.4 VARIANTE CONSTRUTIVA
do problema, estabelecer estruturas funcionais,
estabelecer princípios de solução, apresentar
NÃO
concepções de projeto e escolher a que melhor Concepção
escolhida

atenda as especificações de projeto geradas SIM

na fase 1. FASE 3 PROJETO PRELIMINAR

Na fase do projeto preliminar, busca-se di-


mensionar a concepção escolhida levando em Figura 5 – Fluxograma da metodologia de concepção de projeto adotado
consideração as especificações de projeto e de- nesse trabalho. Fonte (Adaptado de Pahl e Beitz, 1996)

34 2o QUADRIMESTRE DE 2009
No entanto dar-se-á destaque, neste trabalho, à rior. Pode-se fazer uso de princípios de solução
Fase 2 – Projeto conceitual. já existentes no mercado ou, a partir de então,
A fase do projeto conceitual foi desdobra- desenvolver um novo princípio de solução por
da em quatro estágios, a saber: Etapa 2.1 – Abs- meio de outro projeto ou outra necessidade. Para
trair o problema; Etapa 2.2 – Procurar princípios a função “abrir tampa”, por exemplo, podem-se
de solução; Etapa 2.3 – Elaborar variantes cons- apresentar os seguintes princípios de solução:
trutivas; e, por fim, Etapa 2.4 – Escolher a melhor abrir manualmente, por meio de uma ferramen-
variante construtiva. ta, por meio de uma máquina.
A etapa de abstração do problema é um Estabelecidos os princípios de solução
estágio do processo de projeto destinada a se para as funções dos componentes do projeto,
livrar das formas físicas do produto e vê-lo a par- chega-se o momento de elaborar as variantes
tir de suas funções global, parciais e elementa- construtivas. Em outras palavras, compor a par-
res. O termo função pode ser compreendido tir de uma matriz, chamada Matriz Morfológica,
como uma caixa preta contendo entradas, saí- destinada a gerar as várias combinações pos-
das, restrições, em atendimento a certos parâ- síveis de projeto, composta de linhas (funções)
metros técnicos. É enunciada a partir de um ver- e colunas (princípios de solução), as inúme-
bo (ação) mais um substantivo (quem sofre a ras concepções de projeto possíveis para a de-
ação). Um exemplo de uma função é apresenta- manda inicial.
do como se segue: Abrir tampa. Abrir é o verbo Por fim, na etapa destinada à escolha da me-
que determina a ação de que algo seja aberto, lhor variante construtiva, faz-se uso das especi-
no caso a tampa que representa o substantivo, ficações de projeto como filtro destinado a auxi-
ou seja, quem sofre a ação. liar o projetista a escolher, entre as concepções
Estabelecidas as várias funções do sistema de projeto apresentadas, a que melhor contem-
monta-se a estrutura funcional do produto em pla o “mapa” do projeto. Entre os pontos que
desenvolvimento, ou seja, as interações entre as constituem este “mapa” pode-se citar: baixo cus-
funções estabelecidas. Neste momento podem- to – Valor entre R$ X,00 e R$ Y,00. A Fig. (6) mostra
se compor novas funções a estrutura funcional uma representação de uma Matriz Morfológica.
inicialmente estabelecida ou
mesmo duplicar ou suprimi-
Princípios de solução
las com vistas a gerar novas
Função Princípio Princípio Princípio
propostas funcionais para o de solução de solução de solução Cada coluna pode
parcial 1
problema em estudo. Con- 1.1 1.2 1.m gerar uma alternativa
Princípio Princípio Princípio de concepção de
cluído este estágio, passa-se à Função Função projeto ou ainda a
global parcial 2 de solução de solução de solução combinação de
Etapa da busca por princípios 2.1 2.2 2.m princípios de solução
de colunas variadas
de solução. Função Princípio Princípio Princípio
parcial n de solução de solução de solução desde que atendam
as funções parciais.
Nesta etapa a intenção é n.1 n.2 n.m
encontrar ou desenvolver ma-
Concepção 1 Concepção n
neiras de atender as funções
estabelecidas na etapa ante- Figura – 6: Exemplo de uma representação de uma Matriz Morfológica

2o QUADRIMESTRE DE 2009 35
Concepção do Sistema de global que se subdivide em quatro problemas
Alimentação de um Lançador parciais, a saber: Tambor de alimentação rotativo,
de Granadas dE 40 mm acionamento ou driving, mecanismo de liberação
e parada do tambor de alimentação rotativo e
Para o estabelecimento da concepção do mecanismo de extração.
sistema de alimentação de um lançador de gra- Problema Parcial 1: Tambor de Alimenta-
nadas de 40mm, foi necessário efetuar uma pes- ção Rotativo (TR)) – Esse problema parcial cons-
quisa detalhada em produtos semelhantes pro- titui-se de um cilindro rotativo com várias câma-
duzidos em oito países e nos bancos de paten- ras onde ficam alojadas as granadas a serem dis-
tes dos Estados Unidos da América e do Brasil. paradas conhecido como carregador. Durante o
Nesta oportunidade foram analisadas 36 armas levantamento do estado da arte, foi verificado
que utilizam um tambor de alimentação rotativo que a maioria dos lançadores de granada usa-
pré-municiado como carregador, sendo selecio- vam tambor de alimentação com capacidade
nadas destas armas pesquisadas 10, mostradas para alojar entre cinco e seis granadas. Optou-
na Tab. (1). se neste projeto um tambor de alimentação com
Baseado no levantamento do estado da capacidade para seis granadas. A título de exem-
arte realizado na Fase 1, observou-se que: plo, a Fig. (7) mostra o tambor de alimentação
a) Não foi possível ter acesso aos desenhos de um revólver Rossi calibre 38.
detalhados do projeto do mecanismo de rota-
ção do tambor de alimentação de um lançador
de granada, indicando que essa tecnologia é de
conhecimento restrito ao detentor da patente.
b) Neste trabalho o mecanismo de rotação
do tambor de alimentação de um lançador de
granada de 40mm a ser concebido será do tipo
que utiliza uma mola espiral como acumulador
Figura 7 – Tambor de revólver Rossi calibre 38
de energia para rotacionar o tambor de alimen-
tação conhecido como Clockwork Spring (CWS), Problema Parcial 2: Acionamento ou Dri-
mecanismo adotado na maioria dos lançadores ving (M) – Esse problema parcial constitui-se de
de granada pesquisados. uma peça que transmite a energia elástica ar-
c) O projeto do mecanismo de rotação de mazenada em uma mola espiral ao tambor de
um tambor de alimentação de um lançador de alimentação. Conforme o levantamento do es-
granada de 40mm não constitui apenas a con- tado da arte, verificou-se que os lançadores de
cepção de um único mecanismo, mas sim o de- granada mais avançados usam uma mola espi-
senvolvimento de um conjunto de dispositivos ral para acionar a rotação dos seus tambores de
que funcionam de forma sincronizada, constitu- alimentação. Para propor o princípio de solução
indo dessa forma os problemas parciais. por meio desse mecanismo foi necessário anali-
O resultado da Etapa 2.1 baseado na Fase 1 sar a montagem de uma mola espiral em três me-
ver Fig. (6) constitui-se na solução do problema canismos diferentes, a saber: num brinquedo,

