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EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUÍZ(A) FEDERAL DA VARA

CÍVEL FEDERAL DE FLORINAÓPOLIS/SC, A QUEM COUBER POR


DISTRIBUIÇÃO LEGAL

JOÃO, nacionalidade_, estado civil_, profissão_, estado civil_, portador de cédula de


identidade n°_, inscrito sob o CPF n°_, residente e domiciliado à rua_, n°_, bairro_, CEP
n°_, Município de Florianópolis Santa Catarina, na condição de cidadão em pleno gozo
de seus direitos políticos conforme título de eleitor em anexo (doc.), por intermédio de
seu advogado regulamente inscrito na OAB/UF, com endereço profissional situado á
rua_, n°_, bairro_, cidade_, estado_, endereço eletrônico_, vem mui respeitosamente a
presença de Vossa Excelência com fulcro no artigo 5°, inciso LXXIII, da Constituição
Federal e na Lei 4.717/65, propor:

AÇÃO POPULAR COM PEDIDO LIMINAR

Em face do SENADOR DA REPÚBLICA E DA UNIÃO, pessoa jurídica de Direito


Público, ora representado pela advocacia geral da união e do Senado Federal, nos termos
do artigo 6° , da Lei 4.717/65, que através de seus atos estão na iminência de causar dano
ao patrimônio público e à moralidade administrativa, conforme se comprovará:

I- DO BREVE RELATO FÁTICO

João, nascido e domiciliado em Florianópolis - SC, indignou-se ao saber, em abril


de 2019, por meio da imprensa, que o senador que merecera seu voto nas últimas eleições
havia determinado a reforma total de seu gabinete, orçada em mais de R$ 1.000.000,00,
a qual seria custeada pelo Senado Federal.

A referida reforma incluía aquecimento e resfriamento com controle


individualizado para o ambiente e instalação de ambiente físico para projeção de filmes
em DVD, melhorias que João considera suntuosas, incompatíveis com a realidade
brasileira.

O senador declarara, em entrevistas, que os gastos com a reforma seriam


necessários para a manutenção da representação adequada ao cargo que exerce. Tendo
tomado conhecimento de que o processo de licitação já se encerrara e que a obra não
havia sido iniciada, João, temendo que nenhum ente público tomasse qualquer atitude
para impedir o início da referida reforma, dirigiu-se a uma delegacia de polícia civil, onde
foi orientado a que procurasse a Polícia Federal.

II- DA TUTELA DE URGÊNCIA EM CARÁTER LIMINAR

É cediço que o artigo 300 do Novo Código de Processo Civil Brasileiro, regula em sua
égide o instituto das tutelas de urgência, com base no fumus boni iuris e no periculum in
mora, com efeito a luz do presente caso concreto, entende-se pelo cabimento desta como
será exposto a seguir.

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem
a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

O fumus boni iuris, encontra-se cristalinamente expresso, pois há ferimento direto ao


princípio da moralidade administrativa, elencado no mui saudoso artigo 37 da
Constituição Federal, haja visto, o gasto excessivo com a reforma do seu gabinete. Já o
priculum in mora, encontra-se fundado no presente caso concreto, pois o presente
processo licitatório já se encontra encerrado.

Desse modo, caso as obras ainda não tenham começado, é necessário evitar que os gastos,
pois é notório que o valor da referida reforma, é de grande dificuldade para ser
reembolsado futuramente para o erário público. Com isso, conforme prevê o artigo 5°
parágrafo 4° da Lei 4.717/65 requer a suspensão em caráter liminar do ato lesivo ora
impugnado.

Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação,


processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado,
o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao
Município.

§ 4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato lesivo impugnado.

Comprovado então, o fumus boni iuris e o periculum in mora, é pertinente e necessário a


concessão da liminar.

III- DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Inicialmente cumpre frisar que ante a situação fática narrada, fica claro a lesividade do
ato do Sr. Senador ao patrimônio público. Dessa forma, como disciplina a Constituição
Federal de 1988, esta disciplina que qualquer cidadão é parte legitima para propor Ação
Popular, cujo qual vise anular ato lesivo ao erário público ou entidade do Estado que
participe, ferindo assim o princípio da moralidade administrativa, o meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor,
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

De igual forma, disciplina o artigo 1e da lei 4.717/65:

Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de
nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos
Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição,
art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados
ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou
fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com
mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas
ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer
pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.

Importante frisar que o artigo 2°, em sua alínea “c”, regula que são nulos os atos providos
de ilegalidade do objeto, bem como, mais adiante no referido artigo na alínea “e”, serão
nulos os atos que sejam ensejados de desvio de finalidade. Resta cristalino a lesão ao
erário público, caracterizado de desvio de finalidade, haja visto, que o dinheiro do Senado
Federal fora utilizado para beneficiar um Senador, em suas pretensões pessoais.

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de:

c) ilegalidade do objeto;

e) desvio de finalidade.

Destaca-se, melhorias em seu gabinete, o que encontra-se expressamente vedado pela


Constituição Federal, na magnitude do seu artigo 37, em que disciplina que a
administração pública, seja ela direta ou indireta, da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, reger-se-ão pelos princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade,
eficiência e publicidade.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

Com efeito, que fica comprovado que o dinheiro público e a máquina pública, foram
utilizados de forma irregular, para atender fins pessoais do Sr. Senador, havendo clara
violação aos princípios da moralidade administrativa. Importante frisar, que além da
violação ao princípio da moralidade, resta clara a violação no que tange ao desvio de
finalidade, a qual a verba pública era de fato destinada, e foi gasto de maneira ilegal.

Dessa forma como preceitua o mui respeitoso doutrinador Helly Lopes Meirelles:

“O princípio da impessoalidade, referido na Constituição de 1988 (art. 37, caput), nada


mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que
só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de
direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal.”

“Desde que o princípio da finalidade exige que o ato seja praticado sempre com finalidade
pública, o administrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de praticá-lo no
interesse próprio ou de terceiros. Pode, entretanto, o interesse público coincidir com o de
particulares, como ocorre normalmente nos atos administrativos negociais e nos contratos
públicos, casos em que é lícito conjugar a pretensão do particular com o interesse
coletivo.”

Mas adiante o professor Celso Antônio Bandeira de Melo, segue afirmando:

"Nele se traduz a ideia de que Administração tem que tratar a todos os administrados sem
discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismo nem perseguições são
toleráveis. Simpatias ou animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem
interferir na atuação administrativa e muito menos interesses sectários, de facções ou
grupos de qualquer espécie. O Princípio em causa não é senão o próprio princípio da
igualdade ou isonomia (...).”

Vale ainda salientar, que o artigo 4° parágrafo 1° da Lei 4.717/65, irá dispor que os atos
serão nulos, aqueles que desobedecerem, as condições referente a habilitação das normas
legais, e regulamento constantes nas instruções gerais, desse modo, vale salientar que o
ato lesivo praticado pelo Senador ora em questão, foi contra as normas vigentes no
ordenamento jurídico brasileiro, e os princípios regentes da administração pública
devendo ser declarado nulos.

Art. 4º São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por
quaisquer das pessoas ou entidades referidas no art. 1º.

I - A admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições


de habilitação, das normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais.

Importante dizer, que caso a parte ré da presente ação já tenha dado início a reforma de
seu gabinete, causando danos aos cofres públicos, que este seja condenado ao
ressarcimento ao erário Público. Bem como, o ato praticado pelo Sr. Senador configura-
se ato de improbidade administrativa, pois há violação expressa dos princípios
norteadores da administração pública.

Dessa forma, deve-se fazer cumprir com o disposto no parágrafo 4° do artigo 37 da


Constituição Federal, devendo este passar pelo artigo 10 da Lei 8.429/92.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:”
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos,
a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na
forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
desta lei, e notadamente:”

IV- DOS REQUISITOS DA AÇÃO POPULAR

Importante frisar que o presente instrumento processual, é um instrumento de cidadania,


cujo qual não precisa da demonstração de prejuízo material, pois visa o princípio da
administração pública, em expresso no caso concreto o da moralidade pública, com já
posto pelo Supremo Tribunal Federal.

