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INSTITUTO BÍBLICO EDUARDO LANE

CLEUBEY CUNHA GOMES

QUEM FOI BARNABÉ E COMO ELE ERA COMO DISCIPULADOR

PATROCÍNIO
2022
CLEUBEY CUNHA GOMES

QUEM FOI BARNABÉ E COMO ELE ERA COMO DISCIPULADOR

Trabalho apresentado em cumprimento às

exigências para a conclusão da disciplina de

Evangelismo e Integração II (Discipulado), do

Instituto Bíblico Eduardo Lane (IBEL).

PATROCÍNIO
2022
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 4

1 QUEM FOI BARNABÉ .................................................................................................... 5

2 O MINISTÉRIO DE BARNABÉ E SEUS ATOS COMO DISCIPULADOR ............ 7

3 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 14


INTRODUÇÃO

A proposta do presente trabalho é responder “quem foi Barnabé” e “como ele era como
discipulador”, além de destacar as qualidades que ele possuía como discipulador encontradas
no livro Discipulado: como ajudar outras pessoas a seguir Jesus, de Mark Dever e no conteúdo
explicado em sala de aula, e para isso buscou-se analisar tudo o que a Escritura diz sobre a sua
vida e seu ministério.

Além disso, buscou-se informações a respeito de Barnabé em livros de teologia, panoramas,


introduções, livros biográficos, enciclopédias, dicionários, bem como na web.

Começando com o relato de Lucas sobre a venda do imóvel e o depósito do valor aos pés dos
apóstolos, são descritos os passos mais importantes de Barnabé, destacando as atitudes que o
tornaram um exemplo de discipulador e um apaixonado em exortar o povo de Deus a viver uma
vida cristã firmada na confiança do cuidado de Deus para com a sua igreja.

Ao final, antes de concluir, é apresentado um resumo sobre a importância do ministério dele na


vida de Paulo, João Marcos, e dos discípulos de Cristo que estavam nas igrejas por onde ele
havia passado juntamente com Paulo e também o que podemos aprender como ele e aplicar em
nossos dias.
1 QUEM FOI BARNABÉ

Barnabé, na verdade, é o sobrenome dado pelos apóstolos a José, um levita nascido em Chipre1,
um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé (cf. Atos 11.24), um exemplo de humildade e
discipulador nato, membro notável da Igreja Primitiva de Jerusalém e um ativo missionário
entre os gentios, apóstolo tanto quanto Paulo (LOPES, 2014, p. 111, apud ZIBORDI, 2019, p.
88).

De acordo com Zibordi (2019, p. 24) possivelmente os pais de Barnabé eram judeus que haviam
migrado para Chipre, uma ilha do mar Mediterrâneo, o último destino conhecido de Barnabé
(cf. Atos 15.39).

Seu primeiro nome foi ofuscado pelo sobrenome Barnabé, que quer dizer filho da exortação,
pelo qual ele ficou conhecido nos lugares pelos quais passou.

βαρνάβας (Barnabé) é a forma grega do aramaico ‫ברנבואה‬, que significa filho da profecia, que
Lucas interpretou na primeira menção que fez a Barnabé, como υις παρακλήοεως (filho de
exortação2), que na versão Almeida Revista e Corrigida (ARC) e na Nova Almeida Atualizada
(NAA) foi traduzido como “consolação”, e na Nova Versão Internacional (NVI), traduzido
como “encorajador”, com a intenção de denotar, não origem ou formação da palavra, mas um
traço de seu caráter.