36 2o QUADRIMESTRE DE 2009
Tabela (1) – Armas pesquisadas no desenvolvimento da concepção
de projeto proposta neste trabalho

Tipo do Número Alcance


Modelo País Mecanismo Calibre Comprimento Peso de
Efetivo
de Rotação disparos
ó
6,2kg

5,3kg

6,0kg

ó 5,7kg

ó
3,11kg
Canadá

á
â

depois de

2o QUADRIMESTRE DE 2009 37
faz uso de um pistão que é acionado pelos gases
oriundos do disparo. O tambor de alimentação exe-
cuta um arco de revolução a cada disparo, portanto é
necessário um mecanismo capaz de alinhar uma nova
granada com o cano da arma depois de cada disparo.

Figura 11 – Rotação do
tambor para acionamento
da mola espiral
Figura 8 – Sistema de propulsão de um brinquedo.
Fonte (Disponível em: <http://members.shaw.ca/meccano/
mecmotor.html> Acesso em: 20/09/2007)

Problema Parcial 4: Mecanismo de Extra-


ção – Esse problema parcial constitui-se de um
mecanismo responsável pela extração da cápsu-
la das granadas disparadas. Apesar de ter sido
proposto uma concepção inicial para o mecanis-
Figura 9 – Mola espiral usada em portas basculantes mo de extração, baseado no sistema de extração
do revolver Webley, Fig. (12), notou-se que essa
solução traria uma maior complexidade no de-
senvolvimento do mecanismo de rotação desse
projeto, fugindo dos objetivos desse trabalho. A
concepção desse mecanismo então foi descartada.

Figura 12 – Sistema de
Figura 10 – Mecanismo de um relógio e seu acionamento: a mola espiral extração do revólver Webley.
Fonte: (Disponível em:
numa porta basculante e num relógio acionado por <http://serioussamfr.free.fr/
este tipo de mola. Vide Figs. (8), (9) e (10). armes.html> Acesso em:
Problema Parcial 3: Mecanismo de Liberação 20/09/2007)
e Parada do Tambor de Alimentação Rotativo (LP)
– Esse problema parcial constitui-se de um meca-
nismo que controla o giro do tambor de alimenta-
ção depois de cada disparo. No modelo da Mildor Na Etapa 2.2, foram gerados os princípios de
MGL – MK 1 este tambor é rotacionado por uma mola solução para os problemas parciais descritos ante-
espiral que é carregada pela ação manual do infan- riormente. Para maiores esclarecimentos vide as
te ao girar o cilindro de carregamento, vide Fig. (11). Tabelas (2), (3) e (4).
Seu giro é controlado, no momento dos dis- Na Tab. (2) apresentam-se as possíveis solu-
paros, por um sistema de parada e liberação que ções para o Problema Parcial 1 – Tambor rotativo.

38 2o QUADRIMESTRE DE 2009
Tabela (2) – Princípios de soluções para o Problema Parcial 1: Tambor Rotativo (TR)

Código Concepção Descrição

Essa é a concepção básica de qualquer tambor rotativo destinado a alojar


cartuchos e alimentar uma arma, sendo essa muito usada em revólveres.
TR1
Suas vantagens estão na simplicidade de construção, podendo ser usinado
ou fundido. As suas desvantagens consistem no seu peso excessivo.

Essa concepção é uma evolução do TR1 sendo que nessa foi removida boa
parte do material estrutural. Suas vantagens consistem na redução de peso
TR2
em relação ao TR1. As suas desvantagens consistem em ter uma geometria
mais complexa e, consequentemente, um custo maior de produção.

Esta concepção é uma junção das concepções TR1 e TR2. Suas vantagens
consistem na redução de peso em relação ao TR1. As suas desvantagens
TR3
consistem em ter uma geometria mais complexa e, consequentemente,
um custo maior de produção.

A concepção TR4 apresenta um conceito inovador. As câmaras dessa


concepção têm suas paredes cortadas no sentido longitudinal, expondo
boa parte do corpo da granada. Uma placa de contenção fixa ao chassi da
TR4 arma complementa a parte subtraída da câmara durante o disparo. A
vantagem dessa concepção é a diminuição máxima do peso do tambor.
Sua desvantagem é possuir uma geometria bastante complexa, dificul-
tando a sua construção e o ajustamento do conjunto granada – tambor –
placa de contenção durante o disparo.

Esta concepção é uma junção das concepções TR2 e TR4. As suas vanta-
gens consistem na redução do peso em relação ao tambor tipo TR2. As
TR5 suas desvantagens consistem em ter uma geometria mais complexa e,
consequentemente, um aumento dos custos de produção.

O tambor tipo TR6 apresenta um conceito inovador. Nessa concepção o


tambor e as câmaras são confeccionadas com materiais distintos: as câma-
TR6 ras são cilindros de aço colocados no tambor que funcionam como vasos
de pressão contendo a explosão das granadas durante o disparo, e o tam-
bor é construído em polímero. Sua grande vantagem é o peso reduzido.

2o QUADRIMESTRE DE 2009 39
Baseado na análise dos mecanismos apresenta- mos de rotação do tambor de alimentação, dis-
dos na Tabela (2), concluiu-se que era necessário postos nas linhas, e os princípios de solução ge-
conceber uma peça responsável para transferir rados e pesquisados para atender a demanda
a energia elástica armazenada na mola espiral inicial, dispostos nas colunas dessa matriz. Os
ao tambor de alimentação. Neste trabalho esta espaços em branco não preenchido se devem a
peça foi denominada: “aranha”. não encontrar no levantamento do estado da
Na Tabela (3) apresentam-se princípios de arte ou não ter sido desenvolvido novos princí-
solução para o Problema Parcial 2 – Aranha. E na pios de solução para cada um dos componentes
Tabela (4) apresentam-se os princípios de solução listados nesta matriz.
para o Problema Parcial 3 – Mecanismo de Liberação
e Parada do Tambor de Alimentação Rotativo (LP). Escolha da concepção de projeto
do sistema de alimentação do lançador
Matriz Morfológica da concepção de granadas de 40mm
do Mecanismo de Rotação do Tambor
de Alimentação de um A matriz morfológica apresentada na Tab.
Lançador de Granadas de 40mm (5) permite ao projetista diversas opções de con-
cepção de projeto. No entanto é preciso ficar
Na apresentação da matriz morfológica, Tab. atento às especificações de projeto estabeleci-
(5), destacam-se os componentes dos mecanis- das na Fase 1. Entre as especificações de projeto

Tabela (3) – Possíveis soluções para o Problema Parcial 2 – Aranha (A)

Código Concepção Descrição

Neste princípio de concepção a “aranha” fica fixa ao tambor pelos pontos


A1
localizados nas extremidades das hastes de fixação.

