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Callejero Gabriela Leirias Goto Janaína André Lina Arruda Marcos Napolitano Marta Penner
Paulo Bruscky Rosa Blanca Sebastião Oliveira Neto Vivian Braga
arte /
estado
De caráter internacional, o ciclo de debates Arte Estado: Possíveis
Relações entre o Sistema das Artes e as Políticas Culturais no Período da
Ditadura Civil-Militar Brasileira, foi um dos 20 contemplados no edital
Conexões Artes Visuais/Minc/Funarte/Petrobras 2012, que teve mais
de 800 inscritos em todo país. O evento foi realizado de 25 a 28 de
junho de 2013, no Centro Cultural São Paulo, em São Paulo.
APRESENTAÇÃO
Durante a ditadura civil-militar brasileira (1964-1985), aliada à uma jovens pesquisadores e fomentar o diálogo entre pesquisadores
vertiginosa institucionalização e reorganização da área cultural e artistas de diferentes gerações, atualizou a discussão em torno
observa-se uma crescente participação de artistas nos quadros da relação que as artes visuais mantém com o estado brasileiro
funcionais do Estado, bem como a realização de diversas ações desde a instauração da ditadura até os dias de hoje.
artísticas por meio da benesse estatal.
Os textos apresentados aqui formam uma coletânea de alguns
dos relatos e palestras apresentados durante o evento. Além
meio da polaridade resistência-cooptação, fornecendo uma análise de apresentar, documentar e difundir as idéias e as práticas
dos pesquisadores e artistas convidados, os textos coletados
nessa publicação buscam explicitar um pouco da participação
cultura de oposição foi apoiada pela política cultural do regime sem, e dos pensamentos de seus autores em relação aos quatro
no entanto, sucumbir à sua ideologia. eixos principais dos debates promovidos, a saber: “O Artista e o
Estado Autoritário”, a “Produção Artística e o Estado Autoritário”,
Diante da necessidade de reavaliar, aprofundar e atualizar essa a “Arte, Ditadura e Feminismo” e “Arte Contemporânea e o Estado
discussão, foi realizado esse ciclo de debates, que teve por objetivo Autoritário”.
aprofundar e reavaliar certas asserções que relacionam a arte
contemporânea e seus agentes à ditadura civil-militar brasileira,
de debates e difundidas por meio dessa publicação encontrem
ressonâncias nos jovens pesquisadores e artistas brasileiros
como tema central de poéticas contemporâneas. e sejam tomadas como detonadoras para novas pesquisas e
práticas artísticas .
Para tanto foram realizadas quatro mesas-redondas, no período de
25 a 28 de junho de 2013, no Centro Cultural São Paulo, na cidade
Fabricia Jordão
CULTURA E ESTADO
DURANTE O REGIME MILITAR
Marcos Napolitano
CULTURA E ESTADO
DURANTE O REGIME MILITAR1
Marcos Napolitano
O campo da cultura não foi importante apenas no campo da A cultura não fez aproximar, apenas, os setores da oposição civil. O
regime militar, por sua vez, assumindo sua carência de intelectuais orgânicos
o canal utilizado para o Estado estabelecer algum tipo de comunicação
com a a sociedade civil, sobretudo a partir de meados dos anos 1970. uma leitura pragmática da “hegemonia cultural da esquerda”, iniciando um
Dessa maneira, a cultura e as artes foram espaço de experiências de diálogo com alguns intelectuais e produtores culturais da oposição, ainda
resistência e de cooptação e colaboração. A compreensão crítica das lutas sob o governo do General Emílio Médici, que será analisada mais adiante.
literatura, os produtores culturais mais valorizados pelos consumidores, Para pensar a relação entre cultura, sociedade e Estado nos anos
quase sempre eram esquerdistas ou, no mínimo, liberais progressistas e 1970 é fundamental analisar a política cultural3do Regime Militar. As ações
críticos ao regime. que partiam do Estado dinamizaram esta complexa relação, e atuaram
nem sempre de maneira reativa e cerceadora, utilizando apenas o “cutelo
vil” da censura. Embora a censura não tenha sido invenção do regime
e a oposição civil valorizavam a cultura, mas por motivos diferentes. militar, o fato é que seu mecanismo e legislação foram incrementados e
Para a oposição, a esfera cultural era vista como espaço de rearticulação ganharam novos poderes4. Claramente, havia uma expertise burocrático-
de forças sociais de contestação ao regime militar e disseminação dos legal na censura aos meios de comunicação (rádio e TV) e às artes de
2
e 3 Conforme Teixeira COELHO, política cultural
organização das estruturas culturais” (COELHO, T. (org.). . São
parte da estratégia de “reversão das expectativas” da classe média, dado Paulo, Iluminuras, 2001, p. 293), Ainda conforme o autor, as políticas culturais “freqüentemente
apresentam-se ideologizadas, atuando na legitimação da ordem político-social”. As políticas
visando garantir seu apoio à ditadura ou, pelo menos, neutralizá-la como culturais encontram-se motivadas por dois tipos de exigência: a) pela idéia de -
ral
massa de oposição ativa. de pessoas possível e; b) pelas demandas sociais, reagindo conforme as reinvindicações são
extraídas de vários líderes revolucionários, como Lenin, Mao, Bukharin, instaurava a censura prévia, com base na crença de que a “subversão” na cultura se alimentava
da “perversão moral” e diluição dos “bons costumes”. Além destas reformas normativas e dou-
o folheto começa alertando para a presença comunista na cultura: “As trinárias, a Censura Federal se reorganizou do ponto de vista administrativo, tentando ampliar,
organizações esquerdistas vêm tentando conquistar o apoio popular através
grande imprensa, a rigor, era feita de maneira informal, através de canais de comunicação (ou
de pressão, se quisermos) entre o Ministério da Justiça, os donos das empresas jornalísticas e
os editores-chefes. Ver GARCIA, Miliandre.
2 “MEC diz que há subversão até no Mobral”. O Estado de S.Paulo, 31/jan/1974, p. 5 . Rio de Janeiro, Boitempo
(o jornal publicou na íntegra e sem comentários de qualquer espécie) o folheto. Editorial, 2004. Para uma visão geral sobre a censura ver FICO, Carlos.. (Org.). .
5
. A censura à imprensa Nas palavras de Marcelos Ridenti9: “
era mais complicada, pois havia alto custo político em censurar jornais
ligados a grandes corporações capitalistas, comandadas por liberais
”.
certo protecionismo, subsídios e volume de produção para, minimamente,
fazer frente ao produto estrangeiro. Esta foi a chave de “colaboração” entre No plano repressivo, o Regime se apoiava em três sistemas10:
realizadores de esquerda e regime militar. A censura a livros e exposições (Serviço Nacional de Informações-SNI, Divisão de Segurança
de artes plásticas também ocorreram com freqüência6 , mas não eram tão e Informações do Ministério da Justiça - DSI); e
(delegacias de ordem política e social, as DOPS e os Centros de Operações
repressiva do regime militar. de Defesa Interna / Destacamentos de Operações de Informações -
CODI-DOI); , a cargo do Ministério da Justiça através da Divisão
Assim, podemos falar em duas formas de política cultural, numa
concepção ampla do termo, durante o regime militar brasileiro7 : uma (complementada pelas Seções de Censura regionais) e o Setor de Imprensa
do Gabinete (SIGAB), responsável por parte da censura à imprensa11.
diretamente coordenadas a partir dos aparelhos de Estado, havia uma
Esses três sistemas repressivos atuaram sobre a vida cultural,
através da “produção da suspeita”12 e do silêncio sobre certos temas,
comunicação, como parte do projeto estratégico de “integração nacional”8. linguagens e produtos culturais. A repressão que se abateu na área cultural
5 Sobre a censura ao teatro brasileiro ver GARCIA, Miliandre. Ou vocês mudam ou não foi linear e homogênea ao longo de todo o regime. Seus objetivos
acabam e intensidade variaram entre 1964 e 1985. Defendemos a existência de
popular ver CAROCHA, Maika L. três momentos repressivos sobre a área cultural que diferem entre si nos
censura musical durante a ditadura militar brasileira (1964-1985). Dissertação de Mestrado em
7 Jose Brunner considera a política cultural do regime militar brasileiro uma variável
do “modelo mercantil”, marcado pelo clientelismo voltado para o mercado, aliado à prática de
10
de bastante presente, o mecenato do Estado é complementar e subordinado ao mercado. Outro Rio de Janeiro, Record,
dado particularmente importante para entender a aparente contradição na atuação do regime 2001
militar na área cultural, é a inexistência, nesse modelo, de uma ideologia central, sendo que 11
as pequenas ações de fomento se inscrevem nas redes clientelistas, fenômeno que Brunner . Rio de Janeiro, Boitempo Editorial, 2004, p. 187.
. 12
8 ORTIZ, R. . Op.cit.
O primeiro momento repressivo sobre a vida cultural vai de Em primeiro lugar, foi promulgada uma nova lei de censura (Lei 5536,
1964 a 1967, e foi marcado por um objetivo básico: Dissolver as conexões
que também criou o Conselho Superior de Censura (implementado
somente em 1979). Logo depois, surgiu o famigerado decreto Lei 1077,
dos movimentos de alfabetização de base Entre as características básicas de janeiro de 1970, que estabeleceu a censura prévia sobre materiais
deste momento, destacamos o controle da atividade intelectual escrita impressos. Em 1972, no âmbito da Polícia Federal, surgiu a Divisão de
(imprensa), mediante Inquéritos Policial-Militares e processos judiciais,
procedimento denominado pela expressão “terror cultural”, consagrada na
da grande imprensam, guiada pelos “bilhetinhos” emitidos de Brasília,
momento é a existência de uma censura relativamente desarticulada e contendo a lista dos assuntos proibidos. Se a censura de temas políticos
irregular (dando a sensação de tolerância) sobre as atividades artísticas, seria abrandada a partir de 1977, a censura a temas morais no campo das
com ciclos de maior ou menor rigor entre 1964 e 1967, uma vez que a base
porque era anterior e contava com a simpatia dos setores conservadores
da sociedade13.