A primeira referência a ele se refere ao ato de vender sua propriedade e colocar o valor do
imóvel aos pés dos apóstolos, em benefícios dos pobres (cf. Atos 4.36,37). É bem possível que
Barnabé não tenha sido o primeiro crente a fazer isso, porque antes mesmo de se referir à ele

1
Atualmente denominada República de Chipre, é uma ilha do mar mediterrâneo, citada várias vezes em Atos dos
Apóstolos, possui uma população de mais de 1 milhão de pessoas, de maioria cristã ortodoxa (cerca de 89,1%) e
cerca de 2% de protestantes/anglicanos. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/chipre. Acesso
em: 14 set. 2022.
2
De acordo com ZIBORDI (2019, p. 56) “há muitas aplicações possíveis para huios parakléseos: ‘filho da
exortação’, ‘filho do encorajamento’, ‘filho do conforto’, ‘aquele que incentiva e aconselha’, etc.”.
Lucas relata tal prática por parte de outras pessoas, entretanto, seu nome é o primeiro a ser
mencionado, para servir de testemunho a respeito das práticas da igreja naqueles dias.

Zibordi (2019, p. 24) informa que alguns estudiosos entendem que Lucas cita Barnabé porque
ele, ou seu pai, havia adquirido propriedades em Jerusalém para estar habitando lá quando o
Messias chegasse, e Boor (2002 apud ZIBORDI, 2019, p. 24) explica que a venda do imóvel se
torna importante porque Barnabé se desfaz de um bem que estava relacionado com a grande
esperança de Israel. Seja como for, o importante é que ele se tornou um dos exemplos de como
os cristãos primitivos partilhavam ou se desfaziam de seus bens para proveito dos outros irmãos.
Para entender a importância histórica da vida e do ministério de Barnabé como um discipulador
é preciso fazer referência a alguns fatos da história de Paulo3, o apóstolo dos gentios, porque os
atos de Barnabé quanto ao auxílio que deu a Paulo demonstram o cuidado e amor que ele tinha
para com o próximo, o ponto crucial do fazer discípulos (DEVER, p. 31).

Paulo, depois de Jesus, é o principal personagem do Novo Testamento.

Sendo chamado pelo Senhor para levar o seu nome perante os gentios, os reis, e os filhos de
Israel (cf. Atos 9.15,16), com toda a certeza, sua luz brilhou com muito mais intensidade do que
a luz de Barnabé4:
Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento
escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como
perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa
sofrer pelo meu nome. (BÍBLIA SAGRADA, 2011, p. 1107).

Isso não faz Barnabé ser menos importante que Paulo, pelo contrário, mostra que ele cumpriu
de forma correta seu papel, que foi de fundamental importância para que a luz de Paulo
brilhasse. Primeiro, porque quando nenhuma pessoa acreditava em Paulo, ele o apresentou aos
apóstolos; depois, quando foi para Antoquia da Síria, se lembrou de Paulo, que estava em Tarso
na Cilícia e foi até lá e o buscou para lhe ajudar; e em terceiro lugar, vemos que na primeira
viagem missionária, embora Barnabé tenha sido o líder da expedição, não fui orgulhoso e nem

3
Paulo (nome comum no grego koiné, derivado do nome latino Paulus) é o nome grego de Saulo (nome hebraico,
derivado do famoso primeiro rei de Israel, da tribo de Benjamim, à qual Paulo pertencia (cf. Fp 3.5)). Disponível
em: https://coalizaopeloevangelho.org/article/nao-saulo-o-perseguidor-nao-se-tornou-paulo-o-apostolo/. Acesso
em: 14 set. 2022.
4
Não é comum se referir a Barnabé como um pregador, porque a chamada de Paulo é mais emblemática quando
se refere à pregação e ao alcance geográfico desta, mas Barnabé cumpriu cabalmente a grande comissão ou seja
evangelizava, fazia discípulos, e os ensinava.
ciumento, mas deixou que Paulo também exercesse o seu ministério, como veremos com mais
detalhes a seguir.

2 O MINISTÉRIO DE BARNABÉ E SEUS ATOS COMO DISCIPULADOR

Lucas relata que, após fugir de Damasco, Paulo chega a Jerusalém, – talvez após uma jornada
de viagem de cerca de 8 dias5 – e procura se juntar aos discípulos de Jesus (cf. Atos 9.26-30),
porém eles o temiam e não acreditavam que ele era um discípulo. Podemos até imaginar quão
dolorosa deve ter sido a experiência de Paulo, pois ninguém acreditava em sua conversão, pelo
contrário, pensavam se tratar de um estratagema e não lhe davam confiança e o evitavam.