Essa concepção é semelhante à “aranha” A1 com a seguinte diferença: a


A2 haste de fixação proposta nesse desenho tem comprimento menor quando
comparado à “aranha” tipo A1, consequentemente,menor “braço de alavanca”.

A concepção A3 apresenta outro conceito de“aranha”que pode ser usado


A3 nesse projeto. Nessa concepção não há a presença das hastes de fixação,
consequentemente, os pinos estão fixos diretamente no corpo da“aranha”.

40 2o QUADRIMESTRE DE 2009
Tabela (4) – Possíveis soluções para o Problema Parcial:
Sistema de Liberação e Parada – LP

Código Concepção Descrição

Esse mecanismo é composto por quatro elementos que trabalham em


planos diferentes. Acredita-se que sua vantagem esteja no uso de um
número de peças reduzido, facilidade de fabricação e montagem. Esse
mecanismo funciona da seguinte forma: o pistão (1) é acionado pelo gás
oriundo do disparo, girando o came (2) em torno do seu próprio eixo,
LP1 acionando o came (3) que gira e aciona a haste em formato de L (4). Essa
haste (4) desliza sobre o tambor, encaixando-se nas valetas presentes no
mesmo. Quando o came (3) aciona a haste em formato de L (4), essa
rotaciona em torno do ponto (5) e dessa forma desacopla-se da valeta,
liberando o tambor que gira e alinha uma nova granada com o cano da
arma depois do disparo. Completado esse ciclo, as peças retornam a sua
posição inicial, por meio das molas de recuperação de movimento (6).

Esse mecanismo é composto por três elementos que trabalham no mes-


mo plano. Acredita-se que sua vantagem esteja no uso de um número
de peças reduzido, facilidade de fabricação e montagem. Esse mecanis-
mo funciona da seguinte forma: o pistão (1) é acionado pelo gás oriundo
do disparo, gira o came (2) em torno do seu próprio eixo e aciona a haste
LP2 (3). Essa haste (3) desliza sobre o tambor, encaixando-se nas valetas pre-
sentes no mesmo. Quando o came (2) aciona a haste (3), essa se desloca
no sentido horizontal e dessa forma desacopla-se da valeta, liberando o
tambor que gira e alinha uma nova granada com o cano da arma depois
do disparo. Completado esse ciclo, as peças retornam as suas posições
iniciais, por meio das molas de recuperação de movimento (4).

Tabela 5 – Matriz Morfológica

Princípios de solução (P.S.) desenvolvidos ou encontrados


Sistema Subsistema Componentes
P.S.1 P.S.2 P.S.3 P.S.4 P.S.5 P.S.6
Tambor rotativo TR 1 TR 2 TR 3 TR 4 TR 5 TR 6
Lançador de Alimentação
granadas de 40mm ‘’Aranha’’ A1 A2 A3

Liberação e parada LP 1 LP 2

2o QUADRIMESTRE DE 2009 41
estabelecidas para este trabalho pode-se citar: o tambor e o mecanismo de rotação do tambor
as peças e o produto final devem ser de fácil fa- do lançador de granadas de 40mm.
bricação e montagem, ter o número de compo- A Figura (12) apresenta a concepção artís-
nentes reduzido no subsistema, possuir materi- tica de um possível lançador de granadas de fa-
al leve ou reduzido nas suas dimensões e pos- bricação nacional batizado nesse trabalho de Pro-
suir capacidade de alojamento para as grana- jeto Mandacaru. Este lançador pode ser monta-

Tabela 6 – Matriz Morfológica – Princípios de solução escolhidos


Principios de solução (P.S.) desenvolvidos ou encontrados
Sistema Subsistema Componentes
P.S.1 P.S.2 P.S.3 P.S.4 P.S.5 P.S.6
Tambor rotativo TR 1 TR 2 TR 3 TR 4 TR 5 TR 6
Lançador de
granadas de 40mm Alimentação ‘’Aranha’’ A1 A2 A3

Liberação e parada LP 1 LP 2

das em número de seis ou mais. Aplicado este


filtro (especificações de projeto), foram escolhi-
dos os princípios de solução destacados em
negrito na Tabela (6).
Para maiores esclarecimentos apresentam-
se, na Tab. (7), os croquis referentes de duas das
concepções de projeto estabelecidas para compor

Tabela (7) – Concepções de projeto Figura 12 – Concepção do sistema de


alimentação de um lançador de granadas de 40mm,
estabelecidas para compor
denominado: Projeto Mandacaru.
o tambor e o mecanismo de rotação do tambor
do lançador de granadas de 40mm do nas duas configurações finais de concepção,
TR3/A3/LP1 e TR6/A3/LP2.
Concepções de Projeto Croqui

CONCLUSÃO

TR3/A3/LP1
Este trabalho teve por objetivo a concep-
ção do sistema de alimentação de um lançador
de granadas de 40mm. Para tanto se fez necessá-
rio o aprofundamento dos conhecimentos na
área de lançadores de granada, mecanismos de
TR6/A3/LP2
rotação de tambores de armas portáteis e estu-
dos envolvendo horologia e projeto de molas.
Depois de estabelecida a metodologia de traba-

42 2o QUADRIMESTRE DE 2009
lho e obtidos os resultados, é possível concluir que possibilidade de modularização para o alojamen-
as concepções de projeto apresentadas podem to de vários diâmetros de projetis, tornando a pro-
ser concretizadas por ser, principalmente, de bai- posta de projeto atrativa tanto do ponto de vista
xa complexidade de fabricação e montagem, com econômico como de funcionalidade.

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Grande Enciclopédia de Armas de Fogo: Ações e Sistemas. Rio de Janeiro: Século Futuro LTDA, 1988.
Grande Enciclopédia de Armas de Fogo: Mecânica e Funcionamento. Rio de Janeiro: Século Futuro LTDA, 1988.

Editorial 2009
Coleção General Benício

HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE


ALIANÇA E O PARAGUAI
Volume 1 – Augusto Tasso Fragoso

Obra composta de cinco volumes, editada pela Bibliex, na década de 1950. En-
contrava-se esgotada e havia bastante interesse dos leitores em adquiri-la. No pri-
meiro tomo, são abordados os antecedentes históricos da guerra, incluindo a inter-
venção brasileira no Uruguai, em 1864, bem como o início da invasão paraguaia,
na Província de Mato Grosso, por ordem de Solano López.

