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DEZ LIÇÕES SOBRE POLÍTICA

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DEZ LIÇÕES SOBRE POLÍTICA

POLÍTICA É PODER

Imagine três situações hipotéticas:

(i) 8PWURPEDGLQKDDERUGDQGRXPDYtWLPDHREULJDQGRDD
lhe dar todo o seu dinheiro;
(ii) 2SDLRUGHQDQGRDR¿OKRTXHIDoDVHXGHYHUGHFDVD
(iii) 8PDOHLTXHREULJDWRGRVRVPRWRULVWDVDSDUDUHPQDIDL
xa para que os pedestres possam atravessar a rua em
VHJXUDQoD

Apesar de completamente diferentes, todas as situações narram


a manifestação de alguma forma de poderRXVHMDGDFDSDFLGD
GHGHVHID]HUREHGHFHU

Entretanto, somente uma delas pode ser caracterizada como um


IHQ{PHQRSROtWLFR4XDOGHODV"3RUTXr"

O que é poder político?


Poder é a capacidade de se fazer obedecer. O poder está presente em todas
as relações sociais. Basta olhar para a história da humanidade para ver que as
sociedades sempre se encontraram divididas em dois grupos: um que manda e
outro que obedece. Qualquer pessoa está submetida a inúmeras situações de
poder: no trabalho, em casa, na escola, nas relações pessoais, etc.
O poder político manifesta-se quando alguém ou algum grupo consegue fazer
com que sua vontade prevaleça em assuntos públicos. Nos exemplos citados
DFLPDHVVDVLWXDomRSRGHVHUYHUL¿FDGDQRFDVRGDIDL[DGHWUkQVLWRSRLVVH

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POLÍTICA É PODER

trata de uma nova regulamentação que submete toda a sociedade, mudando


a forma como a coletividade se organiza e o relacionamento entre motoristas
e pedestres. Dessa forma, no mundo da política, tem poder quem consegue
LQÀXHQFLDURVUXPRVDVGHFLV}HVS~EOLFDVDOHLGHWUkQVLWRDWD[DGHMXURVD
construção de casas populares, o salário mínimo, a construção de escolas e
hospitais, etc.
Governo e Estado
A expressão máxima do poder político é o ESTADO, que representa sua
materialização em organizações, leis, forças armadas, etc.
O órgão de comando de um Estado é o GOVERNO. É ele que direciona o poder
do Estado por um período de tempo (mandato). Ou seja, o governo é uma
SDUWH SURYLVyULD GR (VWDGR PRGL¿FDGR FRQVWDQWHPHQWH SRU PHLR GH HOHLo}HV
periódicas.

Legitimidade e organização do poder no Brasil (tripartição e federalismo)


As questões centrais envolvendo o poder são:
(i) Quais são os recursos necessários para se fazer obedecer?

Há várias respostas para essa pergunta. Por exemplo, Maquiavel dizia que
se costuma obedecer aos governantes por amor ou temor. Entretanto, caso o
governante devesse escolher entre ser amado ou ser temido, era preferível que
ele preferisse a segunda opção. Para ele, seria mais fácil trair a quem se ama do
que a quem se teme...

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Entretanto, a pessoa que melhor tratou do problema do


poder foi o sociólogo alemão Max Weber. Segundo ele, as
pessoas obedeciam de bom grado por três motivos:
a) Dominação carismática: quando as pessoas acre-
ditam que o líder possui alguma característica/qualidade
extraordinária que o diferencia dos demais e o capacita
para “iluminar” o caminho. Exemplos: Jesus Cristo, padre
Cícero, Getúlio Vargas, JK, Barack Obama, etc.
b) Dominação tradicional: nesse caso, as pessoas
obedecem por estarem acostumadas a uma certa situação
que se repetiu muitas vezes durante a história. A frase
chave para entender essa situação é de uma forma
Estátua de Nicolau Ma- “porque sempre foi assim”. Esse tipo de poder é utilizado
quiavel exposta em Flo- SDUDH[SOLFDURSRGHUGRVSDLVVREUHRV¿OKRV FRVWXPH 
rença, Itália
da manutenção das famílias reais em países modernos,
etc.
c) Dominação racional/legal: quando se obedece a estatutos legais (constituição,
leis ordinárias, entre outros) e não a pessoas. De forma geral, isso acontece
porque se entende que as leis irão ajudar a comunidade a realizar o bem de
todos.
Nas democracias, o poder político é aquele que possui legitimidade e legalidade.
Ou seja, as pessoas aceitam que o governo de determinada pessoa, partido ou
organização exerça o poder em seu nome quando ele é aprovado por meio de
eleições e observe o cumprimento das leis.

(ii) Como o poder político deve ser exercido?