Em meio a essa atmosfera de incompreensão surge a inteligente e compreendedora amizade de


Barnabé, um homem de coração sensível e espírito largo que, assim como Paulo havia nascido
na diáspora, um ambiente de helenismo. Desse momento em diante vemos os dois unidos pelos
laços de uma sincera amizade6.

Barnabé, então, toma-o consigo e o leva aos apóstolos, contando-lhes a respeito da experiência
que ele, Paulo, tivera a caminho de Damasco e sobre como ele pregara naquela cidade,
assegurando sua aceitação pelos discípulos de Jesus. Saulo permaneceu entre os cristãos, em
Jerusalém, pregando ousadamente o nome do Senhor, a ponto de ser necessário lhe enviar para
sua cidade natal, porque os helenistas, aos quais pregava e com os quais discutia, queriam tirar-
lhe a vida.

Com a notícia do progresso do evangelho na Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria, a igreja que
estava em Jerusalém enviou Barnabé (homem idôneo, competente, de espírito culto, tolerante

5
É a quantidade de dias que se gastava para ir de uma cidade à outra naquele tempo.
6
Embora tenham discordado quanto à companhia de João Marcos, Paulo faz menção de Barnabé em 1 Coríntios
9.6. Considerando que a epístola provavelmente foi escrita no ano 55 d.C. (cf. CARSON; MOO; MORRIS, 1997,
p. 315) e a segunda viagem missionária (no início da qual os dois se “separaram”) aconteceu por volta do ano 50
ou 51 d.C. (cf. GUNDRY, 2008, p. 393), é inegável que a amizade deles permaneceu por longos anos, caso
contrário Paulo não teria feito menção de Barnabé em sua carta, muito menos a João Marcos em 2 Timóteo 4.11,
se referindo a ele como muito útil para o ministério; Paulo também se refere a João Marcos em Colossenses 4.10.
e criterioso) até Antioquia, onde7 ele passou a exortar a todos para que, com firmeza de coração,
permanecessem no Senhor (cf. Atos 11.19-26).

Exortar ou encorajar, uma das qualidades do discipulador, fazia parte do ser de Barnabé, tanto
é que o veremos, mais adiante no relato de Lucas, em que Barnabé e Paulo retornam a Listra,
Icônio e Antioquia da Psídia, “fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer
firmes na fé” (cf. Atos 14.22).

Barnabé, convencido de que não poderia atingir o objetivo – evangelizar cerca de meio milhão
de pagãos e pecadores de Antioquia – de seu trabalho sozinho, foi a cidade de Tarso à procura
de Saulo e, tendo-o encontrado levou-o para Antioquia.

A segunda parte da porção bíblica supra (Atos 11.19-26), mostra a chegada de Barnabé, mas a
última deixa claro a consideração que ele tinha por Paulo, a ponto de sair de Antioquia e ir até
a cidade de Tarso para fazê-lo seu parceiro no cuidado da igreja em Antioquia.

É certo que tudo o que Deus decreta se cumprirá, mas o que teria sido feito de Paulo não fosse
a humildade de Barnabé em reconhecer a necessidade de alguém para auxiliá-lo? Não sabemos,
porque somente Deus, além de saber “tudo o que acontece e acontecerá. Ele também sabe tudo
o que podia ter acontecido” (DIXHOORN, 2017, p. 70).

Esse ponto, no entanto é importante para destacar que Barnabé possuía uma das virtudes que
Mark Dever (2016, p. 41-52) destaca como necessárias para a obra de fazer discípulos.