A GUERRA DA COREIA
Stanley Sandler

Livro de História Militar que apresenta os antecedentes, as razões e os diferentes


procedimentos das forças americanas e norte-coreanas em cada uma das fases da
guerra. Discorre, ainda, sobre as consequências daquele conflito para a doutrina
militar dos EUA e para a história, após a segunda metade do século XX, com
destaque para a condução das operações militares.

44 2o QUADRIMESTRE DE 2009
TECNOLOGIA

Aplicações de materiais
compósitos de resina e fibras na
engenharia de construção
Luiz Antonio Vieira Carneiro, D.Sc.*
Ana Maria Abreu Jorge Teixeira, D.Sc.**

RESUMO
Este trabalho apresenta um resumo das diferentes aplicações de materiais compósitos de resina e
fibras em estruturas para a engenharia de construção. Abordam-se os principais tipos de técnicas
de reparo e reforço de elementos estruturais com o uso de materiais compósitos de resina e fibras
e exemplo de sua aplicação em obras de reparo e/ou reforço ou em obras de pontes. Constata-se
que, dependendo do seu tipo e das suas propriedades, as aplicações dos materiais compósitos na
Engenharia de Construção são as mais variadas, fruto de sua versatilidade e de sua fácil colocação.

PALAVRAS-CHAVE
Compósitos, resinas, fibras, propriedades, aplicações, engenharia de construção.

Introdução de técnico-econômica. Diferentes tipos de reparo e


reforço de elementos estruturais, sobre os quais têm
Diversas são as aplicações de materiais com- havido estudos analíticos e experimentais, vêm
pósitos de resina e fibras em estruturas para a en- sendo desenvolvidos e aplicados. Entre estes ele-
genharia de construção. Dentre estas, podem- mentos estão lajes (de pontes, de piso de estacio-
se citar o reparo e reforço de estruturas e a cons- namento), vigas (de pontes e de edificações em
trução de pontes, viadutos e passarelas. geral), e pilares (de pontes, de edifícios e de anco-
Técnicas de reparo e reforço de elementos es- radouros) de concreto, além de elementos estru-
truturais de concreto são várias, e sua escolha deve turais de alvenaria (paredes), de madeira e de aço,
depender das causas e extensão dos danos, da dis- muros de arrimo, túneis, silos, tanques e chaminés,
ponibilidade dos materiais e de estudo de viabilida- e em diversas estruturas sujeitas a abalos sísmicos.

* Professor e Coordenador de Graduação da Seção de Ensino de Engenharia de Fortificação e Construção, Instituto Militar de Engenharia.
* * Professora e Chefe do Laboratório de Materiais de Construção e Concreto, Seção de Ensino de Engenharia de Fortificação e Construção,
Instituto Militar de Engenharia.

2o QUADRIMESTRE DE 2009 45
Sistemas de reparo e reforço com Rolos
de fibras
compósitos de resina e fibras Guia
Resina
Dispositivo
Forma de tração
Sistemas de reforço de elementos estrutu- Serra de
corte
rais de concreto são projetados de acordo com o
Bobinas
tipo de estrutura e com o desempenho desejado, Pré-forma

devendo-se levar em conta as propriedades e


características dos materiais que o compõem, a
interação destes materiais e as condições de exe- Figura 1 – Esquema do Processo de Pultrusão de Compósitos Pré-fabri-
cados. Disponível em:<http://www.strongwell.com/Processes/
cução do reforço.
Pultrusion.html>. Acesso em: ago. 2003.
Os dois tipos mais comuns encontrados no
mercado são aqueles que o material de reforço é lâmina de compósito de resina epóxi e fibras de
comercializado na forma de pré-fabricados ou se- carbono, para o qual são dadas as recomendações
cos pré-impregnados com resinas ou não. Todos abaixo apresentadas.
são colados na superfície a ser reforçada com o uso Caso a superfície do concreto a ser reforça-
de resinas, que completam o sistema de reforço e cada da esteja fissurada ou desnivelada, recomenda-
um deles tem suas particularidades e vantagens. se a injeção das fissuras com resina epóxi apropri-
ada e aplicação de argamassa polimérica na su-
Sistemas pré-fabricados perfície desnivelada.
Após preparo do substrato de concreto e fei-
Os sistemas pré-fabricados são laminados ta a verificação de que a resistência do concreto à
de compósitos de resina e fibras, com tamanhos tração é superior a 1,5 MPa por meio de ensaio de
e seção transversal definidos e prontos para serem arrancamento, aplica-se uma camada de 1mm de
colados no elemento estrutural a ser reforçado. espessura de resina epóxi, sem necessidade do uso
Em geral, têm 40% a 70% de teor de fibras, de primer na superfície do concreto. Sobre a superfí-
em volume, com espessura variando de 1,0mm a cie limpa da lâmina de compósito de resina e fi-
1,5mm e podem ser aplicados em uma ou mais bras de carbono, aplica-se também uma camada de
camadas, em superfícies planas. 1mm a 2mm de espessura da mesma resina epóxi.
Seu processo de fabricação é automatizado e Dependendo do ambiente do elemento estru-
normalmente baseia-se na pultrusão, que consiste tural reforçado, pode-se aplicar uma camada de pro-
na produção de compósitos de grandes compri- teção à base de polímeros ou resina epóxi. Em face
mentos, de diversas formas e de seção transversal da limitação de temperatura de trabalho de 50 oC do
constante. Após serem as fibras alinhadas e im- sistema da SIKA (1998), aconselha-se aplicar sobre a
pregnadas com a resina líquida aquecida, os com- camada de proteção um revestimento de cor clara.
pósitos são tracionados continuamente, passan-
do por um molde aquecido, sobre o qual são cura- Sistemas Curados in Situ
dos e cortados nos tamanhos desejados (v. Figura 1).
Um dos sistemas pré-fabricados encontra- São sistemas formados por feixe de fibras
dos no mercado é o da SIKA (1998), formado de contínuas na forma de fios (mantas), mais comu-

46 2o QUADRIMESTRE DE 2009
mente unidirecionais (folhas) ou bidirecionais cionais, e uma camada de revestimento que tem
(tecidos) em estado seco ou pré-impregnado, função protetora e estética.
colado sobre uma resina epóxi previamen- Antes da execução do reforço, recomenda-se
te espalhada na superfície plana ou curva a arredondamento de cantos vivos a fim de se evitar
ser reforçada. a ruptura prematura da fibra de carbono devido à
Em comparação com os sistemas pré-fabri- concentração de tensões, e adequado preparo da
cados, são mais flexíveis e aplicáveis em diferen- superfície do concreto.
tes tipos de estruturas, têm menor espessura A Figura 2 ilustra as etapas de aplicação do
final, que pode variar entre 0,1mm e 0,5mm, e sistema de reforço MbraceTM, que são:
têm 25% a 40% de teor de fibras. 1) aplicação de primer, que é um epóxi de
Contudo, apresentam a desvantagem de baixa viscosidade e de alta concentração de sóli-
um menor controle de qualidade, já que, ao se dos, com o uso de um rolo (v. Figura 2a);
impregnar as fibras com resina, o compósito po- 2) nivelamento da superfície com uma pasta de
de ter suas fibras desalinhadas, fato que afeta epóxi com alta concentração de sólidos, utilizando-se
suas propriedades. um rodo ou uma desempenadeira (v. Figura 2b);
Segundo catálogo da MBT (1998), seu sis- 3) aplicação da primeira camada de resina
tema de reforço curado in situ é constituído por com alta concentração de sólidos, por meio de
um preparador de superfície, uma massa repa- um rolo, com o objetivo de iniciar a saturação das
radora de defeitos da superfície, um epóxi sa- fibras de carbono (v. Figura 2c);
turante com alto teor de sólidos, uma ou mais 4) aplicação da folha de fibra de carbono,
camadas de folha de fibras de carbono unidire- componente mais importante do sistema, sobre a