O segundo, e mais longo, momento repressivo, situado entre o
O terceiro momento repressivo (1979 a 1985) tentava,
mais orgânica e sistêmica, não apenas através da violência policial direta basicamente,
sobre a área cultural, mas também pela reorganização burocrática e legal
Havia uma nova ênfase no controle da “moral” e na promoção
objetivo central, nesse segundo momento, era reprimir o movimento da
estritamente políticos. Em que pese o abrandamento da censura e a
Em outras palavras, a partir de 1968, a tensão entre movimentos “abertura” política a pleno andamento, somente no ano de 1980 foram
sociais e regime autoritário chegou a tal ponto que a cultura efetivamente
desempenhou um papel mobilizador sobre alguns setores da classe foi marcado pela implementação efetiva do Conselho Superior de Censura,
média, principalmente entre os estudantes organizados e cada vez mais numa tentativa de estimular a “intelectualização” da censura e contar com
radicalizados no caminho da luta armada. Portanto, o controle da cultura, a presença de representantes da sociedade civil nesta ingrata tarefa14.
neste período, fez parte da luta contra a guerrilha de esquerda e contra
No campo da política cultural proativa, o regime militar tentou
de produtos culturais. Também é verdade que dentro dos setores da
oposição, as lutas culturais também sinalizavam para uma divisão interna,
visível nos embates entre os adeptos do Tropicalismo vanguardista e os e promotor da “brasilidade”, vista como elo principal de “integração
simpatizantes de uma arte engajada mais convencional e realista.
13 Sobre as diferenças, interações e tensões entre censura moral e censura política
ver FICO, Carlos. “Prezada Censura”: cartas ao regime militar. Topoi - Revista de História, Rio de
Janeiro, v. 5, p.251-286, 2002.
e juridicamente, para atuar como censor implacável das manifestações
14 ALBIN, Ricardo Cravo. Driblando a censura. De como o cutelo vil incidiu na cultura.
culturais. Alguns fatos jurídicos e burocráticos traduzem este processo. Rio de Janeiro, Gryphus, 2002
Nacional de Cultura” (PNC), às vezes conhecido como Política Nacional
de Cultura, elaborado pelo Ministério da Educação e Cultura, em 1975 e
lançado em janeiro de 197616.
como havia sido aquela empreendida pelo Estado Novo getulista (1937-
1945)15. A questão da “integração nacional” era um dos pilares da Doutrina Além dos seus aspectos doutrinários na direção de um
de Segurança Nacional e o mercado tinha um papel fundamental neste
“objetivo permanente” do Estado, pois a cultura nacional era vista como grande reorganização burocrática no setor cultural do governo, com
23
, vetando apenas os
20
Eu pensava em como os textos têm mudado desde que os recebi 1. O COLETIVO COMO DESAFIO
-
dade de posturas sem vê-las como uma ameaça e sem as antigas posturas
Sebastião Oliveira Neto e Grupo Entorno para a Mesa: O Artista e o Estado Autoritário. E no dia paternalistas (da esquerda tradicional). Trata-se de lidar com o dissenso
da mesa, foi exebido um vídeo com suas considerações.
1 Quanto às palavras que troquei com alguns colegas, queria agradecer por suas
visões a Gisele Ribeiro, Giuseppe Cocco, Luis Ferla, Bruno Schultze e Ronaldo Grossman.
La política en efecto no es en primer lugar el ejer- a que hablar de este tema, forzar la red de infor-
cicio del poder o la lucha por el poder. Su marco mación institucional, nombrar, decir quien ha hecho
qué, designar el blanco, es una primera inversión del
en primera instancia. La primera cuestión política poder, es un primer paso en función de muchas otras
luchas contra el poder2.
-
Neto criam uma interessante genealogia entre os anos setenta e a épo-
-
uma aproximação do cotidiano político que é incluído nos processos poé- xas, mas algumas intuições têm a ver com como as categorias nacionais e
ticos para se afetar mutuamente (essa era uma das preocupações princi- seus símbolos geralmente mostram coisas para ocultar outras, encobrem
pais da modernidade inconclusa da qual falava Habermas). GOTO fala da
importância de atuar sobre os modos de produção em alusão a Benjamin e de legitimação. Isso é o que me parece: algo que poderia ser revisa-
e seu texto clássico “O autor como produtor”, ou seja, vai além de conside- do. Renato Ortiz mostrava como as categorias antigas convivem com as
5 Darcy Ribeiro, em sua análise da sociedade brasileira dos anos 70 explicava o
caráter ambíguo das classes médias: “el estrato intermedio opera como atenuador o agravante setenta se reeditaram os livros de Gullar ou Pedrosa da década anterior
de las tensiones sociales y es llevado a ajercer, ora el papel de agente del mantenimiento del
(quase 20 anos depois), mas num momento no qual a produção de es-
México [etc.] . Siglo Veintiuno. 1975. p.102.
querda começava a ser um produto de consumo e quando palavras como nascido já é a ruína do futuro: o Museu do Amanhã do Rio de Janeiro7
subdesenvolvimento ou cultura começavam a ter um sentido diferente. Os museu que está por vir, mas que nunca chega, que não se termina. Plane-
novos sentidos convivem com os antigos (Homi Bhabha falava de “crença jado, aliás, por um arquiteto espanhol (Calatrava, que representa a “marca
Espanha”) e está envolvido em muitos casos de escândalos com prédios
monumentais que sempre precisam de muitas reparações e que, por isso,
Essas referências dos anos setenta são nossos pontos de refe- duplicam seu preço inicial.
rência para realizarmos uma leitura do que acontece agora numa inter-
pretação que se construiu como um palimpsesto, e acho que os termos
experimentam um processo de distorção. Quais são os inconvenientes de como o um lugar para pensar o futuro de uma forma participativa. A in-
contradizer, mas, mesmo assim, me contradizendo, vou citar Oiticica: Para Amanhã será um ambiente de experiências que permitirá ao visitante fa-
zer escolhas pessoais, vislumbrar possibilidades de futuro, perceber como
É esse futuro que está em ruínas e que deve que ser reconstruído
5. UM PONTO DE FUGA NO PASSADO VS. RECONSTRUÇÃO DAS RUÍNAS DO nesse momento. Obrigada.
FUTURO
Pensar sobre a produção artística brasileira do período da Rio de Janeiro, Hélio Oiticica vai para o vernissage acompanhado dos
recente ditadura civil-militar e suas implicações e reverberações nas moradores da comunidade do morro da Mangueira, que são impedidos de
gerações posteriores não constitui tarefa simples. Muitos caminhos já entrar para realizar sua performance com os parangolés. Dois anos mais
foram traçados para relacionar esses distintos momentos, tendo sido tarde, em 1967, ele escreve um texto (OITICICA, 2006, p. 154-168)1 para
construídos diferentes olhares sobre essa mesma questão. No presente o catálogo da exposição , realizada também
texto vou, então, procurar traçar um itinerário pessoal trazendo à tona no MAM-RJ, onde aponta seis características da nova arte de vanguarda
algumas ações artísticas de cunho político dos anos 1960/70 e dos anos brasileira, entre elas a tomada de posição em relação a problemas políticos,
2000/10, estabelecendo algumas relações e aproximações, mas, sobretudo, sociais e éticos e a tendência a uma arte coletiva. No mesmo período, de
destacando a conexão dessa série de trabalhos como um possível eixo 1966 a 1972, houve as edições da exposição
no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, na qual o museu é usado
como espaço de produção coletiva e colaborativa, constituindo-se, assim,
como um foco de resistência cultural a partir das ousadas e corajosas
atitudes de seu diretor Walter Zanini.
