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MATEUS

[ texto sem revisão ]


Autor: Mateus. Data: 50 a 70 d.C.
Tema: Jesus é o Messias
Propósito:
Mateus foi escrito para judeus, visando responder às suas indagações sobre
Jesus de Nazaré, que alegava ser o Messias de Israel. Neste evangelho Jesus é
frequentemente chamado de Filho de Davi e é apresentado como Aquele que cumpre
as profecias messiânicas do Antigo Testamento. O Reino dos Céus é o assunto central
de boa parte do ensino registrado neste evangelho.

Fatos Importantes:
A. Era extremamente importante que Mateus demonstrasse a seus leitores
judeus o fato de que pela genealogia de Jesus, o Messias, era possível remontar a
Abraão, por intermédio de Davi. Abraão era o patriarca da nação e Davi o mais
respeitado dos reis de Israel e, pela genealogia Jesus era descendente legítimo de um e
sucessor inegável do outro.
E. Neste livro Jesus manifesta sua autoridade sobre as instituições centrais da
nação:
1. a Lei (5.21-28)
2. o sábado (12.8): "Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor."
3. os profetas (12.41): "Os ninivitas ressurgirão no juízo com esta geração, e a
condenarão, porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis que está aqui
quem é mais do que Jonas."
4. o templo (12.6): "Pois eu vos digo que está aqui quem é maior do que o
templo."
5. o rei (12.42).: "A rainha do meio-dia se levantará no dia do juízo com esta
geração, e a condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de
Salomão. E eis que está aqui quem é maior do que Salomão."

É o primeiro Evangelho. Durante séculos foi o mais lido e apreciado.


AUTORIA
– Desde o início foi atribuído a Mateus. Sua importância se dá devido à
composição por um apóstolo que acompanhou a Jesus.
– Os críticos modernos rejeitam a autoria de Mateus. Não acham que um
apóstolo usaria uma fonte não apostólica (Marcos). A exceção é Edward Goodspeed,
Matthew, Apostle and Evangelist (1959).

EVIDÊNCIA EXTERNA
– Papias (80-155): “Mateus compilou as ‘Logias’ em língua hebraica e cada um
as interpretou como podia” (Eus. His. XXXIX. 16). Teriam sido escritas em aramaico?
– Irineu (140-203) diz que “Mateus também formou um Evangelho escrito entre
os hebreus na sua própria língua (Contr. Heresias III. 1)”.
– Orígenes no 3° séc. e Eusébio no 4° séc. também atribuem a Mateus a autoria.

EVIDÊNCIA INTERNA
– O escritor era um judeu cristão. O livro de Mateus é distintamente judaico.
Há 53 citações diretas do Antigo Testamento: mais do que qualquer outro livro do
Novo Testamento.
– Usa “o reino dos céus’" 35 vezes e “de Deus” apenas 5 vezes. Os outros
Evangelhos usam “reino de Deus”.
– “Filho de Davi”: 8 vezes. Para não ofender os judeus que não gostavam de usar
o nome “Deus” com frequência.
– Compare a festa de Mateus (Mt 9:9s) e Lucas 5:29 (“...um grande banquete em
sua casa e numerosos publicanos e outros estavam com eles à mesa”).
– Possivelmente o uso dos termos relativos à moeda indicaria que o autor era
uma pessoa acostumada a lidar com dinheiro. Moeda do tributo: “Trouxeram-lhe um
denário ...” (22:19). Frequentes referências a dinheiro.

O HOMEM MATEUS
– Filho de Alfeu (Mc 2:14) mas não o irmão de Tiago (Mt 10:3). Outro nome: Levi
(Mc 2:14). Mateus seria nome cristão?
– Era fiscal de impostos em Cafarnaum. O comércio cruzava o mar de Galileia e
seguia para o Egito no Sul ou Damasco no Norte, portanto, aquela cidade era
apropriada para semelhante atividade.
– Teria bom conhecimento das línguas aramaica e grega; era homem bem
instruído.
– Fez o banquete para celebrar sua “conversão”, assim como Zaqueu, ao
mostrar-se arrependido.