'H DFRUGR FRP 0RQWHVTXLHX RXWUR ¿OyVRIR PXLWR FRQKHFLGR R SRGHU WHP
a capacidade de corromper o homem ou a mulher que o exerce. No caso da
política, o abuso sempre começa com a corrupção (o poder pode dar a sensação
de se estar acima da lei, de impunidade) e termina com o totalitarismo e a perda
de liberdade por parte dos cidadãos (o maior exemplo é Hitler, ditador nazista
que acreditou ter tanto poder que podia decidir arbitrariamente quem podia viver

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ou morrer).
Portanto, o poder deve ser usado com moderação. Para isso, é necessário
criar instrumentos de controle do uso do poder.
2SRGHUSUHFLVDVHU¿VFDOL]DGR&DVRFRQWUiULRSRGHKDYHUDEXVRV3RUH[HPSOR
os policiais são vigiados pelas corregedorias, a justiça comum é supervisionada
pelas cortes superiores, os ministros são cobrados pelo presidente, etc.
Todo mundo está submetido a um tipo de controle, mesmo os deputados,
senadores, ministros do Supremo Tribunal Federal e o presidente da República.
É para isso que existe a tripartição dos poderes!
No Brasil, o poder político é dividido em três: Legislativo, Executivo e Judiciário.
Cada um possui suas próprias atribuições. Entretanto, a função principal da
separação é o controle que cada um exerce sobre o outro.
• O presidente (chefe do Executivo) põe em prática as decisões tomadas
no Congresso e nomeia os ministros do Supremo;
• O Congresso Nacional faz leis que devem ser seguidas pelo Supremo
QRVVHXVMXOJDPHQWRVH¿VFDOL]DDVDo}HVGR([HFXWLYR
• O Judiciário julga as autoridades do Executivo e do Congresso e
pode invalidar leis aprovadas pelo Congresso por meio da declaração de sua
inconstitucionalidade.
Fiscalizar não é fácil. Por isso, é
normal que os poderes entrem em
FRQÀLWRDOJXPDVYH]HV3DUDPHGLi
los, existe a Constituição e as leis.
Elas formam as “regras do jogo”.
A organização federativa do poder
O Brasil possui uma extensão
continental. Há 5.570 municípios e
A Praça dos Três Poderes, em Brasília, reúne as sedes
27 estados (considerando o Distrito
do Legislativo, do Judiciário e do Executivo. Federal). E esse número está sempre
aumentando, pois novos municípios

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e estados podem ser criados a qualquer tempo.


Governar sozinho um país desse tamanho é impossível. Por isso, achou-se por
bem dividir o poder para que o administrador pudesse cuidar melhor da população
e para que houvesse uma maior proximidade entre cidadãos e governantes. Essa
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poder governando, simultaneamente, o mesmo povo.

PENSE BEM

Se você prestar muita atenção, verá que sua cidade está sendo
governada por três entes ao mesmo tempo (prefeitura, governo es-
tadual e governo federal ou União, como também é chamado).

O federalismo foi adotado pela primeira vez nos Estados


Unidos (1787), quando as treze colônias decidiram unir-se
em um único país, formando um governo nacional e adotando
uma constituição comum a todos.
O Brasil adotou a forma federativa em 1891, em sua primeira
constituição republicana. O grande mentor desse sistema em
nosso país foi Ruy Barbosa, que desejava dar autonomia aos
estados (que à época eram chamados de províncias).

Ruy Barbosa (1849- O Brasil possui três tipos de entes federativos: o município,
1923) – Mentor do fede- os estados e o governo federal (União). Ao contrário do que
ralismo brasileiro muita gente pensa, não existe uma relação de subordinação
ou hierarquia entre eles. Todos possuem o mesmo status constitucional.
O que os diferencia é a competência de cada ente federativo, dispostas na
Constituição. Ou seja, há problemas que só o prefeito e a câmara de vereadores
podem resolver, outros que competem aos governos estaduais e outros que só
o presidente da República e o Congresso são capazes de ajudar. Nesse ponto,
vale o ditado: “cada macaco no seu galho”.

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POLÍTICA É PODER

A Constituição veda a interferência de um ente federativo em assuntos de


competência exclusiva de outro ente. Entretanto, pode haver situações em que
não há clareza sobre quem é responsável por determinado assunto. Nesses
casos, a dúvida é resolvida pelo Supremo Tribunal Federal.

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POLÍTICA SOBRE POLÍTICA
É PODER

PARA REFLETIR

Para que nosso país funcione bem, é necessário haver um


equilíbrio de poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário). Em
sua opinião, esse equilíbrio existe na prática?

A Constituição diz que cada ente federativo é autônomo, mas


não
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