Você está na página 1de 38

Direito Constitucional III 1

Teoria geral dos direitos fundamentais


Título II da CF/88 – Dos Direitos e Garantias Fundamentais (art. 5º a 17)

• Individuais e coletivos – cap I


• Sociais – cap II
• Nacionalidade – cap III
• Políticos – cap IV
• Partidos políticos – cap V.

Distinção entre direito e garantia

• O direito declara o bem ou vantagem em nosso favor: Conteúdo declaratório.

Obs.: direito é tudo aquilo que a Constituição declara a favor dos cidadãos, ou seja, direito possui conteúdo
declaratório.

Exemplo: Direito de ir e vir (art. 5º, XV).

• A garantia assegura (defende, protege) o direito: conteúdo assecuratório.

Obs.: as garantias possuem o papel de defender os direitos, são os meios que asseguram a plenitude do
direito.

(CESPE/STJ/2018) A respeito dos direitos e garantias fundamentais, julgue o item que se segue, tendo como
referência a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. O rol dos direitos fundamentais previsto na
Constituição Federal de 1988 é taxativo, isto é, o Brasil adota um sistema fechado de direitos fundamentais:
Habeas Corpus (art. 5º, LXVIII).
O rol dos direitos fundamentais previsto na CF não é taxativo. É exemplificativo, ou seja, não excluem
outros decorrentes do regime, dos princípios por ela adotados ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte.

Evolução histórica

Sarlet afirma que: “a história dos direitos fundamentais, de certa forma, é também a história da limitação
de poder”.

•Klaus Stern identifica 3 etapas:

1. pré-história, que se estende até o século XVI;


2. Intermediária, que corresponde ao surgimento da doutrina jusnaturalista e afirmação dos direitos
naturais do homem;
3. Constitucionalização, iniciada em 1776, com as declarações de direitos nos EUA.

Qual a diferença entre Direitos Humanos e Direitos Fundamentais?

Os direitos fundamentais, de certa forma, são também sempre direitos humanos, no sentido de que seu
titular sempre será o ser humano, ainda que representado por entes coletivos (grupos, povos, nações,
Estado), também é certo que não é esse o motivo pelo qual a distinção se faz necessária.

O termo “direitos fundamentais” se aplica àqueles direitos (em geral atribuídos à pessoa humana)
reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado, ao passo que
a expressão “direitos humanos” guarda relação com os documentos de direito internacional, por referir-se
2

àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao ser humano como tal, independentemente de sua
vinculação com determinada ordem constitucional, e que, portanto, aspiram à validade universal, para todos
os povos e em todos os lugares, de tal sorte que revelam um caráter supranacional (internacional) e
universal.

Direitos Humanos Os direitos das pessoas humanas reconhecidos pela ordem


jurídica internacional e com pretensão de validade universal.
Direitos Fundamentais Reconhecidos e positivados na esfera do direito
constitucional.
Os direitos Fundamentais são mais EFETIVOS que os Direitos Humanos.

Linha do tempo

Antiguidade Grego- O Cristianismo e a Idade A Reforma Idade Moderna


Romana Media
• Absolutismo • Positivação das
• Inexistiam direitos
• Dignidade da pessoa • Lutero / Calvin primeiras Declarações
fundamentais válidos
humana • “fundamental de Direito da
para todas as
pessoas. • Liberdade pessoal rights”. Inglaterra, Estados

• ideais de liberdade, • Igualdade de todos Unidos, América e


perante Deus França
igualdade
• - Tomás de Aquino
• direito natural.

Em nenhum momento dessa linha de tempo, foi uma luta para todos, mas sim uma luta para um tipo de
grupos específicos.

A positividade dos direitos fundamentais


• Magna Carta- 1215
• Petição de direitos- 1628
• Declaração de Independência dos Estados Unidos- 1776
• Declaração dos direitos do homem e do Cidadão – 1789.
• Conversão de Genebra- 1864.
• Declaração Universal dos Direitos do homem – 1948.

Gerações de direitos
TERMINOLOGIA AUSENCIA DE LINEARIDADE 3 GERAÇÕES

GERAÇÃO x DIMENSÃO x AS CONSTITUIÇÕES NÃO LIBERDADE, IGUALDADE E


FAMÍLIA x CATEGORIA x EXPERIMENTAM UM PROCESSO SOLIDARIEDADE.
ESPÉCIES. EVOLUTIVO LINEAR (reconhece o
direito constitutional mas não
vive / nem reconhece ainda)
3

Os direitos foram sendo garantidos pelo ordenamento jurídico de maneira gradual.

Primeira geração – ESTADO LIBERAL

• Séculos XVII e XVIII; .


• Direitos NEGATIVOS --> inibir o arbítrio do poder
político (restringem a ação do Estado sobre o indivíduo);
• Liberdades civil e política, ganhando relevo os direitos à
vida, à liberdade, à propriedade e à igualdade perante a
lei, acrescidos de uma série de liberdades de expressão
coletiva (tais como liberdade de imprensa,
manifestação, reunião etc.) e de participação política
(tais como direito de voto e capacidade eleitoral Segunda geração – ESTADO
passiva), correlacionados entre os direitos fundamentais SOCIAL
• e Séculos XIX e início do XX;
a democracia.
•• Exploração
Mínima desumana
intervenção da classe
estatal trabalhadora
à Estado Liberal de àDireito.
excessos do
liberalismo desmedido;
• Fatores sociais e econômicos pressionam o
constitucionalismo liberal (marxismo, comunismo utópico,
Revolução Russa, sufrágio, monopólios);
• Direitos POSITIVOS --> intervenção na realidade privada;
(Obrigação do Estado em fazer algo em prol dos indivíduos)
• Estado do Bem-Estar Social
• Direitos e prestações sociais à assistência social, saúde,
educação, trabalho, previdência, liberdade sindical, direito
de greve, férias, repouso semanal, salário mínimo, limitação
da jornada.
• Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
• Exigem do Estado uma atuação positiva, um fazer (daí a
identificação desses direitos enquanto liberdade positivas), o
que significa que sua realização depende da implementação
de políticas públicas estatais, do cumprimento de certas
prestações sociais por parte do Estado, tais como: saúde,
educação, trabalho, habitação, previdência e assistência
social.

• Segunda metade do século XX;


• Destina-se à proteção de grupos humanos;
Terceira Geração
• Os direitos fundamentais da terceira dimensão, também
denominados direitos de fraternidade ou de solidariedade
• Abrangem os direitos relativos à paz, desenvolvimento, comunicação,
solidariedade e segurança mundiais, proteção ao meio ambiente e
conservação do patrimônio comum da Humanidade, constituindo-se,
portanto, na qualidade de direitos de titularidade difusa ou coletiva,
no mais das vezes indefinida e indeterminável;
• Além da contenção frente ao arbítrio político (típico do Estado Liberal
de Direito) e ao arbítrio socioeconômico (típico do Estado Social de
Direito), sustenta-se ainda a contenção frente ao arbítrio bélico
tecnológico.
• estabelece os direitos "transindividuais", também denominados
coletivos —nos quais a titularidade não pertence ao homem
individualmente considerado, mas a coletividade como um todo.
4

Quarta geração:

• Compreende direitos decorrentes da Engenharia genética, direitos tecnológicos e de informação.


• Não há consenso na doutrina

Quinta geração:

Para o jurista brasileiro Paulo Bonavides, o Direito a PAZ merece maior destaque, por isso estaria em uma
geração específica para ele.

Primeira Geração ou  Direitos civis e políticos;


dimensão (o foco é a  Liberdades clássicas, negativas ou formais;
liberdade):  Limitação ao poder do Estado.
Segunda Geração ou  Direitos sociais, econômicos e culturais;
dimensão (o foco é a  Exigem uma prestação estatal positiva;
igualdade)  Liberdades positivas, reais ou concretas.
Terceira Geração ou  Poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as
dimensão (o foco é a formações sociais (direitos transindividuais, metaindividuais)
solidariedade e a  Meio ambiente, defesa do consumidor, proteção da infância e da
fraternidade) juventude, desenvolvimento, autodeterminação, progresso, paz.
 Paulo Bonavides: os direitos de quarta geração referem-se ao direito
à democracia, à informação e ao pluralismo (foco na globalização
Quarta Geração ou dimensão política e na universalização).
 Noberto Bobbio: a quarta geração trata dos direitos relacionados à
engenharia genética. (foco na proteção do patrimônio genético da
humanidade e na biotecnologia).
Embora a doutrina dominante classifique o direito à paz como terceira
Quinta geração ou dimensão geração, o professor Paulo Bonavides insere o direito à paz na quinta
geração.

2018/CESPE/PGE-PE/PROCURADOR DO ESTADO) os direitos destinados a assegurar a soberania popular


mediante a possibilidade de interferência direta ou indireta nas decisões políticas do Estado são direitos a.
políticos de primeira dimensão. b. políticos de terceira dimensão. c. políticos de segunda geração. d. sociais
de segunda geração. e. sociais de primeira dimensão.

(2017/IBADE/IPERON-RO/ANALISTA EM PREVIDÊNCIA/AUDITOR) O direito de comunicação é um direito


fundamental de: a. quinta geração. b. quarta geração. c. primeira geração. d. segunda geração. e. terceira
geração.
5

(2017/CESPE/TRT-7ªR/CE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA) Quanto à geração ou à dimensão


dos direitos fundamentais, os direitos sociais são considerados de a. quarta geração ou dimensão. b.
primeira geração ou dimensão. c. segunda geração ou dimensão. d. terceira geração ou dimensão.

Características
• Historicidade: Fruto da evolução histórica da humanidade. É o caráter da historicidade que justifica que
os direitos sejam proclamados em certa época, desapareçam em posteriores, ouse modifiquem com o
transcurso do tempo, o que revela, inequivocamente, a índole evolutiva desses direitos. Nessa forma os
direitos fundamentais mudam de acordo com a sociedade.