DATA
– Não temos suficientes dados para apontar, a não ser que foi antes da
destruição de Jerusalém. J. A. T. Robinson — Relating the New Testament — mostra a
fragilidade dos argumentos liberais que dão datas assim. Herd: 80-100, Sparks: 70-100,
Mc Neille: 80-85 e Hunter: 85.
– Escrito depois de Marcos, que ele provavelmente cita [ c. 50-60 ]
– Alguns acham que o primeiro lugar no cânon do Novo Testamento é sinal de
antiguidade. Seria o primeiro livro escrito.
– Para ser aceito deveria ter apostolicidade e antiguidade, além de ser
autêntico.
– A Igreja dos primeiros anos era judaica (At 2-7), assim, os destinatários seriam
judeus.

PROPÓSITO
– Criar um elo entre os dois Testamentos, para convencer judeus de que Jesus
era o Messias prometido no Antigo Testamento.
– Irineu, Orígenes e Eusébio creram que esse Evangelho foi escrito para os
judeus de fala grega, em volta de Antioquia. Tem forte tom apologético.
– Objetiva confirmar judeus na fé, pois estão sendo pressionados e perseguidos.
Veja também Hebreus.
– Para salvar o Antigo Testamento para a Igreja. (Havia uma forte pressão de
alguns, como Marcião, que omitiu todos os Evangelhos do seu cânon, a não ser Lucas.
Dizia que o Deus do Antigo Testamento não era o mesmo Deus do Novo Testamento.
Marcião foi considerado herege.)
– Foi escrito também para dar importância a Pedro – cf a Ig. Católica.
Obs.: A posição de Pedro é também defendida por alguns teólogos evangélicos;
isto, porém, não converge para o ponto de vista comum da maioria dos crentes. A
interpretação mais aceita é a de que a “pedra” a que Jesus se refere está na palavra
“Cristo”.
– O livro traz uma ênfase sobre o juízo (7:21,22; parábolas, 25:1-46).

LUGAR DE ORIGEM
– Antioquia da Síria. Foi escrito para os judeus da Síria e da Palestina.
– Sua finalidade era instruir e catequizar cristãos e inspirar uma fé mais profunda
em Jesus.

TEMA
“O Reino dos céus” (de Deus) e “o povo do Rei”.

PECULIARIDADES

– É um Evangelho voltado para os judeus. Fala do imposto do Templo (17:24);


fala de filactérios (23:5, com 4 trechos da Torá.); fala da validade da Lei (5:18,19); e
faz menção dos fariseus e escribas na cadeira de Moisés (23:2,3).
– Há 129 referências proféticas relativas ao Antigo Testamento, das quais, 53
são citações diretas e 76 são referências indiretas. Apresenta uma genealogia,
começando com Abraão (1:1,2). Pedro é um importante apóstolo para os judeus.
– Tem estilo mais semítico. Usa a palavra “tote” (“então”) 90 vezes e 30 vezes
“nos demais”. “Justo” e “justiça” ocorrem mais em Mateus do que nos outros
Evangelhos juntos.
– Mateus apresenta 6 discursos, todos ligados à palavra final: “quando Jesus
acabou este discurso...”.
1. Sermão da montanha (caps. 5-7);
2. Instrução para os doze, como missionários (cap. 10);
3. Oito parábolas do Reino (cap. 13): O semeador, O trigo e o joio, O grão de
mostarda; O fermento; O tesouro no campo; A pérola de grande valor; A rede; O chefe
de família.
– As primeiras quatro parábolas foram destinadas à multidão e as outras quatro
aos Seus discípulos. As últimas tratam de aspectos internos do Reino.
4. Ensino sobre humildade e perdão (cap. 18);
5. Denúncia dos escribas e fariseus (cap. 23);
6. Discurso sobre Escatologia, no Monte das Oliveiras (caps. 24,25).

– É o único livro que menciona a Igreja especificamente (16:18; 18:17).