Anos 1960/70 no Brasil: alguns referentes de uma produção
Entre os tantos trabalhos artísticos que aqui poderiam ser
artística pautada pela crítica social em um contexto político citados, considero dois outros projetos/manifestos artísticos daquele
repressivo período como emblemáticos em suas relações com o contexto político-
cultural de repressão. O primeiro é o texto “Manifesto”2 de Artur Barrio
A segunda metade da década de 1960 foi um período bastante (2006, p. 262-263), lançado em 1970, no qual ele ataca as categorias de
conturbado cultural e politicamente, com uma série de manifestações de
resistência cultural, em várias partes do mundo, de uma juventude até importados considerados caros; sai em defesa do uso de materiais
então sem voz. No caso brasileiro, com o golpe militar de 1964, a censura
vai impondo limites a toda a produção cultural e artística, o que acaba por -
TRIM, Cecília. (Orgs.). . Rio de Janeiro. Jorge Zahar, 2006. p. 154-
fortalecer um sentimento de guerrilha cultural em parte dos artistas do 168.
período. Naqueles anos, realizou-se várias exposições e ações claramente
Escritos de
. Rio de Janeiro. Jorge Zahar, 2006. p. 262-263.
político como um todo. Em 1965, na exposição no MAM do
perecíveis e precários, como lixo, papel higiênico, urina etc. Barrio atacava do anti-imperialismo norte americano, gravada em um de seus maiores
conscientemente o sistema de arte de seu tempo, seu elitismo e estagnação; símbolos culturais: a coca-cola. Já o se caracterizava
ao passo que propunha a realização de situações momentâneas com o uso pela gravação de informações e opiniões críticas nas cédulas e a sua
de materiais perecíveis, uma resposta de baixo para cima a essa imposição recolocação em circulação. A mais conhecida e emblemática desse projeto
de padrões estéticos nada condizentes com o contexto político-cultural
latino-americano. Em , realizada em Belo Horizonte em 1970,
ossos, carne e outros materiais orgânicos - por um rio da cidade mineira, que fora um suicídio. Em ambos os projetos, Cildo Meireles propõe uma
outra circulação para a obra de arte, inserindo-a no campo da cultura,
qualidade do material utilizado, mas pelo fato de naquele momento
milhares de pessoas terem sido desaparecidas, assassinadas, exiladas e/ou processo/procedimento foi posteriormente bastante difundido nas redes
torturadas, em um regime que buscava esconder a sua violência. Por meio de arte postal que se formaram ao longo dos anos 1970, que propunham
uma circulação rizomática4 e descentralizada de trabalhos de arte que
ele chama a atenção para um contexto político de repressão que assolava utilizava o correio como suporte privilegiado, construindo “uma poética
muitos países da América Latina. surgida na urgência de estruturas de substituição, em nível internacional”
(ZANINI, 1977 apud FREIRE, 1999, p. 79).5 Essa estratégia de circulação
Outro importante projeto realizado nesse período foi muitas vezes operava diretamente num contexto político de resistência,
, de Cildo Meireles, desenvolvido em uma série de já que constituía uma possibilidade de comunicação livre em países com
trabalhos durante os primeiros anos da década de 1970. Em um texto uma censura altamente repressora, tais como os países da América Latina
homônimo, escrito em 1970, ele aponta os limites da proposição de ou do Leste Europeu.
Marcel Duchamp que, ao retirar o objeto de seu uso cotidiano para ser
refuncionalizado como obra de arte, contesta o sistema de legitimação
que a interferência de Duchamp foi ao nível da arte e o que se faz hoje qualquer crítica social. Dentro desse contexto de início de abertura política
surge na cidade de São Paulo um grupo de jovens artistas que coloca suas
interferência política. Porque se a estética fundamenta a arte, é a política
que fundamenta a cultura (MEIRELES, 2006, p. 264).3 crítica do sistema da arte e da sua relação com os espaços institucionais,
Dentro dessa perspectiva e com o objetivo de fazer o caminho de São Paulo entre 1979 e 1982, formado por Hudnilson Jr., Mário Ramiro
inserções,
4 Apropriação do conceito formulado por Gilles Deleuze e Félix Guattari, que enun-
o eo . No primeiro gravava nas garrafas cia que um rizoma “conecta um ponto qualquer com outro ponto qualquer e cada um de seus
de coca-cola informações e opiniões críticas e as devolvia à circulação. traços não remete necessariamente a traços de mesma natureza; ele põe em jogo regimes de
Vale a pena lembrar que eles não agiam sozinhos, pois houve 1970/80 ou das proposições anteriores politicamente questionadoras,
uma explosão de coletivos de arte na virada dos anos 1970 para os 1980
6
Viajou Sem Passaporte, Manga herança foi perdida em algum momento dos anos 1980. Nesse sentido,
Rosa, Gextu, Tupi Não Dá e outros coletivos cujo eixo comum em suas tanto as proposições coletivas sofreram um hiato temporal, como “as
ações conceituais mais politicamente incisivas no Brasil não tiveram
de circulação, produzindo estratégias de participação. Entre suas ações
alguma validade” (ROSAS, 2005a).8
em peças de teatro, ocupações coletivas de outdoors, utilização da mídia
para a realização de trabalhos etc.
São Paulo.
Annablume/Fapesp, 2011.
alteração da ordem natural das coisas. 8 ROSAS, Ricardo. “Notas sobre o coletivismo artístico no Brasil”, 2005a.
Anos 2000: arte/rede/ativismo/coletivismo vanguardas do século XX e do movimento da contracultura, esses grupos
também apresentam descontinuidades em relação a essas aproximações
No início do século XXI há o delineamento de uma nova situação anteriores entre arte e política. Suas noções de engajamento e atuação
política se inserem no contexto dos novos movimentos sociais, que
o comunismo como sistema político praticamente deixa de existir e o têm uma organização bastante diferente da hierarquia de grupos como
neoliberalismo chega a uma situação de domínio quase absoluto das sindicatos e partidos políticos, uma vez que trabalham na perspectiva da
relações socioeconômicas e da produção de subjetividade9, por outro foi horizontalidade, da autogestão, das coalizões temporárias e das ações
justamente na primeira década deste novo milênio que (re)surgiu uma nova organizadas em redes (p. 3). Além disso, apesar de haver stico no Brasil,
sendo que, muitos deles propondo açalguma herança nos coletivos
em rede, que é também uma das características da economia capitalista dos anos 2000 das práticas de gerações anteriores, suas ações em
globalizada, ativistas de todo o globo passaram a organizar ações contra
antecessores. Segundo Ricardo Rosas:
Econômico Mundial, as visitas do presidente estadunidense George W.
Bush a outros países etc. E é exatamente nessa conjuntura que foi se A intervenção urbana, dialogando com o espaço da cidade
formando uma rede de coletivos ativistas no mundo todo, propondo novos
10
não-partidária, descentralizada,
festiva, heterogênea, e que atua em colaboração com diversos outros
tipos de coletividades, tais como os movimentos populares e os coletivos local, quebra do protocolo “sério” da arte convencional, participação do
de artistas.
e não na “monumentalidade” Conscientes ou não destes detalhes, os
Nesse momento peculiar surge uma nova explosão de artistas e coletivos da intervenção urbana transgrediam (e continuam a
coletivismo artístico espalhado por várias partes do Brasil. Muitos desses
grupos propõem ações que são práticas de intervenção em espaços clichês comportamentais, introduzindo igualmente ações e interferências
absurdas ou surreais [...] (ROSAS, 2005b).12
virtuais e presenciais de comunicação (GONÇALVES, 2010, p. 2).11 Apesar
de atuarem na interface entre ações de contestação e formas artísticas Em meio à introdução dessas novas proposições estéticas
não convencionais, e de suas propostas terem alguma herança das no espaço urbano, começam a surgir dezenas de formações coletivas
espalhadas por várias cidades brasileiras, tais como São Paulo, Rio de
Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Goiânia,
o qual “tende, cada vez mais, a descentrar seus focos de poder das estruturas de produção de entre outras.13
bens e de serviços para as estruturas produtoras de signos, de sintaxe e de subjetividade, por
intermédio, especialmente, do controle que exerce sobre a mídia, publicidade, as sondagens,
As três ecologias. Campinas, SP. Papirus, 1990. p. 31. 12
10 2005b.
. São Paulo. Conrad, 2002. 13 Alguns dos coletivos mencionados no texto supracitado de Ricardo Rosas são: For-
11 GONÇALVES, Fernando do Nascimento. “Poéticas políticas, políticas poéticas: co- migueiro, Los Valderramas, Bijari e A Revolução Não Será Televisionada (São Paulo); Movimento
municação e sociabilidade nos coletivos artísticos brasileiros”. In: Terrorista Andy Warhol, Cramen y Carmen e Atrocidades Maravilhosas (Rio de Janeiro); Grupo
. Brasília, v.13, n.1, jan./abr.2010. p. 2.
Nesse contexto global de novas formas de atuação política e de Para abordar tal processo tomei emprestado o conceito
explosão de coletivos artísticos no Brasil, surgiu na cidade de São Paulo situacionista que postula a como um “momento da vida,
um acontecimento ímpar, decorrente da aproximação de duas diferentes concreta e deliberadamente construído pela organização coletiva de uma
ambiência unitária e de um jogo de acontecimentos” (INTERNACIONAL
anos 1990: o encontro entre coletivos artísticos e o movimento popular 15
Assim,
de luta por moradia, ocorrido entre os anos 2003 e 2007, na Ocupação esse processo colaborativo foi uma situação construída por diversos
Prestes Maia, no centro da cidade. Esse processo de colaboração entre agentes ao longo de alguns anos e que pode ser desdobrada a partir
artistas, coletivos de arte e o Movimento Sem-Teto do Centro (MSTC), de três acontecimentos distintos, tomados como ações delimitadas
o qual denominei em um outro momento de temporalmente que de algum modo se sobrepuseram.
teve como cenário o centro velho da cidade de São Paulo e aconteceu,
principalmente, na ocupação de mesmo nome. A primeira ação foi uma exposição de arte que contou com a
presença de centenas de artistas e coletivos, realizada nos dias 13 e 14
de dezembro de 2003 nos dois blocos da Ocupação Prestes Maia, e que
foi batizada como
17
Cachorra, COBAIA, Contra Filé, Coringa, Experiência Imersiva Ambiental (EIA), Elefante, Esquele- foto: Antonio Brasiliano
to Coletivo, Frente 3 de Fevereiro, Nova Pasta e Tranca Rua. Coletivo Elefante. Barricada Dignidade, 2005 / Capacho Dignidade, 2006
Sem aprofundar mais aqui as tantas reverberações que tal
situação desdobrou, considero oportuno destacar que esse foi um encontro
cheio de potências e contradições. Entre o risco de apropriação indevida
da imagem de uma comunidade marginalizada e a sua potencialização
através da criação de dispositivos de visibilidade midiática e de troca
de experiências, construiu-se um campo de discussão acerca das tensas
relações entre as práticas artísticas coletivas e o ativismo político dos
movimentos sociais.