• Inalienabilidade: Não podem ser negociados ou transigidos, porque não possuem conteúdo econômico
material e sempre deve existe a possibilidade de alguém forcar a pessoa abrir mão desse direito o
Estado deve garantir que a pessoa não tenha esse direito violado. Assim, "a liberdade de expressão, cede
às imposições de não-divulgação de segredos obtidos no exercício de um trabalho ou profissão. A
liberdade de professar qualquer fé, por seu turno, pode não encontrar lugar propício no recinto de uma
ordem religiosa específica'.

• Irrenunciabilidade: Não podem ser renunciados.

• Imprescritividade: Não se sujeitam a prazos prescricionais. Não se perdem com o tempo, apenas alcança
a exigibilidade de direitos de cunho patrimonial, nunca a de direitos personalíssimos. Estes últimos são
sempre exercíveis, de forma que não há intercorrência temporal de não exercício que possa
fundamentar a impossibilidade da exigibilidade na prescrição.

• Universalidade: Pertencem a todas as pessoas, independentemente de sua condição. É da essência dos


direitos fundamentais a sua generalidade.

• Máxima efetividade: O Estado obrigado a garantir a máxima efetividade. A atuação dos Poderes
Públicos deve se pautar (sempre) na necessidade de se efetivar os direitos e garantais
institucionalizados, inclusive por meio da utilização de mecanismos coercitivos, se necessário for.

• Complementaridade: Não pode ser interpretado isoladamente, por exemplo, quando um jornalista
transmite certa notícia (direito de informação) e, simultaneamente, emite uma opinião (direito de
opinião).

• Concorrência: Podem ser utilizados em conjunto com outros direitos.

• Não- taxatividade: O rol é apenas exemplificativo.

• Proibição do retrocesso: Proíbe que os direitos já conquistados sejam perdidos, uma vez reconhecidos,
não podem ser suprimidos ou abolidos, ou enfraquecidos.

• Relatividade: Não existe direito fundamental.

• ilimitabilidade – os direitos fundamentais não são absolutos.


6

Eficácia horizontal
• Eficácia vertical à vinculação dos Poderes estatais aos direitos fundamentais.
• Teoria da ineficácia horizontal dos direitos fundamentais.
• Teoria da eficácia horizontal indireta dos direitos fundamentais.
• Teoria da eficácia horizontal direta dos direitos fundamentais.

Eficácia vertical e horizontal dos direitos fundamentais

Obs.: Eficácia: produzir efeitos.


• Eficácia vertical
Quando acima há o Estado e abaixo o particular. Os efeitos produzidos pelos
direitos observam essa direção, de cima para baixo. Nesse caso, o Estado
possui o papel de limitar o poder do Estado e exigir que ele implemente e
proteja os direitos fundamentais.
• Eficácia horizontal (externa ou privada): relação de igualdade.
Laço particular x particular: mesmo nas relações particulares devem ser
observados os direitos fundamentais.
• Eficácia diagonal (ou transversal): relação desigual.
Laço transversal entre dois particulares, como empregado e empregador,
caracterizado relação desigual.

Sobre a eficácia dos direitos fundamentais, analise as afirmativas a seguir.


I- A eficácia vertical dos direitos fundamentais foi desenvolvida para proteger os particulares contra o arbítrio do
Estado, de modo a dedicar direitos em favor das pessoas privadas, limitando os poderes estatais.
II- A eficácia horizontal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares, tendo na
constitucionalização do direito privado a sua gênese.
III- A eficácia diagonal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares nas hipóteses em que se
configuram desigualdades fáticas.
Está correto o que se afirmar em:
A.III, apenas.
B. I e III, apenas.
C. II e III, apenas.
D. I e II, apenas.
E. I, lI e III.

Direitos fundamentais em espécies


Direitos individuais e coletivos:

Art.5º: 78 incisos, uma das maiores declarações de direitos do mundo.


7

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
à propriedade ...

Destinatários: brasileiros (natos ou naturalizados) e os estrangeiros residentes no país. Sua interpretação


é extensiva, abrangendo qualquer pessoa que esteja sob o império do ordenamento jurídico brasileiro,
inclusive os estrangeiros não residentes.
Tanto a doutrina quanto a jurisprudência interpretam de forma ampla, ou seja, estrangeiros que estejam
no Brasil, mesmo que não residam, possuam direitos fundamentais. Pessoas jurídicas também podem ser
titulares de direitos fundamentais, inclusive o Estado, desde que compatível com sua natureza.
• Posição adotada no STF e na doutrina:
✓ os brasileiros natos e naturalizados;
✓ os estrangeiros, inclusive os não residentes;
✓ as pessoas jurídicas, desde que compatíveis com sua natureza.
Os brasileiros natos possuem todos os direitos possíveis. Os naturalizados, um pouco menos: não possuem
direito de serem candidatos à Presidente, por exemplo. Os estrangeiros, ainda que sejam englobados pelo
art. 5º, observam menos direitos: não observam direitos políticos, por exemplo. Abaixo, ainda estão as
pessoas jurídicas, que só possuem os direitos que sejam compatíveis com a sua natureza.
(FGV/TJ-AL/ANALISTA JUDICIÁRIO/2018) Jean, nacional francês residente no território brasileiro, procurou
um advogado e solicitou que fosse esclarecido que direitos a ordem jurídica brasileira lhe assegurava, mais
especificamente se possuía direitos fundamentais e direitos políticos.
À luz da sistemática constitucional, o advogado deve afirmar que Jean:
a. possui direitos políticos e fundamentais idênticos aos dos brasileiros naturalizados.
b. não possui direitos políticos e fundamentais de qualquer natureza.
c. possui direitos fundamentais em extensão inferior aos dos brasileiros, mas não direitos
políticos.
d. possui direitos fundamentais idênticos aos dos brasileiros, mas direitos políticos
inferiores.
e. possui direitos políticos e fundamentais em extensão inferior aos dos brasileiros.

DIREITO À VIDA
O direito à vida é o mais importante de todos os direitos fundamentais. Afinal, é a partir dele que o
indivíduo consegue ser o titular de todos os outros direitos.
A doutrina estabelece que o direito à vida é dividido em duas facetas:

✓ direito à existência;
✓ direito a viver com dignidade.
8

Contexto histórico brasileiro:

• Constituição de 1824 e 1891: direito à segurança individual;


• Constituições de 1934 e 1937: proibição da pena de morte (com exceções);
• Constituições de 1946 e 1967: direito a vida reconhecido e protegido como direito individual,
prevendo a possibilidade de pena de morte em casos de guerra com nação estrangeira e nos termos
da legislação militar;
• Constituição de 1988: o direito à vida foi expressamente contemplado no elenco do artigo 5º, caput,
na condição de direito “inviolável”.

O QUE É VIDA? “O conceito de “vida”, para efeitos da proteção jus fundamental, é


aquele de existência física. Cuida-se, portanto, de critério
meramente biológico, sendo considerada vida humana toda aquela
baseada no código genético humano.” (Sarlet)

CONCEITO DE DIREITO À VIDA:

DIRLEY DA CUNHA JR

"É o direito legítimo de defender a própria existência e de existir com dignidade, a salvo de qualquer
violação, tortura ou tratamento desumano ou degradante. Envolve o direito à preservação dos atributos
físico-psíquicos (elementos materiais) e espirituais-morais (elementos imateriais) da pessoa humana, sendo,
por isso mesmo, o mais fundamental de todos os direitos, condição sine qua non para o exercício dos
demais.”

SARLET

“Em apertada síntese, é possível afirmar que o direito à vida consiste no direito de todos os seres humanos
de viverem, abarcando a existência corporal no sentido da existência biológica e fisiológica do ser humano.”

• Exclusão de critérios de ordem moral, social, política, religiosa ou racial.


• Critério Biológico: A vida humana começa com a concepção, quando há fecundação do óvulo pelo
espermatozoide, gerando um ovo ou zigoto.
9

• Afastamento dos conceitos de vida Digna versus vida indigna.

O direito à vida exige que o Estado assegure condições mínimas de dignidade para que a pessoa possa
exercer os seus direitos.

➔ O direito à vida não é absoluto (art. 5º, XLVII, a): Por conta do abordo legal, e da pena de morte.

Entendimentos importantes do STF

1. A interrupção da gravidez de feto anencefálico não viola a dignidade da pessoa humana nem o direito à
vida.

2. A pesquisa com células-tronco embrionárias não viola a dignidade da pessoa humana nem o direito à
vida.

DIREITO À LIBERDADE
"Prerrogativa fundamental que investe o ser humano de um poder de autodeterminação ou de determinar-
se conforme a sua própria consciência. (...) poder de atuação em busca de sua realização pessoal e de sua
felicidade" (Cunha Junior).

A) AÇÃO; B) LOCOMOÇÃO; C) OPINIÃO OU PENSAMENTO; D) EXPRESSÃO DA ATIVIDADE INTELECTUAL,


ARTÍSTICA, CIENTÍFICA E DE COMUNICAÇÃO; E) INFORMAÇÃO; F) CONSCIÊNCIA E CRENÇA; G) REUNIÃO; H)
ASSOCIAÇÃO; I) OPÇÃO PROFISSIONAL.

 É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. O anonimato é vedado, pois, entre
outras coisas, este impossibilita a resposta proporcional.
 Direito de resposta proporcional ao agravo + indenização por dano material, moral ou à imagem.

Nota jurisprudencial

• O direito à livre manifestação do pensamento compreende os direitos de crítica, de protesto, de


discordância e de livre circulação de ideias [STF ADPF 187]
• O preceito fundamental de liberdade de expressão não consagra o "direito à incitação ao racismo",
dado que um direito individual não pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilícitas, como
sucede com os delitos contra a honra [STF HC 82.424].

SISTEMA CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES FUNDAMENTAIS

• Existe um direito geral de liberdade?


• Reforço às proteções das liberdades em espécie;
• Critério material para dedução de liberdades especificas que não foram objeto de direito e expressa
previsão constitucional;
• O direito geral de liberdade funciona como um principio geral de interpretação de liberdade
implícitas na ordem constitucional;
• Interpretação extensiva;
• DDHC, art. 4º → A liberdade consiste em poder fazer tudo o que não prejudica o outro.