– Dinheiro tem lugar mais destacado.
– A oração adverbial final “para que se cumprisse” aparece 10 vezes. Dá para
entender como o Antigo Testamento, a Lei, Israel e a História da Salvação apontam
diretamente para Jesus.
– Em Deuteronômio 18:15,18 há uma predição do surgimento de um profeta
como Moisés. Cumpre-se em Jesus, que promulga a Nova Lei.

CONTEÚDO
– A pessoa de Cristo está relacionada com a estrutura do Evangelho.
– Em 1:1-4:16 - Preparação para o Messias, Ele segue a linhagem de Davi. Os
magos do Oriente reconhecem que Jesus é herdeiro do trono. As tentações mostram
(4:8s) “os reinos deste mundo e a glória deles” como pertencentes a Satanás, contudo
de maneira legítima, através do esforço dos Seus discípulos, devem ser tirados daquele
e oferecidos a Jesus.
– Em 4:17-7:28 são tratados os Princípios do Reino.
– Em 8:1-11:1, o poder do Reino. Jesus tem poder sobre doenças, curando-as;
sobre a Natureza, acalmando-a; sobre o poder satânico, vencendo-o; sobre o pecado,
perdoando; e sobre a morte, ressuscitando.
– Em 11:2-13:53, temos o programa do Messias: obras, pregação, revelação do
Pai, predição de sua morte e as parábolas.
– Em 13:54-19:2, o propósito do Messias declarado: a incredulidade dos
conterrâneos, a oposição de Herodes, a pressão da multidão, as críticas dos fariseus.
– Em 19:3-26:2 os problemas do Messias são apresentados.
– Em 26:3-28:10, a paixão do Messias é consumada.
– Em 28:11-20, o epílogo.

TEMAS PRINCIPAIS
Cristologia
– O nascimento de Jesus é precedido por uma genealogia hebraica. Ele
pertence à linhagem real, pois descende de Davi. Nessa genealogia, quatro mulheres
(que normalmente não seriam incluídas), aparecem. Três delas de comportamento
moral condenável (Tamar, Raabe e Bate-seba). Nenhuma é judia. A genealogia jurídica
de Jesus passa pelo pai (José), mesmo não sendo pai terreno. Jesus, herdeiro legítimo
do reino de Israel.
– Jesus Cristo. Título formal (1:1) e mais 2 vezes.
– Jesus aparece 150 vezes e Cristo, 17 vezes. Na literatura judaica, Cristo-
Messias seria o rei que traria Salvação na época final, cf. SI 2:2; 18:50 e l Sm 2:10.
– O Filho de Davi (10 vezes). Comum no período interbíblico para indicar o
Messias (II Sm 7).
– O Filho de Deus. Nunca nos lábios de Jesus. Está nos desafios de Satanás
(4:3,6) e Caifás (26:63). Mas Filho, sim: 10-12 textos.
– Mateus mostra que Jesus juntou os conceitos Messias davídico e de Deus-
Redentor em uma só pessoa.
– Senhor (kyriós), ligado à LXX, é ambígua, mas implica a divindade de Jesus.
– Maria, uma virgem (Is 7:14) — os judeus entenderam no período pré-cristão
que a moça (bethulah) seria virgem.

B. O Antigo Testamento, o Judaísmo e a Igreja


– Em outros textos a letra da Lei é suplantada (5:33-37) ou superada (12:6):
Jesus é superior à Lei.
– Há 129 profecias ou referências do Antigo Testamento em Mateus. As vezes
explícitas, outras, tipológicas.
– Vê Jesus como o novo Moisés, ou o novo Israel; saindo do Egito; com o jejum
de 40 dias e a tentação no deserto; escolhendo 12 discípulos; dando a Nova Lei
exposta no Sermão do Monte. – Recapitula a experiência de Israel.
– Os saduceus erravam em não conhecerem as Escrituras nem o poder de Deus
(22:27).

