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PROCESSO Nº X
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EGRÉGIA TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
- PELA RECORRENTE
VERA CARDOSO
Proferida sentença, a douta Juíza Leiga, opinou pela improcedência do pedido pois
classificou o ocorrido como “meros dissabores do cotidiano que não têm o condão de romper
seu equilíbrio psicológico, não gerando qualquer abalo moral”, pois “tendo a autora optado por
viajar durante momento de grave alteração na mobilidade, provocado pela pandemia, assumiu
o risco de suportar eventuais inconvenientes”.
Ora nobres julgadores, tal argumentação é totalmente descabida além de ser contrária
a norma vigente estabelecida pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Portanto, a
reforma da sentença é necessária, uma vez que, como será evidenciado a seguir, a recorrente
sofreu diversos transtornos em razão da falha na prestação do serviço pela recorrida.
II. PRELIMINARMENTE
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O Código de Processo Civil em vigor, em seu artigo 98, passou a amparar as pessoas
naturais carentes que necessitem da concessão do benefício. Tal é o caso da recorrente, que
atualmente não possui condições de arcar com as custas do processo, eis que apresenta
dificuldades financeiras, consoante documentos comprobatórios que seguem em anexo.
Desse modo, com amparo na Lei 1.060/1950 e, sobretudo, no Código de Processo Civil
vigente, reitera-se a concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita.
Com efeito, veja-se que a nobre julgadora fundamentou não ter restado
caracterizado qualquer abalo moral passível de indenização nos seguintes termos:
Data máxima vênia, Excelências, mas impende observar que, a nobre julgadora não
considerou a extensão dos danos causados a ora recorrente pela recorrida Copa Airlines.
Cumpre repisar que o voo estava marcado para sair do aeroporto do Rio de Janeiro
no dia 14 de dezembro de 2020 às 13:25, tendo a recorrente embarcado na aeronave e
esperado mais 2h:30min, até ser informada sobre o cancelamento do voo.
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informadas aos passageiros com antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas
em relação ao horário originalmente contratado, ficando suspenso o prazo de 72
(setenta e duas horas) previsto no art. 12 da Resolução nº 400, de 13 de dezembro
de 2016.
Dessa forma, nobres julgadores, importa destacar que, conforme dispõe a Resolução
400 da ANAC em seu art. 28º, em casos em que for necessária a realocação dos passageiros,
a escolha deve ser dos mesmos, nos seguintes termos:
Art. 28. A reacomodação será gratuita, não se sobreporá aos contratos de transporte já
firmados e terá precedência em relação à celebração de novos contratos de transporte,
devendo ser feita, à escolha do passageiro, nos seguintes termos:
I - em voo próprio ou de terceiro para o mesmo destino, na primeira oportunidade; ou
II - em voo próprio do transportador a ser realizado em data e horário de conveniência
do passageiro.
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II - superior a 2 (duas) horas: alimentação, de acordo com o horário, por meio do
fornecimento de refeição ou de voucher individual; e
III - superior a 4 (quatro) horas: serviço de hospedagem, em caso de pernoite, e
traslado de ida e volta
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do mero dissabor do cotidiano, considerando que a demandada não lhe prestou a
devida assistência, deixando de realocar o autor para um voo mais próximo, bem como
pelo fato de que o autor possuía compromissos profissionais em seu destino. 6. Por sua vez, a
requerida limitou-se a alegar que o cancelamento do voo teria ocorrido em razão de condições
meteorológicas, o único documento que traz aos autos, a fim de conferir verossimilhança à tese
defensivo, foi confeccionado unilateralmente e poderia facilmente ser manipulado, assim, não
provou nos autos, ônus que lhe cabia frente ao artigo 373, II, do CPC. 7. Desta forma,
considerando que não foi prestada a assistência, bem como diante da ausência de
informações adequadas e claras e de tratamento razoável aos consumidores, somados
ao atraso para chegar ao destino final, restam caracterizados os danos morais
sofridos pelo autor no caso concreto. 8. Com efeito, o valor de R$ 4.000,00 fixado a título
de dano moral, sem configurar o enriquecimento injusto. Isso porque a sua revisão só é possível
nas hipóteses em que a condenação se revelar irrisória ou exorbitante, distanciando-se dos
padrões de razoabilidade, o que aqui não se vislumbra. 9. Quantum indenizatório fixado em
sentença que não merece reparos, pois, considerando os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade, bem como os entendimentos desta Turma Recursal. 10. Por fim, não se verifica
caráter protelatório no recurso interposto, pois a parte recorrente tem o direito de não se
conformar com a sentença exarada, assim, deixa-se de aplicar multa requerida nas
contrarrazões. 11. Sentença mantida por seus próprios fundamentos, nos termos do art. 46, da
Lei nº 9.099/95. RECURSO IMPROVIDO.(Recurso Cível, Nº 71010148948, Terceira Turma
Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Fabio Vieira Heerdt, Julgado em: 30-09-2021)
Vejam, Excelências, que em que pese o momento pandêmico, o setor aéreo esta
retomando as atividades normalmente, com todos os cuidados necessários para contenção da
disseminação do vírus, entretanto, a pandemia não pode ser tida como carta branca pelas
companhias, para tratarem seus passageiros com descaso, sendo descabido fundamento da
nobre julgadora.
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previsto e extravio da bagagem em prejuízo dos autores, inclusive porque
os alegados ‘’problemas técnicos’’ não se qualificam como caso fortuito ou
força maior, mas como risco inerente à atividade de transporte aéreo de
passageiros. 2 - Desborda da esfera do mero dissabor cotidiano ou simples
inadimplemento contratual, tratando-se, na verdade, de dano moral “in re
ipsa”, o cenário fático reproduzido nos autos. “Quantum” indenizatório
mantido em R$ 7.000,00 (sete mil reais), para cada autor, ante a sua
adequação ao princípio da reparação integral do dano (art. 944, “caput”, CC,
c/c art. 6º, VI, CDC). APELAÇÃO DESPROVIDA.(Apelação Cível, Nº 70085180651,
Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Umberto Guaspari
Sudbrack, Julgado em: 23-07-2021)
Dessa forma, nobres Excelências, com máxima vênia ao entendimento firmado pela
nobre julgadora, pelos argumentos expostos nesta peça, restam demonstradas as razões pata
reforma da decisão e condenação da recorrida a indenizar os danos morais causados pelos
atos ilícitos de sua autoria.
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DIANTE DO EXPOSTO, REQUER, o provimento do presente recurso para fins de
que seja reformada a respeitável decisão sendo julgados totalmente procedentes os pedidos
autorais.