• LIBERDADE DE AÇÃO
10

A liberdade de ação consiste na liberdade de fazer ou deixar de fazer qualquer coisa, quando não vedada
por lei. É a base de todas as outras liberdades, recebendo o nome de "liberdade matriz", que decorre do
princípio da legalidade, previsto no artigo 5º, II "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude da lei."

Nesse ponto vale lembrar as palavras de José Afonso da Silva “desde que a lei […] provenha de um
legislativo formado mediante consentimento popular e seja formado segundo processo estabelecido em
constituição emanada também da soberania do povo, a liberdade não será prejudicada. Nesse caso, os
limites a ela opostos pela lei são legítimos” (2008, p.236).

• LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO

Há de se noticiar, contudo, que o direito de ir, vir ou permanecer no território nacional em tempo de paz
não pode ser visto como absoluto, afinal trata-se de uma norma constitucional de eficácia contida.

Art. 5º, XV: é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

Repele qualquer atividade não autorizada pela Constituição de cercear o trânsito das pessoas

Cede em casos excepcionais, como quando pretende resguardar outros interesses, como a ordem pública
ou a paz social.

Vê-se que a liberdade inscrita no art. 5°, XV, CF/88 abarca151:

I. o acesso e ingresso no Território Nacional;


II. a saída do Território Nacional;
III. a permanência no Território Nacional;
IV. o deslocamento no território nacional.

• LIBERDADE DE OPINIÃO OU PENSAMENTO

É o direito de exprimir o que se pensa. Sendo dotado de um grau mínimo de discernimento e saúde mental,
o indivíduo já possui a liberdade de pensamento.

A liberdade de expressão não abona discurso de ódio.

É a liberdade de expressar juízos, conceitos, convicções e conclusões sobre alguma coisa.

Nesta forma, o art. 5º, IV, assegura dois aspectos:

➔ POSITIVO: proteção da exteriorização da opinião.


➔ NEGATIVO: vedação à censura previa.

A Constituição consagra a liberdade de manifestação de pensamento, sob qualquer forma, processo ou


veículo, sendo vedado o anonimato (art. 5 º, IV) e toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e
artística (art. 220 § 2 º).

Isso porque, eventualmente, no exercício dessa faculdade, o sujeito pode agir abusivamente e ferir direitos
de outrem (honra ou imagem, por exemplo), ou até mesmo cometer um ilícito penal, casos em que sua
identidade será imprescindível para viabilizar a responsabilização aplicável à hipótese.

A Constituição, por outro lado, assegura o direito de resposta a quem se sentiu ofendido ou atingido pela
opinião de outrem, proporcional ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem.
11

Qual é a importância de vedar o anonimato? Para permitir a identificação do autor e tornar possível a
resposta proporcional ao agravo, bem como o pleito
judicial por indenização decorrente dos danos materiais
e/ou morais, ou, também, ações penais em casos de
crimes contra a honra.

A liberdade de opinião constitui se em direito


fundamental do cidadão, envolvendo o pensamento, a
exposição de fatos atuais ou históricos e a crítica.

 ADPF 187 (Inf. 631 caso Marcha da Maconha);


 ADI 4815/DF (Inf. STF 789)
 Reclamação nº 38201/STF)

É inconstitucional a proibição de manifestações e debates públicos acerca da descriminalização ou


legalização do uso de drogas ou de qualquer substância que leve o ser humano ao entorpecimento
episódico, ou então viciado, das suas faculdades psicofísicas. [ADI 4.274]

Esta discussão surgiu em razão da “Marcha da Maconha”. Há diversas decisões do Supremo em que há a
conexão entre liberdade de manifestação do pensamento e o direito de reunião.

(2017/CESPE/MPE–RR/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO) Considerando que a liberdade de expressão é


uma importante garantia fundamental protegida pela CF em seu artigo 5º, inciso IV, julgue os itens a seguir.
I – Segundo entendimento do STF, a CF permite a manifestação pública pela descriminalização de
determinados tipos penais sem que se configure apologia ao crime.
II – A liberdade de expressão protege discursos racistas e antissemitas, desde que eles não incitem a
violência, de acordo com entendimento do STF.
III – Lei que proíba manifestações anônimas deverá ser declarada inconstitucional por violação à liberdade
de expressão. Assinale a opção correta.
a. Apenas o item I está certo.
b. Apenas o item II está certo.
c. Apenas o item III está certo.
d. Todos os itens estão certos.

• LIBERDADE DE EXPRESSÃO

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística,


científica e de comunicação, independentemente de censura
ou licença;

✓ Decorrência lógica da liberdade de pensamento;


✓ Direito de manifestação das sensações, sentimentos
ou criatividade do indivíduo.

A expressão destas atividades é livre, mas não é absoluta. O


Estado poderá impor restrições, tais como horário, locais
adequados e classificação etária para exposições artísticas.

Há determinadas manifestações intelectuais e artísticas que,


apesar da necessidade de se harmonizarem com outros
12

direitos, gozam de ampla liberdade;

Outras ficam sujeitas a uma fiscalização e regulamentação do poder público, situação que não pode ser
confundida com censura ou exigência de licença prévia.

(2018/CESPE/ABIN/OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA – ÁREA 2) O direito à liberdade de expressão


artística previsto constitucionalmente não exclui a possibilidade de o poder público exigir licença prévia para
a realização de determinadas exposições de arte ou concertos musicais. → ERRADO

• LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE CRENÇA

Art 5 º
Direito
• VI. é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
Garantia
Obs.: A liberdade de consciência e de crença é o direito, a proteção aos locais de culto e suas liturgias é a
garantia.

• VII. é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva.
Regra
• VIII. ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
Exceção
política, salvo se as invocar para eximir se de obrigação legal a todos imposta e recusar se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei.

Obs.: Isto poderá acontecer, por exemplo, quando o indivíduo, durante o alistamento, alegar
impossibilidade de servir no exército por motivos religiosos. Para tanto, o Estado estabelece que ele deverá
cumprir prestação alternativa, fixada em lei.

Caso o indivíduo se recuse a cumprir prestação alternativa, será privado de seus direitos políticos.

• Art. 19º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.

• I estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná los, embaraçar lhes o funcionamento ou manter com
eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração
de interesse público.

• LIBERDADE DE REUNIÃO, ASSOCIAÇÃO E DE OPÇÃO PROFISSIONAL


É livre, mas não é absoluto
Art. 5º, XIII. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer.

As qualificações profissionais são uma espécie de restrição. Compete à União estabelecer requisitos para o
exercício de profissões (art. 22). Na visão da doutrina, esta é uma norma de eficácia contida, porque produz
seus efeitos, mas admite que uma lei posterior restrinja o exercício do direito.

O STF entendeu que a exigência do Exame de Ordem, para o exercício da advocacia, não viola a
Constituição [RE 603.583].

DIREITO À IGUALDADE
De todas as menções, a mais central é aquela constante do caput do art. 5° que, ao enunciar que "todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.".
13

Pensamento Aristotélico: associa justiça e igualdade e sugere que os iguais devem ser tratados de modo
igual ao passo que os diferentes devem ser tratados de modo desigual.

• Valor central para o direito constitucional contemporâneo.


• Limite à discricionariedade legislativa.

São sublimes as palavras de Boaventura, quando afirma que: "(...) temos o direito a ser iguais quando a
nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos
descaracteriza daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não
produza, alimente ou reproduza as desigualdades.

01. Pertinência lógica


As leis podem discriminar? 02. Necessidade e razoabilidade
03. Critérios razoáveis e justos

 Igualdade formal: tratamento igual na ordem jurídica.


 Igualdade material: igualdade perante oportunidade de acesso aos bens da vida. Estado necessita
criar meios concretos, razões afirmativas, para reduzir as desigualdades sociais. Sendo assim, o Estado
deve praticar alguns atos em favor de algumas minorias que foram historicamente e culturalmente
discriminadas, a fim de corrigir tais desigualdades.
Exemplos disso são as cotas étnico-raciais e o tratamento diferenciado para pessoas com deficiência.
1. Igualdade formal é incompatível com a desigualdade em matéria de direitos e obrigações decorrente
de desigualdades sociais e econômicas. • É possível estabelecer limitação de
2. Igualdade formal não afastava, por si só, situações idade em concurso público. (Súmula
de injustiça. 683–STF).
3. Objetivo fundamental do Estado (art. 3°, III); • O sistema de cotas raciais não viola o
Finalidade da ordem econômica (art. 170) e princípio da igualdade. (ADPF 186)
objetivo da ordem social (art. 193). • Concurso público “regionalizado” não
4. AÇÕES AFIRMATIVAS. ofende a igualdade. [RE 146.585]
Ações afirmativas são medidas especiais e concretas, • Não cabe ao Poder Judiciário, que não
reais para assegurar o desenvolvimento ou a proteção tem função legislativa, aumentar
de certos grupos, com o fito de garantir-lhes, em vencimentos de servidores públicos sob
condições de igualdade, o pleno exercício dos direitos o fundamento de isonomia. [Súmula
do homem e das liberdades fundamentais (Dirê da Vinculante 37]
Cunha Junior). Nota jurisprudencial

Compensação das desigualdades fáticas (Sarlet).

É uma política social de discriminação positiva voltada a corrigir desigualdades históricas.

Genérica/geral
Centrada na ideia de tratar
todos de maneira indistinta. Igualdade formal

Igualdade perante a lei


Foi necessário ter a igualdade material,
pois a igualdade formal, por si só não afasta Destinada ao legislador
a injustiça.
14

Destinada ao interprete,
Deveriam tratar os iguais de maneira igual aquele que executará a lei.
e os desiguais de maneira desigual.
Igualdade na lei
Real/substancial
Igualdade material
Ex.: Cotas no concurso
O Estado vai praticar atos visando público para deficientes e
Ações afirmativas
corrigir na pratica as desigualdades, para pessoas negras e
criando as ações afirmativas. pardas.
Medidas concretas

ADPF N° 186 - STF

Para efetivar a igualdade material, o Estado poderia e deveria lançar mão de políticas de cunho
universalista - a abranger número indeterminado de indivíduos - mediante ações de natureza estrutural; ou
de ações afirmativas - a atingir grupos sociais determinados - por meio da atribuição de certas vantagens,
por tempo limitado, para permitir a suplantação de desigualdades ocasionadas por situações históricas
particulares. A Corte entendeu que a adoção de políticas que levem ao afastamento de perspectiva
meramente formal do princípio da isonomia integra o cerne da democracia. A CF proíbe a discriminação
negativa (preconceito), mas impõe a discriminação positiva, com vistas a estimular a inclusão social de
grupos excluídos. (Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 26-4-2012).