(a) Aplicação de Primer na Superfície (b) Aplicação de Resina Epóxi na (c) Aplicação da Cola de Resina Epóxi
de Concreto Superfície de Concreto na Superfície de Concreto

(d) Aplicação da Folha de Fibras de Carbono (e) Aplicação da Cola de Resina Epóxi sobre (f) Aplicação de Camada Proteção sobre a
na Superfície de Concreto a Folha de Fibras de Carbono Colada Folha de Fibras de Carbono Colada
Figura 2 – Etapas de Aplicação do Sistema de Reforço MbraceTM. Disponível em:
<http://www.teprem.com.br/Fibra2.htm>. Acesso em: mai. 2003

2o QUADRIMESTRE DE 2009 47
primeira camada de saturante úmido, removen- equipamento utilizado para execução de cura
do-se o papel de suporte (v. Figura 2d); do sistema de reforço.
5) aplicação da segunda camada de resina,
Reforço com Pré-tração
com o uso de um rolo (v. Figura 2e);
6) aplicação da camada de proteção (v. Neste tipo de técnica (v. Figura 4), compósitos
Figura 2f ). de resina e fibras são tracionados com tensão de
Para o caso de reforço com mais de uma cerca de 50% da sua resistência à tração antes das
camada, depois da etapa 5, repetem-se as etapas operações de colagem e de execução de siste-
3, 4 e 5 antes da 6. ma de ancoragem nas extremidades do reforço
de superfícies de concreto de pilares ou de vigas.
Tipos de reforço com compósitos Suas principais vantagens são os ganhos
de resina e fibras de resistência e de durabilidade em consequên-
cia do aumento de rigidez e da diminuição da
Reforço por encamisamento
abertura de fissuras na estrutura de concreto
automatizado
reforçado com relação a sem reforço, embora
O encamisamento de pilares ou outros ele- seja uma técnica mais demorada e de maior cus-
mentos, como, por exemplo, chaminés, com sis- to que a sem pré-tração do material de reforço.

(a) Equipamentos de Encamisamento (b) Equipamento de Cura do Reforço


ROBO-WrapperTM ROBO-Curing SystemTM
Figura 3 – Detalhe da Técnica de Encamisamento Automático. Disponível em:
<http://www.xxsys.com/rwfp.html>. Acesso em: ago. 2003

temas de compósitos de resina e fibras curados


in situ pode ser feito por meio de um equipa-
mento robotizado, que permite rápida execução
de reforço de boa qualidade.
Tipos de equipamentos de encamisamen-
to automático, de acordo com dimensões do Figura 4 – Detalhe da Técnica de Reforço com
pilar e velocidade de execução, podem ser Pré-tração em Vigas. Disponível em: <http://www.sp-reinforcement.ch/
visualizados na Figura 3a. A Figura 3b ilustra english/i_faser_ 06e.htm>. Acesso em: jul. 2003

48 2o QUADRIMESTRE DE 2009
Cura Térmica Acelerada
do Reforço in Situ

Em locais de baixa temperatura ou onde


se requer menor tempo de execução do refor-
ço, a cura térmica pode ser adotada, com o uso
de dispositivos de aquecimento elétricos ou
de infravermelho.
Aproveitando a boa condutividade elé-
Figura 6 – Exemplo de Aplicação da Técnica de Pré-moldagem. Dispo-
trica das fibras, característica mais destacada
nível em: <http://www.innovationandresearchfocus.org.uk/articles/
nas de carbono, esta técnica de reforço (v. Fi- html/issue_52/strengthening_concrete_structures_with_fibre_-_com-
gura 5) utiliza equipamento de aquecimento posites.asp>. Acesso em: ago. 2003
que permite a passagem de corrente elétrica
através do compósito durante a execução do pilares, particularmente de seção transversal
reforço e controla a temperatura de cura da cola. circular (v. Figura 6).

Reforço colado em sulcos


concreto feitos no concreto

suporte extensômetro compósito suporte


de temperatura Em vez da colagem tradicional do material
compósito de resina e fibras na superfície exter-
cabo de
voltagem na de concreto, é feita a colagem do reforço em
dispo
de consitivo
trole alimentador de energia
sulcos abertos na superfície de concreto (v. Figu-
ra 7), cuja profundidade tem dimensão menor
que a do cobrimento.
Figura 5 – Detalhe da Técnica de Cura Térmica Possibilidade de maior capacidade de an-
Acelerada (CEB, 2001) coragem e de melhor proteção do reforço são
vantagens com relação à técnica tradicional de
Pré-moldagem do Reforço colagem externa do reforço (BARROS et al., 2003;
FORTES et al., 2003).
Sistemas pré-fabricados de materiais compó-
sitos de resina e fibras podem ser moldados antes concreto
da sua aplicação no elemento estrutural, em vez
do uso de sistemas curados in situ.
Nesta técnica, os materiais compósitos de
resina e fibras pré-moldados servem como ele- compósito

mentos de fôrma e de armadura externa do cola


elemento de concreto a ser reforçado. É utili- Figura 7 – Detalhe da Técnica de Colagem do Reforço
zada comumente no confinamento externo de em Sulcos de Concreto (CEB, 2001).