Destarte que para o cabimento da Ação Popular, basta a ilegalidade do presente ato
administrativo para que este seja invalidado, fulcro por contrariar as normas vigentes no
ordenamento jurídico, que são responsáveis por reger os processos administrativos
necessários, ou desvio de finalidade, cujo quais são basilares para administração pública.

Fica então dispensáveis a demonstração do prejuízo material aos cofres do erário público,
cujo qual não é desrespeitoso ao que preceitua o inciso LXXIII do artigo 5° da
Constituição Federal de 1988, norma imprescindível que abrange não somente o
patrimônio material público, mas o patrimônio histórico e cultural.

Sendo perfeitamente cabível a presente ação, estando todos os requisitos comprovados.

V- DO JUÍZO COMPETENTE

Vale salientar, que tal ação além de envolver o interesse legítimo do autor, é de sumo
interesse da União, cujo qual, futuramente poderá vir a se tornar parte ativa ao lado do
autor, sendo assim competente a Justiça Federal, sem foro privilegiado, com o devido
fulcro no artigo 5° da Lei 4.71/65.

Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é competente para conhecer da ação,


processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a organização judiciária de cada Estado,
o for para as causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao
Município.

Além do mais, o artigo109, em parágrafo 2° da Constituição Federa de 1988, dispõe que


as causas quais sejam intentadas contra a União, poderão ser impetradas na seção
judiciária em que for domiciliado o autor da ação, com isso, resta comprovado, que a
seção judiciária competente para processar e julgar a referida demanda é a Justiça Federal
de Santa Catarina, mais precisamente na comarca de Florianópolis, pois é onde reside o
autor.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que
for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à
demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.

Fora que exigir do autor o seu deslocamento até a seção judiciária de Brasília, seria um
tamanho absurdo, haja visto se tratar de pessoa com poucos recursos, visto o deslinde
especial da Ação Popular, além do que a Carta magna vigente, no dispositivo supracitado,
permite que a ação tramite no domicílio do autor, sendo assim, mais confortável a este
cujo qual é assegurado direito na constituição federal.

VI- DAS PROVAS

Protesto o alegado provar por todos os meios de prova em direito admitidos, bem como,
os listados no rol do artigo 369 do Código de Processo Civil, em especial requer produção
de provas documentais.
VII- DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

VIII- DAS PROVAS

Ante o exposto, requer:

a) Deferimento da tutela provisória de urgência em caráter liminar com efeito


suspensivo do processo licitatório, com fulcro no artigo 300 do Código de
Processo Civil e artigo 5° parágrafo 4° da Lei 4.717/65;
b) A citação por precatória da parte ré, nos prazos do artigo 7°, inciso IV, da Lei
4.717/65, com anexo da exordial e documentos probatórios juntados;
c) A intimação e oitiva do Ministério Público Federal.
d) Intimação da União para se manifestar, com fulcro no artigo 6°, parágrafo 3e da
Lei 4.717/65;
e) Que seja proferida e confirmada a sentença com anulação dos atos administrativos
tomados pela parte ré, visando a prevenção das despesas do objeto da presenta
ação popular, e caso já tenha sido efetuado no decurso do processo, com a
comunicação ao Ministério Público, seja declarado o ressarcimento ao erário
público, e que sejam tomada a devida ação penal e de improbidade administrativa
que entender necessário;
f) Que seja concedido o requerimento de provas;
g) Que o réu seja condenado aos honorários advocatícios de sucumbência, no valor
de 15% do valor da causa, nos termos do artigo 12 da Lei 4.717/65, bem como
nas custas processuais;

Nestes temor, pede-se e aguarda deferimento.


Local e data

_____________________________

Advogado

OAB/UF

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