RESPEITAR AS PESSOAS NAS SUAS DIFERENÇAS, E PROCURAR APROXIMÁ-LAS, IGUALDANDO AS


OPORTUNIDADES.

[ADC 41, rel. min. Roberto Barroso]

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.

A Constituição coloca no texto uma frase mais genérica.

DIREITO À PRIVACIDADE
A violação a privacidade ocorre de forma sútil que não percebemos, e nos mesmos permitimos,
autorizamos a terceiros violar a nossa privacidade.

ART. 12 da DUDH: Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na
sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Todos os seres humanos têm direito à proteção
da lei contra tais interferências ou ataques.

A DUDH estende o nosso direito.

Art. 5º, X, CF: são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015). (Vigência)
15

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para
fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996)
O inciso X do art. 5°, contemplando a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem
das pessoas, direitos não referenciados de modo expresso no caput do dispositivo, mas que estão, sem
dúvida, conectados ao direito à vida, especialmente na sua segunda acepção (direito a uma vida digna).

intimidade
São invioláveis:
vida a honra

imagem

Consequências para quem ferir esse direito:


indenização pelo dano material e moral

O direito à privacidade não se revela ilimitado e imune a intervenções restritivas, ou seja, esse direito pode
ser violado se necessário.

Privacidade x intimidade

Intimo é a parte mais reservada de si, aquilo que só diz respeito a você, e não precisa de uma repercussão
social, e a informação, pensamento que você tem de si mesmo e que você não precisa compartilhar com
ninguém, exemplo assuas anotações no diário, suas conversas com o psicólogo.

A vida íntima é, assim, aquela relacionada à identidade da pessoa humana, suas particularidades de foro
moral, abrangendo sua sexualidade, sua autoestima, seus segredos e informações mais pessoais.

Privacidade é gênero e o direito a intimidade é espécies. A privacidade possui um controle de informações,


exemplo os melhores amigos do Instagram.

DIFERENÇA
A vida privada é mais abrangente e contém a intimidade, pois abarca as relações pessoais, familiares,
negociais ou afetivas, do indivíduo, incluindo seus momentos de lazer, seus hábitos e seus dados
pessoais, como os bancários e os fiscais.

O direito à privacidade nos EUA: É um direito de ser deixado em PAZ: EUA é o direito de estar só e ser
deixado só (the right to be let alone), ligada ao direito a liberdade.

• Níveis de proteção (absolutamente protegido X esfera aberta a intervenção estatal);

Restrição se justifica apenas quando necessário assegurar a proteção a outros direitos fundamentais ou
bens constitucionais relevantes;

• Em relação aos famosos? Pessoas” públicas”

A doutrina e a jurisprudência entendem que a uma redução, mas jamais a anulação;

Em relações as pessoas com a personalidade públicas, e que a carreira deles são públicas, mas a vida deles é
privada não, isso depende da sua própria escolha.

• Seria está a era do fim da privacidade?


• Direito à privacidade nas redes sociais: ocorre uns riscos decorrentes do excesso de exposição.
16

Direito à honra e à imagem

HONRA: BOM NOME E REPUTAÇÃO DOS INDIVÍDUOS;

A honra é um bem imaterial conectado ao valor moral do indivíduo, podendo ser compreendida como a
reputação, o bom nome, a boa fama que o sujeito goza na vida em sociedade, bem como o sentimento
próprio de estima e dignidade.

A proteção da honra ultrapassa a esfera constitucional e vai para a esfera do direito penal, como o caso dos
crimes de injuria, difamação e calunia, que vão ampliar a segurança do direito a honra.

A proteção a imagem trata-se da representação gráfica como fotos, caricaturas, desenhos, pinturas, etc., os
meios de comunicação não podem usurpar a imagem do indivíduo, utilizando-a sem o seu consentimento,
ainda que seja para enaltecer a pessoa., isso porque a tutela da imagem é dissociada com a honra.

Entendimento do STF:
Para a reparação do dano moral não se exige a ocorrência de ofensa à reputação do indivíduo. O que acontece é
que, de regra, a publicação da fotografia de alguém, com intuito comercial ou não, causa desconforto,
aborrecimento ou constrangimento, não importando o tamanho desse desconforto, desse aborrecimento ou desse
constrangimento. Desde que ele exista, há o dano moral, que deve ser reparado, manda a Constituição, art. 5º, X

• A honra é constantemente violada pela liberdade de expressão.

HONRA x LIBERDADE DE EXPRESSÃO: interesse público.

• Bem tipicamente imaterial;


• Integridade e inviolabilidade moral;
• Forte dose de subjetividade;
• Crédito e o sentimento de estima e inserção social de alguém;

✓ Lei 12.737 de 2012, popularmente conhecida como “Lei Carolina Dieckmann”


✓ Lei 12.965 de 2014, mais conhecida como Marco Civil da Internet.
✓ Lei nº 13.709 de 2018, ou Lei Geral de Proteção de Dados.

Inviolabilidade do domicílio

Problemas:

• qual o conceito de domicílio?


• quais os limites e restrições?

CASA: todo aquele espaço delimitado e


separado que alguém ocupa com exclusividade,
seja para fins de residência, seja para fins
profissionais, de modo que mesmo um quarto
de hotel, o escritório, qualquer dependência de
casa mais ampla, desde que utilizada para fins
pessoais são abrangidos pela proteção
constitucional (SARLET);

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo,


ninguém nela podendo penetrar sem
17

consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou,
durante o dia, por determinação judicial;

Tanto a doutrina quanto a jurisprudência a proteção da "casa" é extensa e ampla, pois indica qualquer local
delimitado que alguma pessoa ocupe com exclusividade, a qualquer título, inclusive de forma profissional.

LIMITES:

1. Autorização e consentimento: deve ser livre, pois não pode forçar o consentimento, prévio e deve
inequívoco pois não pode a ver duvidas que foi autorizado;
Pode ser a
qualquer 2. Flagrante delito (fundadas razões, crimes continuados, dificuldade na configuração);
horário
3. Desastre e prestação de socorro: A doutrina e jurisprudência aceita o ingresso da violação do
domicilio, sem o consentimento se for a única forma de evitar o dano). Além disso, em situações de
maus tratos aos animais, é permitido.

4. Durante o dia, mediante ordem judicial (5h-21h).

HIPÓTESE DIA TARDE


Prestar socorro Pode Pode
Flagrante delito Pode Pode
Desastre Pode Pode
Por determinação da autoridade Pode Não pode
judicial

ATENÇÃO: De acordo com o STF é possível cumprir ordem judicial durante a noite, no escritório
profissional, durante uma investigação criminal para instalar escutas ambientais. (INQ n. 2.424, STF).

Inviolabilidade das nossas comunicações


Proteger as correspondências é preservar a privacidade e a liberdade de expressão, afinal, a confidência de
algo privado, íntimo, sigiloso a um terceiro, não pode ser objeto de interferência da parte de nenhum
particular, muito menos do Estado.

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das


comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Por analogia dados fiscais e bancas tem proteção constitucional, estando de forma implícita no inciso.

DIREITO À PROPRIEDADE
“XXII – é garantido o direito de propriedade”;

“XXIII – a propriedade atenderá sua função social”.

Art. 170, II :princípio fundamental da ordem econômica do país a propriedade privada;

• Mais importante direito do Liberalismo Clássico – DIREITO ABSOLUTO: poder de usar, fruir, dispor,
bem como reivindica-la de quem indevidamente a possuísse;
18

• Estado Democrático Social de Direito – função social da propriedade; o direito de propriedade não é
absoluto, pois a função social da propriedade deve ser respeitada.

A função social da propriedade encontra-se definida pela própria Constituição.

“CF/88: Art. 182, § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.”

“CF/88: Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,
segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.”

O descumprimento da função social pelo imóvel rural pode acarretar a desapropriação.


Pode o Poder Público, no entanto, determinar a desapropriação da propriedade particular através de uma
transferência compulsória, em que toma para si bens particulares, mediante o pagamento de justa e prévia
indenização.

• Deve ceder quando for necessário à tutela do interesse público à desapropriação: procedimento de
direito público pelo qual o Estado transfere para si a propriedade de terceiro, por razões de utilidade
pública, de necessidade pública ou interesse social, mediante pagamento de indenização;

• Bens corpóreos e incorpóreos;

Segundo Gilmar Mendes, essa amplitude é produto das mutações sofridas pelo direito no passar dos anos,
em que releituras interpretativas passaram a admitir que a garantia do direito de propriedade abrangesse
não só a propriedade sobre bens móveis ou imóveis, mas também os demais valores patrimoniais, incluídas
aqui as diversas situações de índole patrimonial, decorrentes de relações de direito privado ou não. Essa
mudança da função da propriedade foi fundamental para o abandono da ideia da necessária identificação
entre o conceito civilíssimo e o conceito constitucional de propriedade.

Direito à propriedade intelectual

Art. 5°, XXVII -aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar.
Art. 5°, XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas.

Os direitos autorais recebem proteção constitucional.

DIREITO SOCIAS
São direitos sociais:
19

a. Educação
b. Saúde
c. Alimentação
d. Trabalho
e. Moradia
f. Transporte
g. Lazer
h. segurança
i. Previdência social
j. Proteção à maternidade e infância
k. Assistência aos desamparados.

• Histórico
• Conceito: tem a finalidade de garantir direitos mínimos à coletividade e assegurar uma melhoria das
condições de existências para os indivíduos. Os direitos sociais têm por conteúdo “um fazer”, “um
ajudar”, “um contribuir”, que dependem da intervenção estatal, que somente se realizam pela execução
de políticas públicas, destinadas a garantir amparo e proteção social aos mais fracos e mais pobres.
Resumindo:
✓ Poder de exigir
✓ Direito de segunda geração
✓ Direito positivo, que materializa com atuação do Estado
✓ Prestação positivas proporcionadas pelo Estado de forma direta parte da atuação do Estado
✓ Maior parte das normas são de eficácia limitada.

