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- A ansiedade como comorbidade aumenta a mortalidade principalmente quando vem como comorbidade de um quadro
cardiorrespiratório.
- O gatilho pode vir de um estressor intra ou extrapsíquico - algum problema que o indivíduo não sabe como lidar, que
atinge sua vida – desencadeando todo o sistema de alerta; que não deixa de ser um sistema salva-vidas, prevendo uma
possível luta ou fuga de ameaças, e ajudando o indivíduo a evitar sofrer lesões corporais, lesões psíquicas - frustrações,
traumas, etc. – por exemplo. Portanto, atua como um protetor da integridade biológica e psíquica.
- A ansiedade passou a ser um transtorno quando o ser humano a colocou não a serviço de sua sobrevivência, mas a
serviço de sua existência.
- Antes usada para sua sobrevivência contra animais ferozes, guerras, alterações climáticas, etc. Já hoje o ser humano
vive e acorda com suas ameaças, convivendo com elas constantemente em sua existência.
- A dinâmica social moderna gera estado de ansiedade crônica devido a competividade, insegurança profissional e
econômica, consumismo e várias outras ameaças abstratas e reais. Ex: “domingo virou a representação e apreensão da
segunda-feira.”
- Ansiedade normal/Medo
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- Ansiedade crônica
É o desequilíbrio frente aos conflitos externos (pressões do mundo e o ego) e/ou internos (entre os impulsos ID X
SUPEREGO).
- Mecanismos Fisiológicos
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- O hipotálamo:
O hipotálamo responsável por manter a homeostase entra em desordem e perde/comanda o eixo psico-neuro-
endócrino a entrar num trabalho sem fim, em que não há mais o feedback negativo de alça longa.
Todas essas funções podem ser desreguladas durante uma crise de ansiedade, devido a desregulação do eixo.
- Os receptores de cortisol são os mineralocorticóides (MR), que respondem aos níveis basais de glicocorticóides e os
receeptores glicocorticóides (GR) que respondem mais a concentrações altas devido a diferença de sensibilidades deles.
- Encontramos esses receptores principalmente no hipocampo, hipotálamo e hipófise, mas encontram-se quase em todas
as células do corpo humano.
- GR são proteínas citoplasmáticas e possuem outras subfamílias de receptores nucleares que podem atuar na transcrição
do DNA, alterando a expressão dos genes–alvos em resposta ao sinal do hormônio.
- GR é inativo no citoplasma na ausência do glicocorticóide, estabilizado por um complexo proteico denominado de
proteína de choque térmico (heat shock proteins – hsp).
- Na figura acima, é possível ver o diagrama esquemático do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), mostrando sua
regulação e o feedback negativo de cortisol (-), pelos receptores de glicocorticoides.
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- Nessa figura é possível observar o mecanismo de ação do receptor glicocorticoide. Após a integração hormonal, o
receptor glicocorticoide dissocia-se do complexo com as HSP, forma homodímeros com outras moléculas do receptor
ativado, transloca-se para o núcleo, interage com o elemento responsivo aos glicocorticoides, bem como com fatores de
transcrição, modulando a expressão de genes-alvo. GC: glicocorticoide / GR: receptor glicocorticoide / HSP: proteínas do
choque térmico / GRE: elemento responsivo aos glicocorticoides.
- Transtornos de Ansiedade:
Ataques de pânico
Agorafobia
Transtorno de pânico sem agorafobia
Agorafobia sem histórico de transtorno de pânico
Fobia específica
Fobia social
Transtorno obsessivo-compulsivo
Transtorno de estresse pós traumático
Transtorno de estresse agudo
Transtorno de ansiedade generalizada
Transtorno de ansiedade devido a uma condição médica geral
Transtorno de ansiedade induzido por substância
Transtorno de ansiedade sem outra especificação.
Corticoides
Bloqueadores do canal de cálcio
Carbamazepina
Antidepressivos
Cefalosporinas
Anti-histamínicos
Broncodilatadores anticolinérgicos: oxibutinina, meperidina
Tiroxinas
Digitálicos
Dopaminérgicos: amantadina, levodopa, bromocriptina, metoclopramida
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- Diagnóstico diferencial:
Cardiopatia isquêmica
Hipertireoidismo, neoplasia da suprarrenal, etc.
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Patologia pulmonar
Intoxicação por cafeína, anfetaminas, etc.
Abstinência de álcool.
- Exames sugeridos:
Hemograma
Função da tireoide
RX de tórax
ECG
- Sono
Fenômeno cíclico, caracterizado por uma alteração reversível do estado de consciência e da reatividade a
estímulos ambientais, essencial à vida e ao equilíbrio físico e psíquico do ser humano.
Dentro da síndrome das ansiedades, é comum existir o problema do sono, as insônias.
Cronobiologia do sono:
Indivíduos indiferentes (78 a 82%): não tem horário preferencial para dormir ou acordar
Indivíduos matutinos (10 a 12%): acordam espontaneamente bem cedo e preferem dormir mais cedo. Picos
adiantados em relação aos indiferentes.
Indivíduos vespertinos (8 a 10%): tendem a acordar tarde e deitar tarde, preferindo realizar atividades à tarde
e à noite.
Média de sono da população: entre 6,5 a 8,5 horas. Dormidor curto precisa de no máximo 6,5 horas de sono
e dormidor longo precisa de no mínimo 8,5 horas de sono.