Mark Dever em seu livro Discipulado: como ajudar outras pessoas a seguir Jesus (2016, p.
33), se referindo a Atos 16, cita o apóstolo Paulo como exemplo de discipulador, que desejava
ter Timóteo ao seu lado, para que este, viajando com ele, unido a ele, pudesse ser ensinado

7
Chegado a Antioquia, diz uma tradição antiquíssima, reuniu Barnabé os discípulos do Nazareno em uma casa
situada a rua Singon, contigua ao fórum e não longe do Panteon. O trabalho que o esperava era ingente,
sobrehumano. Erguer do profundo lodaçal e da luxúria e libertar dum cáos de superstições religiosas aquele povo,
e guindá-lo às alturas da fé cristã e da moral evangélica – maior cabedal de heroísmo exigia estão missão do que
todos os feitos bélicos de Alexandre Magno, Julio César ou Anibal. Barnabé, confiando no auxílio divino, pôs
mãos à obra. [...] Numa daquelas manhãs asiáticas – talvez na primavera do ano 42 – quando Paulo, ainda em
Tarso, estava sentado ao tear, todo absorto nessa ocupação prosaica, sentiu subitamente alguem lhe colocar a mão
no ombro e percebeu o timbre másculo duma voz conhecida dizer-lhe: “Irmão Saulo, o Mestre precisa de ti”. Era
Barnabé o recém-chegado. Acabava de convencer-se de que, sozinho, não podia levar a êxito feliz a gigantesca
incumbência de evangelizar aquele meio milhão de pagãos e pecadores de Antioquia. (ROHDEN, 1939, p. 66-68).
(discipulado) enquanto caminhavam, se deitavam e se levantavam. Paulo, inclusive, disse a
Timóteo que transmitisse a outros o conhecimento que havia adquirido por meio dele (cf. 2
Timóteo 2.2). Não é difícil supor que a prática de Paulo para com Timóteo tenha sido reflexo
do que Barnabé fez por ele.

Prosseguindo, vemos que devido a grande fome (de dimensão mundial) que houve naqueles
dias, Paulo e Barnabé (cf. Atos 11.29,30) levaram8 socorro dos irmãos de Antioquia para os que
moravam na Judeia. Após cumprirem essa missão, voltaram a Antioquia, levando consigo João
Marcos (cf. Atos 12.25), primo de Barnabé (cf. Cl 4.16).

Tamanha era a união entre eles que, após retornarem de Jerusalém para a Antioquia, foram
enviados juntos, por meio da igreja antioquena, cumprindo a determinação do Espírito Santo,
para pregar o evangelho aos gentios (cf. Atos 12.25 - 13.3). Não havia entre Barnabé e Paulo
nenhuma rivalidade, nenhum conflito, nenhuma batalha de egos, mas um único objetivo, que
era o de engrandecer a Cristo e fazê-lo conhecido9.

Antes de prosseguir, é importante destacar que já em Pafos, é Paulo quem passa a ocupar lugar
de destaque, porque Lucas começa a citar o nome de Paulo antes do nome de Barnabé, citando
os outros como companheiros de Paulo, como se vê em Atos 13.13a, que diz “E, navegando de
Pafos, Paulo e seus companheiros dirigiram-se a Perge da Panfília.”. Barnabé havia entendido
que o bom discipulador não deve controlar os dons do discípulo, mas ajudar a aperfeiçoá-los,
para que o discípulo possa desenvolver seu estilo próprio.

Barnabé, com certeza havia entendido o conceito de delegar responsabilidades que Mark Dever
traz no capítulo dez de seu livro. Mark (2016, p. 113) escreve “dê às pessoas a oportunidade de
liderar”. Não está explicito que Barnabé tenha dito a Paulo “agora você é o líder”, mas está
implícito que ele conhecia a história de como o Senhor havia comissionado Paulo, e passou a
cooperar com ele, mesmo com a partida de seu primo João Marcos (Comentaremos mais sobre
esse assunto um pouco mais a frente).