✓ Propiciam condições materiais para fruição de outros direitos como igualdade e


liberdade.

Para refletir:

❖ Existe um padrão mínimo de observância desses direitos?


❖ Como efetivar estes direitos frentes a disponibilidade de recursos estatais?
❖ QUAIS CONDIÇÕES MATERIAIS MÍNIMAS PARA A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS? O mínimo existencial tem para a efetivação do princípio da dignidade da pessoa
humana um papel fundamental. Assegurar as condições de dignidade da pessoa humana, através da
proteção dos direitos individuais – saúde, educação, moradia e alimentação- e das condições
materiais mínimas de existência, deve ser alvo prioritário dos gastos públicos.

Teoria da reserva do possível

Com os recursos escassos e as necessidades sociais imensas, passou-se a compreender que o Estado, na sua
imensas, passou a compreender que o Estado, na sua tarefa de definir prioridade e determinar suas políticas
públicas de alocação das verbas existentes, poderiam alegar a clausulas da “reserva do possível”.

A teoria da reserva do possível é destinada na criação e distribuição de recursos materiais e humanos, com
destaque aos aspectos econômicos, financeiros e tributários no que dizem respeito à efetividade dos direitos
sociais.

✓ O destinatário deve ter capacidade jurídica e poder de disposição.


✓ Equacionamento ao sistema federativo;
20

✓ Proporcionalidade da prestação no que tange à sua razoabilidade e exigibilidade;


✓ Não deve ser alegada como obstáculo intransponível.

Garantia do mínimo existencial

A Teoria do Mínimo Existencial é um subsistema da Teoria dos Direitos Fundamentais e busca respaldar as
lutas sociais contra a exclusão social e a miséria, bem como fornecer teorização suficiente para amparar os
pleitos processuais em face do poder público e elementos para fundamentação das decisões judiciais e das
escolhas políticas.

A garantia do mínimo existencial é um limite ao princípio da reserva do possível, especialmente no diz


respeito ao direito de saúde. No mínimo existencial, inserem-se a saúde (apenas o mínimo necessário), a
educação (vagas em creche e pré-escola, libras) e a reforma estrutural em presídios.

Não afasta o dever de garantir, em termos de direitos sociais, um mínimo necessário para a existência digna
da população.

Essa garantia do mínimo existencial está correlacionada ao princípio da dignidade da pessoa humana.

O Estado não pode justiça que não tem dinheiro para melhorar os direitos sociais, se ele gasta com coisas
necessárias, como campanhas publicas desnecessárias.

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.

É importante ressaltar que o Estado não dá direto, ele EFETIVA nossos direitos.

Direito à educação

Carta imperial de 1824; como contexto histórico, o direito à educação é o mais antigo, ele nunca foi
efetivamente/completamente muito menos efetivado, com a população inteira estudada, todo tendo
educação, isso tudo ainda não está completamente efetivado, por falta muitas vezes de acesso e
oportunidade. Sendo que o direito à educação é para ser prioridade, mas observando a forma que a
educação é tratada, enxergamos como temos problemas sociais.

A educação serve para preparar a gente para o mercado de trabalho. Sendo uma responsabilidade do
Estado e da família.

Encontrado no art. 6º e Capítulo III (art. 205 a 214);

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Obs.: No caso da responsabilidade do poder público em matéria de saúde, é possível entrar com ação para
solicitar tratamento contra a União, o Estado, o Distrito Federal e Município (responsabilidade solidária,
podendo estar no polo passivo qualquer um dos entes, a critério do impetrante). Se o remédio não possui
registro na ANVISA, obrigatoriamente a ação deve ser movida contra a União.

Realidade:
21

Mais de 5.5 milhões de crianças e adolescentes ficaram sem acesso à educação em 2020. É o que revela o
estudo “enfretamento da cultura do fracasso escolar”. → https://jovempan.com.br/programas/jornal-da-
manha/55-milhoes-de-brasileiros-ficaram-sem-acesso-a-educacao-em-2020-diz-unicef.html

Apesar da proporção de pessoas de 25 anos ou mais com ensino médio completo ter crescido no país
assando de 45,0% em 2016 para 47,4% em 2018 e 48,8% em 2019, mais da metade (51,2% ou 69,5 milhões)
dos adultos não concluíram essa etapa educacional. É o que mostra o módulo Educação, da PNAD Contínua
2019, divulgado hoje (15/7) pelo IBGE. → https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-
imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/28285-pnad-educacao-2019-mais-da-metade-das-pessoas-de-
25-anos-ou-mais-nao-completaram-o-ensino-
medio#:~:text=Apesar%20da%20propor%C3%A7%C3%A3o%20de%20pessoas,n%C3%A3o%20conclu%C3%A
Dram%20essa%20etapa%20educacional.

Essa escassez de pessoas que não tiveram acesso ao ensino médio, ou superior influência no nosso
mercado de trabalho, na pesquisa cientifica, pois prejudica demais. Esses dados mostram o tanto o estado
trata a educação com descaso, e a realidade da pandemia demonstrou o despreparo do estado.

A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais no Brasil ficou 6,6% e, 2019, oque corresponde
a11 milhões de pessoas. → https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18317-
educacao.html#:~:text=No%20Brasil%2C%20segundo%20a%20Pesquisa,(11%20milh%C3%B5es%20de%20an
alfabetos).&text=A%20taxa%20de%20analfabetismo%20para,mulheres%2C%206%2C3%25.

Os pilares da Educação:

a. Estado
b. Sociedade
c. Família

Direito à saúde

Art. 196 e seguintes

No Brasil, o direito a saúde é garantido através do SUS. Atrelado a garantia do direito à vida e à integridade
física.

O grande ponto do sistema único chave do é a palavra UNIVERSAL, e essa universalidade garante essa saúde
para todos e de forma gratuita, até para os estrangeiros não residentes no país, quaisquer pessoas que
precisar de saúde no Brasil, terá esse direito.

Positivação da forma definidora de direito e de cunho impositivo de deveres e tarefas por parte do Estado.
Saúde para todos (universalidade) e em igual condições gera um dever de gratuidade absoluta?

Efetividade necessidade juntamente com a proporcionalidade e solidariedade, atrelados ao princípio da


isonomia.

A saúde possui forma tripartite, é dividida a respeito do: a. Estado Federal; b. Governo; c. Municípios.

A saúde é um direito, e não um objeto. Sendo pública, mas é aberta ao particular.

O Estado deve garantir que menos pessoas precisem exclusivamente dele, e a realidade é que muitas
pessoas precisam, mas o Estado entrega pouco recuso para isso.

Realidade:
22

Sete em cada dez brasileiros, ou mais de 150 milhões de pessoas dependem exclusivamente dos SUS para o
tratamento. → https://www.otempo.com.br/brasil/sete-em-cada-dez-brasileiros-dependem-
exclusivamente-do-sus-aponta-ibge-
1.2381247#:~:text=Pesquisa%20divulgada%20nesta%20sexta%2Dfeira,a%20planos%20de%20sa%C3%BAde
%20privados.

A Saúde coletiva é muito complicada, principalmente agora na pandemia.

A demanda é um dos principais problemas da eficácia do direito à saúde, junto a isso vem a corrupção, a
necessidade de maior tensão nos municípios.

Direito à alimentação

O Estado atua com as merendas escolares, com a alimentação nas universidades, e com os restaurantes
populares (pratos cidadão) com custos baixos, o estado pode doar cestas básicas.

EC 64/2010→ mas já estava previsto no conteúdo do salário (art.7º, IV, CF);

✓ Impossibilidade de desfrutar os direitos fundamentais sem acesso à alimentação: interdependência


e indivisibilidade dos direitos fundamentais.
✓ DUDH (1948) Pacto internacional dos direitos econômicos, sociais e culturais (1966). Convenção
sobre os Direitos das Crianças (1989);
✓ Lei 11.346/2006: Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional;
✓ Cabível o controle judicial de políticas públicas.
✓ Núcleo intangível da Dignidade Humana.

Realidade:

Mais de 116.8 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar ou passando fome no Brasil,
segundo pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.

Direito ao trabalho

Artigo 7º → direitos sociais do trabalhador urbano e rural.

Seguro-desemprego; 13º salário; adicional noturno; férias; salário-família; licença à gestante; aviso prévio;
adicional de insalubridade e periculosidade; aposentadoria; repouso semanal renumerado; salário-mínimo
etc.

✓ Art. 8º ao 11 → direito sociais coletivos dos trabalhadores;


✓ Liberdade sindical; gave; participação na gestão da empresa.
✓ OIT à maior e mais eficaz fonte normativa de matriz internacional.

Realidade:

O país iniciou 2021 atingindo número recorde de desemprego.

Dos direitos fundamentais em espécie


O que são os remédios constitucionais?

De acordo com o Ministro Luís Roberto Barros:


23

“Os Remédios constitucionais são garantias instrumentais destinadas a proteção dos direitos
fundamentais previstos na Constituição Federal. Servem como instrumentos a disposição das
pessoas para reclamarem, em juízo, uma proteção a seus direitos, motivo pelo qual são também
conhecidos como ações constitucionais”.

Mecanismos que garantem aos cidadãos os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal
quando o Estado não cumpre seu dever, seja por despreparo, ilegalidade ou abuso de poder.

A terminologia “remédios constitucionais” é uma construção doutrinaria e não legal, pois a legislação
contempla cada remédio com nome especifico.

Habeas corpus

O habeas corpus é o remédio constitucional vocacionado à tutela do direito de locomoção contra


ilegalidade e abuso de autoridade.

É uma ação que visa à tutela jurisdicional da LIBERDADE.

Requisitos para o cabimento do habeas corpus:

a. Ato ilegal ou abuso de poder;


b. Coação à liberdade de locomoção.

Âmbito de proteção: prevenir ou reprimir prisões ilegais.


24

OBS.: O habeas corpus pode ser preventivo (quando há ameaça) ou repressivo (se o direito foi violado).

Atenção! → O HC não necessita de advogado.