2o QUADRIMESTRE DE 2009 49
Impregnação a vácuo do reforço formáveis, mais caros que o aço (TRIANTAFILLOU,
1998b), e necessitarem de proteção contra radi-
Até certo ponto, esta técnica pode ser com- ação ultravioleta e fogo (EMMONS et al., 1998a,
parada com a tradicional técnica de colagem de b), tiveram sua aplicação inicialmente motivada
sistemas curados in situ. Tendo sido as fibras dis- pela necessidade de reforçar estruturas danifica-
postas na direção principal do reforço, após de- das por abalos sísmicos no Japão.
vido preparo, aplicação e cura de primer na su- Exemplos de aplicação de compósitos de
perfície de concreto, o equipamento a vácuo (v. resina e fibras no reforço de lajes, vigas e pila-
Figura 8) é colocado sobre a camada de fibras res de concreto, realizados no ano de 1996 nas
e, então, aplica-se pressão a vácuo, cuja intensi- cidades italianas de Perugia, Bari e Spoleto, res-
dade depende de resina epóxi distribuída so- pectivamente, podem ser vistos na Figura 9.
bre o concreto.
Apesar do maior custo e da dificuldade
no alcance do nível de pressão a vácuo requerida,
a técnica de impregnação a vácuo tem algumas
vantagens sobre a técnica de colagem de siste-
mas curados in situ, sendo a falta de manuseio
na sua execução a que mais se destaca, o que
leva a uma boa qualidade do sistema de reforço.

medidor

tubulação
válvula
dreno
lâmina
molde

fita
selante
conector
bolsa

Figura 8 – Detalhes do Equipamento de Impregnação a Vácuo. Disponível


em: < http://www.fibreglast.com/products >. Acesso em: abr. 2003

Exemplos de aplicação dos compósitos


de resina e fibras

Obras de reparo e/ou reforço


Figura 9 – Exemplos de Aplicação de Materiais Compósitos de Resina e Fibras
Apesar de os materiais compósitos de resi- no Reforço de Elementos Estruturais de Concreto. Disponível em: <http://
na e fibras serem frágeis, mas relativamente de- www.shef.ac.uk/uni/projects/tmrnet/galleries>. Acesso em: nov.2002

50 2o QUADRIMESTRE DE 2009
Figura 10 – Exemplo de Aplicação de Lâminas de Compósitos de Resina (a) Reforço Bidirecional na Região de Momentos Fletores Positivos
e Fibras de Carbono no Reforço de Lajes de Concreto. Disponível em:
<http://www.ecn.purdue.edu/ECT/Civil/cfrp.htm>.Acesso em:jul.2003

A Figura 10 apresenta aplicação de lâminas


de compósitos de resina e fibras de carbono no
reforço bidirecional de lajes de concreto.
Balázs e Almakt (2000) relataram alguns
exemplos de aplicação dos materiais compósitos
de resina e fibras no reforço de diferentes estru-
turas danificadas pela corrosão do aço, pela fis-
(b) Reforço Unidirecional na Região de Momentos Fletores Negativos
suração intensa ou pela ação do fogo, ou afeta-
das por mudanças de elementos estruturais rea- Figura 11 – Exemplo de Aplicação de Folhas de Compósitos de Resina
e Fibras de Carbono no Reforço de Lajes de Concreto. (Fonte: TEPREM
lizados na Hungria desde 1996, tais como lajes
Engenharia Ltda.– jan. 2000).
com ou sem aberturas, vigas de concreto armado
e protendido e silos. to para que a estrutura pudesse suportar car-
No Brasil, várias são as aplicações de com- gas oriundas de equipamentos de grande peso.
pósitos no reforço de lajes (de pontes, de piso de A Figura 12 apresenta algumas das etapas des-
estacionamento), vigas (de pontes e de edifi- tes serviços.
cações em geral), pilares (de pontes, de edifícios e A Figura 13 mostra sequência de etapas de
de ancoradouros), paredes de concreto, muros execução do reforço de pilares de um pavimento
de arrimo, túneis, silos, tanques e torres de trans- localizado no estacionamento de um shopping
missão de sinais. center no Rio de Janeiro/RJ. Os pilares, que apre-
Devido ao aumento de sobrecarga, execu- sentavam fissuras junto a suas extremidades, fo-
taram-se reforços à flexão na laje de um super- ram reforçados com duas camadas de folhas de
mercado em Jacarepaguá/RJ, destinada a depó- resina e fibras de carbono, tendo 100mm de com-
sito de mercadorias, conforme ilustra a Figura 11. primento de traspasse entre as folhas.
Em um prédio localizado em São Cristóvão/ Uma torre de transmissão de concreto ar-
RJ, foram feitos serviços de recuperação da ar- mado de 100m de altura, com seção transversal
madura interna longitudinal de tração e de re- variável de 4,6m na base a 3,0m no topo, foi confi-
forço à flexão e ao cortante em vigas de concre- nada externamente com duas camadas de tiras

2o QUADRIMESTRE DE 2009 51
(a) Recuperação da Armadura com Inibidor de Corrosão (b) Execução do Reforço à Flexão da Viga de Concreto

(c) Execução do Escoramento do Reforço da Viga para Cura da Cola (d) Execução do Reforço ao Cortante da Viga de Concreto

(e) Vista Frontal da Obra de Reforço (f) Vista Após Aplicação de Argamassa Protetora e Pintura

Figura 12 – Exemplo de Aplicação de Folhas de Compósitos de Resina e Fibras de Carbono no Reforço


de Vigas de Concreto. (Fonte: TEPREM Engenharia Ltda.– 08/2000)

52 2o QUADRIMESTRE DE 2009
(a) Vista do Pilar Fissurado (b) Injeção de Resina Epóxi (c) Arredondamento das Arestas de Canto
Antes do Reforço nas Fissuras do Pilar com Raio de 10mm

(d) Aplicação de Resina (e) Aplicação de Resina Epóxi para (f) Aplicação de Resina Epóxi Saturante
Epóxi Primer Regularização da Superfície na Superfície do Concreto

(g) Colocação da Primeira (h) Colocação da Segunda (i) Vista Completa (j) Vista Completa
Folha de Fibras de Carbono Sobre Folha de Fibras de Carbono Sobre a do Pilar Após a Segunda do Pilar Após a Segunda
a Superfície do Concreto Superfície com Resina Epóxi Camada de Reforço Camada de Reforço

Figura 13 – Exemplo de Aplicação de Folhas de Compósitos de Resina e Fibras de Carbono no Reforço


de Pilares de Concreto. (Fonte: TEPREM Engenharia Ltda.– 12/1998)