Parte da rede de coletivos que se formou a partir das ações na ao mercado imobiliário através de ações artísticas/poéticas pela cidade
Ocupação Prestes Maia entre 2003 e 2007 se rearticulou em 2012 no de São Paulo. No projeto (2012)19
2
,
projeto , por meio da proposição de ações que colocaram em desenvolvido conjuntamente por nove coletivos artísticos atuantes em
discussão a intervenção urbana e a prática coletiva na atualidade18Destaco São Paulo, através de edital do PROAC da Secretaria Estadual de Cultura,
aqui a minha participação nesse projeto através da atuação do coletivo a
. eles: a) um pseudo-empreendimento imobiliário que visa problematizar
Paulo.
Esse trabalho consiste na colagem de centenas de cartazes
E daí?
OCUPEACIDADE. Território em processo de especulação imobiliária/imaginária, claramente repressivo e autoritário como foi a ditadura militar no Brasil
2013
ou em um contexto velado de repressão e autoritarismo tal qual o
capitalismo neoliberal que ainda vivemos, a resposta à questão anterior é
bem nebulosa e cheia de camadas.
Não acredito que seja possível respondê-la aqui, mas algumas especulações
imaginárias podem ser esboçadas. Seja em trouxas ensanguentadas
lançadas em um rio, remetendo a tantos mortos e desaparecidos por um
estado repressivo; seja em cédulas retiradas e reinseridas em circulação
*Texto desenvolvido para a mesa “Produção artística e o Estado Autoritário”, realizada no dia
26/06/2013.
RESQUÍCIOS DA DITADURA EM UMA ARTE (IM)PENSÁVEL
RESQUÍCIOS DA DITADURA EM UMA
ARTE (IM)PENSÁVEL1
Introdução
Primeiramente, desejaria localizar meu escrito como um as ditaduras, o estigma do AIDS também se faz presente na arte e
tanto na cultura do México, quanto na do mundo. A minha entrada na
arte contemporânea se dá, precisamente, pelos atravessamentos que
Os estudos de gênero e feminismo dentro de um programa de Essas são questões que extrapolam os objetivos deste escrito.
Apenas, gostaria de trazer a debate algumas percepções, a partir de
perspectivas queer. Proponho as perspectivas queer como ações “de
preocupações nada brasileiras e nem puristas. São preocupações com o queerizar, apontar reiterações e tautologias, narrativas que ocultam a
construtividade nas implicações da ciência moderna no que se refere à
reprodução da normatividade em relação tanto à cidadania, sexualidade
e racialização, como a convenções artísticas, estéticas, sociais, étnicas e
culturais” (Blanca 2011, 63).
tenho observado a grande distância que existe entre a pesquisa
acadêmica artística brasileira e as artes em globalização. Na falta de A discussão
subsídios para poder abordar meu objeto de estudo antidisciplinar recorro
à transdisciplinaridade. Ainda, vivemos o impasse da ciência moderna na arte brasileira,
Assim, posso dar inicio a este escrito, percebendo que em muitos em um contexto neoliberal. O regime militar “impôs regras no âmbito
casos na arte e não somente na arte brasileira, a ideia de “criação” ou da ciência e do seu uso, que nesse período passa a ser mais controlada,
mantida e orientada pelo Estado” (Maia 2012). A arte tem o papel de acelerar
espontâneo e onde, se evidencia a ausência de um pensamento crítico que a integração do Brasil na economia mundial. Existe uma importância da
pesquisa ligada a noções como “desenvolvimento”, durante a ditadura.
sentido, penso que a arte brasileira atual ainda arrasta uma ditadura (1964
As políticas do Estado, de Ciência e Tecnologia (C&T), incidiriam reprodução, durante o período de 19 de dezembro de 2011 a 18 de março
nas políticas adotadas pelo sistema das artes. O que nos leva a inferir
a relação que há entre produção de conhecimento e arte. O país estava mãe, o qual é um tipo de violência de perversão cultural, quando se reduz
assistindo a uma institucionalização da produção do conhecimento seu corpo e sua sexualidade (Zamora Garrao 2008).
Devemos lembrar que as bases para uma forma de arte ancorada em É durante a ditadura quando se instalam dispositivos de
Juscelino Kubitschek, que são anteriores à ditadura civil e militar, nos violência estatal. Advoga-se pela diferença e violência de gênero e pelo
controle dos corpos ditos femininos. O Brasil continua ocupando a sétima
denominado como “aliança para o progresso”, no contexto das artes posição no ranking mundial de feminicídio, segundo informa Adriana
plásticas, encontra como antecedente direto à I Bienal de São Paulo, em Ramos de Mello, no IV Curso de Iniciação Funcional de Magistrados
(2013). A ditadura reforça os modelos patriarcais, legitimando uma
ordem, assegurando um modelo de mulher confinada despolitizada, no
brasileira. Não é por acaso que, atualmente, na 55ª edição da Esposizione lar e como protetora de valores familiares e reprodutores, longe da esfera
Paulino. Em questões de violência destaca o trabalho da Beth Moysés e produzida por Clara Politi “Arpilleras da resistência política chilena”, com
a Rosana Bortolin, Também é importante mencionar a pesquisa sobre o curadoria da Roberta Bacic, tem sido difícil encontrar pesquisadoras e
feminismo e queer de cor, do Glauco Ferreira, assim como as contribuições artistas na temática. Participaram pesquisadoras como Esther Vital, do
da Ana Paula Simioni e a Lina Arruda. Estado espanhol e Luciana Loponte, do Brasil, entre outras.
Acredito que, nesse sentido, a tecnologia está mudando. O país ESPINOSA MIÑOSO, Yuderkys
se encontra disposto a dialogar com distintos pontos de vista e formas
de construção de artes plásticas e de pesquisa de C&T. O intercambio
que se produz nas redes sociais, assim como as interlocuções através de en América Latina. Lesbianas Feministas Socialistas. 2005.
ações artísticas como produto dessa integração e articulação entre arte
e movimento social, está gerando pesquisas na contemporaneidade. Esse IV Curso de Iniciação Funcional de Magistrados, em Violência contra mulher.
tipo de fenômeno atual está mudando e transformando, desconstruindo Última instância. 16/05/2013. Disponível em: < http://ultimainstancia.uol.
com.br/conteudo/noticias/63019/brasil+ocupa+a+setima+posicao+mundi
Agora mesmo organismos estatais estão apoiando pesquisas sobre arte e
em arte e não precisamente nos programas dos Cursos de Artes Visuais.
MAIA, Elias da Silva. “Algumas Iniciativas da Ditadura Militar Brasileira
Museulogia, Antropologia, tem como objeto de estudo a arte. em Relação à Ciência e Tecnologia: os mecanismos usados nos anos de
Lina Arruda
A produção de diversas artistas norte-americanas das décadas No contexto de emersão de noções feministas nas artes visuais3,
de 1970 e 1980 foi orientada pelo questionamento das identidades e
dominante (mass media) e no imaginário artístico (nus femininos, ideal uma conscientização em torno da possibilidade de transformação da
de beleza etc.), como à não-representação das mulheres, ou seja, à sua forma como são discutidas, supridas, evocadas, referidas e representadas
ausência. as mulheres nos discursos e na imagética dominante.
das assimetrias de gênero que perpetuam, até os dias de hoje, as O cenário apresentado evidencia que uma incisão crítica na
se como recurso fortuito para artistas que, guiadas ou não por uma
agenda feminista, buscavam desestabilizar a noção cultural hegemônica
Simultânea e complementarmente aos referidos da categoria “mulheres”. Tais circunstâncias revelam o motivo pelo qual
questionamentos acerca da não-representação, elaborou-se uma algumas práticas artísticas orientadas por um ethos feminista lideraram
na prática artística, majoritariamente como uma incisão crítica nas revisitação às imagens das mulheres.
imagens hegemônicas das mulheres.
Nesse contexto, as imagens da mídia e das artes visuais que Trabalha[ram] para expor as imagens como instrumentos
apresentavam representações de mulheres ou símbolos de feminilidade de poder. Não somente investiga[ram] as mensagens
se tornaram alvos de críticas que problematizavam os rumos e efeitos da
5 OWENS, 1992, p. 88.
esses artistas trabalha[ram] para tornar visíveis os invisíveis 2. Artifícios das imagens dos mass media, potencialidades para
mecanismos por meio dos quais essas imagens asseguram a arte feminista
sua transparência putativa. 7
De fato, muitas artistas relacionadas à crítica feminista da
representação exprimem, em suas obras, acentuado conhecimento técnico
se beneficiou e colaborou para o declínio de alguns conceitos artísticos
A proposta de revisitação das imagens surtiu, no caso da imagética Frente a isso, se faz necessária, para essa pesquisa, uma revisão
dos elementos que interconectam a produção e circulação de imagens
e introduz, na teoria feminista, a análise dos artifícios através dos quais estável ou necessariamente coerente. A autora ampara esse pensamento
as imagens (principalmente aquelas advindas do cinema) articulam referindo-se ao trabalho de Michel Foucault, no qual as mudanças
sendo uma estilização repetida do corpo (Piscitelli, 2001), um investimento A ideia de “imagens da mulher”, referente à construção da
constante das “tecnologias de gênero”. feminilidade e ao papel que a representação cumpre na produção da
subjetividade sexuada (papel social, comportamento, sexualidade, estética
Conclui-se que o corpo (especialmente os corpos das mulheres)
é atualmente contínua e inevitavelmente aprisionado na representação,
e que este se trata de um processo de perpetuação dos valores discursos e estratégias que a permeiam, delatando a inadequação desse
heteronormativos que constroem a subjetividade sexuada. Essa ideia é conceito frente à teoria feminista apresentada.