Israel e a Igreja.
– Começa com Abraão, mas conclui com a Grande Comissão, ampliando a
promessa para todas as nações (gentios).
– Há elementos que destacam os gentios: 2:1-12; 4:14-16,25; 8:5-13; 10:18;
13:36-52; 15:21-28; 24:9,14, etc.
– O “Reino dos céus” pode significar mais do que reino de “Deus”. Ele deve
incluir o Filho (Cl 1:13)-cf. 5:35; 16:28; 25:31,34,40; 27:42. Mateus não fala de um
futuro de Israel como um povo de Deus distinto. – Ninguém fala mais do juízo final e
do inferno (gehenna) do que Jesus, em Mateus.

C. Outros temas
– Teologia. Deus é Pai. Veja o interesse que tem por todos nós (5:43- 45; 6:1
-4,6,18; 7:11; 10:19-20) e pela criação (6:26-30; 10:29; 15:13). Deus tem compaixão
dos pequeninos (11:25; 18:10,14). Responde à oração (6:9-13; 18:19).
– Eternidade e inerrância das Escrituras (5:18-19).
– A Paixão ocupa uma sétima parte do conteúdo do livro. Discipulado,
contrastando com as escolas dos rabinos: os discípulos não debatem com o Mestre.
Jesus exigia um compromisso absoluto. Serão transformados em pescadores de
homens. O discipulado exigiria sacrifício que requeria autonegação e não soberba;
devem esperar perseguição. Devem viver santamente, cheios de bons frutos e de
amor.
– Note que as Bem-aventuranças (cap. 5) são qualidades que caracterizam o
discípulo.
– Podemos imaginar a existência de implicações para uma comunidade que vivia
as tensões entre o judaísmo e a Igreja.
MARCOS

Propósito:
Marcos escreveu para leitores romanos. Por esta razão, a genealogia de Cristo
não é incluída (quase não teria significado para os gentios), o Sermão do Monte não é
mencionado e a condenação dos partidos judaicos recebe pouca atenção. Marcos
achou necessário interpretar algumas palavras aramaicas e usou palavras latinas não
encontradas nos outros evangelhos. Este evangelho enfatiza o que Jesus fez, em lugar
do que Jesus disse.

Fatos Importantes:

MARCOS

É o segundo Evangelho numa coleção de quatro. Faz parte dos Evangelhos


sinóticos. Sinótico quer dizer “visão em conjunto”. Mateus, Marcos e Lucas se parecem
muito entre si.
Marcos é conhecido como o mais antigo, porque inclui tudo quanto os outros
dizem, com mais alguns detalhes.

Data: 50 a 60 d.C.
Tema: A vida de Jesus e sua humanidade.

JOÃO MARCOS
– É o filho de Maria. Acompanhou Paulo e Barnabé na primeira viagem
missionária, abandonando-os por alguma razão desconhecida, pouco tempo depois,
por volta do ano 43 ou 44 d.C. (At 13).
– Chamado de hyperetas, “remador”. No Novo Testamento dá a idéia de
“catequista” ou “auxiliar”.
– Quando Barnabé quis levá-lo na segunda viagem missionária, Paulo o
recusou, contendendo com Barnabé. Por causa disso, ambos então se separaram.
Barnabé, no entanto, não desistiu de confiar no jovem (At 15). >>>>> 2Timóteo
4:11 Paulo solicita trazê-lo: "Só Lucas está comigo. Toma Marcos, e traze-o contigo,
porque me é muito útil para o ministério."
– A Igreja primitiva reconheceu João Marcos como o autor do segundo
Evangelho. Papias, que morreu em 165 d.C., diz que “Marcos escrevia acuradamente
tudo quanto lembrava”. Eusébio relembra essa menção em sua História Eclesiástica.
Irineu disse que Marcos foi discípulo e intérprete de Pedro.
– Escreveu o seu Evangelho da mesma maneira como Pedro pregava. Tertuliano,
Orígenes, Euzébio (pais da Igreja), atribuem a Marcos a autoria desse Evangelho.
– Os manuscritos antigos trazem como Kata Markon, indicando que esse
Evangelho é da autoria de Marcos.