• FUNDAMENTOS NORMATIVOS

CF, art.5ª, LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

Além dos incisos: LXI; LXII;LXIII;LXIV;LXVI;LXV.

CPP, art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer
violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.

O que é essa coação?

Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:


I - quando não houver justa causa;
II - quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III - quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI - quando o processo for manifestamente nulo;
VII - quando extinta a punibilidade.

• TITULARIDADE/LEGITIMIDADE
a. Legitimidade ativa: é universal,
bem ampla, de modo qualquer
pessoa, independentemente de
qualquer qualidade especial,
está apta a ajuizá-lo.
b. Legitimidade passiva: É o
responsável pela ilegalidade ou
pelo abuso de poder que viole a
liberdade ambulatorial do
paciente.
c. Paciente: É aquele que está
tendo sua liberdade de
locomoção coagida por
ilegalidade ou abuso de poder. O
próprio paciente pode ser
sujeito ativo, pois é ele que é
beneficiado pela ordem.

Obs.: só não é permitido habeas corpus


de anônimo.

O habeas corpus possui uma formalidade?

O habeas corpus não existe uma formalidade para escrever, justamente por que ele garante uma ampla proteção,
então qualquer forma que eu queira proteger isso será recebido.
Em relação aos remédios constitucionais, assinale a afirmativa correta.
25

A.O habeas data pode ser impetrado ainda que não haja negativa administrativa em relação ao acesso a informações
pessoais.
B.A ação popular pode ser impetrada por pessoa jurídica.
C.O particular pode figurar no polo passivo da ação de habeas corpus.
D.O mandado de segurança somente pode ser impetrado quando as questões jurídicas forem incontroversas.

GARATUIDADE:

CF, art. 5º, LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos
necessários ao exercício da cidadania

• COMPETÊNCIA
26

• ESPÉCIES
a. repressivo: Cabível quando já existir, no caso concreto, efetivo constrangimento ilegal do paciente,
como se dá, por exemplo na prisão ilegal. Nesse caso, o deferimento do habeas corpus acompanha a
determinação judicial de expedição de alvará de soltura.
b. Preventivo: Cabível quando existe apenas séria ameaça de constrangimento ilegal, que ainda não se
concretizou. O juiz determina, nessa hipótese, a expedição de um salvo-conduto (artigo 660, §4º,
do Código de Processo Penal)
c. Suspensivo: Cabível quando já houver prisão ilegal decretada, porém ainda não cumprida. Aqui, o
juiz determina a expedição do contramandado de prisão.
d. Extintivo da punibilidade: declaração de punibilidade
e. Nulificador: declaração de nulidade processual
f. Trancativo: trancamento do procedimento

Curiosidade

• O art. 142, § 2º, estabelece não caber habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.
trata-se da impossibilidade de se analisar o mérito de referidas punições, não abrangendo, contudo,
os pressupostos de legalidade (hierarquia, poder disciplinar, ato ligado à função e pena suscetível de
ser aplicada disciplinarmente — HC 70.648, Moreira Alves, e, ainda, RE 338.840-RS, Rel. Min. Ellen
Gracie, 19.08.2003). Essa regra também se aplica aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
territórios, por força do art. 42, § 1.o, na redação dada pela EC n. 18/98.

• “Habeas corpus” e trancamento do processo de “impeachment”? Conforme afirmou o STF, de


maneira correta, o habeas corpus não é instrumento adequado para o trancamento de processo de
27

impeachment. Isso porque o remédio constitucional em análise não se destina à defesa de direitos
desvinculados da liberdade de locomoção, “como é o caso do processo de impeachment pela prática
de crime de responsabilidade, que configura sanção de índole político-administrativa, não pondo em
risco a liberdade de ir, vir e permanecer do Presidente da República” (HC 70.055/DF, Rel. Ilmar
Galvão, tribunal Pleno, DJ de 16.04.1993, e entendimento reafirmado no HC 134.315 AgR/DF, Rel.
Min. Teori Zavascki, j. 16.06.2016).

(STJ, HC 149.146/SP, rel. Og Fernandes, j. Em 5/04/2011)

• ʺEngoli cápsulas de cocaína e fui preso, o que fazer?ʺ Fácil, entrar com um habeas corpus para
impedir o exame de raio-X que logicamente iria comprovar a materialidade do delito!

• Foi o que aconteceu quando quatro angolanos foram presos por narcotráfico internacional em São
Paulo. O habeas corpus alegava que poderia impedir o exame de raio-x pois ninguém pode
ser compelido a produzir prova contra si (nemo tenetur se detegere).

• A Turma denegou o pedido e os quatro angolanos foram presos.

(STJ, 5ª Turma, HC 140.861/SP, rel. Arnaldo Esteves Lima, j. Em 13/04/2010)

• Todo mundo sabe que não se deve dirigir após a ingestão de bebidas alcoólicas. Mas se um dia eu
for pego conduzindo meu veículo sob efeito de álcool, não gostaria de passar pelo etilômetro. Foi o
que pensou o elaborador de um habeas corpus preventivo para impedir a submissão do motorista à
realização de bafômetro. Quase uma licença para dirigir embriagado!

• O pedido foi obviamente rejeitado.

(TJ/RJ, 2ª Câmara Criminal, HC 2637-70.2010.8.19.0000, rel. José Muiños Piñeiro Filho, j. Em 05/11/2010)

• “Jimmy” um chimpanzé enjaulado no zoológico de Niterói não aguentava mais viver em cativeiro,
mas seu pedido de habeas corpus não foi reconhecido, apesar disso o habeas corpus animal suscita
importantes reflexões no campo do Direito Animal.

• Em fevereiro do ano passado, julgamento histórico aconteceu na 2ª turma: HC coletivo (HC 143.641)
garantiu a conversão para prisão domiciliar a todas as gestantes e mães de crianças e deficientes em
território nacional que estivessem em prisão provisória. O voto condutor do julgamento foi o do
relator, ministro Lewandowski, elogiadíssimo pelos colegas.

• Preliminarmente, os ministros decidiram, de forma unânime, que é possível a impetração do HC


coletivo.

• O ministro lembrou que o Estado brasileiro não é capaz de garantir estrutura mínima de cuidado
pré-natal e para maternidade às mulheres que sequer estão presas. "Nós estamos transferindo a
pena da mãe para a criança, inocente. Me lembro da sentença de Tiradentes, as penas passaram a
seus descendentes."

• Foram excetuados os casos de crimes praticados por elas mediante violência ou grave ameaça,
contra seus descendentes ou, ainda, em situações excepcionalíssimas.

• Decano da Casa, Celso de Mello categoricamente afirmou que o voto do relator entrará para os
anais da história da Corte: "É um voto brilhante e histórico porque vai representar um marco
significativo na evolução do tratamento que esta Corte tem dispensado aos direitos fundamentais
das pessoas. Este processo trata de um gravíssimo drama humano.
28

Habeas data

Conceder-se-á o habeas data para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do


impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter
público; para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo.

Dados pessoais são aqueles relacionados ao nome, saúde, escolaridade, trabalho, estado civil, etc. Não
confundir dados pessoais com dados públicos de interesse particular.

Bancos de dados são as informações perseguidas pelo impetrante que podem estar contidas em banco de
dados públicos.

É o remédio constitucional que tem por objeto proteger a esfera intima dos indivíduos:

a. Uso abusivo dos registros de dados pessoais coletados por meios fraudulentos, desleais ou ilícitos;
b. Introdução de dados sensíveis (assim chamados os de origem racial, opinião política, filosófica ou
religiosa, filiação partidária e sindical, orientação sexual etc.);
c. Conservação de dados falsos ou com fins diversos daqueles autorizados em lei.

• FUNDAMENTO NORMATIVO

O habeas data é um remédio constitucional, previsto no artigo 5º, inciso LXXII, destinado a assegurar que
um cidadão tenha acesso a dados e informações pessoais que estejam sob posse do Estado brasileiro, ou de
entidades privadas que tenham informações de caráter público.

Art. 5º LXXII - conceder-se-á "habeas-data":


a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

• CABIMENTO

O habeas data é o direito de saber o que o governo sabe (ou afirma saber) sobre você. Será utilizado
quando for possível conhecer dados pessoais e retificar dados pessoais equivocado, constantes de bancos de
dados públicos.

a. Assegurar o conhecimento de informações relativas á pessoa do impetrante, constantes de registros


ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público.
b. A retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo.
c. A anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dados
verdadeiros, mas justificável e que esteja sob pendencia judicial ou amigável.

• RECEBER INFORMAÇÕES: Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do


impetrante, constantes de registros ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter
público.
1. Informações pessoais;
2. Relativos ao impetrante;
3. Constante de registro ou banco de dados de entidade governamentais ou de caráter público;
4. Recusa ou omissão da autoridade administrativa.
29

• RETIFICAR (CORRIGIR) INFORMAÇÕES: Para retificação de dados, quando não se prefira faze-lo por
acesso sigiloso, judicial ou administrativo.
1. Já se tem a posse das informações;
2. Objetiva-se corrigi-las fundamentadamente.

• FAZER ANOTAÇÕES JUSTIFICÁVEIS: Para anotações nos assentamentos do interessado, de contestação


ou explicação sobre dados verdadeiros, mas justificável e que esteja, sob pendencia judicial ou amigável.
1. Dados pessoais do impetrante;
2. Verdadeiros, mas justificáveis;
3. Sob pendencia judicial ou amigável.

FINALIDADE DE ACORDO COM STF

“AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS DATA. ART. 5º, LXXII, DA CF. ART. 7º, III, DA LEI 9.507/97. PEDIDO DE VISTA
DE PROCESSO ADMINISTRATIVO. INIDONEIDADE DO MEIO. RECURSO IMPROVIDO. 1. O habeas data, previsto
no art. 5º, LXXII, da Constituição Federal, tem como finalidade assegurar o conhecimento de informações
constantes de registros ou banco de dados e ensejar sua retificação, ou de possibilitar a anotação de
explicações nos assentamentos do interessado (art. 7º, III, da Lei 9.507/97). 2. A ação de habeas data visa à
proteção da privacidade do indivíduo contra abuso no registro e/ou revelação de dados pessoais falsos ou
equivocados. 3. O habeas data não se revela meio idôneo para se obter vista de processo administrativo. 4.
Recurso improvido” (HD nº 90/DF-AgR, Tribunal Pleno, Relatora a Ministra Ellen Gracie, DJe de 19/3/10 ).