É importante mencionar que as obras que incidem nas “imagens das mulheres) sem que o “real” seja questionado em si mesmo como um
produto da representação.
necessariamente uma crítica ao contrato heterossexual que rege a
diferenciação de gênero, ou seja, incidem na noção vigente e hegemônica
de feminilidade e não na matriz relacional de gêneros ou no sistema sexo/ descansam em uma oposição, às vezes encarnada, entre o positivo
gênero, e muitas vezes afirmam “a mulher” como categoria e sujeito de
seus discursos. Pode-se dizer que algumas práticas artísticas feministas populares do tipo bons contra os maus, ou menina decente versus mulher
buscam a remodelação do conceito de feminilidade, revogando os má”20
“aspectos negativos” vinculados a ela (debilidade, docilidade, passividade) que os receptores absorvem diretamente as imagens, que cada imagem
e afirmando imagens de mulheres que engendrariam outras noções de
feminilidade, transformando e estendendo esse conceito. em conta o contexto ou as circunstâncias de sua produção, circulação e
recepção.”21 Esse argumento evidencia a importância da ideia previamente
Segundo Patricia Mayayo (2007), algumas estudiosas tendem a
confundir a conveniência de revisar a representação artística das mulheres
ao longo da historia com a necessidade de avaliar o caráter “positivo”
(decisão, força, vigor, honra) ou “negativo” (passividade, lascividade, Acerca do tema da dicotomia positivo/negativo na análise e
maldade) das imagens, atrelado a um binarismo que estabelece “verdades”
e “mentiras” sobre a categoria “mulher”. Essa prática foi introduzida em
e perpetua, assim, a relação oposicional e binária feminino/masculino, Até o momento discutiu-se que mesmo as representações feministas de
mulheres correm o risco de atuar dentro da norma de inteligibilidade
projeto reside na sua incapacidade de romper com a engrenagem da e coerência da matriz heterossexual reproduzindo-a. Frente à ardilosa
matriz sexo/gênero. conveniência de se utilizar imagens de mulheres em obras que perpassam
temáticas feministas, faz-se necessário pontuar seus efeitos indesejados
Infringir a estabilidade do sistema sexo/gênero implica
podem complementar a crítica feminista da representação. Tais efeitos
seus elementos, sendo eles sexo, gênero, desejo e prática sexual. Reitera- são similares aos que se originaram no campo da teoria feminista como
se a importância de que as práticas que subvertem gênero desestabilizem, crítica às políticas de identidade.
24 Da mesma forma, qualquer outra sequência eleita pode funcionar com a mesma
potencialidade e com o mesmo objetivo: é delatada, de antemão, a suposta hierarquia desses
elementos (sexo-gênero-desejo-prática sexual) que criam a cadeia de coerência e continuidade
23 1987, p. 137. do sistema sexo/gênero, por serem eles cognitivamente interdependentes.
O surgimento da noção de políticas de identidade se deu no Importantes críticas contemporâneas que colocam em cheque
contexto do ativismo político relacionado às então denominadas “questões as políticas de identidade questionam se possuir interesses políticos
das minorias”. Trata-se de uma estratégia/argumento político que promove comuns presume necessariamente uma identidade política comum e se
essa poderia ser uma prática coerente:
objetivos comuns. A principal característica que diferencia as políticas de
identidade, por exemplo, da ideia de coalizão, é que a proposta se baseia [...] será que as práticas excludentes que baseiam a teoria
na construção e manutenção de identidades coletivas. Ou seja, as políticas feminista numa noção das “mulheres” como sujeitos solapam,
de identidade (que se proliferaram em outros ambientes, além daquele paradoxalmente, os objetivos feministas de ampliar suas
coerência identitária aos seus membros e instaura, assim, uma unidade categoria das mulheres como sujeito coerente e estável uma
pautada por um sujeito político (mulheres, lésbicas, pessoas negras, trans-
gênero, travestis etc.).
25
No caso do feminismo, a política de identidade procede de A principal crítica desconstrutivista concernindo às políticas de
uma ênfase nas mulheres como sujeitos políticos unidos em uma luta identidade se dá com a constatação da interferência desse instrumento
comum. Almejando reivindicações de variados interesses pautados pela nos processos de subjetivação: resulta que a identidade e a subjetividade
experiência cultural das mulheres, nota-se que tal política articula uma são noções incompatíveis.
unidade estratégica baseada em uma categoria, a qual é em parte criada
Enquanto as políticas de identidade se baseiam nas “categorias
do sujeito” (promovendo sua naturalidade e perpetuando a falsa ideia
de organização estratégica fortuita e efetiva para conquistas feministas: como Judith Butler e Diane Elam, defendem que o feminismo deveria se
muitas reivindicações foram exitosamente alcançadas sob esse modelo e recusar a aceitar a “categoria mulheres” como natural, argumentando que
não se pode negar a ainda presente necessidade (facilitada pelas políticas a subjetividade é ou deveria ser também um interesse feminista.
de identidade) de dar visibilidade e de criar espaço para discussão de
Com os investimentos contemporâneos na análise dos processos
coletivas) acerca de abusos sexuais, violência, aborto etc. Entretanto, a
adoção das políticas de identidade tem consequências controversas, gera “identidade feminina”26 rechaça ou desconsidera as reais intersecções dos
25 p. 23.
26 Os usos das palavras “identidade” e “subjetividade” são criticamente aplicados
de alguns interesses e ideologias feministas sobre outros. nessa pesquisa. Nesse trecho, “identidade” é usada intencionalmente para referir-se à suposta
coerência do “sujeito político feminista”. Pontua-se que a noção de identidade é entendida,
diferentes marcadores sociais na formação da subjetividade: ao impor para a necessidade de se idealizar uma forma política em que o sujeito
um marco que circunscreve a suposta “coerência identitária”, as políticas não seja o objeto: uma política desconstrutiva que não se baseie na
de identidade apagam ou desvalorizam as diferenças que existem, por possibilidade de um sujeito estável e coerente.
exemplo, entre mulheres lésbicas e/ou negras e/ou mães etc. Essa ideia
é esclarecida por Elam, ao descrever o sujeito político como “aquele que Voltando-se ao objeto da pesquisa, apresentar-se-á a noção de
permanece idêntico a si mesmo diante das contradições.” 27 Além disso,
tal instrumento exclui os indivíduos que não se conformam ou não contra os mencionados efeitos das políticas de identidade e confronta
os possíveis impasses derivados do uso de imagens de mulheres por
de pessoas trans. artistas cuja produção tange temáticas feministas. A análise dos termos da
proposta de “mulher como imagem” permitirá, à continuidade, vislumbrar
Ao elaborar uma crítica desconstrutivista à questão exposta, estratégias objetivas e técnicas para a produção de representações
feministas de mulheres.
explicando que “o problema é que as mulheres deixaram de ser uma
do feminismo e que a identidade funciona como ideal normativo.”
28
No mesmo sentido Butler, ao discorrer sobre o tema, coloca que “a
representação é a função normativa de uma linguagem que revelaria ou 3.3 “A mulher como imagem”– (re)apresentando a representação
distorceria o que é tido como verdadeiro sobre a categoria das mulheres.” de gênero
29
(1984), Rosi Braidotti (1994) e Beatriz Preciado (2008), que manifestam preferência pela palavra Pode-se dizer que, concernindo à criação de imagens feministas
de subjetivação em simbiose com o contexto em que o sujeito está inserido e com suas das mulheres, a noção de “mulher como imagem” oferece críticas à muitas
experiências individuais. vezes problemática existência ou persistência da categoria naturalizada
27 ELAM, 1986, p. 71.
28 Ibidem, p. 73. “mulheres” na maioria dos discursos e projetos feministas. Ou seja, exprime
29 p. 18.
consciência dos aspectos da representação que perpetuam, no interior categorias mulher/homem e masculino/feminino. Assim, sua existência
não é negada, os efeitos dessa construção não são invisibilizados e é
contemplada a necessidade de se evocar criticamente a temática.
críticas contemporâneas às políticas de identidade e a crítica feminista
da representação.
podem e deveriam ser pensadas as imagens feministas de mulheres.
