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A divisão do trabalho passa a se afirmar cada vez mais, sendo a cidade o primeiro
ambiente em que ela se manifesta por causa da alta atividade econômica. Isso faz com que o
homem se sinta reduzido e busque maneiras de se afirmar, reproduzindo e gerando novos
entraves na sua vida comum. Ao passo que essas novas questões se apresentam, entende-se a
origem de tantos problemas relacionados à urbanização, proporcionadas pelas influências que
o processo de industrialização causa — principalmente pelo fato da indústria se apresentar
como uma das características da sociedade moderna. O grande cenário para essas relações
serão as cidades, em especial a capital, que presencia a intervenção da burguesia progressista
sobre os centros urbanos e os confrontos ocasionados por essa relação — tal qual o choque
entre facções, a luta de classes e o direito à moradia.
Discutir sobre a forma como a ocupação da cidade se transformou com o passar dos
séculos é de suma importância para entender a realidade que enfrentamos
contemporaneamente. Ainda hoje em dia, apesar de toda a mudança que teve a partir do
processo de autoafirmação e valorização da própria identidade daqueles que fazem parte
desses aglomerados urbanos denominados como as favelas, o preconceito ainda se mantém,
principalmente para aquelas pessoas que pertencem à camadas mais altas. Isso ainda só piora
se comparado com aquelas pessoas que se encontram em situações ainda mais
marginalizadas, em que muitas vezes nem são dignas da atenção do Estado.
Essas zonas de concentração e refúgio são cotidianamente afetadas por essas “forças
de pacificação”. A arquitetura hostil é uma das evidências mais claras de como o governo se
posiciona em relação à vida e sobrevivência dessas pessoas na cidade, tentando deixar fora de
vista a existência desses indivíduos. A última notícia a ter destaque no início do mês nos
canais de comunicação, foi em relação ao padre Júlio Lancellotti, homem de 72 anos que
quebrou a marretadas os paralelepípedos instalados pela prefeitura de São Paulo debaixo do
viaduto Dom Luciano Mendes de Almeida, com o objetivo de afugentar moradores de rua
que se abrigam no local. Apesar de a prefeitura ter retirado as pedras do local após a
viralização da notícia, o padre continuou alegando que houve outras investidas pela polícia de
tentar tirar os frequentes moradores do local.
BIBLIOGRAFIA
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