EVIDÊNCIAS INTERNAS
– A mais importante referência dentro desse Evangelho encontra-se em 14:51-
52. [sobre o jovem nu]
– Provavelmente foi na casa da mãe de João Marcos que Jesus celebrou a última
Páscoa.
– Há uma descrição detalhada do cenáculo. Aconteceu numa sala de cima,
indicando tratar-se de uma casa grande e bem abastecida. É para essa mesma casa que
Pedro se dirige após a sua prisão, para se encontrar com os discípulos (At 12:12).
– O autor mostra bastante familiaridade com a cidade de Jerusalém (Mc 11:1).
Conhecia também o aramaico (Mc 5:41; 7:34), as instituições e os costumes dos
judeus (1:21; 2:14-16; 7:2-4).
– Por dez anos (50-60) não temos qualquer notícia acerca de João Marcos. Em
Colossenses 4:10, quando – Paulo estava preso em Roma, há uma frase citando
Marcos, um dos únicos da circuncisão que permaneceram junto dele.
– Em Filemom 1:24, o apóstolo menciona Marcos como um dos seus
cooperadores.
– Em II Timóteo 4:11, aparece como amigo leal de Paulo.
– Há uma referência afetuosa de Pedro a Marcos em I Pedro 5:13. Estava com
Pedro em Roma antes deste ser morto.
– Há uma tradição não muito provável que ele teria fundado a Igreja de
Alexandria.

O EVANGELHO DE MARCOS
A. Foi o primeiro evangelho a ser escrito, provavelmente por orientação de
Pedro.
B. Mais de 90% deste livro encontra paralelo em Mateus e Lucas. Alguns
estudiosos crêem que Mateus e Lucas se valeram de Marcos por este ter sido escrito
primeiro.
C. Marcos é um evangelho de ação, cheio de milagres e discursos estratégicos,
com repetição das palavras.
D. A expressão logo é escrita dezenove vezes e imediatamente dezessete vezes.
E. Marcos não inclui genealogia alguma, leis judaicas ou profecias ou Escrituras
judaicas. Qual o romano que iria se importar com as origens de um servo ou com as
instituições da nação de Israel?
***** Uma forte evidência de os romanos serem os destinatários está no fato
de Marcos explicar expressões e termos judaicos como thalita cumi (5.41); corbã
(5.11) efatá (5.34) e costumes judaicos (7.2-4), desnecessário a quem os conhecia.

– É Evangelho de atos e não de discursos, ainda que Jesus é chamado de


professor (Didáskalos).
– Das 70 parábolas, relata 18.
– Dos 35 milagres, ele relata 18. Mais do que qualquer outro.
– A palavra predileta é Euthus - “Imediatamente”, que aparece 41 vezes. Escrito
em estilo jornalístico, enérgico. Usa muito o tempo presente histórico (1:12, 21,30, etc.
em 154 casos).
– Não contém genealogias. Náo se interessa tanto pelo cumprimento das
Escrituras. Cita o Antigo Testamento apenas 16 vezes. É cronológico. Também
conhecido como “Memórias de Pedro”.
– Apenas 23 versículos são totalmente distintos de Mateus e Lucas. Tudo indica
que Mateus e Lucas copiaram Marcos, acrescentando ou mesmo corrigindo algumas
informações.
– Descreve Jesus como Servo, segundo a profecia de Isaías, enquanto Mateus o
descreve como Rei. O versículo chave é 10:45: "Porque o Filho do homem também
não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos."
– Faltam acusações e discursos.
– Tem ênfase sobre as retiradas de Jesus (1:35; 6.31,32).
– Destaca o olhar e os sentimentos de Jesus (3:5; 6:6; 7:34; 8:33; 10:14).
– Não usa o título Senhor, mas Filho do Homem, que tem sua origem em
Daniel.
– Provavelmente relacione isso ao segredo messiânico, representado sempre na
expressão: “Vai e não digas nada a ninguém”.
– Inclui detalhes omitidos pelos outros Evangelhos.
– Especifica nomes, lugares, horários e números.
Em 1:27, as pessoas ficaram “admiradas” ao verem o demônio submisso ao
poder de Jesus.
Em 1:35, Jesus sai a alta hora da madrugada, para orar.
Em 2:3, quatro homens levaram o paralítico à casa de Jesus.
Em 2:7, pessoas “criticavam” Jesus.
Em 3:17, identifica Boanerges como “Filho do Trováo”.
Em 4:41, fala dos “medrosos”.
Em 6:20, fala do “perplexo”, referindo-se a Herodes.
Em 14:72, fala da segunda vez em que o galo cantou.
Em 15:21, pai de Alexandre e Rufo.
Em 15:25, a hora terceira. A hora em que Jesus foi crucificado.
Há 23 referências a essas reações em Marcos.