A ideia de “mulher como imagem” substitui a necessidade Cabe agora traçar perspectivas técnicas concretas que permitem seu
de se gerar outras ou novas imagens de mulheres (que intencionam
como categoria, reconhecendo
mulher. 30 É proposta uma aproximação da noção “mulher” como
construto sociocultural, a partir da ideia de se re-apresentar ou referir- geração, sexualidade etc.
se criticamente às já existentes representações de mulheres. Seria assim
evidenciada e destituída a naturalização de uma “identidade feminina”
norteia a possibilidade de se questionar e evitar os efeitos indesejados como explicado por Butler:
de dita representação. Conclui-se, portanto, que não é preciso aludir à
divisão sexual como constante e antecipadamente presente: uma forma A sugestão de que o feminismo pode buscar representação
alternativa de abordar e explorá-la se dá pela análise da construção das
30 Ver BRAIDOTTI, Rosi (2006). 31 HITA, 2002, p. 330.
conseqüência irônica de que os objetivos feministas correm Diante da proposta de uma não-representação, que falha pela
o risco de fracassar, justamente em função de sua recusa a reconhecida necessidade de se aludir a um gênero inteligível, e do
possível uso estratégico de uma representação feminina, que fragmentaria
reivindicações representacionais. 32
categoria e sujeito “mulher”), defende-se a possibilidade de proposições
artísticas norteadas por questionamentos feministas de promover, através
discursos são direcionados às estratégias políticas feministas, propõem do recurso da apropriação, abordagens diretas e efetivas de temas que
tangem as assimetrias dos gêneros bem como uma “crítica às categorias
poderão representar a diversidade de facções e interesses em questão de identidade que as estruturas jurídicas contemporâneas engendram,
não está claro que a teoria feminista tenha que tentar resolver as questões
da identidade primária para dar continuidade à tarefa política.” 33
Esse conceito é claramente inaplicável à produção de imagens,
32 p. 22. 33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NOCHLIN, Linda. Thames & Hudson, 1999.
OWENS, Craig.
BRAIDOTTI, Rosi. Nomadic 1992.
1994.
PARKER, Rozsika; POLLOCK, Griselda. Art and the
BUTLER, Judith P. feminismo e subversão da Women’s Movement 1970-85. London: Pandora Press, 1987.
identidade. Routledge, Chapman & Hall, Inc, 1990. Rio de Janeiro: Editora
Civilização Brasileira, 2003. PASSERINI, Luisa. “Sociedad de Consumo y Cultura de Masas”
MULVEY, Laura.
Press, 1989.
ARTE: A RAZÃO DA CONSCIÊNCIA VERSUS A RAZÃO DO ESTADO
Fulvia Molina
ARTE: A RAZÃO DA CONSCIÊNCIA Estado. Há 2.500 anos, está posto o dilema ético em uma obra de arte, uma
.
Antígona, age segundo o que considera ser seu dever de irmã,
pelas Leis Divinas, em oposição à Lei Humana. Vemos aqui, já colocado, o 2 I. VORSATZ, , p. 13.
3 L. A. GARCIA-ROZA, apud: I. VORSATZ, ibid., p.247.
4 G. AGAMBEN, , p. 23.
em oposição à Razão do 5 G. AGAMBEN, p.23.
6 Ibid., p. 25.
1 SÓFOCLES, Édipo Rei /Antígona, p.96. 7 Ibid., p. 15.
Não foi esse, no passado, o caso da escravidão no Brasil e em
lei, centenas foram sequestradas, torturadas, mantidas isoladas, sem
contato com suas famílias e advogados, e eventualmente mortas ou
“desaparecidas”, por atos de agentes do estado, acobertados pelo “sistema”,
Nesse contexto a arte contemporânea vem cumprir um papel protegidos pela tolerância e omissão das instituições, da justiça e pelo
manto do silêncio forçado da imprensa.
intrínseca à imagem dialética é também o sinal ou sintoma que indicia a telefônicas, emails e internet são monitoradas há mais de 10 anos com
11
. base no Patriot Act. Com base no Homeland Security Act mantêm presos
As manifestações da arte contemporânea aqui buscam atualizar em Guantánamo, ainda hoje, centenas de seres humanos sem julgamento
o golpe militar, que gestou os famigerados Atos Institucionais, sob os quais ou culpa formada. Estas leis foram passadas no Congresso americano,
foi parida uma Lei de Segurança Nacional. Na verdade, um decreto-lei,
12 V. SAFATLE, in: E. TELES e V. SAFATLE (orgs) O
baixado pelos generais-sacerdotes da ideologia da segurança nacional, p. 251.
que estabelecia que as pessoas consideradas “suspeitas de serem inimigas 13 E. TELLES, in: http:/blogdaboitempo.com.br/category/colunas/
edson_telles, acessado em 23/05/2013.
8 G. ORWELL, p 38. 14 “U S A Pro-
9 W. BENJAMIN, apud J. M. GAGNEBIN, , p. 105. A T R I O Terrorism Act of 2001”,
10 Ibid., , p 105.
11 M. J. CANTINHO, pelo presidente em de .
15
versão eletrônica.
no calor dos ataques de 11 de Setembro e estabelecem que as pessoas tanto por um acelerado avanço da técnica (capitaneado pela
consideradas inimigas do estado, podem ser presas como “combatentes
inimigos”, sem os direitos comuns aos outros cidadãos, como calar-se em população, as artes sofreram mais transformações do que ocorrera
juízo, ser assistido por um advogado e não permanecer preso sem culpa
ainda permanecem presas, mais de 100 estão em greve de fome há mais massacres, genocídios e etnicídios, devemos nos surpreender se a
de 2 meses, e dezenas já estão sendo alimentadas à força. Não estão essas 19
“quais os procedimentos jurídicos e quais os dispositivos políticos que ao que se compõe de duas partes: nosso passado imediato e nosso
permitiram que seres humanos fossem tão integralmente privados de futuro iminente. Sobre este passado nos apoiamos, sobre este futuro nos
seus direitos e de suas prerrogativas, até o ponto em que cometer contra
eles qualquer ato não mais se apresentasse como delito”16. A arte é, ao consciente. Digamos, pois, que a consciência é o traço de união entre o
que foi e o que será, uma ponte entre passado e futuro”.20
pode oferecer aos protestos que vêm do passado.”17 A Arte “pode ser
considerada como uma das modalidades mais complexas e instigantes “O passado leva consigo um índice secreto pelo qual
ele é remetido à redenção. Não nos afaga, pois, levemente um
situações de crise, de terror, de guerra. Elas nascem como que para manter E as mulheres que cortejamos hoje não têm irmãs que jamais
Em 2003, Horst Hoheisel e Andreas Knitz, da Alemanha, Faziam parte da instalação fragmentos do prédio, tais como
Marcelo Brodsky, da Argentina, e eu, Fulvia Molina, do Brasil realizamos, vitrôs típicos deste edifício (Fig. 1), assoalhos (Fig. 2), quadros de luz,
Paulo, a instalação denominada MemoriAntonia – A Alma dos Edifícios, excrementos e penas de pombos que se habitavam o prédio longamente
abandonado (Fig. 3), tudo no estado em que se encontravam quando foram
na cena política e intelectual do país desde a década de 30. Em 1968 foi que registravam esses materiais ainda no local original (Fig. 4) e painéis
invadido, depredado e incendiado por forças policiais aliadas às milícias
batalha campal com os estudantes que se opunham ao estado de exceção Os objetos, resquícios, ruínas, denunciavam o esquecimento,
vigente no país, e que culminou com a morte de um jovem estudante abandono e o pouco que sobrou dos acontecimentos de 68. Esquecimento
e abandono estes, convenientemente cultivados pelo regime autoritário.
a e esse prédio, assim como o ano de 68, tornou- Pequenos holofotes ativados por sensores de presença lançavam luz
se desde então um símbolo da resistência democrática. sobre os objetos à medida em que o observador deles se aproximava.
Simultaneamente, eram ativados os sons que saíam de mini-altofalantes
espalhados em torno dos objetos: eram vozes, falas de depoimentos,
historicidade do prédio, abandonado havia mais de 10 anos, depois de utilizado,
irônicamente, por mais de 30 anos, pela administração do sistema carcerário do
espalhados pelo chão, sem som (Fig. 6), mostravam as imagens registradas
Estado de São Paulo, estando à época em processo de demolição. Foi uma espécie
em vídeo dos testemunhos de cada um de um dos 8 líderes estudantis
em tamanho humano. Essas imagens eram fotos retiradas de albuns de estranhamento. Havia um contraponto no ar: a maturidade dos depoentes
família dos estudantes mortos ou desaparecidos, que estavam presentes
propondo, com inquietação, o mundo em que vivemos. “Essas obras”, diz
e cujos nomes, assinaturas e cursos, constavam de uma Lista de Presença
(Fig. 7_a) cuidadosamente preservada por Teotonio Simões Neto, um dos em cujas paisagens reconhecemos, misturadas, ora mais claras, ora mais
líderes entrevistados. A imagem desta Lista de Presença, aberta na página embaçadas pelo tempo, imagens que nos espantam na mesma medida em
Em 2003, Horst Hoheisel e Andreas Knitz, construíram em fora da lei. O Presídio Tiradentes que os artistas resolveram retirar
tamanho natural uma réplica do Portal do Presídio Tiradentes (Fig. do esquecimento em que se encontrava, ruína “invisível” na
8), um trabalho a que denominaram Pássaros Livres / Vogelfrei, que foi Avenida Tiradentes que poucos reconheciam na sua historicidade,
instalado no Octógono da Pinacoteca de São Paulo. Esse portal constitui é justamente aquele que abrigou durante os anos mais duros
da ditadura militar centenas de presos políticos. Pessoas que da
ditadura militar para encarcerar presos políticos, que foi desativado em noite para o dia foram transformadas em “foras da lei”: porque um
1973 e posteriormente demolido para dar lugar a uma agência de um governo “de exceção” havia se instalado e se arvorou o direito de
banco estatal. Esta réplica do portal não foi construída de pedra mas
sim na forma de gaiola (Fig. 9) em que foram encerrados 12 pássaros
testemunhos.33 O branco do discurso, acontecimento no testemunho, é ao Berlim, no endereço Tiergartenstrasse 4 (daí a abreviatura T-4), em que
mesmo tempo singular e coletivo34
dirigido a todos os interessados que aceitam ouvir o silêncio e ouvir em 2009, este “ônibus-cinza” itinerante foi deslocado para Brandenburg,
cada falha do discurso o desejo de abrir sempre mais os limites do dizível.