8
“[...] o nome de Barnabé aparece em primeiro lugar [...] a submissão de Paulo, que reconhecia a liderança de
Barnabé” (ZIBORDI, 2019, p. 72)
9
SWINDOLL, 2003, p. 143-144, apud ZIBORDI, 2019, p. 71.
Ao partirem de Antioquia da Síria, Barnabé e Paulo, fazem sua primeira viagem missionária,
passando primeiramente por Chipre, a cidade natal de Barnabé. Quando chegam a Perge, na
Panfília, João Marcos, o primo de Barnabé, decide não seguir avante, mas Barnabé e Paulo, os
missionários enviados aos gentios, continuam a sua jornada, e mesmo com as hostilidades por
parte dos judeus (cf. Atos 13.50; 14.19-20), eles persistem no seu trabalho.

Lucas registra que Barnabé e Paulo pregaram em Derbe e fizeram muitos discípulos (cf. Atos
14.20,21), e faz questão de destacar que após saírem de Derbe, passaram por Listra 10, Icônio11
e Antioquia da Psídia12, “fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes
na fé” (cf. Atos 14.22), além de promover em cada uma das igrejas, a eleição de sua liderança.

A preocupação de Barnabé e Paulo quanto ao cuidado com os discípulos que haviam deixado
nas cidades onde passaram é latente no relato de Lucas. É o que veremos a seguir.

Após chegarem à última cidade, do longo caminho de ida que haviam percorrido, poderiam ter
viajado a Tarso, a cidade natal de Paulo e depois retornado para Antioquia, dando por encerrada
a missão que haviam recebido, mas decidiram fazer o percurso inverso e passar por cada uma
das cidades por onde haviam pregado o evangelho de Cristo, “os mesmos lugares onde foram
terrivelmente perseguidos” (ZIBORDI, 2019, p. 118), fazendo o que Barnabé fez quando
chegou a Antioquia da Síria, após ser enviado pela igreja de Jerusalém, exortando-os13,
persuadindo ou encorajando, a permanecer firmes na fé a permanecer firmes na fé14, ou seja, a
confiarem no onipresente15, que sustenta sua igreja16.

10
O evangelho também foi anunciado nesta cidade, conforme se depreende de Atos 14.20, o registro de Lucas
sobre o apedrejamento de Paulo, ocasião em que os discípulos o rodearam.
11
Quando estiveram em Icônio, Saulo e Barnabé anunciaram o evangelho na sinagoga e grande multidão veio a
crer (cf. Atos 14.1).
12
Em Antioquia da Psídia judeus e prosélitos foram persuadidos a perseverar na graça de Deus (cf. Atos 13.43) e
muitos gentios creram, regozijando-se e glorificando a palavra do Senhor (cf. Atos 13.48).
13
De acordo com o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, exortar é “1. Procurar convencer por meio da
persuasão, do conselho (ex.: exortar a população a votar; exortar ao cessar-fogo). = INCITAR, PERSUADIR ≠
DISSUADIR 2. Incitar à prática do que é bom ou conveniente. = ENCORAJAR 3. Admoestar, advertir.”
14
Tanto em Atos 11.23 quanto em Atos 14.22 Lucas usa o mesmo termo grego parakaléō “exortação”.
15
Veja o Salmo 139.
16
O parágrafo 7, do capítulo 5 (Da Providência), da Confissão de Fé de Westminster estabelece que Deus “de um
modo muito especial, cuida da igreja e tudo dispõe para o bem dela” (DIXHOORN, 2017, p. 100). Veja Romanos
8.28; 1 Timóteo 4.10; Is 43.3-5,14 e Amós 9.8-9.
Eles também estavam cientes da impossibilidade de estar em cada daquelas cidades ao mesmo
tempo e da necessidade de ir aos demais gentios, por isso constituíram líderes em cada uma das
igrejas (cf. Atos 14.23).