Insônia:
É o distúrbio de sono mais frequente, afetando milhões de pessoas no mundo, sendo caracterizada como a
dificuldade de iniciar ou manter o sono, ou sono não reparador, com sofrimento significativo ou prejuízo das
funções sociais ou ocupacionais.
Por muito tempo ela foi entendida como um sintoma, e não como uma condição primária.
O reconhecimento da insônia como uma doença em si implica a necessidade de tratamento.
Para o caso da insônia primária (essencial), é tratada como a insônia em si; já para o caso da insônia
secundária, existe o envolvimento de alguma organicidade, um fator que a traz como comorbidade.
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Transtornos do envelhecimento
- O envelhecimento não é igual. Alguns envelhecem mais, outros menos, tanto aparentemente quanto biologicamente.
- A Psicogeriatria, Psiquiatria da terceira idade, ou Gerontopsiquiatria é uma subespecialidade da psiquiatria que lida com
adultos idosos (65 anos ou mais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde) e os aspectos emocionais e mudanças
cognitivas associados com o envelhecimento.
- Envelhecimento cerebral:
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- Os “3 Ds nosológicos da geriatria:
Delirium
Depressão
Demência
Se parecem, porém, tem tratamentos diferentes. O diagnóstico não é simples, mas se não for correto pode
causar problemas graves ao paciente.
- Depressão no idoso:
Sintomas atípicos
Diagnóstico difícil
Principais sinais: dor moral e lentificação ideomotora
As “máscaras” da depressão
Distúrbios cognitivos (pseudo-demência)
Ansiedade (agitação, insônia)
Queixas somáticas
Delírios de prejuízo
Atitude regressiva
Depressão secundária:
Provocada por doenças:
AVC
Demência
Parkinson
Distúrbio tireoideano
Vasculites
Coronariopatias e ICC
Câncer
Dor Crônica
Provocada por substâncias/medicamentos:
Indometacina, opioides
Sulfonamida, etambutol
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Principais transtornos:
Delirium
Demência
Depressão vascular ou pós-AVC
Possíveis mecanismos do prejuízo cognitivo induzido por depressão (PCID):
PCID: Doença vascular subclínica que se torna sintomática na depressão
Lesões existem, mas não suficientes para causar demência vascular.
Depressão por inflamação:
A citocina, proteína do sistema imunológico que orienta o local da inflamação, tem influência direta na
dopamina e, por consequência, nas motivações psicológicas. Assim, uma doença inflamatória ou machucado
pode vir acompanhado de uma falta de ânimo, um estado depressivo.
Existem evidências de que o estresse oxidativo elevado é uma das causas para a depressão. A
neuroinflamação causada por radicais livres circulando em excesso no cérebro precisa então ser tratada.
Depressão pós-AVC:
Mantem-se subdiagnosticada e subtratada.
A depressão tem sido detectada em 20% a 50% dos pacientes que sofreram AVC.
Sintomas semelhantes aos encontrados nas depressões primárias foram descritos em pacientes com
depressão pós-AVC: tristeza, ansiedade, tensão, perda de interesse, diminuição da concentração, alterações
de sono, despertar precoce, perda de apetite e peso, bem como pensamentos de morte.
Maior prevalência de depressão quando o AVC ocorria no lobo frontal esquerdo. Pacientes com AVC e
depressão apresentam hipometabolismo em regiões límbicas associadas à depressão (córtex frontal orbital,
temporal anterior e do cíngulo).
O prejuízo da memória e outros sinais que poderiam confundir a depressão com demência recebem o nome de
pseudo-demência depressiva. Nestes casos, soma-se à lentidão dos processos psíquicos um exagerado
desinteresse, dando a falsa impressão de que a pessoa não está tendo consciência absoluta da realidade. Essa
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confusão depressão-demência pode ser maior ainda, levando-se em conta o fato da depressão frequentemente
ter características atípicas nos idosos.
Demência:
Conjunto de sinais físicos e sintomas comuns em várias doenças diferentes, entre elas as neurodegenerativas.
É o declínio progressivo da função cognitiva devido a doença ou dano no cérebro, além daquilo que seria de
se esperar do envelhecimento normal.
As zonas afetadas do domínio cognitivo podem ser a memória, a atenção, a linguagem e a solução de
problemas. As funções mentais superiores são afetadas em primeiro lugar.
Nas fases posteriores da demência, os pacientes podem ficar desorientados no tempo, no espaço e na
identidade.
Tem como características principais problemas de memória, problemas de comportamento e confusão
mental e perda de capacidades motoras.
Principais causas de demência:
Pessoas que vão desenvolver o Alzheimer no futuro podem apresentar sinais da doença bem antes. A
depressão, segundo pesquisas, é o principal fator de risco para o Alzheimer.
Tratamentos:
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Manejo farmacológico:
Teoricamente deveria ser utilizado antipsicóticos atípicos, com menos efeitos extrapiramidais;
porém, observou-se morte súbita com a utilização de alguns atípicos, contradizendo o que era
pensado antes.
Clozapina não é recomendado por diminuir o limiar convulsivo e pode causar agranulocitose.
Em emergências pode-se utilizar Haldol.
Para quadros mais simples, pode ser utilizado Risperidona, por exemplo.
Evitar o uso de Quetiapina e outros sedativos, por se tratar de um paciente idoso.
Prognóstico piora significativamente com a demora para resolver a causa do delirium.
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