35
Assim, vem sendo deslocado, a cada ano, deste então. Vemos, na Fig. 16,
um ônibus do “Serviço de Ambulância de Caridade” (Gemeinnützigen
Krankentransportgesellschaft - GEKRAT), de 1940.
V. A memória, o memorial e o anti-monumento. A intenção declarada dos artistas, com esses memoriais que
recordam o transporte dos pacientes para o assassinato em massa, foi
levantar permanentemente a pergunta de um dos paciente:
O ônibus, que muda de posição a cada ano, busca manter a
Na Alemanha, Horst Hoheisel e Andreas Knitz, vêm criando 36
.
trabalhos contundentes a que denominam anti-monumentos, para
lembrar os mortos e injustiçados do nacional-socialismo. Aqui temos um
, de que 37
exemplo, o Memorial Ônibus-Cinza, criado para o Centro Psiquiátrico Die
“todavia, a rememoração, a contemplação, na consciência, das injustiças
Weissenau, de Ravensburg, Alemanha. É uma réplica em tamanho 1:1 (Fig.
15), fundido em concreto, dos ônibus que transportavam os pacientes
ação redentora”38* .
de entrada daquela clínica de Ravensburg de onde foram retirados os
pacientes, de tal forma que todas as pessoas para entrar nesta clínica, *Texto desenvolvido para a mesa “Arte Contemporânea e Estado Autoritário”, realizada no dia
28/06/2013.
hoje, têm que passar pelo corredor formado pelas duas metades, em cujas
paredes, estão expostos fotos e documentos da época dos assassinatos 36 A. KNITZ e H. HOHEISEL, in:
.
33 Ibid. , p51.
34 Ibid. 38 W. BENJAMIN,
35 Ibid.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GARCIA-ROZA, L. A., apud: I. VORSATZ, VORSATZ, I. Antígona e a ética
trágica da psicanálise. Rio de Janeiro, Editora Zahar, 2013. 245 p
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HORKHEIMER, M.
BENJAMIN, W.
KNITZ, A. e HOHEISEL, H. Catálogo da inauguração do Memorial Onibus
BENJAMN, W em 05/05/2013.
Boitempo, 2005. p. 48-53. LÖWY, M. Walter Benjamin: aviso de incêndio: uma leitura das teses
CANTINHO, M. J. O vôo suspenso do tempo: Estudo do conceito de der Gebäude_The Soul of the Buildings. São Paulo, Imprensa
de poesia & debates: Lisboa, ano IV, ed. XV, versão eletrônica
ORWELL, G. 1984. São Paulo, Companhia das Letras, 2009. 416 p.
GAGNEBIN, J.M
Perspectiva, 2009.114 p. SÓFOCLES. Édipo Rei / Antígona. São Paulo, Ed. Martin Claret, 2008. p.143
TELLES, E. Os restos da democracia, in: http://blogdaboitempo.com.br/
category/colunas/edson-teles/, acessado em 23/05/2013
Desde sus comienzos rompen con varias formas “tradicionales” de hacer los responsables de la dictadura menos visibles, pero no por eso menos
partícipes del genocidio.
alegría y de lo festivo usadas como herramientas hacia la denuncia.
La marcha del escrache se realiza los sábados a la tarde,
Desde los primeros tiempos, agrupaciones, colectivos de arte y intentando generar un trastrocamiento del espacio y de las herramientas
comunicacionales, abandonando como objetivo central aparecer así en el
Al comienzo, los escraches consistían en irrumpir en los lugares de trabajo
de otros territorios. Toma relevancia de esta manera, el trabajo en lo que
elegíanlos genocidas más conocidos como Astiz, Martínez de Hoz, Videla,
Las memorias evocan disputas de sentido, valor, poder, etc.: abandonado la falsa idea de una
semanal; una ronda en donde se conjugan opiniones y discusiones, y “memoria completa” (como ha expresado algunas veces en su programa el conductor de “Hora
donde la toma de decisiones se realiza a través del consenso, con una
la sociedad misma; que el poder dominante tienda a homogeneizarnos, buscando imponer
clara tendencia a la horizontalidad. Es en este sentido que la práctica de
la Mesa se aleja de toda idea de práctica política de actores individuales, construir nuestros procesos de resistencia. Retomando la idea de Foucault de que no existen
relaciones de poder sin resistencias, la resistencia existe porque está allí donde el poder está:
primera instancia repartiendo cartas donde se explicita el prontuario del está denunciando que en su barrio vive un genocida; cuando camina los
los días los vecinos ya conocen a sus miembros y saben porqué están allí. esta manera, el paisaje del barrio cambia, plasmando una problemática
Las respuestas de los vecinos son variadas e implican distintas maneras
del genocida ante la policía contra los participantes del escrache, por la Luego del cuestionamiento (desde los inicios de H.I.J.O.S y la
Mesa de Escrache) de la mera demanda bajo el lema “juicio y castigo”,
participantes del escrache para revisar sus pertenencias dirigida hacia los tribunales judiciales, nace con la práctica del escrache
La práctica del escrache construye día a día en el barrio imágenes en torno al contenido de esta consigna, principalmente aquel sostenido
que marcan al genocida, sacándolo del anonimato cotidiano. Las pintadas entre una parte de H.I.J.O.S, que planteaba que la condena social era un
en las paredes del barrio comienzan a decir “hay un torturador en el medio para el juicio y castigo, y la gente que participaba en el proceso
barrio” y “si no hay justicia hay escrache”. Los vecinos ahora están todos barrial de los escraches (entre ellos una parte de H.I.J.O.S.) y sostenía que
alerta, ellos reciben volantes y en general dialogan con los participantes
del escrache. La estética del barrio cambia en el proceso del escrache,
política. Como espacio para interactuar con otros. hijos de los militantes de los 70.
lugares y en las formas en que eran o no registrados por las personas que
transitaban por allí o por sus cercanías. Nos propusimos trabajar sobre
los espacios físicos del terrorismo de estado y sobre su invisibilidad con
el objetivo de develar (escrachar) a los sujetos partícipes de la dictadura. imagen en el escrache tuvo que ver, por un lado, con el lenguaje: con la
Teníamos en cuenta que la mayoría de los CCD no habían otro, con la idea de acontecimiento temporal que se reitera (el escrache
sido construidos especialmente para ser utilizados en la dictadura, sino
dependencias militares y también dependencias civiles. surgimiento de un tipo de imagen serial, que reaparece cada vez. Además
de marcar un trayecto, las señales marcan un tiempo, intervalos de tiempo,
Es ahí donde nuestra propuesta cobra doble sentido: a la vez que mediados entre escrache y escrache, y también entre el escrache y otros
se enmarca en un proyecto que tiene la solidez política de un escrache, nos espacios donde aparecieron los mismos carteles copiados por otros
permite pensar la denuncia desde otro lugar. Nuestra idea se amplía por
donde hubo presencia de carteles como una gran unidad conceptual que
nos plantean la necesidad de acompañar las demarcaciones del escrache abarca desde los inicios del grupo a la actualidad. No es casual que cada
con señales de denuncia. La señal como imagen empieza a formar parte
del accionar del escrache y crece junto a la denuncia de los represores; sea el de los carteles.
también la consigna de “Juicio y Castigo” como símbolo de lucha, así como
Los carteles viales se siguieron haciendo durante todos estos
Madres de Plaza de Mayo. años, incluso en otros espacios y también fueron reapropiados por otros
grupos y colectivos para sus propias actividades, ya diferentes a los
Nuestro aporte es desde el pensar y el hacer imágenes en escraches de H.I.J.O.S. o de la Mesa de Escrache Popular. También con
el tiempo sus usos cambiaron y se convirtieron en otros objetos como
principio elegimos usar la estética de señalética, utilizando símiles
a carteles viales (hechos en madera pintados con esmalte sintético, diferentes actividades, necesidades y reformulaciones.
La idea consistía en que en ese parque hubiera varias esculturas Además de ampliar nuestra perspectiva en cuanto a las
y un monumento central a las víctimas del terrorismo de Estado. Para la
las dictaduras del resto de Latinoamérica y, luego, hacia las políticas a lo largo de la costafrente al Río de la Plata. Cada señal fue pensada en
nacionales e internacionales de control y seguridad que siguieron en los
del neoliberalismo puro y duro. como así también el surgimiento de accionesde resistencia.
conceptos. La voluntad de extender y complejizar la denuncia (además de sus denuncias, adquieren un sentido totalmente nuevo. Algunos de los
los CCD y los represores en la escala 1 a 1) era lo que sentíamos que daba
imagen a la que hacenreferencia. Cada cartel por sí solo puede leerse Con este plan de profundizar en nuestros trabajos y a raíz de la
como tal, o ser parte de uno ovarios recorridos, dialogando con quien hace
Américas, en Río de Janeiro, en el año 2000, decidimos trabajar sobre la
en pequeños grupos, o en su totalidad.