Nota a popularidade de Jesus:


Em 1:22, “maravilharam-se de sua doutrina”.
Em 1:28, “Então correu célere a fama de Jesus”.
Em 1:45, “e de toda a parte vinham ter com ele”.
Em 3:7,8, “seguiu-o da Galiléia, Judéia e Jerusalém, grande multidão”.
Em 4:1, “Reunia-se numerosa multidão”.
Em 5:21, “afiuiu para ele grande multidão”.
– Não agrupa eventos ou ensinamentos como faz Mateus. Existe uma sucessão
proposital e contínua de feitos surpreendentes.
– Marcos é o “fotógrafo” dos quatro escritores.
– No prefácio quatro vozes nos surpreendem:
Marcos: “Jesus Cristo, Filho de Deus”;
Isaías: “Preparai o caminho do Senhor”;
João Batista: “vem aquele que é mais poderoso do que eu”;
Deus: “Tu és meu filho amado”.
– Dos 16 capítulos, 12 começam com “e” indicando a continuidade da narrativa e
o pensamento semítico judeu.
– Marcos concentra em um capítulo o que Mateus diz em 8. O Sermão do
Monte (3 capítulos em Mateus) se concentra em Marcos 1:39.
– Marcos enfatiza a dureza dos discípulos e a falta de entendimento quanto à
missão de Jesus. A falta de fé. Veja em 8:25 a necessidade de um segundo toque no
cego, para que visse.
– O interesse em autopromoção (9:33-37 e 10:35-45). Marcos observa o
interesse dos filhos de Zebedeu em se assentarem à direita e à esquerda do trono de
Cristo.

PROBLEMA TEXTUAL
– O fim do livro é muito contestado. Os manuscritos mais antigos omitem os
vv. 9-20, embora a maioria dos manuscritos mais novos os incluam.

Não se encontra nos dois manuscritos mais importantes (Vaticanus e Sinaíticos),


o texto de Marcos 16:9. Todavia, é bom considerar-se que tal omissão - talvez do
próprio autor - não fere os princípios que se repetem em outras partes do Novo
Testamento.

ESBOÇO
PERÍODO DE PREPARAÇÃO (1:1-13).
O MINISTÉRIO GALILEU (1:14 - 9:50).
O MINISTÉRIO NA PERÉIA (10:1 - 52).
SEMANA DA PAIXÃO (11:1 - 15:47).
RESSURREIÇÃO (16:1-20).

DESTAQUES

– Seguindo o esboço do livro, vamos ver alguns destaques, como o rela-


cionamento de Jesus com sua mãe, quando a família de Jesus foi procurar por Ele,
achando que estivesse “fora de si” (3:31 ss).
– Adverte os discípulos contra o fermento dos fariseus; relaciona os milagres
com o aprendizado.
– No capítulo 13, fala dos acontecimentos futuros.
Obs.: Há duas correntes de pensamento acerca da Grande Tribulação. Uma crê
que a Igreja passará por ela; outra não acredita nessa ocorrência (Ap 3:10).
– O autor fala da paixão de Jesus. Tomando a palavra que Jesus disse sobre a
destruição do Templo (quando se referia ao seu corpo), os judeus dela teriam se valido
para condená-Lo.
– Marcos tinha em mente instruir os crentes a serem “servos” do Senhor. Jesus
responde ao pai do jovem lunático, usando as mesmas palavras empregadas por ele:
“Se queres podes curá-lo...” e a resposta é: “Se tu podes! Tudo é possível ao que crê”.

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