Ano: 2020 Prova: Fundação Getúlio Vargas (Questões Inéditas) - OAB - Advogado - 1º Simulado 1º Fase do
Exame XXXI: Considere que Pyong, estrangeiro residente no Brasil há 5 anos, tenha solicitado perante a
Prefeitura de São Paulo que lhe fosse permitido alterar seus dados pessoais registrados no referido órgão,
pois um de seus sobrenomes estaria incorreto. A Prefeitura de São Paulo, no entanto, indeferiu o pedido de
Pyong, sob o fundamento de que, por não se tratar de brasileiro, não havia a necessidade de que os seus
dados pessoais estivessem integralmente corretos. Nessa hipótese, caso não concorde com a situação
mencionada, e a partir da disciplina constitucional sobre os remédios constitucionais, Pyong

A. poderá ajuizar ação popular, mecanismo constitucional assegurado a qualquer pessoa quando constado
abuso do poder do Estado.

B. poderá impetrar mandado de injunção, mas apenas poderá fazê-lo após interpor recurso administrativo
em face da decisão que indeferiu o seu pedido de retificação de dados.

C. poderá impetrar mandado de segurança, uma vez que teve violado direito líquido e certo amparado pela
Constituição brasileira, ainda que na condição de estrangeiro.
30

D. poderá impetrar habeas data, remédio constitucional destinado a qualquer pessoa – física ou jurídica –
nacional ou estrangeira, para assegurar a retificação de seus dados pessoais, vez que se encontram em
banco de dados públicos.

• REGRAS GERAIS

• Lei nº 9.507, de 12 de novembro de 1997 (DOU 13.11.97), sancionada pelo Presidente Fernando
Henrique Cardoso com alguns poucos vetos, que “regula o direito de acesso a informações e
disciplina o rito processual do habeas data”;

• Súmula nº 2 do Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual não será cabível a ação de habeas data
se não houver a prévia recusa de informações por parte da autoridade administrativa (Art.8º, único,
I, II e III da Lei 9.507/97);

• Prioridade de julgamento → exceto HC e MS (art. 19 da Lei 9.507/97).

• NÃO há qualquer prazo, seja ele prescricional ou decadencial, para impetração do referido remédio
constitucional, podendo, assim, ser proposto em qualquer tempo.

• LEGITIMIDADE
✓ Polo ativo: Pode ser impetrado por qualquer pessoa, tanto natural quanto jurídica, para ter acesso às
informações a seu respeito.

O habeas data é uma ação personalíssima (informação pessoal).

✓ Polo passivo: entidade governamental ou de caráter público, ex.: SERASA.

Obs.: O Habeas dará não pode ser utilizado para informações sobre terceiros, porém a Jurisprudência já
reconheceu a possibilidade de os herdeiros usarem o habeas data para obter dados sobre parente falecido.

• GRATUIDADE

Ação de HD é gratuita para todas as pessoas, de acordo com o art. 5º, LXXVII do CF.

Obs.: Nessa ação precisa de advogado.

• ACESSO EXTRAJUDICIAL

Aqui é necessário a previa provocação extrajudicial do órgão ou entidade gestor dos dados. A lei
disciplinou um rito extrajudicial, estabelecendo que o interessado apresentará o seu requerimento de
fornecimento de informações ao órgão ou entidade depositária do registro ou banco de dados, o qual
deverá ser apreciado em 48 horas.

A decisão deverá ser comunicada ao requerente em 24 horas, sendo que em caso de deferimento, marcar-
se-á dia e hora para a divulgação das informações.

O art. 4ª da Lei de Habeas Data disciplina a retificação de dados inexatos. O interessado deverá pedira
retificação em petição acompanhada de documentos comprobatórios da inexatidão, a qual deverá ser
efetuada e comunicada ao requerente em 10 anos.

Em todo a fase extrajudicial quando o banco de dados ou registro for de órgão ou entidade integrante da
Administração Pública, serão cabíveis os recursos administrativos ordinários as autoridades
hierarquicamente superiores em caso de indeferimento de quaisquer requerimentos.

Geralmente o HD acontece por omissão do agente público, for falta de apreciação em 48horas.
31

Todos os registros e bancos de dados “oficiais” – de entidades governamentais – estão sujeitos à regra
(ressalvadas as informações sigilosas por questão de segurança da sociedade e do Estado, como restringido
pelo inciso XXXIII do mesmo art. 5º da Constituição, regulamentado pela Lei nº 8.159/91). Mas também os
registros ou bancos de dados particulares poderão ser acessados pelos interessados, desde que sejam
caracterizados como de “caráter público”;

• TITULARIDADE

Pode ser impetrado por pessoa física, jurídica, nacional ou estrangeira;

Ação PERSONALÍSSIMA;

Admite-se impetração de habeas data pelos herdeiros ou sucessores da pessoa, inclusive cônjuge supérstite.

Mandado de segurança

Ele se destina a proteger o indivíduo de violação – ou ameaça de violação – de outros direitos que não
sejam protegidos por habeas corpus ou habeas data. Está previsto no artigo 5º, inciso LXIX da Constituição.

Em regra, quando não for habeas corpus ou habeas data, será mandado de segurança, porque o
mandado de segurança tem uma natureza subsidiaria.

Quais direitos seriam esses? A Constituição e a Lei 12.016/2009 (que regulamenta o mandado de
segurança) não especificam: apenas dizem que o direito deve ser líquido e certo. Segundo juristas como Hely
Lopes Meirelles e Maria Helena Diniz, para ser considerado líquido e certo, o direito precisa ser claramente
determinado, sem controvérsias e de forma que possa ser exercido imediatamente. Ou seja, se o direito está
expresso na lei, é líquido e certo.

Um dos remédios mais utilizados atualmente.

É uma ação constitucional de viés civil, independente da natureza do ato impugnado, seja ele
administrativo, jurisdicional, criminal, eleitoral ou trabalhista.

• CABIMENTO:
32

Podem-se sintetizar os requisitos de cabimento do MS das seguintes formas:

a. Direito líquido e certo — significa dizer que a parte tem o ônus de demostrar a existência do direito em
que se funda sua pretensão já com os documentos que acompanham a petição inicial do mandado de
segurança. A expressão quer dizer que o pedido deve estar amparado em fatos demonstrados. Uma
pesquisa na jurisprudência do STF mostra que a terminologia está ligada à prova pré-constituída, a
fatos documentalmente provados na exordial.

O que se exige é o fato apresentar-se claro e induvidoso, pois o direito é certo se o fato que lhe
corresponder também o for. Mas, se os fatos forem controversos, será descabido o mandado de segurança,
pois inexistirá a convicção de sua extrema plausibilidade. Portanto, meras conjecturas, suposições
infundadas, argumentos que dependam de comprovação, não dão suporte ao mandado de segurança.

Conforme tradicional conceituação de Hely Lopes Meir, largamente utilizada pela doutrina e jurisprudência,
"direito líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua
extensão e apto a ser exercido no momento da impetração. Por outras palavras, o direito
invocado, para ser amparável por mandado de segurança, há de vir expresso em norma
legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante; se a sua
existência for duvidosa; se a sua extensão ainda não estiver delimitada; se o seu exercício
depender de situações e fatos ainda indeterminados, não rende ensejo à segurança,
embora possa ser defendido por outros meios judiciais"

OBS.: A ausência de prova pré-constituída acarreta a extinção sem resolução do mérito, posto que não foi o
preenchido um dos cabimentos de do MS.

b. Prática de ato comissivo ou omissivo — a autoridade pública (titular do poder decisório) ou a pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios,
autarquias), podem praticar ato comissivo ou omissivo, ensejando a impetração do mandado de
segurança quando:
I. inexistir balizamento legal para sua consecução;
II. contrariar lei expressa, regulamento ou princípios constitucionais positivos;
III. usurpar ou invadir funções;
IV. calcar-se em desvios de competência, forma, objeto, motivo e finalidade;
V. manter-se em desconformidade com norma legal ou em conformidade com norma ilegal ou
inconstitucional.
c. Ilegalidade ou abuso de poder — ilegal é o ato que não se submete à lei (lato sensu) e aos princípios
cardeais do ordenamento. O abuso de poder, por sua vez, contém-se na ideia de ilegalidade. Basta que
a autoridade, no exercício de suas atribuições, transcenda ou distorça os limites de sua competência,
alegando agir com fundamento nela, para configurar a hipótese.

d. Lesão ou ameaça de lesão — lesão é o dano concretizado a um bem, comportando mandado de


segurança repressivo. Ameaça de lesão, por sua vez, é a possibilidade de consumação do dano,
ensejando mandado de segurança preventivo. Nesta hipótese, a liquidez e certeza do direito deve ser
comprovada, demonstrando-se o justo receio, os indícios razoáveis de que ele se encontra prestes a ser
lesionado.

• MODALIDADES
✓ MS preventivo: quando somente há ameaça de lesão.
✓ MS repressivo: quando a lesão já ocorreu.
33

• LEGITIMIDADE

Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física
ou jurídica sofrer violação (REPRESSIVO) ou houver justo receio de sofrê-la (PREVENTIVO) por parte de
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos


políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou
as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas
atribuições.

§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores
de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.

a. ATIVA (IMPETRANTE): é ampla de modo que pessoas físicas (brasileiras ou não, residentes ou não,
domiciliadas ou não), jurídicas, órgãos públicos despersonalizados, porém com capacidade
processual (Chefias dos Executivos, Mesas do Legislativo), universalidades de bens e direitos
(espólio, massa falida, condomínio), agentes políticos (governadores, parlamentares), o Ministério
Público etc. se valem do MD para tutelar um direito líquido e certo que esteja sendo violado.

b. PASSIVA (IMPETRADO):o mandado de segurança é cabível contra ato ilegal ou em abuso de poder
de qualquer autoridade. Chamado de a autoridade coatora, responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder, autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público.