Plan Condor narrativa y cada cartel funciona como una unidad lingüística en sí misma;
el texto funciona como ícono.
del ingenio, en donde los carteles no competían con ninguna imagen. Nos escraches encontrábamos otro lugar de pertenencia y para compartir.
lugar y con las personas que habitan ese espacio de formas tan diversas. La Plaza de Mayo es el símbolo de varias luchas y queríamos
La noche del 27 de julio de 1976, la usina del Ingenio Ledesma central, donde las Madres hacen la ronda cada jueves, hay impresos sobre
el piso pañuelos blancos. El día de la marcha la Pirámide hace de sostén
facilitar la tarea de policías, militares y capataces para allanar y saquear las de una compleja estructura con miles de fotos de los desaparecidos. Es
viviendas de los pobladores de Libertador General San Martín y Calilegua, en ese espacio que decidimos intervenir con la imagen de juicio y castigo
provincia de Jujuy. En camiones de la empresa fueron secuestrados más elaborada y utilizada en los escraches.
de 400 trabajadores, estudiantes y profesionales. Fueron trasladados a
galpones de mantenimiento de la empresa, donde fueron torturados y En los inicios del escrache se fue consolidando la consigna de
desaparecidos durante meses. Hoy se cuentan más de 40 desaparecidos juicio y castigo con la doble apuesta de exigir justicia institucional sin
en esta zona. Mediante los apagones del terror, con el secuestro y las perder de vista la importância de construir una condena social. El símbolo
Como grupo participamos en la Marcha de la Resistencia su mayoría tienen una durabilidad muy variable: si bien algunos carteles
realizada cada diciembre en Plaza de Mayo, convocada por Madres de permanecen por más de un año, otros son sacados inmediatamente
después de la marcha. Como si integraran una puesta en escena donde Acciones barriales
los que retiran la escenografía no son parte de la obra, sino todo lo
contrario. Se nos aparecía después de cada escrache la imagen de los Estas experiencias barriales tienen precedentes como lo que
carteles durmiendo en las comisarías de los barrios o, en el mejor de los
con el grupo “Encuentro por la Memoria” y su trabajo en el lugar. Junto a
de dos metros de diámetro, impreso en stencil. Esta especie de bandera las asambleas de San Telmo desde hace tiempo organizaban marchas que
circular era utilizada durante los escraches y las marchas y en diciembre circulaban pasando por las casas de los desaparecidos del barrio o los
lugares en que fueron secuestrados. Lo importante era la marca pero en
en el transcurso de la Marcha de la Resistencia. Nuestra idea era colocar
era para el represor. La marca de los homenajes trabaja en el sentido de
cada uno. Entonces las fotos de los desaparecidos de San Telmo fueron
cada ciudad.
Formas que se pueden crear en sectores barriales, populares o movimientos
Para nosotras a la vez algo se estaba perdiendo y algo recuperando.
La exigenciade juicio y castigo como símbolo de toda una época perdía
sentido o por lo menosya no estaba interviniendo de la forma que lo venía
haciendo. Es complejo ver qué pasa con los usos de los símbolos durante
estos años, especialmente cuando percibíamos que perdían sentido o que No se puede negar que desde los escraches y los homenajes en
ya no recuperaban lo que nosotras queríamos recuperar. Es así que para
la Marcha de la Resistencia de 2004 decidimos no imprimir la imagen de
juicio y castigo como lo habíamos hecho durante años, ya que sentíamos la que dan cuenta de la importancia de lo visual, de la imagen, como formas
ausencia de un discurso que nos contemplara y experimentábamos cierta narrativas de la memoria y de la identidad, especialmente sensibles y
incomodidad ante el peso de lo creado. Decidimos entonces proyectar potentes en las nuevas formas de hacer política. El peso de lo visual es
Durante los años que siguieron nos negamos a pensar qué hacer
con esos símbolos ya creados y nos movimos con mucha incertidumbre y
de contestar esta pregunta, me parece necesario revisar las construcciones
de la memoria a lo largo del tiempo y detectar cuáles logran conectar con
El 23 de marzo, las señales estuvieron en el escrache a Massera y
Harguindegui. A partir de ese momento, se convirtieron en un recurso de
que tengan la fuerza de renovar las imágenes, de registrar los cambios los recorridos que realiza cada escrache.
y de producir nuevas temporalidades, se precisa también una nueva
“Son hitos o marcas, ocasiones cuando las claves de lo que está El 8 de diciembre de 1999 resinamos señales con la consigna
“Juicio y castigo” en torno a la pirámide de la Plaza de Mayo, en el contexto
más visibles, cuando las memorias de los diferentes actores de la Marcha de la resistencia, iniciativa anual convocada por las Madres
sociales se actualizan y se vuelven ‘presente’”. de Plaza de Mayo.
Acciones realizadas en el GAC en relación a la construcción de Carteles Plan Condor. Río de Janeiro, Brasil - Julio 2000
Carteles viales (1998 en adelante) en la Ciudad de Rio de Janeiro, consistente en 36 carteles viales que
HOMENAJE A LOS CAÍDOS POR LA REPRESIÓN POLICIAL DEL 20 DE HOMENAJE A LOS DESAPARECIDOS DE SAN TELMO – 23 de marzo de 2003
DICIEMBRE DE 2001 - 10 de enero de 2002
Actividad organizada por agrupaciones barriales vinculadas a la
El colectivo formado por familiares y amigos de las víctimas
junio 2004
tanto por los manuales de historia como por los sectores reaccionarios de personaje nefasto de nuestra historia.
la sociedad. Entre sus grandes obras se encuentra la llamada “Campaña
de Resistencia, capital de la provincia del Chaco, se distingue a nivel por los mismos carteles.
internacional de esculturas. Por este motivo, ha recibido gran cantidad de Pero cuando supimos que el proyecto había sido uno de los
obras de numerosos artistas internacionales, que hoy adornan casi todas
las esquinas de la ciudad.
idea de escultura como objeto monumental inserto en ella. La segunda nuestro discurso, y una prueba de tolerancia donde, a esta altura, lo más
trascendente quizás no sean los carteles puestos en el parque (todavía
mientras que las imágenes y los textos de los carteles indican que el
para siempre.
llegan al presente.
Finalmente: el lenguaje de denuncia que utilizan los carteles, así
Intervención TRELEW de subte “Entre Ríos”(Linea E) por “Rodolfo Walsh”. El periodista y militante
fue asesinado por la dictadura cívico-militar en la esquina de San Juan y
Entre Ríos el 25 de marzo de 1977. Fue llevado al Centro Clandestino de
durante el inicio del juicio en el mes de mayo de 2012, se colocaron en
Carlos Del Rey, Eduardo Campello, Clarisa Rosa Lea Place, Ana María
Villarreal de Santucho, Carlos Heriberto Astudillo, Alfredo Elías Kohon,
María Angélica Sabelli, Mariano Pujadas y Susana Lesgart. Subte y Premetro, GAC (Grupo de Arte Callejero), H.I.J.O.S. Regional Capital
en la Red Nacional
Sobrevivieron a los fusilamientos: María Berger, Ricardo René
Intervención en Ledesma
fue asesinado. “feudo”- “zafra”. Julio 2012.
Retrato, “las paredes son la imprenta de los pueblos” en las Humanos (ex esma). Retratos en gran formato realizados en rasterbator.
escaleras. 7/6/2011. Se realizaron varias jornadas comenzando en 4 de septiembre de 2012.
Intervención en la estación Rodolfo Walsh. jornada realizada el sábado 9 de marzo en la Plaza San Martín por el DIA
Dia 25.06.13 _ Mesa 1_O Artista e o Estado Autoritário_19h outros, com o estreitamento das relações entre arte e política. As
transformações instauradas pela arte experimental brasileira nas
A atuação e produção de diversos artistas durante o regime civil- décadas de 1960/1970 serão tensionados por uma vertente de
militar brasileiro (1964-1985) continuam sendo explicadas por
meio da polaridade resistência-cooptação, favorecendo uma análise com uma prática/produção na qual ativismo político/social e arte não
se dissociam. Para pensar essa questão foram convidados o Coletivo
cultura de oposição foi apoiada pela política cultural do regime sem de Arte ENTORNO (Brasília), representado pelas artistas Janaína André
sucumbir à sua ideologia. Diante da necessidade de aprofundar essa e Marta Penner; o artista GOTO (integrante dos Coletivo EPA e E/Ou), o
estado autoritário. Para tanto, foram convidados o pesquisador Marcos a artista e pesquisadora Gabriela Leirias e a artista, pesquisadora e
curadora independente, especialista em arte brasileira, María Inígo
Clavo (Espanha).
A produção artística brasileira, durante o período ditatorial, foi Abordando os temas da representatividade (presença e ausência de
marcada por trabalhos de caráter eminentemente experimental. Que mulheres artistas no campo artístico institucional), da representação
aliavam questionamentos em torno do sistema, natureza e função da e da auto-representação (imagens produzidas por mulheres, lésbicas
arte a outros em torno do contexto cultural, social e político brasileiro e representações queer), os debates apresentados abarcarão os
durante a ditadura militar brasileira. Esse processo culminou, dentre
mulheres considerando-se as transformações do sistema, natureza
e função da arte e atentando também para seus efeitos no âmbito
Fulvia Molina
e social do país, a partir do efervescente momento de sua criação até contemporâneos, particularmente os relativos à condição feminina
e das minorias sociais. Realizou exposições em São Paulo, Brasília,
Berlim, Essen, Hagen, Québec e Madrid, entre outras cidades. realizou diversas pesquisas e criações em performance. Ingressou em
1998 na Faculdade de Arte Dulcina de Moraes onde se graduou em
Gabriela Leirias Artes Visuais. Realizou exposições individuais e coletivas e, em 2001,
Marcos Napolitano
desenho, pesquisa, curadoria e produção. Mestre em Linguagens Rosa Maria Blanca Cedillo
Possui doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas (CAPES)/