2o QUADRIMESTRE DE 2009 53
de folhas de compósito de resina e fibras de car-
bono de 50cm de largura espaçadas de 70cm a
90cm, devido à fissuração do concreto, à corro-
são das armaduras e ao aumento de carga pro-
vocado pela colocação de novas antenas para
televisão digital. Esta solução foi adotada por
levar a um pequeno aumento de cargas na fun-
dação e por poder ser executada em região com
concentração de antenas não removíveis da tor- Figura 14 – Detalhe de Estacas de Tubos de Compósitos de Resina e
Fibras de Vidro. Disponível em: <http://www.ecn.purdue.edu/ECT/Ci-
re (DUARTE e CONTARINI, 1999).
vil/cp40.htm>. Acesso em: jul. 2003
Compósitos de resina e fibras têm sido em-
pregados na forma de cabos (TRIANTAFILLOU e fibras de vidro, com núcleo de concreto, em obras
FARDIS, 1997) ou lâminas (TRIANTAFILLOU, 1998a) de ponta de cais.
de compósito de fibras unidirecionais, por serem Cabos externos pré-tracionados e estribos
leves e conduzirem alteração mínima de dimen- em forma de barras internas de compósitos de
sões em estruturas de alvenaria de edificações fibras de carbono têm mostrado sua eficiência
européias históricas e de arquitetura relevante. no reforço à flexão e ao cortante de estruturas de
Estudos experimentais feitos por Plevris e pontes de concreto (FAM et al., 1997).
Triantafillou (1995), Triantafillou (1997) e Trianta-
fillou (1998a) mostraram que compósitos de re- Obras de Pontes e Estruturas em Geral
sina e fibras colados podem ser satisfatoriamente
utilizados como materiais de reforço à flexão e Atualmente, materiais compósitos de resi-
ao cortante de vigas de madeira. Também verifi- na e fibras têm sido aplicados na construção de
cou-se que, na forma de compósitos pré-tracio- pontes novas e também no reparo e reforço de
nados, podem melhorar o comportamento es- pontes preexistentes. Eles têm sido utilizados na
trutural à flexão destas estruturas ( TRIAN- forma de barras para armaduras passivas no
TAFILLOU e DESKOVIC, 1992). concreto e armaduras de protensão interna e
Iyer (2001) e Iskander e Stachula (2002) rela- externa, para estais, para cabos de pontes sus-
taram o uso bem-sucedido de tubos de com- pensas etc.; na forma de tiras e chapas para o
pósitos de resina e fibras de vidro na execução de reforço de vigas e pilares; na forma de perfis es-
estacas de fundação de estruturas de pontes de truturais e na forma de painéis sanduíche para
concreto, sujeitas a águas salinas e solos agressivos. lajes de tabuleiro de pontes e lajes de edifícios
Estruturas de ancoradouro de concreto ar- (KELLER, 2003).
mado foram alvos de estudos de reforço à flexão e A construção de pontes em materiais com-
ao cortante com materiais compósitos de resi- pósitos demorou a ser aceita devido ao elevado
na e fibras (MALVAR et al., 1995; PANTELIDES et al., custo inicial para a sua construção e à falta de
1999, MONTI et al., 2001). conhecimento e entendimento das práticas de
A Figura 14 mostra exemplos de aplicação projeto, construção, inspeção e reparo. No en-
de estacas de tubos de compósitos de resina e tanto, o desenvolvimento pela indústria aeroes-

54 2o QUADRIMESTRE DE 2009
pacial, de produtos compósitos cada vez mais rosão dos tabuleiros em concreto armado. E,
resistentes, rígidos e duráveis, tem impulsionado desde 1995, mais de 2 bilhões de dólares já fo-
o aumento de pesquisas e a aplicação dos ma- ram investidos no desenvolvimento de projetos
teriais compósitos na engenharia civil (HOTA e de reparo de pontes, tendo mais de 40% deste
HOTA, 2002). valor sido destinado às aplicações com materiais
As primeiras aplicações dos materiais com- compósitos com o objetivo de desenvolver uma
pósitos em pontes foram na reabilitação de estru- nova geração de pontes com maior durabilidade,
turas existentes, por meio de reforço em materiais menor custo de manutenção e tempo reduzido
compósitos ou da substituição dos componentes de construção.
estruturais convencionais danificados por outros Em 1996, entrou em operação o primeiro
em materiais compósitos (SEIBLE et al., 1999). tabuleiro de ponte em compósito dos Estados
Uma aplicação, cujo interesse vem crescen- Unidos, e, no ano 2000, já havia 32 tabuleiros em
do muito na América do Norte e na Europa, é a compósito prontos. No Japão, o uso de chapa
utilização dos materiais compósitos nos tabulei- de compósito para aplicações de reforço triplicou
ros de pontes novas ou já existentes. Isto por- de 1995 para 1996, após o terremoto de Kobe.
que, nessas regiões, há muitas pontes em con- Enquanto no início dos anos 1980 havia apenas
creto, que sofrem oxidação pelo uso frequente 30 centros de pesquisa no mundo destinados ao
do sal para o degelo das pistas durante o inver- desenvolvimento de materiais compósitos para
no. Os tabuleiros em materiais compósitos são aplicação em engenharia civil, nos anos 2000 já
facilmente instalados, são leves, não sofrem cor- havia mais de 300 deles. Os materiais compó-
rosão e apresentam elevada energia de absor- sitos podem ser produzidos em diversos forma-
ção de impacto, o que garante a este tipo de es- tos na indústria e podem ser transportados para
trutura uma vida útil entre 50 e 60 anos, que é o local da construção e montados em pouco tem-
bem superior à vida útil entre 15 e 20 anos pre- po, dispensando equipamentos robustos para
vista para as estruturas de concreto nessas re- içamento e reduzindo os custos de montagem
giões (HOTA e HOTA, 2002). Na maioria desses e o período de interrupção do tráfico nas rodo-
tabuleiros têm sido utilizadas fibras de vidro ou vias (KELLER, 2003).
de carbono e matrizes de poliéster ou viniléster, Há vários projetos de passarelas e pontes
adicionando-se, ocasionalmente, uretano ao vi- totalmente em materiais compósitos já elabo-
niléster com o objetivo de aumentar a durabili- rados ou que estão em desenvolvimento. Há
dade do produto final, principalmente para es- projetos em que os materiais convencionais são
truturas construídas em ambientes alcalinos se- substituídos pelos materiais compósitos, man-
veros (HOTA e HOTA, 2002). tendo-se a concepção estrutural normalmen-
A partir de 1996 a utilização dos materiais te utilizada para o aço ou para o concreto arma-
compósitos em pontes, em suas diversas formas, do. Em outros projetos a proposta é o desen-
apresentou um crescimento mundial acelerado. volvimento de concepções estruturais novas,
Nos Estados Unidos, aproximadamente 40% das visando o melhor aproveitamento das pro-
575.000 pontes existentes em rodovias necessi- priedades dos materiais compósitos. Atualmen-
tavam de reparos, principalmente devido à cor- te, os projetos com substituição do material