Tendo retornado a Antioquia, relataram como haviam sido bem-sucedidos na evangelização


dos gentios, porque Deus abrira aos gentios a porta da fé (cf. Atos 14. 27). Após chegarem,
tomaram conhecimento que alguns indivíduos ensinavam que os crentes gentílicos precisavam
se submeter à circuncisão, como prescrito por Moisés, sob pena de não serem salvos. Por esta
causa houve grande discussão da parte de Barnabé e Paulo com esses indivíduos, pelo que a
igreja decidiu lhes enviar a Jerusalém, onde ficou decidido que “[...] Deus não tratou os gentios
crentes mas incircuncisos de maneira diferente dos judeus circuncidados que creem, e [...] que
os judeus crentes também são salvos pela graça mediante a fé e não pelo jugo insuportável da
lei mosaica.” (GUNDRY, 2008, p. 399).

Após retornarem de Jerusalém, Paulo e Barnabé permaneceram por um bom período de tempo
em Antoquia, “ensinando e pregando [...] a palavra do Senhor” (cf. Atos 15.35). Após esse
período, Paulo manifestou a Barnabé o desejo de retornar às cidades pelas quais eles haviam
pregado, para ver como os irmãos estavam. Barnabé queria levar João, chamado Marcos, mas
Paulo não achou justo que o levassem porque ele havia se afastado deles desde a Panfília, não
os acompanhando no trabalho (cf. Atos 15.36-38).

Infelizmente, ocorre entre Paulo e Barnabé uma desavença (disputa acirrada) capaz de separá-
los. Diz o texto bíblico que Barnabé navegou para Chipre, levando Marcos consigo, e Paulo,
escolheu a Silas17 e partiu para sua segunda viagem missionária, encomendado pelos irmãos à
graça do Senhor, passando pela Síria e Cilícia.

A partir de Atos 16, Lucas não faz mais menção de Barnabé, passando a relatar com riqueza de
detalhes o ministério do apóstolo Paulo, a partir de sua chegada Derbe e Listra, a cidade natal
de Timóteo, a quem Paulo passa a discipular, como filho. Para não encontrar óbices por parte
dos judeus e dos gentios Paulo regulariza “a condição religiosa de Timóteo, meio judeu e meio
grego de nascimento, para a de judeu a fim de impedir que seja considerado um judeu apóstata,
e portanto, excluído das sinagogas” (GUNDRY, 2008, p. 400), por meio da circuncisão.

17
Silas é um dos irmãos, profetas, que haviam acompanhado Paulo e Barnabé de Jerusalém a Antioquia, para
confirmar a decisão do concílio de Jerusalém a respeito da circuncisão.
Embora cada um deles tenha tomado um caminho, é certo que não se tornaram inimigos. Como
anotado anteriormente (nota 6), embora tenham discutido e discordado quanto à companhia de
João Marcos, a ponto de se separarem, Paulo faz menção de Barnabé em sua primeira epístola
aos Coríntios, epístola esta que provavelmente foi escrita no ano 55 d.C. (cf. CARSON; MOO;
MORRIS, 1997, p. 315), após o fim da segunda viagem missionária, que aconteceu por volta
do ano 50 ou 51 d.C. – a viagem teria durado cerca de 3 anos. Deste modo, não se pode negar
que a amizade deles perdurou após esse triste episódio, caso contrário, Paulo não teria feito
menção de Barnabé, e muito menos de João Marcos em sua carta aos Colossenses (cf. Cl 4.10)
e em sua carta a Timóteo (2 Timóteo 4.11), se referindo a ele como muito útil para o ministério.

Bons discipuladores também se afastam dos discípulos para que eles possam desenvolver suas
habilidades e seu ministério.

O ministério de discipulador de Barnabé não havia terminado. Ele parte para Chipre, sua cidade
natal, levando consigo seu primo João Marcos. Com certeza Barnabé foi usado por Deus no
discipulado de João Marcos, que passou de alguém considerado um empecilho para o trabalho
missionário, para um homem que havia desenvolvido qualidades a ponto de ser considerado
pelo maior líder do Cristianismo como útil para o ministério, incumbindo Timóteo de levá-lo
até Roma quando fosse ter com ele.