Súmula 333 do STJ: “Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por
sociedade de economia mista ou empresa pública.”

• SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL: entrar com MS para benefício/favor de terceiros.

ART. 1º, § 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá
requerer o mandado de segurança.

Art. 3o O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá
impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30
(trinta) dias, quando notificado judicialmente.

Ex.: questão do concurso público.

Súmula 628 do STF: “Integrante de lista de candidatos a determinada vaga da composição de tribunal é
parte legítima para impugnar a validade da nomeação de concorrente.”

• CASOS DE NÃO CABIMENTO DE MANDADO DE SEGURANÇA

As duas primeiras são situações que cabem recurso com efeito suspensivo, uma na esfera administrativa
(§1º), outra na esfera judicial (2º).

Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:


I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
34

III - de decisão judicial transitada em julgado.


Toda vez que se puder evitar a consumação de lesão ou da ameaça pelos mecanismos previstos no sistema
processual civil e pela dinâmica do efeito suspensivo dos recursos, interpretando-os de modo que eles, por si
próprios, independentemente de qualquer outra medida judicial, tenham aptidão para evitar a consumação
de dano irreparável ou de difícil reparação para o recorrente, descabe o Mandado de Segurança contra ato
judicial, à míngua de interesse jurídico na impetração (Cássio Scarpinella).

• AUTORIDADE COATORA

Art. 6º, § 3º Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da qual
emane a ordem para a sua prática.

Faz-se necessário que ela tenha poder decisório ou deliberativo sob a prática do ato ou da abstenção de
praticá-lo. O mero executor do ato não pode ser considerado autoridade coatora.

Indicação errada da autoridade coatora: pode ser corrigida de ofício pelo juiz e não incorre na extinção do
processo sem resolução de mérito.

• MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no
Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade
partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de
parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas
finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo
mandado de segurança coletivo podem ser:

I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja
titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica
básica;

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da
atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

Mandado de injunção

O mandado de injunção é o remédio constitucional que te por finalidade suprir eventuais omissões do
Poder Público que obstaculizem o exercício de um direito ou de uma garantia previstos na Constituição, para
sanar a crise de inefetividade das normas constitucionais, principalmente aquelas que conferiam direitos.

• FUNDAMENTO NORMATIVO

Art. 5º, LXXI, da CF: “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania”.

• CARACTERÍSTICAS
✓ Relação de causalidade entre a falta ou insuficiência de lei e o exercício de direito.
✓ Fiscalização concreta da inconstitucionalidade por omissão.
✓ Introduzido na CF/88.
✓ Regulamentado pela Lei 13.300/16.
35

O mandado de injunção é a “curar” de uma “doença” denominada “síndrome de inefetividade das normas
constitucionais’, vale dizer, normas constitucionais que, de imediato, no momento em que a Constituição
entra em vigor não têm o condão de produzir todos os seus efeitos, necessitando de ato normativo
integrativo e infraconstitucional.

• CABIMENTO

O exercício dos direitos e liberdades constitucionais pode ser lesado através de uma ação ou mediante uma
omissão, uma violação negativa do texto constitucional. O presente remédio constitucional está fundado em
uma restrição a direito gerada por omissão governamental, por uma inércia estatal. É cabível mediante a
existência de um direito ou liberdade constitucional, ou de prerrogativa inerente à nacionalidade, à
soberania ou à cidadania, cujo exercício esteja inviabilizado pela ausência de regulamentação por norma
infraconstitucional e, portanto, presta-se a suprir a falta de norma regulamentadora de direito, liberdade ou
prerrogativa constitucional, sem a qual tais direitos não podem ser exercidos.

Trata-se de uma ação constitucional de caráter civil que busca conferir efetiva aplicabilidade e
eficácia ao texto constitucional, evitando que este se torne simplesmente “letra morta” em
razão da omissão do legislador ordinário.

Para que o mandado de injunção seja cabível, é necessário que estejam presentes dois requisitos:

a. normas de eficácia limitada, declaratórias de princípios institutivos ou organizativos:


normalmente criam órgãos (exemplo; Conselho de Defesa Nacional, art. 91, CF).
b. normas declaratórias de princípios programáticos: veiculam programas a serem implementados
pelo Estado (Exemplo: saúde, art. 196, CF).

Ano: 2020 Banca: Fundação Getúlio Vargas (Questões Inéditas) - Prova: Fundação Getúlio Vargas (Questões
Inéditas) - OAB - Advogado - 4º Simulado: Suze estava impossibilitada de exercer um direito constitucional
inerente à sua cidadania, em razão da ausência de norma regulamentadora. O instrumento constitucional a
ser utilizado por Suze, devidamente representada por profissional habilitado, visando à proteção dos seus
interesses, é o
A. mandado de segurança.
B. mandado de injunção.
C. direito de petição.
D. habeas corpus.
36

MANDADO DE INJUNÇÃO X ADIN POR OMISSÃO

O mandado de injunção é uma ação de natureza subjetiva concebida como instrumento de


controle concreto ou incidental de constitucionalidade da omissão, voltado à tutela de direitos subjetivos.

Já a ação direta de inconstitucionalidade por omissão é uma ação de natureza objetiva ideada como
instrumento de controle abstrato ou principal de constitucionalidade da omissão, empenhado na defesa
objetiva da Constituição. Isso significa que o mandado de injunção é uma ação constitucional de garantia de
Direitos, tanto que está previsto no art. 5º, LXXI; enquanto a ação direta de inconstitucionalidade por
omissão é uma ação constitucional de garantia da Constituição, uma vez que se encontra estabelecida no
art. 103, § 2º.

MANDADO DE INJUNÇÃO ADIN POR OMISSÃO


Não é necessário criar norma, mas é preciso É uma omissão do Poder Público por uma norma, é
efetivar o direito previsto na CF. necessário que faça uma norma.

Consequentemente, o mandado de injunção destina-se a tornar imediatamente viável o exercício de


direitos fundamentais, ao passo que a ação direta de inconstitucionalidade por omissão presta-se a tornar
efetiva uma norma constitucional, independentemente de o enunciado definir um direito ou não. Quanto a
essa distinção, percebe-se que a atividade normativa supletiva do Poder Judiciário, no mandado de injunção,
é um meio para a garantia de viabilidade e exercício do direito, enquanto na ação direta de
inconstitucionalidade por omissão é o próprio fim para a concretização da norma constitucional.

No mandado de injunção, a omissão inconstitucional obstaculiza o exercício de um direito fundamental. Já


na ação direta de inconstitucionalidade por omissão, a omissão impede a efetividade de qualquer norma
constitucional, quer diga respeito a um direito fundamental ou não.

• FINALIDADE

Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania.

Parágrafo único. Considera-se parcial a regulamentação quando forem insuficientes as normas editadas
pelo órgão legislador competente.

a. Omissão total: a inercia estatal é absoluta, inexistindo qualquer norma regulamentadora;


b. Omissão parcial: a norma editada pelo órgão competente é insuficiente, não disciplinado por inteiro
a questão classe, exemplo: salário mínimo.

• LEGITIMIDADE

Art. 3º São legitimados para o mandado de injunção, como impetrantes, as pessoas naturais ou jurídicas
que se afirmam titulares dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas referidos no art. 2º e, como
impetrado, o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora.

Art. 4º A petição inicial deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual e indicará, além do
órgão impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vinculado.

A legitimidade ativa para impetrar MI individual é do titular do direito, liberdade ou prerrogativa que não
está conseguindo exercita-lo em razão da omissão normativa.
37

A legitimidade passiva, será do órgão, autoridade ou entidade pública responsável por viabilizar os direitos
previstos na CF.

STF → particular não pode ser legitimado passivo.

Exemplo de uma prefeita sendo sujeito ativo: MI 725 → destacando que as pessoas jurídicas de direito
público podem ser titulares de direitos fundamentais, “parece bastante razoável a hipótese em que o
município, diante de omissão legislativa inconstitucional impeditiva do exercício desse direito, se veja
compelido a impetrar mandado de injunção” (cf. Inf. 466/STF — j. 10.05.2007, DJ de 28.05.2007).

• MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO (LMI, art. 12, I a IV):

É admissível o mandado de injunção coletivo e será aplicado as mesmas regras do mandado de segurança
coletivo.

• Ministério Público: quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem
jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;

• Partido político com representação no Congresso Nacional: para assegurar o exercício de direitos,
liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;

• Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em


funcionamento há pelo menos 1 ano: para assegurar o exercício de direitos, liberdades e
prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus
estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;

• Defensoria Pública: quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos
direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso
LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.

• COMPETÊNCIA

102, I, “q”: compete ao STF, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente
da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma
dessas Casas Legislativas, do tribunal de Contas da União, de um dos tribunais Superiores ou do próprio STF;

102, II, “a”: compete ao STF processar e julgar em recurso ordinário o mandado de injunção decidido em
única instância pelos tribunais Superiores, se denegatória a decisão;

105, I, “h”: compete ao STJ processar e julgar, originariamente, o mandado de injunção, quando a
elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da
administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar,
da Justiça Eleitoral, da Justiça do trabalho e da Justiça Federal;

121, § 4º, V: competência atribuída ao TSE para julgar em grau de recurso mandado de injunção denegado
pelo TRE;

125, § 1º: estabelece que os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos na CF,
sendo a competência dos tribunais definida na Constituição do Estado.

• DEFERIMENTO DA INJUNÇÃO

Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:

I - Determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma regulamentadora;
38

II - Estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das prerrogativas
reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado promover ação própria visando a
exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.

Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput quando comprovado
que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição
da norma.

• EFEITOS DA DECISÃO

Considerando que o mandado de injunção busca uma solução para um caso concreto, para uma questão
individual, diante de um direito subjetivo cujo exercício foi obstado pela inércia do legislador, a decisão
judicial proferida fará coisa julgada apenas entre as partes (efeitos “inter partes”). Regra
Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o advento da norma
regulamentadora.

§ 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou
indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração.
Exceção § 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por decisão
monocrática do relator.

§ 3º O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da impetração fundada
em outros elementos probatórios.

Você também pode gostar