2o QUADRIMESTRE DE 2009 55
prevalecem em relação aos projetos visando de Tecnologia de Aachen, na Alemanha, no ano
novas concepções estruturais. de 2002 (Figuras 18 e 19). A ponte é toda em ma-
Geralmente, o custo inicial de projeto e de terial compósito, tem 20m de vão e capacidade
material para a construção de uma ponte ou para suportar um veículo sobre rodas de 136 kN.
passarela em material compósito é superior ao Para aproveitar a elevada resistência do perfil
de uma estrutura equivalente em aço, porém pultrudado na direção longitudinal e compen-
economiza-se em mão de obra e equipamentos sar o seu baixo módulo de elasticidade, foram
durante a construção e em manutenção duran- adotadas vigas treliçadas. As vigas e o tabuleiro
te a vida útil da estrutura. Além disso, o tempo
para montagem da estrutura é menor (SOBRINO
e PULIDO, 2002).
O desenvolvimento e o futuro dos materiais
compósitos em aplicações estruturais na enge-
nharia civil dependem do desenvolvimento de
novas formas estruturais e de técnicas de liga-
ção (SOBRINO e PULIDO, 2002).
Exemplos de pontes e passarelas em ma-
terial compósito podem ser agrupados nas se-
guintes categorias:
– pontes com superestrutura em material
compósito; Figura 15 – Passarela Kolding, Dinamarca, 1997
– pontes com tabuleiro em material com- (CHRISTOFFERSEN et al., 1999)
pósito (painéis sanduíche ou painéis formados
pela associação de perfis pultrudados colados).
Nas Figuras 15 a 19 são apresentadas pon-
tes e passarelas com superestrutura em materi-
al compósito, cujos projetos adotaram os mate-
riais compósitos em concepções estruturais con-
vencionais, comumente adotadas para o aço ou
Figura 16 – Passarela Pontresina, Suíça, 1997 (KELLER, 1999)
o concreto armado. As superestruturas foram
construídas com vigas retas ou vigas treliçadas da ponte constituem elementos estruturais in-
de perfis pultrudados ou moldados. As seções dependentes para possibilitar a substituição dos
transversais dos perfis pultrudados são idênti- membros danificados. Foram adotadas ligações
cas aos dos perfis de aço usualmente adotados, parafusadas entre os perfis, que foram reforça-
e, com exceção da passarela de Pontresina na dos com chapas de aço coladas na região dos
qual se fez uso de conexões coladas, em todas furos, para compensar a sua baixa resistência ao
as outras empregaram-se ligações parafusadas. cisalhamento paralelo às fibras.
Destaca-se, nesta categoria, a ponte protó- Algumas estruturas de pontes e passarelas
tipo desmontável projetada pela Universidade com superestrutura em material compósito são

56 2o QUADRIMESTRE DE 2009
Figura 17 – Passarela Lleida, Espanha, 2001
(SOBRINO e PULIDO, 2002)

Figura 20 – Ponte West Mill, Inglaterra, 2002: (1) vigas pultrudadas;


(2) laje moldada (FIBERLINE COMPOSITES)

Figura 21 – Vista geral da Passarela Aberfeldy, Escócia, Reino Unido


(STRUCTURAL ENGINEERING INTERNATIONAL, 1994)

ilustradas nas Figuras 20 e 21. No entanto, estas


estruturas têm vigamento formado pela associa-
ção de perfis pultrudados ou moldados e tabulei-
ros de painéis sanduíche de material compósito.
Figura 18 – Ponte protótipo da RWTH-Aachen, Alemanha, 2002
(SEDLACEK e TRUMPF, 2002) Algumas seções transversais de painéis
comumente utilizadas em pontes biapoiadas
projetadas com tabuleiro de material compósito
(painéis sanduíche ou painéis de perfis pul-
Figura 19 – Detalhe do trudados colados) são mostradas na Figura 22.
apoio do tabuleiro sobre as Em 2002, o Instituto Federal Suíço de Tecno-
transversinas e das ligações
logia (Swiss Federal Institute of Technology), lo-
das transversinas à treliça
calizado em Lausanne, na Suíça, apresentou um
da ponte protótipo da
RWTH-Aachen (SEDLACEK projeto de uma passarela estaiada com viga arma-
e TRUMPF, 2002) da (Figura 23). Neste sistema estrutural os painéis
sanduíche de GFRP, adotados como elementos

2o QUADRIMESTRE DE 2009 57
Superdeck System

203
DuraSpan System

190
EZ Span System

216
Fiberline System

225
ACCS System

(b)

80
(a)

(c) (d) (e)

Figura 22 – Seções transversais de tabuleiros em painel pultrudado e painel sanduíche:


(a) Superdeck, DuraSpan, EZ-Span, Fiberline e ACCS (KELLER, 2001); (b) ASSET (PROJECTS BRE); (c) Hardcore (FEDERAL HIGHWAY
ADMINISTRATION); (d) Strongwell (KELLER, 2001); (e) Kansas (FEDERAL HIGHWAY ADMINISTRATION)

gura 20, ficam limitadas pela grande deforma-


bilidade do material. Para se superar esta carac-
terística desfavorável dos compósitos de fibra
de vidro, uma adequada rigidez estrutural deve
ser alcançada a partir da própria concepção e da
geometria da estrutura. Neste aspecto, a ado-
ção de vigamentos treliçados (Figuras 16 e 18) é
uma alternativa para melhor utilização do ma-
terial. Outros sistemas estruturais, como o siste-
Figura 23 – Passarela estaiada e com viga armada,
ma estaiado (Figuras 15 e 21), ou em arco (Figura
Suíça (SOBRINO e PULIDO, 2002)
17), ou em viga armada (Figura 23), permitem
de alma, são colados a perfis de GFRP, que funci- que se alcancem vãos maiores do que os siste-
onam como elementos de mesa, e cabos de mas em viga reta, para qualquer material de
compósito de carbono sustentam a viga supe- construção. Entretanto, a adoção do sistema
rior e inferiormente. Não se tem notícia se a pas- estaiado da passarela de Aberfeldy (Figura 21)
sarela foi construída. conduziu a características dinâmicas muito des-
As pontes e passarelas com estrutura de favoráveis para uma passarela (TEIXEIRA, 2000),
vigamento longitudinal em perfis, como a da Fi- enquanto o mesmo sistema adotado para estru-

58 2o QUADRIMESTRE DE 2009
turas mistas aço-concreto, ou estruturas só de aço, reforço de vigas de concreto por meio de mate-
tem sido usado com sucesso. riais compósitos de resina e fibras têm compro-
vado sua eficiência, expressa pelo aumento da
Considerações finais capacidade resistente e da rigidez e pelo con-
trole de fissuração destas, desde que sejam ade-
Um resumo das diferentes aplicações de quados o dimensionamento, o detalhamento
materiais compósitos de resina e fibras em es- e a colagem do reforço. No caso do confinamen-
truturas para a engenharia de construção foi to externo de pilares, o aumento de suas resis-
apresentado neste trabalho. tência à compressão e ductilidade foi verifica-
Abordaram-se os principais tipos de técnicas do (CARNEIRO, 2004).
de reparo e reforço de elementos estruturais com Constatou-se que, dependendo do seu tipo
o uso de materiais compósitos de resina e fibras. e das suas propriedades, as aplicações dos ma-
Mostraram-se as diversas aplicações des- teriais compósitos na Engenharia de Constru-
ses materiais em obras de reparo e/ou reforço e ção são as mais variadas, fruto de sua versatili-
em obras de pontes. Estudos existentes sobre o dade e de sua fácil colocação.

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60 2o QUADRIMESTRE DE 2009

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