João Marcos se tornaria o autor de um dos evangelhos, além de ter auxiliado o apóstolo Pedro,
um dos líderes da igreja, na redação de uma de suas epístolas.

De acordo com ZIBORDI (2019, p. 144), pouco se sabe a respeito dos últimos dias de Barnabé,
mas tudo indica que ele realizou um grande trabalho em sua cidade natal e que era conhecido e
respeito nas igrejas pelas quais havia passado com Paulo. Barnabé teria falecido no ano 61 d.C.
em Salamina, Chipre, e sido sepultado por seu primo (AUGUSTYN, 1998, apud ZIBORDI,
2019, p. 145), mas existe a possibilidade de ter falecido como mártir no tempo de Nero, no ano
73 d.C. (FOX, 2001, p. 6 apud ZIBORDI, 2019, p. 145).

3 CONCLUSÃO

Barnabé foi um servo abnegado, humilde, firme em suas convicções, cheio de amor por aqueles
para os quais havia pregado e cheio de amor.
Barnabé sempre se preocupou em estender a sua destra de amizade para aqueles que estavam
sendo rejeitados. Primeiro ele se torna amigo de Paulo quando este chega a Jerusalém e ninguém
acredita em sua conversão, e depois é capaz de deixar Paulo seguir seu ministério acompanhado
de outra pessoa, para poder levar João Marcos consigo. Somente Deus é imutável, mas Barnabé
demonstrou ser um homem perseverante e firme em suas convicções.

Ele não se preocupava em ocupar lugar de destaque, antes era humilde a ponto de proporcionar
ocasião para o exercício da liderança a seus companheiros de ministério, além de ser um vaso
de honra nas mãos de Deus, auxiliando seu primo a passar de entrave a um homem útil.

Aprendemos com ele que é possível servir ao Senhor de forma humilde e não ter por usurpação
o ser melhor que o outro, ou entrar em ciúmes com o outro, para lhe travar o ministério. Também
que é preciso reconhecer as virtudes das outras pessoas, chamando-as para que possam exercer
juntamente conosco o nosso ministério. Se lembrar daquelas pessoas que tem valor para Deus
e chama-las para que possam ser mais úteis no serviço de Deus.

E por fim, a necessidade de fortalecer a fé dos recém-convertidos, para que eles permaneçam
firmes, ensinando como é maravilhoso olhar para Deus ao invés de olhar para as dificuldades,
para que possam ser achados aprovados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Brasil, 2011. 1504 p.

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Tradução de Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 1997. 556 p.

DEVER, Mark. Discipulado: como ajudar outras pessoas a seguir Jesus. Tradução de Rogério
Portella. São Paulo: Vida Nova, 2016. 144 p.

DIXHOORN, Chad Van. Guia de Estudos da Confissão de Fé de Westminster. Tradução


de Edmilson Francisco Ribeiro. São Paulo: Cultura Cristã, 2017. 480 p.

EXORTAÇÃO. In DICIONÁRIO Priberam da Língua Portuguesa. Lisboa: Priberam


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https://dicionario.priberam.org/exorta%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 13 set. 2022.

GUNDRY, Robert Horton. Panorama do Novo Testamento. Tradução de João Marques


Bentes; Fabiano Medeiros; Valdemar Kroker. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Vida Nova, 2008.
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MARRA, Cláudio Antônio Batista (ed.). Enciclopédia da Bíblia. Tradução da Equipe de


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ROHDEN, P. Huberto. Paulo de Tarso: o maior bandeirante do evangelho. Rio de Janeiro,


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SWINDOLL, Charles R. Paulo: um Homem de Coragem e Graça. 1. ed. São Paulo: Mundo
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CPAD, 2019. 159 p.

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